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Aplicação dos direitos fundamentais no caso Cesare Battisti

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Aplicação dos direitos fundamentais no caso Cesare Battisti
A atividade em questão tem por intento dissertar sobre o caso do pedido de extradição envolvendo o italiano Cesare Battisti julgado pelo STF à luz dos direitos fundamentais. Para tanto será necessária a utilização dos conhecimentos adquiridos em sala de aula, bem como pesquisa bibliográfica e análise das fundamentações dos ministros que garantiram ao estrangeiro sua permanência no Brasil. 
Antes de mais nada, cumpre declarar que um dos critérios para a execução da extradição é a existência prévia de um Tratado de extradição, de modo geral um tratado consiste no acordo resultante da convergência de duas ou mais nações sobre determinado tema, podendo ser de: direitos humanos, meio ambiente, produção de armas de destruição em massa, extradição etc. A despeito disso, no caso Battisti, havia tratado entre Brasil e Itália sobre a extradição, cuja assinatura ocorreu em 17 de outubro de 1989, e sua vigência teve início somente em 1993 com a promulgação do decreto Nº 863, o que não foi suficiente para o país europeu ter sua solicitação atendida. Tal fato se deu em virtude de nossa legislação impedir a extradição em casos de crimes com conotação política, com vista no art.77, inciso VII da Lei 6.815 de 1980. Ademais, a sustentação da recusa se ancora também no artigo 3 do referido tratado. 
“f) Se a parte requerida tiver razões ponderáveis para supor que a pessoa reclamada será submetida a atos de perseguição e discriminação por motivo de raça, religião, sexo, nacionalidade, língua, opinião política, condição social ou pessoal; ou que sua situação possa ser agravada por um dos elementos antes mencionados.”
O entendimento do STF é pelo primado da Constituição, ou seja, não existe concorrência entre tratados internacionais e nossa lei maior. Estando em conflito com o direito internacional público, prevalecerá sempre a suprema autoridade normativa da Constituição. É importante mencionar que se o STF decidir pelo indeferimento do pedido de extradição o presidente da república não poderá contrariá-lo, o contrário é possível, caso o STF decida pelo deferimento, nos limites do tratado, o presidente pode acolher o indivíduo. Notabiliza-se que no caso Battisti, por ser um militante de esquerda, era interesse da cúpula governamental a sua permanência, tanto que em 2009 lhe foi concedido, pelo então ministro da justiça Tarso Genro, o status de refugiado político, contrariando a decisão do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), fato que se efetivou em 2010 quando houve a negação do pedido de extradição pelo presidente Lula, apesar do STF ter decidido pela extradição. 
A decisão, embora pareça um desrespeito ao Estado italiano, teve fundamentação no próprio tratado e acima de tudo constitucional, pois a lei fundamental consigna em seu texto os fundamentos da República Federativa do Brasil, sejam eles: Soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e pluralismo político. E dentre os princípios que pautam o Brasil nas suas relações internacionais escritos no art.4 da Constituição Federal temos: Prevalência dos direitos humanos, independência nacional, não intervenção, autodeterminação dos povos, solução pacífica dos conflitos e concessão de asilo político. Portanto, não houve infração ao direito internacional, nem mesmo ao tratado, apenas foi observado pelo governo brasileiro sob a ótica da primazia dos direitos humanos.

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