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O DIREITO DEVE SER JUSTO?

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
FACULDADE DE DIREITO 
CAMPUS CANOAS – TURMA 4M 0694 
 
 
 
Moisés Soares Alves 
 
 
 
 
UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE: 
O Direito Deve Ser Justo? 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Leandro Mota Cordioli 
Canoas 
2014 
 
 
O DIREITO DEVE SER JUSTO? 
 
A coexistência harmônica de um povo ou nação só pode perdurar com o 
exercício de uma política pluralista centrada no individual e coletivismo de cada 
pessoa e agrupamento respectivamente. No entanto, esta coexistência 
harmônica limita-se a uma utópica tenção demonstrada ao longo da Historia 
por homens bem-intencionados, entrementes, de aceitação não unânime. 
A coexistência de um povo não se limita apenas na coexistência em si, 
mas na própria preservação da vida. Cumpre aqui mencionar as primeiras 
organizações humanas, originadas da necessidade de edificações de cidades 
fortificadas, isto é, as primeiras cidades da Antiguidade. A princípio, como meio 
de proteção devido às feras e, posteriormente, de outros seres humanos, 
inimigos. Nesse contexto, deve-se distinguir um povo de outro povo, ou seja, 
um povo justo de um povo injusto. Para se classificar um povo com intuito de 
conceitua-lo justo é imprescindível a definição mais veraz possível do que é 
justiça. Após compreensão do tema em apreço, possibilitar-se-á a 
fundamentação e posteriormente, a aplicação do Direito em sua universalidade. 
O conceito fundamentado de justiça é proveniente de variadas fontes e 
de uma idiossincrasia imensuravelmente exposta ao longo da História do 
Direito. Dentre muitos conceitos existentes conforme supramencionado, 
entende-se por justiça o ato de se recompensar a quem faz o bem e de se 
punir a quem faz o mal. Ou seja, justiça não pode ser confundida por uma lei 
instituída pelo Estado (exemplificando), mas entendida como uma reação 
(quem tem o poder constituído para tal) positiva ou negativa ante a um 
comportamento irrepreensível ou condenável, respectivamente. 
O que seria fazer o bem ou fazer o mal? Precisa-se igualmente 
conceitualizar, ou melhor, definir estes dois atos, pois do contrário a justiça 
tornar-se-ia inaplicável no seu conceito aqui exposto. Fazer o mal é errar o 
alvo, é pecar contra uma lei instituída natural ou positivamente dentro do que 
se conhece por direito. Genericamente, fazer o mal é não fazer o bem, é omitir-
se ante a necessidade de se fazer o bem dentro de um contexto cultural em 
 
uma determinada situação. Por sua vez, fazer o bem é praticar atos louváveis e 
reconhecidamente aceitáveis dentro de um agrupamento maior ou menor de 
pessoas. Filosoficamente o mal deve ser rechaçado e o bem, aderido por um 
sistema humanístico instituído, desconsiderando-se, destarte, a questão 
religiosa. 
O sistema político que define o que é justiça e como se aplica o Direito 
pelos agentes que controlam este sistema é influenciado multiformemente. Ou 
seja, a influência que gere este sistema pode ter muitas formas, incluindo a 
ideologia predominante, cultura e costumes de um povo, que por sua vez, 
também pode ser influenciado por um grupo menor ou até mesmo por um só 
homem. Como exemplo de influencia, porém pejorativamente, cita-se Adolf 
Hitler e seu regime nazista implantado outrora na Alemanha. Assertivamente, 
um sistema politico-jurídico imposto de forma incisiva e com exaustiva 
disciplina, pode em determinadas circunstâncias, deturpar e até mesmo de 
forma nociva, cauterizar a consciência de uma nação inteira ou de grande de 
seus cidadãos. Desta forma, os parâmetros da verdadeira justiça são 
cambiados por uma falsa justiça e, consequentemente, a um direito ineficaz e 
até mesmo prejudicial no que tange à paz social e à harmonia de uma 
sociedade. 
Em uma obra midiática chamada originalmente The Wave, que 
traduzindo significa “A Onda”, produzida em 1981, demonstra como um grupo 
de pessoas pode ser influenciado a ponto de se criar um novo conceito de 
direito em detrimento ao direito individual. Este filme, de origem americana, 
expõe de forma translúcida, de como o direito pode sofrer mutações drásticas 
na consciência coletiva e individual. Seu homólogo, outro filme, porém de 
origem alemã produzido em 2008, apresenta mais acuradamente esta 
transformação do direito. Ambos os filmes demonstram, categoricamente, 
como o sistema político-jurídico pode tornar-se volúvel quando uma 
democracia fica a mercê de uma sociedade desiquilibrada, apesar da aparente 
relação harmoniosa transmitida intragrupo, no caso do filme A Onda. Em outras 
palavras, um grupo bem organizado pode revolucionar uma nação inteira e a 
maneira de pensar do individuo tendo como propósito o bem comum, não 
 
necessariamente o bem comum em sua universalidade, mas o dos que 
ombreiam a ideologia deste grupo revolucionário. 
Nesta revolução, em seu processo de implantação, o Direito é moldado 
conforme a imagem de justiça deste grupo indo de um extremo ao outro. O 
Direito deve ser justo, porém, balizado na verdadeira justiça, sendo esta 
inspirada pela equidade. A problemática do Direito é a possibilidade de tornar-
se ineficaz e insatisfatório quando o mesmo não é instituído com justiça e 
equidade. O mesmo pode ser obedecido ou desobedecido dependendo da 
origem de sua institucionalização. Sua institucionalização, ou seja, sua forma 
constitucional pode gerar reações diversas dependendo do poder constituído e 
de como ele se apresenta. O Direito define, reciprocamente, o limite de ação do 
poder constituído entre à pessoa e de pessoa entre pessoa. Teoricamente o 
Direito tem por finalidade estabelecer marcos entre pessoas, limitando o poder 
de ação entre as mesmas através da coerção. 
A obediência ao Direito pode estar relacionada ao poder que a ele é 
conferido no que tange à coerção, não obstante, sua forma de regimento não 
deveria estar relacionada à autocracia, pois seu escopo centra-se em algo 
universalmente profícuo. Entrementes, este poder que ao Direito é conferido 
não pode limitar-se à coerção, mas à educação, pois esta é uma consequência 
positiva do Direito, haja vista que a maioria das pessoas em uma sólida 
democracia não obedece por simples coerção, mas por consciência. Este 
último, de fato, é o objetivo mais excelente do Direito. 
Partindo desse pressuposto, uma pessoa justa obedece ao Direito por 
consciência, diferentemente de uma pessoa injusta, que se rebela contra o 
Direito ou obedece-o por coerção, por não poder corrompê-lo. A injustiça, 
portanto, está intrínseca na consciência deste individuo, que por sua vez a 
demonstra por sua atitude em desobediência ao Direito. Cumpre salientar que 
a disciplina em relação ao Direito está relacionada à instituição do mesmo na 
sua forma mais evolutiva no que tange à justiça. Indubitavelmente a disciplina 
nociva à democracia a aos direitos inalienáveis do ser humano pode ser 
confundida por algo profícuo pelo fato de ter êxito na sua aceitação e 
 
aplicação. A disciplina é encontrada, por exemplo, em muitas organizações 
criminosas! 
O ideal de uma sociedade justa deve ser alimentado não pelo capricho 
do poder, nem por aquele que o deseja ardentemente, mas pelo desejo da 
equidade e justiça. O Direito é justo quando sua justiça não se norteia por um 
ideal egocêntrico, mesmo que este ideal tenha uma aparência do bem comum. 
O Direito é justo quando todos podem usufruir individual e coletivamente de 
seus benefícios, pessoas de ambos os sexos, de qualquer nacionalidade, cor, 
religião, condição social ou política, não eximindo-se de seus deveres. 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 AULETE, Francisco Júlio de Caldas. Dicionário Contemporâneo da 
Língua Portuguesa, DicionárioCaldas Aulete Digital. Lexikon Editora 
Digital, Disponível em< http://aulete.uol.com.br/index.php> acessos em 
15 e 16 de março de 2014; 
 Die Welle, M. (2008). Rat Pack Filmproduktion; Deutschland; 
 The Wave, (1981). ABC Afterschool Special; US.

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