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LESÕES no OMBRO

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CAPA
 Volume – 1
 Número – 3
 Julho de 2007
Arquivos de FisioterapiaArquivos de Fisioterapia
Editorial
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página I
Percorrendo algumas velhas relíquias da minha biblioteca 
deparei-me com o seguinte trecho: “A lei é uma relação 
matemática. Ela incide , não sobre a natureza das coisas, mas 
sobre um emaranhado de sinais, de índices e de símbolos que 
indicam as transformações e a evolução das coisas”.
Tal era o entendimento do filosofo Abel Ray, citado por A.D. 
Sertillanges em “Para Além da Ciência...” (Livraria Tavares Martins 
-1942), obra coordenada por Luois Broglie (Prémio Nobel da Física 
em 1929), nos meados do século passado.
Vem isto a propósito não de qualquer rebate nostálgico, de 
uma época que só conheço dos registos históricos, mas sim da 
corrente de transformações em nos encontramos mergulhados 
como cidadãos e como profissionais. Reflectir sobre o nosso 
passado, “voar” sobre o presente para nos determos a conjecturar 
sobre o futuro é a dinâmica que imprimimos todos os dias á nossa 
existência.
A evolução da nossa profissão é sem dúvida um 
emaranhado de vivências experiências que têm, continuamente, de 
ser devidamente organizadas e padronizadas com o objectivo de a 
tronarmos verdadeiramente cientifica.
Vamos, neste número, dar um contributo nesse sentido. O 
artigo da ”“N” Reflexões” da autoria da colega Isabel Coutinho, que 
se publica agora, é sem dúvida um importante documento de apelo 
ao registo histórico e , obviamente, um convite à reflexão sobre a 
nossa actividade profissional e à nossa actuação diária, num 
enquadramento onde a legalidade assume um caracter de 
complemento organizador.
Não gostaria de acabar estas linhas sem chamar à atenção 
sobre um outro aspecto deste nosso 3º número. A 
transversalidade desta nossa publicação. Assim iniciamos agora a 
colaboração com o colega Pedro Patrício, Técnico Coordenador de 
Imagiologia do Hospital da Luz, com a perspectiva de que ele, neste 
e em futuros artigos, nos mostre “aquilo” que tratamos e também 
aquilo que normalmente, estando ao alcance das nossas mãos, 
está inatingível com a nossa visão.
A todos uma boa leitura
O Editor
O Editor
Luís Eva Ferreira
Arquivos de FisioterapiaArquivos de Fisioterapia
Nota aos Autores e Leitores
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página II
Como é sabido, pois está na nossa Carta de Intenções, a 
propriedade dos artigos publicados pela Arquivos de Fisioterapia (AF)
permanece dos seus autores.
Nesta filosofia de Imprensa de Acesso Livre (permita-se esta 
“tradução livre” do conceito), os autores concedem à AF ape-nas a 
autorização para publicar, guardar, distribuir na íntegra ou em parte, 
os seus artigos.
Assim fazemos notar que, ainda que sendo nós uma fonte 
para a recolha dessas peças, os seus autores, e não só a AF, devem 
ser sempre contactados quando estiver em causa a utilização das 
suas matérias, textos, imagens ou outros elementos, 
Por outro lado, é sabido que a qualidade e utilidade dos ar-
tigos se encontra no local, forma e número de vezes que são cita-
dos.
Nesse intuito está já ao dispor de todos, Autores e Leitores, 
na nossa página de Internet um formulário de preenchimento on-line, 
para que possam ser averbadas as informações referentes às 
citações dos nossos artigos. Assim podemos simultaneamente, 
enriquecer o curriculum da comunidade, “completar” os temas por 
nós publicados e fornecer aos leitores artigos relacionados com os 
assuntos tratados.
Por isso pedimos a todos para que nos informem, através da 
www.afisioterapia.com sempre que no decurso dos vossos trabalhos 
citem os artigos da AF. 
Só assim podemos construir bases sólidas e credíveis de 
conhecimento.
Arquivos de FisioterapiaArquivos de Fisioterapia
Ficha Técnica
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página III
Director: 
 Luís Eva Ferreira 
 
Editor: 
 Luís Eva Ferreira 
 
Editores Adjuntos: 
 João Brites de Sousa 
 Paulo Gaspar
Acessoria de Edição: 
 SFC - Consultores 
Colaboradores: 
 Fátima Belo; Lúcia Pedrosa; José Mata; Marta Freitas; 
 Ana Ferreira; Paulo Geraldo; Manuela Nogueira; Susana 
 Simão; Luís C. Pereira; Leonor Madureira; Ana Santos 
 Francisco; Elsa Silva, Isabel Coutinho.
Endereços:
 Rua Prof. Fernando Gonçalves da Silva, nº 3, 
 2300-398 Tomar
 www.afisioterapia.com
 editor@afisioterapia.com
 geral@afisioterapia.com
Tiragem 1000 exemplares
Capa:
 Fotografia - Lúcia Pedrosa 
Arquivos de FisioterapiaArquivos de Fisioterapia
Páginas 
Editorial I
Nota aos Autores e Leitores II
Ficha Técnica III
Índice 1
A Fisioterapia na Reabilitação 
Vestibular de um doente com Doença de 
Meniére. Estudo de Caso
Dias, S. ; Luzio, C. ; Garcia, V.
2 - 16
Importância da Aferência Visual no 
Controlo da Postura
Pires, C.; Fernandes, J.; Alves. M. C.; Sousa, V.; Coutinho, 
I.; Fernandes,B.; Carolino, E.
17 - 24
Publirreportagem
Terapia com Ondas de Choque
Palma, E. - Sorisa
25 - 28
Incidência de Lesões no Voleibol: 
Acompanhamento de uma Época 
Desportiva
Ribeiro, F.
29 - 34
Arthritics Impact Measurement Scales 
2 - short version (2005): Contributo 
para a Adaptação e Validação para 
Portugal
Sousa, A.; Silva, C.; Clemente, C.;Coutinho, I.; Carolino, E.; 
Fonseca, J..
35 - 43
Imagiologia na Fisioterapia
Patrício, P.
44 - 47
“N”- Reflexões
O Exercício em Fisioterapia - Padrões de 
Prática
Coutinho, M. I.
48 - 53
Índice de Anunciantes 54
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 1
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular 
de um doente com Doença de Meniére. 
Estudo de Caso
RESUMO
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 2
Introdução: A Doença de Meniére caracteriza-se pela associação de 
uma tríade de sintomas: crises de vertigem, acufenos e surdez. A 
abordagem a este caso englobou um processo de avaliação 
minucioso e um plano de tratamento orientado para a resolução dos 
problemas revelados pelo utente. Objectivo: Com a elaboração deste 
estudo de caso, propuséssemo-nos contribuir para um maior 
conhecimento desta área da Fisioterapia, documentar a Doença de 
Meniére e apresentar um modelo de intervenção possível. 
Descrição do Caso: O quadro patológico iniciou-se há cerca de 2 
anos, com o aparecimento de acufenos unilaterais à direita. Até ao 
momento da avaliação, a utente tinha sofrido 2 crises de vertigem, 
apresentando como principais problemas: diminuição da 
independência funcional, nistagmo espontâneo de grau II direito, 
oscilopsia (3/10 EVA), acufenos unilaterais à direita, hipoacúsia 
ligeira à direita e laterodesvio direito na marcha. Resultados: Após o 
período em estudo, com excepção do nistagmo patológico, 
registamos uma regressão de todos os sintomas. Conclusão: Pode-
se considerar que os resultados obtidos neste caso foram bastante 
satisfatórios, suportando o modelo de intervenção proposto. Novos 
estudos são no entanto necessários de forma a documentar o 
trabalho desenvolvido e a relevância da Fisioterapia na reabilitação 
vestibular.
Palavras Chave: Reabilitação vestibular, Doença de Meniére, défice 
vestibular unilateralperiférico 
- Dias, Sílvia
Fisioterapeuta
- Luzio, Cristina
Fisioterapeuta
EQUI - Clinica da Vertigem e 
Desequilibrio – Hospital 
Particular
- Garcia, Vaz
Médico ORL
EQUI - Clinica da Vertigem e 
Desequilibrio – Hospital 
Particular 
Autores
Dias, S. ; Luzio, C. ; Garcia, V.
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
Introdução
A Doença de Meniére (DM) é uma 
disfunção do ouvido interno que pode causar 
sintomas auditivos e vestibulares 
devastadores. Distribui-se de forma igual por 
ambos os sexos e inicia-se, geralmente entre a 
quarta e a sexta década de vida. Em 15% dos 
casos existe história familiar coincidente, o que 
leva a sugerir a importância dos factores 
genéticos (Herdman, 2000). 
A pesar de existirem casos de DM onde 
se apuram relações causais com otites 
crónicas, otosclerose, traumatismos cranianos 
ou sífilis, nomeando-se assim Síndrome de 
Meniére (Grupo de estudos da vertigem, 
1997), esta patologia, é essencialmente de 
causa idiopática, e caracteriza-se pela 
associação de uma tríade de sintomas: crises 
de vertigens, acufenos e surdez. 
Não é vulgar a simultaneidade do início de 
todos os sintomas, sendo as vertigens e os 
acufenos que normalmente inauguram o 
quadro (Garcia, 2000). 
As vertigens aparecem por crises e 
são, tipicamente, rotatórias, intensas e com 
uma duração que oscila entre 20 minutos e 
um dia, ou mesmo dois. Acompanham-se de 
manifestações vagais como náuseas, vómitos, 
palidez e sudorese, sendo habitualmente 
agravados com os movimentos da cabeça. Em 
crises muito intensas o simples movimento 
ocular pode desencadear a sensação de 
vertigem.
Quanto à duração, é frequente o doente 
ter vertigens durante um dia inteiro, que 
desaparecem ou se atenuam após o sono, 
podendo no entanto permanecer instabilidade 
e/ou desequilíbrio (Garcia, 2000). 
A hipoacúsia na DM é do tipo flutuante, 
atingindo preferencialmente as frequências 
graves e afecta inicialmente apenas um ouvido, 
embora possa evoluir para uma situação 
bilateral (Garcia, 2000). 
Os acufenos, outro dos sintomas típicos 
da DM, estão presentes do mesmo lado que a 
hipoacúsia, podendo ter timbres variados. 
Muitas vezes o doente apercebe-se da 
proximidade de uma crise de vertigens pela 
modificação da tonalidade dos acufenos 
(Garcia, 2000). 
Com a progressão da doença a 
hipoacúsia vai-se agravando, enquanto as 
crises de vertigem vão sendo cada vez mais 
raras. Ao fim de um período variável de tempo, 
com o evoluir da patologia, pode mesmo 
acontecer a abolição total da audição, ao 
mesmo tempo que as vertigens podem deixar 
de se manifestar por completo.
Na origem dos sintomas descritos está 
uma desregulação da endolinfa – hidropsia 
endolinfática – que resulta de uma má 
absorção da mesma no ducto e no saco 
endolinfático. Desconhece, no entanto, se esta 
condição é a causa ou apenas uma alteração 
fisiopatológica observada na doença (Herdman, 
2000). 
Objectivos
Os objectivos principais deste estudo de 
caso são contribuir para o desenvolvimento de 
uma área recente da Fisioterapia, documentar 
uma patologia vestibular muito incapacitante e 
apresentar um modelo de intervenção possível, 
apoiado no raciocínio clínico e na evidência 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 3
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
científica disponível actualmente. 
 
Materiais e Método
Antes de se iniciar a intervenção, é 
essencial que o Fisioterapeuta obtenha 
informações referentes ao diagnóstico médico 
e exames ontológicos e vestibulares 
(videonistagmografia e audiograma) e à 
Posturografia Dinâmica Computorizada (PDC), 
realizados em laboratório, e que só depois 
proceda a uma anamnese detalhada.
Ao contrário do diagnóstico médico que 
tenta identificar uma doença em particular, o 
diagnóstico em Fisioterapia parte da 
constelação de sinais e sintomas na direcção 
dos quais a intervenção será orientada 
(Herdman, 2000). Uma descrição completa 
dos sintomas do utente, incluindo a sua 
natureza e qualidade temporal, bem como as 
limitações funcionais que daí advêm, deverão 
ser documentadas. Para tal, é de suma 
importância a realização de um exame 
subjectivo minucioso, que engloba questões 
que habitualmente não constam na anamnese 
da avaliação fisioterapêutica tradicional.
Na abordagem a este caso foi utilizado 
o DHI (Dizziness Handicap Inventory), a 
consistência interna, a fidedignidade e a 
validade deste instrumento de medida já foi 
definida por vários estudos e o DIH tem sido 
utilizado para medir a eficácia da reabilitação 
vestibular (Benzinho & Luzio, 2004). 
Durante o exame subjectivo foi também 
utilizada a Escala Visual Análoga (EVA) para 
aferir o grau de intensidade das vertigens 
durante as crises e da oscilopsia, servindo 
também para perceber a evolução da utente 
na reavaliação.
No exame objectivo utilizaram-se como 
instrumentos de medida: o registo em vídeo 
para a pesquisa de nistagmo; a (PDC), que 
permite avaliar a estabilidade postural, 
visualizando o contributo das aferências 
somatosensoriais, visuais e vestibulares 
(Beninato & Krebs, 2000); a prova de Fukuda, 
realizada na plataforma STATITESTTM que 
possibilita o registo gráfico, de forma a avaliar 
o movimento auto-iniciado da marcha 
(Herdman, 2000); a avaliação de vários 
componentes da marcha através da 
observação e registo; e a avaliação da 
influência das informações vestibulares sobre o 
controlo postural, testada através do teste 
clínico modificado da interacção sensorial no 
equilíbrio (TCISE). 
Tendo em conta a avaliação realizada e 
os problemas revelados pela utente, o modelo 
de intervenção centrou-se na reeducação 
vestibular, visando a reabilitação do equilíbrio e 
o alívio das vertigens e nistagmo causados por 
patologia vestibular (Garcia, 2004). 
Tendo sempre como objectivo 
promover a compensação vestibular, podem 
ser vários os mecanismos envolvidos na 
recuperação da função após a perda vestibular 
unilateral, nomeadamente: a recuperação 
celular, a recuperação espontânea, a 
adaptação vestibular, a substituição e a 
habituação (Herdman, 2004) .
A abordagem de tratamento deste caso 
específico centrou-se essencialmente na 
adaptação e na substituição. Entende-se por 
adaptação vestibular as mudanças a longo 
prazo que ocorrem na resposta do sistema 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 4
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
vestibular a uma informação, durante o 
desenvolvimento e amadurecimento ou após 
uma doença ou lesão. Existem evidências de 
que o sistema vestibular pode ser alterado 
após perda unilateral vestibular, principalmente 
no que respeita ao ganho do reflexo vestíbulo-
ocular (RVO) (Herdman, 2004).
Neste caso específico, utilizou-se a 
cadeira rotatória visando a estabilização do 
olhare a consequente anulação do nistagmo 
patológico. 
Quando o sistema vestibular periférico 
se lesiona unilateralmente, a actividade 
neuronal do núcleo vestibular ipsilateral 
encontra-se reduzida em comparação com o 
núcleo vestibular contralateral. 
Consequentemente, o cérebro vai 
interpretar esta assimetria de informações 
como se se trata-se de um movimento de 
rotação cefálico para o lado oposto à 
lesão(Schubert & Minor, 2004). Que se traduz, 
para o paciente, numa sensação de vertigem.
É deste modo que surge o nistagmo 
patológico, com o componente rápido a bater 
para o lado contralesional. O nistagmo 
patológico aparece porque o cérebro recebe 
informações de que um movimento cefálico 
está a ocorrer, estimulando o RVO para 
conseguir a estabilização da visão, o que 
resulta em movimentos oculares rítmicos e 
involuntários 
A substituição consegue-se com 
abordagens que solicitem as aferências 
proprioceptivas, visuais e exteroceptivas com o 
objectivo de se recuperar os padrões motores 
normais (R. GIL et al, 1991). Este mecanismo 
de compensação foi bastante solicitado nesta 
intervenção, principalmente na forma de 
incentivos e encorajamento para que a utente 
saí-se sozinha à rua, de forma a estar exposta 
a diferentes estímulos.
De uma forma geral a abordagem do 
Fisioterapeuta deverá ser orientada para a 
resolução dos problemas encontrados na 
avaliação do utente. 
Deste modo, apesar de não ser 
possível, através da intervenção da 
Fisioterapia, evitar as crises de vertigem típicas 
da Doença de Meniére, devido à natureza 
flutuante do processo mórbido em si, a 
intervenção do Fisioterapeuta deverá ser 
dirigida aos sinais e sintomas que o utente 
manifesta no período intercrises e que são 
passíveis de ser alterados tais como a 
oscilopsia, o nistagmo espontâneo e os desvios 
laterais na marcha.
É também de extrema importância 
incluir no plano de tratamento a educação 
sobre a modificação ambiental que o utente vai 
sofrer durante o resto da sua vida e sobre as 
medidas de segurança. Através da intervenção 
da Fisioterapia o utente irá aprender exercícios 
úteis e perceber que comportamentos 
poderão auxiliar ou atrasar a recuperação pós-
crise.
As crises podem surgir várias vezes por 
ano, durante um largo período da vida do 
utente, sendo por isso de suma importância 
que aprenda a reconhecer os sinais que 
indicam a sua proximidade, que se familiarize 
com os sintomas desencadeados durante a 
crise e que adopte medidas de segurança, tais 
como transportar consigo um cartão 
elucidativo da patologia e das suas 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 5
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
características, sentar-se de imediato no chão, 
na presença de uma crise e pedir que chamem 
uma ambulância, se necessário.
O tratamento, após uma crise de 
vertigens, deve ser iniciado o mais cedo 
possível, uma vez que quando a experiência 
visuo-motora é impedida no período inicial de 
uma perda vestibular unilateral, ocorre um 
atraso na recuperação (Herdman, 2000). 
Os exercícios de reabilitação podem ser 
praticados por períodos curtos de tempo, 
conseguindo-se ainda assim produzir 
alterações no ganho do RVO (Herdman, 2000).
É importante explicar ao utente que os 
exercícios irão desencadear os sintomas, 
porque envolvem os movimentos cefálicos que 
muitas vezes o utente limita 
inconscientemente, mas que é imprescindível a 
sua realização no processo de reabilitação 
vestibular.
Apesar de ser um tipo de tratamento 
desconfortável e muitas vezes difícil para o 
utente, a reabilitação vestibular é hoje aceite 
como uma abordagem de tratamento 
apropriada e valiosa para os pacientes com 
hipofunção vestibular (Herdman, 2000).
Descrição do Sujeito
A intervenção que deu origem ao 
presente estudo de caso foi efectuada na 
clínica da Vertigem e Desequilíbrio – Equi, 
sedeada no Hospital Particular de Lisboa, no 
período de 14 de Maio a 3 de Junho de 2004.
A utente em estudo foi seleccionada 
principalmente pela sua patologia: Doença de 
Meniére unilateral à direita. Foi também 
critério de escolha, o facto do início do quadro 
patológico e a clarificação do diagnóstico 
serem relativamente recentes e pelas 
características comunicativas e participativas 
da utente, sugestivas de poderem facilitar a 
recolha dos dados necessários.
A utente, M.F.P., de 63 anos, género 
feminino, doméstica e residente em Lisboa, 
num 5º andar com elevador, deslocava-se para 
os tratamentos de Fisioterapia de metro ou de 
carro sempre acompanhada pelo marido. 
Tinha como passatempos fazer croché, ver 
televisão e passear, actividades que no 
momento eram afectadas pela patologia.
O quadro patológico teve inicio há cerca 
de 2 anos, altura em que a utente relata o 
aparecimento de acufenos no ouvido direito, 
tendo sido por isso medicada com Vastarel e 
procedido à realização de exames de 
diagnóstico que resultaram inconclusivos. Em 
Dezembro de 2003 a utente sofreu a primeira 
crise com vertigens rotatórias, intensas, 
acompanhadas de manifestações vagais 
(naúseas e vómitos), enquanto estava no 
aeroporto, tendo-se deslocado de imediato 
para casa onde permaneceu deitada. No dia 
seguinte, quando acordou, a utente sentia-se 
bastante melhor, apesar de ainda persistirem 
vertigens de intensidade francamente menor 
(réplicas).
Em Fevereiro de 2004 a crise repetiu-
se, com características semelhantes à 
primeira, pelo que a paciente se dirigiu às 
urgências do Hospital Particular de Lisboa, 
onde foi consultada por um médico 
neurologista que a medicou com Betaserc 
(vestibulo-depressor). Passados alguns dias 
voltou a ser consultada, desta vez por um 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 6
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
médico otorrinolaringologista que pediu a 
realização de um audiograma, de um VNG e de 
uma PDC. Foi-lhe suspendido o Vastarel e 
encaminhada para reabilitação vestibular. Não 
são conhecidos casos semelhantes na sua 
família.
Apesar desta patologia comportar uma 
vertente psico-social muito grande, a utente 
revela-se uma pessoa optimista. No entanto, 
com o decorrer da anamnese e posteriores 
intervenções, chegou-se à conclusão que o 
optimismo da utente se devia principalmente 
ao não reconhecimento das repercussões que 
a DM poderia ter na sua vida a longo prazo.
As expectativas da utente em relação 
ao tratamento da Fisioterapia e à evolução da 
sua condição são, segundo palavras da própria: 
“Melhorar, voltar a fazer a minha vida. 
Conseguir sair sozinha sem ter medo de cair.”
Exame
Durante a avaliação subjectiva a utente 
referiu acufenos unilaterais à direita, 
persistentes e mais intensos durante a noite, 
facto que se deve à diminuição dos ruídos 
externos duranteesta parte do dia, dando a 
sensação errónea do aumento de intensidade 
dos acufenos. Referiu também pressão 
auricular no ouvido esquerdo e hipoacúsia 
ligeira no ouvido direito, pelo que utilizava uma 
prótese auditiva. Os sintomas cocleares 
apresentados pela utente são bastante 
vulgares na DM e pensa-se que resultam de 
um mecanismo físico da patologia que leva à 
obliteração do ducto coclear (Herdman, 2000), 
provocando à manifestação dos sintomas 
descritos. Por seu lado os sintomas 
vestibulares, parecem resultar de uma 
distensão dos órgãos otolíticos que pode 
afectar fisicamente a crista ampular 
(Herdman, 2000).
Em relação aos sintomas vestibulares a 
utente revelou oscilopsia, descrevendo-a como 
“Parece que vejo mal as pessoas” e 
classificando-a com um 3/10 na EVA. Este 
sintoma deve-se ao défice do RVO, que resulta 
no nistagmo espontâneo, levando à sensação 
subjectiva descrita. 
A paciente referiu não sentir 
desequilíbrios, mas na PDC a performance de 
olhos fechados, numa superfície instável 
(quando o sistema vestibular é mais 
requisitado na função do equilíbrio), revelou 
alguma instabilidade. Descreve também um 
laterodesvio direito na marcha, que 
provavelmente se deve ao comprometimento 
do reflexo vestíbulo-espinhal (RVE), mais 
acentuado quando se desloca na rua sem 
acompanhante. O facto deste sintoma ser mais 
intenso fora de casa deve-se à exposição a 
estímulos sensoriais diferentes e mais 
agressivos do que em sua casa. 
Simultaneamente, a apreensão em 
relação ao que as outras pessoas poderão 
pensar ao observarem a sua deambulação, é 
só por si um factor limitante. 
Estes factores levam a utente a evitar 
sair de casa sozinha, atrasando a sua 
recuperação – uma vez que diminui os 
estímulos a que o aparelho vestibular e todas 
as aferências responsáveis pelo controlo do 
equilíbrio, estão expostos – e aumentado o 
risco de descondicionamento físico e de 
isolamento. Este tipo de alterações, quando 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 7
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
não são contornadas, podem levar a 
consequências físicas e psico-sociais bastante 
graves.
As vertigens apareceram apenas 
durante as duas crises que a utente sofreu até 
ao momento, sendo do tipo rotatório e muito 
intensas (10/10 EVA). Pensa-se que as 
vertigens resultam de um desequilíbrio 
funcional entre os dois labirintos (Thai-van et al, 
2000).
Como componente da anamnese foram 
colocadas várias questões à utente de forma a 
completar o DHI, que foi preenchido pelo 
Fisioterapeuta. Após a análise do inventário 
chegaram-se aos seguintes valores: 9/28 no 
factor físico, 20/36 no factor funcional e 
13/36 no factor emocional. Concluindo-se que 
para a utente, a componente que se encontra 
mais limitada pela patologia é a que diz 
respeito aos factores funcionais.
Com a realização do exame objectivo 
pretende-se confirmar hipóteses que se 
colocaram aquando da análise dos testes 
laboratoriais e da realização da anamnese.
A PDC realizada na plataforma 
STATITESTTM permite avaliar a estabilidade 
postural, visualizando o contributo das 
aferências somatosensoriais, visuais e 
vestibulares, para a manutenção do equilíbrio, 
através de seis condições de teste, que são 
repetidos três vezes cada, nomeadamente: o 
plano fixo com os olhos abertos (OA) e com os 
olhos fechados (OF); a plataforma de Bessou 
(plano instável) com os OA e com os OF; a 
prova impulsional com os OA e os OF. No caso 
especifico desta utente a PDC já tinha sido 
realizada quando iniciou a Fisioterapia 
propriamente dita. O software deste modelo 
também possibilita a realização da prova de 
Fukuda e o seu registo gráfico.
Para a realização da pesquisa de 
nistagmo, tanto do espontâneo e do olhar 
descentrado como para o Head Shaking Test 
(HST), utilizaram-se óculos fechados ligados a 
um circuito de vídeo, de forma a permitir a 
observação e registo em vídeo dos movimento 
oculares, ao mesmo tempo que se anula a 
possibilidade do utente estabilizar a visão 
através da fixação ocular.
A pesquisa do nistagmo é um 
procedimento muito importante na avaliação 
de um utente com estas características uma 
vez que a sua presença na ausência de fixação 
visual, combinada com a ausência de nistagmo 
na presença de fixação visual configura uma 
evidência definitiva de que existe uma lesão 
vestibular periférica, no lado oposto ao da 
batida da fase rápida do nistagmo (Herdman, 
2000).
Na sequência da pesquisa do nistagmo 
espontâneo e do olhar descentrado a utente 
manifestou um nistagmo de grau II, com 
batidas direitas no olhar em frente e para a 
direita, correspondendo este sinal ao recovery 
nistagmo, que indica que existe já uma 
recuperação da função vestibular periférica 
que não está a ser acompanhada pelo 
mecanismo de adaptação central (Herdman, 
2000). 
O HST é um teste bastante vantajoso no 
diagnóstico de indivíduos com assimetria dos 
inputs periféricos vestibulares para as regiões 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 8
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
vestibulares a nível central. No caso desta 
utente o HST foi positivo com batidas para a 
direita, ou seja, para o lado do ouvido com 
patologia. Este resultado deve-se igualmente à 
presença do recovery nistagmo.
Foi também realizada a prova de Fukuda 
registando-se uma rotação exagerada para o 
lado direito, o lado lesionado, tal como seria de 
esperar. Esta prova foi realizada em todos os 
dias de tratamento, antes e após a 
intervenção, para perceber se os exercícios 
efectuados estimulavam o sistema vestibular 
de forma adequada.
A avaliação da marcha foi realizada com 
o objectivo de clarificar de que forma o 
laterodesvio direito, relatado durante a 
anamnese, poderia interferir na deambulação 
da utente. Procedeu-se à sua avaliação em 
várias situações, não se tendo observado 
desequilíbrios relevantes nem laterodesvios.
Este resultado, apesar de satisfatório 
não se pode considerar absolutamente fiável, 
uma vez que o caminhar na rua é uma 
experiência completamente diferente do que 
na clínica, onde os estímulos são diferentes e o 
Fisioterapeuta está ao lado da utente dando-lhe 
mais segurança.
O TCISE deve ser incluído na avaliação 
da Fisioterapia, se o paciente apresentar 
instabilidade sob estas condições o plano de 
tratamento deverá projectado para melhorar a 
função do sistema vestibular remanescente 
(Herdman, 2000).
Deste modo, pediu-se à utente que 
permanecesse de pé, sob um trampolim, de 
olhos fechados. Registou-se a manifestação de 
alguma dificuldade, com algumas oscilações 
em todos os sentidos, mas a sua resposta 
pode ser considerada dentro da normalidade.
Com a recolha dos dados objectivos sobre a 
condição da utente e após a sua confrontaçãocom os dados subjectivos, torna-se possível, 
através do raciocínio clínico, a descrição dos 
problemas da utente e a sua provável evolução.
Avaliação, Diagnóstico e Prognóstico
Após a avaliação e análise da 
informação recolhida foi possível confirmar que 
a utente apresentava um défice vestibular 
periférico unilateral do lado direito, que se deve 
à DM diagnosticada previamente. Foi possível 
verificar que o défice periférico sugeria no 
momento alguma recuperação que não estava 
a ser acompanhada pela adaptação a nível 
central, apresentado a utente um recovery 
nistagmo.
Na sequência da análise de todos os 
parâmetros da disfunção identificaram-se as 
seguintes limitações funcionais:
• Incapacidade para sair de casa sozinha.
• Incapacidade para deambular no exterior 
sem sensação subjectiva de laterodesvio.
• Incapacidade para realizar tarefas que 
impliquem fixação ocular.
Tendo em conta as limitações 
funcionais citadas foi possível identificar os 
problemas primários, que se encontram 
hierarquizados de acordo com o seu grau de 
incapacidade para a utente:
• Diminuição da independência funcional 
devido ao receio de sair de casa 
sozinha, pela possibilidade de 
ocorrência de uma nova crise e pelo 
laterodesvio direito que apresenta na 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 9
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
marcha levando a um grande receio de 
sofrer quedas.
• Nistagmo espôntaneo de grau II com 
fase rápida para a direita (recovery 
nistagmo) devido à adaptação 
vestibular central que se seguiu à 
hiporreflexia vestibular unilateral 
decorrente da crise de vertigens.
• Oscilopsia (3/10 EVA) devido a um 
RVO inapropriado.
• Acufenos persistentes à direita, do 
“tipo zumbido”, que provavelmente se 
manifestam pela obliteração do ducto 
coclear típico desta patologia. 
• Laterodesvio ligeiro na marcha para a 
direita devido a uma disfunção do RVE.
• Hipoacúsia ligeira à direita, pela mesma 
razão apresentada para a 
manifestação dos acufenos.
Existem também alguns problemas 
potenciais que no momento não se 
manifestavam, mas que necessitam de ser 
prevenidos para evitar que se tornem 
problemas primários:
• Risco de desenvolver patologia 
depressiva ou ansiosa pela componente 
emocional e social que a DM comporta.
• Risco de isolamento social pela evicção 
de sair à rua.
• Risco de desenvolver 
descondicionamento físico devido à 
diminuição das actividades.
• Risco de sofrer algum tipo de lesão por 
desconhecimento de como reagir na 
eminência de um nova crise.
Existem também alguns factores que podem 
ser facilitadores do processo de recuperação, 
nomeadamente:
• Quadro patológico recente.
• Idade não muito avançada.
• Personalidade optimista e muito 
motivada.
• Suporte familiar e económico favorável.
Por outro lado, existem outros factores que 
podem condicionar o sucesso da intervenção:
• Possibilidade de ocorrência de uma 
nova crise a qualquer momento.
• Diminuição dos estímulos sensoriais a 
que a utente está exposta, por 
diminuição das actividades.
Os objectivos do tratamento são 
delineados de forma a dar resposta aos 
problemas primários encontrados, a evitar que 
os problemas potenciais se tornem problemas 
primários, a contornar as possíveis barreiras e 
a optimizar os factores facilitadores.
Desta forma, os objectivos a longo 
prazo serão o ensino da utente de forma a 
permitir-lhe: prever a proximidade de uma 
crise; minimizar as consequências de uma 
recidiva e potencializar os mecanismos 
centrais de recuperação vestibular. 
Conseguindo-se desta forma uma maior 
qualidade de vida, mesmo com a convivência 
com a patologia.
No que respeita aos objectivos a curto 
prazo, o que se irá tentar com o plano de 
tratamento é: aumentar a independência 
funcional da utente, encorajando-a a sair de 
casa e contornando os seus receios através do 
ensino; diminuir a oscilopsia de 3 para 0 na 
EVA; anular o nistagmo espontâneo e de olhar 
descentrado. Em relação aos acufenos e à 
hipoacúsia apresentada pela utente, a 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 10
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
Fisioterapia não possui competências que nos 
permitam actuar a esse nível.
É de suma importância que se 
esclareça o utente com DM que apesar de ter 
indicação para reabilitação vestibular, por 
manifestar sintomatologia no período 
intercrises, nos casos em que as crises 
ocorrem mais do que mensalmente o 
prognóstico é bastante reservado. Neste caso, 
a utente, até ao momento só experimentou 2 
crises espaçadas de 2 meses, pelo que se 
pode esperar uma regressão dos sintomas 
significativa.
Intervenção
A primeira sessão de Fisioterapia 
realizou-se dia 14 de Maio de 2004, a utente 
parecia bem disposta, um pouco apreensiva, 
mas muito comunicativa. 
O tratamento da DM usualmente inclui 
orientações dietéticas, fisioterapia, apoio 
psicológico e farmacoterapia (Thai-Van et
al, 2000).
Em relação à intervenção da 
Fisioterapia, nestes casos reportamo-nos a 
uma das suas áreas, a reabilitação vestibular. 
Os exercícios vestibulares destinam-se 
a desencadear a compensação central e a 
treinar os doentes com vertigens para o 
reajustamento dos reflexos vestibulo-
oculomotor e vestibulo-espinhal (Grupo de 
estudos da vertigem, 1997). 
A nível geral, a recuperação das lesões 
vestibulares unilaterais é satisfatória e os 
pacientes devem esperar um retorno às 
actividades normais. No entanto, no caso da 
DM, a incidência de uma nova crise pode levar 
a uma regressão total dos sintomas. Deste 
modo, o objectivo principal será aumentar a 
qualidade de vida do utente no período 
intercrises e prepará-lo para uma nova crise.
A utente em estudo neste trabalho 
realizava 2 tratamentos de reabilitação 
vestibular por semana, de duração média de 
30 minutos cada um, durante 3 semanas. Ao 
fim dos 6 tratamentos procedeu-se a uma 
reavaliação e a utente foi de novo consultada 
pelo otorrinolaringologista.
No caso de um défice vestibular de 
instalação súbita é prioritário estabilizar a 
visão, de preferência através de cadeira 
rotatória (Beninato & Krebs, 2000). Este 
instrumento vai possibilitar o uso de 
movimentos giratórios, com o objectivo de 
estimular os diferentes canais semicirculares 
sensíveis à aceleração angular, no sentido de 
favorecer a instalação da compensação de 
forma a obter uma resposta equilibrada dos 
dois labirintos (R. Gil et al, 1991). 
Neste caso específico, a utente em 
estudo apresentava um recovery nistagmo, 
com batidas direitas. No entanto o que se deve 
valorizar é o défice em si, em conjunto com as 
suas manifestações harmoniosas e não a 
localização indirecta que nos é dada por um 
indicador isolado, como é o caso.
Deste modo, como estamos na 
presença de um déficedireito, o que se 
pretende estimular é um nistagmo pós-
rotatório contrário ao nistagmo patológico que 
este tipo de défice origina, ou seja um 
nistagmo com batidas para a direita.
Como o nistagmo pós-rotatório se dá no 
sentido oposto à rotação, a rotação imprimida 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 11
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
teria que ser para a esquerda de modo a se 
conseguir atingir os objectivos propostos. 
Assim, com o utente de olhos fechados, 
imprimia-se uma rotação para a esquerda na 
cadeira rotatória que completava 
aproximadamente 6 voltas, após o que era 
parada repentinamente, repetindo-se este 
procedimento por várias vezes, dependendo da 
tolerância da utente. Na primeira sessão 
apenas se realizaram 3 repetições porque a 
manifestação das vertigens e os sintomas de 
origem vagal foram muito severos, mas nas 
sessões seguintes foi possível repetir o 
procedimento por 10 vezes, inicialmente mais 
espaçadas e no final de uma forma mais 
contínua.
Um outro factor que se deve mensurar 
é o tempo que o nistagmo pós-rotatório leva a 
cessar desde que se pára a rotação da 
cadeira. Inicialmente, nas primeiras duas 
sessões, a utente levava cerca de 20 segundos 
até esta manifestação cessar, no entanto, nos 
últimos tratamentos o tempo diminui para 
cerca de 10 segundos, o que revela uma 
evolução positiva, uma vez que se trata de um 
valor que, em média, é registado em indivíduos 
sem patologia.
Uma outra abordagem utilizada nesta 
intervenção foi o ensino centrado na patologia 
e nas suas consequências. Desta forma 
explicou-se à utente o carácter periódico da 
DM e o porquê dos seus sintomas. Tentou-se 
clarificar o facto de que a patologia a iria 
acompanhar durante toda a vida, mas que 
existiam comportamentos que permitiam 
“contornar” alguns aspectos da doença. 
Explicou-se que a Fisioterapia servia 
para “reequilibrar os dois ouvidos” mas que as 
crises se iriam manter. Explicou-se também 
que na proximidade de uma crise os acufenos 
mudam de tonalidade ou aumentam de 
intensidade e que seria importante estar 
atenta e não ignorar estes sinais. Elucidou-se a 
utente sobre o que fazer durante uma crise, tal 
como já foi explicado acima neste texto. 
Reforçou-se todos os dias que pode e 
deve sair à rua, continuar a desempenhar as 
funções anteriores às crises e que, 
exceptuando situações de risco, não há nada 
que tenha que deixar de fazer. 
O programa para realizar em casa, 
neste caso específico, consistia apenas em 
sair de casa sozinha e dia após dias superar as 
suas limitações. No início a utente mostrou-se 
um pouco reticente, mas após algum 
encorajamento começou a ganhar confiança, 
até já não ter qualquer receio de se deslocar 
sozinha na rua.
Reavaliação
Devido à curta duração do tratamento 
desta paciente, apenas se realizou uma 
reavaliação completa, no último dia de 
tratamento. No entanto, procedeu-se à prova 
de Fukuda em todas as sessões, antes e após 
a intervenção, para se aferir se a estimulação 
vestibular estava a ser efectiva. 
Na reavaliação que foi levada a cabo no 
dia 31 de Maio de 2004, a utente apresentou, 
na prova de Fukuda, uma ligeira rotação para a 
direita. Realizou-se também a pesquisa do 
nistagmo, que revelou a manutenção do 
nistagmo patológico de grau II. A execução do 
HST revelou-se negativa e com uma oscilopsia 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 12
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
que a utente classificou como 0/10 na EVA. 
Repetiu-se uma vez mais o 
procedimento, de forma a preencher o DHI do 
qual se obteve os seguintes valores: 2/28 no 
factor físico, 0/36 no factor funcional e 0/36 
no factor emocional. 
Em relação à avaliação subjectiva a 
utente, referiu que as suas expectativas foram 
plenamente atingidas, uma vez que nos últimos 
dois tratamentos se sentiu completamente 
recuperada. Registou-se também um maior 
cuidado da paciente com o seu aspecto físico, 
o que denota uma melhoria referente aos 
aspectos emocionais e psíquicos. 
Após a análise dos dados referentes à 
reavaliação, a opinião, por parte da 
Fisioterapia, foi de que a utente deveria 
continuar os tratamentos, uma vez que, a 
presença do nistagmo de grau II e da rotação 
direita na prova de Fukuda, eram sugestivas de 
uma compensação central do défice periférico 
ainda não completa, representado este o único 
factor de incumprimento dos objectivos 
terapêuticos que nos tínhamos proposto 
atingir.
Discussão
A reabilitação vestibular na Doença de 
Meniére, é uma questão que levanta, 
actualmente, alguma controvérsia. Existem 
autores (Herdman, 2000) que não são a favor 
deste tipo de intervenção, uma vez que a DM é 
episódica e os exercícios vestibulares são 
projectados para induzir mudanças a longo 
prazo no sistema vestibular. 
Por outro lado, o diagnóstico da 
Fisioterapia não equivale necessariamente ao 
diagnóstico médico e neste caso específico, 
apesar do diagnóstico médico se traduzir na 
DM, para a intervenção da Fisioterapia, o 
diagnóstico relevante foi o défice vestibular 
periférico unilateral à direita, pobremente 
compensado a nível central.
Deste modo, a principal preocupação foi 
perceber, quais os problemas primários da 
utente e se a intervenção da Fisioterapia 
poderia contribuir para a sua melhoria.
Após uma avaliação minuciosa chegou-
se à conclusão que, de acordo com o 
conhecimento actual, se poderia interferir ao 
nível dos seguintes problemas: nistagmo 
patológico, oscilopsia, laterodesvio na marcha 
e, de uma forma geral, no aumento da 
independência funcional da utente e do seu 
nível de conhecimento sobre a patologia.
O plano de intervenção foi construído 
com o objectivo prioritário de estabilizar a 
visão, por isso se recorreu à cadeira rotatória. 
Quando este objectivo é atingido, e nos casos 
em que existe um comprometimento do RVE, a 
intervenção progride para o objectivo de se 
conseguir a estabilização do corpo, 
procedendo-se então à realização de exercícios 
sobre o trampolim, a bola de ginástica, a 
esponja ou a plataforma de Friedman (Garcia, 
2004).
Os resultados conseguidos podem-se 
considerar bastante satisfatórios. Com 
excepção do nistagmo patológico, todos os 
sintomas e sinais regrediram ao fim de 6 
sessões de tratamento e as expectativas da 
utente atingiram-se plenamente.
Apesar de não se terem encontrados 
estudos que abordassem, especificamente, os 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 13
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
efeitos da reabilitação vestibular na DM, sabe-
se que a recuperação das lesões vestibulares 
unilaterais é geralmente satisfatória e os 
pacientes devem esperar um retorno às 
actividadesnormais (Herdman, 2000).
Existem vários factores que podem 
comprometer o sucesso da recuperação, tais 
como: a limitação dos movimentos cefálicos ou 
das informações visuais, o uso prolongado de 
medicação vestibulo-depressora, a presença 
simultânea de outra disfunção que envolva o 
sistema nervoso central ou periférico, ou a 
idade avançada do paciente (Herdman, 2000). 
É importante que o Fisioterapeuta tenha 
conhecimento destes factores, de forma a 
contornar aqueles que são manipuláveis, 
aumentado assim a probabilidade de sucesso 
da sua intervenção.
O ensino da utente foi um dos factores 
que mais contribuiu para os resultados finais, 
uma vez que tendo passado a conhecer as 
características da DM e os comportamentos 
que deveria adoptar para acelerar a sua 
recuperação, aumentou a sua auto confiança 
permitindo-lhe a execução de tarefas diárias de 
forma autónoma, que contribuiu de forma 
definitiva para a diminuição/regressão dos 
sintomas.
Conclusões
Do ponto de vista terapêutico, pode-se 
concluir que foram alcançados os objectivos 
propostos. A intervenção em Fisioterapia 
contribuiu de forma definitiva para uma maior 
qualidade de vida da utente
A elaboração do presente estudo de 
caso constituiu um trabalho interessante, que 
se pensa ser pertinente, uma vez que aborda a 
intervenção da Fisioterapia numa patologia 
complexa, à luz de uma área recente, a 
reabilitação vestibular.
É pois nosso propósito contribuir para a 
evolução de uma disciplina onde a Fisioterapia, 
já com indicadores de crescimento, tem, a 
nosso ver, um papel importante. 
Com o avanço das novas tecnologias, os 
meios de diagnóstico disponíveis são cada vez 
mais e melhores, permitindo diagnósticos mais 
precisos e pormenorizados, que requerem, por 
outro lado, novas abordagens terapêuticas que 
possibilitem encontrar respostas para os 
diversos problemas. Por outro lado, como é do 
conhecimento geral, nos últimos anos, a 
população tem envelhecido significativamente, 
mantendo-se esta tendência nos próximos 
anos. À medida que o Ser Humano envelhece, 
ocorrem mudanças nos sistemas vestibular, 
visual e somatossensorial, verificando-se uma 
redução da capacidade adaptativa do sistema 
vestibular (Herdman, 2000). Deste modo, a 
intervenção com o objectivo de estimular os 
mecanismos de compensação inatos, numa 
perspectiva do aumento da qualidade de vida, 
será cada vez mais solicitada.
Deste modo, pensa-se ser de suma 
importância, a elaboração de novos estudos 
que documentem a intervenção da Fisioterapia 
nas várias patologias vestibulares. A 
reabilitação vestibular requer protocolos 
adaptados a cada tipo de patologia, 
individualizando-se os exercícios para cada 
paciente (Garcia, 2004).
Numa perspectiva de evolução desta 
área específica, torna-se determinante neste 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 14
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
momento, a construção de trabalhos que 
apresentem aos nossos pares e a outros 
profissionais de saúde, os resultados que a 
intervenção em Fisioterapia pode conseguir em 
patologias com sintomas muito incapacitantes, 
conseguindo-se, em muitos casos, um aumento 
considerável da qualidade de vida do utente.
Glossário
Acufenos – Zumbidos apenas percepcionados 
pelo próprio.
DHI – Questionário de 25 itens, que avalia 
múltiplos aspectos da vida diária, possibilitando 
conhecer a importância relativa das dimensões 
física, funcional e emocional do desequilíbrio na 
qualidade de vida do utente (Beninato, 2000).
Hipoacúsia – Diminuição da audição; surdez.
HST – Para a realização deste teste a cabeça 
do utente é oscilada horizontalmente, de forma 
passiva, durante, aproximadamente, 20 ciclos 
com uma frequência de duas repetições por 
segundo (2 Hz). Tipicamente, quando se pára a 
oscilação, um indivíduo com um défice 
vestibular periférico unilateral irá manifestar 
um nistagmo horizontal com batidas para o 
lado do ouvido são (Shubert & Minor, 2004).
Nistagmo patológico – Movimentos oculares 
rítmicos e involuntários, com um componente 
lento e um rápido, este último caracteriza por 
convenção a direcção do nistagmo.
Oscilopsia – Percepção ilusória de movimento 
do ambiente.
Plataforma STATITESTTM – Plataforma Móvel 
Passiva Multisegmentos. Equipamento para o 
estudo do equilíbrio e da postura, isto é, dos 
fenómenos que permitem e regulam a 
actividade tónico-postural ortostática (Benzinho 
e Luzio, 2004)
Prova de Fukuda – Prova em que o utente 
marca passo, no mesmo local, com os olhos 
fechados durante 1 minuto. Nas lesões 
periféricas o utente tende a rodar sobre si 
próprio na direcção da lesão.
RVE – Reflexo que gera um movimento 
corporal de compensação com o objectivo de 
manter a estabilidade cefálica e postural 
(Herdman, 2000)
RVO – Principal mecanismo da estabilidade do 
olhar durante o movimento cefálico. Encontra-
se comprovadamente reduzido para 25% 
imediatamente após lesões vestibulares, em 
movimentos cefálicos ipsilaterais (Herdman, 
2000). 
TCISE – Avalia o efeito da remoção das 
aferências visuais e da alteração das 
aferências somatossensoriais na estabilidade 
postural, deste modo as aferências 
vestibulares passam a ser as mais relevantes 
no controlo postural. Na prática durante este 
teste o utente tenta manter o equilíbrio numa 
superfície instável, com a anulação das 
aferências visuais. 
Vertigem – Ilusão de movimento de rotação do 
próprio ou do ambiente que o rodeia, 
acompanha-se sempre de desequilíbrio.
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Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 15
A Fisioterapia na Reabilitação Vestibular de um Doente com Doença de Meniére. Estudo de Caso
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Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 16
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
Importância da Aferência Visual no 
Controlo da Postura
RESUMO
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 17
Objectivos: Verificar se existem diferenças na postura estática e 
dinâmica, em indivíduos normovisuais, quando lhes é induzida uma 
alteração da aferência visual. Materiais e Método: O estudo foi do 
tipo quantitativo, transversal, analítico e descritivo, realizado numa 
plataforma de forças. Os testes foram efectuados na posição 
ortostática (olhos abertos, olho direito ocluído, olho esquerdo ocluído, 
olhos ocluídos) e dinâmica (agachamento com os olhos abertos e 
ocluídos) por uma amostra constituida por 29 estudantes 
normovisuais da ESTeSL, com idades compreendidas entre os 18 e 
os 25 anos, dos Cursos Superiores de Fisioterapia, Ortoprotesia e 
Ortóptica. Resultados: Na posição ortostática, o membro inferior 
(MI) que, em média, efectuava mais carga nos 4 testes realizados 
era o esquerdo. Observou-se uma maior assimetria (diferença da 
carga entre o MI direito e o MI esquerdo em cada teste), em média, 
com o olho esquerdo ocluído. Dividiu-se a amostra em dois grupos, 
1º grupo (15 indivíduos que apresentavam maior carga, em média, 
no MI esquerdo, com os olhos abertos) e 2º grupo (14 indivíduos 
que apresentavam maior carga, em média, no MI direito, com os 
olhos abertos). No 1º grupo observou-se uma maior simetria, em 
média, com o olho direito ocluído. No 2º grupo observou-se, em 
média, uma maior simetria com o olho esquerdo ocluído. No ponto 
máximo de agachamento, com os olhos abertos, o MI que, em 
média, efectuava mais carga era o esquerdo. No ponto máximo de 
agachamento, com os olhos ocluídos, o MI que, em média, efectuava 
mais carga era o direito. Verificou-se, em média, uma maior 
assimetria, no ponto máximo de agachamento, com os olhos 
ocluídos. Conclusões: O olho mais eficaz para o controlo da postura 
corresponde ao mesmo hemicorpo do MI que realiza mais carga 
(membro de apoio). A informação visual é mais importante para a 
manutenção da postura dinâmica do que para a manutenção da 
postura estática. 
Palavras Chave: aferência visual; visão; postura
Autores
- Pires, Cátia
Fisioterapeuta
- Fernandes, Joana
Fisioterapeuta
- Alves, Maria Cristina
Fisioterapeuta
Cº. Fisiatria Dr. Joaquim 
Neto
- Rito, Sara
Fisioterapeuta
- Sousa, Vera
Fisioterapeuta
- Coutinho, Isabel
Fisioterapeuta, Profª. 
Coordenadora ESTeSL
- Fernandes, Beatriz
Fisioterapeuta
Profª. Assistente ESTeSL
- Carolino, Elizabete
Matemática
Profª. Assistente ESTeSL
Pires, C.; Fernandes, J.; Alves. M. C.; Sousa, V.; Coutinho, I.; 
Fernandes,B.; Carolino, E.
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
Introdução
A manutenção de uma postura corporal 
adequada, revela-se importante para a realiza-
ção das actividades da vida diária com o menor 
dispêndio de energia possível. Segundo Wade 
& Jones (1997), a estabilidade postural 
(exibida sob a forma de ajustamentos 
posturais) é modulada pela tríade da postura e 
locomoção: os sistemas somatosensorial, vesti-
bular e visual. Por conseguinte, estes autores, 
subscrevem que, sem a interacção adequada 
destes sistemas, o organismo não pode 
adquirir a capacidade para explorar e interagir 
adequadamente com o meio envolvente. 
Contudo, se algum destes sistemas não 
exercer a sua função correctamente, os outros 
sistemas podem colmatar essa falha, de modo 
que o indivíduo mantenha a postura adequada 
às actividades exigidas. Constata-se assim, que 
a tríade acima referida é fundamental para 
promover o eficaz desempenho das actividades 
do dia-a-dia, bem como para a saúde e bem-
estar dos indivíduos.
Tendo em consideração o que foi 
referido, a pertinência deste trabalho de investi-
gação para a Fisioterapia justifica-se: pela 
relevância que a relação visão e postura 
assumem na qualidade de vida dos indivíduos; 
pelo interesse em conhecer a interacção entre 
o corpo do indivíduo e o ambiente; pelo 
interesse em despistar alterações posturais 
decorrentes das aferências visuais; pela avalia-
ção da importância da visão nas transferências 
de carga, pela necessidade de progressão 
científica na área da visão e postura como 
sistemas interdependentes e ainda pelo facto 
de existirem poucos estudos nesta área. 
O objectivo desta investigação foi verifi-
car se existem diferenças na postura estática e 
dinâmica, em indivíduos normovisuais, quando 
lhes é alterada a aferência visual.
Materiais e Método
O estudo realizado é do tipo quantitativo, 
transversal, analítico e descritivo e pretende 
responder à questão orientadora: “Será que 
existem diferenças na postura estática e 
dinâmica em indivíduos normovisuais quando 
lhes é alterada a aferência visual?”. 
Constituiu-se uma amostra com 29 
indivíduos normovisuais, seleccionados por 
conveniência, da ESTeSL, com idades 
compreendidas entre os 18 e os 23 anos, dos 
Cursos Superiores de Fisioterapia, Ortoprotesia 
e Ortóptica, sendo 20 indivíduos do sexo 
feminino (69%) e 9 do sexo masculino (31%) 
com alturas compreendidas entre 1,50 m e 
1,85 m (média = 1,69 ±0,09 m), com peso 
compreendido entre 44 kg e 82 kg (média = 
62,8 ±10,8) e um IMC entre os 17,72 kg/m2 
e os 27,73 kg/m2 (média = 21,96 ± 2,6 
kg/m2). Da amostra, 10 indivíduos (34,5%) 
praticavam actividade física com regularidade 
(mínimo de 3 horas semanais) e 19 não 
praticavam qualquer tipo de actividade física 
(65,5%).
A selecção da amostra foi realizada de 
acordo com os critérios de inclusão: idades 
compreendidas entre 18 e 25 anos; indivíduos 
dos Cursos Superiores de Fisioterapia, 
Ortóptica e Ortoprotesia; autorização para 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 18
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
Teste Descrição Tempo (s)
Teste A
Habitual Stance
(olhos abertos)
Manter o corpo imóvel na posição ortostática, braços pendentes 
ao longo do corpo, com apoio palmar na face lateral da coxa, os 
pés alinhados e ambos os olhos abertos, olhando em frente para o 
ponto de fixação.
20
Intervalo
Teste B
Fall to a squat
(olhos abertos)
A partir da posição ortostática, e com os pés alinhados, realizar um 
agachamento máximo, após ordem da examinadora (aos 4 
segundos), com flexão dos ombros a 90º e os cotovelos em 
extensão. Ambos os olhos se mantêm abertos olhando em frente 
para o ponto de fixação.
20
Intervalo
Teste C
Habitual Stance
(olho direito ocluído)
Manter o corpo imóvel na posição ortostática, braços pendentes 
ao longodo corpo, com apoio palmar na face lateral da coxa, com 
os pés alinhados e o olho direito ocluído. O olho esquerdo encontra- 
-se aberto olhando em frente para o ponto de fixação.
20
Intervalo
Teste D
Habitual Stance
(olho esquerdo ocluído)
Manter o corpo imóvel na posição ortostática, braços pendentes 
ao longo do corpo, com apoio palmar na face lateral da coxa, com 
os pés alinhados e o olho esquerdo ocluído. O olho direito encontra- 
-se aberto olhando em frente para o ponto de fixação.
20
Intervalo
Teste E
Habitual Stance
(olhos ocluídos)
Manter o corpo imóvel na posição ortostática, braços pendentes 
ao longo do corpo, com apoio palmar na face lateral da coxa, com 
os pés alinhados e ambos os olhos ocluídos.
20
Intervalo
Teste F
Fall to a squat
(olhos ocluídos)
A partir da posição ortostática, e com os pés alinhados, realizar um 
agachamento máximo, após ordem da examinadora (aos 4 
segundos) com flexão dos ombros a 90º e os cotovelos em 
extensão. Ambos os olhos se mantêm ocluídos.
20
Tabela 1 – Descrição dos testes efectuados
participar no estudo; ausência de período 
gestacional; ausência de história de patologia 
ou traumatismo crâneo-encefálico, vértebro- 
-medular, dos membros inferiores; ausência de 
patologia degenerativa, tonturas, zumbidos, 
dores de cabeça ou desmaios, distúrbios 
sensoriais e de equilíbrio, alterações visuais 
não corrigidas ou corrigidas há mais de dois 
anos, alterações posturais diagnosticadas; a 
não ingestão de medicamentos ou outras 
drogas que afectem o sistema nervoso central.
A realização dos testes posturográficos 
na plataforma mtd-Balance® decorreu nas 
instalações da ESTeSL. Com a realização dos 
testes, pretendeu-se avaliar a postura estática 
e dinâmica. Os testes (Tabela 1) foram 
realizados em apoio bipodal, com os indivíduos 
descalços, sem meias, sobre a plataforma , 
com t-shirt e calções, pés segundo eixos 
paralelos e com os calcanhares tangenciais à 
linha previamente demarcada na plataforma, à 
distância de 4m de um círculo negro de 20mm 
de diâmetro (ponto de fixação), fixo à altura dos 
olhos quando em posição ortostática. Cada 
teste teve a duração de 20 segundos, porque 
se considerou que este período de tempo era 
suficiente para a recolha de dados e porque 
este período de tempo foi também utilizado nos 
estudos de Fernandes (1994) e Cacho (1989). 
As condições ambientais foram 
controladas e padronizadas para todos os 
indivíduos. Os testes foram realizados com 
pensos oclusores em ambos os olhos, quando 
se pretendia os olhos ocluídos e um penso 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 19
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
oclusor, quando se pretendia apenas um olho 
ocluído. 
Resultados
Posição ortostática
Verificou-se que, na posição ortostática 
o MI que, em média, efectuava mais carga nos 
4 testes realizados, é o esquerdo. Analisando 
os dados no que respeita ao número de 
indivíduos que realizava mais ou menos carga, 
em cada membro inferior, obtiveram-se os 
seguintes resultados: no teste A (olhos 
abertos) 15 indivíduos (51,7%) realizavam 
maior carga (314,56 N) com o MI esquerdo; 
teste C (olho direito ocluído) 16 indivíduos 
(55,2%) realizavam maior carga (313, 75 N) 
com o MI esquerdo; teste D (olho esquerdo 
ocluído) 19 indivíduos (65,5%) realizavam 
maior carga (318,79 N) com o MI esquerdo; 
teste E (olhos ocluídos) 16 indivíduos (55,2%) 
realizavam maior carga (314,83 N) com o MI 
esquerdo. Observou-se uma maior assimetria 
(diferença da carga entre o MI direito e o MI 
esquerdo em cada teste), em média, no teste D 
(17,6 N), seguida pelo teste E (9,59 N), pelo 
teste A (8,8 N) e menor assimetria no teste C 
(7,36 N). De todos os testes realizados foi no 
teste D que se verificou o maior número de 
indivíduos a realizar mais carga com o MI 
esquerdo (n=19) e, em média, onde se realizou 
a maior carga (318,79N).
No que respeita ao MI direito, nos 
testes A, C, D e E, este realizava menor carga, 
em média, do que o MI esquerdo. O teste no 
qual o MI direito realizava mais carga era o C 
(306, 39 N), seguido do teste A (305,76 N), 
teste E (305,24 N) e no que realizava menos 
carga, em média, era no teste D (301,19 N).
Dividindo-se a amostra em dois grupos, 
1º grupo (15 indivíduos que apresentavam 
maior carga, em média, no MI esquerdo, no 
teste A) e 2º grupo (14 indivíduos que 
apresentavam maior carga, em média, no MI 
direito, no teste A), analisou-se separadamente 
cada grupo no que respeita às assimetrias nos 
vários testes. No 1º grupo observou-se uma 
maior simetria, em média, no teste C (olho 
direito ocluído), 35,1 N, seguido pelos testes A 
(olhos abertos), 38,9 N, e E (olhos ocluídos), 
38,9 N, e o teste D (olho esquerdo ocluído), 
40,9 N, onde se verificou uma maior 
assimetria.
No 2º grupo observou-se, em média, 
uma maior simetria no teste D (olho esquerdo 
ocluído), 7,4 N, seguido pelos testes C (olho 
direito ocluído), 22,4 N, e E (olhos ocluídos), 
21,8 N, e o teste A (olhos abertos), 23,4, onde 
se verificou uma maior assimetria.
Agachamento
Verificou-se que, no ponto máximo de 
agachamento: teste B (olhos abertos), 18 
indivíduos (62,1%) realizavam, em média, maior 
carga (400,38 N) com o MI esquerdo; teste F 
(olhos ocluídos), 16 indivíduos (55,2%) 
realizavam, em média, maior carga (418,38 N) 
com o MI direito. Verificou-se, em média, uma 
maior assimetria no teste F (31,38 N), 
enquanto que no teste B a diferença entre os 
dois MI foi de 18,55 N. 
Discussão
Posição ortostática
Neste estudo procurou-se estudar a 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 20
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
relação entre a visão e a postura, neste caso a 
simetria das transferências de carga. De 
acordo com Palmer & Epler (2000), aquando 
da avaliação da postura através do exame 
clínico, a simetria é um factor muito importante 
para a avaliação, sendo que a presença de 
assimetrias está associada à presença de 
alterações posturais, desequilíbrios e 
patologias. Porém, estes autores consideram 
normal ocorrer uma assimetria relacionada 
com o membro superior dominante. No 
presente estudo também foi encontrada 
assimetria entre a carga efectuada nos MI. No 
que respeita à posição ortostática, nos testes 
A, C, D, e E, a percentagem de indivíduos que 
realizava maior carga com o MI esquerdo era 
superior (51,7 % no teste A, 55, 2% no teste 
C, 65,5% no teste D e 55,2% no teste E). Este 
achado poderá estar relacionado com as 
curvaturas fisiológicas laterais da coluna 
vertebral: a curvatura cervical convexa à 
esquerda, a curvatura dorsal convexa à direita 
e a lombar convexa à esquerda (Pina, 2004). 
Se a curvatura dorsal não compensar as 
outras duas curvaturas, a carga efectuada pelo 
MI esquerdo será superior. Por outro lado, de 
acordo com Stern & Shif (s.d.), citados por 
Kosog (1999), a maior parte das pessoas que 
são destras ao nível do membro superior, 
também o são no MI (membro inferior 
dominante). O membrodominante é, segundo 
Carpes (2005), o primeiro a responder a 
qualquer solicitação, como dar um passo. 
Deste modo, o membro não dominante será o 
membro de apoio, deixando o membro 
dominante livre para efectuar mais 
prontamente as actividades. Esta afirmação é 
apoiada por Raîche et al. (1998), cujo estudo 
revelou uma assimetria na carga efectuada 
pelos MI que aumenta quando os indivíduos 
estão com os olhos ocluídos. Os autores 
defendem, porém que essa assimetria é 
funcional e aumenta a capacidade do indivíduo 
para restabelecer o equilíbrio, uma vez que, 
quando se transfere mais carga para um MI, o 
outro fica mais disponível para efectuar uma 
reacção de extensão protectiva.
Observou-se que, nos indivíduos que 
efectuavam maior carga com o MI esquerdo, 
com a oclusão do olho direito (teste C) se 
verificou uma menor assimetria, em média, em 
relação ao teste realizado com o olho esquerdo 
ocluído (teste D), pelo que se pode supor que o 
seu olho mais eficaz no controlo da postura 
será o esquerdo. Por seu lado, nos indivíduos 
em que a maior carga era realizada com o MI 
direito no teste A (olhos abertos), verificou-se 
uma menor assimetria em relação ao teste D 
(olho esquerdo ocluído), em comparação com o 
teste C (olho direito ocluído). Constatou-se a 
partir destes achados, que a perna que 
realizava mais carga coincidia com o olho mais 
eficaz no controle da postura e que, na maioria 
dos indivíduos da amostra, este se encontrava 
à esquerda. Este facto está de acordo com 
Sérgio (1995), segundo o qual o olho director 
da verticalidade será o esquerdo.
Perennou et al. (1997) obtiveram 
resultados semelhantes aos do presente 
estudo, no que respeita à maior assimetria, em 
média, quando se realizou o teste com o olho 
esquerdo ocluído. Estes investigadores 
realizaram um estudo que pretendia testar a 
hipótese de que o hemisfério cerebral direito é 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 21
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
dominante no controlo visual. Para testar esta 
hipótese realizaram um procedimento 
experimental em que colocaram oito indivíduos 
adultos saudáveis num estabilómetro com 
olhos abertos, olhos fechados (no escuro), olho 
direito fechado e olho esquerdo fechado. Os 
resultados deste estudo mostraram que a 
estabilização da cabeça no espaço é muito 
mais eficiente com as aferências provenientes 
do campo visual esquerdo do que nas outras 
três condições visuais. Verificando-se uma 
dominância clara do hemisfério direito no 
controlo da postura da cabeça. Esta hipótese 
poderá explicar porque se obteve maior 
simetria, em média, com o olho esquerdo 
aberto nos indivíduos da amostra.
Quando se comparam os resultados do 
teste A (olhos abertos) e E (olhos ocluídos), no 
que diz respeito ao número de indivíduos, 
verifica-se que a maioria dos indivíduos (n=18) 
aumenta a assimetria quando são sujeitos à 
oclusão dos dois olhos (teste E). Porém, quando 
se comparam estes mesmos testes em 
relação à média da assimetria, verifica-se que 
não ocorreram grandes diferenças nos dois 
testes [teste A (8,8 N) e teste E (9,59 N)]. Esta 
semelhança, que não era esperada 
inicialmente, pode ser explicada por diversos 
factores. O primeiro, prende-se com as 
contingências da plataforma utilizada no 
estudo, uma vez que este aparelho não mede 
as oscilações do centro massa, mas só a carga 
que é realizada em cada um dos membros 
inferiores. Deste modo, o tratamento dos 
dados, fornece apenas a média da carga em 
cada MI e a média das diferenças da carga 
entre os membros, pelo que o que é realmente 
avaliado é a simetria da distribuição da carga 
entre os dois MI, e não a oscilação do centro 
de gravidade, como é referido na bibliografia. 
Para além disso, apesar de diversos estudos 
(Edwards, 1946; Lee & Lishman, 1975; Paulus 
et al., 1984, citados por Cook & Woollacott, 
2001) provarem que os inputs visuais têm 
influência no controlo postural, estes não são 
absolutamente indispensáveis para o controlo 
da postura em posição ortostática. Este 
pressuposto deve-se à habilidade do sistema 
nervoso central em modificar a importância de 
qualquer aferência e pelo facto das aferências 
visuais serem facilmente substituídas pelos 
inputs vestibulares e somatosensoriais, em 
caso de défice visual.
Verificou-se também que a simetria em 
relação ao eixo sagital sofria maiores 
alterações quando a amostra era sujeita à 
oclusão do respectivo olho mais eficaz no 
controle da postura (teste D no 1º grupo e C 
no 2ª grupo), em relação aos dois olhos 
ocluídos (teste E). Este achado pode ser 
explicado pelo seguinte: a manutenção da 
postura e equilíbrio depende da tríade óculo-
vestíbulo-cerebelosa; quando falta uma das 
informações, esta é colmatada pelos restantes 
sistemas, que proporcionam um controlo 
simétrico, pelo que a distribuição da carga 
entre o MI esquerdo e direito se mantém. 
Porém se a informação é “enviesada”, devido à 
oclusão do olho com maior capacidade de 
regulação tónico-postural , esta vai alterar a 
postura e a simetria em relação ao eixo sagital.
Agachamento
No que respeita ao agachamento 
verificou-se que, em média, no ponto máximo 
Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº3, Ano 2007, Página 22
Importância da Aferência Visual no Controlo da Postura
de agachamento, no teste B (olhos abertos), a 
maioria dos indivíduos realizava maior carga 
com o MI esquerdo, enquanto que no teste F 
(olhos ocluídos), a maioria dos indivíduos 
realizava maior carga com o MI direito. 
No que diz respeito à assimetria na 
distribuição da carga nos MI, verificou-se que 
era muito superior no teste F (olhos ocluídos), 
em relação ao teste B (olhos abertos). Este 
resultado pode ser explicado pelo facto da 
informação visual ser mais relevante para a 
postura dinâmica do que para a postura 
ortostática, pois permite antecipar as 
contingências do meio envolvente e 
proporcionar uma maior segurança ao nível do 
movimento, que se acredita manifestar por 
uma maior simetria.
Conclusões
Os resultados obtidos corroboram a 
existência de diferenças na postura estática e 
dinâmica em indivíduos normovisuais quando 
lhes é alterada a aferência visual, permitindo 
retirar as seguintes conclusões, relativamente 
à posição ortostática: 
• em média, os indivíduos realizam mais 
carga no MI esquerdo; 
• quando se analisa separadamente os 
indivíduos que fazem mais carga no MI 
esquerdo e no MI direito, verifica-se que os 
indivíduos que realizam mais carga no MI 
esquerdo apresentam maior assimetria 
quando têm o olho esquerdo ocluído, em 
comparação com o olho direito ocluído, e os 
indivíduos que realizam mais carga no MI 
direito apresentam maior assimetria 
quanto têm o olho direito ocluído, em 
comparação com o olho esquerdo ocluído; 
• o olho mais eficaz para o controlo da 
postura corresponde ao mesmo hemicorpo 
do MI que realiza mais carga. 
Nos

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