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Bioética - Pesquisas com Células Tronco

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FACULDADE DE DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO FDRP-USP
TRABALHO DE BIOÉTICA
Aspectos Éticos Jurídicos das Pesquisas com Células Tronco Embrionárias
Gabriel Alexandre Vendrame Vourlis n°USP-9001988
Ribeirão Preto – SP
2017
INTRODUÇÃO
A polêmica sobre o uso de células tronco embrionárias para pesquisa e terapia embrionárias teve seu ápice em 2005, momento em que foi julgada a Ação Direta De Inconstitucionalidade n°3510, que teve como alvo o art. 5° da Lei 11.105/05, a Lei de Biossegurança, uma vez que este permite o uso de células tronco embrionárias para fins terapêuticos e de pesquisa. Com essa permissão, vários segmentos da sociedade, como bioeticistas, religiosos, políticos e juristas se manifestaram sobre as questões éticas do assunto, uma vez que o uso de células tronco embrionárias envolvem a destruição do embrião.
Foi discutido temas relativos desde os critérios para se determinar o início da vida humana, até o potencial científico das pesquisas com células tronco embrionárias.
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O instituto da família é um dos pilares do direito desde os primórdios do mesmo. Apesar do passar do tempo e das gerações, mesmo adaptando-se a mudanças, a figura da família sobreveio essencialmente intacta.
A constituição de uma nova família sempre se fez de grande importância nas sociedades humanas. A possibilidade do ser humano dar continuidade à própria espécie, deixando no mundo seu legado, relaciona-se inclusive com a ideia de dignidade do mesmo. A infertilidade sempre foi vista como fator negativo, atribuída ora a vontade de Deuses, ora a feitiços de bruxas e até mesmo à ira de antepassados.[1: (LEITE, 1995, p. 17)]
O conhecimento da reprodução humana sempre instigou o homem, de forma que é de conhecimento comum a infinidade de mitos e religiões que se manifestam sobre o assunto. Em reflexo dessa mitificação da reprodução humana, há sempre nesses mitos histórias referentes à reprodução sem o ato sexual. Seja pela chuva de ouro recaída em Dânae; seja pelas bênçãos de Kwanyin; ou Até mesmo pela figura de Maria: os seres humanos sempre falaram sobre reprodução sem ato sexual.[2: Segundo a mitologia Grega, Zeus se fez em chuva de ouro para engravidar Dânae.][3: Segundo a mitologia Chinesa, Kwayin abençoava as mulheres que a prestasse culto, fazendo-as grávidas.]
Com o Avanço da ciência, se fez possível não só falar sobre, mas também o fazer: em 1969, Robert Edwards e Patrick Steptoe foram capazes de reproduzir embriões humanos in vitro. Em 25 de julho de 1978 nasceu o primeiro bebê de proveta, pelas mãos do embriologista Robert Edwards e o ginecologista Patrick Steptoe.
Entretanto, na época o mundo jamais imaginaria como a ciência evoluiria rápido. Hoje, a embriologia se fez tão avançada que até mesmo homens que não produzem espermatozoides e mulheres que não ovulam podem ser pais. Há porém, que a ciência se expande tanto por encomendas quanto por descobertas: em 1988, a equipe do professor James A. Thomson, Na universidade de Wisconsin conseguiu isolar as primeiras células-tronco de embriões humanos.
Em virtude da imprevisibilidade das descobertas científicas, cujas possibilidades sempre excedem a imaginação dos legisladores, o uso de células-tronco embrionárias possuía pouca proteção legal, e portanto houve espaço para polêmica.
2. CONTEXTO INTERNACIONAL
Como se sabe, ao direito não cabe impor barreiras nem estabelecer divisas morais, mas sim disciplinar situações que venham a ocorrem em decorrência da evolução humana, desta forma, distintas teorias e correntes são adotadas e, logo, diferentes interpretações de como algo deve ou não ser dominam diferentes povos.
No contexto internacional, têm-se países como o Reino Unido que permite tanto o uso de células tronco excedentes quanto a clonagem terapêutica (produzir embriões), enquanto que em outros como França, Espanha, Portugal e Holanda e , no caso, o Brasil, permitem o uso de células tronco embrionárias, porém não permite a clonagem terapêutica. Em conseguinte há também países como a Itália, que sofrem forte influência a Igreja Católica e, portanto, têm proibido ambos os procedimentos.
3. INÍCIO DA VIDA
Diz José Roberto Goldim que: “O estabelecimento de critérios biológicos – início da vida de um ser humano – ou filosóficos – início da vida de uma pessoa – ou ainda legais é uma discussão difícil, mas por isso mesmo desafiadora” (GOLDIM).No que diz respeito à esfera jurídica, é de fundamental importância definir quando ocorre o início da vida. Isto porque, uma vez definido o início, será de mais fácil entendimento se o embrião é um objeto de direito, ou um sujeito de direito.
Neste paradigma, há duas teorias de destaque: 
A Teoria Natalista, Adotada pelo Código Civil, A qual sustenta que a personalidade jurídica se inicia a partir do momento em que ocorre o nascimento com vida. Sobre a mesma, leciona Flávio Tartuce:“(...)a teoria natalista nega ao nascituro até mesmo os seus direitos fundamentais, relacionados com a sua personalidade, caso do direito à vida, à investigação de paternidade, aos alimentos, ao nome e até à imagem” (TARTUCE, 2014, p. 79); e a Teoria Concepcionista, aceita pela Igreja Católica, que considera o início da personalidade a partir da concepção. É importante ressaltar que o Código Civil, mesmo adotando a teoria Natalista, prevê no art. 2° proteção dos direitos dos nascituros, in verbis: 
“Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Faz-se também, menção a outras teorias menos populares tais quais: teoria da Personalidade Condicional, similar à teoria Natalista, de forma que é comumente confundida com esta, sendo, inclusive, que alguns atores creem que aquela é um desdobramento desta (TARTUCE F. , 2017, p. 137).A teoria da personalidade condicional acredita que “a personalidade começa com a concepção, sob a condição do nascimento com vida” (Paiva). Assim sendo, a personalidade atribuída ao embrião é condicionada, desde a concepção, a hipótese de nascer com vida e extingue-se caso o feto não chegue a viver. Ou seja: o embrião não chega a ser uma pessoa humana, porém pertence à espécie humana, de forma que tem total potencial de vir a se tornar uma pessoa. (VASCONCELOS, 2006);
Ainda, merece destaque a teoria de que a vida só se inicia com a formação de rudimentos do sistema nervoso central, nas palavras de Ana Paula Gimarães: no “momento da constituição das bases do sistema nervoso central que tem lugar entre o décimo quinto e o quadragésimo dia de vida do embrião” (GUIMARÃES, 1999). A corrente se baseia na ideia de que, se a morte o homem se configura a partir da morte cerebral, nos termos do art. 3° da Lei de Transplantes (n.°9434/97) in verbis:
“Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.”(Grifo nosso)
Então, de maneira análoga, antes da formação do córtex cerebral não há o que se falar em vida, segundo os adeptos da corrente. Essa corrente é apoiada pelo ministro Carlos Ayres Britto, na ADI n° 3510, na qual é relator. (ADI n° 3510, Min. Rel. Carlos Ayres Britto, 2005)
Ocorre, porém, que no que diz respeito aos embriões excedentários, a lei não se faz presente, de forma que cabe interpretá-la de maneira extensiva para tutelar ou não o direito desses.
3. LEI DE BIOSSEGURANÇA
A Lei 11.105/05, também conhecida como Lei de Biossegurança, dispõe no seu art. 5°, caput, a possibilidade do uso de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos e de pesquisa, in verbis:“Art. 5°: É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidospor fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:”(Grifo Nosso)
Porém, há de se lembrar que o art.5° da Lei de Biossegurança também trás em si limitações para o uso das células embrionárias, nos seguintes termos: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento”. 
Destaca-se, que o entendimento de “inviável” foi alvo de Donadio, (Donadio NF; Donadio N; Celestino CO et al, 2005), o qual procurou estabelecer critérios morfológicos para definir um embrião como viável ou não. Em seu trabalho, usou da ordem desenvolvida por Veeck, em 1986, a qual divide os embriões em A, B, C e D, em ordem decrescente de “qualidade”. Donadio concluiu, contudo, que embriões tanto do grupo A, B, C quanto D, podem resultar em gravidez, ressalvando, porém, o percentual baixíssimo de aborto e mal formação fetal.[4: (VEEK, 1986) Veeck LL. Atlas of the human oocyte and early concepus. Baltimore: Williams & Wilkins; 1986, pesquisa baseada na fragmentação de embriões]
Em sentido semelhante, Badalotti Telöken publicou estudo no qual demonstrou que a viabilidade o embrião diminui com o tempo de congelamento, apesar de existirem crianças nascidas de embriões congelados (Telöken C, 2002). Ainda, é importante lembrar que embriões criopreservados tem baixíssima taxa de implantação: apenas de 0,8%.
Embora a Lei de Biossegurança tenha como tema central a as pesquisas e fiscalização do uso de Organismos Geneticamente Modicados (OGM), a Lei, de forma inesperada, opta por regulamentar o uso de células-tronco embrionárias, tema que sequer mencionado no artigo que menciona os objetivos da lei. Sob essa perspectiva, há doutrinadores o quais lecionam que a lei em questão tratou o assunto de maneira demasiada superficial. Nesse sentido, temos: 
“(...)em que pese a relevância social do tema a necessidade de legislação nesta área, observa-se que o legislador tratou da matéria de forma precária e deficiente, tudo sintetizando em breves passagens altamente criticáveis” (MARTINS-COSTA, FERNANDES, & GOLDIM, 2008)., bem como “As discussões que precederam à aprovação do texto da Lei de Biossegurança e o uso de embriões humanos para pesquisa, foram baseados em informações dirigidas para o apelo do uso terapêutico das CTs (Células Tronco) embrionárias. Considero que a aprovação da lei e sua sanção fora precipitadas diante da importância do tema” (CLOTET, FEIJÓ, & OLIVEIRA, 2005).
3.1 ADI 3510	
Em resposta ao art. 5° da Lei de Biossegurança proposta em 2004, o então Procurador da República, Dr. Cláudio Lemos Fonteles, Propôs uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 3510, apontando o dispositivo como inconstitucional alegando que a lei feria, entre outros, os dispositivos presentes no art. 1°, inciso III; e o art. 5° caput, ambos da Constituição Federal de 1988. [5: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:(...)III - a dignidade da pessoa humana;][6: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)]
3.2. STF
O Supremo Tribunal Federal decidiu o dia 29 de maio de 2008 que as pesquisas com células tronco não violam o direito à vida nem à dignidade da pessoa humana. Manifestaram-se seis ministros pelo improcedência da ADI n° 3510. 
Em seu voto, o ministro-relator Carlos Ayres Britto destacou quatro aspectos distintos do dispositivo em questão (art. 5° da Lei 11,105/05). O primeiro deles é a autorização para a utilização, para fins de pesquisa e terapia, para o uso de células tronco embrionárias. Nesse quesito ele se manifesta no sentido “pesquisa científica e terapia humana em paralelo àquelas que se vêm fazendo com células-tronco adultas, na perspectiva da descoberta de mais eficazes meios de cura de graves doenças e traumas do ser humano”.[7: BRASIL. Supremo Tribunal Federal, ADI n°3510, 26 de Julho 2017]
O segundo aspecto é, na parte final do artigo em questão, os incisos I, II e § 1°, traz uma série de condições alternativas para autorizar o uso de células tronco embrionárias, entre elas a não-viabilidade do embrião para fins reprodutivos; o não aproveitamento para fins reprodutivos dos embriões “viáveis”(fato que depende apensa da vontade do casal); que se trate de embriões congelados a pelo menos três anos (da data da publicação da lei ou então três anos completo antes da publicação da mesma); cumulativo com o consentimento do casal doador para o uso de embriões deles advindos.[8: BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Ação... 26 de Julho 2017]
Terceira disposição relevante salientada por Carlos Ayres Britto, diz respeito à obrigatoriedade de análise de todos os projetos com embriões humanos para comitês de ética e pesquisa, a fim de se respeitar diretrizes bioéticas.[9: BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Ação... 26 de Julho 2017]
Por último, na análise do ministro-relator, é destacado a proibição de comercialização de todo material do gênero que for coletado nas pesquisas, sendo, poi, que desrespeitar esta medida se equivale ao crime previsto no art. 15, caput, da Lei 9,434/97 (Comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano).
Ainda, o relator do processo, o qual votou pela improcedência da ação, e se manifestou no sentido de que a vida só ocorre a partir da formação do cérebro. Segundo o Ministro, para existir vida humana é necessário que haja implantação no útero da mãe e, além disso, no seu entender, o zigoto (embrião em estado inicial) é a primeira das fases de um embrião humano, porém não representa, ainda, uma pessoa natural, visto que é desprovido de cérebro formado. Ainda, ressaltou que o Art. 5° da Lei em questão regula de maneira muito bem estruturada o uso de embriões, sendo que, inclusive, qualificou a Lei de Biossegurança como um “perfeito” e “bem concatenado bloco normativo”.[10: Disponível em: < http://stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=89917>]
Em sentido semelhante, se manifestou Ellen Gracie, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio e Celso de Mello.
Elle Gracie entende, ainda: Por outro lado, o pré-embrião também não se enquadra na condição de nascituro, pois a este, a própria denominação o esclarece bem, se pressupõe a possibilidade, a probabilidade de vir a nascer, o que não acontece com esses embriões inviáveis ou destinados ao descarte”.[11: Disponível em:< http://stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=89917>]
Ressalta-se, ainda as palavras de Cármen Lucia, no sentido de que a não utilização de embriões não implantados resultaria em apenas mais “lixo genético”		[12: Disponível em:< http://stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=89917>]
4. ARGUMENTOS
4.1 Favoráveis ao uso de Células Tronco Embrionárias
4.1.1 A vida humana se inicia 14° dia após a fecundação
Para alguns doutrinadores, para analisar quando a vida humana se inicia, basta que se considera quando a vida humana termina. Segundo estes, ao levarmos em conta que a vida humana tem cessa com o findar da atividade cerebral, vide art. 3° da Lei dos Transplantes (9,434/97).[13: (GOLDIM, 2007)]
De acordo com essas considerações, leva-se em conta que antes do 14° dia o embrião ainda não possui, ainda, os primórdios do córtex cerebral, de forma que, portanto, tratar o embrião como um ser humano seria uma incoerência.
Ainda, destaca-se que, se o ordenamento se forçou a determinar um critério para o fim da vida, visto a necessidade de transplantes de órgãos, como o fim da atividade cerebral mesmo estando os tecidos e órgãos quase todos funcionando,mostra-se razoável que se faça o mesmo com o inicio da vida[14: (Iorra, 2008) Disponivel em: <http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2008_1/alice_kramer.pdf>]
4.1.2 Células-Tronco Embrionárias são o tipo celular de maior potencial terapêutico.
Segundo alguns especialistas, as células-tronco de origem embrionária são de maior potencial do que as células tronco proveniente de organismos adultos. Segundo os mesmos, as células tronco de tecidos adultos são Multipotentes, porém não Totipotentes, ou seja, tem capacidade de se transformar em vários tecidos do corpo, porém não em todos eles. Há porém, que as células de origem Embrionárias tem capacidade em se transformar em todos os tecidos humanos, sendo portanto uma clara vantagem em relação ao uso de células de tecidos adultos.[15: (Iorra, 2008)]
Segundo o Ministro Carlos Ayres Britto, são as células estaminais embrionárias o tipo celular mais promissor, consoante manifestação: “células-tronco embrionárias constituem tipologia celular que acena com melhores possibilidades de recuperação da saúde de pessoas físicas ou naturais, em situações de anomalias ou graves incômodos genéticos, adquiridos, ou em consequência de acidentes”[16: BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Ação... 26 de Julho 2017]
4.2 Contrários ao uso de Células Tronco Embrionárias
4.2.1 A vida humana se inicia na fecundação - O embrião é um ser humano
Como já elucidado, a origem da vida humana é ainda palco de muita discussão. Um protagonista desta discussão é a Corrente Concepcionista, a qual acredita que, a partir do momento que ocorre a fecundação do óvulo forma-se um ser novo e independente da mulher que o carrega, uma vez que seu código genético é diferente dos de seus progenitores, sendo portanto, outro ser humano.
Desta forma, a destruição deste ser é, nada mais, que homicídio praticado contra quem não tem condições de se defender.
Nesse sentido, o Dr. Claudio Fonteles se manifesta:
“A retirada das células-tronco de um determinado embrião in vitro destrói a unidade, o personalizado conjunto celular em que ele consiste. O que já corresponde à prática de um mal disfarçado aborto, pois até mesmo no produto da concepção em laboratório já existe uma criatura ou organismo humano que é de ser visto como se fosse aquele que surge e se desenvolve no corpo da mulher gestante.”[17: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 3510, Disponível em: < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=611723> , acesso em 24 de julho de 2017]
Dessa forma, consideram os apoiadores dessa corrente que, uma vez sendo necessário a destruição do embrião para realizar pesquisas, a Lei de Biossegurança viola o art. 5° da Constituição Federal, o qual garante o direito a vida e segurança, além do art. 1°, III, o qual garante á dignidade da pessoa humana. Em sentido semelhante, manifestou-se a CNBB (Confederação Nacional Dos Bispos do Brasil) e a Igreja Católica, através do advogado Dr. Ives Gandra da Silva Martins:
“O conhecimento científico consolidado e transmitido pelos livros-texto de ensino na área de saúde a propósito do início da vida humana com a fecundação, ou seja, com a penetração do espermatozóide no óvulo, dando origem ao zigoto, a primeira célula de um novo indivíduo humano”[18: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 3510, Disponível em: < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=611723> , acesso em 24 de julho de 2017]
Em suma, a Corrente em questão considera o embrião como um ser humano em sentido pleno, de forma que, apesar do grande potencial das pesquisas com embriões humanos, o uso de uma vida humana não é justificável.
4.2.2 Pesquisas com Células Tronco Adultas são tão, ou mais, promissoras quanto com Células Tronco Embrionárias.
Segundo entrevista realizada por professor Dr. Damián Garcia-Olmo, titular de cirurgia da Universidade Autônoma de Madrid, as células-tronco podem ser obtidas em organismos adultos, “se ha logrado crear células madre a partir de células especializadas”.[19: Traduzido: “conseguiu-se criar células-tronco de células especializadas(adultas)” Disponível em <http://www.rtve.es/television/20110121/redes-como-curan-celulas-madre/396840.shtml?hc_ref=ARThZ0PDncM5_jCH5mdF-Pj2mm9yuPeHb7zu27v_9aPEPOVMFGVMYVd-urTxmifk5Rw>, acesso em 26 de Julho de 2017.]
Ainda, o professor cita o trabalho de Catherine Verfaillie, da Universidade de Minnesota, o qual conclui que as células tronco provenientes da Medula Óssea de indivíduos adultos tem a capacidade de se transformar em praticamente todos os tipos de tecidos do corpo humano, de forma que não há necessidade de usar Embriões.[20: “Com a injeção dessas células, começou-se a observar também que novos vasos sangüíneos surgiam dentro do órgão que estava tentando recuperar e que, com isso, era possível voltar a irrigar uma região antes danificada. Dessa forma, as células do próprio órgão eram capazes de atuar nessa regeneração, identificando uma ação indireta das células da medula injetadas no tecido danificado”. In: MUNHOZ, César. Estamos ajudando pacientes a sair da fila dos transplantes. Disponível em: <http://www.aprendebrasil.com.br/entrevistas/entrevista0132.asp> Acesso em 26 de Julho de 2017.]
5. Conclusão
No que diz respeito à pesquisas de células-tronco embrionárias, há grande espaço ara discussões de cunho moral, filosófico, religioso e jurídico. Ademais, se mostra difícil de pensar no uso de embriões humanos como fonte de células tronco sem se levar em conta, também, todo o contexto da reprodução in vitro. A polêmica entre a relação os benefícios trazidos e os riscos de desrespeitar o ser humano, pelo uso de células-tronco embrionárias, não haverão de ser cessadas pela decisão do Supremo Tribunal Federal, há, porém, que o mesmo colocou um aparente ponto final sobre o âmbito jurídico: As pesquisas são reguladas pela Lei de Biossegurança, e esta é constitucional.
Atualmente, o ordenamento jurídico não considera o embrião como sujeito de direito, mas sim como objeto de direito, pois caso contrário, seria o embrião protegido pelo art. 5° da Constituição Federal. Vale ressaltar, porém, que mesmo sendo objeto de direito a lei se manifesta no sentido de não permitir que o embrião seja manipulado de maneira efêmera, a contrário, o mesmo dispositivo que acabou por colocar o embrião na condição de objeto (art. 5° da Lei de Biossegurança) também previu condições que devem ser respeitadas para que o trabalho com este não se dê contrário à Bioética.
Contudo, sobre a ótica dos adeptos da corrente Concepcionista, as condições impostas para o uso (e por conseguinte destruição) de embriões humanos não são suficientes para que não seja tipificada a conduta como abortiva ou mesmo homicídio.
BIBLIOGRAFIA
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STF libera pesquisas com células-tronco embrionárias. (29 de Maio de 2008). Acesso em 24 de Julho de 2017, disponível em http://stf.jus.br: http://stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=89917
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