Buscar

Tecnologias e Educaçao

Prévia do material em texto

ALTOÉ, Anair; SILVA, Heliana da. O Desenvolvimento Histórico das Novas 
Tecnologias e seu Emprego na Educação. In: ALTOÉ, Anair; COSTA, Maria Luiza 
Furlan; TERUYA, Teresa Kazuko. Educação e Novas Tecnologias. Maringá: 
Eduem, 2005, p 13-25. 
 
O Desenvolvimento Histórico das Novas Tecnologias 
e seu Emprego na Educação 
 
Anair Altoé 
Heliana da Silva 
Da imaginação à realidade 
Imaginem vocês por uns instantes, neste exato momento alunos de várias 
escolas, nos mais diversos países, da quarta série do ensino fundamental, 
entusiasmados em suas salas de aula, tendo a sua frente computadores 
conectados à Internet, nos quais contemplam ora as belezas de uma floresta, 
natural com sua biodiversidade de vida, ora as estrelas a milhões de distância do 
nosso planeta, ou ainda assistindo aos jogos olímpicos mundiais ou a copa do 
mundo de futebol, ou mesmo surfando entre as diversas salas e corredores de 
museus nos quais admiram quadros de pintores famosos como Da Vinci, Portinari, 
Di Cavalcanti e outros ou, ainda, apenas interagindo entre si em um verdadeiro 
chat educativo. Não é fantástico? Imaginem os conhecimentos que essas crianças 
poderão construir e compartilhar. 
Podemos chamar, a esse ambiente, de imaginação virtual. E o mais 
fantástico a que podemos realizar essa imaginação virtual, por meio dos 
ciberespaços, isto é, nos diversos ambientes virtuais de comunicação existentes, 
sejam nas escolas, nas bibliotecas, nos cibercafés dos shoppings centers, sejam 
comunidades de bairros ou mesmo em nossas residências. 
A virtualidade sempre fez parte da imaginação do homem. A diferença, hoje, 
é que a imaginação se tornou realidade graças às novas tecnologias que 
possibilitam aos homens reconstruir sua imaginação e criar comunidades virtuais 
(DUART; SANGRÀ, 2000). Esses ambientes permitem que as pessoas se 
comuniquem no plano educacional, cultural ou profissional, de forma assincrônica, 
sem estar de modo simultâneo no mesmo tempo e espaço. 
Entretanto, para que um chat educativo aconteça é necessário que 
estejamos conectados a uma rede de telecomunicações; ou seja, devemos 
possuir um computador, um modem e uma linha telefônica, ou uma antena 
parabólica, ou uma estação de rádio, localizados em qualquer um dos ambientes 
virtuais descritos. Essa realidade ainda é inacessível a muitas pessoas, escolas, 
comunidades, particularmente em nosso país. Somos um país com um extenso 
território, no qual a distância não deveria ser motivo para justificar a distância entre 
um ponto e outro. Vivemos um período destacado como tecnológico, pois, 
teoricamente tudo se torna próximo, fácil, palpável, acessível, mas mesmo assim 
continuamos aceitando o não comprometimento do governo com as questões da 
educação. 
O homem construiu uma vida melhor graças ao desenvolvimento das 
tecnologias, apesar dos impedimentos de acesso e de conexão às redes mundiais 
de comunicação. E isto não se processou de uma hora para outra. Até chegar ao 
que muitos de nós estamos vivenciando neste milênio, o homem, desde a pré-
história, vem fazendo uso das tecnologias. Muitos utensílios e ferramentas foram 
criados em todas as épocas da existência humana. Sabiamente, o homem 
registrou sua história mediante os símbolos iconográficos nos quais mostrou como 
viviam, caçavam, pescavam e como eram seus rituais e suas danças (KENSKI, 
2003a; MARCONDES FILHO, 1988,1994). 
A história também registra que, desde o período Paleolítico (conhecido como 
a Idade da Pedra Lascada) os homens pré-históricos se agrupavam em hordas 
nômades, ou seja, mudavam constantemente de um lugar para outro em busca de 
alimentos. Também fabricavam instrumentos de pedra lascada, destinados à caca 
de animais e a coleta de frutos e raízes, porque nessa época eles não conheciam 
a agricultura. No período Neolítico (conhecido como a Idade da Pedra Polida), eles 
organizavam-se em clãs e aldeias. Foi um período que marcou profundamente o 
relacionamento entre o homem e a natureza, em virtude de sua intervenção na 
mesma. Nesse período, desenvolveram a agricultura, domesticaram os animais e 
os instrumentos eram fabricados com a pedra polida, melhorando muito o corte. 
Com o passar do tempo, os homens foram evoluindo socialmente e suas 
ferramentas foram aperfeiçoadas. As pessoas, em seus grupos sociais, foram 
criando culturas especificas e diferenciadas que foram constituindo-se em 
conhecimentos, maneiras peculiares e técnicas particulares de fazer as coisas; 
conseqüentemente, consolidaram as culturas e os costumes, crenças, hábitos 
sociais que foram sendo transmitidos às gerações (KENSKI, 2003a). 
Assim sendo, verificamos que as tecnologias estão presentes em todos os 
lugares e em todas as atividades que realizamos. Isso significa que para executar 
qualquer atividade necessitamos de produtos e equipamentos, que são resultados 
de estudos, planejamentos e construções específicas. Ao conjunto de 
conhecimentos e princípios científicos que se aplica ao planejamento, à 
construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de 
atividade nós chamamos de tecnologia. Portanto, para que os instrumentos 
possam ser construídos, o homem necessita "pesquisar, planejar e criar 
tecnologias". 
 
Algumas invenções que mudaram o mundo 
A Luz Elétrica. Ao ser inventada em 1879, possibilitou que a indústria se 
desenvolvesse e revolucionou o estilo de vida das pessoas. A invenção da 
lâmpada incandescente pelo americano Thomas Edison, permitiu capturar a 
energia elétrica e recriar um céu terrestre. 
A Fotografia. 0 pintor e físico francês Louis Daguerre, em 1831, descobriu 
que a imagem pode ser capturada e reproduzida por meio de uma câmara escura. 
Em sua homenagem, durante os primeiros anos, a máquina fotográfica era 
conhecida como daguerreótipo. 
O Filme. Em 1895, foi possível seu surgimento devido ao avanço 
proporcionado pela fotografia. 
O Cinema. Joseph Plateau, em 1832, descobriu o principio da recomposição 
do movimento a partir de uma série de imagens fixas. Ele inventou o processo 
inverso, o meio de decompor o movimento. Como a fotografia não era conhecida 
publicamente, os inventos resultantes desse processo usavam apenas desenhos. 
Em 1895 foi realizada a primeira sessão de cinema, e pela primeira vez na história 
foi trazida ao público, por Lumière a ilusão do movimento. Ele filmou um trem 
chegando a estação em La Ciotat (França), e ao apresentá-lo para um modesto 
público, que por sua vez jamais vira nada parecido, ficaram apavorados diante da 
imagem do trem que avançava em direção a eles e saíram correndo. 0 cinema 
ganhou cor em 1927 e voz a partir de 1935 (MARCONDES FILHO, 1988,1994; 
MANASSÉS et al., 1980). 
A fotografia marcou uma divisão importante na história da cultura moderna, 
pois antes dela eram poucos os privilegiados que detinham o dom de imortalizar 
imagens, pessoas e outros objetos. A técnica da fotografia assume o lugar do 
homem e reproduz o natural de forma "objetiva", porque ela apresenta a imagem 
sem os erros humanos da pintura, os excessos e deturpações que o pintor poderia 
reproduzir na tela. 
O Telefone. O escocês Alexandre Graham Bell, em 1876, foi quem realizou 
a primeira ligação entre dois aparelhos. "Doutor Watson, preciso do senhor aqui 
imediatamente". Essa foi a primeira frase pronunciada ao telefone para um de 
seus assistentes e se deu por meio de fios elétricos. Ao mesmo tempo, muitos 
inventores continuaram suas pesquisas, dentre eles o escocês James Maxwell e o 
alemão Heinrich Hertz. Maxwell formulou a teoria sobre a existência das ondas 
eletromagnéticas e Hertz demonstrou, experimentalmente, a existência dessas 
ondas, as chamadas "ondashertzianas". Todavia, o resultado prático dessas 
investigações foi executado pelo Italiano Guglielmo Marconi que, em 1896, 
transmitiu e recebeu mensagens a distância utilizando seu aparelho, o primeiro 
telégrafo sem fio. Desta forma, estava inaugurada a radiocomunicação. Marconi, 
em 1901, enviou ondas de rádio de um balão, na Inglaterra, que foram captadas 
na Costa Oeste dos Estados Unidos. A partir de 1920, foi possível transmitir a voz 
humana para localidades muito distantes (MANASSÉS et al., 1980). 
A televisão. Foi inaugurada em 1936 pela BBC Inglaterra, e produzida em 
massa após 1945. No entanto, J.L. Baird, utilizando um sistema bastante 
rudimentar de TV, conseguiu em 1923, na Inglaterra, transmitir uma silhueta em 
movimento, com muita imperfeição. Já em 1925, Baird e o americano C.J. Jenkins 
transmitiram imagens em movimento mais aperfeiçoadas, em tons cinza. Em 
1935, os inventores conseguiram captar imagens de cenas mediante iluminação 
natural com grandes detalhes. Na França, a primeira transmissão foi feita em 
1935, da Torre Eiffel. Nos Estados Unidos, em 1939. No final de 1940, a TV já 
estava à disposição de todos em âmbito comercial. 
O Vídeo. Em 1956, surgiu o videoteipe, revolucionando o mundo da indústria 
da mídia. Com o videoteipe, era possível gravar os programas de televisão 
(MANASSÉS et al., 1980). 
O Computador. A primeira tentativa para construir um computador ocorreu 
em 1951, resultando em uma máquina denominada UNIVAC 1. Em 1946, o 
exército americano patrocinou o desenvolvimento do ENIAC (Calculadora e 
Integrador Numérico Eletrônico), o qual pesava 30 toneladas, possuía 70.000 
resistores, 18.000 válvulas a vácuo e foi construído sobre estruturas metálicas 
com 2,75 metros de altura. Quando acionado, o consumo de energia fez com que 
as luzes da Cidade de Filadélfia piscassem. A introdução do que conhecemos por 
computador foi concretizada pela IBM em 1981, com o Computador Pessoal (PC) 
(CASTELLS, 2000). 
O Satélite. 0 Sputinik russo foi o primeiro satélite lançado no espaço, em 
1957. Criado para a pesquisa espacial, seu uso foi ampliado para estudos 
meteorológicos a partir dos anos 60, e o Telstar, primeiro satélite de 
comunicações, foi lançado em 1962, pelos Estados Unidos. Graças aos satélites 
já podemos acessar a Internet por meio de computadores sem fio. 
A Internet. Foi criada em 1969 para fins militares, um pedido do 
Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América a uma equipe de 
pesquisa de universidades americanas para que projetasse um sistema de 
comunicação invulnerável a um eventual ataque nuclear (CASTELLS, 2000). Esse 
sistema de comunicação foi comercializado na segunda metade da década de 
1990. A internet foi privatizada e se tornou tecnologia comercial. No Brasil, em 
maio de 1995, a Embratel lançou o serviço definitivo de acesso comercial a 
Internet (ABRANET, 2005). Atualmente, estão disponíveis às comunidades de 
pesquisa e aos setores comerciais uma infinidade de serviços e produtos 
oferecidos via rede. 
 
Tecnologias e Educação 
No campo educativo, a história da tecnologia se desenvolveu nos Estados 
Unidos a partir da década de 1940. A tecnologia foi utilizada visando formar 
especialistas militares durante a Segunda Guerra Mundial e, para alcançar tal 
objetivo, foram desenvolvidos cursos com o auxílio de ferramentas audiovisuais. 
Como matéria no currículo escolar, a tecnologia educacional surgiu nos estudos 
de educação Audiovisual da Universidade de Indiana, em 1946. O uso dos meios 
audiovisuais com um intuito formativo constituiu o primeiro campo especifico da 
tecnologia educativa e desde então têm sido uma área permanente de 
investigações. 
Nessa mesma época, iniciou-se uma segunda vertente de desenvolvimento, 
com trabalhos fundamentados no condicionamento operante e aplicados ao 
ensino programado. Essa vertente fundamentou-se nos estudos desenvolvidos por 
B. F. Skinner. Assim, nessa proposta, teve inicio o uso da tecnologia educativa 
como área de estudo no Reino Unido (DE PABLOS, 1998). 
No decorrer da década de 1950, a psicologia da aprendizagem tornou-se 
campo de estudo curricular da tecnologia educacional. Nessa época, as 
transformações causadas por esses estudos foram imprescindíveis, sobretudo 
como novos paradigmas de aprendizagem que muito influenciaram o 
desenvolvimento da tecnologia educacional como disciplina dos currículos 
pedagógicos. 
Na década de 1960, houve grande avanço no desenvolvimento dos meios de 
comunicação de massa no âmbito social. A "revolução eletrônica", sustentada em 
um primeiro momento pelo rádio e pela televisão, foi fundamental para que 
houvesse uma revisão de inigualável importância aos padrões de comunicação 
empregados ate então. Esse desenvolvimento influenciou a vida cotidiana de 
milhões de pessoas, tanto "nos costumes sociais, na maneira de fazer política, na 
economia, no marketing, na informação jornalística como também na educação" 
(DE PABLOS, 1998, p. 52). Os Estados Unidos e o Canadá formaram o grupo de 
países considerados como o cerne original desses acontecimentos revolucionários 
na área da comunicação. 
A década de 1970 foi o marco inicial do desenvolvimento da informática, com 
o emprego de computadores utilizados para fins educativos. Assim, foram 
enfatizadas, principalmente, as aplicações com o ensino assistido por computador 
(EAC), e nos Estados Unidos se realizaram experiências com o objetivo de 
mostrar como a utilização dos computadores no ensino poderia ser eficaz e mais 
econômica, visto que os próprios professores desenhavam os programas a partir 
da linguagem de autor, Pilot (apud DE PABLOS, 1998; GROS, 2000; HARASIM 
etal., 2000). 
 
Tecnologias e Educação no Brasil 
No Brasil, o uso das tecnologias na educação esteve primeiramente voltado 
para o ensino a distância. O Instituto Rádio-Monitor, em 1939, e o Instituto 
Universal Brasileiro, em 1941, realizaram as primeiras experiências educativas 
com o rádio. Entre essas experiências destaca-se a criação do Movimento de 
Educação de Base (MEB), que visava alfabetizar e apoiar a educação de jovens e 
adultos por meio das "escolas radiofônicas", principalmente na região norte e 
nordeste do Brasil. Outro projeto importante transmitido pelo rádio MEC foi o 
projeto Minerva. De 1967 a 1974 foi desenvolvido, em caráter experimental, o 
Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (Projeto Saci) com a 
finalidade de usar o satélite doméstico, utilizando o rádio e a televisão como meios 
de transmissões com fins educacionais. Essas atividades eram subdivididas em 
dois projetos: um era direcionado para as três primeiras séries do ensino 
fundamental e outro para o treinamento de professores. Vale destacar, contudo, 
que o projeto foi encerrado em 1976. 
Registros históricos indicam que, no Brasil, a primeira estação de televisão 
foi a TV TUPI, inaugurada em 1950 na cidade de São Paulo. As experiências 
educativas importantes iniciaram-se em 1969 por meio da Televisão Cultura, que 
passou a transmitir o curso Madureza Ginasial. O grande desafio do curso foi 
provar que era possível transmitir, pela televisão uma aula agradável e eficiente. 
Nessa mesma época, o sistema de Televisão Educativa (TVE) do Maranhão 
passou a desenvolver atividades educativas de 5ª a 8ª séries. A então Fundação 
Teleducação do Ceará (FUNTELC), mais conhecida como Televisão Educativa 
(TVE) do Ceará, começou em 1974 a desenvolver ensino regular de 5ª 8ª séries, 
bern como a produzir e veicular os programas de televisão e a elaborar o material 
impresso (SARAIVA,1996). 
Outro projeto educativo direcionado para o mundo do trabalho, desenvolvido 
desde 1978,foi o Telecurso 2° grau, implementado pela Fundação Roberto 
Marinho (FRM) em parceria com a fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV 
Cultura de São Paulo) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo 
(FIESP). A experiência indicou que houve sucesso na realização das atividades e 
em 1981 foi criado o Telecurso 1° grau, com apoio do MEC e da Universidade de 
Brasília (UnB). No ano de 1994, a série televisiva ganhou uma revisão 
metodológica, sendo a dramaturgia adaptada à educação. Esse novo formato de 
telecurso foi criado em 1995 com o nome de Telecurso 2000 (BARROS, 2003; 
SARAIVA, 1996). 
O Telecurso 2000 foi designado de Ensino e não Educação a Distância, 
apresentando "uma proposta de ação tendencialmente caracterizada pela 
instrução, transmissão de conhecimentos, pelas informações e pelo treinamento 
de pessoas para o universo do trabalho" (BARROS, 2003). Outro grande desafio 
do telecurso tem sido dar atendimento aos deficientes visuais em uma telessala 
adaptada no Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro, na qual os alunos 
têm acesso ao site na Internet, informações das disciplinas e central de 
atendimento tutorial. 
O Telecurso, além de ser realizado em todo território nacional, foi também 
desenvolvido em Portugal pela federação das Mulheres Empresarias e 
Profissionais, que por intermédio de um convênio com a empresa responsável 
pelo Telecurso disponibilizou o programa aos países de língua portuguesa. Nessa 
proposta, foram incluídos os países africanos, como Angola, Moçambique e Cabo 
Verde. Em outros países como a Inglaterra, houve uma adaptação do curso de 
Geografia visando a sua utilização na rede pública de ensino, possibilitando aos 
alunos adquirirem conhecimentos sobre o Brasil. 
O governo brasileiro, por intermédio do MEC, prioriza o uso das novas 
tecnologias na educação para a formação continuada dos professores pelo 
programa TV Escola. Na compreensão do governo, é um programa capaz de 
"sanar algumas das deficiências mais graves do nosso sistema de ensino, como a 
capacitação insatisfatória do magistério" e, ainda, "treinar" e apoiar os professores 
em seu próprio ambiente escolar, objetivando elevar a qualidade do ensino 
brasileiro (TOSCHI, 2001, p. 91). 
Os serviços da Internet, no Brasil, estão disponíveis desde o inicio dos anos 
1980. 0 Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Conselho de 
Desenvolvimento Nacional e Tecnológico (CNPq), criou a Rede Nacional de 
Pesquisa (RNP). No entanto, nessa época as universidades públicas brasileiras já 
estavam conectadas à Rede Bitnet graças a Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ), que sustentava um canal direto com os Estados Unidos 
subsidiado pela própria UFRJ, disponibilizado para todas as universidades 
públicas do Brasil. Com isso, a RNP iniciou a instalação das "chamadas auto-
estradas" da informação brasileira, criando os Pontos-de-Presença (POPs) nos 
estados, conectando dezenas de milhares de computadores, principalmente nos 
centros de pesquisas e instituições de ensino superior (PRETTO, 2001 b). 
A ampliação dos sistemas de telecomunicações permitirá que um número 
cada vez maior de pessoas poderá se conectar para comunicar-se entre si. Em 
termos educacionais, particularmente nesta sociedade pós-industrial na qual a 
informação é figura central, o resultado é a re-construção de conhecimentos. Por 
conseguinte, a capacidade das redes de telecomunicações para possibilitar às 
pessoas, empresas e instituições de manterem-se informadas constitui-se no 
principal diferencial desta sociedade da informação. 
No Brasil, especificamente no meio educacional, ainda estamos nos 
acostumando a pensar na palavra de ordem que impera no mercado de trabalho: 
adquirir conhecimento e informação. Porém não basta somente adquiri-los, é 
necessário que sejamos capazes de construí-los de modo que nos ajudem a 
crescer profissional e pessoalmente. 
Como podemos constatar, neste milênio tecnológico, a informação é a 
palavra-chave e tem sido utilizada por diversos autores nos ambientes virtuais 
como também em muitas instituições públicas ou privadas, de ensino 
convencional ou a distância, que oferecem 'conhecimento e formação atualizada' a 
quem queira, sincrônica ou assincrônica, estando no lugar que queira, sempre que 
possa conectar-se à rede das redes. Por meio das tecnologias, sobretudo as 
relacionadas à educação a distância, o acesso ao conhecimento, a formação 
pessoal e profissional se torna potencialmente melhor a partir da redução da 
distância geográfica, possibilitando hipoteticamente que o conhecimento chegue a 
'todos' e, portanto, espera-se, diminua as desigualdades sociais. 
Entretanto, precisamos estar sempre conscientes das questões que 
envolvem a aprendizagem, com o uso ou sem o uso das tecnologias. Pretto 
(2001a, p. 39) enfatiza ser imprescindível preocuparmo-nos com as políticas 
públicas de inclusão das camadas desfavorecidas ao mundo tecnológico. Também 
nos alerta que preparar o trabalhador para o uso dos computadores e a rede é 
necessário, mas não o suficiente. Para o autor, o fundamental é entender que a 
preparação para esse mundo tecnológico não pode estar desarticulada da 
formação básica, pois não podemos falar em alfabetização digital se não falarmos, 
simultaneamente, em alfabetização das letras, dos números, da consciência 
corporal, da cultura, da ciência. 
Não obstante, de que nos servem todas essas descobertas tecnológicas em 
beneficio da educação?. De um modo geral, da parte da sociedade e dos órgãos 
governamentais existem sérias preocupações quanto à educação das pessoas. 
Dentre essas preocupações, três são fundamentais: "o acesso, a qualidade e o 
custo". 
Quanto ao acesso, a educação não atinge as centenas de milhões dos 
cidadãos do mundo, o que não é nenhuma novidade, principalmente para nós 
professores, visto que o Brasil possui, segundo dados de 2000 do IBGE, 
aproximadamente 16 milhões de analfabetos absolutos e 30 milhões de 
analfabetos funcionais. Os números mostram que ainda é preciso um grande 
esforço para acabar com o analfabetismo em nosso país (INEP, 2005). Outros 
milhares de pessoas foram e são excluídas nos diferentes graus do ensino. 
Quanto à qualidade, existe um consenso geral por parte daqueles que 
freqüentam ou freqüentaram a escola, assim como da sociedade civil e também 
do governo, de que é preciso elevar a qualidade da educação. 
Quanto ao custo, sabemos que uma educação de qualidade requer 
investimentos elevados. Custos elevados limitam o acesso, e se qualidade e 
aptidão para um determinado fim, a um custo mínimo para a sociedade, então os 
custos elevados são ruins para a qualidade. 
Também sabemos perfeitamente que ainda hoje, na maioria das escolas, 
contamos com muitos alunos presentes nas salas de aula. Nesse contexto, quanto 
mais alunos inseridos na mesma sala, mais alunos terão acesso à educação, o 
que provoca a queda do custo, e conseqüentemente da qualidade da educação. 
Logo, criou-se um "vínculo insidioso entre qualidade e exclusividade", ou seja, 
para conseguir alta qualidade é preciso excluir o máximo de pessoas do acesso à 
educação. Será esse o único caminho? 
Mas o que é qualidade? A definição padrão de qualidade é concebida 
simplesmente como "aptidão para um determinado fim, a um custo mínimo para a 
sociedade". Mas qual seria esse fim? Duas questões podem ser ressaltadas: a 
criação de capital humano e a geração de capital social. Entende-se por capital 
humano o conhecimento individual, as capacidades que tornam uma pessoa 
autônoma, flexível e produtiva. O capital social consiste em confiança nas outras 
pessoas, na reunião de pessoas em torno de umobjetivo comum, a partir do qual 
as comunidades são geradas. 
O que as tecnologias têm a ver com isso? Acesso, qualidade e custo? 
Podemos associar pessoas e tecnologias na forma de aprendizado que mistura 
dois tipos de atividades. Existem as atividades que o aluno consegue realizar 
sozinho, como, por exemplo, ler um livro, ver um programa de televisão, ouvir uma 
palestra ou assistir a um vídeo. São atividades que podem ser desenvolvidas de 
forma independente e, além disso, constituem a maioria do aprendizado do aluno, 
pelo menos na educação superior, pois são atividades que permitem o use de 
tecnologia para aumentar o acesso, melhorar a qualidade e cortar os custos. 
Por que? Porque os custos para a produção desses materiais básicos do 
aprendizado se concentram de forma mais elevada somente na produção do 
original, ou seja, imprimir vários exemplares de um livro, reproduzir várias cópias 
de um filme, de programas de televisão, ou programas em CD-ROM não custa 
muito caro. É necessário, contudo, produzi-los em grande quantidade para que 
todos os que desejam continuar seus estudos possam adquiri-los. Porém a 
qualidade desses materiais dependerá do grau de seriedade, confiabilidade e 
competência que possui cada indivíduo pertencente a equipe multidisciplinar do 
curso. 
Por outro lado, ao se aumentar o acesso por meio da redução dos custos é 
preciso levar em conta que as atividades independentes, por si só, não promovem 
bons rendimentos na aprendizagem dos alunos. Logo, as atividades interativas, 
são necessárias. Estas configuram-se como os encontros presenciais com outras 
pessoas, nossos alunos, professores, ou comunicação por telefone, por e-mail, 
para obter respostas as nossas dúvidas. 
Tais atividades são imprescindíveis para o sucesso da aprendizagem da 
maior parte dos estudantes, mas conforme Pretto (2001a), também são mais 
caras. Por que? Porque as atividades interativas adicionais requerem um número 
maior de pessoas. Todavia, é possível melhorar a qualidade e reduzir os custos. 
Como? 
Neste novo ciberespaço que estamos vivenciando, há um livre intercâmbio 
de informações, e é necessário que aprendamos a transformá-las em 
conhecimentos. Encontramos excelentes programas educativos, informativos e 
culturais nas rádios, na televisão, nas teleconferências, e principalmente na 
Internet. No entanto, na educação de modo geral, e na formação de professores 
em especial, teoricamente os discursos sobre a construção desses conhecimentos 
são maravilhosos, mas quando os transportamos para a prática não sabemos 
como trabalhar com eles. Assim, ao mesmo tempo em que dispomos de 
excelentes materiais que são transportáveis pela Web, ainda precisamos aprender 
a transformá-los em conhecimentos. 
Buscando soluções conjuntas de políticas públicas, encontraremos soluções 
para superar as dificuldades. Como salienta Pretto (2001a), é necessária uma 
articulação do que se denominou "alfabetização tecnológica ou digital" 
acompanhada por uma discussão concomitante sobre a alfabetização das letras, 
dos números, da consciência corporal, das próprias condições que provocam a 
exclusão educacional e que podem ser superadas ou minimizadas por meio das 
tecnologias disponíveis em cada região. 
As condições, tanto geográficas quanto as sociais, econômicas e culturais 
presentes no sistema de educação no Brasil, nos permitem concordar com o 
pesquisador Daniel (2001) quando destaca como principais, no uso da tecnologia 
na educação, as necessidades do aluno e não as necessidades do professor. 
Sendo assim, a melhor maneira de atingir o aluno é usar a tecnologia que ele já 
possui. Ademais, a tecnologia deve ser aquela que se aplica às tarefas práticas de 
conhecimentos científicos e de outros tipos de conhecimentos organizados pelas 
pessoas e pelas máquinas. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PROVEDORES DE ACESSO. Serviços e 
informacões da rede internet. Disponível em: 
<http://www.abranet.org.br/historiadainternet/brasil.htm> Acesso em: 9 maio 
2005. 
BARROS, D. M. V. Educação a distância e o universo do trabalho. Bauru: 
Edusc, 2003. 
CASTELLS, Manuel. Sociedade em rede: a era da informação: economia, 
sociedade e cultura. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. v. 1 
DANIEL, John. Tecnologia e educação: aventuras no eterno triângulo. Revista 
Educação Brasileira, Brasília, DF, v. 23, n. 47. p. 53-63, jul./dez. 2001. 
DE PABLOS, J. P. Visões e conceitos sobre a tecnologia educacional. In: 
SANCHO, J. M. (Org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: ArtMed, 
1998. 
DUART, Josep M.; SANGRA, Albert. Aprender en la virtualidad. Barcelona: 
Gedisa, 2000. 
GROS, Begona S. El ordenador invisible: hacia la apropiación del ordenador en 
la enseñanza. Barcelona: Gedisa, 2000. 
HARASIM, L.; HILTZ, S. R.; TUROFF, M.; TELES, L. Redes de aprendizaje: guia 
para enseñanza y el aprendizaje en red. Barcelona: Gedisa, 2000. 
KENSKI, Vani M. Tecnologias e ensino presencial e a distancia. Campinas, 
SP: Papirus, 2003a. 
KENSKI, Vani M. Novas tecnologias na educação presencial e a distancia. In: 
ALVES, L; NOVA, C. (Org.). EducaCao a distancia: uma nova concepção de 
aprendizagem e interatividade. São Paulo: Futura, 2003b. p. 25-42. 
LEVY, Pierry. Cibercultura. Sao Paulo: Editora 34, 1999. 
MANASSÉS, Branca et al. Tecnologia da educação: uma introdução ao estudo 
dos meios. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980. 
MARCONDES FILHO, Ciro. Televisão. São Paulo: Scipione, 1994. 
MARCONDES FILHO, Ciro. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 
1988. 
 
PRETTO, N. L. Desafios para a educação na era da informaçãoo: o presencial, a 
distancia, as mesmas politicas e o de sempre. In: BARRETO, R. G.; PRETTO, N. 
L. et al. Tecnologias educacionais e educação a distância. Rio de Janeiro: 
Quartet, 2001 a. p. 29-53. 
PRETTO, N. L. Politicas publicas educacionais: dos materiais didáticos aos 
materiais multimedia. Revista de Educação, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 5-20, 2001 
b. 
SARAIVA, Terezinha. Educação a distância no Brasil: ligações da história. In: Em 
aberto, Brasilia, DF, ano 16, n. 70, p. 17-27, abr./jun.1996. 
TOSCHI. M. S. TV escola: o lugar dos professores na politica de formaçãoo 
docente. In: BARRETO, R. G.; PRETTO, N. L. et al. (org.). Tecnologias 
educacionais e educaçãao a distância. Rio de Janeiro: Quart, 2001. p. 85104.

Continue navegando