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Reflexão critica do livro Nunca lhe prometi um jardim de rosas
Formato Daniela-Firmino | setembro 26, 2014
Reflexão critica do livro Nunca lhe prometi um jardim de rosas. 
O livro “Nunca lhe prometi um jardim de rosas” conta a historia de Deborah Blau uma menina de dezesseis anos de idade que depois de um período demorado de sofrimento e alucinações, passou a viver em mundos diferentes: a Terra, o mundo exterior onde ela convivia com familiares, porem não se sentia como parte deste mundo. E o mundo que construiu para si, o mundo interior, o Yr que é habitado de Deuses, seres cósmicos e grandiosos, e ela era a rainha deste mundo, onde ela se refugiava sempre que o mundo parecia estar pesado demais para ela. 
O livro conta a historia de vida detalhada da menina, suas experiências, suas patologias e seus sintomas psicóticos, e sua vivencia com as outras mulheres que conviviam com ela dentro do hospital. E também conta como sua família sente-se ao deixa-la dentro de um hospital psiquiátrico e como lidam com isso. 
Após um processo de alucinações intensas e progressivas alienações mentais, com a tentativa de cortar os pulsos, os pais de Deborah, Jacob e Esther, com muita dor decidiram interna-la em um hospital psiquiátrico, onde diziam ser sua ultima alternativa, mais Esther já havia notado a tempos que tinha algo errado com a filha, pelos comportamentos que ela tinha,  mas só naquele momento teve certeza. 
Seu diagnostico inicial era de esquizofrenia, sendo “um transtorno mental severo que afeta o pensamento, as emoções e o comportamento” (Royal College, 2004), tendo sintomas de primeira e/ou segunda ordem que o paciente emite, também tendo diferença entre esquizofrenia positiva e negativa. No caso do diagnostico de Deborah, tem por vezes características de “esquizofrenia paranóide, caracterizada por alucinações e ideias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório.” (Dalgalarrondo, 2008), comportamentos que ela transmitia, por exemplo, alucinações auditivas sem conteúdos verbais quando os Deuses riam dela, atribuições de culpa e de contagiar com doença os outros, como diz no CID 10 “(a) delírios de perseguição, referência, ascendência importante, missão especial, mudanças corporais ou ciúmes; (b) vozes alucinatórias que ameaçam o paciente ou lhe dão ordens ou alucinações auditivas sem conteúdo verbal, tais como assobios, zunidos ou risos;” com ideias de grandeza, e ela emitia componentes compulsivos e masoquistas. 
E por vezes com características de esquizofrenia hebefrênica, “caracterizada por pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril.” (Dalmalarrondo, 2008). Esta forma de esquizofrenia aparece normalmente em pessoas de entre idade de 15 e 25 anos “e tende a ter um prognóstico pobre por causa do rápido desenvolvimento de sintomas “negativos”, particularmente embotamento afetivo e perda de volição” (CID 10, 1993). O afeto neste caso é superficial e inapropriado, há tendências ao isolamento social. No caso dos comportamentos de Deborah, temos como exemplo, a menina não conseguia manter amizade na escola e era mal interpretada pelas pessoas, mantendo-se isolada, e conversava constantemente com os Deuses tendo alucinações auditivas com a presença de vozes, tinha surtos quanto encostavam nela e também sentia um afeto especial pelo pai no qual se julgava e algumas vezes falou em som alto as palavras do mundo de Yr tendo um comportamento bizarro. 
Possui sintomas de segunda ordem, “são eles: perplexidade, alterações da sensopercepção (excluindo aqueles de primeira ordem), vivências de influencia no campo dos sentimentos, impulsos ou vontades, vivencia de empobrecimento afetivo, intuição delirante e alterações do ânimo colorido depressivo ou maníaco”. (Dalmalarrondo, 2008) como exemplos de comportamento temos: o sensação de frio intenso vindo do mundo de Yr, a falta de relações afetivas e não conseguir ter contato físico e sentimento pelas pessoas. Com contexto de síndrome positiva, que são alucinações, ideias delirantes, comportamento bizarro, agitação psicomotora, ideias bizarras e produções linguísticas novas como neologismos e parafrasias, que temos como exemplo a linguagem exclusiva do mundo Yr, alucinações auditivas, etc.
Mais também tem em seu contexto de síndrome negativa pelo distanciamento afetivo que ela tem em relação as pessoas, por se retrair do convívio social, negligencia quanto a si mesma, se punindo algumas vezes e outras para saber se vivia no mundo externo, e também demonstra diminuição da vontade, quanto a não conseguir fazer coisas sem a interferência dos comentários e zombarias do mundo Yr. E a partir daí quem a ajudaria era a doutora Fried. 
No hospital psiquiátrico, Deborah ficava em um quarto com outra pessoa, quando na ala B, era a ala de psicóticos mais calmos, podia ir ao pátio e oficinas, e quando na ala D, psicóticos mais graves, não tinha a permissão de sair de uma área denominada, e convivia com as outras pessoas que ali se encontravam cada uma com seu diagnostico, e um dia e outro ela ia para a sala da doutora Fried para suas consultas.  
Em suas consultas de psicopatologia com uma psiquiatra, ela era questionada sobre sua vida, suas vivencias e sobre o seu mundo de Yr, a doutora sempre tentando faze lá entender o que a levou a ter os sintomas, buscando vivencias da infância e a se conhecer melhor, Deborah pensava e “revivia” os sentimentos de quando tinha passado e revendo o significado que havia dado para o ocorrido.  
Em uma das consultas Deborah relatou a doutora o momento em que teve certeza de que Yr existia, ela conta que teve um sonho que em um quarto todo branco com uma janela aberta que dava para o céu azul e luminoso onde tinha nuvens de formas curiosas e na parede ao lado tinha um vaso onde crescia um gerânio vermelho, quando ouviu uma voz que lhe disse palavras de esperança, mais logo em seguida o céu se tornou escuro e uma pedra foi arremessada e o vaso quebrado, partindo a flor. Deborah permaneceu com a sensação que algo aconteceria, e foi quando ela avistou um vaso na rua caído e despedaçado, dentro havia uma flor vermelha quebrada, e ela disse que isso foi a confirmação de que ela era diferente de todos. 
Deborah que vivia em seu mundo paralelo, o que ela mesma tinha criado, o Yr que a salvava cada vez que o mundo externo ficava pesado demais para ela, cada vez que sentia-se insegura, com medo, invadida, os Deuses a acolhiam ou zombavam da cara dela. Quando aconteciam os surtos, ela ia parar em um casulo, que era feito de lençóis úmidos e frios que eram enrolados fortemente, para que não pudessem se mexer ate recuperação total do sentido da realidade, Deborah chegou a ficar dias dentro do casulo. 
Deborah ouvia os Deuses do Yr conversando com ela todo momento, quando tentava voltar a realidade, em conversas eles davam opiniões ou caçoavam das coisas que aconteciam e mandavam ela fazer algo, normalmente mandando ela machucar-se, ou seja, ela tinha alucinações auditivas complexas “na qual o paciente escuta vozes sem qualquer estimulo real. São vozes geralmente que o ameaçam ou insultam” (Dalgalarrondo, 2008). 
No decorrer das sessões com a psiquiatra, depois de muito tempo e aos poucos, Deborah começou a contar passagens de sua vida que foi de extrema importância para ela. E os sintomas que ela apresentava derivavam desses momentos, lembranças e sensações que permaneceram durante toda a vida viva em seu inconsciente. Ela conta de duas cirurgias no aparelho urinário que teve que fazer quando tinha cinco anos, por conta de um tumor que teve que expelir. Foi uma situação traumática para Deborah e o significado que ela deu a cirurgia foi de violência sexual, e ela ao contar diz que sente nojo de si própria, diz que foi invadida por mãos que a tornaram exposta e sentia-se podre e suja. O tumor era ela mesma, para ela todos os judeus tinham doença, ela era a doença e contagiava quem chegasse perto.  
Outro acontecimento de sua infância que havia marcado-a foi o fato de ter sofrido muito bolling nas escolas onde estudavae na colônia de férias na qual ia todos os anos, o preconceito era muito grande por ela ser judia e ninguém chegava perto ou falava com ela, a perseguiam e a agrediam verbalmente e quanto a isso tinha marcado em sua mente os dizeres de seu avô que era um homem muito severo e tinha um grande afeto por ela, ele exigia que Deborah enfrentasse todos porque ele acreditava ser superior e tinha orgulho de ser Judeu. A doutora Fried dizia que Deborah se colocava nessas situações de perseguição e agressões, característico da síndrome negativa de esquizofrenia.
O que mais tem influência nos sinais e sintomas que Deborah apresenta é uma passagem da vida dela que ela se sentiu abandonada, e ela relata no livro que sua mãe por ter perdido um bebê, decidiu fazer uma viagem para descansar junto do pai e deixou Deborah com uma babá que era muito fria e cruel por algum tempo, e quando algo do mundo externo é muito pesado a ela e ela surta, ela sente um frio intenso que vem de dentro, fazendo-a tremer e sentir dores. Supõem-se que a adolescente tenha alterações na sensopercepção, alucinações cenestésicas; “e o fenômeno geral de experimentar sensações alteradas nas vísceras e no corpo é denominado cenestopatia.” (Dalgalarrondo, 2008). 
Nas conversas com a doutora Fried, Deborah ao defrontar com o passado e relembrar fatos que ela havia esquecido ou dado um significado com as visões dela, ao sentir que o mundo era perigoso demais para ela, ela entrava em surtos e nesses surtos ela tinha um conjunto de sintomas que ela apresentava, dentre eles estavam o frio intenso que ela sentia, algumas vezes ela não sabia se estava de cabeça para cima ou para baixo, característica de alteração de orientação, sendo a desorientação por desagregação, que “ocorre em pacientes psicóticos, geralmente esquizofrênicos em estado crônico e avançado da doença, quando o individuo, por desagregação profunda do pensamento, apresenta toda a sua atividade mental gravemente desorganizada, o que o impede de se orientar de forma adequada quanto ao ambiente e quanto a si mesmo.” (Dalgalarrondo, 2008) conversava constantemente com seu inconsciente como se estivesse falando com outras pessoas. 
Chegou numa fase em que ela para ter certeza que estava viva queimava-se, e quando fazia isso não sentia dor alguma. E também via o mundo acinzentado, não existia cor no mundo externo que é uma característica de alteração de sensopercepção quantitativa, chamada “hipoestesia, no sentido psicopatológico, é observada em alguns pacientes depressivos, nos quais o mundo circundante é percebido como mais escuro; as cores tornam-se mais pálidas e sem brilho;” (Dalgalorrondo, 2008).  
Houve um grande progresso durante os dois anos de tratamento com a ajuda da doutora Fried, com recaídas e dificuldades de deixar o mundo Yr, ela conseguiu voltar a ver o mundo colorido, a sentir seu corpo e a ver que o mundo não era tão perigoso, quanto suas construções desde a infância. Ela com alguns acontecimentos volto a ter surtos, mais melhorou e conseguiu voltar a morar em uma pousada que é uma extensão do hospital e ter uma vida como os neuróticos, sendo considerado pessoas que tem problemas mais conseguem lidar com eles,  tem.
Uma pessoa não nasce psicótica, ela torna-se com as circunstancias que ela passa ao longo da vida e o significado que da, o livro conta a historia da vida de Deborah uma menina que vivia dentro de um contexto que não era fácil e em uma época que os judeus eram perseguidos, por este motivo havia falta de emprego (para os pais), e os judeus eram maltratados de uma certa forma, tendo eles que se afastarem. 
Deborah passou por situações que ela se sentiu abandonada, e também teve a vinda da irmã, que desde o inicio não soube lidar com isso, tendo muito ciúmes da irmã, montando um contexto com a vontade que sentia e tinha certeza de ter tentado matar a irmã. 
Todo o contexto que ela viveu contribuiu para que a adolescente tornasse esquizofrênica, por não aprender a lidar com suas angustias, saber resolve-las, entrou em psicose. A esquizofrenia de Deborah há momentos que tem um contexto, umas característica e noutros há outras características, na teoria de Heidegger, o ser vive no mundo, dando sentido a tudo que vivencia, o ser vive em pleno desenvolvimento podendo dar sentidos diferentes na medida em que se conhece. Com este pensamento e com o contexto da situação, não podemos dar um diagnostico fechado para os casos de psicoses, podendo dentro do diagnostico dela, haver mudanças de tipos de esquizofrenias, podendo também oscilar de uma para outra dependendo do que vive no momento da crise. 
É importante não fechar o diagnóstico para não colocar a pessoa em um lugar fechado, taxar, colocar estereótipos. Tendo então que fazer um diagnostico constante do caso, para haver melhoras e diferenças de momentos. 
No livro os momentos que Deborah passou no hospital foram intenso, com vivências turbulentas para ela, pelo fato de estar entrando em contato consigo mesma e com a sua vida, tendo explosões e crises agudas, quando via as coisas que aconteciam dentro do hospital com as outras mulheres que lá ficavam e com a apresentação do seu mundo interior, que os Deuses sentiam raiva por ela expor seu mundo Yr. 
A adolescente era uma menina de tamanha inteligência, e tentava manter-se no mundo real, porem sentia muito mal porque achava que o mundo era perigoso e sabia o que estava passando, em alguns momentos pode até solicitar ajuda, sabendo que iria ter um surto e pedindo apoio. Deborah no final pode descobrir com s sessões que o mundo que ela tinha criado era os próprios pensamentos dela, que refletiam os seus sentimentos e sensações, assim quando ela estava triste e com medo, os Deuses falavam coisas tristes, quando sentia raiva, os Deuses eram raivosos. 
O livro mostrou com detalhes a vivencia de pessoas que passam a sofrer com a esquizofrenia, e mostrou como o ser humano pode ser vulnerável aos acontecimentos da vida, do dia a dia e dos significados que o próprio dá. De como pequenos detalhes de nossas vidas podendo ser comentários de pessoas ou afetos quebrados, podem nos afetar psicologicamente e dar outro sentido pra vida, nos levando ate a psicotizar, quando não sabemos lidar com os problemas que passamos. 
Em pessoas que tem esquizofrenia o fator de lidar com suas angustia é difícil, elas procuram lutar sempre mais sempre tem a fragilidade de voltar a ter os sintomas, tendo que aprender a lidar com eles, sabendo o porque eles vieram a acontecer e aprendendo e desenvolvendo meios de lidar. E com os surtos que tem nas sessões, Deborah acha que não podia ter melhoras e acha difícil o procedimento e a doutora Fried diz: Nunca lhe prometi um jardim de rosas, nunca disse que seria fácil.

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