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Apostila Direito Civil IV Profa. Concecic

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Orientação de Estudos em Direito Civil IV: Direito das coisas
Profª Ma. Mª Maria Conceição Martins F. Castro
UNITRI
2017
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. 22.ed.,rev. e atual. de acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 4.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Reais. 13.ed., Rio de Janeiro: Juspodivim, 2017, v. 5..
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 19 ed. rev. atual. e aum. Rio de Janeiro: Forense, 2007
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil esquematizado: Contratos em espécie e Direito das coisas. 4.ed., São Paulo: Saraiva, 2016, v.2.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Direitos Reais. 19. ed. rev. e atual., Rio de Janeiro: Forense, 2006, v.4.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das coisas. 28.ed. rev. e atual., São Paulo: Saraiva, 2006, v.5.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 6.ed.rev., atual. e ampliada, São Paulo: Ed. Método, 2016, volume único.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Direitos Reais.. 8. ed., São Paulo: Atlas, 2008, v.5.
INTRODUÇÃO
            O curso de direito civil é uno. Desde Civil 2 é visto o Direito Patrimonial, que se divide em direito obrigacional (a maior fonte de obrigação é o  contrato) e Direito Real (propriedade é o principal direito real).
            Nos Direito das Obrigações, nós estudamos as relações dos homens entre si. Nos Direitos Reais, nós estudamos a relação dos homens com as coisas, sempre movido por interesse econômico. Desse relacionamento econômico, com as pessoas e com as coisas, forma-se um patrimônio ao longo de nossa vida, que será transferido aos nossos herdeiros após nossa morte, de acordo com as regras do Direito das Sucessões. O interesse econômico está em todas essas relações.
            O Direito de Família é o menos patrimonial de todas os ramos do Direito Civil.
            Em suma, o Direito Patrimonial é o campo do Direito Civil onde as pessoas se relacionam entre si, através dos contratos, e onde as pessoas se relacionam com as coisas, adquirindo propriedade, com o objetivo de formar um patrimônio, que será transferido aos herdeiros após a morte.
No direito patrimonial predomina a autonomia privada, onde a liberdade dos particulares é grande, não há a presença marcante do Estado. É permitido fazer tudo o que a lei não proíbe, diferentemente do direito público (Administrativo - onde só se faz o que a lei permite).
Direito das coisas
CONCEITO:
É o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder dos homens sobre as coisas apropriáveis.
Segundo a clássica definição de CLÓVIS BEVILÁQUA, direito das coisas “é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio” (GONÇALVES, 2016, PG. 337)
Portanto, é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas concernentes aos bens corpóreos suscetíveis de apropriação pelo homem.
Direito das coisas é o ramo do Direito civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis. (TARTUCE, 2016, pg. 906)
Coisas é tudo que não é humano. São os bens corpóreos.
Direito das coisas: livro III: Posse e Direitos Reais.
CONTEÚDO: CC, PARTE ESPECIAL, LIVRO III e leis especiais.
O CC divide a matéria em duas partes: Posse e Direitos Reais, dedicando nesta última, títulos específicos à propriedade e a cada um de seus desmembramentos, denominados direitos reais sobre coisas alheias.
Cumpre salientar que o Direito das coisas não está regulado apenas no CC, mas também em inúmeras leis especiais (alienação fiduciária, propriedade horizontal, loteamentos, entre outros).
A Posse jurídica não é um direito real, trata-se de um fato, mas esta regulada no título I do livro III. Isso porque ela põe o homem em contato com as coisas corpóreas, gera direitos relativos a tais coisas. O possuidor encontra-se em uma situação de fato, aparentando ser o proprietário. E, como o legislador deseja proteger o dominus, protege o possuidor, por exercer poderes de fato inerentes ao domínio ou propriedade.
Art. 1225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;(Incluído pela Lei nº 11.481/2007)
XII- a concessão de direito real de uso;(Incluído pela Lei11.481/2007) (regularizar áreas favelizadas, muitas vezes áreas públicas que não podem ser objeto de usucapião e; 
XIII - os direitos oriundos da imissão provisória , na posse, quando concedida à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e respectiva cessão e promessa de cessão. (Incluído pela M. Provisória nº 700, de 2015) (Possui relação com a desapropriação, propiciando maior efetividade).
DIREITOS DAS COISAS 
(CC, PARTE ESPECIAL, LIVRO III
ART.1225)
LIMITADOS OU SOBRE COISA ALHEIA
SERVIDOES
HABITAÇÃO
DE GARANTIA
PLENO
PROPRIEDADE
POSSE
DIREITOS REAIS
HIPOTECA
DE GOZO OU FRUIÇÃO
PENHOR
CONCESSÃO DE DIR. REAL DE USO
CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA
DIR. DO PROMITENTE COMPRADOR
USO
USUFRUTO
SUPERFICIE
ANTICRESE
OS DIREITOS ORIUNDOS DA IMISSÃO PROVISÓRIA NA POSSE
Objeto: bens corpóreos suscetíveis de apropriação pelo homem
	Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem, sobre as quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio.
	As coisas apropriáveis são aquelas que podem ser objeto de propriedade. 
	A princípio, todas as coisas úteis e raras podem ser objeto de propriedade, diante do interesse econômico que elas despertam. Excluem-se os bens abundantes, sem valoração econômica (ex: água do mar, o ar que se respira, luz do sol). A coisa pública não é apropriável. (revisar bens públicos, arts 98 a 103)   Uma ilha pode ser particular, mas a praia sempre é pública (ex: ilha de Santo Aleixo, em Sirinhaém-PE)
	As coisas podem ser apropriadas devido a uma relação jurídica contratual (ex: A vende a B e B se torna dono da coisa e A do dinheiro) ou pela captura ( = ocupação, onde não há relação com pessoas, ex: pegar uma concha na praia, pescar um peixe).  
	A aquisição decorrente de contrato se diz derivada, porque a coisa já pertenceu a outrem; a aquisição derivada da ocupação se diz originária porque a coisa nunca teve dono.
	
Assim, as coisas apropriáveis são objeto de propriedade, que é o mais amplo direito real.
	Atualmente, esse direito é relativo. Por exemplo: a propriedade rural, antigamente, poderia ser improdutiva pois o dono poderia fazer o que bem entendesse com seus bens. Atualmente, com a CF-88, existe a função social da propriedade, vedando-se ao dono deixa-la improdutiva. VER ART. 1228, CAPUT (caráter absoluto da propriedade – caracterizado pelo poder de disposição). Acrescentou-se o §1º ao art. 1228, relativizando o caráter absoluto da propriedade. É a função social da propriedade (que pode ser urbana ou rural). Interessa à coletividade que seja respeitada a função social da propriedade.
	Os direitos autorais hj são regulados por lei específica: lei 9610/98
	
DIREITOS PATRIMONIAIS
bem jurídico fora da pessoa – sempre de valor econômico: direitos reais, obrigacionais.
DIREITOSNÃO PATRIMONIAIS
referem-se à pessoa – art. 5º CF e art. 11 a 21, CC – Vida, liberdade, nome, personalidade
Bens compreendem os objetos corpóreos ou materiais (coisas) e os ideais (bens imateriais), como por exemplo, os direitos da personalidade.
Objeto de direitos prestação jurídica
 bem jurídico lato sensu - material – bens corpóreos: Direito das coisas e
obrigações 
 - imaterial – bens incorpóreos: Direitos da
 personalidade, Direitos autorais etc. 
Características dos direitos reais:
a) Oponibilidade erga omnes, ou seja, contra todos os membros da coletividade.
b) Direito de sequela: Sequela, por exemplo é a reivindicação do art. 1228. É o direito de reaver a coisa de quem quer que injustamente a detenha. Vem do verbo “seguir”. Dá-se quando o proprietário persegue a coisa para recuperá-la, não importando com quem a coisa esteja. É um poder do titular do direito real de seguir a cosia para recuperá-la de quem injustamente a possua. É uma característica fundamental dos direitos reais, e não só da propriedade, mas do usufruto, superfície, hipoteca, etc. Não existe nos direitos obrigacionais, e é por isso que os direitos reais são mais fortes/poderosos do que os direitos pessoais.
c)     preferência: Preferência interessa aos direitos reais de garantia (penhor, hipoteca, e alienação fiduciária). É uma grande vantagem sobre as garantias pessoais/obrigacionais como aval e fiança. Veremos mais à frente. VER ARTS. 961, 1419 e 1422 (a título de curiosidade).
d) Possibilidade de abandono dos direitos reais, de renúncia a tais direitos.
e) Viabilidade de incorporação da coisa por meio da posse.
f) Rol taxativo – aplicação do princípio da tipicidade dos direitos reais (art. 1225,CC e leis especiais)
g) Aplicação do princípio da publicidade dos atos.
Distinção entre direitos reais (“ jus in re”) e direitos obrigacionais ( “ jus ad rem”)
DIREITOREAL
DIREITO OBRIGACIONAL
sujeitos
Direito sobre a coisa - Sujeito de Direito X coisa
Direito à coisa - Dualidade de sujeitos
ação
Ação real“ergaomnes”
Açãopessoal
objeto
Coisa corpórea(via de regra)
Prestaçãodo devedor
limite
Limitado: “numerusclausus” -art.1225,cce leis especiais
Princípioda autonomia da vontade
direito de sequela
Prerrogativa do direito real– ex. penhor, hipoteca
A coisa responde
A prestação deve ser exigida do devedor da obrigação. Os bens do devedor respondem.
modo de aquisição
A propriedade adquire-se pela transcrição (publicidade) ou tradição efetiva da coisa
O direito de crédito é um título causal para aquisição de uma coisa.
modo de gozar os direitos
Atributivo – exercício direto do titular sobre a coisa
Cooperativo – depende da outra parte que está obrigada a prestação
extinção
Natureza perpétua -*quanto mais é exercido mais forte o direito real se torna, através daostensibilidade, ou seja, a sociedade sabe.Exercer o direito obrigacional é extingui-lo. Exercer o direito real é fortalecê-lo.
Temporário. Ex.: Pagamento
direito de preferência
É próprio do Direito Real – Poder atribuído ao titular de afastar todos os direitos incompatíveis com o seu, que posteriormente se tenham constituído sobre a mesma coisa.
usucapião
Usucapível-* usucapião é a aquisição da propriedade pela posse prolongada, respeitando-se os requisitos legais, em determinado período de tempo, continuamente.
não se adquirem pela usucapião*
Instituto típico
Propriedade - titularidade
Contratos - créditos
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Direitos das Coisas, Direitos Reais e Direitos pessoais patrimoniais:
Direitos das coisas: trata das relações jurídicas concernentes aos bens corpóreos suscetíveis de apropriação pelo homem. Posse e Direitos Reais. 
Direito Real: consiste no poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Conjunto de categorias relacionadas à propriedade, descritas inicialmente no Art. Art. 1225, CC e leis especiais. Os Direitos Reais formam o conteúdo principal do Direito das coisas, mas não exclusivamente, eis que existem institutos que compõem a matéria e que não são Direitos Reais.
Elementos essenciais: Sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito sobre a coisa, chamado domínio.
Direitos pessoais patrimoniais: Consiste na relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação.
Elementos: sujeito ativo e passivo, prestação, vinculo jurídico.
Teorias: 
teoria unitária realista: procura unificar os direitos reais e obrigacionais a partir do critério do patrimônio, considerando que o direito das coisas e o direito das obrigações fazem parte de uma realidade mais ampla, que seria o direito patrimonial; entretanto, a diversidade de princípios que os orientam dificultam a sua unificação num só sistema;
Teoria clássica: O direito real constitui um poder imediato que a pessoa exerce sobre a coisa, com eficácia contra todos. O direito real opõe-se ao direito pessoal, pois o último traz uma relação pessoa-pessoa, exigindo-se determinados comportamentos.
Princípios dos direitos reais
1) princípio da aderência, especialização ou inerência (art. 1228,CC): estabelece um vínculo ou uma relação entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir; nos direitos pessoais, o vínculo obrigacional existente entre credor e devedor confere ao primeiro somente o direito de exigir a prestação prometida.
2) princípio do absolutismo (Eficácia Erga Omnes): os direitos reais exercem-se "erga omnes" (contra todos), que devem abster-se de molestar o titular; surge daí o direito de seqüela (ou "jus persequendi"), isto é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem quer que esteja (ação real), bem como o direito de preferência (ou "jus praeferendi"); os direitos obrigacionais, por não estabelecerem vínculo dessa natureza, resolvem-se em perdas e danos e não se exercem contra todos, mas em face de um ou alguns sujeitos determinados (ação pessoal).
3) princípio da publicidade ou da visibilidade (art. 1226 e 1227, CC): os direitos reais sobre imóveis só se adquirem depois da transcrição no Registro de Imóveis, do respectivo título; sobre móveis, só depois da tradição; sendo oponíveis "erga omnes", faz-se necessário que todos possam conhecer os seus titulares para não molestá-los; a transcrição e a tradição atuam como meios de publicidade da titularidade dos direitos reais; os pessoais ou obrigacionais seguem o princípio do consensualismo: aperfeiçoam-se com o acordo de vontades.
O art. 1227CC, exige o registro do título como condição para a aquisição do direito real sobre imóveis, mas ressalva “os casos expressos nesse código”: Ex.: Direito de retenção (art. 1219, CC), Pacto de retrovenda (art. 506, CC), alienação fiduciária (art. 1361 e ss), hipoteca, penhor (arts 1421,a 1427 e 1437,CC)
4) princípio da taxatividade: art. 1225, CC e leis especiais: o número dos direitos reais é limitado, taxativo (são somente os enumerados na lei - "numerus clausus"); no direito das obrigações não há essa limitação; existe um certo número de contratos nominados, previstos no texto legal, podendo as partes criar os chamados inominados; basta que sejam capazes e lícito o objeto; assim, contrapõe-se à técnica do "numerus clausus" a do "numerus apertus", para a consecução prática do princípio da autonomia da vontade.
5 - princípio da tipificação ou tipicidade – os direitos reais existem de acordo com os tipos legais; são definidos e enumerados determinados tipos pela norma, e só a estes correspondem os direitos reais, sendo pois seus modelos; nos obrigacionais, ao contrário, admitem-se, ao lado dos contratos típicos, os atípicos, em número ilimitado.
6 - princípio da perpetuidade – a propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não-uso, mas somente pelos meios e formas legais: desapropriação, usucapião, renúncia, abandono etc; já os direitos obrigacionais, pela sua natureza, são eminentemente transitórios: cumprida a obrigação, extinguem-se; não exigido o seu cumprimento dentro de certo lapso de tempo, prescrevem.
7 - princípio da exclusividade – não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma
coisa; no caso do usufruto, por ex., o usufrutuário tem direito aos frutos enquanto o nu-proprietário conserva o direito à substância da coisa; no condomínio, cada consorte tem direito a porções ideais, distintas e exclusivas.
8 - princípio do desmembramento: conquanto os direitos reais sobre coisas alheias tenham possivelmente mais estabilidade do que os obrigacionais, são também transitórios; desmembram-se do direito matriz, que é a propriedade, constituindo os direitos reais sobre coisas alheias; quando estes se extinguem, o poder que residia em mão de seus titulares (como no caso de morte do usufrutuário) retorna novamente às mãos do proprietário (princípio da consolidação).
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS :
Direitos Reais sobre Coisa Própria (a Propriedade): É o Direito Real pleno, é mais completo 
Direitos Reais sobre Coisa Alheia: Subdividem em: 
Direitos Reais sobre Coisa Alheia de Fruição: Superfície, servidões, Usufruto, uso, habitação, direito do promitente comprador, a concessão especial para fins de moradia; concessão de direito real de uso, direitos oriundos da imissão provisória na posse.
 
Vincula uma pessoa a uma coisa, mas esta coisa está em garantia de algo 
2. Direito Reais sobre Coisa Alheia de Garantia: Penhor, hipoteca, anticrese.
CATEGORIAS JURÍDICAS HÍBRIDAS
A lei diz, por exemplo, que, se dois prédios são vizinhos, um dos proprietários tem obrigação de concorrer para a construção do muro comum. Trata-se de direito real ou de uma obrigação?
OBRIGAÇÕES PROPTER REM (em razão da coisa)
Definição: É aquela em que o devedor por ser titular de um direito real sobre a coisa, fica sujeito a determinada prestação que, por conseguinte, não derivou da manifestação de sua vontade. 
São obrigações que surgem ex vi legis, atreladas a direitos reais, mas com eles não se confundem, em sua estruturação. Enquanto estes representam ius in re (direito sobre a coisa, ou na coisa), essas obrigações são concebidas como ius ad rem (direitos por causa da coisa, ou advindos da coisa)
O que o faz devedor é a circunstância de ser titular de um direito sobre uma coisa, e tanto isso é verdade que ele se libera da obrigação se renunciar a esse direito, porque nessa hipótese o devedor despe-se da condição de proprietário ou possuidor.
A obrigação propter rem pressupõe um direito real do qual nasce e não se separa.
Seu titular é sempre o titular do direito real.
Quem se vincula a uma obrigação propter rem não o faz espontaneamente ou por ato de vontade, mas em decorrência de sua condição de titular da propriedade ou da posse. Exemplos: art. 1277 a 1313 , 1297, 1315 e 1345, CC (são obrig. propter rem apenas as discriminadas em lei)
Identificada em vários dispositivos esparsos e em diversas situações, como, por exemplo:
Na obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum (CC, art. 1.315); 
Na do condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a fachada do prédio (CC, art. 1.336, III); 
Na obrigação que tem o dono da coisa perdida de recompensar e indenizar o descobridor (CC, art. 1.234);
Na dos donos de imóveis confinantes, de concorrerem para as despesas de construção e conservação de tapumes divisórios (CC, art. 1.297, § 1º) ou de demarcação entre os prédios (CC, art. 1.297);
Na obrigação de dar caução pelo dano iminente (dano infecto) quando o prédio vizinho estiver ameaçado de ruína (CC, art. 1.280); 
Na obrigação de indenizar benfeitorias (CC, art. 1.219) etc
2. Caracteres: 
2.1. vinculação à coisa; 
2.2. possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real; 
Quem adquire um apartamento, ficará responsável pelas despesas de condomínio do antigo proprietário. Não resta dúvida de que caberá ação de regresso do novo adquirente contra o antigo proprietário mas, perante o condomínio responderá sempre o atual proprietário. Art. 1345, CC
2.3. Transmissibilidade por meio de negócios jurídicos 
2.4. Possibilidade de transmissão ao sucessor a título singular
3. Natureza jurídica (Direito misto de fisionomia autônoma)
Não é direito real, pois não são oponíveis erga omnes, apenas ao titular do direito real e seu objeto é uma prestação do devedor. Além disso, os direitos reais referem-se ao direito sobre a coisa e as obrigações propter rem são derivadas da coisa.
Não é direito pessoal, pois este não se extingue pelo abandono e, não se transmite aos sucessores a título singular.
ÔNUS REAIS
São obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes. 
Aderem e acompanham a coisa. Por isso se diz que quem deve é esta, e não a pessoa.
Para que haja, efetivamente, um ônus real e não um simples direito real de garantia (como a hipoteca, ou o privilégio creditório especial), conforme foi dito, é essencial que o titular da coisa seja realmente devedor, sujeito passivo de uma obrigação, e não apenas proprietário ou possuidor de determinado bem cujo valor assegura o cumprimento de dívida alheia.
Como todo ônus real reveste-se do atributo da sequela, acompanha-o onde quer que se encontre.
OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL
Relações oriundas de contratos que possuem dimensão de direito real por força de disposição legal (GONÇALVES, 2013, pg.31)
São obrigações pessoais, transmissíveis e que podem ser opostas a terceiros.
Exemplo: a) Direito de preferência do locatário para aquisição do objeto
da locação (art. 27 e 33 da lei 8245/91) – Optando o locatário pela aquisição da propriedade em caso de venda pelo locador sem lhe ser oferecida a preferência, ter-se-á a figura da obrigação com eficácia real.
Da Posse (arts. 1196 a 1224, CC)
1. Fundamento da posse: 
Inúmeras são as dificuldades que aparecem no estudo da posse. Muitos tratados já foram escritos. Apesar disso, continua sendo tema altamente discutido e controvertido.
JOSÉ CARLOS MOREIRA ALVES comenta que “poucas matérias há, em direito, que tenham dado margem a tantas controvérsias como a posse. Sua bibliografia é amplíssima, e constante a afirmação dos embaraços de seu estudo” (GONÇALVES, 2016, PG. 349).
O nosso direito protege não só a posse correspondente ao direito de propriedade e a outros direitos reais como também a posse como figura autônoma e independente da existência de um título. Embora possa um proprietário violentamente desapossado de um imóvel valer-se da ação reivindicatória para reavê-lo, preferível se mostra, no entanto, a possessória, cuja principal vantagem é possibilitar a reintegração do autor na posse do bem logo no início da lide. E a posse, como situação de fato, não é difícil de ser provada. 
A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, bem como porque a situação de fato aparenta ser uma situação de direito. É, assim, uma situação de fato protegida pelo legislador.
Vimos que só existe direito real se criado pela lei, pois as partes não podem criar direitos reais. Sabemos que as partes podem criar direitos obrigacionais, podem criar contratos (art. 425 do CC.
O art. 1225 tipifica os direitos reais. Além destes, incluam mais dois: o direito de preferência do inquilino, previsto no art. 33 da lei 8245/91, e a alienação fiduciária, prevista no DL 911/69 e no art.1361 do próprio CC. 
Propriedade é sinônimo de domínio, mas é muito diferente de posse. E o que é posse? Posse não é direito real, pois não está relacionado como tal pelo art. 1225. O legislador inclusive trata a posse em título anterior ao título dos DIREITOS reais. Importância de seu estudo:
1 – a posse é a exteriorização da propriedade, que é o principal direito real; existe uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa. Olhando para vocês eu presumo que estas roupas e livros que vocês estão usando (possuindo) são de propriedade de vocês, embora possam não ser, possam apenas ser emprestadas, ou alugadas, por exemplo. A aparência é a de que o possuidor é o dono, embora possa não ser.
2 -  a posse precisa ser estudada e protegida para evitar violência e
manter a paz social; assim se você não defende seus bens (§ 1o do 1210) e perde a posse deles, você não pode usar a força para recuperá-los, precisa pedir à Justiça. Você continua proprietário dos seus bens, mas para recuperar a posse da coisa esbulhada só através do Juiz, para evitar violência.
3 – a posse existe no mundo antes da propriedade, afinal a posse é um fato que está na natureza, enquanto a propriedade é um direito criado pela sociedade; os homens primitivos tinham a posse dos seus bens, a propriedade só surgiu com a organização da sociedade e o desenvolvimento do direito.
Como se pode verificar, a posse distingue-se da propriedade, mas o possuidor encontra-se em uma situação de fato, aparentando ser o proprietário. Se realmente o é, como normalmente acontece, resulta daí, como consta da lição de ASCENSÃO, “a coincidência da titularidade e do exercício, sem que tenha sido necessário proceder à verificação dos seus títulos”. (GONÇALVES, 2016, pg. 349)
Todavia, se o possuidor não é realmente o titular do direito a que a posse se refere, das duas uma:
o titular abstém-se de defender os seus direitos e a inércia vai consolidando a posição do possuidor, que acabará eventualmente por ter um direito à aquisição da própria coisa possuída, por meio da usucapião; ou 
o verdadeiro titular não se conforma e exige a entrega da coisa, pelos meios judiciais que a ordem jurídica lhe faculta, que culminam na reivindicação e permitem a sua vitória. Enquanto não o fizer, o possuidor continuará a ser protegido. Assim, se o titular do direito não toma a iniciativa de solicitar a intervenção da pesada máquina judicial, as finalidades sociais são suficientemente satisfeitas com a mera estabilização da situação fundada na aparência do direito.
1.1. Jus possessionis: É a faculdade de possuir com base na mera relação de fato, sem necessidade de título preexistente (Ex. aquele que cultiva terra abandonada sem relação jurídica ou título que lhe justifique a posse) 
Se alguém, assim, instala-se em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente, por mais de ano e dia, cria uma situação possessória, que lhe proporciona direito a proteção. Tal direito é chamado jus possessionis ou posse formal, derivado de uma posse autônoma, independentemente de qualquer título.
É tão somente o direito fundado no fato da posse (possideo quod possideo) que é protegido contra terceiros e até mesmo o proprietário. O possuidor só perderá o imóvel para este, futuramente, nas vias ordinárias. Enquanto isso, aquela situação será mantida. E será sempre mantida contra terceiros que não possuam nenhum título nem melhor posse. O jus possessionis persevera até que o jus possidendi o extinga.
1.2. Jus possidendi: (Direito de Possuir) 
É a faculdade de possuir com base em uma situação jurídica preexistente (Ex. proprietário, locatário, usufrutuário, etc.) 
O direito à posse, conferido ao portador de título devidamente transcrito, bem como ao titular de outros direitos reais, é denominado jus possidendi ou posse causal. Nesses exemplos, a posse não tem qualquer autonomia, constituindo-se em conteúdo do direito real. Tanto no caso do jus possidendi (posse causal, titulada) como no do jus possessionis (posse autônoma ou formal, sem título) é assegurado o direito à proteção dessa situação contra atos de violência, para garantia da paz social.
2. Conceito de posse e as teorias justificadoras:
 “Todo proprietário é possuidor, mas nem todo possuidor é proprietário” (TARTUCE, 2016, 918)
Teorias sobre a posse
Subjetiva (Savigny): P=C+A (apreensão do corpus + animus: desejo de ser verdadeiramente titular do domínio) 
Objetiva (Ihering): P=C
Ele substitui o animus pela affectio tenendi (exterioridade/ visibilidade): comportamento do possuidor se conduz como o proprietário se comportaria perante a coisa.
Sociológicas (Perozzi, Saleilles, Hernandez Gil)
Não foi adotada pelo CC Relevância na Usucapião
Adotada pelo CC: art. 1196, CC 
Mudança de paradigma: O CC/02 não adota a tese de Ihering pura e simplesmente. Dá relevância à tese da posse social
2.1) Teorias: 
Teoria subjetiva de Savigny: P=Copus+Animus : posse é o poder de uma pessoa sobre uma coisa, com a intenção de tê-la para si; ela se caracteriza pela conjugação do elemento objetivo "corpus" (é a mera possibilidade de exercer um contato físico com a coisa, tendo sempre a coisa a sua disposição; assim, não o perde o dono do veículo que entrou no cinema e deixou-o no estacionamento) e o elemento subjetivo "animus" (é a vontade de ser proprietário).
Para esta teoria são meros detentores: o locatário, o comodatário, o depositário, o mandatário, etc.
Vide o confronto dos arts. 1.204 e 1.223 do CCB/02.
Teoria objetiva de Ihering (é a adotada, pelo Direito Civil Brasileiro): P=C: Para Ihering para ter corpus é necessário a visibilidade do domínio. É quem dá destinação econômica ao bem. Exterioriza a propriedade. 
Tem posse aquele que age em relação à coisa como se fosse proprietário, mesmo que não o seja, independentemente da intenção; para a caracterização da posse basta o elemento objetivo "corpus" (não significa contato físico com a coisa, mas sim conduta de dono); considera o elemento subjetivo "animus" como já incluído no elemento objetivo "corpus"; posse é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa; ex.: material de construção próximo a obra, indica posse; maço de cigarro próximo a obra, não indica posse.
A posse não é o poder físico, e sim a exteriorização da propriedade. Indague-se, segundo Ihering, como o proprietário costuma proceder com as suas coisas, e saber-se-á quando se deve admitir ou contestar a posse. Protege-se a posse, aduz, não certamente para dar ao possuidor a elevada satisfação de ter o poder físico sobre a coisa, mas para tornar possível o uso econômico da mesma em relação às suas necessidades.
Partindo-se disto, tudo se torna claro. Não se guardam em móveis, em casa, os materiais de construção, não se depositam em pleno campo dinheiro, objetos preciosos etc. Cada qual sabe o que fazer com estas coisas, segundo a sua diversidade, e este aspecto normal da relação do proprietário com a coisa constitui a posse.
Essa noção de posse oferece a vantagem de possibilitar a terceiros reconhecerem se existe posse, de saberem se a relação possessória é normal ou anormal.
Desse modo, “a proteção possessória serve de escudo à propriedade, apresenta-se como um complemento de sua defesa, visto que por intermédio dela, no mais das vezes, vai o proprietário ficar dispensado da prova de seu domínio. É verdade que, para facilitar ao proprietário a defesa de seu interesse, em alguns casos vai o possuidor obter imerecida proteção. Isso ocorre quando o possuidor não é proprietário, mas um intruso. Como a lei protege a posse, independentemente de se estribar ou não em direito, esse possuidor vai ser protegido, em detrimento do verdadeiro proprietário. IHERING reconhece tal inconveniente. Mas explica que esse é o preço que se paga, nalguns casos, para facilitar o proprietário, protegendo-lhe a posse”. Essa proteção é, no entanto, provisória, até o intruso ser convencido pelos meios ordinários, na própria ação possessória.
Adoção da teoria de Ihering: art. 1196, CC
Possuidor: “Aquele que se comporta como proprietário, exercendo algum dos poderes que lhe são inerentes”.
Em contrapartida a lei aponta, expressamente, as situações em que tal conduta configura detenção e não posse: art. 1198 e 1208, CC. 
Para Ihering a distinção entre Posse e detenção não é subjetiva. É objetiva. É a lei que objetivamente irá dizer quem tem posse e detenção. É o elemento objetivo da norma que distinguirá quem tem posse e detenção.
Assim, não é possuidor o servo na posse, aquele que conserva a posse em nome de outrem, ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre, di-lo o art. 1.198 do Código Civil.
Igualmente não induzem posse, proclama o art. 1.208 do Código
Civil, “os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.
Teorias Sociológicas: art. XXII do art. 5º e e arts. 183 e 191, CF/88 e art. 1.228, § 4º, CC
A alteração das estruturas sociais tem trazido aos estudos possessórios, a partir do início do século passado, a contribuição de juristas sociólogos como SILVIO PEROZZI, na Itália, RAYMOND SALEILLES, na França, e ANTONIO HERNÁNDEZ GIL, na Espanha. Deram eles novos rumos à posse, fazendo-a adquirir a sua autonomia em face da propriedade.
Essas novas teorias, que dão ênfase ao caráter econômico e à função social da posse, aliadas à nova concepção do direito de propriedade, que também deve exercer uma função social, como prescreve a Constituição da República, constituem instrumento jurídico de fortalecimento da posse, permitindo que, em alguns casos e diante de certas circunstâncias, venha a preponderar sobre o direito de propriedade.
Segundo Tartuce (2016, pg. 918), o CC/02 perdeu a oportunidade de trazer expressamente uma teoria mais avançada quanto à posse, aquela que considera a sua função social.
Posse trabalho: Em nosso país, o grande passo na direção da concepção social da posse foi dado com a reafirmação, no inciso XXIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988, do princípio de que “a propriedade atenderá a sua função social”, complementado pelas regras sobre a política urbana, atinentes à usucapião urbana e rural (arts. 183 e 191,CF e art. 1.228, § 4º e 5º, 1238, par. único, 1242, parágrafo único, CC)
“A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela”. (enun. 492, V Jornada de Direito Civil, 2011)
2.2) Conceito
1. É a detenção de uma coisa em nome próprio;
2. É a conduta de dono (Ihering - cuja teoria o Direito Civil Brasileiro acolheu);
3. Considera-se possuidor "todo aquele que tem de fato o exercício, pleno, ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade" (art. 1.196). Os arts. 1.198 e 1.208 complementam o conceito de posse.
+Teoria Sociológica: tratam a posse na sua função social. Para ser possuidor atualmente é necessário que ele haja como o bom proprietário se conduziria perante o bem, e não apenas como proprietário.
Enunciado 491 CJF
A posse é o estado de fato que corresponde ao direito de propriedade. Como a posse não é direito, a propriedade é mais forte do que a posse. Dizemos que a posse é uma relação de fato transitória, enquanto a propriedade é uma relação de direito permanente, e que a propriedade prevalece sobre a posse (súmula 487 do STF: será deferida a posse a quem tiver a propriedade).  
Então posse é menos do que propriedade, e DETENÇÃO é menos do que posse. Sim, existe um estado de fato inferior à posse que é a detenção.
2.2.1) Posse e detenção: art. 1198 e 1208, CC
Há situações em que uma pessoa não é considerada possuidora, mesmo exercendo poderes de fato sobre uma coisa; isso acontece quando a lei desqualifica a relação para mera detenção.
A) Relação de dependência do detentor para com o dono: artigo 1.198.
Como o legislador deve dizer em que casos esse exercício configura detenção e não posse, o art. 1.198 do mesmo diploma proclama: “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.
O parágrafo único do dispositivo em tela, que não encontra paralelo no Código de 1916, estabelece presunção juris tantum de detenção: “Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário ”. Para tanto, o agente terá de demonstrar, de forma inequívoca, que deixou de conservar a posse em nome de outrem, e de cumprir as ordens e instruções suas.
Ex: o motorista de ônibus; o motorista particular em relação ao carro do patrão; o bibliotecário em relação aos livros, o caseiro de nossa granja, casa de praia, etc. Tais pessoas não têm posse, mas mera detenção por isso jamais podem adquirir a propriedade pela usucapião dos bens que ocupam, pois só a posse prolongada enseja usucapião, a detenção prolongada não enseja nenhum direito. O detentor é o fâmulo, ou seja, aquele que possui a coisa em nome do verdadeiro possuidor, obedecendo ordens dele. 
- Embora, portanto, a posse possa ser considerada uma forma de conduta que se assemelha à de dono, não é possuidor o servo na posse, aquele que a conserva em nome de outrem ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre;
- O possuidor exerce o poder de fato em razão de um interesse próprio; o detentor, no interesse de outrem - exemplos de detenção: caseiros e todos aqueles que zelam pela propriedade em nome do dono, soldado em relação às armas no quartel, preso em relação às ferramentas com que trabalha (tais servidores, não têm posse e não lhes assiste o direito de invocar, em nome próprio, a proteção possessória; são chamados de "fâmulos da posse"; embora não tenham o direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhes recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do possuidor, quanto às coisas confiadas a seu cuidado, consequência natural de seu dever de vigilância);
b) Atos de mera permissão ou tolerância, atos violentos ou clandestinos: Não induzem posse, também, os atos de mera permissão ou tolerância (art. 1.208). Ex: permissão para passar pelo jardim do vizinho;
Complementa o quadro o art. 1.208, prescrevendo: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.
Os aludidos atos impedem o surgimento da posse, sendo aquele que os pratica considerado mero detentor. Cessada a prática de tais atos ilícitos, surge a posse injusta. A injustiça da posse fica circunscrita ao esbulhado e ao esbulhador.
Portanto, o conceito de posse resulta da conjugação dos três dispositivos legais mencionados.
- c) Ocupação de imóvel de pessoa ausente: art. 1224, CC
Outro exemplo de detenção por disposição expressa da lei encontra-se no art. 1.224 do Código Civil: “Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido”. Embora conste da publicação oficial a expressão “se abstém de retornar a coisa”, é evidente o erro terminológico, pois o correto seria “se abstém de retomar a coisa”.
Até que o não presente tenha notícia do esbulho e se abstenha de retomar a coisa, ou seja repelido ao tentar recuperá-la, o ocupante é mero detentor. Assim, o fato de alguém ocupar imóvel de pessoa ausente não faz desaparecer a posse do proprietário, sendo aquele tratado pelo dispositivo em epígrafe como simples detentor.
-d) Detenção de bem público: Não há posse de bens públicos (CF, arts. 183 e 191 - proibe o usucapião especial), o uso do bem pelo particular não passa de mera detenção consentida.
Se há tolerância do Poder Público, o uso do bem pelo particular não passa de mera detenção consentida. Nesse sentido decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo: “Reintegração de posse. Área que se constitui em bem público, subjetivamente indisponível e insuscetível de usucapião. Mera detenção, sendo irrelevante o período em que perdura. Liminar concedida”.
-e) Nomeação à autoria: O art. 338 do Código de Processo Civil impõe àquele que detém a coisa em nome alheio e é demandado em nome próprio o ônus de nomear à autoria o proprietário ou possuidor. Assim, o detentor, quando demandado em nome próprio, deve indicar, por meio da aludida modalidade de intervenção de terceiro, o possuidor ou proprietário legitimado para responder ao processo, sob pena de responder por perdas, nos termos do
art. 339 do citado diploma.
3. Objeto da posse:
Regra: O Direito das coisas compreende tão só bens materiais: a propriedade e seus desmembramentos. Tem por objeto bens corpóreos. Para defesa dos direitos pessoais incorpóreos, são hj utilizadas as tutelas provisórias (art. 297, CPC).
- Bens corpóreos, salvo as que estiverem fora do comércio, ainda que gravadas com cláusula de inalienabilidade;
- Tradicionalmente, a posse tem sido entendida como reportada a coisa material, corpórea. 
Séculos depois, por influência do direito canônico, o conceito de posse sofreu profundo alargamento, passando a abranger os direitos de jurisdição ligados ao solo e, posteriormente, todos os direitos pessoais.
No fim do século XIX , os autores passaram a restringir a posse ao âmbito dos direitos reais e dos direitos obrigacionais que implicam o exercício de poderes sobre uma coisa. Tal posição é considerada atualmente prevalente. A ideia de posse é, com efeito, absolutamente inaplicável aos direitos pessoais. Em relação a esses direitos não se concebe a possibilidade de violências físicas, que careçam do remédio dos interditos.
TJSP: Incabível o ajuizamento de ação possessória contra a Telesp para religar linha telefônica.
Súmula 193 do STJ: “o direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião”
Súmula 228 do STJ: “é inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.”
O art. 1196, CC: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”
Estamos diante do fato da posse. Por essa razão também se protege a posse de bens imateriais quando suscetíveis de uso e apropriação, como ocorre com a marca comercial e os símbolos que a acompanham. 
Deve-se considerar como possuidor todo aquele que no âmbito das relações patrimoniais exerça um poder de fato sobre um bem. Mas, a posse deve estampar a uma exterioridade ou aparência. 
Assim, não se admite posse de Direito creditório ou proteção possessória para manutenção de um cargo ou função pública. Para estes há medidas específicas.
 Assim, todas as coisas móveis e imóveis que ocupam lugar no espaço podem ser possuídas e protegidas. 
Essa é a regra geral, embora admita-se com controvérsias a possibilidade de posse de coisas imateriais como linha telefônica, energia elétrica, sinal de TV por assinatura, marcas e patentes protegidas pela propriedade intelectual, etc.
Não há posse nos direitos autorais, nos direitos de crédito, nas obrigações de fazer e de não-fazer, entre outros.
4. Natureza Jurídica Posse é um Fato ou Direito? 
posse é um fato(Windscheid etc.).
posse é um fato e um direito; em princípio, considerada em si mesmo, é um fato, mas, pelas suas conseqüências legais, pelos efeitos que gera, entra na esfera do direito (Savigny etc.); considera-a, portanto, um misto de fato e de direito. Teoria adotada pela maioria dos civilistas.
Posse é um direito, isto é, um interesse legalmente protegido (Ihering, Teixeira de Freitas etc.).
Ihering: “os direitos são interesses juridicamente protegidos”.
Para a maioria dos civilistas é fato e um direito real devido ao seu exercício direto, sua oponibilidade erga omnes e sua incidência em objeto obrigatoriamente determinado.
Para o Código Civil a posse não pode ser considerada um direito real, pois não consta do rol taxativo do art. 1.225); Trata-se de direito especial, como afirma Clóvis Beviláqua.
É uma situação de fato (acontecimento) que gera um Direito, podemos dizer que POSSE é um Direito de natureza Especial que estuda dentro dos Direitos das Coisas mas não é um Direito Real.
Se analisarmos a Teoria Tridimensional do Direito: Direito é fato, valor e norma. A posse é um componente jurídico, ou seja, um direito.
Na sistemática do Código Civil, a posse não pode ser considerada um direito real, pois não se encontra no rol taxativo do art. 1225.
5. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Nem sempre a posse tem a mesma origem e nem sempre é exercida do mesmo modo e com as mesmas intenções. Assim, a presença ou a ausência de vícios, objetivos ou subjetivos, influi na qualificação da posse. O próprio Código Civil aponta as qualidades necessárias para o uso dos interditos. A posse obtida por meio ilícito a vicia, enquanto a correspondente ao exercício de uma das faculdades inerentes à propriedade legitima o poder de fato. Daí a relevância da classificação para definir o direito à proteção possessória. 
5.1. Posse Direita e Posse Indireta (art. 1197 CC): Decorre do Desdobramento da posse.
A clássica distinção entre posse direta e indireta surge do desdobramento da posse plena, podendo haver desdobramentos sucessivos. A concepção do aludido desdobramento é peculiar à teoria de IHERING. Na aludida teoria o corpus, diversamente do que sucede na defendida por SAVIGNY, engloba a possibilidade de utilização econômica da coisa, o exercício de fato de alguns dos direitos inerentes à propriedade. Quem se comporta como se tivesse tais direitos sobre a coisa é possuidor dela, ainda que não a tenha sob sua dominação direta.
 
Propriedade plena ou alodial (todos os poderes estão com o proprietário): O Proprietário pode usar, fruir, dispor, reinvindicar
Possuidor: Qdo todos os poderes estão concentrados no proprietário ele tb é possuidor: Nome da posse: POSSE (NÃO SE FALA EM POSSE DIRETA OU INDIRETA PORQUE NÃO HÁ DESDOBRAMENTO DA POSSE – VC É PROPRIETÁRIA E POSSUIDORA)
Posse direta e indireta: Quando há uma relação jurídica de Direito real (Ex: Usufruto) ou obrigacional (Ex.: locação, arrendamento) que derivou do proprietário. 
Posse direta ou imediata: é daquele que está dando destinação direta ao bem (ex. arrendatário)
Posse indireta ou mediata: Mérito da teoria de Ihering. Para ser possuidor não precisa ter a detenção do bem. Mas realizar destinação econômica do bem.
Posse paralela são a posse direta e indireta. Pois não se conflitam.
Nestes casos, a posse se dissocia: o titular do direito real fica com a posse indireta (ou mediata), enquanto que o terceiro fica com a posse direta (ou imediata, também chamada derivada, confiada, irregular ou imprópria)”.
Dispõe o art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”.
A relação possessória, no caso, desdobra-se. O proprietário exerce a posse indireta, como consequência de seu domínio. O locatário, por exemplo, exerce a posse direta por concessão do locador. Uma não anula a outra. Ambas coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas (jus possidendi), não autônomas, pois implicam o exercício de efetivo direito sobre a coisa. 
A vantagem dessa divisão é que o possuidor direto e o indireto podem invocar a proteção possessória contra terceiro, mas só o segundo pode adquirir a propriedade em virtude da usucapião. O possuidor direto jamais poderá adquiri-la por esse meio, por faltar-lhe o ânimo de dono, a não ser que, excepcionalmente, ocorra mudança da causa possessionis, com inversão do referido ânimo, passando a possuí-la como dono.
Desdobramentos sucessivos da posse: A posse pode ter desdobramentos sucessivos.
Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos. Assim, feito o primeiro desdobramento da posse, poderá o possuidor direto efetivar novo desmembramento, tornando-se, destarte, possuidor indireto, já que deixa de ter a coisa consigo. Havendo desdobramentos sucessivos da posse, terá posse direta apenas aquele que tiver a coisa consigo: o último integrante da cadeia dos desdobramentos sucessivos. Os demais integrantes da cadeia terão, todos, posse indireta, em gradações sucessivas. 
Ex.: locação. Locatário sub-loca. Sub-locatário tem a posse direta e os demais a posse indireta.
Possuidor direto e indireto. Legitimidade para demandar contra terceiros que queira agredir a posse. Não precisam agir em listisconsórcio.
Possuidor direto pode ajuizar ação possessória
contra o possuidor indireto (proprietário)
Proprietário pode ajuizar ação possessória contra o possuidor direto se no curso da relação jurídica o possuidor direto estiver praticando atos atentatórios contra a posse: art. 1197, CC faltou o vice-versa no final. Por conta da afirmação acima.
Enun76CJF
5.2. POSSE EXCLUSIVA, COMPOSSE (art. 1199 CC) E POSSES PARALELAS:
Posse Exclusiva é a posse de um único possuidor. É aquela em que uma única pessoa, física ou jurídica, tem, sobre a mesma coisa, posse plena, direta ou indireta.
A posse exclusiva pode ser plena ou não. Plena é a posse em que o possuidor exerce de fato os poderes inerentes à propriedade, como se sua fosse a coisa.
Ex.: Locação. Locador exerce a posse indireta (exclusiva) e locatário (exerce a posse direta (exclusiva)
Em princípio, a posse de uma pessoa anula a de outra (exclusividade). Porém, por convenção ou título hereditário, pode-se instituir condomínio e, dessa forma, pode haver também a composse, uma vez que a posse é o sinal exterior da propriedade. 
Composse: é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. Há vários compossuidores que têm, sobre a mesma coisa, posse direta ou posse indireta.
Dispõe a propósito o art. 1.199 do Código Civil:
“Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores”.
Ex.: adquirentes de coisa comum, com marido e mulher em regime de comunhão de bens ou com coerdeiros antes da partilha.
A composse não se fraciona em partes certas, mas tão somente em partes ideais. Assim, perante terceiros, cada um dos co-possuidores procedem como se fossem um único e a todos são assegurados a utilização da coisa, a divisão da posse é quantitativa. 
Cada possuidor só pode exercer na coisa comum atos possessórios que não excluam a posse dos outros. 
A. Qualquer dos possuidores pode valer-se dos interditos possessórios ou da legítima defesa (É a ação de manutenção, ou a de esbulho, a que compete ao consorte para conservar ou restabelecer o estado anterior);
B. Não confundir com concorrência de posses (posses de naturezas distintas, ex. posse direta e indireta sobre um mesmo bem);
C. Composse pro-diviso: há uma divisão de fato para a utilização pacífica do direito de cada um. Os possuidores exercem poderes apenas sobre parte da coisa definida, e estando tal situação consolidada há mais de ano e dia, poderá cada qual recorrer aos interditos contra aquele que atentar contra tal exercício. Em relação a terceiros, qualquer dos compossuidores poderá usar os remédios que se fizerem necessários, como ocorre no condomínio (art.1314, CC).
D. Composse pro-indiviso: todos exercem o direito de possuidor ao mesmo tempo sobre a totalidade da coisa;
Posse paralela: também denominada posse múltipla, em que ocorre concorrência ou sobreposição de posses (existência de posses de natureza diversa sobre a mesma coisa). Neste caso, dá-se o desdobramento da posse em direta e indireta já vista.
5.3. Posse Justa e Posse Injusta (art. 1200 CC): 
Segundo o art. 1.200 do Código Civil, “é justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”. 
Posse justa: é aquela isenta de vícios, aquela que não repugna ao direito, por ter sido adquirida por algum dos modos previstos na lei, ou a posse adquirida legitimamente, sem vício jurídico externo (nec vim, nec clam, nec precario).
É a não violenta, clandestina ou precária, ou seja, a adquirida legalmente, sem vício jurídico externo, ou seja, adquirida legitimamente.
Posse Injusta: é aquela em que estão presentes tais vícios. É a posse que foi adquirida viciosamente, por violência ou clandestinidade ou por abuso do precário.
Vício da violenta ("vi")(roubo) – é a que se adquire pela força física ou violência moral (ameaça).
Isenta de violência denomina-se posse mansa e pacífica.
Exemplo: a posse do que toma o objeto de alguém, despojando-o à força, ou expulsa de um imóvel, por meios violentos, o anterior possuidor. O invasor de um imóvel abandonado deterá a posse violenta se expulsar à força o antigo ocupante. A coisa roubada.
B. Clandestina ("clam") (furto) – é a que se estabelece às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la. É aquela obtida furtivamente, que se estabelece sub-repticiamente, às ocultas da pessoa de cujo poder se tira a coisa e que tem interesse em
conhecê-la.
ex.: se alguém penetrar furtivamente em um imóvel, terá a posse clandestina. O ladrão que furta.
C. Precária ("precario") (apropriação indevida)– quando o agente se nega a devolver a coisa, findo o contrato. É quando o agente nega-se a devolver a coisa que lhe foi emprestada com a condição de ser restituída assim que o proprietário a solicitar; é a que se origina do abuso de confiança, por parte de quem recebe a coisa com o dever de restituí-la (esta posse é justa na sua origem e se torna injusta no ato da remessa de devolver a coisa).
Ex.: se ficou de guardá-lo, mas nele se instalou sem autorização do dono, terá a posse precária.
Os três vícios referem-se às figuras do Código Penal: Roubo, furto e apropriação indevida.
O aludido art. 1.200 do Código Civil não esgota, porém, as hipóteses em que a posse é viciosa. Aquele que, pacificamente, ingressa em terreno alheio, sem procurar ocultar a invasão, também pratica esbulho, malgrado a sua conduta não se identifique com nenhum dos três vícios apontados.
A Posse é injusta em relação ao legítimo possuidor, mas poderá ser justa em relação a um terceiro que não tenha posse alguma.
A precariedade difere dos vícios da violência e da clandestinidade quanto ao momento de seu surgimento. Enquanto os fatos que caracterizam estas ocorrem no momento da aquisição da posse, aquela somente se origina de atos posteriores, ou seja, a partir do instante em que o possuidor direto se recusa a obedecer à ordem de restituição do bem ao possuidor indireto.
Com efeito, dispõe o art. 1.208 do Código Civil que não induzem posse os atos violentos ou clandestinos, “senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.
Posse violenta e a clandestina: substituição de um estado de detenção, por um estado de posse uma vez cessada a violência ou a clandestinidade. Enquanto não cessam há apenas Detenção.
Para cessar a clandestinidade não se exige demonstração de que a vítima tenha efetivamente ciência da perpetração do esbulho. Impõe-se tão só que o esbulhador não o oculte mais dela, tornando possível que venha a saber do ocorrido. Não se exige, destarte, a difícil prova de que a vítima tomou conhecimento do esbulho, mas apenas de que tinha condições de tomar, porque o esbulhador não mais oculta a coisa.
Ex.: “A fim de aumentar a minha adega (ou porão de casa) eu prolonguei-a debaixo da casa do vizinho e a possuí durante
trinta anos sem descontinuidade nem interrupção. Adquiri-a por prescrição? Sim se o proprietário da casa vizinha pôde conhecê-la, isto é, se existe algum sinal aparente, tal como um respiradouro que indique e assinale a usurpação feita.
Pouco importa que ele tenha conhecido, ou não; basta que ele pudesse conhece-la. Não, porém, se não existe qualquer sinal, nem porta, nem respiradouro, construído de modo a lhe revelar a posse que a ele interessava conhecer”.
Posse precária jamais se tornará justa. A posse inicialmente era justa e se torna injusta, seja porque representa um abuso de confiança, seja porque a obrigação de devolver a coisa recebida em confiança nunca cessa.
Princípio geral sobre o caráter da posse: Pelo art. 1.203 do CCB há presunção juris tantum de que a posse guarda o mesmo caráter de sua aquisição, salvo, se. p. ex. o adquirente a título clandestino ou violento provar que sua clandestinidade ou violência cessaram há mais de ano e dia, caso em que a posse passa a ser reconhecida (art. 1.208), já o mesmo não se pode dizer do vício da precariedade, salvo se sobrevier uma nova causa possessionis.
5.4. Posse de Boa e Má-fé: art. 1201, CC
Boa Fé
tem aquele que ignora os vícios da posse (art. 1201 CC) ou os obstáculos para a aquisição da coisa. Decorre da consciência de se ter adquirido a posse por meios legítimos. O seu conceito, portanto, funda-se em dados psicológicos, em critério subjetivo.
Má Fé tem aquele que conhece tais obstáculos, ou seja, que tem consciência da ilegitimidade do seu direito . Se ignora a existência de vício na aquisição da posse, ela é de boa-fé; se o vício é de seu conhecimento, a posse é de má-fé. Para verificar se uma posse é justa ou injusta, o critério, entretanto, é objetivo: examina-se a existência ou não dos vícios apontados.
Teorias: 
-Ética: que liga a má-fé à ideia de culpa.
-Psicológica: que só indaga da ciência por parte do possuidor do impedimento para a aquisição da posse. Na concepção psicológica o interessado deve possuir apenas a crença de que não lesa o direito alheio. Na concepção ética, todavia, essa crença deve derivar de um erro escusável ou de averiguação e exame de circunstâncias que circundam o fato. Analisa-se, nesta, se o indivíduo agiu com as diligências normais exigidas para a situação. 
Tem sido salientada a necessidade de a ignorância derivar de um erro escusável.
Ex.: “se o possuidor adquiriu a coisa possuída de menor impúbere e de aparência infantil, não pode alegar ignorância da nulidade que pesa sobre o seu título. Como também não pode ignorá-la se comprou o imóvel sem examinar a prova de domínio do alienante. Nos dois casos, sua ignorância deflui de culpa grave, de negligência imperdoável, que por isso mesmo é inalegável”.
A boa fé não é essencial para o uso das ações possessórias. Basta que a posse seja justa.
A boa-fé somente ganha relevância, com relação à posse, em se tratando de usucapião, de disputa sobre os frutos e benfeitorias da coisa possuída ou da definição da responsabilidade pela sua perda ou deterioração.
Ex.: Um testamento, pelo qual alguém recebe um imóvel, por exemplo, ignorando que o ato é nulo, é hábil, não obstante o vício, para transmitir-lhe a crença de que o adquiriu legitimamente. Essa crença, embora calcada em título defeituoso, mas aparentemente legal, produz efeito igual ao de um título perfeito e autoriza reputar-se de boa-fé quem se encontrar em tal situação.
Título, em sentido lato, é o elemento representativo da causa ou fundamento jurídico de um direito.
Presunção de boa-fé: art. 1201, parágrafo único: O Código Civil estabelece “presunção de boa-fé” em favor de quem tem justo título, “salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção” 
Justo título: é o que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se não contivesse nenhum vício impeditivo dessa transmissão. 
Ex.: Uma escritura de compra e venda, devidamente registrada, por exemplo, é um título hábil para a transmissão de imóvel. No entanto, se o vendedor não era o verdadeiro dono (aquisição a non domino) ou se era um menor não assistido por seu representante legal, a aquisição não se perfecciona e pode ser anulada. Porém a posse do adquirente presume-se ser de boa-fé, porque estribada em justo título.
Essa presunção, no entanto, é juris tantum e, como tal, admite prova em contrário. De qualquer forma, ela ampara o possuidor de boa-fé, pois transfere o ônus da prova à parte contrária, a quem incumbirá demonstrar que, a despeito do justo título, estava o possuidor ciente de não ser justa a posse.
O conceito de justo título para posse é mais amplo que o de justo título para fins de usucapião: Para se alcançar a modalidade ordinária de usucapião (art. 1.242 do CC), requer-se um ato jurídico, em tese, formalmente perfeito a transferir a propriedade (v.g., a escritura de compra e venda, formal de partilha). Já o justo título para posse demanda apenas um título que aparenta ao possuidor que a causa de sua posse é legítima (v.g., contrato de locação ou cessão de direitos possessórios).
Com efeito, o justo título capaz de empresar boa-fé à posse, para fins de usucapião ordinário, deve ser hábil para transmitir o domínio, se não contiver nenhum vício impeditivo dessa transmissão. No entanto, para fins de qualificação da posse como de boa-fé, para fins exclusivamente possessórios, não se exige que seja capaz, em tese, de transmitir o domínio, sendo definido simplesmente como a causa jurídica, a razão eficiente da posse. Nessa visão, um contrato de locação, de comodato, de compromisso de compra e venda, bem como a cessão de direitos hereditários configuram um estado de aparência que permite concluir estar o sujeito gozando de boa posse, devendo ser considerado justo título para os fins do parágrafo único do art. 1.201 do Código Civil.
A posse de boa-fé pode existir sem o justo título.
Transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé: art. 1202, CC: “A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. 
A solução, para se definir o momento em que a posse de boa-fé perde esse caráter, desloca a questão para o objetivismo.
Essa exteriorização é inevitável.
Costuma-se fixar o momento da transmudação do caráter da posse em função do procedimento judicial intentado contra o possuidor.
Não somente quando é citado para responder à ação o possuidor toma ciência dos vícios de sua posse, mas igualmente quando é turbado e figura como autor da ação e o réu oferece contestação, juntando os documentos comprobatórios de seu melhor direito.
Nada impede, entretanto, que o interessado prove outro fato que demonstre que a parte contrária, mesmo antes da citação, já sabia que possuía indevidamente.
5.5. Posse nova e Posse velha: 
Posse nova: é a de menos de ano e dia. 
Posse velha: é a de ano e dia ou mais. O decurso do aludido prazo tem o condão de consolidar a situação de fato, permitindo que a posse seja considerada purgada dos defeitos da violência e da clandestinidade, malgrado tal purgação possa ocorrer antes.
Origem histórica da distinção:
É bastante obscura a história do direito a propósito da fixação desse prazo, havendo notícia de que estaria relacionado ao plantio e às colheitas, que geralmente levam um ano. A versão mais corrente é que a anualidade surgiu nos costumes germanos, sendo necessária para a posse poder constituir uma presunção de propriedade, pois se entendeu que só quando a posse tivesse uma certa duração poderia produzir tal efeito.
b) Critérios adotados no CC:
Dizia o art. 507 do Código Civil de 1916 que, na posse de menos de ano e dia, “nenhum possuidor será manutenido ou reintegrado judicialmente, senão contra os que não tiverem melhor posse”. E o parágrafo único fornecia os subsídios para se apurar quem tinha melhor posse, entendendo-se como tal a “que se fundar em justo título; na falta de título, ou sendo os títulos iguais, a mais antiga; se da mesma data, a posse atual. Mas, se todas forem duvidosas, será sequestrada a coisa, enquanto se não apurar a quem toque”.
Esses critérios não são enunciados no Código Civil de 2002, que apenas dispõe, genericamente, no art. 1.211: “Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso”.
O dispositivo em apreço não distingue entre a posse velha e a posse nova. Caberá ao juiz, em cada caso, avaliar a melhor posse, assim considerando a que não contiver nenhum vício.
c) Critérios adotados no CPC: 
O art. 525 do Código de Processo Civil possibilita a concessão de liminar initio litis ao possuidor que intentar a ação possessória “dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho”. Passado esse prazo, “ será comum procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório”.
d) Ação de força nova e ação de força velha: Não se deve confundir posse nova com ação de força nova, nem posse velha com ação de força velha. Classifica-se a posse em nova ou velha quanto à sua idade. Todavia, para saber se a ação é de força nova ou velha, leva-se em conta o tempo
decorrido desde a ocorrência da turbação ou do esbulho. Se o turbado ou esbulhado reagiu logo, intentando a ação dentro do prazo de ano e dia, contado da data da turbação ou do esbulho, poderá pleitear a concessão da liminar (CPC, art. 525), por se tratar de ação de força nova. Passado esse prazo, no entanto, como visto, o procedimento será comum, sem direito a liminar, sendo a ação de força velha.
É possível, assim, alguém que tenha posse velha ajuizar ação de força nova, ou de força velha, dependendo do tempo que levar para intentá-la, contado o prazo da turbação ou do esbulho, assim como também alguém que tenha posse nova ajuizar ação de força nova ou de força velha.
5.6. Posse “ad interdicta” e “ad usucapionem”: 
 - "ad interdicta" – é a que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, quando molestada (ameaçada, turbada, esbulhada ou perdida), mas não conduz ao usucapião; o possuidor, 
como o locatário, por ex., vítima de ameaça ou de efetiva turbação, tem a faculdade de defende-la ou de recuperá-la pela ação possessória adequada até mesmo contra o proprietário.
- "ad ucucapionem" – é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio; ao fim de um período de 10 anos entre presentes e de 15 entre ausentes, aliado a outros requisitos, como o ânimo de dono, o exercício contínuo e de forma mansa e pacífica, além do justo título e boa-fé, dá origem ao usucapião ordinário (art. 1.242); quando a posse, com essas características, prolonga-se por mais de 20 anos, a lei presume o justo título e a boa-fé, deferindo a aquisição do domínio pelo usucapião extraordinário (art. 1.238).
5.8. Posse natural e posse civil ou jurídica
 natural – é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa - ex.: A vende sua casa a B, mas continua no imóvel como inquilino; não obstante, B fica sendo possuidor da coisa (posse indireta), mesmo jamais tê-la ocupado fisicamente.
- civil ou jurídica – é a que assim se considera por força da lei, sem necessidade de atos físicos ou materiais; é a que se transmite ou se adquire pelo título.
5.9. Posse “pro diviso” e posse “pro indiviso”
Posse pro indiviso: Se os compossuidores têm posse somente de partes ideais da coisa. 
Posse pro diviso: Se cada um se localiza em partes determinadas do imóvel, estabelecendo uma divisão de fato. Neste caso, cada compossuidor poderá mover ação possessória contra outro compossuidor que o moleste no exercício de seus direitos, nascidos daquela situação de fato.
6. DA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE: arts. 1204 a 1209, CC
6.1. Objetivo : A aquisição da posse dar-se-á pela obtenção do poder de ingerência socioeconômica sobre uma coisa que excluirá a ação de terceiro, mediante o emprego de interditos possessórios. Justifica-se a fixação da data da aquisição da posse por assinalar o início do prazo da prescrição aquisitiva e do lapso de ano e dia, que distingue a posse nova da velha.
6.2. modos de aquisição (art. 1.204, CC):
Coerente com a teoria de Ihering, o CC não fez discriminação dos modos de aquisição da posse e dispôs no art. 1.204: “Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade”.
6.2.1. Tendo em vista a origem da posse: 
Aquisição originária: realiza-se independentemente de translatividade, sendo, portanto, em regra, unilateral, visto que independe da anuência do antigo possuidor, ou seja, efetiva-se unicamente por vontade do adquirente sem que haja colaboração de outrem. 
Aquisição derivada: Quando há consentimento do precedente possuidor, ou seja, quando a posse é transferida. Há relação de causalidade entre a posse anterior e a atual. O adquirente recebe a posse com todos os vícios anteriores.
 6.2.2. Tendo em vista a manifestação de vontade do agente: art. 1263, 1196, 1204, CC
Por ato unilateral e ato bilateral
6.2.2.1) Por ato unilateral:
a) Ato de apreensão do bem (apropriação do bem): Pela qual o possuidor passa a ter condições de dispor do bem livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando seu domínio. Recai sobre coisas sem dono porque foram abandonadas ou por não serem de ninguém, e sobre coisas de outrem, mesmo sem o consentimento deste. 
Pode se dar por: 
a.1) ocupação: apreensão em relação aos imóveis (art. 1263, CC)
a.2) uso: deslocar para a órbita de influência do possuidor. Apreensão em relação ao móveis.
b) Pelo exercício do Direito (arts. 1.196, 1.204, CC): que se exterioriza na sua utilização econômica e consiste na manifestação externa do direito que pode ser objeto da relação possessória. Ex.: Servidão (passagem constante de água por terreno alheio, capaz de gerar a servidão de águas), uso (Cultivo de um
campo abandonado). 
c) Disposição da coisa ou do Direito: A disponibilidade é o ato mais característico da exteriorização do domínio. 
Ex.: Se alguém dá em comodato coisa de outrem, tal fato revela que esta pessoa se encontra no exercício de um dos poderes inerentes ao domínio. Portanto, pode-se presumir que adquiriu a posse da coisa, visto que a desfrutava.
6.2.2.2. Por ato bilateral:
Modos: 1º) Tradição; 2º) Sucessão inter vivos ou mortis causa
1º) Tradição: Pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito, como na doação, quer a título oneroso, como na compra e venda.
a) real: quando envolve a entrega efetiva e material da coisa. Ex.: entrega de veículo pela concessionária.
b) simbólica: quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves do apartamento vendido.
c) Ficta: é aquela que se dá por presunção:
c.1) Tradictio brevi manu: em que o possuidor possuía em nome alheio e agora passa a possuir em nome próprio. Ex: Locatário que compra o imóvel passando a ser proprietário. 
c.2) Constituto possessório, em que o possuidor possuía em nome próprio e passa a possuir em nome alheio. Por ex.: proprietário que vende o imóvel e nele permanece como locatário. art. 1.267, parágrafo único
No constituto possessório, aquele que detém a posse direta não é mais proprietário da coisa, possuindo-a em nome de outrem. Este, o adquirente do bem adquire a posse indireta pela cláusula constituti, pois não há entrega material da coisa.
2º) Sucessão inter vivos ou mortis causa.
Sucessão inter vivos: opera-se a título singular. Art. 1207, 2ª parte, CC
O adquirente constitui para si uma nova posse, embora receba uma posse de outrem. Ex.: Compra e venda
 Art. 1207, CC: Pode o comprador unir sua posse à do antecessor. A acessão na posse é facultativa. Se fizer o uso da faculdade sua posse continuará eivada dos mesmos vícios da anterior.
Acessão: a posse pode ser continuada pela soma do tempo do atual possuidor com a de seus antecessores.
b) Sucessão causa mortis: Pode ser:
b.1) Pode ser a título universal: Quando o objeto da transferência é uma universalidade. Art. 1207, CC
Aberta a sucessão, a posse da herança adquire-se ope legis: art. 1784, CC
O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
b.2) Pode ser a título singular:  o objeto adquirido constitui coisa certa e determinada.
União: sucessor singular (legatário)é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Art. 1207, 2ª parte, CC
6.3) Quem pode adquirir a posse (art. 1.205, I e II):
- a própria pessoa que a pretende, desde que capaz e pratique o ato gerador da relação possessória;
- não sendo capaz, poderá adquiri-la se estiver representada ou assistida por seu representante legal ou procurador munido de poderes específicos;
por terceiro, mesmo sem mandato, dependendo de ratificação. Esta terá efeito ex tunc.
7) Perda da posse: art. 1223 e 1224, CC
Se a posse é a exteriorização do domínio e se é possuidor aquele que se comporta em relação à coisa como dono, desde o momento em que não se comporte mais dessa maneira,
ou se veja impedido de exercer os poderes inerentes ao domínio, a posse estará perdida.
O Código Civil de 2002, por essa razão, estabelece: “Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196”.
Como nosso CC acolhe a teoria de IHERING, não há necessidade de especificar os casos e os modos de perda da posse. 
7.1) Exemplificativamente, perde-se a posse das coisas:
a - pelo abandono 
b - pela tradição 
c - pela perda da própria coisa ou furto 
d - pela destruição da coisa 
e- Pela inalienabilidade
f - pela posse de outrem 
g - pelo constituto possessório
7.2 - Perda da posse dos direitos: - pela impossibilidade de seu exercício (art. 1.196); - pelo desuso (art. 1.389, III)
7.3 - Da perda da posse para o possuidor que não presenciou o esbulho (art. 1.224): quando tem notícia da ocupação, abstém-se de retomar a coisa ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
8. EFEITOS DA POSSE
8.1. Conceito. São as consequências jurídicas produzidas pela posse em virtude de lei ou norma jurídica e a distinguem da mera detenção.
8.2. Espécies: 
Proteção possessória: Abrangendo a autodefesa e a invocação dos interditos.
direito à percepção dos frutos;
Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa:
indenização por benfeitorias e o direito de retenção;
A usucapião
8.3. Da proteção possessória: Principal efeito da posse
8.3.1) finalidade: defender a posse.
8.3.2) Formas: Autotutela da posse (legítima defesa, desforço imediato) e Interditos possessórios (ação de manutenção, reintegração e interdito proibitório)
Autotutela da posse: art.1210, §1º,CC: “O possuidor turbado ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se, por sua própria força, contanto que o faça logo, os atos de defesa ou de desforço não podem ir além do indispensável à manutenção, ou à restituição da posse.”
Uso de força. “Por sua própria força” significa sem apelar apara a autoridade, polícia, ou Poder Judiciário. O possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelos seus próprios recursos:
- conceito de turbação (perturbação da posse) Diminuição. Embaraço à posse, mas não há sua perda. 
- conceito de esbulho (perda total da posse): Ato que importa na impossibilidade do exercício da posse pelo possuidor.
A.1) legítima defesa – quando o possuidor se acha presente e é turbado(perturbação da posse) no exercício de sua posse, pode reagir, fazendo uso da defesa direta. Se aplica enquanto a turbação perdurar.
A.2) desforço imediato – ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa (autotutela, autodefesa ou defesa direta). É praticado diante do atentado já consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos. 
- requisitos para o uso da força: reação imediatamente (logo) após a agressão, devendo ela limitar-se ao indispensável à manutenção ou restituição da posse (art. 1.210, §1º, 2º parte); os meios empregados devem ser proporcionais à agressão. (Uso moderados dos meios necessários para repelir a injusta agressão)
b) Interditos possessórios - Ações possessórias (ação de manutenção, reintegração e interdito proibitório)
b.1) legitimação ativa: art. 560 do CPC: Exige-se a condição de possuidor para a propositura dos interditos, mesmo que não tenho título. Portanto, o detentor não tem legitimidade. Nem o nascituro, a quem se atribui mera expectativa de direito. 
Os possuidores diretos e indiretos têm ação possessória contra terceiros, e também um contra o outro. 
b.2) Legitimação passiva:
 - Do autor da ameaça, turbação ou esbulho (art.561, II e 567, CPC);
 - Do curador, pai ou tutor, se a turbação e o esbulho forem causados por amental ou menor;
- terceiro que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era (má-fé) (art. 1212, CC);
herdeiro a título universal ou causa mortis, porque continua de direito a posse de seu antecessor;
pessoa jurídica de direito público ou privado autora do ato molestador (art. 562, par. Único CPC); 
Da pessoa que ordenou a prática do ato molestador;
b.3) Cumulação de pedidos e Conversão da ação possessória em ação de indenização: art. 555, CPC
O artigo 555, I, do CPC permite que o autor, na inicial da ação possessória, cumule o pedido possessório com o de condenação em perdas e danos. Se ocorreu o perecimento ou deterioração considerável da coisa, só resta ao possuidor a indenização. Mas, este deve ser formulado na inicial.
b.4) Caráter dúplice das ações possessórias: art. 556, CPC
Não é necessária a reconvenção. Se o réu se julgar ofendido em sua posse, poderá formular na própria contestação os pedidos que tiver contra o autor.
Art.556 , CPC. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
b.5. Fungibilidade dos Interditos: Art. 554, CPC. 
A fungibilidade só poderá ocorrer entre as três ações possessórias em sentido estrito: manutenção, reintegração e interdito proibitório. 
Exceção à regra que proíbe o julgamento extra petita (art. 492, CPC) em virtude da natureza da tutela possessória, pois o pedido é a proteção possessória, embora esta possa assumir mais de uma forma.
b.6) Nomeação à autoria e denunciação da lide (art. 339, 125, II, CPC) 
Demandado simples detentor (art. 1198, CC): nomeação à autoria
Possuidor direto (art. 1197,CC): Denunciação à lide ao possuidor indireto.
 b.7) Espécies (sentido estrito):
ações possessórias por excelência: só servem para defender a posse do possuidor. São elas: Manutenção, reintegração, interdito proibitório.
b.7.1) Ação de manutenção e da reintegração de posse: São tratadas em uma única seção no CPC, pois possuem características e requisitos semelhantes.
a) ação de manutenção de posse – é o meio de que se pode servir o possuidor que sofrer turbação a fim de se manter na sua posse.
b) ação de reintegração de posse – é a movida pelo esbulhado, a fim de recuperar a posse perdida em razão de violência, clandestinidade ou precariedade.
A manutenção e a reintegração de posse apresentam características e requisitos semelhantes; a diferença está apenas em que o "possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho" (art. 560, CPC) e art. 1210, CC. 
c) Requisitos para a propositura das referidas ações: art. 561, CPC
1°) prova da posse; 
2°) prova da turbação (manutenção) ou do esbulho (reintegração) praticado pelo réu,
Turbação: Ato que dificulta o exercício da posse, mas não o suprime. O possuidor permanece na posse da coisa, mas tem seu exercício cerceado.
Turbação de fato: consiste na agressão material dirigida contra a posse 
Turbação de Direito: opera judicialmente (réu contesta a posse do autor) ou por via administrativa (quando houver decisão de autoridade, fixando largura a uma estrada em detrimento da utilização da coisa).
A turbação só pode ser de fato e não de Direito, pois contra atos judiciais não cabe manutenção, mas embargos e outros meios de defesa.
Turbação direta: que se exerce imediatamente sobre o bem.
Turbação indireta: praticada externamente, mas que repercute na coisa. 
Turbação positiva: prática de atos materiais sobre a coisa. Ex.: passagem pela propriedade alheia.
Turbação negativa: dificulta, embaraça ou impede o livre exercício da posse. Ex.: impede o possuidor de utilizar a porta de entrada de sua propriedade.
Esbulho: art. 1210, CC: Violência, Clandestinidade, precariedade.
Esbulho pacífico: é o esbulho resultante da precariedade. 
STF: Compromisso de Compra e venda: Havendo cláusula resolutória é desnecessário prévia ou concomitante ação rescisória de compromisso de compra e venda para a procedência da ação possessória, pois no pedido de reintegração está contida a pretensão do reconhecimento da rescisão contratual, a fim de se caracterizar o esbulho.
3°) prova da data da turbação (manutenção) ou do esbulho (reintegração).

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