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Política II - Ensaio sobre as relações do Estado com a acumulação de capital

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ECONOMIA
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Avaliação Final 
	Disciplina: Política II
	Professor: Bruno Vasconcelos 
	Alunas: Ana Flávia Santana Fernandes e Laura Cristina Freitas
	Matrícula: 11611RIT046 e 11611RIT049
 
Ensaio sobre as relações do Estado com a acumulação de capital 
 De acordo com Charles Tilly, um fator intrínseco ao processo de formação dos Estados Modernos advindos do fim do império feudal na Europa, após 1490, foi a estabilização dos territórios em virtude da criação do exército nacional e expulsão dos exércitos de milícia, configurando-se o monopólio legítimo da força pelo governante, possibilitando uma facilitação do controle das grandes porções territoriais, evitando micros conflitos, muito comuns no período. Estados mais bem estruturados vão se apropriando de outros e então, recolhendo mais impostos, o que promovia fortalecimento da estrutura do Estado, assim como a criação do direito formal interno e de formas de regulação. 
Dessa forma, tem-se que a ascensão das classes sociais capitalistas de comerciantes/burgueses, muito forte em tal período, o que favoreceu a estabilização de grandes extensões territoriais e também a acumulação de capital, ainda houve uma centralidade na rede europeia de comércio, além de uma produção e acumulação de capital, sendo que as concentrações de população equivaliam à concentração de renda e capital. A influência cultural via comunicação de bens, de produtos e de cultura estendiam o domínio sobre as regiões vizinhas, ampliando o domínio territorial do Estado, sendo que a escala da urbanização pode ser considerada o reflexo da história do capital europeu. Assim, percebe-se que as relações do Estado com a acumulação de capital pode ser observada desde seus primórdios, como fator preponderante de sua constituição.
De acordo com David Harvey, em sua obra “ O novo Imperialismo”, as estruturas institucionais do Estado tem importante papel a desempenhar na acumulação de capital, sendo o Estado um agente econômico legitimamente construído, possuindo um poder lastreado no domínio territorial e na capacidade de mobilização de recursos para fins políticos e econômicos e na administração dos processos moleculares de acumulação de capital. Ainda segundo tal obra, aprofunda-se as ideias da relação entre Estado, imperialismo e território, nas quais considera-se que há contrastes entre a lógica do Estado e do Império, sendo uma dialética dinâmica, já que há conflitos nas relações de poder, pois o capitalista deseja aplicar seus esforços em prol de vantagens individuais, já o estadista busca ampliar o poder de seus Estados construindo vantagens coletivas. 
As práticas imperialistas fazem exploração das condições geográficas desiguais sob as quais se dão a acumulação, por meio de forças monopolistas e práticas extorsivas (regulação de fluxo de capitais), assim o sistema global de acumulação de capital é via controle territorial e a hegemonia no sistema mundial é monopólio de um Estado ou de um conjunto de Estados. O Estado tem a função de regulação de capitais internos, portanto é mais focado para dentro, já o imperialismo também regula a acumulação de capitais de outros Estados e é mais focado na expansão e monopólio econômico e militar, ou seja, para fora de si. 
Na obra Direito, Legislação e Liberdade, Friedrich Hayek se baseia nos conceitos da teoria econômica de Adam Smith do liberalismo, na qual há um livre mercado que por meio de leis e mecanismos de auto-regulação que estabelecem um ambiente de “justiça social” como pré condição do Estado, já que este promove canais de comunicação e leis justas. Dessa forma, considera o termo “justiça social” como um abuso terminológico em si, ameaçando a concepção própria da lei, sendo utilizada como uma estratégia política dos partidos de esquerda para tentar redistribuir as rendas. Entretanto, um Estado intervencionista seria desnecessário e não justo, pois interferiria nas regras de distribuição de renda já estabelecidas, segundo ele já há uma forma de justiça, a das leis, do judiciário, responsável por resguardar a liberdade individual. Dessa maneira, o governo mais adequado é aquele que admite um Estado mais livre, o que busca suprir as necessidades do mercado, já o governo que usa da justiça social para Hayek é o “governo adicional” e se demonstra como um problema ao mercado. 
 Ellen Wood em “Democracia contra capitalismo” expressa uma crítica a respeito da ideia de economia abstrata e desvinculada da política, ou seja, da dissociação entre as esferas políticas e econômicas, pois considera que tal separação serve à ideologia capitalista. De acordo com Marx, a infra estrutura, que representa a base econômica advinda das relações de produção determina a superestrutura, que é a base ideológica ou esfera política, atribuindo uma relação intrínseca entre tais esferas. Já a economia clássica inseriu a construção ideológica de separação entre as lógicas econômicas e políticas, contribuindo para a justificação do liberalismo e reforçando a estrutura capitalista através de tal desmembramento ideológico, ao permitir a perda da concepção da política como estruturante, tendo em vista que a economia se auto-regula e não precisa de interferência. Segundo Wood há uma relação orgânica entre as esferas na qual não há como dissociar. Tal deslocamento ocorre, pois evita que seja percebida a submissão da esfera política com a econômica e ao se evitar que seja percebida essa relação, a autora diz que o cidadão passa a não saber a origem do valor, da ideologia das políticas que são aplicadas na sua comunidade política, sendo assim uma lógica alienante. 
Sob a perspectiva de Schumpeter em sua obra Capitalismo, socialismo e democracia, ele descreve que esta última é uma modalidade de ação política, ou seja, um arranjo institucional para se chegar a uma decisão política. Porém, para esse autor o resultado desse processo democrático é desprovido de unidade e sanção racional. Isso é decorrente da forma em que o voto se expressa, o que na maioria das vezes não é de forma impessoal e racional, ou seja, voto, por muitas vezes, é movido pela irracionalidade e pela subjetividade. 
Dessa forma, a escolha de um representante é determinada pela vontade pessoal do eleitor, o qual leva em consideração, na hora do voto, algum fator que leva ao beneficiamento próprio em detrimento do benefício do coletivo. Esse fato, em alguns casos, é consequência do mercado eleitoral, o qual tem se tornado uma prática muito constante na sociedade. Schumpeter acredita ainda que, ao contrário do que Rousseau define como vontade geral como aquilo que mobiliza as intenções do Estado, a vontade geral é por Schumpeter definida como uma vontade manufaturada situada nos sistemas democráticos modernos. O mercado eleitoral é movido por máquinas partidárias que promovem essa vontade manufaturada descrita pelo autor.
O autor Isaiah Berlin descreve que há duas formas de liberdade, nas quais uma prima mais pela igualdade e a outra pela liberdade em si. Há uma clara divisão de liberdade positiva e liberdade negativa. A primeira refere-se à uma forma de estar sempre negativando a intervenção do Estado na vida do indivíduo, seja ele um cidadão comum, uma empresa ou uma instituição. Isso mostra que a intenção é ampliar os limites das esferas de livre ação para esse indivíduo. Porém, isso não significa a extinção do Estado, porque faz-se a necessidade de uma mínima regulação da sociedade por parte dele, ou seja, não é possível a não existência do Estado pois ele deve estruturar a sociedade através de uma intervenção de forma mínima, que não permita um risco de retorno à barbárie. Portanto, nesse conceito negativo, o fator mais importante é a preservação da liberdade através de uma diminuta legitimidade de regulamentação. 
Já o conceito de liberdade positiva descrito pelo autor, se configura de forma oposta, onde o Estado se propõe à uma regulação máxima, que seria sinônimo de liberdade, uma vezque nesse contexto são os próprios indivíduos que regulam a si mesmo. Portanto, os indivíduos criam as leis que vão regularizar a si mesmo. Essa regularização é produzida por seres competentes para criarem as próprias leis, o que significa que o indivíduo é livre, porém tal liberdade é diminuída pelo conceito de igualdade, uma vez que não é possível proporcionar liberdade e igualdade na mesma medida ao mesmo tempo. Essa regulação máxima é posta com a intenção de suprimir as desigualdades a fim de promover a igualdade entre os cidadãos, o que vai impedir a livre esfera de ação, de alguma forma, impossibilitando que um indivíduo se sobressaia em detrimento do outro.

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