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Introdução à Bíblia Os Evangelhos (vol. IV)

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I N T R O D U Ç Ã O À B I B L I A
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COM ANTOLOGIA EXEGÉT1CA
Direção gerai:
l \ TKODORICO BALLARINI, O .F .M .G ap .
M e m b r o do C o lé g io T e o l ó g i c o d e B o lo n h a
Co-diretores:
pura o A. T. p a ra o N .T .
SI 1I ANO VIROULIN P. STANISLAS LYONNET, S . ] .
I*i ii iflllc1lu I ' i i lveiHliIndo U r h a n i n n a — R o m a D e c a n o d a F a c u l d a d e B íb l i c a n o P o n t i f í c io
I n s t i t u to B íb l ic o — R o m a
IV
edltOra V O Z E S lim itada
IV trópolis
1072
OS EVANGELHOS
Colaboraram:
LEONE ALGISI 
GIACOMO DANESI 
LUIGI MORALDJ 
P1ERO ROSSANO 
GIOVANNI SALDARINI
T raduziu :
PE. IOAO EVANGELISTA MARTINS TERRA, S.J.
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BIBLIOTECA
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E t G E TRAÇO
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editora VOZES limitada 
P etrópo lis 
1972
T ítu lo do orig inal ita lia n o : 
IN T U O D U /IO N E ALLA B1BBIA: IV. I VANGELI
•,i|iyi'Í!',lil o' |0(i2 by M arietti E ditori Ltd., T orino , Itália
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Faculdade de São Bento - RJ 
Biblioteca
í Tombo Data
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1 M I’ R ! M A T U R
I v i tó p o l i s , 3 de j u n h o de 1970 
Almo:. F . G en t i l C o s t a 
VigArio G e r a l
I, i 1 ‘ »7;> d a I r . i d i i i . ; u > |>m l n g i i r - i 
b y c d i l d r u V d / l . S I m o l a d a
A P R E S E N T A Ç Ã O
pelo Revmo. Padre 
Atanásio Miller, O . S . B .
E s T A Introdução é a primeira, em língua italiana,1 a tratar dos prin­
cipais problemas bíblicos de modo amplo, científico e moderno, E' de 
todos conhecido o desenvolvimento dos estudos escriturísticos sob o pon­
tificado de Pio XII. D o início ao fim de sua atividade fêz-se o grande 
Pontífice arauto e promotor incansável de um progresso firmemente an­
corado na tradição eclesiástica e que utilizasse os métodos mais recen­
tes da investigação filológica e arqueológica, na superior certeza de que 
nenhuma oposição poderia surgir entre os resultados definitivos de uma 
investigação verdadeiramente científica e os dados da Fé cristã.
Assim impulsionados, rejuvenesceram em tôda a Igreja católica o 
amor pela S. Escritura e de modo particular os estudos bíblicos. Ao 
mesmo tempo, com espírito tranqüilo e o paternal encorajamento do 
mesmo Pontífice, enfrentavam-se «as graves dificuldades que ainda hoje 
preocupam as mentes dos exegetas católicos» (Enc. Divino Afflante 
Spiritu, EB 563).
Com o fim de utilizar didàticamente o renovado patrimônio cientí­
fico, para concretizar as diretrizes pontifícias e atalhar inevitáveis crises 
de progresso, e sobretudo para facilitar aos sacerdotes e aos aspirantes 
ao sacerdócio o encontro com o Livro Sagrado dentro do estado atual 
dos conhecimentos, a Pontifícia Comissão Bíblica deu a lume, a 13 de 
maio de 1950, a conhecida Instrução sôbre o ensino da S. Escritura nos 
Seminários e nos Escolasticados religiosos. Dedicava-se aí particular aten­
ção ao Lente, ao qual se inculca, em vista de sua especial tarefa de me­
diação entre o mundo da ciência e o da formação dos alunos, o dever 
de um estudo assíduo e de uma acurada atualização, sem a qual bem 
depressa ficaria inapto para aquilo que dêle esperam os sacerdotes e os 
próprios fiéis. A uma sólida formação científica, sempre renovada, deve 
aliar-se nêle uma prudência iluminada e clara, que saiba discernir, para 
os fins didáticos, entre o dado seguro e imutável da fé e os resultados 
ora certos, ora apenas prováveis ou provisórios, da pesquisa científica.
1 N . d . T r a d . : T a m b é m em p o r t u g u ê s n ã o d i s p o m o s a t é a g o r a de o b r a s s e m e l h a n t e s . E s ­
p e r a m o s que , ao l a d o de o u t r o s m u i to s e d iv e r s i f i c a d o s t r a b a l h o s q u e a u g u r a m o s s u r j a m pelo 
B r a s i l q u a n t o a n t e s , p o s s a e s t a I n t r o d u ç ã o c o m s e u s a m p l o s 5 v o lu m e s c o n t r i b u i r p a r a c r i a r 
e n t r e n ó s a q u e l a i n f r a - e s t r u t u r a d e i n s t r u m e n t o s b á s i c o s n e c e s s á r i a p a r a u m f lo r e s c i m e n t o d a s 
c i ê n c i a s e s c r i t u r í s t i c a s em n o s s o m e io .
s IN TRO D U Ç Ã O À BÍBLIA
Os autores desta Introdução são todos Professores de S. Escritura 
em Seminários ou Faculdades teológicas italianas, e tencionaram traba­
lhar lealmente no espírito e segundo as diretrizes da citada Instrução, 
visando principalmente os sacerdotes e as pessoas de cultura. Propuse­
ram-se, ao mesmo tempo, fornecer a todos aqueles Lentes que, por mui­
tas e justificadas razões, bastas vêzes não têm a possibilidade de se 
dedicar aos estudos de S. Escritura com aquela disponibilidade que a 
Instrução almejaria, uma informação ampla e segura sôbre os principais 
problemas, e ainda um subsídio didático para preparar as suas aulas, 
sem temor dos fatos, sem confundir os resultados adquiridos com os 
apenas provisórios, sem aumentar mas também sem «atenuar ou dissi­
mular as dificuldades que aqui e ali ainda subsistem» (EB 600).
Com muita satisfação notamos que a obra se alinha perfeitamente 
com aquelas normas que por sua vez o S. Padre João XXIII recente­
mente apontava aos estudiosos e professores de S. Escritura: «Serie­
dade, solidez, lealdade científica do estudo e do ensino, e ao mesmo 
tempo absoluta fidelidade ao sagrado depósito da Fé e ao magistério 
infalível da Igreja» (Alocução no 509 aniversário de fundação do Pon­
tifício Instituto Bíblico, 17 de fevereiro de 1960).2
Fazemos votos que esta obra, que em tão altas diretrizes se ins­
pira, possa contribuir eficazmente para a difusão de um conhecimento e 
de um amor sempre maior pela Palavra de Deus.
Rom a, fèsta de S. A gostinho, 28 de agôsto de 1960.
S ecretário da Pontifíc
ia C om issão Bíblica
* M il T t m l . : d . KHII :'M r,it .
i
ADVERTÊNCIA
Segundo as linhas programáticas da série de que fa z parte, o pre­
sente volume pretende levar as pessoas cultas a uma inteligente e pro­
fícua leitura dos Evangelhos. O leitor é convidada a ter sem pre sob os 
olhos o texto sagrado em língua original ou numa boa tradução.
Por razões contingentes, neste volume a parte exegética foi reduzi­
da ao mínimo. Avisam os que não será assim nos outros volumes, mas 
haverá um manejo assaz mais amplo.
O estado atual do estudo dos Evangelhos, especialmente pelos no­
táveis progressos realizados no setor bíblico nestes últimos anos, em 
muitas questões é um tanto fluido. O leitor atento, cônscio da delica­
deza do sujeito, não tomará como axioma o que de caso pensado foi 
apresentado de modo hipotético, nem julgará como certa, uma solução 
apresentada como possível.
Nem tôdas as dificuldades foram solucionadas; algumas talvez nunca 
o serão. Todavia, como solenemente afirmou Pio XII (Divino afflante 
Spiritu, D P 27, n- 25) : “Êste estado de coisas não é motivo para que
o intérprete católico, animado de amor efetivo e forte para com sua
ciência, e sinceramente dedicado à Santa M adre Igreja, deixe de arcar 
uma ou outra vez com as questões difíceis até hoje insolúveis". Foi isto 
que se procurou cumprir com a intenção de dar uma contribuição para 
utilidade de todos e para o crescente progresso do conhecimento do 
Evangelho.
L. M.
ABREVIAÇÕES E SIGLAS
I. L ivros da Sagrada E scritura
Abd A bdias
Ag Ageu
Am Amós
Apc A pocalipse de S. João
B ar B aruc
C ânt C ântico dos C ânticos
Col E písto la aos C olossenses
lC o r 1* E písto la aos C oríntios
2C or 2* E písto la aos C oríntios
lC rô n 1? Livro das C rônicas (na Vul- 
g a ta : P aralipôm enos)
2Crôn 2? L ivro das C rônicas
D an D aniel
D t D euteronòm io
Ecle E clesiastes
Eclo E clesiástico
E f E písto la aos E fésios
E sd E sd ras (1? de E sd ras)
E st E ster
Ez Ezequiel
Ex Exodo
Fim E písto la a Filêmon
Flp E písto la aos Filipenses
G ál E písto la aos G ála tas
Gên G ênesis
H ab H abacuc
H br E písto la aos H ebreus
Is Isaías
Jd t Judite
Jer Jerem ias
Jo João (E vangelho)
l j o 1* E písto la de S. João
3Jo 2l E písto la de S. João
2Jo S* E písto la de S. João
Jó Jó
J1 Joel
Jon Jonas
Jos Josué
Ju E písto la de S. Judas
Jz Juizes
Lam L am entações
Lc Lucas
Lev Levítico
IM ac P Livro dos M acabeus
2Mac 29 Livro dos M acabeus
Mal M alaquias
Mc M arcos
Miq M iquéias
Mt M ateus
N a N aum
Ne N eem ias (2° de E sd ras)
Núm N úm eros
Os O séias
lP d r 1* E písto la de S. Pedro
2P dr 2* E písto la de S. Pedro
Prov Provérb ios
Rom E písto la aos Rom anos
lR s P Livro dos Reis
2Rs 2'> Livro dos Reis
Ru Rute
Sab Sabedoria
ISam P Livro de Sam uel
2Sam T' Livro de Samuel
SI Salm os
Sof Sofonias
IT es 1* E písto la aos T essalonicenses
2T es 2" E písto la aos T essalonicenses
T g E písto la de S. T iago
IT im P E písto la a T im óteo
2Tim 2* E pisto la a T im óteo
T i E písto la a T ito 
T ob T obias
Zac Z acarias
II. S ig las das R evistas, D icionários, etc.
AAS A cta Apostolicae Sedis
AASOR The A nnua l o f the Am erican Schools o f O riental R esearch
Acme Acm e
A ctO r A cta O rientalia
A eg A egyp tu s
Aev A evum
AfO A rchiv fü r O rientforschung
12 IN TRO D U Ç Ã O À BÍBLIA
AIBL Acad. des Inscrip tions e t des B elles L ettres, C om ptes rendus
AJA The A m erican Journal o f A rchaeology
AJP A m erican Journal o f P hilo logy
A JSL(L) A m erican Journal o f Sem itic L anguages (and L ite ra tu re s) ; an tes se 
cham ava H ebraica; so freu várias tran sfo rm ações; to rnou-se ag o ra 
JN E S (ve ja)
A JTh The A m erican Journal o f Theo logy
ALMA A rchivum L a tin ita tis M edii A ev i
AmCl A m i du Clergé
A N ET A ncien t N ear E astern T ex ts R ela ting to the Old T estam en t
A ng A ngelicum
A NLR(M ) Accadem ia N azionale dei Lincei. R endicanti (ou M em orie)
A nOr A nalecta Orientalia
A nt A ntonianum
AO D er A lte O rient
AOB A ltorientalische T ex te und B ilder zum A lten T estam en t, II: Bilder, 
de H. G ressm ann, 2* ed.
AOF A ltorientalische F orschungen de H. W inckler
A OT Altorienta lische T ex te zum alten T estam ent, I: T exte , coligidos por 
H. G ressm ann
ARM A rchives R oyales de Mari
A rO r A rchiv Orientálni
AtA A lttestam entliche A bhandlangen
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BA The Biblical A rchaeolog ist
BALCL B ulletin d ’A ncienne L ittéra ture Chrétienne Latine
BASOR B ulletin o f the A m erican Schools o f O riental Research
BBLA B eitrãge zur biblischen L andes- und A ltertum skunde
BDS H ebrew and E nglish Lexicon de B row n-D river-B riggs
B FC T B eitrãge zu r F õrderung christlicher Theologie
Bibl Biblica
B JPES B ulletin o f the Jewish P alestine E xplora tion Society
BJRL B ulletin o f the John R y la n d ’s L ibrary
B iSa Bibliotheca Sacra
BK B ibel und Kirche
B LitE B ulletin de L ittéra ture E cclésiastique
BO B ibliotheca O rientalis
B O r B ibbia e O riente
BRL B iblisches R eallexikon de K. G alling
BSL B ulletin de la Société de L ingaistique de P aris
BSOS B ulletin o f the Schools o f O riental S tud ies
BSt Biblische S tud ien
B ullEtA r B ulletin des E tudes A rabes
BVC Bible e t Vie Chrétienne
B W A (N )T B eitrãge zur W issenscha ft vom A lten (und N eu en ) Testam en t
BZ B iblische Z eitschrift
BZAW B eihefte zur Z A W
BZNW B eihcfte zur Z N W
BZF Biblische Z eitfragen
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cr.slcn drri Jahrhundcrlc)
( Calliolir llibhciil (J tw ilc ilv
ABREVIAÇÕES E SIGLAS 13
( '( ' La Civiltà Cattolica
<T. Chronique d ’E gyp te
( I I C odex H am m urabi, edição D eim el-Pohl-Follet
Cli()R Church Q uarterly Review
CM Classica et M ediaevalia
C nN T C oniectanea N eotestam entica
Cmic Concilium , rev ista que se edita em 6 difer. línguas (tb . po rt.)
CRAIBL, veja AIBL
CSEL C orpus Scrip torum Ecclesiasticorum Latinorum
DACL D ictionnaire d ’A rchéologie Chrétienne e t de L iturgic
IHi D ictionnaire de la Bible
DBII A D ictionary o f the B ible de H astings-Selbie
DISNII D ictionary o f the B ible, N ew -H astings, de G rant-R ossley
DBS D ictionnaire de la B ible: Supplêm ent
D l./. D eutsche L itera turze itung
D P D ocum entos P ontifícios (V ozes)
DR Enchiridion Sym bolorum e t D efinitionum de D enzinger-R ahner
I)Th, D ivTh D ivus T hom as
DTIiC D ictionnaire de T héologie Catholique
EA Die el-Am arna Tafeln , 2 vols. publicados por J. A. K nudtzon
E li E nchiridion B iblicum
E líli E lenchus B ibliographicus B iblicus anexo a cada Volume anual dè
Biblica
Elíí E stúd ios B íblicos
EC E nciclopédia Cattolica
El Enciclopédia Italiana Treccani
EIsl The E ncyclopaedia o f Islam , 4 vols.
E | E ncyclopaedia Judaica
I I.S E nchiridion Locorum Sanctorum de D. Baldi
EDI., veja JEO L
EphThL E phem erides Theologicae Lovanienses
l t li E stúd ios E clesiásticos
EvQ E vangelical Q uarterly
EvTli E vangelische Theologie
Exp The E xpositor
ExpTm E xposito ry T im es
EE F orschungen und F ortschritte
EKJ.ANT F orschungen zu r R elig ion und L itera tu r des A lten u n d N etten Tesfa -
m ents
«.CS, veja CB
< íK H ebrüische G ram m atik de W . G esenius-E . K autzsch
(íKC G esenius’ H ebrew G ram m ar a s E dited and E n larged by the la te E.
K autzsch
D l.ECS G rottpe L inguistiquc d ’E tudes C ham ito-Sém itiques, C om ptes rendus
< o cg G rcgorianum
<iNAI Giornale delia Società A sia tica Italiana
M .nvTliR T he H arvard Thcological Review
l i o Ilandbuch der O ricntalistik
M'« llo ra e Sddcrblom it/nae
IIDCA H ebrew Union College A nnual
II ./ Inlcrniitionule
kirehliche '/.eitsehrift
1111 i-i I >1 In lerprehdion
l l . i q l l l l l )
I I h D l r i : d i I h c o l i i g i e t i l ( J i n u l r r l y
l / s i l i Internationale Zeitschriftenschau
|A Journal A sia tíque
JAOS Journal o f the A m erican O riental Society
JbACIir Jahrhuch fü r A n tike und C hristentum
JBL Journal of B iblical L iterature
JBR The Journal o f B ible and Religion
JC S Journal o f C uneiform S tud ies
JEA The Journal o f E gyp tian A rchaeology
JE O L Jaarbericht van het V oorazia tisch-E gyptisch G euootschap E x O riente
L u x
j jS The Journal o f Jew ish S tud ies
JK F Jahrbuch fü r kleinasiatische Forschung
JN E S Journal o f N ear E astern S tud ies: substitu i A J S L (L ) desde 1942
JPO S Journal o f the P alestine O riental Society
j Q R Jew ish Q uarterly Review
J R The Journal o f Religion
JRAS Journal o f the R oya l A sia tic Society
JSO R Journal o f the Society o f O riental Research
jS S ^ h e Journal o f Sem itic S tud ies
JT h S t Journal o f Theological S tud ies
KS K irja th Sepher
KZ K irchliche Z eitschrift
Lesh Leshonenu (em hebraico)
LexThK Lexicon fü r Theologie und Kirche
LumVi Lum ière et Vie
MAB M anuel d ’Archéologie biblique de A.-G. B arro is
MAOG M itteilungen der Á ltorientalischen G esedschaft
M FOB M élanges de la Faculte O rientale de B eyrou th , desde 1D06; ago ra
to rnou-se M U S]
M NDPV M itteilungen und N achrichten des dcutschen P alãstina-Vereíns
M us (L e) M uséon
M USJ M élanges de l’Univ. de S t. Joseph, continuação de M FO B
M uTZ M ünchener Theologische Z eitschrift
MVAG M itteilungen der V orderasia tisch-A egyptischen G csellschaft
NA N eutcstam entliche A bhandlungen
N ed T T N edertands Theologisch T ijdschrift
NR A N ouvelle R evue A pologétique
N R T h N ouvelle R evue Théologique
N T N ovum T estam entum
N TA N ew T estam en t A bstrac ts
N T S t N ew T estam en t S tud ies
N T T N ieuw Theologisch T ijd sch rift Ç
OLZ O rientalistiche L itera turze itung
OM U O rien te M oderno
O r Orientalia
O rC hr O riens C hristianus
O riens O riens
O TM S The O ld T estam en t and M odem S tudy , a G cnrration o f D iscovcrv
and Research 
O T S Oiidte.stamcntise.hc S tnd ién
Paideia Paideia
PH F P alestine E xploration Fund, Q nm icrly S lu lem ent
PE Q P olcstiuc Exploriitinn (J tuu tc tly
I I INTRODUÇÃO À BÍBLIA
Á
ABREVIAÇÕES E SIGLAS 15
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l-JB P alãstinajahrbuch
l ‘l. P atrologia Latina (M igne)
1’I.S Patro log ia Latina, Supplem entum
l ’K P ergunte e R esponderem os
l-SBA P roceedings o f the Socie ty o f B iblical A rchaeology
P au ly -J *\V Real-E ncyclopàdie der klassischen A ltertum sw issenscha ft de 
W issow a
(,)DAP The Q uarterly o f the D epartm ent o f A ntiqu ities in Palestine
i v A R evue d ’A ssyrio tog ie et d’Archêologie O rientale
RAChr R eallexikon fü r A n tike und C hristentum
KM í R evue B iblique
KMicn R evue Bénédictine
KM i: R evista de C ultura B íblica
1V t ‘ I •' R evue da Clergé Français
r c t R evista de C ultura Teológica
r i -r. R evista Eclesiástica Brasileira
i ’ i 1 R evue des E tudes ju ives
RES R evue des E tudes Sém itiques
r g g D ie R elig ion in G eschichte und G egenw art
KM fA R evue H ittite c t Asia tique
KM IE R evue d’H istoire Ecclésiastique
R IIPhR R evue d’H istoire et P hitosophie R eligieuses
KM IR R evue de 1’H istoire des R elig ions
J V l ■ 1 > í R evista Bíblica
K-ii'.i R ivista Biblica
RI. A Reallexicon der A ssyrio logie
El) R evue de Q um rân
E S I) R ivista degli S tud i O rientali
ENPhTh Revue des Sciences P hilosophiques et Théologiques
RSR Recherches de Science R eligieuse
l li, RThom Revue Thom iste
KThPh R evue de Théologie et de P hitosophie
líTK Reatencyclopãdie fü r profestantische Theologie und Kirche
EvSR R evue de Sciences R elig ieuses
La Scuola C attolica r -.-i
' .cr Scrinium
,1 I li Stud ia Theologica
' .mu Sum er
'■VI Syria
■./ Stim m en der Z eit
1 .ii 1) T arbiz (em hebraico)
i iii;i Theologische B lã tter
i h i ; Theologie und Glaube
1 UI.Z Theologische L itera turze itung
1 hpQ Theologisch-praktische Q uartalschrift
1 lil) Theologische Q uarta lschrift
1 liK' Theologische R evue
1 lilúl Theologische Rundschau
1 liSI Thcotogicul S tm lirs
l 11'. 1K Theologische Sluilieu und K rilikcn
1 liW NT Tlieologisclies W ói lei huch rum N euen T estam ent, começado por G.
Killt-1
T hZ Theologische Z e itschrift
VCh Vigiliae C hristianae
VD V erbum D om ini
VP Vivre e t Pertser ( = RB nos anos 1941 ss)
VSp Vie Spirituelle
V T V etus T estam en tum
W oW a W o rt und W ahrheit
W ZKM W iener Z e itschrift fü r die K unde des M orgenlandes
ZA Z eitschrift fü r die A ssyrio log ie und verw andte G ebiete
ZASA Z eitschrift fü r die A egyp tische Sprache und A ltertum skunde
ZAW Z eitschrift fü r die A lttestam entliche W issenscha ft
ZDM G Z eitschrift der D eutschen M orgenlãndischen G eseltschaft
Z D PV Z eitschrift des D eutschen P alãstina-V ereins
Z kT h Z eitsch rift fü r ka tholische Theologie
ZN W Z eitschrift fü r die neutestam entliche W issenscha ft und die der ültercn
Kirche
Z syT h Z eitschrift fü r system atische Theologie
Z TK Z eitsch rift fü r Theologie und K irche
Z w T h Z eitschrift fü r w issenschaftliche Theologie
16 IN TRO DU Ç ÃO À BÍBLIA
III. Abreviações várias
A. AA. A utor, A utores
a . c. artig o citado
aC (a . C.) an tes de C risto
add. addit, acrescen ta
adj. adjetivo
apr. aproxim adam ente
A T (A .T .) A ntigo T estam ento
c. cc. capítulo, capítulos
cf. confer, confira, veja
cod. codd. códice, códices
dC (d .C .) depois de C risto
esp. especialm ente
h .l. hoc loco, neste lugar
Ibid. ibidem, rem ete a o b ra ou
a rtig o citado há pouco
i .l . in locum (loco)
Iat. versões la tinas
l.c . lu g ar citado
LXX V ersão g reg a dos Seten ta
m s m ss m anuscrito , m anuscritos
n. no ta
n» núm ero
N T (N .T .) Nôvo T estam en to
o .c . opera citata
om. om ittit, omite
par. parr . paralelo , paralelos
p. pp. pág ina , pág inas
p. ex. p o r exem plo
prec. precs. precedente, precedentes
s . a. sem ano
séc. século
s. ss. (segg .) seguinte, seguintes
subst. substantivo
s . v. sub voce (rem ete a di­
cionários ao verbete)
t. tom o
TM T exto hebraico m assoré-
tico
var. varian te
vb. verbo
Vg V ersão la tina V ulgata
vl V etus L atina
vol. vols. volume, volum es
V .T . V etus T estam entum
v. vv. versículo, versiculos
N .B . A sim ples referência t cf . p. . . . » (ou vide, ver, veja) rem ete à tal página 
do m esm o volum e cm que se lê a referência; ao invés, a indicação 
«vol. . . . . p. . . . » rem ete a algum outro volume desta Introdução.
s u b s í d i o s d i d á t i c o s p a r a o n o v o t e s t a m e n t o
H istória religiosa e civil
U. H o l z m e is t e r , Storia dei tem pi dei N aovo T estam en to (trad . 
ita liana e atualização de C. Z ed d a ) , T orino 1950; C. F. M o o r e , 
Judaism en the F irst C enturies o f the Christian E ra, I-III, Cam - 
bridge 1927-1930; M. J. L a g r a n g e , Le jada ism e avant fésus-C hrist, 
P a ris 1931; J. B o n s ir v e n , L e Judaism e palestinien au tem ps de 
Jésas-C hrist, I-II, P a ris 1934-1935; do m esmo au to r um a sín tese no 
DBS (trad . ita liana de G. M a r ig l ia n o , 11 G iudaism o palestinese a l 
tem po de G esú Cristo, T orino 1950); idem, T e x te s rabbiniques de 
deux prem iers siècles chrétiens pour servir à Vintelligence du N ou- 
veau Testam ent, Rom a 1955; D. D a u b e , T he N ew T estam en t and 
R abbinic fuda ism , London 1956.
G ram áticas para o grego do N ôvo T estam ento
F. M . A b e i ., G ram m aire du G rec B iblique, suivie d’un choix de 
P apyrus (E tudes B ibliques), P a ris 1927; M . Z e r w ic k , G raecitas B í­
blica
exem plis illustratur (S crip ta Pontificii Institu ti Biblici 92), 
Rom ae 1960; idem, A n a lysis philologica N ovi T estam en ti G raeci 
(S crip ta Pontificii Institu ti Biblici 107), Rom ae 1953, re im presso 
em 1960; F. B l a s s - A . D e BRUNn e r , G ram m atik des neu testam ent- 
lichen G riechísch3, G õttingen 1954; J. H . M o u l t o n - F . W . H o w a r d , 
A G ram m ar o f N ew T esta m en t G reek, I P rolegom ena3, E d inburgh 
1908, II Accidcnce and W ord-F orm ation, ibid. 1919-1929, III Syn ta x , 
de N. T u r n e r , ibid. 1963; G. B o n a c c o r s i , P rim i S agg i di filo ­
logia neotestam entaria , I T orino 1933, II (póstum o) ibid. 1950.
D icionários para o G rego do N ôvo T estam ento
F . Z o r e l l , L exikon G raecum N o v i T esta m en ti%, P a ris 1931, nova 
edição com apêndice de M . Z e r w ic k , ibid. 1 9 6 1 ; J. H . M o u l t o n - 
C. M il l ig a n , T he V ocabulary o f th e N ew T esta m en t illustrated 
from P apyri, London 1930, reed. 1 9 5 2 ; W . B a u e r , Griechisch- 
D eutsches W õrterbuch zu den Schriften des N euen T estam en ts 
und der iibrigen urchristlichen L itera tu r5, Berlin 1 9 5 8 ; da edição 
an te rio r da m esm a o b ra apareceu um a versão inglêsa com ad ap ta ­
ções ao s cuidados de W . F . A r n d t - F . W . G in g r ic h , A G reek- 
E nglish Lexicon o f the N ew T esta m en t and o ther E arly C hristian 
Literature, C am bridge-C hicago 1 9 5 7 ; G . K i t t e l - G . F r ie d r ic h , 
Theologisches W õrterbuch zum N euen T estam en t, I, S tu ttg a rd 1 9 3 3 ; 
II, 1 9 3 5 ; III, 1 9 3 8 ; IV, 1 9 4 3 ; V, 1 9 5 4 ; VI, 1 9 5 9 ; VII, 1 9 6 4 ; VIII, 
1968; IX (em curso de publicação ; está -se fazendo um a versão 
italiana, na E ditrice P aideia , B rescia 1 9 6 3 ) .
Concordâncias gregas e latinas
A. S c i i m o i u r , lla n d ko rko rd u n z zum griechischen N euen T esta - 
incnl", S l i i t tg n r d 1951; W. F. M o ih .t o n - A. S. G e d e n , A Concor-
IN TRO DU ÇÃO À BÍBLIA
dance to the. G reek N ew T e s ta m e n t\ E dinburgh 1926, com reim ­
pressões sucessivas; M. B e c h is , T otius Sacrae Scripturae Concor- 
dantiae. I-II, T au rin i 1887s.
D icionários bíblicos e a tlantes
F . V ig o u r o u x , D ictionnaire de la B ible I-V, P a ris 1905-1912; re to ­
m ada com ob ra p raticam ente independente p o r L. PiROT, D iction­
naire de la B ible: Supplém ent, continuado por A. R o b e r t e H. 
C a z e l l e s , P a ris 1928ss (a inda em publicação, le tra p ) ; H. H aag, 
B ibel-Lexikon , Zürich 1951-1956 (versões em holandês, francês, in­
glês, italiano, espanhol; p rep a ra -se a p o r tu g u ê sa ) ; F . S pa d a fo r a , 
D izionarío biblico, Roma 1955; J. L. M c K e n z ie , D ictionary o f the 
Bible, M ihvaukee 1965; P. L e m a ir e - D. B a ld i, A tlan tc storico delia 
B ibb ia2, T orino 1964.
Teologias do N ôvo T estam ento
J. B o n s ir v e n , Teologia dei N uovo T estam ento (versão do francês 
de G . M a r ig l ia n o ) , T orino 1952; M . M e in e r t z , Theologie des 
N euen T estam en ts, I-II, Bonn 1950. Ú teis nos m uitos aspectos a in ­
da as duas seguintes ob ras não -cató licas: E. S t a u f f e r , D ie T heo ­
logie des N euen T es ta m en ts4, S tu ttg a rd 1948; O. C u l l m a n n , 
C hristologie du N ouveati T estam ent, N euchâtel 1958.
Vida e pessoa de fe su s
G . R ic c io t t i , Vita de Gcsü Cristo, M ilano-Rom a 1941; L. de 
G r a n d m a is o n , La personne de Jésas et ses tém oins, P a ris 1957 
(redução da célebre ob ra em dois volum es); J. G u it t o n , Le problè- 
me de Jésus et Ics fondem ents du tém oignages chrétien, P aris 1050; 
Idem, Le problèm e de Jesus: D ivinité et Résurreciion, P aris 1953; 
as duas obras foram condensadas pelo p róprio au to r em um volum e: 
Jésus, P a ris 1956 (tradução ita liana na casa M arie tti) ; sôbre o 
processo contra Jesus, cf. B l in z l e r , D er P rozess Jesu: das jiidische 
und das rõm ische G erichtsverfahren gegen Jesus C hrisfus a u f G rund 
der ültesten Zeugnisse dargestellt und le u r te i l t ’’, R egensburg 1955. 
No cam po não-cató lico a escolha é um tan to difícil; as obras 
seguintes darão um a idéia exata das diversas co rren tes: R. O. P. 
T a y i. o r , The G roundw ork o f the Gospel, O xford 1946; M. A l b e r t z , 
B o tscha ft des neuen Testam ents, I-1II, Zollikon-Zürich 1947-1955; 
B o r n k a m m , Jesus von N azareth , S tu ttg a r t 1956; E. S t a u f f e r , Jesus, 
G estalt und Geschichte, Bern 1957.
PIER O ROSANO
d o S e m i n á r io M a io r de A lb a
Capítulo I
O AMBIENTE 
DE JESUS
D ivisão :
§ 1. As fontes.
§ 2. O domínio dos rom anos e dos 
Herodes.
§ 3. A organização religioso-civil do 
judaísm o.
§ 4. As divisões do judaísm o.
§ 5. D outrina e p rá tica religiosa.
T estem unhos e leituras.
I 9 O festim onium flavianum .
2 9 O s ‘m á‘.
39 O s°monch ‘esrêh.
49 D a R egra da C om unidade de 
Qum ran.
PÓRTICO
N o ano dècimo-quinto do império de Tibério César, sendo gover­
nador da Judéia Pôncio Pilatos, tetrarca da Galiléia Herodes, Filipe seu 
irmão tetrarca da Jturéia e da Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, 
sob o pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, 
filho de Zacarias, no deserto. E êle percorreu tôda a região do Jordão, 
pregando o batismo de penitência para a remissão dos pecados (Lc 3 ,1-3).
O exórdio solene com o qual Lucas, o historiador do Nôvo Testa­
mento, introduz a pregação do Batista, arauto do Messias, ao mesmo 
tempo que evoca vigorosamente o enquadramento cronológico e geo­
gráfico do acontecimento evangélico, indica também a natureza complexa 
da situação histórica na qual vai inserir-se a pregação de Jesus.
O império romano tinha estendido seu domínio e sua organização 
sôbre uma terra e uma nação que possuíam uma história e uma estrutura 
religíoso-civil única no mundo, as quais perduraram até então substancial­
mente autônomas, embora a civilização helenística tivesse impresso suas 
formas em alguns setores da vida e da cultura. Não é difícil deslindar 
e discernir no texto evangélico citado, diversamente entrelaçados, os três 
elementos culturais romano, helenístico e judaico.
Uma vista preliminar, ainda que sumária, sôbre tal situação é por­
tanto pressuposto indispensável para uma compreensão histórica e viva 
da pregação de Jesus.
1. AS FONTES
P a ra o conhecim ento do am biente evangélico dispom os hoje de um vasto cabedal 
de inform ações. M erecem um lu g ar de prim eira ordem os p róprios escritos do 
Nôvo T estam ento , sobre tudo os quatro evangelhos, cujo m aterial foi coligido ou 
redigido prim àriam ente em grande p arte no solo palestinense. As indicações que 
nos oferecem incidentalm ente acêrca dos usos, costum es, doutrinas, tradições e a 
situação político-social e geográfica do am biente têm um valor h istórico excelente 
com provado pelos m ais plausíveis testem unhos arqueológicos e literários.
Fontes arqueológicas 1. Inscrições. — P a ra as inscrições g reg as a ob ra
fundam ental é o Corpus inscriptionum graecarum , 
Berlim 1828, que continua nas Inscrip tiones graecae, Berlim 1873ss. As novas des­
cobertas estão coligidas no Supplem entum epigraphicum graecum , Berlim 1913ss. 
As inscrições latinas encontram -se no C orpus inscriptionum latinarum, cujo prim eiro 
volume foi publicado em 1863 (B erlim ), o últim o (o XVI) em 1936. As inscrições 
seiníticas estão coligidas no C orpus inscriptionum sem iticarum , P a r is 1881ss. Ao 
lado dessas g randes publicações existem co letâneas e an to log ias de inscrições esco­
lhidas segundo diversos pontos de v is ta ; recordam os: W. D it t e n b e r g e r , O rientis 
graeci inscriptiones setectae, Leipzig 1903-1905; idem,
Sylloge inscriptionum graeca­
rum, Leipzig 1915-1924; H. D e s s a u , Inscrip tiones tatinae setectae (1892-1916); 
1„ J a la b er t -R . M o u t e r d e , Inscriptions grecques et latines de la Syrie, P aris 1929- 
1939 (a publicação co n tin u a ); os textos concernentes aos Judeus da d iáspora foram 
coligidos por J. B. F r e y no C orpus inscriptionum judaicarum , I (E u ro p a ) , Roma 1936.
2. N um ism ática. — A obra m ais im portan te sôbre m oedas hebraicas é a de 
F. W. M a d d e n , Coins of the jew s, London 1903; a s m oedas g reg as em te rritó rio
palestinense foram recolhidas po r G. F. H il l , C atalogue o f the G reek Coins of
Ralestine, London 1914.
3. M onum entos. — Como as inscrições e as m oedas, tam bém os m onum entos 
nos a testam as condições relig iosas, sociais, civis e econôm icas da época que 
nos in teressa. E n tre a s obras clássicas c itam o s: P. T h o m s e n , K om pendium der 
palàstinische A ltertum skunde, T übingen 1913; idem, D enkm âler P alãstinas aus der 
Zcit Jesu, Leipzig 1916; idem, System atische B ibliographie der Palâstina-Literatur,
l.eipzig 1895 (continuam ente a tualizada a té aos nossos d ia s ) ; F. NÕ t s c h e r , B i­
blische A ltertum skunde, Bonn 1940; A . G . B a r r o is , M anuel cfarchéologie biblique, 
2 vol., P aris 1939-1953; H . V in c e n t -F . M . A b e l , jérusalem . R echerches de topo- 
graphie, d ’archéologie et déhistoire, II: jérusa lem nouvelle, P a ris 1914-1922; P. 
Le m a ir e -D . B a ld i, A tlan te storico delta B íblia, T o rino 1955; D. B a ld i, Enchiridion 
locorum sanctorum . D ocum enta S. E vangelii loca resp ic ien tia2, Jerusalém 1955.
Fontes literárias 1. Até há poucos anos não dispúnham os de pa-
judaicas piros palestinenses e de ou tros docum entos escri­
to s da época. A descoberta dos m anuscritos na
região de Qumrâri iniciada em 1947 abriu um capítu lo nôvo e inesperado na h istória
da arqueolog ia e da h istó ria n eo te s ta m e n tá ria .1
2. D a literatura rabinica, escrita e conservada sobretudo em aram aico , tem 
relação p a rticu la r com a idade do Nôvo T estam en to o Talm ude: não pelo seu 
valor histórico, m as enquanto é um verdadeiro corpus das trad ições m orais e ju r í­
dicas do judaísm o desenvolvido sob a Lei; a diversidade d o u trin ária entre os 
doutôres pa lestinenses e os doutores residen tes n a B abilônia deu origem a dois 
Tnlm udes, Palestinense e Babilônio, codificados o prim eiro no século IV dC, o 
segundo nos séculos V e VI.
1 Pnrn n» pulíllcnçAe* do» texto» cí. pp. 41-40.
24 CAPITU LO I: O A M B IEN TE DE JESU S
Os Talm udes com preendem a M ixná ( repetições da Lei) e a G uem ara (co­
m entário da M ixna com m uitos elem entos p róp rio s).
Aos T alm udes devem acrescen tar-se a T o se fta ( adições ou com plem entos da 
M ixná) com decisões e in terpre tações dos ou tros doutores, os M idraxim (com en­
tá r io s hom iléticos dos livros da B íblia) e o T argum (pl. T argum in ; tradução e 
in terpre tações da Bíblia em língua aram aica p a ra o uso das s in a g o g a s ) .2
3. O s apócrifos ju d a ico s3 com pilados en tre o século II aC e o século I dC nos 
revelam as crenças e asp irações do povo e particu larm ente de alguns am bientes. 
Uns contêm alusões veladas à h is tó ria política con tem porânea como os Salm os
de Salom ão, que refletem a tom ada do Tem plo por Pom peu no ano 63 aC e a
p erda da independência; a A ssunção (ou T estam en to ) de M oisés, claram ente hostil 
a H erodes e ao seu filho A rquelau; os T estam en tos dos 12 Patriarcas, com posição 
judeu-cristã (século II dC) insp irada em an tigos escritos hebraicos sem elhantes; 
a lgum as secções dos O ráculos sibilinos (livro te rc e iro ) .4
4. Um lugar de h on ra m erecem as ob ras de F il o de A lexandria e de F l á v io
J o s e f o , as duas personalidades que servem de ponte en tre o m undo judeu e o
helenismo.
F il o (25 aC-45 dC ± ) , em bora in teressando-se sobretudo pela exegese antigo- 
tes tam en tá ria e pe la filosofia p latonizante, tom ou parte ativa na vida do judaísm o 
contem porâneo, quer em qualidade de e tnarca da com unidade de A lexandria, quer 
como defensor dos hebreus em Roma d iante do im perador C alígula no ano 40 dC. 
T êm p articu la r in terêsse p a ra a h istó ria da idade do Nôvo T estam ento e dos 
im périos de T ibério e C alígula as duas apolog ias em defesa dos correlig ionários 
de A lexandria, i. é : C ontra Flaco e Legação a G aio . 5
De natu reza bem d iversa é a personalidade e a ob ra de F l á v io J o s e f o (37 /38- 
98 /103 d C ) : educado desde jovem na piedade farisaica e essena, teve o comando 
suprem o da G aliléia no início da g u e rra do ano 66; vencido e cap tu rado por 
V espasiano, to rnou-se cliente dos Rom anos e acom panhou o tr iun fado r T ito a Roma, 
onde se dedicou in teiram ente aos estudos com finalidades apologéticas p a ra o
judaísm o e aulico-elogiativas p a ra os Flávios. Deixou duas obras de g rande mole, 
a G uerra judaica (publicada ± 77-78) em sete livros, e a A rqueologia judaica
( ± 93-94) em vinte livros; pelo fim de sua v ida publicou duas apologias menos 
extensas, um a C ontra Á pio ( ± 97-98), a ou tra con tra Justo de T iberiades sob 
form a de A utobiogra fia ( ± 95).
O ca rá te r singu la r da personalidade do A utor e as intenções m anifestas que 
lhe inspiram a ativ idade exigem algum a reserva crítica no uso dos seus escri­
to s .6 T odavia como testem unha ocular de não poucos acontecim entos e dispondo 
de fontes seguras, não deixa de ser um inform ador precioso particu larm ente no 
que diz respeito às leis, à s trad ições, às ideologias e à consciência religioso- 
nacional dos seus conac iona is.7
2 A s p r i n c i p a i s t r a d u ç õ e s s ã o : L. GOLDSCHMIDT, D e r b a b y lo n is c h e T a lm u d , 12 v o ls . ,
B e r l i n , 1929-1936 ; M. SCHWAB, L e T a lm u d d e J é ru s a le m , 11 v o l s . , P a r i s 1878-1890. E x c e le n te 
p a r a u m a r á p i d a c o n s u l t a é a c o l e t â n e a de J. B o n s i r v e n , T e x te s r a b b in iq u e s d e s d e u x p r e m ie r s 
s iè c le s c h r è t ie n s , R o m a 1955. Cf . t a m b é m A. COHEN, L e T a lm u d ( t r a d . J. MARTY), P a r i s 1950 
e a s o b r a s do m e s m o BONSIRVEN c i t a d a s n a b ib l io g r a fia do § se g u in t e .
3 Cf . J. B . FREY, A p o c r y p h e s d e l ’A .T . , em D B S I, 1928, 354-360.
4 N ã o p o s s u í m o s a i n d a u m a ed i ç ã o c r í t i c a de t o d o s os a p ó c r i f o s , t e m o s p o r é m a s t r a ­
d u ç õ e s de R. H. CHARLES, T h e A p o c r y p h a a n d P s c u d e p ig r a p h a o f th e O ld T e s ta m e n t In
E n g l is h , 2 v o ls . , O x f o r d 1913; de E. KAUTZSCH, D ie A p o c ry p h e n u n d P sc u d e p ig r a p h c n des
A .T . , 2 v o ls . , T ü b i n g e n 1900; e de P . RlESSLER, A lt jü d is c h e s S c / ir i f t tu m a u s sc rh a lb d er B ib e l, 
A u g s b u r g 1928. A ed i ção d o s m s s . de Q u m r â n p r o m e t e u m a n ov a luz m e s m o p a r a os a p ó c r i f o s .
5 A ed ição c l á s s i c a d a s O p e r a o m n ia em g r e g o é a de I.. C o i i n - P . WENDLAND-S. Ri;iti:u, 
P h ilo n is a le x a n d r in i o p e r a q u a e s u p c r s u n t , 6 vo ls . , B e r l in 1890-1915 m a is o I n d e x P h llo n l* 
de J. LeISEGANG, 1920-1930. E s t á em v ia s de p u b l i c a ç ã o u m a ed iç ã o do te x to g r e g o com .i
t r a d u ç ã o In g lé sa a o s c u i d a d o s de I*’. H. COLSON-0. II. WIIITAKIR, P h llo w ltll n n lin g lls li 
T r a n s la t lo n , C a m b r ld g e , M a s s . 1020hk.
" (T II. IIoi./ .mi i s i
i r , o, c. na b ib l io g r a fia , 7-10.
7 Da*, e d i ç õ e s d o Onera omnia e m g r e g o , a c l á s s i c a é a do H Nl i i , Plavtl Josephl opera, 
7 v o l s , Mer l m 1897 1805 D a ( h iena judaica r s h . i r u m a ( i n d u ç ã o f e l l a por D KICCIOMI,
( v o l s . c o m u m a a m p l a I nt ro d uç ã o » f a r i n o I PTMU. I U I ' ó t i m a a t i a d i i ç ã o f r a n c e s a de
§ 1. AS F O N T E S 25
Fontes literárias In teressaram -se necessàriam ente pela h istó ria e
p ag ãs pelas causas judeu-palestinenses tam bém escrito­
res, sobre tudo h isto riadores, gregos e rom anos 
com o: E st r a b ã o ( f 20dC) na G eografia (16,2, 25,48). P l u t a r c o ( f ± 120 dC) 
particu larm ente nas Vidas Paralelas (especialm ente na vida de Antônio)-, D io 
CÁssiO ( f 235 dC) nas H istórias (37,15-18); P l ín io , o V e l h o ( f 79 dC) e P l ín io 
S e g u n d o , o Jovem ( f 113 dC) respectivam ente na H istória natural (5,13-17) 
e nas C artas; C o r n é l io T á c it o ( f depois de 118) nos A nais e nas H istórias; 
S u e t ô n io T r a n q ü il o ( f 150 dC ) nas Vidas dos X II C ésares; fazem ainda refe­
rências explícitas aos hebreus não poucos escrito res e poetas, sobretudo satíricos, 
da idade helenístico-rom ana, como H orácio, Ovídio, M arcial, Ju v en a l.8 Devem tam ­
bém se r enum eradas en tre a s fontes escritas os pap iros contendo alusões, notícias 
e testem unhos da vida contem porânea; pela sua afinidade com o nosso assun to 
reenviam os a : A. D e is s m a n n , Licht vom O sten, T übingen 1923; F . P r e is ig k e , 
W õrterbuch der griechischen P apyrusurkunden , Berlim 1925-1944; W. B a u e r , 
G riechisch-D eutsches W õrterbuch zu den Schriften des N .T . und der übrigen 
nrchristlichen L ite ra tu r , Berlim 1956; p a ra os pap iros hebraico-aram aicos cf. a 
b ib liografia sôb re os m ss de Q um rân.
t ô d n n ;ih o b r a s de F láv io J o sé : T H . R e i n a c h , O e u v r e s c o m p lè te s d e J o s è p h e , 6 v o l s . , 
Cm Ik 1902-1032.
• As p r o v a s q u e a p r e s e n t a m In te rô ss e d o c u m e n t á r i o f o r a m r e c o l h id a s e p u b l i c a d a s p o r 
M l Ui in ac li , T iX te n d 'a u te u r » u re c s e t r o m a tn s r c la t i fs a u ju d a is m e , P a r i9 1895.
I i itr«xluçAo á lllhllii IV :i
§ 2. ü D0M1JM10 D 0 8 KUMAJN OS E DOS HERODES
B i b l i o g r a f i a E l e n c a m o s a s o b r a s f u n d a m e n t a i s q u e d iz em r e s p e i to à n a ç ã o j u d a i c a do 
p o n t o de v i s t a p r e d o m i n a n t e m e n t e h i s tó r i c o , e m b o r a n ã o s e j a f ác i l s e p a r á - 
la s d a s o b r a s q u e e s tu d a m t a m b é m o a m b i e n t e re l ig io s o . E. SCHÜRER, G e s c h ic h te d e s ji id is c h e n 
V o lk e s im Z e i ta l te r J e su C h r is ti4, 3 v o ls . , L e ip z ig 1901-1911; a o b r a a i n d a c l á s s i c a p a r a o 
n o s so p e r í o d o foi t r a d u z i d a p a r a o in g lê s A H is to r y o f th e Je w ish P e o p le in th e T im e o f 
Je su s C h r is t, 5 v o ls . , E d i n b u r g h 1886-1890 e r e i m p r e s s a r e c e n t i s s i m a m e n t e ; J. FELTEN,
N e u te s ta m e n tl ic h e Z e i tg e s c h ic h te 3, 2 v o ls . , R e g e n s b u r g 1925; ex i s t e a t r a d u ç ã o i t a l i a n a d e L. 
E. BONGIOANNI, S to r ia d e i te m p i d e i N . T . 3, 4 v o ls . , T o r i n o 1944: c i t a m o s s e m p r e a t r a d u ç ã o 
i t a l . ; com a o b r a de HOLZMElSTER (v ide a b a i x o ) e s t a é a o b r a m a is c o m p le t a e x i s t e n t e n a 
I t á l i a ; J. JUSTER, L e s J u i fs d a n s V E m p ire R o m a in : le u r c o n d itio n ju r id iq u e , é c o n o m iq u e e t 
s o c ia le , 2 v o ls . , P a r i s 1914; E. M e y e r , U rs p r u n g u n d A n fa n g e d es C h r is te n tu m s , 3 v o ls . ,
S t u t t g a r t - B e r l i n 1921-1923; J. JEREMIAS, J e ru s a le m z u r Z e i t J e su . K u ltu r g e s c h ic h t lic h e U n te r s u c h u n g 
z u r n e u te s ta m e n tl ic h e n Z e i t g e s c h ic h te , L e ip z ig 1923-1937; G. RICCIOTTI, S to r ia d ^ s r a e le * ( a 
p r i m e i r a ed . em 1933), 2 v o ls . , T o r i n o 1950; p a r a a n o s s a m a t é r i a : vo l. II, 331-539 ; do
m e s m o A u to r , t e m o s m a i o r e s d a d o s a i n d a n a V ita d i G esü C ris to '2, M i la n o 1941, 1-100 ; A. 
M o m i g l i a n o , R ic e r c h e s u lT o r g a n iz z a z io n e d e lia G iu d ea s o t to il d o m in io ro m a n o (63 aC -7 0 d C ) , 
em A n n a l i d e lia R e a le S c u o la d i P isa I I / 3 , 1934, 183-226, 347-396; U. HOLZMElSTER, H is to r ia 
a e ta tis N o v i T e s ta m e n t i2, R o m a 1938; ex i s t e a t r a d u ç ã o i t a l i a n a , r e e l a b o r a d a e a t u a l i z a d a 
p o r C. Ze d da , S to r ia d e i te m p i d e i N .T . , T o r i n o 1950, co m a m p l a e b o a b ib l i o g r a f i a ; n a s 
p á g i n a s ss. c i t a m o s s e m p r e a e d i ç ã o i t a l i a n a ; W . FÕRSTER, N e u te s ta m e n tl ic h e Z e i t g e s c h ic h te , 
I: D e r z e itg e s c h ic h t l ic h e H in te r g r u n d d e s L e b e n s u n d d e r V e r k ü n d ig u n g Je su , B e r l im 1940;
R. H. P f e i f f e r , H is to r y o f N .T . T im e s w ith a n In tr o d u c t io n to th e A p o c r y p h a , N ew Y o rk 
1949; P. Al. ABEL, H is to ir e d e la P a le s tin e d e p u is la c o n q u ê te d 'A le x a n d r e ju s q u ’à V in v a s io n
a r a b e 2, 2 vo ls . , P a r i s 1952; o b r a e s p e c i a lm e n te i m p o r t a n t e p a r a o p e r í o d o d o s A s m o n e u s ao 
d o m í n io r o m a n o ; Al. NOTH, G e sc h ic h te l s r a e l s 2, G õ t t i n g e n 1954, e s p e c i a lm e n te 322-406 ; h á 
u m a t r a d u ç ã o f r a n c e s a d a o b r a , r e v i s t a p e lo A u to r , H is to ir e d 1I s r a e l, P a r i s 1954; S. P e r o w n e , . 
T h e L i fe a n d T im e s o f H e r o d th e G re a t, L o n d o n 1956; E. B a r k e r , F r o m A le x a n d e r to 
C o n s ta n tin e . P a s s a g e s a n d D o c u m e n ts i l lu s tr a t in g th e H is to r y o f S o c ia l a n d P o lit ic a l I d e a s , 
O x f o r d 1956; C. K. B a r r e t t , T h e N ew T e s ta m e n t B a c k g r o u n d : S e le c te d D o c u m e n ts , L o n d o n
1957; a o b r a o f e r e c e c o m o d a m e n t e r e u n i d a u m a b o a s é r ie de t e x to s ( d a l i t e r a t u r a r o m a n a ,
p a p i r o s , f i l o so f i a g r e c o - r o m a n a , l i t e r a t u r a r e l ig io s a p a g ã , l i t e r a t u r a j u d a i c a ) p a r t i c u l a r m e n t e
ú te i s p a r a o p e r í o d o aq u i c o n s id e r a d o .
H erodes M agno No ano 63 aC Pom pèu, vencedor da cam panha
do O riente, invadiu a P alestina com as legiões 
rom anas expugnando Jerusalém . A sua intervenção tinha o escopo, em aparência , 
de pôr fim à g uerra civil en tre H ircano II e A ristóbulo II, os dois irm ãos hasm o- 
neus que d isputavam o trono erguido um século an tes pelos heróicos M acabeus;
na realidade sendo vencido A ristóbulo II e conduzido prisioneiro a Roma, foi 
deixado a H ircano II som ente o poder religioso sacerdotal, e o te rritó rio pales­
tinense, dividido em 11 distritos (to p a rq u ia s), foi anexado à província rom ana 
da S íria e feito tr ib u tá rio de R o m a .1
A liberdade m oral e relig iosa reconhecida a todos os judeus não os consolava 
contudo da perda da independência nacional. R enascia no fundo dos ânim os o 
an tigo ódio con tra o estrange iro
enquanto o m essianism o acentuava a sua invo- 
lução nacionalística e te rrena . C onform e a política rom ana do divide et impera, 
Pom peu, an tes de partir, tinha colocado ao lado de H ircano, como m inistro e 
p refeito do palácio, o nobre idum eu A ntípatro , o qual, com a m ulher á rab e
1 A s t e r g i v e r s a ç õ e s , o c o m p o r t a m e n t o i lóg ico e i n c o n s t a n t e de A r i s tó b u lo , o b r i g a r a m a 
P o m p e u a t ê - lo p r i s io n e i r o e a i n v a d i r o T e m p l o on d e e s t a v a m r e f u g i a d o s os a r i s t o b u la n o s . 
D e p o is d e t r ê s m e s e s de a s s é d io , a r e s i s t ê n c i a foi q u e b r a d a ( o u t o n o de 63) e s e g u id a de 
u m m a s s a c r e de 12.000 j u d e u s , d ev id a m a i s à v i n g a n ç a d o s f a r i s e u s h i r c a n i a n o s do q u e à s 
e s p a d a s r o m a n a s . “ N e s t a o c a s i ã o , t a lv e z no m e s m o dia , P o m p e u fêz a s u a f a m o s a In s p eção 
d e n t r o d o s a n t u á r i o in d o a t é o ‘s a n t o d o s s a n t o s ’ . D e to d o s os o b je to s de o u r o e d os 2 .000 
t a l e n t o s e n c o n t r a d o s n o s v á r i o s l o c a i s n a d a t o c o u ; m a s a r e p e n t i n a p r e s e n ç a d a q u e le p a g ã o , 
n u m lu g a r o n d e só u m a v e z p o r a n o p o d ia e n t r a r o s u m o s a c e r d o t e , foi r e c e b id a p o r to d o s 
os j u d e u s i n d i s t i n t a m e n t e com g r a n d e m ê d o . A lém d a s r a z õ e s m i l i t a r e s , no g e s to de P o m p e u
d eve h a v e r u m a b o a p a r t e de c u r i o s i d a d e : c o n t a v a m - s e t a n t a s c o i s a s d a q u e le m i s t e r io s o
T e m p l o , q u e êl es , a p r o v e i t a n d o a o c a s i ã o , q u i s e r a m v e r co m s e u s p r ó p r i o s o lh o s o q u e li av la 
d e n t r o n a r e a l i d a d e . N ã o é d if íc il im a g i n a r - s e P o m p e u q u e , com a e s p a d a n a m ã o , se 
a d e n t r a c a u t e lo s o a t r a v é s do “ s a n t o " ; s o e r g u e e m o c io n a d o a c o r t i n a q u e e s t a v a d i a n t e d a 
p o r t a p e n t a g o n a l , p r e p a r a d o p a r a d iv i sa r u m a c a b e ç a de a s n o ou a l g u m m o n s t r u o s o s im u l a c r o . 
P o r é m n a o b s c u r id a d e d o “ s a n t o d o s s a n t o s " n a d a d i s t i n g u e a n ã o Her a 1v a c u a m s e d e m 
e t in a n ia a rca r ia * ( T á c i t o , H ls t . , V, 9 ) . E r a P o m p e u o q u e r e a l iz a v a a q u ê l c g e s to o u e r a a 
h u m a n i d a d e i n t e i r a ? " G . RlCCIOTTl, S to r ia d 'l s r a e le , II, 355a.
§ 2. 0 DOMÍNIO DOS ROMANOS E DOS HERODES 27
K ypros e os filhos Fasael e H erodes, então com a idade de dez anos, apressou-se 
logo a estabelecer-se em Jerusalém condividindo a intim idade da côrte hasm onéia.
N o ano 49, tendo a travessado o Rubicão, C ésar inicia a gu erra civil con tra 
Pompeu. A n típatro corre ao E gito p a ra a judar C ésar. No ano 47 êste, em tro ca 
dos auxílios recebidos, concedeu a H ircano, com o títu lo e tnarca dos judeus, o 
poder político que lhe fô ra tirado por Pom peu, e nomeou A ntípatro p rocurador, 
confiando aos seus dois filhos Fasael e H erodes o govêrno respectivam ente da 
Judéia e da G alilé ia .2
D esde êsse dia com eçaram a delinear-se a s am bições de H erodes: constru ir 
um trono sôbre as ru ínas do glorioso trono dos hasm oneus, desfru tando a deb i­
lidade de H ircano e a sim patia dos rom anos, a lternando conform e a ocasião as 
arm as da astúcia com as da violência. Foi p artid ário de C ésar a té os idos de 
m arço de 44, depois aderiu aos republicanos susten tando B ruto e C ássio; após 
Filipos (a. 42) foi p a rtid á rio de A ntônio, o qual, sensível às adulações e ao di­
nheiro, convenceu o colega O taviano a ap resen ta r ao senado a cand ida tu ra de 
Herodes p ara rei. Foi assim que no outono de 40 o senado de Roma proclam ou 
H erodes rex am icus et socius populi rom ani. D epois da d erro ta de A ntônio na 
batalha de Acio (31 aC ), H erodes logrou habilm ente aproxim ar-se do vencedor 
O taviano que o reconfirm ou no cargo. N ão m enos cínica e desum ana toi sua 
conduta p a ra com os hasm oneus. D epois de te r su sten tado H ircano II con tra o
pretendente A ntígono, filho de A ristóbulo 11, e te r recebido como espôsa a nobilis- 
sim a M ariam ne — sobrinha de H ircano II e de A ristóbulo II, — desfez-se do 
irm ão dela, A ristóbulo III, últim o descendente dos hasm oneus (35 aC ), porque 
era ido latrado pelo povo; em seguida, movido pelas in trigas da irm ã Salomé, 
chegou a suprim ir a p rópria M ariam ne (29 ou 25? aC ) e a mãe dela A lexandra, 
filha de H ircano 11. R estavam ainda jun to de C ostobar, prefeito da Idum éia, d u as 
crianças de sangue m acabeu: tam bém elas foram elim inadas jun tam ente com seu 
p ro te to r e m uitos ou tros nobres pa rtid á rio s dos hasm oneus.
E ’ evidente que o sangu inário rei idumeu, rom anófilo e im oral, não desper­
tasse nos judeus senão ódio e desprêzo; com preende-se por isso como se tenha
visto ob rigado a osten tar, em várias ocasiões, po r razões políticas, um respeito 
formal pelas instituições relig iosas e juríd icas do povo hebraico, e tenha em preen­
dido no ano 20 aC aquela ob ra g rand iosa da am pliação e em belezam ento do 
tem plo (cf. Jo 2,20; M t 24,1; Mc 13,1) que o tornou um a das m arav ilhas do 
m undo antigo. A liás esta m agnificência nas construções foi um a das carac terísticas 
do seu reino, e êle a m anifestou na p á tr ia e fo ra a títu lo de popularidade e de 
■ervilismo p ara com os rom anos. Fundou a cidade de C esaréia sôbre o lugar 
da an tiga T ô rre de E stra tão , fundou a A ntipátrida, Fasaélis, Sebaste sôbre a
an tiga Sam aria, embelezou Jerusalém , am pliou Jericó, dotou D am asco, A ntioquia 
c ou tras cidades helenísticas com tem plos, tea tro s, pórticos; p ródigos donativos 
loram feitos a cidades e a personagens em inentes a com eçar po r A ugusto e por 
m u i fam ília (A g rip a). Os últim os anos da vida de H erodes foram tristes. D esor­
dens públicas in ternas, a taques á rab es do exterior, desconfiança da parte de 
A u g u sto 3 que lhe tirou a faculdade de designar a sucessão sem o consentim ento 
de Roma, m atança dos filhos de M ariam ne: cinco d ias an tes de m orrer o velho 
..uiguinário, vítim a de ú lceras verm inosas, o rdenava ainda a m orte do filho A ntí-
■ No c o m è ç o do im p é r io os t e r r i t ó r i o s s u b m e t i d o s a R o m a d iv id e m - s e em p r o v i n c i a s e 
111 (U eto rn d os , a lém do E g i to , o q u a l f o r m a u m a p r e f e i t u r a e é c o n s id e r a d o co m o p a t r im ô n i o 
I" O,mil do im p e r a d o r . Ao t i p o d o s p r o t e t o r a d o s p e r t e n c e a P a l e s t i n a s o b H e r o d e s . “ Os
j iM i lc lo n id o s s d o e s t a d o s v a s s a lo s , g e r a l m e n t e r e in o s q u e c o n s e r v a r a m o c o n j u n to de s u a s 
ImilItulvOes t r a d i c i o n a i s . R o m a d i r i g e de m o d o s o b e r a n o a p o l í t i c a e x t e r io r d ê l e s e t a m b é m , 
Ml m e d id a q u e q u e r , s u a p o l í t i c a i n t e r n a ” . L. H o m o , L e s in s t i tu t io n s p o li t iq u e s R o m a in e s
de la i'ltt' d 1’é ta t , P a r i s 1950, 404. Cf. A. J . FESTUGIÈRE, I I m o n d o g r e c o r o m a n o a l te m p o
itl /('«li C r is to , ed . i t a l . , T o r i n o 1955, 17s.
' I :' v e r l s s lm l l q u e o r e c e n s e a m e n t o r e f e r i d o em Lc 2,1 e s i l e n c ia
d o p o r F lá v io J o se f o 
'• nli.i nldo ex ig id o p o r A u g u s t o a H e r o d e s co m o s in a l de r e n o v a d a s u b m is s á o . Cf. U.
Mui /.mi isi i: ií , S to r ia d e t t e m p i . , , , 2Hss.
28 CAPITU LO I: O AM BIENTE DE JESUS
patro . A m orte o colheu em Jericó pela P áscoa do ano 750 de Roma ( = 4 aC ). 
Jesus tinha en tão dois ou três a n o s .4
Os sucessores Ao m orrer, H erodes deixava o reino a três dç
de H erodes seus íilhos: A rquelau e ra designado rei da
Judéia, Sam aria e Idum éia; Â ntipas, da G aliléia
e P eré ia ; Filipe, das regiões seten trionais (Itu ré ia , T raconítide, G aulanítide, Ba-
tanéia, A uran ítide). M as o testam ento devia ser ra tificado p o r A ugusto : a s itu a ­
ção ccm plicou-se pela insurreição que explodiu logo em Jerusalém naquela P áscoa,
enquanto os herdeiros entravam em litígio en tre si.
A fim de defender mais eficazm ente seus direitos, A rquelau partiu p ara 
R om a; seguiu-o logo um a legação de judeus p a ra pedir aos rom anos a abolição 
do regim e herodiano e a anexação à província da S íria (cf. Lc 19,12.14.17);
 ntipas tam bém partiu p a ra Roma. No en tan to o incêndio da revolta deflag rava- 
se na Judéia e na P eré ia ; a G aliléia, onde Jesus crescia, estava em ebulição, 
ag itad a p o r um certo Judas (A t 5 ,37); com bateu-se desesperadam ente em Séforis, 
a poucos km de N azaré, m as o legado da Síria, Q uintílio V aro, logrou su b jugar 
os revoltosos; a rep ressão foi te rríve l: dois mil judeus foram crucificados.
A ugusto no en tan to tinha ratificado o testam ento de H erodes, porém com
algum as m odificações: A rquelau devia con ten tar-se com o m odesto título de
etnarca , enquanto  ntipas e Filipe eram proclam ados te tra rca s das respectivas 
regiões, exercitando o poder sob o controle do legado da S íria, como vassalos 
de Roma. O reino de H erodes M agno não existia mais.
A rquelau m ostrou-se digno descendente de H erodes, cruel, cínico e despótico 
(M t 2 ,22); depôs p o r duas vêzes o sum o sacerdo te ; desposou contra a lei judaica 
a cunhada G lafira, repudiando a espôsa legítim a, exacerbou o povo com im pos­
tos pesados p ara continuar a trad ição de m agnificência do pai. N ão podendo
m ais supo rta r, judeus e sam aritanos enviaram um a legação a A ugusto, o qual 
e s ta vez os o u v iu 3: A rquelau foi deposto e enviado ao exílio em V iena na G ália 
(6 dC ). O govêrno do seu te rritó rio foi confiado a um procu rado r rom ano.
H erodes  n tipas (cham ado sim plesm ente H erodes nos Evangelhos, n as m oedas, 
em F l á v io J o s e f o , e designado como rei, conform e o uso popular, nos E van­
gelhos) habitou prim eiro em Séforis, m as em seguida (en tre 12 e 22 dC) cons­
tru iu um a capital de gôsto helenístico, à m argem ocidental do lago, denom inando- 
a T iberíade, do nome do im perador T ibério . Foi o soberano que reinou na época 
de Jesus do qual teve várias vêzes que in teressar-se (Lc 9,7ss; 13,32; 23,6ss). 
M antém um a conduta de am izade e de obséquio form al p ara com o judaísm o 
religioso, chegando mesmo a ir a Jerusalém nas festas da pereg rinação (Lc 23,7) 
e apoiando jun to de T ibério as reivindicações dos judeus contra P ila tos, e isso
talvez foi a ra iz da inimizade cordial en tre os dois (Lc 23,12).
A ru ína lhe vem da cunhada H erodíades, m ulher de seu irm ão Filipe, a 
qual êle se uniu em m atrim ônio depois de te r repudiado a m ulher legítim a, filha 
de A retas IV, rei dos nab a teu s: daí nasce um a gu erra com A retas, term inada 
com a d erro ta de H erodes, enquanto o escândalo e a abom inação dos judeus 
culm inavam na p regação profética de João B atista , que o rei, p a ra con ten tar 
H erodíades, m andou p render na forta leza do M aqueronte e decap itar, em bora com 
p esa r (M t 14,2ss). Foi ainda a am bição de H erodíades que o induziu a ir a 
Rom a ped ir a G aio C alígula o títu lo de rei, como o tinha obtido naqueles d ias 
o sobrinho A gripa (37 dC) ao qual o im perador concedera nada m enos que a 
Judéia, a Sam aria e a Idum éia, sub tra indo -as aos p rocuradores rom anos. M as
4 S eg u n d o Mt 2,1088 uma d as ú lt im as crue ld ades do m onarca v e lho c d escon f ia d o foi o
m a s sa c re d as cr ia nças de Belém e cerca n ias quando da n otic ia do n a sc im en to do "Rei dos
ju deus" . O fato, m esm o nflo sen do co n f irm a do p ela s tes tem u n has p ro fa n a s , Insere-se num 
c o n tex to h is tóric o p len am en te ace itável 
• n T á c i t o . À n n . . 11. A a.
§ 2. 0 DOMÍNIO DOS ROMANOS E DOS HERODES 29
os agen tes de A gripa precederam o inepto rei diante do im perador o qual, depois 
de tê-lo escutado, o relegou ao exílio em Lião (39 dC ), passando seu reino a 
Agripa.
Filipe aparece na h istó ria como o m elhor dos filhos de H erodes. Seu reino 
na T ran sjo rd ân ia do norte e ra constituído em m aioria por pagãos que êle adm i­
nistrou sabiam ente sob a p ro teção de Roma. À su a m orte (34 dC) os te rritó rio s 
foram anexados à província da S íria (34-37), antes de p assar às m ãos de A gripa 
(41), o qual logrou assim reunir por breve tem po em suas m ãos todo o antigo 
principado de H erodes M agno (41-44 dC ).
O p rocurador rom ano D estituindo A rquelau, A ugusto, em vez de anex ar
a P alestina ao legado im perial da S íria, tinha 
preferido nom ear um procu rado r que a governasse em seu nome. Aos dois tipos 
de províncias rom anas, senatórias (confiadas ao senado e governadas por um 
procônsul) e im periais (governadas d iretam ente pelo im perador m ediante um le­
gado p ro te to r) , v iera com efeito acrescen tar-se há pouco o tipo das províncias
procuratórias, p a ra os casos m ais delicados: o im perador assum ia pessoalm ente
0 com ando, exercitando-o por meio de um procu rado r proveniente da ordem 
eqüestre. O p rocu rado r da Judéia e S am aria recebia po r isso d iretam ente do 
im perador todos os seus podêres, a saber, legislativo e judiciário , além do encargo 
de a rrecad a r os tr ib u to s; até o poder capital, sub tra ído à au to ridade judaica, 
era tran sfe rido às suas m ãos, como a testam F i l o 6 e F l á v i o J o s e f o t, além de 
Jo 18,31 e a unânim e n arração da Paixão dos Sinóticos. “ Q uanto ao poder 
militar, suas fôrças eram muito m odestas, não tendo à disposição verdadeiras 
e p róprias legiões, m as som ente tropas auxiliares recru tadas no lu g ar: cinco 
coortes de in fan taria (um a coorte = cêrca de 500 so ldados) e um a a la de 
cavalaria. E ra natu ra l po rtan to que dependesse sob êste respeito do legado da
Síria, o qual tinha à sua disposição, no dizer de T ácito , quatro legiões. A resi­
dência habitual e ra C esaréia, a cidade helenística fundada por H erodes; du ran te 
as festas em Jerusalém subia tam bém êle à capital po r motivos de ordem , com 
um forte contingente de tropa , instalando-se no an tigo palácio real ou na fo r­
taleza A ntônia, a noroeste do Tem plo, aum entada por Herodes.
O prim eiro p rocu rado r nom eado por A ugusto foi Capônio (6-9 dC ); sucedeu-
lhe Marco Am bívio (9-12), Â nio Ruf o (12-15), Valério G rato (15-26) e final- 
mente Pônei o P ila tos (26-36). F i l o assim o descreve: “Cruel po r na tu reza , não 
recuava d iante de n ada na dureza de seu c o ra ç ã o . . . sob seu govêrno reinava o 
orgulho, a a rrogância , a insolência; o país estava abandonado à pilhagem , opres-
i.o, u ltra jado de todos os m odos” . 0 N ão m enos severo é o juízo de F l á v i o J o s e f o . 10
1 les ainda narram afron tas e provocações infligidas à consciência juda ica : um a 
vc/,, en trando em Jerusalém com o estan d arte desfraldado osten tando a efígie 
do im p erad o r11, uma ou tra vez apossando-se do
dinheiro do T em plo p a ra a 
construção de um a q u e d u to 11; no p rim eiro caso, de n ad a valendo os violentos 
p ro testos dos judeus, foi necessária um a ordem de T ibério p ara que o estandarte 
re to rnasse à C esaréia; no segundo, reben tando um a revolta entre o povo, P ila to s 
l«v um m assacre tra içoeiram ente; é possível que se re fira a esta c ircunstância a 
nlusflo de Lucas aos galileus cujo sangue P ila tos tinha m istu rado com o sangue 
d r seus sacrifícios (13,1). U m a rep ressão a m ão arm ada dos sam aritanos que
" l . v a a t lo 30, 307.
' A n l. 20, 9, I, § 199-203; G u erra 6, 3, 3, § 300-309.
11 Cl II. lloi.ZMlílSTER, Z u r F ra g e B lu tg e r ic h ts b a r k e i t d e s S y n c d r iu m s , em B ib l. 19, 1938,
11 VI LM 172.
“ F i m , L e g a t lo 3H, 3 0 l s .
Anl. IS, 4, 2, § 89.
" l i AVIO Iosi h i , A n l 18, 3, I, 8 35-99.
" Idem, All l 18, 3, 2, 8 (10.
30 CAPITULO I: O AM BIENTE DE JESU S
aco rreram ao m onte G arizim seguindo as pegadas de um pseudom essias, provocou 
a in tervenção de Vitélio, legado da S íria, o qual enviou o p ro cu rad o r a Roma 
p a ra desculpar-se d iante de T ib é r io .13 D uran te a viagem de P ila tos m orre T ibério. 
D e tal modo P ila tos desaparece da cena política, m as seu nome estava já indis- 
solúvelm ente ligado com o de Jesu s: “O nom e dêles (dos cristãos) vinha de C risto, 
que sob o reinado de T ibério foi condenado ao suplício por ordem do p rocurador 
Pôncio P ila to s”. 14
D everes e privilégios Além de receber dos Rom anos a m oeda e so fre r
dos judeus a p resença das fôrças arm adas, os judeus esta -
vam obrigados p a ra com o im perador ao ju ra ­
m ento de fidelidade e aos tribu tos. O prim eiro, em vista da autonom ia reconhe­
cida aos hebreus quanto à relig ião , não ia além de um obséquio civil, m as os 
segundos subordinavam realm ente a P alestina aos in teresses do im pério. A quota 
dos im postos diretos e ra determ inada com base no recenseam ento, e a a rreca ­
dação o p rocu rado r providenciava m ediante funcionários de estado recru tados
no lu g ar; além dos im postos pelos bens imóveis, exigia-se de todos indistin ta­
m ente o tr ib u to pessoal (êjuxEcpodio-v, cap itação) ao qual estavam obrigados todos 
os de m aior idade (cf. Mc 12,14 e 11. pp .). A arrecadação dos principais tr i­
bu tos indiretos ao invés (tax a aduaneira ou a lfandegária etc.) e ra dada m ediante
con tra to a privados (publicanos) aos quais se encarregavam d iretam ente da sua 
a rrecadação . Existiam p a ra ta l fim na antigü idade verdade iras societa tes publica- 
tiorum com acionistas, capitais, dividendo e um a m ultidão de em pregados suba l­
ternos. 15 Pelo E vangelho sabem os que Levi-M ateus era um em pregado da a lfân­
dega de C afarnaum (Lc 5 ,27), enquanto Z aqueu era chefe dos publicanos em 
Jericó (Lc 19,ls ) . A au to ridade rom ana g a ran tia os arrecadado res de im postos 
con tra o povo, m as ninguém g a ran tia o povo con tra as arb itra ried ad es dêles. 
E ’ conhecida a p regação do B atista a respeito dêles: N ão exijais m ais do que 
aquilo que vos fo i estabelecido (Lc 3,13). E ’ n a tu ra l que o povo detestasse 
ta l ca tegoria de p esso as: além de exercer um a profissão por si m esm a odiosa
e incontro lada, êles represen tavam e serviam o opressor estrangeiro em prejuízo 
dos conacionais. D aí deriva a associacão do têrm o publicano ao de pecador 
(M t 5,46; 21,31 s).
G aran tida a paz, a obediência política e a contribuição reg u la r dos tributos, 
Roma, como era sua praxe, não inquietava os vencidos, os quais podiam desen­
volver a p róp ria vida segundo as usanças p á tria s e as disposições da ordem
in terna im perturbàvelm ente. C ontudo os judeus, devido às ca rac terísticas de seu 
credo religioso e o ordenam ento sacra l da sua sociedade, gozavam ainda de 
privilégios particulares, cuja concessão rem ontava em pa rte a Júlio C ésar. T ais 
privilégios e ram : a isenção do culto do im perador, a exoneração do serviço 
m ilitar, a rem oção dos e s tandartes m ilitares rom anos do te rritó rio judaico, a 
isenção do foro judicial no d ia de sábado , a au to rização p a ra m a ta r qualquer 
pag ão que ousasse e n tra r no in terio r do tem p lo 10, o salvo-conduto p a ra a rrecad ar 
n a d iáspora o tribu to p a ra o Tem plo e levá-lo a Jerusalém . A an istia pascal de 
que falam os evangelhos (Mc 15,6 e 11. pp.) não é com provada por docum entos 
p ro fanos; o contexto histórico todavia lhe confere g rande verossim ilhança. Igual­
m ente parece que se deva a trib u ir a um privilégio dos judeus o fato de que
13 FLÁVIO JOSEFO, Ant. 18, 4, 2, § 89.
14 TÁCITO, A n n ., XV, 44.
15 O " D ig e s to ” (X X X IX ) afir m a: P u b lic a n i d ic u n tu r q u l p u b lic a v c c tip a l la h a b e n t cn n d u c ía .
xt No ano 1871 foi en co n tra d a uma lápide n as im edia ções do tem plo , a tu a lm en te em
C onstan t in op la , com a in scr ição em grego: “ Nenhum es tra n g e iro ponha o pé dentro do pAtlo
OU do recinto do T e m p lo . Quem frtr surpreen d id o aerá r t l p o n s á v t l pala lUfl r t i M Cf.
CLKRMONT-OANNKAU, R cvuc A rch éo lo u iq u c 23, 1872, 214-34; VV I >i ITI NMI Udl lt, O rlc n t l s (ir.
InicrlottoM» ■'/. " B98i O Ricciotti, Storia >h itrotlo II» I99i; K QALLINO* Ttxtbuch
ur ( i e i c h lc h t c I t r a c h , T ü b in gen 1090, n 92.
§ 2. O DOMfNIO DOS ROMANOS E DOS HERODES 31
Jesus fosse conduzido ao suplício vestido com suas vestes (Mc 15,20 e 11. pp .), 
<'in vez de nu, como era a p raxe rom ana.
A d e c á p o le e as c id a d e s O quadro político da P alestina no tem po de Jesus
h e le n ís t ic a s C risto com preende ainda uma série de cidades,
as quais, em bora sendo tr ib u tá rias dos rom anos, 
gozavam de autonom ia em relação tan to a H erodes e seus descendentes como 
no procurador rom ano da Judéia, estando em d ire ta dependência do legado da 
Siria. A razão dêste fato deve ser p rocu rada no ca rá te r étnica e culturalm ente 
lielenístico da sua população, a qual, não v ingando am algam ar-se com a nação 
judaica, obteve de Pom peu, no dia em que se tornou senhor da P alestina, a
liberdade .17 Uma dezena destas cidades, tôdas além do Jordão , com exceção de
ritó p o lis , form ava uma espécie de confederação, a D ecápolis Syríae ou Decapoli- 
lim a regio como a cham a P l ín io , o V elho .18
Faziam parte da D ecápole: D am asco, Hipos, G ádara ” , R áfana, C ânata , Ci- 
lópolis, Pela , Dium, G érasa e ou tras cidades menores. Jesus estêve várias vêzes 
na D ecápole onde curou um surdo-m udo (Mc 7,31-37) e aquêle possesso que se 
tornou o prim eiro evangelizador da reg ião (Mc 5,2-20); m ultidões da D ecápole o 
oguiram sobretudo nos inícios de seu m inistério (M t 4,25).
Em situação análoga de cidades livres como as da D ecápole estavam algum as 
i idades helenísticas do lito ral f ilis teu : G aza, Azoto, Jâm nia, Jope, T ô rre de
l s t ra tão ( = C esaré ia : que se tornou capital da província rom ana com o advento 
ilos p rocuradores rom anos), Apolônia, D ora, T olem aida. D eixadas, ao que parece, 
de p a rte pela p regação de Jesus, elas to rnaram -se tea tro da p rim eira p regação 
apostólica in teressando vivam ente à h istó ria da Ig re ja nascente.
" Cf, 1'I.AVIO JOSliTO, Anl. 14, 4, 4, § 74s .
N a l lilsl. 15, 3, 15; 5, 19, 77
rurtlciiliirincnti- cé lehrc peln ciilliirn cra a c idade de G ád ara , verdadeiro centro do
lirli idninn no nnihlonlc p a les t in en se . T o rn a ra m f a m o s a a c idade entre o i l l sécu lo aC e o 
I « én i lo dC n t l lósn ln c ln lco Monlpo, o p o e ta M ctcagro, o orador T c o d o r o c o f i ló so fo
• p lrm rtt IMIodontn.
3. A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSO-CIVIL DO JUDAÍSMO
B i b l i o g r a f i a Cf . o § 2. A lém d is s o , p a r a ê s t e e o s §§ s e g u in t e s c i t a m o s : I. ABRAHAMS, 
S tu d ie s in P h a r is e ism a n d th e G o sp e t, 2 voll . , C a m b r i d g e 1917; F . j .
JACKSON-K. LAKS, T h e B e g in n in g o f C h r is t ia n i ty , I, v o l . I: T h e fe w is h , O e n tile a n d C h r is tia n 
B a c k g r o u n d , L o n d o n 1920; G. K i t t e l , U rc h r is t e n tu m , S p ü tju d e n tu r n , H e lle n is m u s , S t u t t g a r t 
1926; C. F . M o o r e , fu d a is m in th e F ir s t C e n tu ry o f th e C h r is tia n E r a , 3 vo ls . , H a r v a r d 1927- 
1930; M. J. LAGRANGE, L e J u d a lsm e a v a n t J é su s C h r is t , P a r i s 1931; P. V o l t z , D ie E s c h a to to g ie 
d e r fü d isc h e n Q e m e in d e im n e u te s ta m e n tl ic h e n Z e i ta l te r , T ü b i n g e n 1934; J. B o n s i r v e n , L e 
Ju d a lsm e p a le s t in ie n a u te m p s d e J é s u s - C h r i s t 2 v o l s . , P a r i s 1934-1935; IDEM, Ju d a ísm o 
p a le s t in ie n au te m p s d e J é su s -C h r is t , in D B S IV, 1949, 1143-1285 ( c o m r ic a e e x a u s t iv a
b ib l i o g r a f i a ) ; o a m p lo a r t i g o foi t r a d u z i d o em i t a l i a n o p o r G. M a r i g l i a n o , II G lu d a lsm o
p a le s t in e s e a l te m p o d i G esit C r is to , T o r i n o 1950; E . R. GOODENOUGH, Je w ish S y m b o ls in
t h e ' G rc c o -R o m a n P e r io d , N ew Y o r k 1954ss; o b r a m o n u m e n t a l q u e c o m p r e e n d e r á 6 v o ls . , d o s 
q u a i s j á f o r a m e d i t a d o s 4 ; o A u to r se p r o p õ e u m a n o v a i n t e r p r e t a ç ã o do J u d a í s m o . S in t e s e s
ú te is se e n c o n t r a m e m : J. M. VOSTÉ, D e s e c t is J u d a e o ru m te m p o r e C h r is ti, R o m a 1929; J.
J e r e m i a s , G r a m m a te ú s , em T h W b N T 1, 1938, 740-2 ; A. ROMEO, II s a c e r d o z io d 'I s r a e le , em
E n c ic lo p é d ia d e i S a c e r d o z io , F i r e n z e 1953, 393-498 ; W . D . DAVIES-D. DAUBE, T h e B a c k g r o u n d 
o f th e N .T . a n d i t s E s c h a to to g y , em S tu d ie s in H o n o u r o f C. H. Dodd, C a m b r i d g e 1956; S. 
W . B a r o n , H is to ire d T s r a é l . V ie so c ia le e t r e lig ie u s e . I - I I , L e s p r e m ie r s s iè c le s d e V è re 
c h r é t ie n n e , P a r i s 1957.
D e p a r t i c u l a r i n t e r e s s e p a r a a r e l a ç ã o e n t r e j u d a í s m o e N ôvo T e s t a m e n t o s ã o os s e g u in t e s 
e s tu d o s : H. S t r a c k - P . BILLERBECK, K o m m e n ta r z u m N e u e n T e s ta m e n t a u s T a lm u d u n d M td r a s h 2, 
4 v o l s . , M ü n c h e n 1957; o b r a c o m p l e t a d a de a m p l o ín d i c e p o r K. A d o l p h s o b a d i r e ç ã o de
J. J e r e m i a s , R a b b in is c h e r In d e x , M ü n c h e n 1956; L. GOPPELT, C h r is te n tu m u n d J u d e n tu m im
e r s te n u n d z w e ite n J a h r h u n d e r t. E in A u fr i s s d e r U rg e sc h ic h te d e r K irc h e , G U te r s loh 1954; J. 
B o n s i r v e n , T e x te s r a b b in iq u e s d es d e u x p r e m ie r s s iè c le s c h r é t ic n s , R o m a 1955; D. D au bÈ ,
T h e N e w T e s ta m e n t a n d R a b b in ic J u d a ism , L o n d o n 1956; e a s o b r a s c i t a d a s de B o n s i r v e n .
P a r a o m o v i m e n t o re l ig io s o de Q u m r â n e os no v o s p r o b l e m a s h i s tó r i c o s e re l ig io s o s , 
r e m e t e m o s à s i n d i c a ç õ e s b ib l i o g r á f i c a s d a p. 41ss.
Sacerdócio e pontificado Como nos tem pos passados os sacerdo tes conti­
nuavam a rep resen tar, teoricam ente ao m enos, a 
aristocrac ia espiritual da nação. E stavam repartidos, como no tem po de Davi, em 
24 classes ou ca tego rias (êcpriuEoím). cada um a delas presid ida p o r um chefe, e
se revezavam sem analm ente nos m últiplos serviços do Tem plo ( lC rô n 24.3-19);
cf. 2Rs 11,9; Lc 1,5-8.23). A an tiga ta re fa que lhes fô ra confiada pela Lei
(D t 17,8-12; 31,9-13) de in stru ir e fo rm ar o povo no conhecim ento das E scritu ras 
tinha-se-lhes p raticam ente escapado das mãos, usurpado pelos escribas. E ntre o 
pessoal adido ao Tem plo havia tam bém os levitas, m as infelizm ente sôbre êles
— no nosso período — se sabe muito pouco. Dêles não falam os dois livros 
dos M acabeus, o au to r do Eclesiástico tam bém silencia a respeito dêles, e F l á v io 
J o s e f o rom pe o silêncio som ente p a ra anunciar, com indignação, que os levitas 
tiveram o atrevim ento de pedir e o b te r de A gripa II a túnica b ranca a té então 
reservada aos sace rd o te s .3 N o N T os levitas são nom eados trê s vêzes: Lc 10.32; 
Jo 1,19; At 4,36. Chefe dos sacerdo tes e dos levitas e ra o sum o sacerdote
(ó ãpxcEoeúç) o qual desem penhava a função de chefe da nação reunindo em
si o poder relig ioso e o poder civil; êste últim o — como vimos — podia se r inde­
pendente ou dependente, de modo com patível com a sabedo ria de Roma.
Depois do exílio, a eleição p a ra o sum o sacerdote era feita não m ais por 
consagração , tendo desaparecido, com a destru ição do Tem plo, o óleo sacro p ara 
a unção (cf. Êx 29,7). m as por sim ples investidura. Os rom anos depois, seguindo 
as pegadas dos soberanos selêucidas e de H erodes, avocaram -se o d ireito de
nom ear e depor os sum os sacerdotes conform e o próprio parecer e os in teres­
ses da situação.
Isto explica como o elevado carg o se tivesse to rnado no tem po de Jesus 
m onopólio de algum as fam ílias sem escrúpulos, avassa ladas no estrangeiro .
A tribuição fundam ental do sum o sacerdo te perm anecia aquela tradicional de 
purificar o povo no dia da E xpiação (10 T isri, cf. Lev 16; llb r 9,7.25) e de
vigiar quer sôbre o desenvolvim ento do cullo, quer sôbre a aplicação da Lei.
1 FLÁVIO JOSIÍI'0, Alll. ao, II, I), b 211. 2IH
§ 3. A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSO-CIVIL DO JUDAÍSMO 33
T inha-se introduzido todavia e reforçado paulatinam ente o costum e de fazer pon­
tificar o sum o sacerdo te n a s m aiores so lenidades do ano. N a época de Jesus 
Cristo, além disso, êle e ra o chefe na tu ra l da assem bléia suprem a do povo
judaico, o sinédrio.
Sinédrio e escribas O aparecim ento do sinédrio não deve ser estranho
ao influxo e exemplo de m uitas cidades helenísti- 
cas governadas precisam ente po r um senado de anciãos. D êste senado falam pela 
prim eira vez os livros dos M acabeus (IM ac 112,3; 12,6; 14,28; e 2M ac 1,10; 
•1,44; 11,27). Dêie fa ia m a is vêzes F l á v io J o s e f o , m as a principal fonte se en­
contra no tra tad o Sanhedrin do T u im u d e .2
Os prim eiros testem unhos p a ra o têrm o “sinédrio” são os escritos do N T e 
F lá v io J o s e f o . No tem po de Jesus e ra o ó rgão diretivo suprem o da n a ç ã o
para negócios in ternos de n a tu reza religiosa, adm inistrativa e judiciária, com 
exclusão apenas da pena de m orte, que os rom anos tinham reservado p a ra si. A su a 
au toridade e ra efetiva sôbre tôda a Judéia e ao m enos m oral sôbre o resto
da Palestina e sôbre os hebreus da d iáspora. Os m em bros eram 70 (cf. Êx 
'.M,1.9; Núm 11,16), mais o sum o sacerdo te , e se reuniam quando eram con­
vocados na “sa la das p ed ras esq u ad riad as” (liska t ha -gâztt), localizada pelos 
estudiosos no ângulo sudoeste do á trio in terno do Tem plo.
T rê s ca tego rias de pessoas participavam dèsse conselho su p rem o : os pon- 
llfices, os escribas, os anciãos; e todos três são m encionados exatam ente pelos 
evangelhos (cf. M t 27,41; Mc 11,27; 14,45-53; 15,1; Lc 20,1 etc.).

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