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Aula 01 Introdução á Sociologia

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Aula 01: Introdução à Sociologia 
Sociologia
O que é sociologia?
	O que é Sociologia? Para que ela serve? Responder estas questões é o primeiro passo para uma introdução à sociologia no ensino médio e o desenvolvimento preliminar do olhar sociológico. Em primeiro lugar, podemos desmembrar o termo sociologia, encontrando socio (que em latim significa sociedade) e logos (que em grego significa estudo). Portanto, em linhas gerais, sociologia pode ser entendido como a ciência responsável pelos estudos da sociedade. No entanto, nossos estudantes poderiam, conscientemente capciosos (ou não) nos perguntar: para que diabos serve a sociologia professor? Nesse sentido, é preciso que fique claro o fato de a sociologia não servir a nada nem a ninguém, por isso, embora tenha sido incorporada na grade curricular do ensino médio (ou secundário na época) desde o começo do século XX, acabou expulsa do currículo nacional de ensino, por conta do medo que as duas ditaduras brasileiras (a civil de Getúlio Vargas e a militar de 1969) terem da sua capacidade de estimular o pensamento crítico e o pensar por si mesmos nos estudantes.
	Isto posto, precisamos deixar mais claros o que significa estudar a sociedade para a sociologia. Comecemos, então, a partir do primeiro aspecto metodológico da sociologia segundo o ponto de vista dos franceses, ou seja, analisar primeiro justamente o oposto do que queremos explicar para, depois, através do contraste e da comparação, esclarecer precisamente aquilo que queremos elucidar. Sendo assim, podemos começar com frases típicas do senso comum, tais como: “É assim mesmo”, “sempre foi assim”, “nunca mudou”, “é assim que a coisa funciona/é assim que a banda toca”, etc. Esse tipo de frase aparece a todo momento em nosso dia a dia, inclusive, geralmente a escutamos depois de uma manchete de jornal ou de uma discussão política qualquer. Contudo, o que este tipo de frase tem a nos dizer? Ela nos dá a ideia de que as coisas que acontecem em nossa realidade são naturais. Vejamos isto por meio de um exemplo: notícia de jornal afirma que 1% da população mundial tem renda igual ao resto da soma dos demais 99%. Esta notícia diz respeito a concentração de renda nas mãos de poucos e nos incita a pensar cientificamente no problema da desigualdade social, no entanto, o senso comum generalizado em toda a sociedade nos diz: “é assim mesmo que é”, “sempre foi assim”, “isto nunca vai mudar”, “o mundo tá perdido”, etc. Este tipo de discurso naturaliza o problema da desigualdade social em nossa realidade. A sociologia, em contraponto, precisa desnaturalizar estes problemas sociais, ela precisa “estranhá-los” e não pode se conformar com eles. Em vez disso, a sociologia se pergunta e nos faz perguntar: o que é desigualdade? Como ela se manifestou na história? Essa desigualdade de renda que a notícia trabalhou existe desde quando? Existe alguma forma racional e organizada de evitar ou solucionar este problema? Em uma palavra, a sociologia busca explicações racionais sobre a origem e as causas dos problemas sociais. Nesse sentido, a sociologia nos permite pensar sobre os problemas da nossa realidade, mas também sobre os nossos próprios preconceitos, pois nos permite entender criticamente as ideias e discursos que fomos ensinados a ter como certos.
	Além disso, a sociologia é uma ciência dedica em estudar as produções coletivas dos seres humanos, sem perder de vista que são justamente os indivíduos que criam e dão vida a sociedade. Nesse sentido, a sociedade compreende o ser humano enquanto um ser essencialmente social, ou seja, capaz de relacionar-se entre si, estabelecendo laços de amizade, fraternais, amorosos, vingativos, revolucionários, entre outros. Além disso, a sociologia também precisa estudar as instituições mais abrangentes já criadas pelos indivíduos, tais como: os Estados Nações, os sistemas econômicos, as guerras, as revoluções sociais, etc. Portanto, a sociologia é uma ciência difícil, pois precisa tratar de problemas e fenômenos invisíveis, mas que são muito importantes e influenciam o rumo de nossas vidas. O laboratório das ciências sociais é o próprio ser humano que está em constante mudança. Faz-se necessário ressaltar que, embora a sociologia nasça com o objetivo específico de compreender os fenômenos da vida social, indiretamente ela acaba sempre transformando aquilo que ela estuda, a partir das suas conclusões e pesquisas. Na verdade, todo conhecimento científico tem essa característica, e Karl Marx (1818 – 1883), filósofo alemão que, dentre outras coias, teorizou a noção científica de comunismo já nos chamou a atenção para isso desde o século XIX. “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo.” (MARX, Teses sobre Feuerbach [1845] – décima primeira tese). 
Contexto histórico
	Uma nova realidade social e uma nova forma de conhecê-la
	A sociologia surge a partir de um importante evento histórico: a Revolução Francesa (1789). Essa revolução promoveu uma mudança completa no modo de se enxergar mundo até então aceito, ou seja, foi responsável por criar uma maneira inédita de entender a realidade e as relações entre os seres humanos1Para se ter uma ideia dessa transição podemos lembrar do famoso personagem literário de Dom Quixote, um tipo homem burguês do século XVI que pensa ser um nobre cavaleiro feudal, misturando em sua cabeça confusa, a forma de se pensar da idade média em pleno século das luzes e do capitalismo emergente.
. Instaurou-se uma estrutura social, econômica e política que podemos chamar de Capitalismo Moderno (século XVI até o XIX), ao mesmo tempo que se destruiu o antigo sistema social, econômico e político conhecido como Feudalismo (século V até o XV).
	Feudalismo (V – XV)
	Capitalismo Moderno (XVI – XIX)
		Vigorava a visão de mundo escolástica, ou seja, a fé cristã estava rigorosamente fundida com a razão, por isso qualquer tipo de pensamento que fosse contrário a ética católica e aos ensinamentos da igreja eram perseguidos e posteriormente severamente punidos (geralmente com a morte) pela inquisição. A produção de conhecimento na época era restrita aos conventos e monastérios, onde eram formados os padres (ver o filme O Nome da Rosa [1986]).
	A sociedade da época era estamental, isto é, as posições sociais eram determinadas pelo nascimento e assim se mantinham sólidas e estáveis por toda a vida. Raramente alguém ascendia ou decaia de classes por meio de casamentos entre classes ou conspirações e traições. Ver imagem abaixo:
	As relações sociais eram estabelecidas em função dos princípios da honra, do prestígio e das tradições.
		Predominava a visão de mundo iluminista, ou seja, parte-se do pressuposto de que todos os homens são naturalmente iguais e dotados de razão. Todo o conhecimento produzido a partir desse período, independente do campo que atuasse (religião, ciência, filosofia, entre outros) precisa estar pautado na racionalidade. Inicialmente, a educação continuava sendo um privilégio, no entanto, não mais do clero, mas daqueles que possuíssem os recursos financeiros necessários para custeá-la.
	A sociedade desse período era de classes, isto é, as pessoas são divididas de acordo com sua detenção ou não de bens de capital (são todo tipo de instrumento capaz de produzir riqueza). Esta sociedade é marcada pela divisão social do trabalho. Agora, a desigualdade social não é mais natural e imutável, mas é mascarada, pois todos têm a ilusão de poderem livremente ascenderem de classe, sempre que se esforçarem atingindo condições mais elevadas monetariamente. Todas as classes estão sempre em conflito, em luta por alguma coisa. Ver imagem abaixo:
	As relações sociais eram elaboradas pela frieza do cálculo racional e pela mesquinhes do dinheiro.
	A origem teórica
	A sociologia foi teorizada como ciência a primeira vez por Auguste Comte (1798 – 1857), quando levou a cabo a sua tentativa de separação da filosofia da sociologia,
através da criação do positivismo2Uma corrente de pensamento teórico, a qual acreditava entender toda a sociedade em sua completude. Para ela é preciso manter tudo aquilo que foi conquistado pela história das revoluções burguesas, condenando todas as posteriores tentativas de mudança social. O positivismo pensa que é preciso apenas aperfeiçoar o que já exites, negando a necessidade da existência de novas revoluções. Seu lema é Ordem e Progresso.
. Todavia, esta não é o melhor momento para estudarmos profundamente a origem positivistas da sociologia, pois, nos ocuparemos deste tema em uma de nossas aulas de filosofia.
	Principais correntes sociológicas:
	Sociologia clássica, constituída pelas principais obras de Émile Durkheim (1858 – 1917): Da divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1895) e O suicídio (1897); Max Weber (1864 – 1920): A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904) e Economia e sociedade (1910) e; Karl Marx (1818 – 1883): O manifesto do partido comunista (1848), Contribuição à crítica da economia política (1859) e O capital (1867).
		Movimentos sociais do século XIX. 
		Sociologia brasileira, representada por Sérgio Buarque de Holanda (1902 – 1982): Raízes do Brasil (1936) e Florestan Fernandes (1920 – 1995): A revolução burguesa no Brasil (1975).
		Sociologia contemporânea, formada pelos pensadores da “Teoria crítica”, Michel Foucault (1926 – 1984) e George Lukács (1885 – 1971).
Referências bibliográficas
MARX, K. & ENGELS, F. Karl Marx Ad Feuerbach (1845). In: ______. A ideologia alemã (1845-1846). São Paulo: Boitempo, 2007. p. 533 – 535.
Referências Filmográficas
O Nome da Rosa. França. 1986. Direção: Jean-Jacques Annaud. Duração: 130 min.
O Rei Leão. EUA. 1994. Direção: Rob Minkoff & Roger Allers. Duração: 89 min.

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