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Questionário sobre o Livro Justiça - Pensando Alto Sobre Violência, Crime e Castigo - Luiz Eduardo Soares

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QUESTIONÁRIO SOBRE O LIVRO JUSTIÇA 
Aluna: Ana Lua Silveira 	sala: 1M1
Professor: Carlos 						
1) Essa afirmação significa o mesmo que dizer que temos diversas percepções, e estas dependem do ângulo que vemos as coisas, os fatos; ou seja, há várias maneiras de olhar, enxergar, perceber e cada uma dessas formas tem um sentido, significado diferente. Existem várias formas de se contar, interpretar uma história, mas o que vai definir é o ponto de referência, de onde se inicia, pois diante disso tem-se o reflexo daquilo que se considera como objeto principal.
​​​​
Pode-se ter como exemplo o suicídio. Aquele que sabe apenas que tal pessoa cometeu suicídio o julga como alguém que não valorizava a vida, pois tantos lutam para viver e estes que gozam de boa saúde simplesmente se matam. Não possuía Deus. Matar-se foi uma escolha. Tinha tudo. 
Partindo da premissa de que o suicida sofria abusos sexuais do pai e a mãe se omitia em relação as circunstâncias viventes, tratando a vítima com indiferença depois que sofreu essa violência, como se ela fosse culpada, causadora daquilo tudo, apenas por existir, por estar ali. A mãe que era amorosa, hoje já não se reconhece, e se percebe como é diferente com seu irmão, nada mudou. Não tinha o apoio da família para acabar com as agressões, não tinha sentido continuar vivendo. Um pai que abusava, uma mãe que consentia, um sentimento de solidão, de inércia, um vazio, um nada, era como se sentia, ou melhor, foi como fizeram-na se sentir. Logo, seus motivos para querer viver se esvaíram, e como um pedido de socorro tirou sua vida; não por querer morrer, mas por acreditar que seria o único modo de cessar seu sofrimento. Ela não queria mais sofrer. 
2) A violência é uma ferramenta para obter aquilo que se espera. A atribuição à Deus da punição parte do não cumprimento daquilo que se estabelece, do que a religião impõe, como uma lição a ser aprendida através da dor, perda. Deus é bom e justo, já se ouviu por aí. A justiça corresponde à violência, castigo, a aquilo que se julga correto perante os bons olhos da sociedade ou de quem obrigar. E se você não se enquadra, se molda ao que se considera como deve ser, você tem o que merece, a punição. Colhe o que planta. São reflexos dos seus atos.
 A cultura da violência faz-se presente em diversas nuances. Vai do castigo e surra do filho que desobedeceu aos pais à pena de morte estabelecida pelo Estado. Neste caso a Justiça- ou o que se considera- se posiciona contra a violência, cometendo, fazendo uso da mesma. 
Sabe-se que a Justiça é algo subjetivo. O que pode ser bom para um pode não ser para outro. Pelo praticante, seus atos são justos conforme o que julga ser. Agimos de acordo com as nossas crenças, seja ela política, econômica, social, cultural, etc. 
3). Acontecia por que não bastava morrer, tinha que sofrer até o fim. Uma forma de purgar o pecador e o criminoso, purificando-o. Todo horror funcionava como espécie de advertência para que outras pessoas não viessem a cometer tais atos. 
4) As penas violentas tinham o efeito de diversão educativa para toda a família. Pois esta gozava do espetáculo com sentimento de justiça cumprida. A punição era como uma prevenção para inibir futuros crimes.
Todo horror funcionava como espécie de advertência para que outras pessoas não viessem a cometer tais atos. A brutalidade do castigo e sua exibição despudorada valorizavam a violência como linguagem e serviam para, subliminarmente, formar a sociedade no emprego da força bruta como método eficiente e legítimo de processar os conflitos e as emoções negativas.
5) Beccaria. Esse autor fundou a visão moderna da punição, aquela segundo a qual penalizar não deve ser confundido com produzir sofrimento físico infligindo tormentos no corpo. Busca a adoção futura de penas mais humanizadas e eficazes para os delitos cometidos em sociedade. 
6) A cultura dos direitos humanos mostra que a violência é um mal. Vai contra a violência praticada pelo Estado. Ela valoriza o ser humano como cidadão portador de direitos inatos, considerando-os dignos de igualdade, independentemente de sua classe social, cor, gênero, religião ou nacionalidade. 
O reconhecimento de que todo ser humano é único, singular, inigualável, de que sua vida é sagrada e diz respeito somente a quem vive, assim como a autonomia e a liberdade que traz consigo responsabilidades legais e morais intransferíveis. 
7) A vitória do terror mostra que a finalidade que se chega, no caso, a destruição do outro nem sempre é o que se conquista. Almeja-se defender os direitos humanos, mas por fim dissolve a natureza humana por meio da violência. Logo, tem-se a vitória como algo inalcançável, aproximando-se mais de uma derrota, pois destrói aquilo que está com intuito de proteger.
8) Traz à tona a consideração inicial do livro: “o sentido de uma história depende do ponto a partir do qual começamos a conta-la”. O autor mostra que há várias formas de cometer e considerar um crime e que a lei não basta para a classificação de uma prática ou para sua qualificação como criminosa. Há elementos que, mesmo sendo indispensáveis para a interpretação judicial, escapam à letra da lei. Elementos como o contexto, a motivação, a escala, o histórico. Por isso, o juiz e seu juízo levam em conta componentes de cada história, mantendo abertas as circunstâncias, para que sejam decisivos. 
 
9) Crime de bagatela é o mesmo que dizer que o crime é desprezível, insignificante, mediante lesão mínima causada a outrem, sendo este relevado, isento de punição. Leva-se em consideração a sua causa, circunstâncias pelas quais foi dada. Constituem reações às situações extremas — como a fome, ou, por exemplo, a saúde de um filho. Nesse contexto, o furto de pão ou remédio, em pequeníssima escala, deve ser compreendido e perdoado. Puni-lo causaria mais danos a todos — inclusive aos cofres públicos — do que deixá-lo passar impune.
10) A isenção do castigo redefine o ato, tirando-lhe o atributo criminoso. E isso significa alguma coisa extremamente importante, porque nos ensina que um ato ilegal não é, em si mesmo, um crime, ainda que corresponda à descrição que dele oferece o Código Penal.
11) A expropriação conduzida pelo Estado é legítima. O direito da propriedade é daquele que se mostra mais forte, mais violento, escondendo a violência sob a vontade e prática posta em marcha por essa vontade — de cuidar, proteger, defender, dar segurança, educar, controlar e disciplinar.
Tirar algo de alguém, contra sua vontade — algo sobre que essa pessoa tem direito legal pode ou não ser considerado um crime, a depender do contexto. 
12) A questão relativa ao emprego de trabalho próprio ou alheio é relevante. O trabalho garante a legitimidade da posse da terra, ou seja, o uso direto constitui a base legítima da propriedade — segundo importante tradição do pensamento moral, político e jurídico. 
13) A experiência e um pouquinho de reflexão demonstram que ninguém é, necessariamente, para sempre e em essência, aquilo que foi ao agir de certo modo, alguma vez ou várias vezes, em etapas passadas de sua vida. Somos distintos de nossos atos e eles só ficam colados a nós pela memória e pelas atribuições sociais de responsabilidade (políticas, jurídicas, morais). Mudanças existem. São um fato.
Não é boa para ninguém essa rotulação, essa fixação do sujeito a seu próprio passado — e contra sua vontade. É ruim para quem cometeu um crime e busca encontrar caminhos que o levem para bem longe das condições que o conduziram à violência; e é ruim para a sociedade, que não quer a reincidência. Deve-se ter cautela e evitar as armadilhas da estigmatização, do preconceito, dos rótulos, das acusações que transfiram para o sujeito — ou sua natureza — os atributos de seus atos.
A definição de alguém como “ o alguma coisa” dificulta ou até mesmo impossibilita as pessoas de evoluírem, fazendo com que elas se prendam ao estereótipo dado por atos cometidos em momentos da suavida. Esta designação do que se é, acha ser, congela a pessoa atribuída em uma forma que não se remove, taxando como algo perpétuo e muitas das vezes constrangedor. Estamos em constante evolução, e o reconhecimento e incentivo da mudança do outro é essencial para aclarar o quão diferente e capaz somos em nos tornamos cada vez melhor.
14) Segregação social. Mostra que a Justiça não é tão cega quanto se apregoa, isto é, não trata todos com equidade. Certo, a Constituição proclama que todos são iguais perante as leis. Somos todos cidadãos. Por isso, com orgulho, declaramos que vigora, em nosso país, o Estado democrático de direito. Entretanto, na prática, uns são “mais iguais” que outros. A desigualdade no acesso à Justiça é nosso maior motivo de vergonha perante o que se convencionou chamar “mundo civilizado” e constitui a mais mesquinha, cínica e cruel manifestação de desrespeito coletivo que ainda toleramos no Brasil. Ela começa com a abordagem policial (que varia de acordo com classe social, cor da pele, vestuário, idade e gênero do abordado) e termina com a sentença determinada pelo juiz, e o cumprimento da pena, mas também passa pela eficiência na garantia de direitos, que varia de acordo com a classe social daqueles que os reivindicam.
No Brasil, a desigualdade na relação com as instituições da Segurança Pública e da Justiça criminal é tamanha e tão despudorada que se chegou ao cúmulo de aceitar a existência (durante décadas e até hoje) de uma lei que garante cela especial a quem fez faculdade, caso seja preso.
15) A dúvida do seu próprio valor que gradativamente que o leva a acreditar que não está ali à toa. Talvez ele pertença àquele lugar. Talvez ele o mereça. Talvez ele não tenha mesmo valor. Convencido de que deve identificar-se com a pior imagem que poderia formular de si mesmo, o adolescente termina acreditando na mensagem que o meio e os outros lhe transmitem, e passa a se comportar de acordo com a imagem que ela constrói. O jovem volta ao convívio da sociedade repleto de ódio, mágoa, ressentimento, com a autoestima devastada e, não raro, disposto a merecer o estigma que a Justiça carimbou em sua testa. Já que o supõe violento, criminoso, irrecuperável, o adolescente prepara-se para agir em conformidade com o que esperam dele, podendo se envolver com coisas piores do que as que o levou a entrar na entidade socioeducativa, muitas vezes irreversíveis.
16) O efeito perverso da lei gerou problemas psíquico, oportunidade de socialização no mundo do crime, estímulo para o desenvolvimento das piores potencialidades. Depois da internação, a segurança do jovem e da sociedade passou a correr mais riscos, não menos. Ele estará mais vulnerável a não conseguir emprego, a manter-se longe da escola e a envolver-se com o tráfico — como forma de sobrevivência e de manifestação do rancor provocado, em seu espírito, pelo tratamento que lhe foi conferido.
Pode-se perceber que a violência está em tudo que engloba o sistema, desde o desencadeamento à conclusão dos fatos, não havendo apenas um culpado e sim uma cascata de responsáveis, mesmo que de forma inconsciente.
17) A definição de alguém como “o alguma coisa”, “o criminoso”, o resultado é que quem cometeu o crime é pregado na cruz de seu mal feito, impossibilitando-se, assim, de mover-se, livrar-se desse “eu” que praticou o crime ou a violência. Por mais que o culpado pelo ato criminoso deixe de se identificar com esse “eu”, a sociedade acusadora força-o a mirar-se nele. O rótulo que a sociedade prende em seu pescoço — “o criminoso”, “o violento” — resiste às mudanças que o sujeito se esforça por empreender, caso tente se libertar da violência e de seu passado.
A estigmatização não é boa para ninguém, essa fixação do sujeito a seu próprio passado — e contra sua vontade, é ruim para quem cometeu um crime e busca encontrar caminhos que o levem para bem longe das condições que o conduziram à violência; e é ruim para a sociedade, que não quer a reincidência.
18) A consequência pode ser um sansão inadequada, já que o fato foi analisado superficialmente. 
19) Para que haja julgamento do fato ocorrido é necessário que as descrições una atos, pessoas, intenções, motivações, contextos e histórias mais abrangente. A justiça criminal é dada em relação a esses quesitos, ao que converge. Tudo isso carrega um componente que costumamos denominar de subjetivo: a interpretação e reinterpretação.
20) A mais perfeita das decisões deixa sempre um rastro de incerteza, uma película fina de inquietação, uma sombra remota de dúvida. Afinal não estamos lidando com uma ciência exata. E mesmo esta falha. Tanto que evolui, corrigindo-se, ao longo do tempo. Se pode haver avanço na ciência, ela pode estar errada de um ponto de vista ainda ignorado, que o futuro eventualmente estabelecerá.
 
21) Para o autor uma lei tem de ter valor universal e não pode ser feita apenas para casos particulares, e não há como formular uma lei que imponha pena de morte, uma vez que ela não teria como identificar as condições gerais que garantissem, para todos os casos do mesmo tipo, a certeza absoluta e a evidência absolutamente irrefutável.
22) O autor exemplifica que ainda com os grandes números e prova de que há desigualdade social, para o estado isso não existe. Eles insistem em dizer que a verdadeira equidade existe, e que as oportunidades são iguais, ao menos para as crianças. 
23) O Sentido da punição é uma "correção", de modo que a pessoa não venha praticar aquilo novamente. É mais relacionado ao castigo do que a vingança.
24) Para o autor o fato é que a Justiça criminal com a qual convivemos cercou-se de pudor, privilegiou aspectos racionais e alterou o ponto de incidência da pena: do corpo para a mente; do passado para o futuro; do
indivíduo para o social.
25) Prevenir futuros delitos. No caso a punição é aplicada anterior aos fatos mais extremos de modo que conscientize o "criminoso". Fazer justiça nem sempre é aplicar uma pena, mas também prevenir que venham surgir futuros criminosos. 
26) O método atual, além de não ser eficaz no convencimento de quem está disposto a
delinquir, produz efeitos negativos no condenado, porque humilhações e sofrimento dificilmente conduzem ao arrependimento e ao enobrecimento do espírito. Normalmente, produzem efeitos contrários aos desejados: aprofundam ressentimentos e anseio por vingança. 
27) A linguagem moderna seria uma imagem mascarada das penas aplicadas no Brasil. Todas humilhações e violências físicas e mentais são aplicadas indiretamente. Ou seja, temos uma realidade parecida, porém oculta por essa " linguagem moderna".
28) Questão incompleta. 
29) Essa forma de tratamento gera ódio e deprecia a autoestima do prisioneiro, para uma real mudança a pessoa tem que saber do seu valor e isso só acontece se ela é valorizada também pelos outros. Só se conscientizando sobre seus valores positivos uma pessoa consegue, de fato, uma transformação pessoal e uma revisão crítica e construtiva do seu passado e toda sua trajetória. 
30) A fórmula tem a sua sabedoria ao subordinar a vingança ao limite estabelecido por
um cálculo. Graças a ela, a justiça de uma reação poderia ser medida. A frase “olho por olho, dente por dente” estipula a equivalência como princípio. Não proíbe a reação, mas a domestica e a educa. E cria um método para medir o mal cometido: a extensão de seus efeitos destrutivos. Se um ato provoca a perda de um dente, a reação razoável seria a perda de um dente por parte do agressor. Um dente vale um dente. Fácil entender. As duas unidades trocadas são dentes, isto é, são iguais. Ou melhor, são perdas de dentes, quer dizer, perdas iguais, de mesma importância (ou quase, porque os dentes podem ser diferentes e ocupar posições distintas na boca, cumprindo funções diversas, o que torna alguns mais valiosos do que outros).
31) Nós acabamos nos acostumando com essa troca de crimes por tempo de privação de liberdade — e também com penasde outros tipos, como prestação de serviços à comunidade, multas, suspensão provisória e seletiva de direitos etc. Esquecemos que não há qualquer base objetiva, ou qualquer razão ou fundamento natural, para que a sociedade troque como se fossem equivalentes e proporcionais atos que considera criminosos por tempo de prisão. Enquanto acreditarmos nos mitos que herdamos, permitiremos que, em nosso nome, a arbitrariedade se reproduza indefinidamente.
 
32) O problema é que vigoram dois pesos e duas medidas. O peso da mão do Estado
sobre o indivíduo que transgrida é incomparavelmente mais ágil do que a intervenção que a Justiça e o Ministério Público promovem contra o representante do poder Executivo que contraria a legalidade. São raros os juízes das varas de execução que cumprem com rigor seu dever e efetivamente fiscalizam o sistema penitenciário. Se o fizessem, estes juízes se veriam com frequência diante da necessidade de determinar a remoção de presos, a libertação de outros e a interdição de cadeias públicas e penitenciárias.
33) É citado no texto que a responsabilidade de um crime nem sempre é total do agressor, deve ser feita toda uma análise pessoal, social, porque muitas vezes o agressor também pode ser uma vítima da sociedade/estado. Ou seja, em alguns casos, o ato criminoso tem uma corresponsabilização. 
34) Esse nível de cumplicidade não seria possível se o Judiciário não lavasse as mãos tantas vezes quando os acusados são policiais e as vítimas são exatamente aquelas pessoas que nos acostumamos a ver no lugar do réu. Finalmente, as drogas provocam uma quase guerra urbana, porque sua demanda e oferta são tratadas como questão de polícia e Justiça criminal, porque a lei criminaliza seu uso e comércio, em nome de uma suposta vontade de defender a saúde da população. Mas os legisladores que aprovaram essa lei não explicaram porque não proibiram bebidas alcoólicas, já que seu impacto na saúde da população é muito maior.
35) Se os limites entre o legal e o ilegal estão borrados, não resta nada a fazer? Estamos irremediavelmente condenados a viver nessa confusão, em meio a um festival de mentiras, hipocrisias e preconceitos? Temos de nos resignar e tolerar um mundo em que nada é claro e tudo é cinza, em que nenhuma instituição merece irrestrita
Confiança? Resta alguma alternativa? Vale a pena lutar por ela? São estas as questões citadas pelo autor. 
36) O resultado foi o endurecimento da resistência armada, a intensificação da violência do tráfico, o investimento em armas de guerra cada vez mais potentes e a difusão de um comportamento bárbaro e inusitado: a caça a policiais, mesmo àqueles sem participação nas invasões das favelas e sem qualquer envolvimento nos assassinatos dos jovens suspeitos de fazer parte de facções criminosas cometidos naquele período. Esses assassinatos de suspeitos por policiais são denominados execuções extrajudiciais.
37) A questão das saídas é fundamental quando o engajamento em práticas criminosas
envolve a adesão a um estilo de vida e o ingresso em um grupo, dotado de identidade e código de lealdade próprio. Quando se trata de tráfico armado que controla territórios, tiraniza moradores empregando meios violentos e complementa a renda cometendo diferentes tipos de crimes, a relação entre o autor e seu ato criminoso não é direta, decorrente apenas de decisão individual, circunstância favorável, oportunidade e condições adequadas
38) É sobre uma realidade mascarada. Alguns exemplos podem ser usados em nosso judiciário, em relação a alguns processos, que são julgados e determinados sem uma completa analíse e pesquisa sobre os fatos que os antecedem. 
39) Em primeiro lugar, deve-se pensar na vítima. É ela quem sofre o dano físico ou moral, ou o prejuízo, e é a ela que devem se dirigir as preocupações prioritárias. Ela merece a mais ampla reparação possível. Ela, sua rede familiar e sua comunidade devem constituir o centro das atenções. O objetivo deve ser minorar a perda ou o sofrimento provocado pelo ato criminoso. Em segundo lugar, o autor do ato deve estar envolvido no esforço de reparação. A chamada Justiça restaurativa desenvolveu várias modalidades de atividades reparadoras com a participação dos autores dos crimes e já existe um grande material disponível na internet sobre o assunto, assim como uma vasta bibliografia. O terceiro elemento a considerar é o futuro: como evitar que a experiência destrutiva se repita seja pela reincidência — circunstância em que o mesmo agressor voltaria a agir do mesmo modo —, seja pela prática desses atos negativos por outras pessoas? Para que o processo de reparação da vítima cumpra essa finalidade preventiva, seria interessante realizar atividades que envolvessem os autores de delitos e que divulgassem de forma efetiva valores ligados à cultura da paz, aos direitos humanos e à legalidade constitucional. Um exemplo positivo que estimulasse outras linhas de comportamento. O quarto ponto diz respeito ao que poderíamos denominar corresponsabilização. Está errado inverter a equação e definir o agressor como vítima. Mas também seria um equívoco atribuir toda a responsabilidade exclusivamente ao agressor. Não devemos nem passar a mão na cabeça do agressor, adotando uma postura paternal, nem isentarmos de responsabilidades, enquanto sociedade e Estado, pelo que acontece à nossa volta. Nesse sentido, as violências dizem respeito a todos nós, sociedade e Estado — e por Estado quero dizer governos, Judiciário, Legislativo. Temos de nos perguntar o que é que estamos fazendo, coletiva e individualmente, para reduzir ou provocar a violência. 
40) Embora tenha realizado apenas uma leitura dinâmica do livro, foi um trabalho muito proveitoso. Compartilho de grande parte das opiniões do autor e várias questões me levaram a reflexão, pretendo adquirir o livro e fazer uma leitura mais afunda.

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