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___________________ Alana Gabriela Lazzaretti é acadêmica do 1° ano de Administração na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. A CORAGEM DEFENDIDA POR ARISTÓTELES Alana Gabriela Lazzaretti ¹ RESUMO Este artigo aborda o assunto coragem exposto no livro Ética a Nicômaco de Aristóteles. O livro está dividido em dez livros onde o assunto coragem é abordado no livro III. O tratamento do tema ocorreu a partir do livro base e em consulta de alguns artigos publicados referente ao livro, foram utilizados outros autores que detinham um conhecimento relacionado à coragem. O trabalho pretende se tornar um documento de consulta referente ao seminário apresentado para a turma e uma forma de relatório do mesmo para os acadêmicos da turma de Administração 1º ano de 2013 da Universidade Estadual do Oeste do Paraná campus Francisco Beltrão. Palavras-chave: Coragem. Aristóteles. Ética a Nicômaco. Livro III. Seminário. Administração. Honra e Caráter. Conhecimento. Paixão. Otimismo. Desconsideração do Perigo. 1 INTRODUÇÃO De todas as virtudes, a coragem é sem dúvida a mais universalmente admirada. Fato raro, o prestígio que desfruta parece não depender nem das sociedades, nem das épocas, e quase nada dos indivíduos. Em toda parte a covardia é desprezada; em toda parte a bravura é estimada. As formas podem variar, claro, assim como os conteúdos: cada civilização tem seus medos, cada civilização suas coragens. Mas o que não varia, ou quase não varia, é que a coragem, como capacidade de superar o medo, vale mais que a covardia ou a poltronice, que ao medo se entregam. A coragem é a virtude dos heróis; e quem não admira os heróis? Aristóteles demonstra a coragem como o meio termo entre o medo (covardia) e a bravura. Ele referencia que o homem virtuoso é aquele que consegue ser o meio termo, pois estes detêm o autocontrole. Ele cita as cinco espécies da coragem como sendo os princípios a serem seguidos, são eles: honra e caráter, o conhecimento, a paixão, o otimismo e a desconsideração do perigo. 2 O QUE É A CORAGEM Define-se coragem, segundo Aurélio online, força ou energia moral que leva a afrontar os perigos; valor; destemor, ânimo, intrepidez, bravura, denodo: lutar com coragem. Para André Comte Sponville (1999), de todas as virtudes, a coragem é sem dúvida a mais universalmente admirada. Este prestígio parece não depender nem das sociedades, nem das épocas, nem ao menos dos indivíduos. Em toda parte a covardia é desprezada; em toda parte a bravura é estimada. Segundo Aristóteles em seu livro Ética a Nicômaco a coragem é um meio-termo em relação aos sentimentos de medo e confiança, ou seja, covardia e bravura. Em suma, todos tememos algo, porém, à aqueles que são destemidos e enfrentam as situações mundanas com coragem. “As coisas terríveis não são as mesmas para todos os homens. Dizemos, contudo, que algumas o são além das forças humanas. Essas, pois, são terríveis para todos.” (PESSANHA, 1991, p.60) Platão correlaciona coragem, razão e dor. A coragem é o uso da razão a despeito do prazer. É ser coerente com seus princípios a despeito do prazer e da dor. Os animais (mesmo os irracionais) demonstram coragem principalmente devido aos seus instintos primitivos e pela necessidade de sobrevivência. Por exemplo, um inseto que sai de seu ninho sabe que pode morrer, mas a necessidade de sobrevivência fala mais alto nele. Fonte: PAGNI; SILVA, 2007, P. 44. Os seres humanos (diferentemente dos animais irracionais) têm consciência de suas atitudes, portanto o medos e coragem varia muito para cada ser, depende do ambiente na qual vive ou viveu, da educação que recebeu, de suas crenças, de suas influencias e assim por diante. A temeridade é própria de todos os seres. Os seres humanos temem tudo o que lhe é desconhecido, algo que está além de suas forças, tudo o que seu senso comum o diz que deve se ter medo. Pois o medo mostra que o desconhecido é algo que não nos fará bem. Como exemplo Aristóteles cita o desprezo, a pobreza, a doença, a falta de amigos e a morte. Notamos que estes exemplos são os princípios que o ser humano adota para chegar à felicidade. Para tanto ele necessita ter coragem e bravura para chegar a ela. A coragem, no entanto, significa ser corajosos em situações que nos permitem mostrar o nosso valor ser nobre. O homem corajoso não é aquele que não teme a morte, pobreza, doença, mas sim aquele que não teme uma morte honrável e o mesmo com o caminho inverso. Podemos citar o exemplo da guerra muito avaliado por Aristóteles onde o mesmo descreve um homem corajoso e um bravo. O bravo é aquele que demonstra a tudo e a todos sua bravura, aquele que quer ser o líder, o rei, o ganhador, sem pensar em passar pela guerra, já o corajoso é aquele que enfrenta tudo e todos, sem pensar em recompensas ele só quer o bem, para ele e para o próximo, este é o homem virtuoso. “Ora, a coragem é nobre; portanto, seu fim também é nobre, pois cada coisa é definida pelo seu fim.” (PESSANHA, 1991, p.61). “O homem corajoso escolhe e suporta coisas porque é nobre fazê-lo, ou porque é vil deixar de fazê-lo. Contudo, morrer para escapar à pobreza, ao amor ou ao que quer que seja de doloroso não é próprio de um homem bravo, mas antes de um covarde.” (PESSANHA, 1991, p.62). A relação que pode se fazer entre o bravo e o temerário é de que o bravo enfrenta as situações terríveis e o temerário apenas demonstra, mas não o faz. “O que o bravo é com relação às coisas terríveis, o temerário deseja parecer; portanto, imita-o nas situações em que lhe é possível fazê-lo. Daí também o serem, a maioria deles, uma mistura de temeridade e covardia; porque, embora mostrem arrojo em tais situações, não se mantêm firmes contra o que é realmente terrível.” (PESSANHA, 1991, p.61) 2.1 CINCO ESPÉCIES DA CORAGEM A primeira espécie descreve a honra e o caráter. Em seu livro Aristóteles cita o exemplo do cidadão-soldado que define a coragem como sendo a honra de morrer na guerra para não morrer em praça publica, pois deve um homem honroso morrer na guerra lutando por sua honra e seu caráter. Pois aquele que detém a bravura é respeitado por seu caráter. Por conseguinte a segunda espécie descreve o conhecimento. Aristóteles faz uma comparação com Sócrates onde o mesmo expõe que a coragem advém do conhecimento. Este conhecimento pode ser avaliado por dois pontos. A experiência (senso comum) e o conhecimento cientifico. Para um bom soldado ser virtuoso ele precisa utilizar-se de seu senso comum e adquirir o conhecimento cientifico para que a virtude seja plena. “A experiência com relação a fatos particulares é também considerada como coragem; aí temos, em verdade, a razão pela qual Sócrates identificava a coragem com o conhecimento.” (PESSANHA, 1991, p. 63). Aristóteles então expõe como terceira espécie a paixão, sendo esta a mais conhecida, porém a mais despercebida. “Coragem vem do latim cor que significa coração. Assim é, porque os romanos consideravam que a coragem tem mais a ver com o coração do que com a razão. É uma força, uma força da alma, uma das quatro virtudes cardinais. É um poder de ação física e moral. Uma causa agente que produz um efeito. É uma energia física e moral. A coragem é o mesmo que a bravura e a firmeza.” (MARQUES, Acesso em: 26/06/2013). Coragem também pode ser confundida com paixão, pois esta é o que impulsiona todo ser humano ter coragem. O amor, a paixão é algo que está além de nossas forças racionais, diz Aristóteles que os homens que detém a paixão na hora da guerra são aqueles que demonstram ainda mais força, ânimo e incentivos para adquirir sua honra.“Com efeito, a paixão, mais do que qualquer outra coisa, anseia por atirar-se ao perigo; daí as frases de Homero: "instilou força na sua paixão", "despertou-lhes o ânimo e a paixão", "respirava forte, ofegando", e "seu sangue fervia". [...] Ora, os bravos agem com a mira na honra, mas são auxiliados pela paixão, enquanto as feras agem sob a influência da dor: atacam porque foram feridas ou porque têm medo, pois que nunca se aproximam de quem se extravia numa floresta.” (PESSANHA, 1991, p.64) Como quarta espécie Aristóteles descreve o otimismo como sendo a confiança que se obtém através da experiência e a busca de novos resultados. As pessoas otimistas são bravas, pois estas enfrentam coisas que são e/ou parecem terríveis. “Mas a marca distintiva do homem bravo era enfrentar as coisas que são e parecem terríveis, porque é nobre fazê-lo e vergonhoso não o fazer.” (PESSANHA, 1991, p.65) Aqueles que ignoram o perigo fazem parte da quinta espécie. Aristóteles cita que estes não são bravos nem corajosos quanto os que tem otimismo, pois estão não tem confiança em si mesmo, e tem medo do que vem. Estes agem sem pensar e quando defrontam com o perigo desistem por não serem virtuosos. “As pessoas que ignoram o perigo também parecem bravas [...] Mas são inferiores por não terem confiança em si mesmas [...]”. (PESSANHA, 1991, p.65) 3 CONCLUSÃO A pessoa corajosa só enfrenta o perigo quando é necessário. Não o procura, mas é capaz de o enfrentar quando é necessário. A pessoa covarde é a que receia as coisas erradas, da forma incorreta e na altura imprópria. Ao covarde falta-lhe confiança. Como tem medo de tudo, é uma pessoa pessimista e sem esperança. O corajoso, pelo contrário, é confiante e esperançoso. A pessoa corajosa enfrenta o perigo com confiança e firmeza porque é correto faze-lo. E fá-lo porque aprecia a honra e recusa aquilo que é vergonhoso. A coragem é uma virtude de grandes homens, somente os virtuosos chegam à coragem chegam ao meio termo. 4 REFERÊNCIAS (MARQUES, Ramiro. Disponível em: http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/A%20CORAGEM%20EM%20ARIST% C3%93TELES.pdf, pg. 1. Acesso em: 26/05/2013. PAGNI, P. A.; SILVA, D. J. Introdução à Filosofia da Educação: temas contemporâneos e história. São Paulo: Avercamp, 2007. PESSANHA, José Américo Motta. Ética a Nicômaco; Poética / Aristóteles; seleção de textos — 4. ed. — São Paulo : Nova Cultural, 1991. — (Os pensadores; v. 2) PONVILLE, André Comte. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999, Tradução de Eduardo Brandão.
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