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Aspectos Epidemiológicos das Doenças Transmissíveis FRANCISCA NAZARÉ LIBERALINO DENF- UFRN, 2017 Uma breve reflexão • As medidas de prevenção e controle das doenças transmissíveis tem expressivo impacto epidemiológico para controle, erradicação e eliminação de várias doenças infecciosas e causas de morte, em numerosas regiões, especialmente nos países em desenvolvimento. • No século XIX as Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) eram a principal causa de morte e de estudos da Epidemiologia. Estratégias de isolamento de doentes e contatos. • Nos dias atuais os conhecimentos técnicos e científicos e a melhoria de condições de vida das populações influenciaram sobremaneira, na redução de muitas DIP. No Brasil: Em 1930 - primeiro grupo de causas de morte responsáveis por quase 50% de todos os óbitos. Atualmente representam cerca de 5% dos óbitos. Existem doenças em declínio, com redução da incidência: Varíola e Poliomielite – erradicadas Sarampo – em fase de erradicação Raiva humana, Rubéola congênita, Tétano neonatal – a meta de erradicação será atingida nesta década. Entretanto... Algumas doenças apresentam quadro de persistência ou reincidência – Tuberculose, Dengue, Chikungunya, Zica, Febre Amarela, Leishmaniose, Leptospirose, Hepatites (B e C), AIDS e H1N1. Para essas Doenças Transmissíveis que mantêm importante magnitude em nosso País é necessário o fortalecimento de novas estratégias, que propõem uma maior integração entre as áreas de prevenção e controle e a rede assistencial, visando à interrupção da cadeia de transmissão. ATENÇÃO !!! Conceitos Básicos A Doença: “Desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposta. O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, ou de um sistema ou de todo o organismo ou de suas funções vitais” (Jenicek & Cléroux, 1982). A Doença Infecciosa: “Doença clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de uma infecção” (OMS, 1983). 1. Doença Contagiosa: O agente etiológico atinge os sadios através de contato direto deste com os indivíduos infectados. 1. Doença Transmissível: é qualquer doença causada por um agente infeccioso ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou e seus produtos de um reservatório a um hospedeiro susceptível, diretamente de uma pessoa ou animal infectado, ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário de natureza vegetal ou animal, de vetor ou meio ambiente inanimado. Contagiosa: Tuberculose, Poliomielite, Meningite, Sarampo, Varicela. Transmissível: Dengue, Esquistossomose, Raiva humana, Tétano. Agente Infeccioso É um ser vivo (microrganismo) capaz de causar uma infecção, ou seja, penetrar no organismo e aí se multiplicar e/ou se desenvolver. Infectividade – capacidade do bioagente provocar uma infecção, ou seja, penetrar no organismo e aí se desenvolver e/ou multiplicar. Patogenicidade – capacidade do bioagente produzir sinais e/ou sintomas. Virulência – capacidade do bioagente provocar casos graves. Imunogenicidade - capacidade de o bioagente induzir respostas imunológicas duradouras ou temporárias. Elementos do Ciclo epidemiológico das doenças Período de Incubação É o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença. Período de Transmissibilidade É o período durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra, ou de um animal infectado ao homem, ou de um homem infectado a um animal, inclusive artrópodes. Reservatório É todo organismo vivo ou matéria inanimada que abriga o bioagente e lhe oferece condições para sobrevivência e reprodução e do qual ele será transmitido para um hospedeiro. Hospedeiro Suceptível O homem ou outro animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que ofereça, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso. Portador Alberga o agente infeccioso sem apresentar sintomas. Modo de Transmissão É como o bioagente se transmite a outras pessoas. Transmissão Direta - é a proximidade daqueles que está adquirindo a infecção com o reservatório do agente. Transmissão Indireta – é quando existe “algo” entre o reservatório do agente e aquele que adquire a infecção. Porta de Entrada ou Via de Penetração É o local por onde o bioagente penetra quando infecta um novo hospedeiro. Porta de Saída É o caminho pelo qual o agente saí do seu hospedeiro para penetrar em um novo hospedeiro. Mecanismos de transmissão de agentes de doenças infecciosas e parasitárias Modo de transmissão direto Transferência direta e imediata do agente a uma porta de entrada de infecção do ser humano ou animal. Via de transmissão Veículo Meio Exemplos Horizontal Respiratória Ar Gotículas de flügge Sarampo,coqueluche, rubéola, gripe Digestiva Fezes Fômites Oral-fecal Febre tifóide, hepatite A, enterobioses Vertical Sexual Secreções Solução de continuidade da pele Mucosas Sífilis, HPV, HIV-AIDS Pele Fômites Pele Pele Integra Escabiose Intrauterina Sangue Materno Placenta Rubéola, toxoplasmose, AIDS, Sífilis, Hepatite B. Mecanismos de transmissão de agentes de doenças infecciosas e parasitárias Modo de transmissão indireto Transferência de um agente infeccioso para o ser humano ou animal mediante um veículo, vetor ou ar. Via de transmissão Veículo Meio Exemplos Sanguíneo Fômites Sangue e secreções Hepatites B, ADS, Doença de Chagas Digestiva Água e Alimentos Alimentar Cólera, Febre Tifóide, Hepatite A. Pele Solo, Água Penetração ativa, Pele Integra Ancilostomíase, Estrongiloidíase, Esquistossomose mansônica, Tétano Vetor Saliva, Fezes do vetor Picada de artrópode Dengue, Zica, Chikungunya, Febre Amarela, Malária Coordenadas da cadeia epidemiológica Transmissão indireta : Ciclo epidemiológico Principais medidas e instrumentos de prevenção e controle Controle: operações ou programas com objetivos de reduzir a incidência ou prevalência a níveis muito baixos. EX: Tétano neonatal, difteria (imunopreveníveis). Erradicação: interrupção da transmissão da infecção por meio da extinção artificial da espécie do agente em questão. Pressupõe a ausência completa do risco de retrointrodução da doença e suspensão de todas as medidas preventivas. Ex: Varíola. Eliminação: Erradicação regional. Interrupção da transmissão de determinada infecção em ampla região geográfica ou país. Ex: Sarampo, rubéola, poliomielite. (evitáveis por vacinação) Principais medidas e instrumentos de prevenção e controle Gerais: Saneamento ambiental; Educação formal e informal; Elevação do nível de renda; Específicas: 1. Imunização 2. Controle de reservatórios ou agentes infecciosos: 3. Quimioprofilaxia 4. Tratamento em Massa 5. Esterilização da fonte de infecção: 6. Preservativos Ações específicas: 1. Imunização- aumento da resistência do indivíduo contra a doença • Passiva- induzida por anticorpos específicos(naturais ou artificiais) • Ativa- Por meio de vacinas (antígenos X anticorpos) No Brasil - Programa Nacional de Imunização- PNI Campanhas de vacinação em Massa Vacinação de rotina Vacinação de bloqueio Ações específicas: 2. Controle de reservatórios ou agentes infecciosos: combate aos hospedeiros intermediários ou definitivos, reservatórios, ou vetores mecânicos dos agentes etiológicos. Quebra da cadeia epidemiológica ou ciclo evolutivo da doença Eliminação de focos em esgotos e fossas à céu aberto Remoção de lixo e saneamento ambiental Fornecimento de água potável regular evitando seu armazenamento; Educação em saúde para cuidados com o ambiente intra e peridomiciliar Ações específicas: 3. Quimioprofilaxia: administração de substâncias químicas para prevenção do desenvolvimento de uma infecção e de sua evolução para a forma ativa de doença e de novos casos. Ex: Eritromicina aos contatos de difteria; 4. Tratamento em Massa: Administração de medicamento, no mais curto período de tempo, a toda a população de uma comunidade, doentes e não doentes, infectados e não infectados, de ambos os sexos e todas as idades. Ajuda a reduzir o nível de endemicidade por reduzir carga parasitária. Ex: Esquistossomose manssônica Fornecimento de água potável regular evitando seu armazenamento; Educação em saúde para cuidados com o ambiente intra e peridomiciliar Ações específicas: 5. Esterilização da fonte de infecção: Tratamento dos indivíduos bacilíferos . Ex: tuberculose e hanseníase. 6. Preservativos: estabelecimento de uma barreira física nas relações sexuais para impedir a penetração de micro- organismos no indivíduo através das mucosas. (depende de decisão individual e necessita de campanhas educativas) Obrigada !
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