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Código : JUR 3211 Período : 5º Turma : C02 Professor : Leonardo Batista DIREITO ADMINISTRATIVO I Resumo aula 7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 7.1. Conceito Contrato administrativo, na lição de Hely Lopes Meirelles, “é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra entidade administrativa para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela própria Administração”. Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que contrato administrativo “é o ajuste que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime de direito público”. 7.2- Contrato da Administração e contrato administrativo; Observando os conceitos de contratos administrativos, podemos constatar que nem todo contrato firmado pela Administração é considerado contrato administrativo. A doutrina majoritária tem o entendimento de que, de forma ampla, a Administração firma diversas espécies de contratos, denominados contratos da administração, sendo espécie destes os contratos regidos pelo direito privado (contratos administrativos atípicos), e os regidos pelo direito público (contratos administrativos típicos). Os contratos administrativos são regidos predominantemente pelo Direito Público, estando a Administração em posição de supremacia. Todavia, é preciso salientar que, em que pese serem regidos pelo direito público, aos contratos administrativos se aplicam, de forma supletiva, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado, conforme art. 54 da Lei nº 8.666/93. De outro lado, nos contratos submetidos ao Direito Privado, atua a Administração em posição de igualdade com o particular. Porém, ainda que se diga regido pelo direito privado, os contratos privados da administração, qualquer que seja ele, poderão ter a influência das normas de direito público, conforme expressa o art. 62, da Lei nº 8.666/93. Assim, nem todo contrato em que a Administração Pública seja parte é considerado contrato administrativo (ex: locação, compra e venda etc). 7.3- Características Os contratos administrativos têm as seguintes características: a) é consensual, ou seja, dependem da manifestação de vontade das partes para se aperfeiçoar; b) em regra, é formal, devendo observar os requisitos legais conforme arts. 60 a 62 da Lei nº 8.666/93, ou seja, observa o procedimento legal. E, importante destacar que devem ser escrito no vernáculo, ou seja, na nossa língua, de modo que os feitos no exterior deverão ser traduzidos, conforme entendimento do TCU (É necessária a tradução para o vernáculo de contratos redigidos em língua estrangeira, celebrados ou não no Brasil, cujo cumprimento e execução devam se dar dentro do território brasileiro). É nulo contrato verbal firmando com a Administração, eis que é de se observar o formalismo, devendo, em princípio, todos os contratos serem formalizados pelo instrumento contratual ou outro instrumento que o substitua, nos casos em que aquele for facultativo, conforme permissivo legal. É verdade, no entanto, que há exceção, ou seja, poderá haver contrato verbal nos casos de pequenas compras de pronta entrega ou pronto pagamento, que não ultrapassar 5% do valor do convite, ou seja, R$ 4.000,00 (quatro mil reais), feitas em regime de adiantamento, conforme dispõe o art. 60, par. único, Lei nº 8.666/93. c) é oneroso, ou seja, não é gratuito, há contraprestação pecuniária; d) é comutativo, isto é, há equivalência de obrigações, previamente ajustadas e conhecidas; e) é personalíssimo (intuitu personae), ou seja, o contrato é sempre firmado em razão das condições pessoais do contratado. Por isso, como regra é vedada a subcontratação, salvo se expressamente prevista no edital e autorizada pela Administração; f) tem natureza de contrato de adesão, na medida em que todas as cláusulas são firmadas unilateralmente pela Administração. Deve– se observar, inclusive, que a minuta do contrato é parte integrante do edital de licitação, como anexo. Porém, mesmo nos casos de contratação direta, as cláusulas são elaboradas pela Administração. g) é mutável, isso porque dentre as cláusulas exorbitantes há a possibilidade de alteração unilateral do contrato por motivo de interesse público, havendo, ainda, a possibilidade de alteração amigável. Cláusulas exorbitantes são aquelas que estabelecem prerrogativas para a Administração Pública, tais como: alteração unilateral do contrato, rescisão unilateral, fiscalização da execução do contrato, aplicação de sanções, ocupação provisória de bens, pessoal e serviços vinculados ao objeto do ajuste. Importante destacar que não se admite, como regra, a celebração de contrato por prazo indeterminado na medida em que é característica do contrato ter vigência certa. No caso dos contratos administrativos a regra é a vigência adstrita aos recursos orçamentários, ou seja, devem vigorar dentro da vigência do orçamento, conforme estabelece o artigo 57, Lei nº 8.666/93. Exceções: a) projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório; b) Prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; c) Aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender–se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. Admite–se, ainda, em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior, que o prazo dos contratos de prestação de serviço seja prorrogado, além do prazo citado, por até doze meses. 7.4- Legislação pertinente 7.4.1. Disciplina Constitucional Reza o artigo 22, XXVII, da Constituição Federal, competir privativamente à União legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as Administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecendo o disposto no artigo 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do artigo 173, §1º, III.” 7.4.2. Disciplina Legal Os contratos administrativos são regulados basicamente pela Lei n. 8666/93. Foi editada a Lei Complementar n. 123/2006, na qual foram criadas algumas regras especiais para as microempresas e empresas de pequeno porte. É bom frisar que, subsidiariamente, aplica-se aos contratos administrativos as normas gerais sobre contratos, contempladas no Código Civil. 7.5- Modalidades/Espécies de contratos (obra pública, prestação de serviços, fornecimento, concessão e permissão) 7.5.1. Contratos de obras São aqueles em que o objeto pactuado consiste em construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de determinado bem público, sejam bens de utilização administrativa ou de uso coletivo. Exemplos: construção de edifício para instalar uma Assembléia Legislativa; construção de uma escola municipal; construção de viadutos, represas, etc. Construção resulta de atividadese materiais destinados à criação de determinado bem. Reforma é a alteração que esse bem pode sofrer, sem que seja ampliado. Ampliação pressupõe que o bem já exista e irá receber acréscimo em sua dimensão. Fabricação indica o sentido de criação do bem. Na recuperação contrata-se para o fim especial de restauração do bem. Condições específicas de contratação: Uma das condições específicas para a contratação é o projeto básico. Projeto básico é a definição prévia da obra a ser contratada. Antes da contratação, a Administração deve delinear o projeto da obra, indicando os motivos da contratação, a extensão, o tempo que deve durar, a previsão dos gastos, etc. Antes mesmo da licitação o projeto básico deve estar devidamente aprovado pela autoridade competente. A lei n. 8666/93, em seu artigo 6º, X, prevê, também, o projeto executivo que indicado os elementos necessários à execução completa da obra. Outra condição é a programação da integralidade da obra. Com efeito, havendo previsão orçamentária para a execução da obra, deve ser programada em sua totalidade, considerando-se os custos e os prazos de execução (artigo 8º). Regimes de execução: A execução de obras pode ser direta ou indireta. Direta quando realizada pelos próprios órgãos administrativos, e a indireta quando a execução resulta da contratação de terceiros. As obras poderão ser realizadas sob quatro regimes diversos de execução indireta, vejamos: 1º. Regime da empreitada por preço global. Tal regime se dá quando o preço ajustado leva em consideração a obra como um todo, seja apenas com o trabalho do empreiteiro ou com o fornecimento dos materiais. 2º. Regime da empreitada por preço unitário, no qual o preço leva em conta unidades determinadas da obra a ser realizada, nos termos do artigo 6º, VIII, “b” e artigo 10, II, “b”, da Lei n. 8666/93. 3º. Regime da empreitada integral (artigo 6º, VIII, “e”, da lei n. 8666/93), em que a Administração contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações. Esse regime é caracterizado pelo fato de serem contratados simultaneamente serviços e obras. 4º. Regime de tarefa “quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos, por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais” (artigo 6º, VIII, “d”, da Lei n. 8666/93). É destinada a pequenas obras e serviços, cuja contratação independe de prévia licitação. 7.5.2. Contratos de prestação de serviços São aqueles que visam a atividade destinada a obter determinada utilidade concreta de interesse para a Administração, realçando a atividade material do contratado, em que a obrigação se traduz num facere. Exemplos: atividades de conservação, reparação, conserto, transporte, operação, manutenção, demolição, seguro, locação de bens, e outras, consubstanciadas em obrigações de fazer. Acerca da distinção entre obras e serviços, pode entender-se que na obra há sempre um acréscimo ou modificação significativa no bem imóvel, enquanto que nos serviços gerais predomina a atividade, a execução, o facere. As condições básicas de contratação são as mesmas dos contratos de obras, havendo necessidade de prévia programação através do projeto básico e do projeto executivo, devidamente chancelados pela autoridade competente. Acontece que esses projetos para os serviços podem ser apresentados de forma bem singela ou até mesmo ser dispensados em grande parte dos casos. Sobre os regimes de execução, pode-se dizer o mesmo do que foi dito nos contratos de obras. Acerca dos serviços, estes se dividem em comum e técnicos-profissionais. Os serviços comuns são aqueles para os quais não há necessidade de específica habilitação. Ex.: serviços de conservação e limpeza, pintura e vigilância. Os serviços técnicos-profissionais são aqueles que reclamam habilitação legal, seja com formação em curso superior específico ou registro nos órgãos legalmente determinados. Ex.: pareceres, perícias e avaliações (artigo 13, da Lei n.º 8666/93). Acerca dos contratos de serviços, importante esclarecer sobre a terceirização de atividades pela Administração. É inteiramente legítimo que o Estado delegue a terceiros algumas de suas atividades- meio, jamais atividades-fim, contratando diretamente com a empresa terceirizada para que os empregados desta prestem os serviços à Administração. 7.5.3. Contratos de fornecimento (ou Compras) São aqueles que se destinam à aquisição de bens móveis necessários à consecução dos serviços administrativos. Exemplo: medicamentos, instrumentos cirúrgicos, se o objetivo é a assistência médica; material escolar, se o objetivo visa a educação; etc. Antes de celebrar tais contratos, deve o administrador caracterizar o objeto das compras e especificar os recursos financeiros para o pagamento dos fornecedores (artigo 14, da Lei n. 8666/93). As compras devem atender algumas diretrizes. Uma delas reside no princípio da padronização (artigo 15, I, da Lei n. 8666/93), significa que se torna necessário que determinados bens tenhas as mesmas características técnicas, ou seja, não se trata de diretriz aleatória, mas se exige que a Administração justifique sua adoção, inclusive como instrumento da economicidade que deve reger sua atuação. Outra diretriz é o registro de preços (artigo 15, II, da Lei n. 8666/93), necessário para a obtenção de certa uniformidade e regularidade na aquisição dos bens, por isso é importante que haja atualização periódica no sistema de registro de preços, bem como ampla pesquisa de mercado (artigo 15, §1º, da Lei n. 8666/93). Assim, o vencedor da licitação firma ata de registro de preços, pela qual se compromete a fornecer, em determinado prazo, não superior a um ano, o objeto licitado conforme as necessidades da Administração. 7.5.3. Contratos de concessão Concessão no direito administrativo traz a ideia de que o Estado é o titular de seus bens, transferindo ao particular algumas dessas faculdades. Assim, quando esses interessados pactuam a transferência dessas faculdades, configura-se o contrato de concessão. No sistema atual, pode-se catalogar os contratos de concessão em dois grupos: 1º) concessões de serviços públicos; 2º concessões de uso de bem público. As concessões de serviços públicos tem por objeto a delegação da execução de serviço público a pessoa privada (como vimos na unidade 3, trata-se de processo de descentralização). As concessões de uso de bem público visam somente a consentir que pessoa privada se utilize de bem pertencente a pessoa de direito público. 7.6- Formalização do contrato administrativo 7.6.1. Instrumento Os contratos administrativos devem ser formalizados através de instrumento escrito, salvo o de pequenas compras para pronto pagamento até o limite de R$ 4.000,00, como já dito. A formalização dos contratos administrativos se constitui em dois grupos. Quando o contrato for precedido por concorrência ou por tomada de preços, ou envolver valores correspondentes a essas modalidades no caso de dispensa ou inexigibilidade de licitação, deve rotular-se como termo de contrato. Quando o valor contratual for mais baixo, pode o termo de contrato ser substituído por instrumentos de menor formalismo, como a carta-contrato, a nota de empenho de despesa, a autorização de compra ou a ordem de execução do serviço (artigo 62, da Lei n. 8666/93). 7.6.2. Solenidades A primeira solenidade quecerca o contrato administrativo é o seu arquivamento em ordem cronológica e o registro de seus extratos (artigo 60, da Lei n. 8666/93), com a ressalva dos contratos relativos a direitos reais sobre imóveis, formalizados por instrumento público. Depois de celebrados, os contratos devem ser publicados, resumidamente, no órgão oficial de imprensa da entidade pública contratante, como condição de eficácia, sendo, então, registrados e arquivados. Devem constar nos contratos o preâmbulo, os nomes das partes e seus representantes, o objeto do ajuste, o ato autorizativo do contrato, o número do processo da licitação, ou, se for o caso, da dispensa ou inexigibilidade, e a menção de que seu regime jurídico é o da Lei n. 8666/93. 7.6.3. Cláusulas essenciais São aquelas cláusulas indispensáveis à validade do negócio jurídico, elencadas no artigo 55, da Lei n. 8666/93, vejamos: “Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: I - o objeto e seus elementos característicos; II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso; V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas; VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas; VIII - os casos de rescisão; IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei; X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso; XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor; XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos; XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação § 1º (Vetado). § 2 o Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no § 6 o do art. 32 desta Lei. § 3 o No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as características e os valores pagos, segundo o disposto no art. 63 da Lei n o 4.320, de 17 de março de 1964.” 7.6.4. Garantias Para assegurar o cumprimento do contrato, e desde que haja previsão anteriormente, no instrumento convocatório, pode a Administração exigir da parte contratada determinada garantia, não podendo exceder a 5% (cinco por cento) do valor do contrato, como regra geral. Exceção: quando o objeto do contrato encerrar grande complexidade técnica e riscos significativos, a garantia poderá alcançar o percentual de 10% (dez por cento) do valor do contrato. Tão logo executado o contrato, porém, deve a garantia ser restituída ao contratado (artigo 56, §4º, da Lei n. 8666/93). São previstas as garantias de caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, a fiança bancária e o seguro-garantia (artigo 56, § 1º, da Lei n. 8666/93). A caução é modalidade de garantia que se formaliza por uma reserva em dinheiro ou em título da dívida pública. A fiança bancária é garantia que acarreta a responsabilidade comercial e onerosa de algum banco, decerto do qual seja cliente o contrato. O seguro-garantia é ajustado entre o contratado e empresa seguradora, que se compromete a cobrir os custos de eventual prejuízo à Administração. 7.7- Execução e controle O poder de fiscalizar o contrato e controlar sua execução é inerente à própria Administração, sendo, inclusive, poder implícito, ou seja, que independe de cláusula expressa no contrato. De qualquer sorte, a Lei de Licitações e Contratos inseriu referido poder dentre aqueles denominados exorbitantes, conforme prevê o art. 58, que assim dispõe: Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I – modificá–los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado; II – rescindi–los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; III – fiscalizar–lhes a execução; IV – aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste; V – nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo. Dessa forma, o contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de meios e a acordo com as cláusulas avençadas e as normas da Lei de Contratos Administrativos, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução total ou parcial. Entretanto, a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti–lo e subsidiá–lo de informações pertinentes a essa atribuição, conforme estabelece o art. 67 da Lei nº 8.666/93. Assim, não poderá o representante da Administração ser substituído por terceiros, ele poderá ter terceiro contratado para assisti–lo ou subsidiá–lo. 7.8- Alteração e extinção do contrato administrativo Os contratos administrativos poderão ser alterados unilateralmente ou por acordo entre as partes. Como efeito, a possibilidade de alteração unilateral se insere dentre as cláusulas chamadas exorbitantes, pois dá poderes apenas para uma das partes, no caso para a Administração Pública. Assim, poderá a Administração, devidamente justificado, empreender alteração qualitativa (quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos), ou alteração quantitativa (quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela Lei nº 8.666/93). Poderá, ademais, por acordo das partes, ser alterado o contrato, nos seguintes casos: a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação defornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico–financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando área econômica extraordinária e extracontratual. É importante destacar que o contratado é obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos. Em caso de supressão, poderá haver acordo entre os contratantes, para reduzir além do limite legal. Todavia, nenhum acréscimo poderá exceder tais limites. Conforme artigo 65, § 8º da Lei de Licitações e Contratos, não se enquadram como alteração contratual: a) Variação ou atualização do valor contratual em razão de reajuste de preços previsto no próprio contrato; b) Compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas; c) Empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido. Tais casos podem ser registrados por simples apostila 1 , dispensando a celebração de aditamento. Observamos que podem os contratos regidos pela Lei nº 8.666/93 serem alterados unilateralmente pela Administração ou por acordo entre as partes. Dentre as situações que possibilitam a alteração do contrato por acordo entre as partes, temos as que surgem em razão do que se denomina reequilíbrio econômico–financeiro inicial, ou seja, restabelecer a equivalência inicial entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento. É que há uma equação financeira que fora estabelecida originalmente (encargo x retribuição), ou seja, de um lado há os encargos da contratada e de outro sua retribuição, como se fosse uma balança, que deverá sempre se manter no equilíbrio inicial. Todavia, poderão surgir fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, que modificam essa equação, esse equilíbrio, reclamando, por isso, a necessidade de readequação do ajuste (revisão). A teoria da imprevisão se desdobra em caso fortuito, força maior, fato do príncipe, fato da administração e interferências imprevistas. Com efeito, a teoria da imprevisão consiste no reconhecimento de que eventos novos, imprevistos e imprevisíveis pelas partes e a elas não imputadas, refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizam a revisão do ajuste em consideração dos fatores supervenientes, conforme aplicação da cláusula rebus sic stantibus. Assim, força maior é evento externo, imprevisível e inevitável, que cria para o contratante óbice intransponível ou que eleva sobremaneira os encargos contratados, inviabilizando, nos termos firmados, a execução do contrato. (terremoto, guerra, revolta, rebelião etc). Caso fortuito é evento interno, inexplicável ou anômala da Administração ou do contratado, também imprevisível e inevitável, que gera encargos insuportáveis ou que eleva sobremaneira os encargos 1 Apostilamento é simples registro administrativo que poderá ser realizado no verso do próprio termo de contrato. contratados, inviabilizando, nos termos firmados, a execução do contrato. (ex: incêndio, greve dos servidores ou dos funcionários etc). Fato do príncipe é determinação estatal, geral e superveniente, imprevisível ou imprevista, que onera ou desonera o contrato, repercutindo indiretamente sobre ele. (Ex: criação ou extinção de um tributo) Considera–se, ademais, fato da administração toda ação ou omissão do Poder Público que esteja diretamente relacionada com o contrato, impedindo ou retardando sua execução nas condições inicialmente estabelecidas. (Ex.: não liberação do local para realização de obra) É de se observar que tanto o fato do príncipe como o fato da administração provém de uma determinação estatal. A diferença é que o fato do príncipe incide sobre toda a sociedade (ex. imposto) e o fato da administração incide sobre o contrato especificamente (ex. não desapropriação de área destina a construção de viaduto) Ademais, cabe ainda falarmos sobre as denominadas interferências imprevistas (sujeições imprevistas) que são fatos materiais imprevistos, existentes ao tempo da celebração do contrato, mas só verificados ao tempo da sua execução. (ex. diversidade do terreno conhecida só na execução da obra) Por isso, não só os acontecimentos imprevisíveis, mas também os imprevistos, cujas consequências sejam incalculáveis, ensejam a aplicação da teoria da imprevisão.
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