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Educação a Distância
GRUPO
SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E 
CULTURA
Prof. Everaldo da Silva 
Prof. Vilmar Urbaneski
UNIASSELVI
2013
NEAD
Copyright  UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Everaldo da Silva 
Prof. Vilmar Urbaneski
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
370.1
S586s Silva, Everaldo da
 Sociedade, educação e cultura / Everaldo da Silva e Vilmar 
Urbaneski. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 
 200 p. : il
 
 ISBN 978-85-7830-736-3
 1. Educação – Filosofia.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
APRESENTAÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)!
Percebemos que, atualmente, vivemos no descaso diante de todas as formas de 
desvirtuamento que caracterizam a sociedade moderna, com excessiva riqueza e muita miséria, 
com possibilidades de paz e uma realidade de guerra. Um limiar de século marcado por famílias 
sem terra, sem teto, sem alimento e, principalmente, sem direito ao estudo. No entanto, temos 
alternativas para compreender e melhorar as nossas vidas, algo que era totalmente impensável 
nas gerações anteriores.
Todas essas questões são uma preocupação da Sociologia, disciplina que desempenha 
um papel importante na sociedade moderna. A Sociologia estuda a vida social humana, dos 
grupos e das sociedades. Ela é instigante, porque trabalha com o nosso próprio comportamento 
como seres humanos. Uma das funções da Sociologia é estudar como as sociedades continuam 
funcionando ao longo do tempo e as mudanças que sofrem. 
Aprender Sociologia é desenvolver a capacidade de pensar de forma imaginativa 
e de nos distanciarmos de ideias preconcebidas sobre as relações sociais. A tarefa da 
Sociologia é investigar a ligação que há entre o que a sociedade faz de nós e o que fazemos 
de nós mesmos.
A preocupação em compreender o comportamento humano e a sociedade é um fato 
recente, surgido no princípio do século XIX. O mundo contemporâneo é muito diferente do 
passado e a missão da Sociologia é ajudar-nos a compreender o mundo em que vivemos e 
nos alertar para aquilo que possa ocorrer no futuro.
Várias pessoas são atraídas pela Sociologia, sendo fascinante, provocativa e aplicável, 
principalmente quando a sociedade passa por mudanças drásticas, como, por exemplo, o 
processo de industrialização. Assim, possui importantes consequências práticas, permitindo 
compreendermos um determinado conjunto de acontecimentos sociais, aumentando nossa 
sensibilidade cultural e possibilitando o autoconhecimento.
Desde sua constituição como disciplina autônoma, se diferencia de outras disciplinas 
científicas que têm a vocação de estudar o social com o discurso do senso comum. Uma das 
condutas da Sociologia é objetivar as práticas e, consequentemente, revelar aos atores sociais 
os fatores que determinam seus comportamentos, discursos e os mecanismos de dominação 
que ocorrem. 
iii
iv
Não podemos refletir sobre a vida social sem discutirmos temas importantes como 
cultura, diferenças sociais, moral, ética, política, poder, entre outros temas que são objeto 
de estudo dessa ciência. Os intelectuais e, sobretudo, os sociólogos são mais do que nunca 
necessários. Eles são capazes de desempenhar o papel de ouvidores, de dizer tudo aquilo 
que o discurso dominante sufoca e oculta.
Enfim, este Caderno de Estudos busca instigar você, caro(a) acadêmico(a), a pesquisar 
mais sobre os assuntos aqui tratados. Desejamos sucesso na sua caminhada em busca do 
conhecimento!
Prof. Everaldo da Silva 
Prof. Vilmar Urbaneski
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
SUMÁRIO
UNIDADE 1: UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES ............... 1
TÓPICO 1: SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS .................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 SOCIOLOGIA: SUAS ORIGENS ................................................................................... 4
3 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA ............................................................................... 11
4 SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO ..................................................................................... 13
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 16
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 17
TÓPICO 2: KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO .............................................. 19
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 19
2 KARL MARX: PROPOSTA PARA UMA NOVA SOCIEDADE ..................................... 19
2.1 ALGUMAS IDEIAS DE MARX ................................................................................... 20
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ....................................................................................... 25
2.2 MARX E BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO ............................... 27
3 MAX WEBER E ALGUMAS DAS SUAS IDEIAS ........................................................ 28
3.1 WEBER E A EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................... 31
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ....................................................................................... 33
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 37
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 39
TÓPICO 3: DURKHEIM, BOURDIEU E BAUMAN E A EDUCACÃO ............................ 43
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 43
2 ÉMILE DURKHEIM: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................... 43
3 PIERRE BOURDIEU EM FOCO .................................................................................. 47
3.1 BOURDIEU E EDUCAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS .......................................... 50
4 ZYGMUNT BAUMAN ................................................................................................... 51
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 54
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 59
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 60
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 62
UNIDADE 2: SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA E EDUCAÇÃO ................................ 63
TÓPICO 1: EDUCAÇÃO: MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE EM DISCUSSÃO ... 65
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 65
2 PÓS-MODERNIDADE .................................................................................................. 65
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 79
v
vi
AUTOATIVIDADE ...........................................................................................................80
TÓPICO 2: EDUCAÇÃO E OS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS ............................... 83
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 83
2 ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE METÁFORAS ............................................. 83
2.1 ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO MÁQUINAS ........................................................ 85
2.2 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO ORGANISMOS ............................................ 88
2.3 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CÉREBRO ................................................... 92
2.4 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CULTURAS .................................................. 93
2.5 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO SISTEMAS POLÍTICOS ............................... 95
2.6 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO INSTRUMENTOS DE DOMINAÇÃO ........... 95
3 GESTÃO ESCOLAR .................................................................................................... 96
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ....................................................................................... 99
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..................................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 107
TÓPICO 3: APRENDER A APRENDER: A QUINTA DISCIPLINA ................................ 111
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 111
2 A QUINTA DISCIPLINA ............................................................................................... 111
2.1 METANOIA: MUDANÇA DE MENTALIDADE ........................................................... 115
2.1.1 Algumas das leis da quinta disciplina .................................................................... 117
2.1.2 Feedback de reforço e balanceamento ................................................................. 119
2.1.3 Solução sintomática x solução fundamental ........................................................ 120
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 123
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 128
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 129
UNIDADE 3: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: TEMAS E TENDÊNCIAS .................... 131
TÓPICO 1: CULTURA E EDUCAÇÃO EM DISCUSSÃO ............................................. 133
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 133
2 ASPECTOS CULTURAIS EM DISCUSSÃO .............................................................. 133
3 EDUCAÇÃO: ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL, 
 MULTICULTURALISMO E INTERCULTURALISMO ................................................. 135
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 144
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 147
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 148
TÓPICO 2: TEMAS DIVERSOS E EDUCAÇÃO .......................................................... 151
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 151
2 EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................................... 152
vii
3 EDUCAÇÃO: PREOCUPAÇÃO PARA COM O TRABALHO ................................... 159
4 CONHECIMENTO: UMA DAS FINALIDADES DA EDUCAÇÃO .............................. 163
5 AS GERAÇÕES NA ESCOLA: DESAFIOS PARA O PROFESSOR ....................... 164
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..................................................................................... 167
5.1 GERAÇÃO Z ........................................................................................................... 169
6 EDUCAÇÃO, VIDA URBANA E VIOLÊNCIA ............................................................ 171
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..................................................................................... 174
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 178
TÓPICO 3: SOCIOLOGIA EM EDUCAÇÃO EM FOCO ............................................... 181
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 181
2 PESQUISAS EM EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................. 181
3 PESQUISAS EM SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO .................................................... 185
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 189
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 192
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 193
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 194
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 195
viii
UNIDADE 1
UM CONVITE À SOCIOLOGIA: 
CONCEITOS E APLICAÇÕES
ObjETIVOS DE APrENDIzAGEM
 Esta unidade tem por objetivos:
	compreender os antecedentes históricos da Sociologia;
	entender as concepções sobre as finalidades da Sociologia;
	conhecer o pensamento clássico da Sociologia;
	compreender as relações entre a Sociologia clássica e a educação.
TÓPICO 1 – SOCIOLOGIA: PRIMEIROS PASSOS
TÓPICO 2 – KARL MARX E MAX WEBER: 
EDUCAÇÃO
TÓPICO 3 – DURKHEIM, BOURDIEU E BAUMAN 
E A EDUCAÇÃO
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada 
um deles você encontrará atividades visando à compreensão dos 
conteúdos apresentados.
SOCIOLOGIA: 
OS PRIMEIROS PASSOS
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 1
Nas conversas do dia a dia é muito comum as pessoas opinarem sobre a sociedade, 
emitindo desde críticas ou até mesmo pareceres com sofisticação ou não, sobre determinados 
setores específicos. Podemos até dizer que algumas destas pessoas podem ter um parecer 
com maior consistência teórica, outras podem buscar fatos e dados estatísticos para comprovar 
a sua versão sobre a sociedade ou, ainda, alguns não conseguem sustentar com fundamento 
algum o seu parecer sobre propostas de mudanças ou anomalias no interior da sociedade. 
E nestas opiniões sobre a sociedade podem se fazer presentes elementos como: família, 
poder, política, educação, dentre outros, que retratam sobre o funcionamento, as anomalias e 
os possíveis impactos na sua área de atuação ou na educação.
Na história da humanidade, você pode encontrar várias teorias sobre a sociedade 
ou até mesmo propostas para melhorar o funcionamento da mesma ou, inclusive, explicar 
as anomalias. Estas teorias dependem de época para época, de sociedade para sociedade 
e de pensador para pensador. Ou ainda, de área para área de estudo. E uma das áreas de 
estudo que tem se dedicado ao entendimento do funcionamento da sociedade, dentre outras 
finalidades, é a Sociologia. 
Neste tópico você estudará o contexto do surgimento da Sociologia e os antecedenteshistóricos, algumas concepções sobre a Sociologia e as suas finalidades e áreas de estudo.
UNIDADE 1TÓPICO 14
2 SOCIOLOGIA: SUAS ORIGENS
A Sociologia é uma das áreas de estudo que surgiu no início da modernidade com o 
propósito de compreender a sociedade de um modo geral (é claro, os primeiros sociólogos 
tinham cada qual o seu entendimento sobre a sociedade). 
A Sociologia surge no início da modernidade. Todavia, o período anterior à modernidade 
é conhecido como a Idade Média, historicamente está situada entre o século V ao século XV 
(para tal período é possível encontrar o termo pré-modernidade). 
A Sociologia surge no início da modernidade, ou seja, num período de profundas 
transformações, como: o Renascimento cultural, a Reforma Protestante, até as grandes 
navegações que permitiram ao homem superar os obstáculos da natureza. Ou seja, em tal 
período a mentalidade do homem toma outros rumos, principalmente o de colocar em suas 
mãos o seu próprio destino. 
Entretanto, o período anterior à modernidade é conhecido como a Idade Média, quando a 
mentalidade predominante do homem era a salvação da alma, a fé e, principalmente, o homem 
deveria guiar-se pela vontade de Deus. Ou seja, o homem de mentalidade medieval ocidental 
preocupava-se muito com a salvação da alma, no sentido de fazer parte do paraíso celeste e 
não habitar no inferno, e para tanto deveria preparar-se para salvar a sua alma.
FIGURA 1 – PINTURA MEDIEVAL REPRESENTANDO O INFERNO
FONTE: Disponível em: <http://gratefultothedead.wordpress.
com/2011/08/28/getting-medieval-on-the-doctrine-of-hell/>. 
Acesso em: 20 de dez. de 2011.
UNIDADE 1 TÓPICO 1 5
Desta forma, podemos afirmar que na Idade Média, de um modo geral, a religião teve 
um papel relevante na vida das pessoas. Influenciava na política, na educação, na economia, 
na cultura, na organização da sociedade e até mesmo no entendimento sobre a mesma. A 
visão de certa forma predominante na Europa era a visão teocêntrica do mundo. Ou seja, 
do grego (théos: Deus), e neste sentido, o teocentrismo medieval significava que Deus era 
o centro das atenções e/ou ainda, Deus era a medida de todas as coisas. Inclusive, em tal 
cenário, as igrejas medievais, de certa forma, frente à sua imponência, tornavam o homem 
inferior frente a Deus.
FIGURA 2 – A IMPONÊNCIA DE UMA IGREJA MEDIEVAL
FONTE: Disponível em: <cidademedieval.blogspot.com>. Acesso em: 20 out. 2011.
No âmbito social, a sociedade medieval era composta pelo clero, a nobreza e os servos. 
Era assim porque era “a vontade de Deus”. Ou seja, a sociedade era desta forma porque Deus 
quis assim. Se a sociedade deveria ser organizada de outra maneira, Deus teria feito o mundo 
de outra maneira.
Neste sentido, na mentalidade medieval tinha-se a percepção de que o mundo era como 
era porque Deus quisera assim, ou seja, era sua vontade. E se deveria ser de outra maneira o 
mundo, Deus o teria feito de outro modo. Pode-se dizer que a crença que se tinha no período 
medieval era de que a sociedade era imutável e para isso buscavam-se justificativas das mais 
variadas, mas tendo como o ponto de sustentação a vontade de Deus.
Para efeito de entendimento da sociedade medieval, alguns homens dedicavam-se a 
servir a Deus, louvá-lo e pregar as palavras de Cristo no mundo (clero). Outros teriam a função 
de defender a cristandade com armas em mãos, bem como defender os fracos (nobreza). E, 
por fim, os que tinham a incumbência de trabalhar para que não faltasse pão para si e para os 
que defendiam (nobreza) e rezavam (clero). E neste sentido, o lugar que cada pessoa ocupava 
na sociedade medieval era vontade divina, por isso não deveria ser alterada a ordem social. 
UNIDADE 1TÓPICO 16
Como mencionado anteriormente, as justificativas para a sociedade medieval ser da 
maneira como era estavam em Deus. No entanto, com o início da modernidade, novas ideias 
começam a se fazer presentes com maior força e intensidade, e de certa forma contribuíram 
para outras maneiras de compreender a sociedade. E neste cenário, outras áreas de estudo, 
como a Sociologia, começam a dar os seus primeiros passos. 
Entretanto, caro(a) acadêmico(a), outras áreas do conhecimento começam também a 
estar em evidência e apresentar suas teorias, como a Física, a Química, entre outras.
Nos séculos XV e XVI, período do surgimento conhecido como modernidade, há uma 
mudança significativa de mentalidade. O homem começa a valorizar com mais ênfase as suas 
capacidades racionais, com o propósito de desvendar com mais afinco a estrutura da natureza 
e o seu funcionamento. 
Entretanto, destaca-se que muitos homens e mulheres foram perseguidos devido à 
nova postura de pensar no período medieval, ou desejar pensar diferente. E a título de registro, 
cita-se: os aparelhos de tortura medievais, que de certa forma buscavam coibir o surgimento 
de novas ideias ou pessoas que tinham outra maneira de ver e pensar o mundo.
FIGURA 3 – APARELHOS DE TORTURA MEDIEVAIS 
FONTE: Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/impressao.
asp?artigo=541>. Acesso em: 20 dez. de 2011. 
Neste sentido, a cultura teocêntrica perde espaço para a cultura antropocêntrica (antropo: 
homem: medida de todas as coisas, ou homem sendo o centro das atenções). Pode-se dizer que 
UNIDADE 1 TÓPICO 1 7
uma nova forma de ver, agir e pensar aparece, lentamente, entre os homens daquele período 
e que de certa forma contribuiu para impulsionar diversas transformações que estavam se 
fazendo presentes naquela época e que tiveram consequências nas diversas áreas do saber. 
Veja, por exemplo, Leonardo da Vinci e as suas invenções, que é um retrato da nova postura 
do homem frente ao mundo. Ou seja, um homem que cria, inventa, transforma o mundo do 
qual faz parte.
FIGURA 4 – UMA DAS INVENÇÕES DE LEONARDO DA VINCI – PARAFUSO VOADOR
FONTE: Disponível em: <http://hypescience.com/leonardo-da-vinci-melhores-
ideias/>. Aceso em: 20 out. 2011.
De acordo com Andery et al. (1996, p. 175): 
na nova visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, no seu 
sentido mais genérico, era a preocupação central. As relações Deus-homem, 
que eram enfatizadas pelo teocentrismo medieval, foram substituídas pelas 
relações homem e a natureza. Isso significava, com relação ao conhecimento, 
a valorização da capacidade do homem conhecer e transformar a realidade. 
 
Alguns eventos que se fizerem presentes entre o final da Idade Média e início da 
modernidade, de certa forma, estão em consonância com a “nova” mentalidade que se faz 
presente (URBANESKI, 2008).
De forma breve, destacaremos a seguir:
	Renascimento comercial: o sistema vigente na Idade Média era o feudalismo, no qual a 
economia era basicamente agrária e autossuficiente. Contudo, a partir da segunda metade da 
UNIDADE 1TÓPICO 18
Idade Média, o comércio começou a ser reativado, e dentre os fatores que contribuíram estão 
as cruzadas e a produção excedente. Além disso, outros fatores estiveram presentes neste 
período, como: ascensão do capitalismo, incremento do sistema bancário, o mercantilismo 
e o surgimento de uma nova classe social: a burguesia. 
	Renascimento urbano: a vida no período medieval era predominantemente rural, viviam em 
torno dos castelos medievais. Contudo, com o renascimento comercial, surgem os burgos 
(pequenas vilas), onde as pessoas se encontravam para comercializar e trocar ideias, e 
lentamente começam a surgir as cidades, inicialmente chamadas de burgos.
	As grandes navegações: “a descoberta” da América (1494) por Cristóvão Colombo; Vasco 
da Gama chega às Índias (1498) e Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil (1500). Foram fatos 
que contribuíram para ampliar o mundo conhecido e eliminar as ideias de que o mundo era 
plano, ou ainda, que houvesse monstros nos mares, dentre outras ideias. E, além disso, 
enalteceu a noção de que o homem era capaz de atravessar os mares e conquistar outros 
continentes e inclusive colonizá-los: como a África e a América (Novo Mundo). 
	Renascimentocientífico: o racionalismo e a preocupação com o entendimento da natureza 
estimularam as pesquisas científicas. Pensadores como Pietro Pomponazzi, Galileu Galilei, 
Copérnico e Leonardo da Vinci se fazem presentes com novas ideias, experimentos ou 
inventos. Por exemplo: Pomponazzi pregou a supremacia da razão, negou a Criação, 
a imortalidade da alma e os milagres. Eram escritos avançados para a época e que 
questionavam a estrutura existente e até a forma do homem compreender o mundo. 
	Reforma religiosa ou Reforma Protestante: que foi, a grosso modo, um movimento com 
características religiosas, políticas e econômicas e que iniciou com Lutero na Alemanha, no 
século XVI (vale destacar que outros pensadores já estavam criticando a Igreja anteriormente). 
Esta reforma provocou a separação de uma parte da comunidade católica da Europa, dando 
origem ao protestantismo. 
	Renascimento cultural: que foi um movimento intelectual, artístico e literário ocorrido 
na Europa, especialmente na Itália, nos séculos XV e XVI, o qual teve entre as suas 
características: a inspiração nas obras da antiguidade greco-romana, a exaltação da vida, o 
sensualismo e o gosto artístico. Este movimento foi muito importante para a construção de 
uma nova mentalidade humana, pois as artes deram impulsos para mudar a forma de ver o 
mundo. Veja as figuras a seguir, sendo que a Figura 5 representa a mentalidade medieval 
e a Figura 6 a mentalidade renascentista.
UNIDADE 1 TÓPICO 1 9
FIGURA 5 – A MENTALIDADE MEDIEVAL
FONTE: Disponível em: <http://www.snpcultura.org/tvb_giotto_e_fra_angelico_o_melhor_de_dois_
pintores.html>. Acesso em: 20 out. 2011.
FIGURA 6 – MENTALIDADE RENASCENTISTA
FONTE: Disponível em: <nospassosdahistoria.blogspot.com>. 
Acesso em: 20 out. 2011.
UNIDADE 1TÓPICO 110
UNI
Caro(a) acadêmico(a), você pode se perguntar: como era a 
educação medieval? Você deve ter em mente que os aspectos 
religiosos tinham muita importância neste período, ou seja, a 
educação era objeto de reflexão, principalmente de pensadores 
que, de forma direta ou indireta, pensavam de acordo com as 
ideias vigentes naquele contexto. 
Neste sentido, para efeito de registro, diz Suchodolski (1992, p. 20): “a verdadeira 
educação cumpre ligar ao homem a sua verdadeira pátria, a pátria celeste, e destruir ao mesmo 
tempo tudo o que prende o homem à sua existência terrestre”. Ou ainda, Craver e Ozmon 
(2004, p. 65) apontam que para Santo Agostinho, um dos pensadores medievais: “o grande 
objetivo da educação [...], é a perfeição do ser humano e a derradeira reunião da alma com 
Deus. [...] uma educação adequada direciona o aprendiz para um conhecimento que conduz 
ao verdadeiro ser, progredindo de uma forma inferior para uma forma mais elevada”. Ou seja, 
é aceitável mencionar que os propósitos educacionais deste período não destoavam com a 
mentalidade então vigente.
Caro(a) acadêmico(a), você percebeu que no início da Idade Moderna aconteceram 
fatos e eventos que possibilitaram a mudança do desenho da sociedade da época e, de certa 
maneira, impactaram sobre a forma dos pensadores teorizarem sobre o mundo ou mentalizarem 
propostas de organização social que também influenciaram o campo educacional. 
Neste sentido, até mesmo o entendimento sobre a sociedade começa a mudar, e a 
Sociologia aparece como uma das áreas de investigação que tem como objeto de estudo 
a sociedade, principalmente para entender, a princípio, a nova ordem social, econômica e 
política que estava emergindo naquele período, tendo como base os postulados científicos 
que estavam ganhando força na época.
NO
TA! �
As primeiras tentativas de se introduzir a Sociologia no Brasil deram-
se por meio de sua inserção nos currículos secundários. Antes de 
1920 já haviam sido tomadas algumas iniciativas para introdução 
da Sociologia, na forma de Sociologia da Educação ou da sociologia 
associada à moral, nos cursos secundários, com forte orientação 
positivista, isto é, buscando-se análise objetiva para a compreensão 
da realidade, tendo por padrão o pensamento durkheimiano sobre 
a educação. Mas foi durante os anos 20, precisamente entre 1925-
1928, que a Sociologia passou a integrar os currículos secundários 
(MAZZA, 2004, p. 97).
UNIDADE 1 TÓPICO 1 11
Caro(a) acadêmico(a), frente ao exposto acima, você percebeu uma nova forma do 
homem pensar e entender o mundo no início da modernidade.
Para este período, salientam Andery et al. (1996, p. 177):
 
aliada ao rompimento do mundo medieval rompeu-se também a confiança nos 
velhos caminhos para a produção do conhecimento: a fé, a contemplação não 
eram mais consideradas vias satisfatórias para se chegar à verdade. Um novo 
caminho, um novo método, precisa ser encontrado, que permitisse superar 
as incertezas [...].
 Neste sentido, o homem busca na razão e na ciência caminhos que possam assegurar 
mais confiança nos seus conhecimentos do que até então adotados, ou seja, abandona as 
explicações que tinham alicerce em Deus para buscar explicações que tenham a ciência como 
guia. E neste contexto, a Sociologia surge amparada nos conhecimentos científicos para as 
suas investigações. É importante ressaltar que, neste período, pensadores como Descartes, 
Galileu, Copérnico, dentre outros, debruçaram seus estudos sobre o conhecimento científico. 
E neste contexto, a busca do conhecimento não estava vinculada às tradições religiosas, à fé 
ou até mesmo à Bíblia. 
UNI
Comte primeiramente colocou o nome desta disciplina de Física 
Social. Mais tarde, em 1836, alterou o nome para Sociologia, 
que vem do latim “socius” e do grego “logos”, significando o estudo 
do social.
Diante do cenário exposto, a Sociologia, de um modo geral, pode-se dizer que nasceu 
num ambiente de profundas mudanças sociais, políticas e econômicas. E esta Nova Ciência, 
que tem como objeto de estudo a sociedade, foi construída paulatinamente desde o século XVI 
e estabelecendo relações com diversas correntes de pensamento, dentre elas o racionalismo, 
o iluminismo, o marxismo, dentre outras. 
3 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA
Você pode se perguntar: o que faz a Sociologia? Ao se debruçar sobre tal temática, 
diversas concepções de Sociologia e sua finalidade, você poderá encontrar: 
A Sociologia, de modo bem simples, é o estudo sistemático do comportamento 
social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações sociais, como essas 
relações influenciam o comportamento das pessoas, e como as sociedades, a 
soma de tais relações, se desenvolvem e mudam (SCHAEFER, 2006, p. 3).
UNIDADE 1TÓPICO 112
A Sociologia é uma das formas de compreender o ser humano no aspecto social. Mas 
não enfoca na personalidade do indivíduo como causa do seu comportamento, mas sim, na 
interação social, nos padrões sociais, a exemplo: os papéis sociais, a classe social, o poder 
político, a cultura. A sociologia, neste sentido, tem como âncora a ideia de que o homem deve 
ser entendido no contexto da sua vida social e como somos influenciados pelos padrões sociais 
(CHARON, 1999).
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A sociologia não é a única ciência social envolvida com a 
compreensão da vida social moderna. Ao longo deste período, 
praticamente toda a reflexão sobre a ordem política, econômica 
e cultural procurou adaptar-se ao surgimento da ciência (SELL, 
2006, p. 32).
Na posição de Boneti (2008), a Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade, 
especificamente o homem na sociedade, ou seja, o comportamento humano enquanto 
construção coletiva e os processos que interligam os indivíduos em ações, associações, grupos 
e instituições.
 
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade dos fe-
nômenos que lhe cabem, embora isto não seja objetivamente possível, mas 
a partir de fenômenos micros busca construir generalizações teóricas,, assim 
como, ao contrário, a partir de enfoque teórico genérico, busca compreender 
os acontecimentos e fatos sociais numa dimensão micro. Assim, hoje os soci-
ólogos pesquisam as estruturas referentes à organizaçãoda sociedade, como 
raça ou etnia, classe social ou gênero, além de instituições, como é o caso da 
família e da educação (BONETI, 2008, p. 1).
Caro(a) acadêmico(a), além das concepções acima, você poderá encontrar outras, 
inclusive mencionando sobre as finalidades da sociologia e as suas áreas temáticas. Por isso, 
Charon (1999) menciona que os sociólogos diferem sobre as temáticas, o qual aponta, a saber: 
sociedade, organização social, instituições ou sistemas institucionais, interação face a face e 
problemas sociais. 
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A explicação que o senso comum apresenta a respeito da sociedade 
não tem a objetividade que muitos, sem discussão, acreditam que 
elas possuam. Mas se é verdade que a Sociologia, como qualquer 
outra ciência, pode errar nas suas explicações, as teorias desta 
disciplina são demonstravelmente mais confiáveis do que as 
elaborações intelectuais espontâneas de qualquer povo sobre si 
mesmo, em razão dos cuidados de que o sociólogo procura se cercar 
para formular as suas teorias (VILA NOVA, 2000, p. 26).
UNIDADE 1 TÓPICO 1 13
Enfim, como já foi mencionado, a Sociologia, como ciência, teve a sua origem na 
modernidade, e desde o seu início até os dias atuais, diversas foram as concepções de Sociologia 
e suas finalidades. Portanto, será comum você encontrar diversos autores apresentando o seu 
parecer sobre a Sociologia e suas finalidades, objeto de estudo e que, para isso, buscam 
construir teorias das mais diversas ordens. Contudo, salienta-se que mesmo com a diversidade 
de concepções de Sociologia e seus propósitos, também são diversos os ramos da Sociologia, 
e um deles é a educação, como mencionada acima por Charon (1999).
4 SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO
Ao pesquisar sobre os ramos da Sociologia, você poderá encontrar os mais diversos, 
como: Sociologia Urbana, Sociologia da Religião, Sociologia do Conhecimento, Sociologia do 
Esporte, Sociologia das Organizações, Sociologia Jurídica, Sociologia da Educação, entre outros 
ramos. No entanto, para Boneti (2008), a Sociologia como ciência que estuda a sociedade tem 
como um dos seus principais objetos de estudo a educação. 
 
A educação é uma instituição porque se constitui de uma necessidade e de 
uma atividade humana, refletindo frente ao conjunto de normas, regras, va-
lores e atitudes. Tudo isso se constituindo de elementos passíveis de serem 
estudados pela Sociologia. Por outro lado, a Sociologia tem a educação como 
campo investigativo, considerando que qualquer atividade humana constrói 
e é construída por processos educativos. Isto é, a educação, mesmo aquela 
constituída de aprendizados construídos no mundo da vida, é um campo de 
investigação sociológica, isto é, o que a educação representa para a Sociologia 
(BONETI, 2008, p. 6).
De acordo com Tura (2004), a Sociologia tem uma importante contribuição a dar para 
o entendimento da organização da educação. O entendimento da educação, a partir dos 
parâmetros sociológicos, envolve questionamentos amplos a respeito da natureza humana e 
da sociedade e, além disso, a compreensão das formas de justificação e legitimação de ações 
e políticas educacionais, e também envolve nestas discussões os mecanismos de transmissão 
e assimilação de conhecimentos e diferentes processos de socialização.
Boneti (2008) destaca que a origem da Sociologia da Educação iniciou no século XIX 
com o sociólogo Émile Durkheim, com seu livro “Educação e Sociologia”, o qual considerou 
a educação como fato social e objeto primordial de investigação da Sociologia.
É claro, caro(o) acadêmico(a), que desde o surgimento da sociologia esta se especializou 
em ramos distintos, sendo a educação uma área de estudo da mesma. É comum na atualidade 
encontrarmos livros, artigos científicos e pesquisas deste campo do saber.
 
UNIDADE 1TÓPICO 114
Você deve estar pensando: entre o século XV e o XVI, muitos fatos e eventos 
aconteceram. Isso deve ter contribuído para mudar a forma de pensar das pessoas. Sim, muitas 
pessoas começaram a pensar diferente, escrever outras ideias, buscar outras explicações 
para os fatos e eventos. Todavia, é salutar pensar sobre que ideias ainda fazem parte, nos 
dias atuais, tanto da mentalidade medieval como da mentalidade moderna, inclusive no campo 
educacional. Para efeitos de ilustração, lembre-se de que o conhecimento científico ganhou 
espaço no período moderno e, de certa forma, tem estado presente em boa parte dos conteúdos 
lecionados nas escolas.
ATEN
ÇÃO!
Leia atentamente e verifique as diferenças de mentalidade 
(SCHIMIT, 1999): a medieval e a renascentista (esta última foi 
um dos suportes para a mentalidade moderna em geral). Por isso, 
de forma didática, a seguir você terá duas formas diferentes de 
pensar. 
LEITURA COMPLEMENTAR
*A visão predominante na mentalidade medieval era o Teocentrismo: “Deus é o centro 
de tudo”. As obras de artes e livros mais importantes tratam de temas religiosos e o prédio 
de maior destaque de uma cidade era a igreja. Na mentalidade renascentista predominava o 
Antropocentrismo: o ser humano no centro das atenções e valoriza-se a vida terrena. 
* Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois este era 
um pecador. E desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, pois o homem merece sofrer 
porque é pecador. Já na mentalidade moderna, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito 
à sua imagem e semelhança), porém, capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, prédios, 
viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio destino, mudar 
de classe social, por exemplo, e não aceitar as coisas como vontade divina.
* Na mentalidade medieval, a vida terrena, bem como os bens materiais e o corpo, tinham 
pouca importância. O que era precioso era a salvação da alma. Fazer parte dos eleitos que 
habitariam o céu (Paraíso). Já a mentalidade renascentista continua cristã, porém considera 
que a vida material é muito importante, e, além disso, valoriza em muito o corpo. 
* Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado pela 
vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, terremotos). E devemos conhecer 
o mundo para admirar a obra de Deus e louvá-lo pela sua criação. Já para a mentalidade 
renascentista, os fenômenos da natureza devem ser explicados pelo homem, que, com o uso 
UNIDADE 1 TÓPICO 1 15
da razão e da ciência, consegue conhecer a natureza. 
*Na mentalidade medieval, as pessoas deveriam se conformar com o mundo tal como 
ele é porque foi Deus que o quis assim. Se o mundo deveria ser diferente, Deus o teria feito. E 
a única grande mudança possível seria o apocalipse. Entretanto, na mentalidade renascentista, 
o homem pode e deve ser o criador, aventureiro, sonhador e dominador da natureza.
* Na mentalidade medieval, a natureza é fonte de pecado. Para a mentalidade 
renascentista, o homem faz parte da natureza e deve conhecê-la para conhecer a si próprio. 
* E finalmente, se na mentalidade medieval a razão (capacidade humana de pensar) deve 
estar subordinada à fé, na mentalidade renascentista a fé deve prevalecer no sentido religioso, 
mas a razão deve ter prioridade sobre a fé quando o assunto é o estudo da natureza.
FONTE: URBANESKI, Vilmar. Filosofia da Religião. Indaial: Editora Uniasselvi, 2008, p. 50-51.
UNIDADE 1TÓPICO 116
RESUMO DO TÓPICO 1
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu:
• O contexto do surgimento da Sociologia.
• As diferenças de mentalidade medieval e moderna.
• Na Idade Média, Deus era o centro das atenções e, com o Renascimento, o Homem torna-
se o centro.
• Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado pela 
vontade de Deus. Já para a mentalidade renascentista, os fenômenos da natureza devem 
ser explicados pelo homem, que com o uso da razão e da ciência consegue conhecer a 
natureza. 
 
• A Sociologia, dentre as suas diversas áreas de atuação, tem como propósito estudar os 
fenômenos sociais, da ação ou influência mútua e da organizaçãosocial.
• A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade com o intuito de 
compreender a sociedade de um modo geral, ou até mesmo nas suas peculiaridades.
• A Sociologia, ao estudar a sociedade, tem como um dos seus objetos de estudo a 
educação.
UNIDADE 1 TÓPICO 1 17
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1 A partir do estudo do Tópico 1 desta unidade, conceitue Sociologia. 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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____________________________________________________________________
2 Aponte as principais características da mentalidade medieval e da renascentista.
Mentalidade medieval Mentalidade renascentista
3 Analise as sentenças a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras e F as 
falsas:
( ) A visão predominante na mentalidade medieval é o Teocentrismo (Deus é o centro 
de tudo). 
( ) Na mentalidade medieval, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito à sua 
imagem e semelhança), e ainda é capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, 
prédios, viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio 
destino. 
( ) Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois este 
era um pecador. Desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, pois merece sofrer 
porque é pecador. 
( ) Para a mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado 
pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, terremotos). Já na 
mentalidade moderna, os fenômenos da natureza devem ser explicados pelo homem, 
que, com o uso da razão e da ciência, consegue conhecer. Além disso, o homem pode 
e deve ser criador, aventureiro, sonhador e dominador da natureza. 
UNIDADE 1TÓPICO 118
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: (0,5p).
a) ( ) F – F – V – V. 
b) ( ) V – V – F – V. 
c) ( ) F – F – V – F. 
d) ( ) F – F – F – V. 
e) ( ) V – F – V –V. 
4 De um modo geral, pode-se dizer que Deus deixa de ser o centro do mundo medieval 
e, lentamente, o homem torna-se o centro, e este é valorizado como um ser individual 
e que busca descortinar as suas potencialidades humanas. Assim, o homem moderno 
deseja superar os obstáculos e desenvolver-se enquanto ser humano e também o 
mundo de que ele faz parte. De acordo com Andery et al. (1996, p. 175), “na nova 
visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, no seu sentido mais 
genérico, era a preocupação central”. Afirmação anterior refere-se à passagem. Assinale 
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Da pré-modernidade para a modernidade.
b) ( ) Da modernidade para a pós-modernidade.
c) ( ) Da pré-modernidade para a pós-modernidade.
d) ( ) Do período medieval para a pós-modernidade.
5 Analise as sentenças a seguir e julgue: 
I- A Sociologia é uma ciência que surgiu no final do século XVI com o intuito de sanar 
os problemas de cunho social que envolviam a nobreza e o clero somente nos aspectos 
religiosos e econômicos. 
II- Estudar como as sociedades funcionavam e continuam funcionando ao longo do tempo 
e de como a interpretação da vida humana e dos grupos sociais é função da Sociologia. 
III- Uma das formas de definir a Sociologia é que esta é uma disciplina acadêmica que 
examina o ser humano como um ser social, resultado de interação, socialização e padrões 
sociais. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença III está correta. 
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
KARL MARX E MAX WEBER: 
EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
UNIDADE 1
Como você estudou no tópico anterior, a Sociologia surge com o intuito de compreender 
a sociedade. E os pensadores desta área buscam, cada qual, apresentar o seu parecer 
sobre o modo de ser da sociedade. Por isso, podemos afirmar que estes pensadores, ainda 
na atualidade, têm-se feito presentes nas discussões, principalmente no âmbito acadêmico. 
Porém, no âmbito da educação, cada qual tem as suas peculiaridades. 
Neste tópico você estudará sobre Karl Marx e Marx Weber. Cada qual com a sua forma 
de entender o mundo. Por isso, estude cada qual e depois faça as suas reflexões sobre como 
cada um pôde contribuir para a compreensão da sociedade e da educação.
DIC
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Leia o livro de Leandro Konder, “Em torno de Marx”, 2010, que 
aborda os pensamentos filosóficos de Karl Marx.
2 KARL MARX: PROPOSTA PARA UMA NOVA SOCIEDADE
O pensador Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818, em Trier, na Renânia, 
região que fazia parte da antiga Prússia, atualmente Alemanha. O pai de Marx era advogado e 
teve sucesso profissional. Marx cresceu com os confortos de uma família da pequena burguesia 
da época. Faleceu em 14 de março de 1883, dois anos após a morte de sua esposa Jenny.
UNIDADE 1TÓPICO 220
As suas ideias influenciaram várias áreas do conhecimento, a saber: Filosofia, Sociologia, 
Política, Economia, Religião, dentre outras. Foi um dos precursores intelectuais dos movimentos 
de cunho revolucionário no meio operário, pois entre as suas ideias estava a necessidade de 
acabar com a exploração sobre o trabalhador e a necessidade de uma sociedade mais justa 
e igualitária. Quanto às suas obras, destacam-se: “A Sagrada Família”, “O 18 Brumário”, “A 
Miséria da Filosofia” e “O Capital”.
A principal obra de Karl Marx, “O Capital”, é publicada em 1867, mas a continuidade 
da obra passa por intempéries devido a problemas de saúde que o autor enfrentava. 
FIGURA 7 – TÚMULO DE MARX EM HIGHGATE
FONTE: Disponível em: <http://www.entrelinhasweb.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2011.
2.1 ALGUMAS IDEIAS DE MARX
Caro(a) acadêmico(a): Marx, ao pensar sobre a sociedade no sentido de compreender 
seu funcionamento, utiliza termos como proletários, materialismo dialético, mais-valia, 
infraestrutura e superestrutura, alienação, dentre outros. Para muitos, Marx foi um revolucionário, 
ou seja, as propostas de Marx tinham como propósito compreender a sociedade. Além disso, 
transformar o seu modo de ser, principalmente devido às desigualdades sociais existentes na 
época, em virtude da exploração burguesa sobre os operários. Já para outros, Marx era um 
inimigo a ser combatido, devido às suas ideias. Entretanto, há de se mencionar que as suas 
ideias se fizeram ou fazem presentes em diversos campos do saber, desde a economia até a 
educação. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 21
De acordo com Sell (2006, p. 55):
 
Karl Marx foi um sociólogo de profissão. Toda a sua obra foi construída tendo 
em vista oferecer à classe operária um entendimento a respeito da possi-
bilidade de supressão e transcendência dos mecanismos de exploração e 
alienação do modo de produção capitalista. Só assim, julgava Marx, seria 
possível construir uma forma superior de sociedade: o comunismo. [...]. A partir 
de Marx desenvolveu-se na sociologia uma vertente intitulada “teoria crítica”, 
cujo objetivo é vincular a compreensão da realidade com as potencialidades 
de emancipação social. Interpretar a obra de Marx é uma tarefa difícil. O seu 
pensamento era dinâmico e jamais foi sistematizado pelo autor, permanecendo, 
inclusive, inacabado. 
 
Frente ao exposto, algumas das ideias de Marx merecem destaque. É claro, caro(a) 
acadêmico(a), que a obra de Marx merece maior aprofundamento, devido à sua amplitude, 
porém, aqui você terá algumas ideias iniciais que podem contribuir para aprofundar-se no 
assunto.
 Vejamos algumas destas ideias. 
Para Marx, o trabalho foi o elemento essencial da sociedade humana no decorrer da 
história e que manteve a estrutura e o desenvolvimento da mesma. E, na história da humanidade, 
podemos observar que o trabalho foi executado pelos escravos, pelos servos e, na época deMarx, pelos proletários. E eram esses (proletários) que mantinham a estrutura econômica 
capitalista e enriqueciam os burgueses.
Para Marx, o elemento fundamental da economia é o trabalho. O ser humano 
precisa produzir os bens necessários à sua sobrevivência. É através do traba-
lho que o homem transforma a natureza e reproduz sua existência. De acordo 
com o esquema dialético de Marx, através do trabalho o homem supera sua 
condição de ser apenas natural e cria uma nova realidade: a vida social. A 
sociedade é justamente a síntese do eterno processo dialético pelo qual o 
homem atua sobre a natureza (SELL, 2006, p. 78-79).
 Em termos gerais, a base para a sociedade, a sua formação, suas instituições e regras 
de funcionamento, suas ideias, seus valores, são derivados das condições materiais. Desta 
forma, a base da sociedade é o trabalho. 
Assim, para Marx, a base da sociedade, assim como a característica fun-
damental do homem, estão no trabalho. É do trabalho que o homem se faz 
homem, constrói a sociedade, é pelo trabalho que o homem transforma a so-
ciedade e faz a história. O trabalho torna-se categoria essencial que permite 
não apenas explicar o mundo e a sociedade, o passado e a constituição do 
homem, como lhe permite antever o futuro e propor uma prática transformadora 
ao homem, propor-lhe como tarefa construir uma nova sociedade (ANDERY, 
2006, p. 401).
Enfim, o trabalho de Marx pode ser visto como uma interpretação de como o modo 
capitalista de produção mercantiliza as relações, as pessoas e as coisas, como ele transforma 
as próprias pessoas em mercadorias.
UNIDADE 1TÓPICO 222
 Os modos de produção da história da humanidade estruturam-se da seguinte maneira:
a) o modo de produção antigo, no qual a base estava na agricultura e na escravidão (relação: 
senhor/escravo); 
b) o modo de produção feudal, tendo como base a agricultura e a servidão (relação: senhor 
feudal/servo); 
c) e o modo de produção liberal estrutura-se em torno da indústria e do trabalho assalariado 
e a propriedade privada (relação: burguesia/proletariado). 
O modo de produção, de um modo geral, pode ser entendido como a maneira como a 
sociedade tem se organizado no decorrer da história em torno da sua produção de bens que 
são necessários à sobrevivência do ser humano.
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"A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história 
das lutas de classe" (Manifesto Comunista).
Outras ideias são discutidas por Marx, como a infraestrutura e a superestrutura. Neste 
sentido, podemos dizer que a base da sociedade é modo de produção material, seja a economia 
ou a tecnologia que permitem a produção de bens (usando ferramentas, máquinas, terra, 
matéria- prima, dentre outros), e é entendido como infraestrutura. Já a superestrutura constitui-
se das instituições jurídicas, aspectos políticos, normas, leis, que mantêm o ordenamento da 
sociedade, principalmente no funcionamento da infraestrutura.
Quanto ao fetichismo, este representa uma contradição fundamental da produção de 
mercadorias: confusão de relações entre pessoas com relações entre coisas. O fetichismo é o 
exemplo mais simples do modo pelo qual as formas econômicas do capitalismo (valor, capital, 
lucro) ocultam as relações sociais subjacentes. A reificação significa a transformação dos seres 
humanos em seres semelhantes a coisas, que se comportam de acordo com as leis do mundo 
das coisas. Neste sentido, a reificação é um caso especial de alienação.
Outro conceito de relevância em Marx é a mais-valia, a qual é produzida nas organizações 
pelo emprego da força de trabalho do proletário. No caso do capitalismo, a compra da força de 
trabalho do proletário é paga em troca de salário. 
Segundo Sell (2006, p. 98):
UNIDADE 1 TÓPICO 2 23
[...] existem duas formas principais pelas quais é possível extrair o lucro: 
Mais-Valia Absoluta: o lucro obtido pelo aumento da jornada de trabalho, [...] 
Mais-Valia Relativa: o lucro é obtido pelo aumento da produtividade. Nesse 
processo o capitalista só precisa aumentar o tempo do trabalho. Basta fazer 
o trabalho do operário render mais.
 
O lucro do burguês possibilita o seu enriquecimento, e ao proletário o empobrecimento. 
Esta dinâmica está assentada no capitalismo, o qual tem como propósito o lucro. 
Neste sentido, Sell afirma que:
 
Podemos sintetizar a crítica de Marx ao capitalismo em duas teses principais: 
Tese da exploração: o capitalismo é um sistema econômico no qual a riqueza 
é produzida pela exploração de uma classe social sobre a outra. O conceito 
central que enuncia a tese da exploração é a categoria “Mais-valia”. Tese da 
alienação: o capitalismo é um sistema econômico no qual o conjunto dos 
indivíduos e da sociedade passa a ser determinado pelo poder impessoal do 
dinheiro (capital) e da própria esfera econômica que foge do controle social. 
[...] (2006, p. 89/90, grifos do autor).
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“Num certo estágio de sua evolução, as forças produtivas materiais 
da sociedade entram em choque com as relações de produção 
existentes. Inaugura-se, então, uma época de revolução social”. 
(Marx, na Crítica da Economia Política).
As contribuições de Marx podem ser as mais variadas e para os diversos campos do 
saber, como: economia, política, filosofia, educação e sociologia. Entretanto, o historiador 
inglês Eric Hobsbawm, de acordo com Trevisan (1997, p. 2), analisa os benefícios e os limites 
da contribuição marxista:
[...] o marxismo tem contribuído de algum modo para entender a História, mas, 
realmente, não o suficiente. Por exemplo, o marxismo vulgar diz que todas as 
coisas ocorrem em virtude de fatores econômicos e, obviamente, isso não é 
uma explicação adequada. Insisto que o importante é distinguir o marxismo 
vulgar de uma interpretação mais sofisticada do sentido da obra de Marx ou, 
em verdade, de Karl Marx por ele mesmo. Acho que o marxismo pode fazer 
isso. Hoje, podemos falar sobre isso, como estamos fazendo, porque hoje 
nós podemos distinguir aqueles trechos das análises marxistas que pareciam 
ser válidos, mas claramente não o são. Por exemplo, se você realmente lê o 
Manifesto Comunista de 1848, ficará surpreso com o fato de que o mundo, 
hoje, é muito mais parecido com aquele que Marx predisse em 1848. A ideia 
do poder capitalista dominando o mundo inteiro, como também uma sociedade 
burguesa, destruindo todos os velhos valores tradicionais, parece ser muito 
mais válida hoje do que quando Marx morreu. Por outro lado, por exemplo, a 
previsão de que a classe trabalhadora ficaria cada vez mais pauperizada não 
é verdade. Isso não quer dizer que a classe trabalhadora não tenha suficientes 
boas razões para protestos. Uma coisa interessante que faz a análise marxista 
bastante moderna é a análise das tendências de longa duração. 
UNIDADE 1TÓPICO 224
Caro(a) acadêmico(a), as ideias e os conceitos de Marx são os mais diversos. Mas é 
salutar mencionar que, para Karl Marx, o homem é parte da natureza, porém não se confunde 
com a mesma e, além disso, o homem é um ser social e histórico, que transforma a natureza 
e a si próprio neste processo. 
DIC
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FILME: Edukators.
Título original: (Die Fetten Jahre Sind Vorbei).
Lançamento: 2004 (Alemanha).
Direção: Hans Weingartner 
Atores: Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaubner, Claudio Caolo.
Duração: 126 min.
Gênero: drama.
Sinopse
Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg) são dois jovens que acreditam que podem 
mudar o mundo. Eles se autodenominam "Os Educadores", rebeldes contemporâneos 
que expressam sua indignação de forma pacífica: eles invadem mansões, trocam 
móveis e objetos de lugar e espalham mensagens de protesto. Jule (Julia Jentsch) é a 
namorada de Peter, que está passando por problemas financeiros e, por causa deles, 
está saindo de seu apartamento alugado. 
Tempos atrás, Jule se envolveu em um acidente de carro, que destruiu o carro de um 
rico empresário. Condenada pela justiça, ela precisa pagar um novo carro no valor de 
100 mileuros, o que praticamente faz com que trabalhe apenas para pagar a dívida 
que possui. Como Peter viaja para Barcelona, Jan vai ajudá-la na mudança. Eles se 
conhecem melhor e Jan termina por contar a ela a verdade sobre os Educadores. 
Empolgada com a notícia, Jule insiste que ela e Jan invadam a casa de Hardenberg 
(Burghart Klaubner), o empresário que a processou. Após uma certa resistência, Jan 
concorda. 
Na casa, eles agem como os Educadores, mudando os móveis de lugar, mas cometem 
um grave erro: Jule esquece no local seu celular. No dia seguinte, com Peter já 
tendo retornado da viagem, mas sem saber do ocorrido, Jan e Jule decidem invadir 
novamente a casa de Hardenberg, para recuperar o celular. No entanto, o que eles 
não esperavam era que o empresário os surpreendesse dentro da casa, o que os força 
a sequestrá-lo.
FONTE: Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Os_Edukadores>. Acesso em: 15 out. 
2011.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 25
Caro(a) acadêmico(a), a seguir apresentamos o texto da jornalista Sucena Shkrada 
Resk que retrata algumas ideias do pensamento marxista sobre a ecologia. Boa leitura!
A ECOLOGIA DE MARX
Antes mesmo da concepção de sustentabilidade e das preocupações 
ambientais modernas, Marx já escrevia sobre a necessidade de cuidados 
com a natureza. Para ele, o homem é parte integrante dela. Entretanto, 
esses conceitos dividem opiniões até hoje. 
 
Sucena Shkrada Resk
Reduzir o pensamento do economista e filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) ao 
materialismo dialético é um equívoco, na visão de estudiosos contemporâneos. A reflexão sobre 
questões ecológicas não pode ser desprezada em seus escritos - ao lado de Friedrich Engels 
(1820-1895) -, mas não é mais difundida e discutida por causa de interpretações enviesadas de 
muitos de seus discípulos e críticos e pela falta de contextualização dos seus estudos.
 
Contudo, quando o mundo ainda não tratava de sustentabilidade, Marx já falava, em 
outras palavras, sobre a importância do consumo consciente e de uma economia equilibrada, 
da justiça social e da manutenção da qualidade do meio ambiente. Os conceitos expressos pelo 
filósofo remetem aos temas, hoje muito discutidos, de desenvolvimento sustentável, mudanças 
climáticas e aquecimento global, que surgiram principalmente a partir dos anos 1970. O mote do 
modelo de desenvolvimento proposto, desde os primórdios da Revolução Industrial, no século 
XVIII, é considerado como um elemento importante a ser revisto no mundo contemporâneo, 
desde aquela época. 
E é em O Capital (1867) que as reflexões 
de Marx sobre o tema se sobressaltam, 
aproximando-o de questões ambientais e 
ecológicas, diante das quais podemos concluir 
que as discussões que assolam nossos dias e 
que abordam consumo excessivo e poluição 
já eram uma preocupação para o filósofo, no 
século XIX. O termo ecossocialismo, segundo 
o cientista social brasileiro Michael Löwy, 
da Escola de Altos Estudos em Ciências 
Sociais da Universidade de Paris, tem seus 
fundamentos em alguns pensamentos de Marx 
sobre essa lógica do capital. Xangai, a maior cidade da China. Ambiente dos 
trabalhadores nas grandes cidades era visto por 
Marx como "poluição universal"
LEITURA COMPLEMENTAR 1
UNIDADE 1TÓPICO 226
Para ele, é justamente em O Capital que o filósofo alemão afirmava que o sistema 
capitalista esgotava as forças do trabalhador e da Terra. Marx, nesta exposição, trata, de certa 
forma, do conceito conservacionista, que vigora nos dias de hoje, de que a natureza não é algo 
intocado, como por muito tempo os preservacionistas propuseram. Isso significa que o homem 
é parte integrante do meio ambiente e deve ter um papel de guardião. 
E o tema foi alvo de alguns estudos, como o do cientista político e professor de Sociologia 
da Universidade de Oregon, John Bellamy Foster, que escreveu o livro A Ecologia de Marx - 
Materialismo e Natureza. Foster analisa que Marx utilizou a ótica do ateniense Epicuro (341 
a.C - 270 a.C.) para atribuir uma concepção materialista de que a natureza só é percebida 
através dos nossos sentidos pela cognição, em um processo ao longo de nossas vidas. 
Isso infere a prática da percepção unida à memória, ao raciocínio, juízo, imaginação 
e ao ato do pensamento e do discurso. Outra obra que aborda o assunto é História e Meio 
Ambiente, em que o mestre em Sociologia e doutor em História, Marcos Lobato Martins, diz 
que seria um equívoco colocar Marx entre os adeptos do paradigma de que os seres humanos 
estão imunes aos fatores ambientais, numa visão antropocêntrica. 
A mesma análise é também feita por Foster. Ambos ilustram o trecho escrito pelo filósofo 
alemão em Manuscritos econômico-filosóficos, de 1844: “O homem vive da natureza, isto é, a 
natureza é seu corpo, e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto se não quiser morrer. 
Dizer que a vida física e mental do homem está ligada à natureza significa simplesmente que 
a natureza está ligada a si mesma, porque o homem é parte dela” (MARX).
“O homem vive da natureza [...] e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto se 
não quiser morrer” (MARX).
Como base científica para explicar as relações sociais, Marx e Engels se debruçaram 
sobre as pesquisas do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). Em uma de suas cartas 
a Engels, Marx escreve, em 1862, o seguinte, sobre a obra “Origem das Espécies”: “É notável 
como Darwin redescobre, no meio dos animais e plantas, a sociedade da Inglaterra com as 
suas divisões de trabalho, competição, abertura de novos mercados, invenções e a luta pela 
existência malthusiana. É a bellum omnium contra omnes de Hobbes”. Marx acreditava que 
o cientista oferecia uma perspectiva materialista compatível à sua, embora aplicada a outro 
conjunto de fenômenos, e fornecia uma base na ciência natural para a luta de classes (FOSTER, 
2005, p. 274-275). 
FONTE: Disponível em: <portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/edicoes/41/artigo158665-2.asp>. Acesso 
em: 15 out. 2011.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 27
2.2 MARX E BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO
As ideias de Marx também têm influenciado o campo educacional, de forma direta ou 
indireta, tanto nas teorias que norteiam a prática educativa, como nas pesquisas educacionais, a 
exemplo de programas de pós-graduação em Educação ou Sociologia da Educação. Podemos 
encontrar, no campo educacional, autores e pesquisadores que ancoram as suas ideias ou 
teses no pensamento de Marx. Entretanto, é necessário ressaltar que não necessariamente 
estas podem estar em consonância com os escritos originais de Marx. 
Por isso, devemos lembrar que Marx escreveu no período da Revolução Industrial 
e os trabalhadores viviam em condições precárias nas cidades, submetendo-se a salários 
irrelevantes, com jornadas de trabalho longas e sem amparo das leis trabalhistas.
Neste cenário, quanto à educação, Rodrigues (2007, p. 43) diz:
Marx conclui que a educação dada às crianças operárias era tão precária 
que só poderia servir para perpetuar as relações de opressão às quais essas 
crianças e seus pais estavam sujeitos. O descaso era tanto que qualquer 
um que tivesse uma casa e alegasse ser ali uma escola, poderia fornecer os 
“atestados de frequência a aulas” de que as fábricas precisavam para livrar-
se da fiscalização. 
Marx não escreveu especificamente sobre a educação. Entretanto, algumas ideias 
podem ser concluídas sobre o assunto a partir do seu pensamento. A educação faz parte da 
superestrutura a qual era dirigida pelas classes dominantes – na época de Marx, a burguesia. Por 
isso, de certa forma, a educação não possibilitava à classe trabalhadora perceber os interesses 
de sua classe e, sim, a educação era um meio para perpetuar as condições sociais existentes. 
Desta forma, a educação é um dos instrumentos para a reprodução do conhecimento e 
da sociedade. Ou seja, a educação pode servir como meio (superestrutura) para reproduzir a 
sociedade tal como ela é (e no caso do sistema capitalista, reforçar a estrutura vigente). Mas, 
por outro lado, aeducação pode ser um elemento que serve como meio para a transformação 
da sociedade e do mundo. Neste sentido, a educação deveria romper com os moldes propostos 
para a época, de uma educação que reproduzia esta divisão, incentivava o trabalho produtivo, 
o conformismo e uma pedagogia da obediência. 
No princípio do comunismo, Engels explicita de modo bastante claro o que 
esperava afinal da nova educação. Diz ele: a educação dará aos jovens a 
possibilidade de assimilar rapidamente na prática de produção e lhe permitirá 
passar sucessivamente de um ramo de produção a outro, segundo as necessi-
dades da sociedade ou suas próprias inclinações. Por conseguinte, a educação 
nos libertará deste caráter unilateral que a divisão atual do trabalho impõe a 
cada indivíduo. Assim, a sociedade organizada sobre as bases comunistas 
dará a seus membros a possibilidade de empregar em todos os aspectos suas 
faculdades desenvolvidas universalmente (RODRIGUES, 2007, p. 48).
A educação deveria ser um instrumento que deveria mobilizar a população (no caso, a 
UNIDADE 1TÓPICO 228
classe operária) para a transformação da sociedade e superar a exploração capitalista. E, além 
disso, a educação deveria ser um caminho que leve o respeito ao homem na sua totalidade, suas 
potencialidades, e não uma educação que tinha como propósito formar pessoas para o mercado 
de trabalho dos moldes capitalistas e com o fim último de exploração do trabalhador. 
Em termos gerais, a educação deveria ser um instrumento para aquisição de conhecimento 
e de transformação para a classe trabalhadora. Ou seja, a educação deveria ter um caráter 
revolucionário, pois a classe trabalhadora (o proletariado), por si, não consegue adquirir a 
consciência de classe social e consciência política. Por isso, o processo educativo poderia 
ser um instrumento propício para que o trabalhador tomasse consciência da sua situação e de 
classe social e buscasse uma sociedade alternativa. Em contrapartida, a educação era usada 
como um elemento essencial para a burguesia manter a hierarquia social e sua ideologia.
Enfim, caro(a) acadêmico(a), a obra de Marx é vasta, e as interpretações das suas ideias 
são as mais diversas, tanto dos que são oponentes quanto dos que seguem as mesmas. Por 
isso, sugere-se, a modo de seu interesse, aprofundar as ideias que podem estar presentes na 
educação e fazer as suas devidas considerações, pois no âmbito educativo podemos encontrar 
discursos que postulam que a educação deve ser transformadora, crítica e emancipatória, que 
podem ter ou não fundamento em Marx. 
3 MAX WEBER E ALGUMAS DAS SUAS IDEIAS 
Max Weber nasceu na cidade de Erfurt, na Turíngia, no dia 21 de abril de 1864. 
FIGURA 8 – MAX WEBER EM 1917
FONTE: Disponível em: <http://quotationsbook.com>. Acesso em: 15 out. 2011.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 29
Seu falecimento ocorre no dia 14 de junho de 1920, na cidade de Munique.
FIGURA 9 – MAX WEBER, FALECIDO EM 14 DE JUNHO DE 1920
FONTE: Disponível em: <http://quotationsbook.com>. Acesso em: 20 ago. 2011.
A análise sociológica deveria ser isenta de juízos de valor, ou seja, deveria ser objetiva e 
neutra em questões morais. De acordo com as ideias deste pensador, o objetivo da Sociologia 
é identificar e compreender como e por que as regras nascem na sociedade e como elas 
funcionam. 
Em termos gerais, a Sociologia deveria compreender os fenômenos “no nível do 
significado” dos atores; além disso, compreender como os atores veem e sentem as suas ações 
na sociedade. Neste sentido, análise de cunho sociológico deve ater-se a duas situações: 
sendo a primeira referente às experiências dos atores, e a segunda, referente aos sistemas 
culturais e sociais nos quais os atores estão inseridos. 
 Ao se retratar sobre Weber, é comum a seguinte afirmação: “A sociedade e seus 
sistemas não pairam acima e não são superiores ao indivíduo”. Desta afirmação é correto 
dizer que as regras e normas sociais não são analisadas como sendo exteriores à vontade 
dos indivíduos. E sim, estas são resultado de um conjunto complexo de ações individuais, nas 
quais os indivíduos estariam escolhendo, a todo o momento, diferentes formas de conduta. 
Neste sentido, o Estado, o mercado, as religiões existem em virtude de que muitos indivíduos 
orientariam reciprocamente suas ações em determinado sentido comum. 
 
Para Durkheim (1973), a sociedade é superior ao indivíduo. Poderíamos dizer 
que para Weber o indivíduo é o fundamento da sociedade. Esta afirmação 
vai muito além do fato de que uma sociedade não existe sem indivíduos. A 
existência da sociedade somente se realiza pela ação e interação recíprocas 
entre os agentes sociais (SELL, 2007, p. 197).
UNIDADE 1TÓPICO 230
Enfim, caro(a) acadêmico(a), podemos dizer que no pensamento de Weber a parte é 
privilegiada em relação ao todo. A ação dos indivíduos sobre a sociedade é que determina a 
relação indivíduo-sociedade.
Outro aspecto no pensamento de Weber que deve ser mencionado são os três tipos 
de dominação, que são: o legal, o tradicional e o carismático.
 
Dominação legal: obediência apoia-se na crença na legalidade da lei e 
dos direitos de mando das pessoas autorizadas a comandar pela lei.
Dominação tradicional: sua legitimidade apoia-se na crença de que o 
poder de mando tem caráter sagrado, herdado dos tempos antigos.
Dominação carismática: a legalidade da autoridade do líder carismático 
lhe é conferida pelo afeto e confiança que os indivíduos depositam nele 
(SELL, 2007, p. 211-212, grifos do autor).
Quanto às ideias de Weber, há de se mencionar que o objeto de estudo da Sociologia 
é a ação social. 
Ação: é um comportamento [...] sempre que e na medida em que o agente 
ou os agentes se relacionem com sentido subjetivo. Ação social: significa 
uma ação que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou pelos agen-
tes, se refere ao comportamento de outros, orientando por este em curso 
(WEBER, 1994, p. 3 apud SELL, 2007, p. 181). 
Quanto a explicações das ações humanas, podemos encontrar as mais diversas, e 
neste sentido cabe à Sociologia explicar os motivos e a própria existência da ação social. 
Neste contexto, Sell (2007, p. 182) diz que “[...] a teoria sociológica de Weber é chamada de 
metodologia compreensiva: seu objetivo é compreender o significado da ação social”. 
Ao tratar sobre ação social, Weber estabeleceu quatro tipos. 
1. Ação afetiva: aquela ação determinada de modo afetivo, ou seja, pelos afetos ou estados 
sentimentais atuais.
2. Ação tradicional: aquela ação determinada por um costume ou um hábito arraigado.
3. Ação social: é aquela referente aos valores. A ação é determinada pela crença de valor 
(ético, estético e religioso).
4. Ação social referente aos fins: a ação é determinada por expectativas quanto ao 
comportamento dos objetos do mundo exterior ou de outras pessoas (SELL, 2007).
Ao contrário dos filósofos iluministas e mesmo do positivismo, que viam o 
progresso material e até da felicidade individual, Weber tinha uma posição 
crítica a respeito. O aumento do grau de racionalidade do mundo moderno 
não leva necessariamente a um estágio superior da vida social. Weber sabia 
que o processo de racionalização e desencantamento com o mundo, dos 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 31
quais a organização capitalista e a organização burocrática do Estado eram 
as maiores expressões, tinha também o seu lado negativo. É neste sentido 
que ele nos apresenta o seu diagnóstico da modernidade: a perda de sentido 
e perda da liberdade (SELL, 2007, p. 202).
Enfim, caro(a) acadêmico(a), você estudou algumas ideias de Weber, as quais podem 
contribuir ainda, nos dias atuais, para compreender o que está acontecendo na sociedade 
atual. A título de exemplo: pode contribuir para entender as forças motrizes da sociedade atual, 
o poder do Estado, o significado das leis nas relações sociais, o processo de urbanização 
de populações nas cidades e as suas consequências. Além disso, os sistemas de crenças e 
valores no cotidiano das pessoas. 
Neste sentido,pode-se dizer que: 
ao contrário de outras teorias, que hoje apresentam sinais de crise, o pen-
samento de Max Weber tem sido relido na atualidade, proporcionando à so-
ciologia novos instrumentos de compreensão de seus próprios fundamentos 
e para interpretação do mundo moderno. Crítico do marxismo e positivismo, 
Weber realizou um cuidadoso estudo das religiões mundiais, mostrando que 
a marca fundamental da modernidade é a emergência de uma forma especí-
fica de racionalismo: o racionalismo da dominação do mundo. Para Weber, o 
racionalismo ocidental se encarna em instituições como a economia capitalista 
e a burocracia do Estado, é uma força que, por um lado, aumenta a eficiência 
e produtividade, mas, ao mesmo tempo, ”desencanta” o mundo, ocasionando 
a perda de liberdade e sentido da vida (SELL, 2006, p.167).
3.1 WEBER E A EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Para Vilela (2002), Weber não produziu uma teoria do âmbito da Sociologia da Educação, 
ou seja, não considerou a organização social da escola ou a instituição como objeto de análise. 
Outrossim, há estudos significativos sobre Weber a respeito da educação, onde os sistemas 
escolares se desenvolvem como um processo de imposição dos caracteres dos grupos 
sociais e do poder estabelecido. 
Weber, nas suas reflexões, abordou sobre a racionalização e a burocratização, e estas 
alteraram radicalmente os modos de educar. 
Educar no sentido da racionalização passou a ser fundamental para o Estado, 
porque ele precisa de um direito racional e de uma burocracia montada em 
moldes racionais. Educar no sentido da racionalização também passou a ser 
fundamental para a empresa capitalista, pois ela se pauta pela lógica do lucro, 
do cálculo de custos e benefícios, precisando de profissionais treinados para 
isso (SELL, 2007, p. 65-66).
 Neste cenário, a educação, para Weber, não é mais uma preparação para que o 
membro de todo orgânico aprenda sua parte no comportamento harmônico do organismo 
UNIDADE 1TÓPICO 232
social, mas sim, tem como propósito despertar o carisma e preparar o aluno para uma conduta 
de vida social. 
 
 Outrora, “a educação sistemática, analisa ele, passou a ser um pacote de conteúdos 
e de disposições voltadas para o treinamento de indivíduos que tivessem de fato condições 
de operar essas novas funções, de pilotar o Estado, as empresas e a própria política, de um 
modo racional” (RODRIGUES, 2007, p. 64). 
 
A educação esteve sob o prisma da racionalidade, da obediência à lei e do treinamento 
das pessoas para executar as tarefas burocráticas do Estado. Este modelo de educação tinha 
dentre os seus propósitos: o treinamento dos indivíduos que tivessem de fato condições de 
executar tarefas e atividades no aparato estatal. Neste sentido, a educação passou a ser 
primordial para o Estado, pois este precisa de pessoas para atuar numa burocracia montada 
em moldes racionais. E quanto a esta forma de educar, também era primordial para a empresa 
capitalista, pois esta estava assentada sobre o lucro, o cálculo de custos e os benefícios, por 
isso precisava de profissionais treinados para desempenhar tais funções. 
[…] Mais que profissionais da empresa ou da administração pública, o capi-
talismo e o Estado capitalista forjaram um novo homem: um homem racional, 
tendencialmente livre de concepções mágicas, para o qual não existe mais 
lugar reservado à obediência, que não seja a obediência ao direito racional. 
Para este homem, o mundo perdeu o encantamento. Não é mais o mundo 
do sobrenatural e dos desígnios de Deus ou dos imperadores. É o mundo do 
império, da lei e da razão. Educar num mundo assim, certamente, não é o 
mesmo que educar antes dessa grande transformação, provocada pelo advento 
do capitalismo moderno (RODRIGUES, 2007, p. 65-66).
Quanto à educação, vale destacar que os três tipos de dominação se configuram em 
três modelos particulares de sistemas de educação, os quais orientam para a formação de 
três tipos de sujeitos sociais.
 
Uma educação carismática: orientada para despertar a capacidade consi-
derada como um dom puramente pessoal. [...] o aluno tem que negar-se em 
seu estado atual e tratar de alcançar, ou recuperar, sua identidade. Como 
exemplos, a educação típica de guerreiros e dos sacerdotes [...]
Uma educação formativa: orientada, sobretudo, para cultivar um determinado 
modo de vida, que admita atitudes e comportamentos particulares. [...]. Assume 
a finalidade de educar para determinadas atitudes frente à vida (pode até vir 
acompanhado por um carisma e por um saber ou conhecimento, mas não se 
exige). Esse segundo tipo de sistema educativo constitui a instância reprodutora 
de uma categoria estamental, isto é, de uma categoria social que define sua 
posição em termos de conduta de vida, o que se traduz em prestígio.
Uma educação especializada: está orientada para instruir o aluno em conheci-
mentos, de saberes concretos, necessários, principalmente para o exercício de 
papéis sociais específicos das sociedades racionalizadas, como profissionais 
ou políticos (VILELA, 2002, p. 92-93, grifos nossos).
As ideias de Weber exerceram influência no Brasil, e uma das formas foi na produção 
acadêmica discente dos programas de pós-graduação nacionais.
 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 33
Leia, na Leitura Complementar a seguir, uma parte do trabalho apresentado na ANPED 
(Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Educação). 
LEITURA COMPLEMENTAR 2
1 A racionalidade das políticas educacionais: o projeto da universidade do Tocantins - UNITINS, de 
Verdana Medeiros de Barros, tese de mestrado em educação, defendida na Universidade de Brasília, 
em setembro de 1995; Concepções de mundo, ideologia e ensino de qualidade, de Maria Medeiros da 
Silva, tese de mestrado em educação, defendida na Universidade Federal de Pernambuco, em dezembro 
de 1995; Relações de poder na escola pública de ensino fundamental: uma radiografia à luz de Weber 
e Bourdieu, de Magali de Castro, tese de doutorado em Educação, defendida na Universidade de São 
Paulo, em 1994.
MAX WEBER NOS PROGRAMAS NACIONAIS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO: 
UM BALANÇO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DISCENTE NOS ÚLTIMOS 20 ANOS 
 
 Wânia R.C. Gonzalez 
Max Weber é um autor pouco citado na produção acadêmica discente dos programas 
de pós-graduação nacionais. Em levantamento feito em um período de 20 anos, encontrei 
apenas dez dissertações e uma tese que incorporaram as reflexões teóricas do autor.
O presente trabalho tem por finalidade refletir sobre a apropriação da teoria sociológica 
weberiana nas pesquisas acadêmicas realizadas nos mestrados e doutorados em educação. 
As principais questões que nortearam a minha investigação foram as seguintes: Quais os 
temas pesquisados à luz da sociologia de Weber? Quais os aspectos da teoria sociológica 
weberiana que são valorizados nas dissertações e teses defendidas nos programas de pós-
graduação em educação? Quais são as obras de Weber mais utilizadas? É frequente a leitura 
de comentadores da obra do sociólogo alemão em substituição à leitura da obra do próprio 
autor? Tal substituição, quando ocorre, acarreta uma compreensão equivocada da teoria 
sociológica de Weber? 
Fiz o levantamento das dissertações e teses defendidas recorrendo à consulta do CD-
ROM da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), que, 
editado em 1997, contém um resumo da produção discente, concluída no período de 1981 
a 1996, com o apoio do INEP. Complementei o levantamento mediante a consulta ao Banco 
de Teses e Dissertações da Coordenação e Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino de Nível 
Superior (CAPES), para localizar os trabalhos concluídos no período de 1997 a 2001. Os 
passos seguintes foram: leitura dos resumos e seleção dos trabalhos que se coadunavam com 
o objetivo de minha pesquisa. 
Posteriormente, busquei localizá-los na Biblioteca Nacional. Quando

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