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ANAIS 
 
 
 
 
Editores 
Félix H. D. González 
Raquel Fraga e S. Raimondo 
Beatriz Riet-Correa Rivero 
 
 
 
Porto Alegre, Brasil 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na fonte: Ana Vera Finardi Rodrigues – CRB 10/884 
 
 
 
 
 S612 Simpósio Nacional da Vaca Leiteira (3. : 2016 : Porto Alegre). 
Anais do 2º Simpósio Nacional da Vaca Leiteira / Editores: Félix H. D. 
González, Raquel Fraga S. Raimondo, Beatriz Riet Correa Rivero. – Porto 
Alegre, 2016. 
301 p. ; il. 
 
ISBN 978-85-66094-19-0 
 
1. Medicina veterinária : vacas leiteiras I. González, Félix H. D. 
II. Raimondo, Raquel Fraga S. III. Rivero, Beatriz Riet Correa 
 
CDD 636.2 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Faculdade de Veterinária 
Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias 
Núcleo RuminAção – Ensino, pesquisa e extensão 
 
 
 
Editores 
 
 
Félix Gonzalez, MV, Dr 
Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias. Professor Titular, 
Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul. Av. Bento Gonçalves 9090. Porto Alegre, RS, Brasil. 91.540-
000 
felix.gonzalez@ufrgs.br 
 
 Raquel Fraga e S. Raimondo, MV, Dr 
Núcleo RuminAção-Ensino, Pesquisa e Extensão em Ruminantes. 
Professora Adjunta, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul. Av. Bento Gonçalves 9090. Porto Alegre, RS, 
Brasil. 91.540-000 
rfraimondo@gmail.com 
 
Beatriz Riet-Correa Rivero, MV, Dr 
Núcleo RuminAção-Ensino, Pesquisa e Extensão em Ruminantes. 
Professora Adjunta, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul. Av. Bento Gonçalves 9090. Porto Alegre, RS, 
Brasil. 91.540-000 
beatrizriet@hotmail.com 
 
 
Palestrantes 
 
 
Carla Bittar, Agr, Dr 
Professora Associada, Departamento de Zootecnia, ESALQ, 
Universidade de São Paulo. 
carla@esalq.usp.br 
 
Júlio Viégas, Agr, Dr 
Professor Titular, Departamento de Zootecnia, Universidade federal 
de Santa Maria. 
jviegas.ufsm@gmail.com 
 
Marcelo Cecim, MV, PhD 
Professor Associado, Departamento de Clínica de Grandes 
Animais, Universidade Federal de Santa Maria. 
mcecim@ufsm.br 
 
Francisco Rennó, MV, Dr 
Professor Associado, Departamento de Nutrição e Produção Animal, 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de 
São Paulo. 
francisco.renno@usp.br 
 
Marcelo Maronna, MV, Dr 
Professor Substituto, Medicina de Grandes Ruminantes, 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultor técnico. 
mmaronna@terra.com.br 
 
Eduardo Paulino da Costa, MV, Dr 
Professor Titular, Departamento de Veterinária, Universidade 
Federal de Viçosa. 
epcosta@ufv.br 
 
 
 
Ronaldo Gargano, MV, MSc 
Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica, 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de 
São Paulo. 
rggargano@usp.br 
 
Márcio Nunes Correa, MV, Dr 
Professor Associado, Faculdade de Veterinária, Universidade 
Federal de Pelotas, Coordenador do Núcleo de Pesquisa, Ensino e 
Extensão em Pecuária (NUPEEC). 
marcio.nunescorrea@gmail.com 
 
Fernando Nogueira de Souza, MV, Dr 
Pós- doutorando, Veterinary Clinical Immunology Research Group, 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de 
São Paulo. 
nogueirasouza@yahoo.com.br 
 
André Dalto, MV, Dr 
Professor Adjunto, Departamento de Medicina Animal, Faculdade de 
Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
andredalto@yahoo.com.br 
 
 
 
 
Comissão Organizadora 
 
 
 
Felix Gonzalez 
Raquel Fraga e S. Raimondo 
Beatriz Riet-Correa Rivero 
José Zacarias Rampi 
Henrique Jacobi 
Matheus Fagundes 
Mariana Lange 
 
 
 
Capa e contra-capa 
Henrique Jacobi 
 
Sumário 
 
Alimentação e manejo de bezerras leiteiras 
Carla Maris Machado Bittar ................................................ 1 
 
Alimentação e manejo da novilha leiteira 
Júlio Viegas ....................................................................... 35 
 
Monitoramento de bem-estar e saúde em rebanhos 
leiteiros 
Marcelo Cecim .................................................................. 65 
 
Utilização de fontes de ácidos graxos na alimentação de 
vacas leiteiras: potenciais e desafios 
F.P. Rennó, T.H. da Silva, C.S. Takiya, T.A. Del Valle, 
G.G. da Silva, F. Zanferari, L.G. Ghizzi, E.M.C. Zilio ... 101 
 
Estratégias para melhorar a eficiência reprodutiva em vacas 
leiteiras 
M.M. Dias, A.B. Machado, E.P. da Silva ....................... 139 
 
A importância do escore corporal nas lesões de casco em 
bovinos leiteiros 
Ronaldo Gargano, Fábio C. Pogliani .............................. 175 
 
Infecções uterinas puerperais e pós-puerperais na vaca 
E.P. Costa, V.L.D. Queiroz, S.D. Vieira, S.V.P. Alves, 
A.H.A. Costa ................................................................... 203 
 
Como melhorar a eficiência da gestão na propriedade 
leiteira 
M.N. Corrêa, M.M. de Ávila, R.C.B. Grazziotin, J.P.S. 
Falson, L.J. de Souza, O.Z. Buchain, C.C. Brauner ........ 237 
 
Mastite bovina: diagnóstico e ferramentas de controle 
F. N. Souza, M.G. Blagitz, K.R. Santos, M.B. Heinemann, 
M.M. Cerqueira, A.M. Della Libera ................................ 259 
 
 
Prefácio 
 
 
A presente publicação reúne as palestras proferidas durante o 3º 
Simpósio Nacional da Vaca Leiteira, que o Laboratório de Análises 
Clínicas Veterinárias e o Núcleo RuminAção, da Faculdade de 
Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 
organizaram em novembro de 2016 na cidade de Porto Alegre. 
Esta atividade de extensão dá sequencia a série de simpósios 
iniciada em 2014, para atualizar conhecimentos em diversas áreas de 
clínica, nutrição e metabolismo da vaca leiteira, com apoio logístico 
de alunos do último ano do curso de Medicina Veterinária da 
UFRGS. Nesta ocasião, participaram docentes da Universidade de 
São Paulo (Carla Bittar, Francisco Rennó, Ronaldo Gargano e 
Fernando Nogueira de Souza), da Universidade Federal de Pelotas 
(Márcio Correa), da Universidade Federal de Santa Maria (Júlio 
Viégas e Marcelo Cecim), da Universidade Federal de Viçosa 
(Eduardo Paulino da Costa) e da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (Marcelo Maronna e André Dalto). A todos eles 
nosso sincero agradecimento por compartilhar seu tempo e seu 
conhecimento. 
Especiais agradecimentos ao professor Carlos Bondan da 
Universidade de Passo Fundo, que atuou como moderador e à 
Universidade UniRitter (Laureate International Universities) por 
servir de anfitriã durante três anos consecutivos. 
 
Também agradecemos às empresas que se vincularam e 
apoiaram este evento: Bayer, Kera, Agener e União Tecnopec, bem 
com as entidades Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio 
Grande do Sul (Sovergs) a Buiatria-RS e a Milkpoint. 
 
 
 
 
 
Os editores 
Porto Alegre, novembro de 2016 
 
 
 
 
 
1 
 
Alimentação e manejo de bezerras leiteiras1 
 
Carla Maris Machado Bittar 
Universidade de São Paulo 
 
 
1. Introdução 
 
O manejo e a alimentação de bezerras são determinantes das 
taxas de morbidade e mortalidade, assim como do desempenho 
animal durante esta fase e a fase subsequente, tendo forte impacto na 
planilha de custo de animais de reposição. Os sistemas criação são 
bastante variados e parte do rebanho nacional ainda cria bezerros ao 
pé da vaca, com aleitamento natural; enquanto outra fração realiza o 
aleitamento artificial e utiliza tecnologias que aumentam a eficiência 
do sistema (Santos& Bittar, 2015). O manejo alimentar de bezerras 
tem início no fornecimento de colostro e culmina com o processo de 
desaleitamento dos animais, importante para a manutenção do 
desempenho de animais recém desaleitados. 
 
 
 
 
 
1 Bittar, C. 2016. Alimentação e manejo de bezerras leiteiras. In: 3º 
Simpósio Nacional da Vaca Leiteira. Anais. Porto Alegre: Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul. p.1-34. 
2 
 
2. Cuidados com a recém-nascida 
 
Os cuidados com as bezerras recém-nascidas começam ainda 
antes de seu nascimento, quando vacas pré-parto são vacinadas 
contra patógenos que acometem animais jovens. Devido ao tipo de 
placenta dos bovinos, os bezerros recém-nascidos são desprovidos de 
imunoglobulinas (Ig) circulantes, dependendo do consumo de 
colostro para aquisição da chamada imunidade passiva (Davis & 
Drackley, 2002). Dessa forma, dos cuidados com o bezerro recém-
nascido, o fornecimento de colostro é o mais importante para a 
redução nas taxas de mortalidade e morbidade (Besser and Gay, 
1994), assim como o desempenho durante sua vida (Faber et al., 
2005). 
O sucesso da colostragem depende basicamente de três 
fatores: 1) tempo para fornecimento; 2) qualidade do colostro 
(concentração de Ig); e 3) volume de fornecimento (Quigley, 1996). 
A concentração de imunoglobulinas no colostro tem sido 
tradicionalmente utilizada como sinônimo de qualidade, no entanto, a 
carga bacteriana e a presença de patógenos como também devem ser 
consideradas (Stewart et al., 2005). O colostro tem composição um 
pouco diferente do leite, apresentando menores teores de lactose, 
mas maiores teores de gordura, sólidos totais, minerais e vitaminas, e 
principalmente proteína (Tabela 1). O maior teor de proteína do 
colostro se deve principalmente ao maior teor de Ig. Conforme as 
3 
 
ordenhas, a composição do colostro vai sendo alterada até a secreção 
ser considerada como leite. 
 
Tabela 1. Alteração na composição de colostro conforme as ordenhas 
 Colostro (ordenha pós-parto) 
Parâmetro 1 2 3 Leite 
Gravidade especif. 1,056 1,040 1,035 1,032 
Sólidos, % 23,9 17,9 14,1 12,9 
Proteína, % 14,0 8,4 5,1 3,1 
Caseína, % 4,8 4,3 3,8 2,5 
IgG, mg/mL 48,0 25,0 15,0 0,6 
Gordura, % 6,7 5,4 3,9 3,7 
Lactose, % 2,7 3,9 4,4 5,0 
 Adaptado de Foley & Otterby (1978) 
 
A relação linear entre gravidade específica do colostro e 
concentração de anticorpos permite o uso de um densímetro, 
chamado de colostrômetro, para o monitoramento da qualidade de 
colostro (Figura 1). Entretanto, como a gravidade específica é 
dependente da temperatura, as leituras devem seguir as 
recomendações do fabricante, de modo a não super ou subestimar a 
qualidade. O colostro pode ser classificado em três faixas, de acordo 
com a concentração de Ig: 1) Baixa qualidade: < 22 mg/mL; 2) 
Média qualidade: 22-50 mg/mL; e 3) Alta qualidade: > 50 mg/mL. 
Outra ferramenta que pode ser utilizada para avaliação da qualidade 
do colostro é o refratômetro de Brix (Figura 1), o qual tem uma 
4 
 
menor dependência da temperatura para avaliação. Quando 
utilizamos o refratômetro, consideramos o colostro como de alta 
qualidade quando o mesmo apresenta leituras superiores a 22% 
(Quigley et al., 2013). 
Para se garantir uma adequada transferência de imunidade, o 
colostro de alta qualidade deve ser fornecido logo após o nascimento 
ou o mais rápido possível, uma vez que a absorção de Ig é reduzida 
com o passar do tempo, não ocorrendo após 24h de nascimento 
(Godden, 2008). Assim, a transferência de imunidade passiva é 
dependente da capacidade de absorção de Ig (fator tempo) e da 
quantidade de Ig ingerida (fator qualidade). A adequada transferência 
de imunidade passiva adequada ocorre quando o animal apresenta às 
48 horas de vida, concentração maior ou igual a 10 mg/mL, sendo 15 
mg/mL o ideal, o que é garantido pelo fornecimento de colostro de 
boa qualidade (> 50 mg/mL) nas primeiras horas de vida. Quando 
estes valores não são alcançados, as taxas de mortalidade são 
significativamente aumentadas. 
 
 
Figura 1. Colostrômetro e refratômetro utilizados na avaliação de qualidade 
de colostro. 
 
5 
 
 A recomendação é que os animais recebam 10% de seu peso 
ao nascer nas primeiras 6h após o nascimento, sendo importante que 
a primeira refeição ocorra o mais cedo possível. Considerando que os 
animais devem apresentar concentração sérica de IgG> 10 mg/mL, 
que o volume de plasma de bezerros (~6,5% PV) e a que a eficiência 
aparente de absorção de IgG é de 25%, obtém-se uma massa de IgG 
de 104 g, sendo esta a dose necessária no fornecimento fornecida 
(Davis & Drackley, 1998). Assim, de acordo com a qualidade do 
colostro, o volume fornecido deve ser alterado para que o consumo 
final seja de aproximadamente 100 g de IgG. Para garantir este 
consumo, quando o animal não mama voluntariamente o colostro, o 
uso de sonda esofágica é recomendado. 
A aquisição de imunidade passiva pelos animais pode ser 
monitorada através de leituras com refratômetro de proteína ou de 
Brix do soro destes animais até por volta das 48 h de vida. Existe alta 
correlação de proteína sérica e de Brix com a concentração de Ig no 
soro de bezerros (Deelen et al., 2014), o que permite inferir sobre o 
sucesso da colostragem. Quando se utiliza o refratômetro de proteína 
os seguintes valores de leitura são considerados: 1) transferência 
passiva adequada: > 5,5 g/ dL; transferência passiva moderada: 5,0-
5,4 g/dL; transferência passiva insuficiente: < 5,0 g/dL (Quigley, 
2001). Quando o refratômetro de Brix é utilizado, considera-se 
adequada transferência quando se obtém leituras > 8,4% (Deelen et 
al., 2014). 
6 
 
 A formação de um banco de colostro na propriedade garante 
a disponibilidade de colostro de boa qualidade e em quantidade 
suficiente para todos os recém-nascidos. Alguns trabalhos mostram 
que a conservação em geladeira pode ser feita durante até uma 
semana, enquanto a conservação em freezer, mais utilizada em 
fazendas leiteiras, pode ser feita por até um ano sem redução na 
qualidade (Davis & Drackley, 1998). O colostro deve ser congelado 
em porções que facilitem seu descongelamento, que deve ser em 
banho-maria com temperatura de até 50°C (Elizondo-Salazar et al., 
2010), para que não tenha sua qualidade reduzida. 
 Além de prover anticorpos aos animais até que estes tenham 
seu sistema imune ativo, o consumo de colostro tem impacto na vida 
futura. Faber et al. (2005) mostraram que animais colostrados com 
maiores volumes de colostro de alta qualidade apresentaram maior 
taxa de crescimento e maiores produções de leite na primeira e 
segunda lactação. 
 Embora a colostragem seja a atividade mais importante a ser 
realizada com a recém-nascida, outras práticas de manejo também 
são necessárias no primeiro dia de vida. A cura do umbigo deve ser 
realizada ao nascer, e repetida pelo menos duas vezes ao dia, 
utilizando-se solução de iodo 5-7%. A cura deve ser feita por 
imersão do cordão, de preferência com o animal em pé, de forma que 
partículas e sujidades sejam lavadas com o excesso de iodo. Em 
torno de 3-4 dias o cordão já deve estar completamente mumificado 
e ter se destacado do animal. A cura inadequada do umbigo é uma 
7 
 
das causas de morte de animais jovens em decorrência da formação 
de abscessos e de entrada de patógenos na circulação do animal. 
 A identificação e a pesagem do animal ao nascer são 
importantes para o acompanhamento da vida produtiva do animal. 
Através da identificação e da anotação de data de nascimento e peso, 
uma agendapode ser elaborada para cada animal contendo as datas 
de desaleitamento, vacinação, vermifugação, etc. Além disso, a 
pesagem do animal ao nascer permitirá a avaliação do manejo 
alimentar durante o aleitamento. 
 
3. Manejo alimentar 
 
Os sistemas de aleitamento podem ser divididos em natural e 
artificial. O aleitamento natural ainda ocorre em propriedades 
leiteiras, geralmente quando animais não especializados para a 
produção de leite são utilizados, não havendo possibilidade de se 
ordenhar as vacas sem a presença do bezerro. Um levantamento 
nacional mostra que ainda em torno de 35% das propriedades 
leiteiras (Paraná, São Paulo e Minas Gerais) ainda tem bezerros 
mamando diretamente de suas mães (Santos & Bittar, 2015). O 
sistema natural de aleitamento não é o mais adequado do ponto de 
vista de manejo de bezerros, pois não permite o conhecimento do 
volume de leite consumido. Este sistema resulta em grande variação 
no desempenho de animais contemporâneos em resposta a variação 
na produção de leite de suas mães, maior ou menor volume 
8 
 
disponibilizado ao animal, e a consequente variação no consumo de 
concentrado, como mostrou o trabalho de Campos et al. (1993). Já no 
sistema de aleitamento artificial, os animais recebem volumes 
conhecidos e controlados de dieta líquida através de mamadeiras, 
bibeirões, baldes, containers ou até mesmo aleitadores automáticos. 
Os utensílios utilizados para o fornecimento são igualmente 
eficientes e resultam em mesmo desempenho animal (Otterby & 
Linn, 1981), desde que a higiene dos mesmos seja adequada. Caso 
isso não ocorra, maior frequência de diarreia e redução no 
desempenho pode ocorrer, principalmente com o uso de utensílios 
com bicos. Enquanto o balde tem a vantagem de ser de simples 
higienização, reduzindo os problemas com diarreias, tem a 
necessidade de treinamento dos animais. Já as mamadeiras, não 
exigem treinamento, atendem parte da necessidade comportamental 
de mamar e resultam em maior secreção de saliva e enzimas 
digestivas. No entanto, estão normalmente associadas a maior 
ocorrência de diarreias devido a resíduos da dieta líquida. Outra 
desvantagem das mamadeiras é maior tempo para alimentação. No 
entanto, como frisado por Davis & Drackley (1998) as mamadeiras 
com capacidade para 2 L fazem com que o produtor muitas vezes 
entenda que este volume é suficiente para os animais, 
independentemente do sistema de aleitamento. 
Independentemente do tipo de utensílio utilizado para o 
aleitamento, fornecer dieta líquida para um grande número de 
animais é uma tarefa laboriosa e demorada. O aleitador automático, 
9 
 
que pode ou não ter o fornecimento de concentrado acoplado, é 
provido de um único bico, sendo a dieta liberada após a identificação 
do bezerro por sistema eletrônico. O uso do aleitador automático 
permite que animais em programas de alimentação intensiva 
realizem um maior número de refeições, reproduzindo o 
comportamento natural de alimentação como mostrou o trabalho de 
Jensen (2009). No caso do uso de baldes para aleitamento intensivo, 
o maior número de alimentações aumenta o custo com mão de obra. 
O aleitamento coletivo, sem alimentador automático, mas 
com contêineres com bicos de mamadeira também tem sido 
empregado por alguns produtores, sendo mais indicado quando o 
fornecimento é à vontade. Embora este sistema reduza de forma 
marcante o tempo gasto com o aleitamento, reduzindo custos com 
mão de obra, requer atenção especial para a formação de lotes 
homogêneos do ponto de vista de peso e tamanho dos animais, 
reduzindo problemas de dominância. Da mesma forma, é importante 
que o número de bezerros no lote seja menor que o número de bicos 
disponíveis, reduzindo problemas de dominância. 
A temperatura da dieta líquida a ser fornecido deve ser 
próxima à temperatura corporal do animal, sendo isso ainda mais 
importante para regiões de clima frio. Quando a dieta é fornecida fria 
pode haver recusa e também menor desempenho animal devido a 
menor secreção de enzimas. Já a frequência de alimentação deve ser 
de pelo menos duas vezes ao dia, considerando-se o volume 
10 
 
fornecido. Em situações naturais estes animais realizam várias 
mamadas, consumindo até 12 L por dia. 
O leite é um dos componentes que mais onera o custo de 
criação de bezerras leiteiras. Dessa forma, o desaleitamento precoce 
ou a adoção de dieta líquida de menor custo, pode reduzir o custo 
final da novilha de reposição. No Brasil, a maior parte das fazendas 
fornece leite ou leite descarte, proveniente de vacas com mastite e/ou 
resíduo de antibióticos e menos de 15% dos produtores adotam 
sucedâneos como dieta líquida (Santos & Bittar, 2015). 
A oferta de leite descarte nas propriedades tem sido um 
obstáculo para o fornecimento de dieta líquida de melhor qualidade 
para bezerros leiteiros. Muitos produtores não consideram as taxas 
aceitáveis de vacas com mastite no rebanho (1,0%, Santos & 
Fonseca, 2007) e nem que estes animais reduzem sua produção em 
torno de 10%, pelo fato de que este leite tem um destino: o 
bezerreiro. Assim, transferem o problema da sala de ordenha para o 
bezerreiro quando fornecem este leite com alta carga bacteriana, 
resíduo de antibióticos e composição nutricional variada aos bezerros 
em aleitamento. Além de perderem com a venda deste leite e com a 
queda na produção das vacas, tem perdas econômicas relacionadas 
ao menor desempenho dos bezerros, normalmente devido ao 
aumento na ocorrência de diarreias, e consequentemente com maior 
gasto com medicamentos e tempo de mão de obra para o 
atendimento de animais doentes. 
11 
 
Entre as vantagens do uso de sucedâneos no aleitamento de 
bezerros estão, além da economia, devido ao menor preço quando 
comparado com o leite integral, a possibilidade de aumento na 
quantidade de leite a ser comercializada pelo produtor, o 
fornecimento de dieta líquida com composição sempre constante e a 
independência do aleitamento com relação aos horários de ordenha. 
Entretanto, a qualidade do sucedâneo, principalmente a fonte 
proteica, é o fator determinante para a obtenção de resultados 
semelhantes aos observados com o fornecimento de leite integral 
(NCR, 2001). 
Durante as primeiras semanas de vida, o fornecimento de 
dieta líquida de qualidade é essencial para garantir desempenho 
satisfatório dos animais. Durante a fase de aleitamento, 70% do custo 
total com alimentação e manejo estão relacionados ao fornecimento 
de leite (Bittar, 2007), o que faz com que produtores busquem 
alternativas de dieta líquida de menor custo. De acordo com 
Heinrichs et al. (1995), diversos sistemas e práticas de manejo de 
animais em aleitamento vêm sendo adotados com o objetivo de 
reduzir o custo com a criação destes animais. A decisão no uso de 
sucedâneo deve se basear em seu custo por litro diluído, comparado 
ao preço do leite vendido à indústria, mas principalmente em sua 
composição. 
O mercado tem uma grande variedade de produtos 
disponíveis para o aleitamento de bezerros, sendo importante o 
entendimento de que estes produtos não são igualmente 
12 
 
recomendados para bezerros de todas as idades e sistemas de 
aleitamento. Uma vez que bezerros jovens não tem aparato 
enzimático para digestão de fontes de proteína ou carboidrato de 
origem vegetal até por volta da terceira semana de vida, é importante 
que o sucedâneo tenha basicamente ingredientes de origem láctea. Os 
teores de proteína vão variar conforme o sistema de aleitamento (de 
20 até 28% na MS), enquanto os teores de gordura são menos 
variáveis (entre 16 e 18% na MS). Muito embora as fonteslácteas 
sejam mais recomendadas, proteína isolada de soja pode também ser 
utilizada com algum sucesso. A quantidade de fibra de uma 
formulação é um bom indicativo da inclusão de fontes de proteína de 
origem vegetal. Quanto maior a inclusão destas fontes, maior será o 
teor de fibra da fórmula. Os sucedâneos para bezerros com menos de 
3 semanas de idade não devem apresentar mais que 0,15% de fibra 
bruta em sua composição. Embora os altos teores de fibra bruta 
indiquem a inclusão de proteína de origem vegetal, valores menores 
que 0,15% não garantem sua ausência. Isso ocorre devido às 
tecnologias para retirada de carboidratos solúveis e também fibras da 
proteína da soja, por exemplo. Outro aspecto interessante com o 
fornecimento de sucedâneos é a possibilidade de inclusão de aditivos 
que tenham ação profilática contra diarreias, como os probióticos, 
prebióticos e acidificantes, resultando em melhor aproveitamento da 
dieta líquida. 
Em relação ao volume de dieta fornecida, podemos ter dois 
sistemas de aleitamento: convencional e intensivo. O sistema de 
13 
 
aleitamento convencional consiste no fornecimento de dieta líquida 
no volume de 10% do peso vivo (PV) da bezerra (Jasper & Weary, 
2002), o que normalmente representa 4 L diários. Quando a dieta 
líquida é o sucedâneo, este deve conter 20-22% de PB e 15-20% de 
gordura, sendo reconstituído a 12,5% de sólidos (Cowles et al., 
2006). Este sistema tem como objetivo estimular o consumo de 
concentrado para favorecer o desenvolvimento das papilas do rúmen 
permitindo o desaleitamento precoce, reduzir o risco de 
enfermidades e os gastos de alimentação e manejo. Entretanto, esta 
quantidade padronizada de dieta líquida fornecida aos animais 
geralmente atende pouco mais que as exigências de mantença, 
inviabilizando altas taxas de crescimento (Flower & Weary, 2001). 
Ainda assim, este sistema de aleitamento é adequado para alguns 
sistemas de produção, com taxas de crescimento em torno de 400 
g/d, sendo o mais utilizado no Brasil (Santos & Bittar, 2015). Já o 
aleitamento intensivo tenta imitar o comportamento alimentar natural 
do bezerro, preconizando o fornecimento de dieta líquida em 
volumes acima de 20% do PV do bezerro, normalmente 
representando 8 L/d. No entanto, o número de refeições nem sempre 
é maior do que dois, o que não representa o comportamento de 
mamada dos animais quando estão com suas mães. Este tipo de 
sistema em geral utiliza sucedâneos com um conteúdo de proteína 
bruta igual ou superior a 25%, gordura em quantidades semelhantes 
ao sistema convencional (15-20%), e sólidos totais entre 12,5-17,5% 
(Cowles et al., 2006). Aumentando as quantidades de dieta líquida 
14 
 
fornecidas para os bezerros, aumenta-se a taxa de crescimento 
(Jasper & Weary, 2002; Borderas et al., 2009), e o potencial de 
produção futura destes animais (Soberon et al., 2012). Dentro do 
conceito de aleitamento intensivo podemos aleitar bezerros de três 
diferentes formas. No sistema ad libitum os animais tem acesso 
ilimitado a dieta líquida, a qual deverá estar acidificada ou ser 
fornecida através de aleitadores que preparem o sucedâneo no 
momento da manada. Neste sistema, embora haja um programa de 
alimentação fixando volumes máximos liberados em um 
determinado período de tempo, o animal decide em que momento 
deseja mamar, fazendo com que o aleitamento seja mais próximo do 
que ocorreria naturalmente. No sistema intensivo propriamente, o 
animal recebe entre 15 e 20% do seu PV em dieta líquida, em duas 
ou mais refeições. Já no sistema programado (step-up/step-down), o 
volume de dieta líquida e variável, sendo normalmente reduzido 
(step-down) no final do período de aleitamento como estratégia para 
o aumento no consumo de concentrado. Embora o custo de produção 
possa ser reduzido com o fornecimento de menor quantidade de dieta 
líquida, volumes inferiores a 4 L não fornecem nutrientes suficientes 
para desempenho adequado devido ao baixo consumo de energia e 
proteína (Tabela 2). 
Além de resultar em maiores taxas de crescimento e, 
portanto, bezerras mais pesadas ao desaleitamento, o fornecimento 
de maiores volumes de dieta líquida pode aumentar o potencial de 
produção de leite futuro destes animais. Vários estudos mostram que 
15 
 
o potencial de produção de leite pode estar relacionado a efeitos do 
consumo controlado ou alimentação ad libitum do nascimento até os 
42 ou 56 dias de vida (Foldager & Krohn, 1994; BarPeled et al., 
1997; Foldager et al., 1997). 
 
Tabela 2. Potencial de ganho de acordo à quantidade de leite fornecida e ao 
consumo de energia metabólica e proteína bruta. 
 
L/dia 
Consumo 
MS (g) 
Consumo 
de EM 
(Mcal) 
Ganho 
permitido 
pela EM (g) 
Consumo 
de PB (g) 
Ganho 
permitido 
pela PB (g) 
2 250 1,34 -- 65,5 139 
4 500 2,68 354 127 380 
6 750 4,03 756 190 627 
8 1000 5,37 1050 254 868 
Baseado em equações do NRC (2001). MS: matéria seca, EM: energia 
metabólica, PB: proteína bruta. 
 
De acordo com estes estudos, o aumento no consumo de 
nutrientes antes dos 56 dias de vida resultou em aumento da 
produção de leite durante a primeira lactação, que variaram de 450 a 
1400 kg a mais, quando comparados com bezerras alimentadas com 
dieta mais restrita durante o mesmo período (Tabela 3). O estudo de 
Soberon et al. (2012) mostra a consistência do efeito do 
fornecimento de maiores volumes de dieta líquida no potencial de 
produção de leite futuro dos animais. Avaliando quase 1900 dados de 
um rebanho comercial e do rebanho da Universidade de Cornell, 
estes autores mostraram que para cada 1 kg de ganho de peso diário a 
mais, houve aumento de 970 kg de produção na primeira lactação. 
No entanto, estes resultados foram observados em animais aleitados 
16 
 
com sucedâneos contendo 28% de PB e 15 ou 20% de gordura. Os 
dados corroboram as sugestões de Van Amburgh & Drackley (2005) 
para alterações nas recomendações para a nova edição do NRC, com 
maiores exigências de proteína para animais em maiores taxas de 
crescimento. 
 
Tabela 3. Produção de leite de vacas com consumo de nutrientes 50% 
superior que o recomendado durante o período de aleitamento. 
Estudo Diferença em relação ao controle (kg) 
Foldager & Krohn, 1991 1405s 
Foldager et al., 1997 519t 
BarPeled et al., 1998 453t 
Ballard et al., 2005 700s 
Drackley et al., 2007 835s 
Raeth-Knight et al., 2009 718ns 
Terre et al., 2009 624ns 
Morrison et al., 2009 0ns 
Rincker et al., 2011 416ns 
Soberon et al., 2012 552s 
s Significativo; t tendência; ns não significativo 
 
Da mesma forma que ocorre para animais pré-púberes, 
quando em crescimento acelerado, bezerras leiteiras devem receber 
dieta com maior relação proteína:energia de forma que a composição 
do ganho não seja afetada de forma negativa (Blome et al., 2003). 
Assim, sucedâneos com maiores teores de PB devem ser fornecidos 
17 
 
em sistemas de aleitamento intensivo para que o potencial de 
produção de leite destes animais seja aumentado. Soberon et al. 
(2012) concluem que a taxa de crescimento de bezerras responde por 
22% da variação na produção de leite na 1ª lactação. No entanto, Van 
Amburgh e Drackley (2005) já haviam sugerido que 20% da variação 
na produção de leite na primeira lactação poderiam ser explicados 
pela taxa de crescimento até ao desaleitamento. De acordo com estes 
autores, as bezerras devem duplicar o seu peso ao nascer ou crescer a 
uma taxa que lhes permita duplicar o seu peso ao nascer até o 
desaleitamento. Assim, vários resultados de pesquisa comprovam 
que o aleitamento intensivo pode ter efeitos em longo prazo sobreo 
desempenho dos animais, podendo ser uma boa estratégia de 
alimentação e grande oportunidade de aumentar o potencial de 
produção dos animais, contrapondo o sistema de desaleitamento 
precoce tradicionalmente utilizado. 
 Por outro lado, pesquisas mostram que o aleitamento 
intensivo pode reduzir o consumo de concentrado, e 
consequentemente retardar o desenvolvimento ruminal, uma vez que 
o consumo de concentrado está negativamente relacionado ao 
volume de leite fornecido. O desaleitamento no momento em que 
animal apresenta o rúmen parcialmente desenvolvido é essencial para 
que o desempenho após o desaleitamento não seja prejudicado. 
 Um dos objetivos na fase de aleitamento é estimular o 
consumo de concentrado. Durante esta fase o animal desenvolverá o 
sistema de digestão próprio de ruminantes e, ao final, deverá estar 
18 
 
apto a sobreviver e crescer apenas se alimentando de dieta sólida 
composta de concentrado e volumoso. A fase de transição de pré-
ruminante para ruminante está relacionada ao desenvolvimento do 
rúmen, onde se estabelecerão bactérias amilolíticas num primeiro 
momento, e depois celulolíticas e metanogênicas. Além do 
estabelecimento de bactérias, que cumprirão o papel de 
fermentadores, o animal deve ter estruturas capazes de absorver e 
metabolizar os produtos finais dessa fermentação, ou seja, um rúmen 
funcional, com papilas desenvolvidas. Na fase pré-ruminante, a 
dieta é basicamente líquida, o principal órgão digestivo é o abomaso, 
a fonte de energia é principalmente glicose e a proteica totalmente 
proveniente da dieta. No ruminante, a dieta está na forma sólida, as 
fontes de energia utilizadas pelo animal são os ácidos graxos de 
cadeia curta (AGCC) e glicose proveniente de digestão intestinal, e a 
fonte proteica é composta de proteína microbiana e proteína 
sobrepassante. Durante a fase de transição estas duas situações se 
misturam e o manejo alimentar será determinante de uma transição 
mais lenta ou mais precoce. 
A colonização microbiana, disponibilidade de água de 
bebida, além do desenvolvimento da capacidade absortiva são fatores 
importantes e sinais de ocorrência de desenvolvimento ruminal. 
Entretanto, o fator determinante para que isto ocorra é o consumo de 
alimento sólido o mais cedo possível. Devido à alta taxa de 
fermentação de grãos, com grande quantidade de carboidratos 
fermentáveis até ácidos propiônico e butírico, estes são os principais 
19 
 
promotores do desenvolvimento ruminal precoce. Por outro lado, 
diversos trabalhos mostram que carboidratos estruturais originados 
de forragens são fermentados até ácido acético, contribuindo pouco 
para o desenvolvimento de papilas ruminais. 
O crescimento normal e desenvolvimento do trato digestório 
do ruminante podem ser alterados pelo consumo de alimentos 
concentrados ou volumosos, níveis de inclusão, sua forma física, 
entre outros fatores (Tabela 4). Porém, a composição química e os 
produtos finais resultantes da fermentação é que tem mostrado maior 
influência no desenvolvimento do epitélio ruminal (Nocek et al., 
1984; Khan et al., 2016). Assim, o concentrado será fornecido desde 
os primeiros dias de vida e deverá ser formulado com teores de FDN 
que permitam manutenção de pH adequados. 
Segundo o NRC (2001), o concentrado deve apresentar 
teores aproximados de 18% de proteína bruta (PB) na matéria 
original, 80% de nutrientes digestíveis totais (NDT), e níveis de FDA 
entre 6 e 20% e FDN entre 15 e 25%. 
O teor de proteína no concentrado de bezerros leiteiros 
recomendado pelo NRC vem sendo questionado por pesquisadores. 
Segundo Drackley (2003), bezerros consumindo concentrado com 
22% de PB apresentaram maior eficiência. No entanto, vários 
trabalhos mostram que o teor de 18% de PB no concentrado é 
adequado para bezerros em aleitamento (Luchini et al., 1991; 
Akayezu et al., 1994; Hill et al., 2001). Desta forma, tem sido 
sugerido que concentrados para bezerros contenham 18% de PB na 
20 
 
matéria original, utilizando-se de preferência farelo de soja como 
fonte principal. 
 
Tabela 4. Efeito de alimentos concentrados ou de forragem em 
parâmetros de desenvolvimento ruminal. 
Parâmetro Concentrado Forragem 
Peso do rúmen + ++ 
Volume do rúmen + ++ 
Diferenciação/crescimento de 
papilas 
++ + 
Cetogênese/concentração de BHB + + 
Motilidade ruminal/taxa de 
passagem 
+ ++ 
Microrganismos ruminais 
 Bactérias Amilolíticos Celulolíticos 
 Protozoários - + 
Ácidos orgânicos (lactato, C2, C3, 
C4) 
++ + 
 Acetato:propionato - + 
 Butirato ++ + 
 Lactato + - 
pH ruminal - + 
Capacidade tampão/ruminação - + 
Saúde ruminal/paraqueratose - + 
Adaptado de Khan et al. (2016) 
 
Os teores da fração fibra recomendados pelo NRC (2001) 
devem ser respeitados. Valores superiores às recomendações indicam 
a inclusão de ingredientes de menor digestibilidade para animais com 
o rúmen em desenvolvimento. Por outro lado, teores de FDN ou 
FDA abaixo da recomendação podem resultar em problemas como 
acidose ruminal e paraqueratose. 
21 
 
A forma física do concentrado inicial pode afetar o consumo, 
sendo de interesse econômico o fornecimento de concentrados sob 
formas físicas que estimulem o consumo precocemente. Segundo 
Coverdale et al. (2004), o tamanho de partícula da ração também 
pode afetar o ambiente ruminal, a produção de AGCC, além da 
estrutura e a função das papilas ruminais. Rações finamente moídas 
reduzem o pH ruminal, principalmente devido a menor ruminação e 
menor fluxo de saliva (Santini et al., 1983), reduzindo 
consequentemente a população de bactérias celulolíticas (Beharka et 
al., 1998). Assim, Warner et al. (1973) sugerem que pelo menos 50% 
das partículas que compõem o concentrado inicial sejam maiores que 
1,19 cm. Os maiores efeitos do tamanho de partícula no desempenho 
animal são observados no consumo de concentrado, no ganho de 
peso e no desenvolvimento ruminal. Alguns trabalhos recentes 
avaliaram o efeito da forma física do concentrado inicial e não foram 
observadas diferenças no consumo ou no ganho de peso quando 
compararam concentrados peletizados com farelados para bezerros 
em aleitamento (Franklin et al., 2003; Ziegler et al., 2006; Bittar et 
al., 2009). 
Independentemente do fornecimento de leite, o animal deve 
receber água de boa qualidade já na primeira semana de vida. O 
fornecimento de água no mesmo horário do fornecimento do leite 
pode levar ao consumo descontrolado de água, afetando a formação 
do coágulo no abomaso. A disponibilidade de água está diretamente 
relacionada ao consumo de concentrado e à recuperação de quadros 
22 
 
de diarreia. A falta de acesso à água pode levar a reduções no 
consumo de concentrado e ganho de peso da ordem de 30% (Jenny et 
al., 1978). 
 
4. Desaleitamento 
 
O desaleitamento precoce é uma ferramenta de manejo muito 
importante do ponto de vista econômico na produção de fêmeas de 
reposição. O custo de alimentação dos animais é reduzido com a 
interrupção no fornecimento da dieta líquida, a manutenção de 
misturas concentradas como dieta principal e a introdução de 
volumosos. Adicionalmente, o menor tempo demandado para a 
alimentação desses animais reduz o custo com mão-de-obra. 
Segundo Quigley (1996), o animal está pronto, do ponto de vista 
fisiológico, quando atinge o consumo de 700 g/d de concentrado 
durante três dias consecutivos. Produtores tem utilizado três 
diferentes critérios, ou uma combinação destes para desaleitamento: 
1) consumo de concentrado; 2) idade do animal; e/ou 3) peso do 
animal. Tradicionalmente o desaleitamento vinha sendo realizado aos60 dias, idade que os animais alcançam consumo adequado para que 
o desaleitamento possa ser realizado sem prejuízos no ganho de peso. 
Entretanto, este consumo é alcançado por animais em aleitamento 
convencional nesta idade. No caso de aleitamento intensivo, menor 
consumo será observado de acordo com o volume de dieta líquida 
fornecida. Assim, a idade não é o critério mais adequado quando 
23 
 
utilizado sem considerar o consumo. Por outro lado, uma vez que 
existem diferenças de peso ao nascer, utilizar um consumo fixo como 
critério para o desaleitamento implica em bezerros mais leves 
devendo ter um consumo maior em porcentagem de peso vivo. 
Assim, Greenwood et al. (1997) sugerem que o consumo adequado 
para o aleitamento deva ser de 1,5% do peso ao nascer dos animais. 
Dessa forma, o ideal é que o produtor utilize uma combinação de 
critérios e realize o desaleitamento quando o animal apresentar 
maturidade anatômica e metabólica, mantendo suas taxas de ganho 
de peso na fase subsequente. 
A adaptação do animal ao alimento sólido é fundamental 
para que o desaleitamento ocorra com sucesso. O desaleitamento é 
um fator de estresse para o bezerro o qual é forçado a várias 
mudanças: 1) sua principal fonte de nutrientes muda da forma liquida 
para a forma sólida; 2) a quantidade de matéria seca que o animal 
recebe é diminuída com o não fornecimento do leite; 3) o bezerro 
deve se adaptar ao tipo de digestão e fermentação própria de 
ruminantes; 4) mudanças de manejo e instalações geralmente 
ocorrem juntamente com o desaleitamento (Quigley, 1996). A 
adaptação do animal à fermentação é essencial para que a taxa de 
crescimento do animal não seja afetada. Para isso, o animal deve ter 
o rúmen parcialmente desenvolvido e capaz de absorver e 
metabolizar produtos finais da fermentação antes do desaleitamento. 
Com base em resultados da literatura, diversos autores 
recomendam o desaleitamento dos animais de forma abrupta em 
24 
 
relação ao sistema de desaleitamento gradual realizado por alguns 
produtores (Otterby & Linn, 1981; Davis & Drackley, 1998). O 
desaleitamento gradual é dificultado, devido à falta de 
operacionalidade do processo, principalmente em grandes rebanhos. 
Por outro lado, o desaleitamento de forma gradual reduz o estresse 
dos animais e ainda estimula o consumo de concentrado. 
 
5. Instalações e conforto 
 
Durante o período de aleitamento as bezerras são 
constantemente desafiadas pelo ambiente. Muitos fatores contribuem 
para o bem-estar de bezerros em fazendas leiteiras, incluindo: 
instalações e ambiente, manejo nutricional e sanitário, manipulação e 
interação com o tratador, dinâmica de rebanho, além de práticas 
comuns como transporte, descorna, remoção de tetos. 
Os objetivos gerais das instalações para bezerros são a 
proteção dos extremos térmicos e climáticos, acesso adequado ao 
alimento, garantir a segurança no que diz respeito a ferimentos e 
controlar a saúde e bem-estar dos bezerros. Tanto os sistemas de 
instalação individual quanto em grupo podem ser projetados para 
atender a todas estas necessidades. No entanto, muitos tipos de 
instalação podem atender todas estas premissas em relação ao bem-
estar, mas o sucesso ainda depende de gestão adequada. Assim, 
quando se pensa em um abrigo para melhor alojar bezerras, existem 
25 
 
quatro requisitos fundamentais que devem ser considerados: 1) 
ventilação; 2) isolamento; 3) conforto; 4) economia. 
No mundo todo existem variadas formas de criação de 
bezerras em aleitamento –criação em abrigos individuais, baias 
coletivas ou individuais, construções fechadas ou abertas– variando 
de acordo com o local da exploração, o sistema de produção e, 
principalmente, o custo para sua construção. Ambientes satisfatórios 
para bezerros recém-nascidos e em crescimento devem proporcionar 
conforto físico, térmico, psicológico e comportamental. Cada uma 
dessas áreas pode ser uma fonte de estresse para os bezerros, que 
posteriormente podem predispor os animais a comprometimento de 
sua resposta imunitária, das taxas de crescimento, e finalmente do 
bem-estar propriamente dito. Embora o conforto térmico e físico do 
ambiente para bezerros tenha sido amplamente avaliado, apenas 
recomendações gerais foram desenvolvidas para satisfazer as 
necessidades comportamentais específicas de bezerros leiteiros. As 
necessidades comportamentais em um ambiente incluem a ausência 
de frustração, o sentimento de segurança e ausência de possibilidade 
de lesão, comportamento social de rebanho e interações com o 
tratador adequadas. 
A individualização tem como objetivo principal a redução na 
disseminação de doenças, muito embora existam desvantagens do 
ponto de vista comportamental. Em um levantamento sobre os 
sistemas de criação brasileiros, as diarreias foram apontadas como o 
principal problema de saúde de bezerras, seguidas pelos problemas 
26 
 
respiratórios (Santos & Bittar, 2015). Embora estas duas doenças 
tenham forte relação com falhas no programa de colostragem, estão 
também fortemente relacionadas com as instalações e o manejo das 
mesmas. Como a transmissão dos principais patógenos que causam 
doenças em bezerros é do tipo oral-fecal, seja através do contato 
entre animais ou uso de utensílios (baldes, cochos) com limpeza 
inadequada, a individualização entre os animais é considerada um 
dos princípios fundamentais de um bom sistema de criação. A 
individualização dos animais também facilita a alimentação, evitando 
problemas com dominância, e permite um controle mais rígido do 
consumo individual, tanto de concentrado quanto de água, e da saúde 
do animal. Em levantamento nacional, 45% das propriedades cria 
bezerras leiteiras de forma individualizada, mas este percentual 
cresce para 64% quando se avalia somente propriedades com 
produção acima de 700 L/d (Santos & Bittar, 2015). Existem 
diferentes sistemas individualizados como o sistema tie-stall, o 
sistema de baias individuais, mas o mais comumente utilizado são os 
abrigos. Nestes sistemas, os animais normalmente têm acesso 
individualizado a água e ao concentrado em baldes ou cochos, o que 
permite controle de consumo. Ainda, o aleitamento é realizado de 
forma individual sendo utilizados baldes, mamadeiras ou ainda 
bibeirões (baldes com bico). Assim, o controle da nutrição é também 
individualizado, de forma que se pode avaliar o manejo alimentar de 
acordo com os ganhos obtidos. Já a criação de bezerras em sistemas 
coletivos se baseia no princípio de que os bezerros leiteiros são 
27 
 
animais de rebanho (gregários) e o alojamento em grupo permite o 
desenvolvimento de comportamento social. O alojamento coletivo 
permite a manifestação de comportamentos lúdicos, ou seja, o 
exercício e o jogo entre bezerros dentro do grupo. Assim, a criação 
de animais em lotes tem sido considerada como mais adequada do 
ponto de vista de bem-estar e comportamento animal por alguns 
pesquisadores. No entanto, é sabido que este sistema resulta em 
maior disseminação de doenças, além dos problemas associados à 
mamada-cruzada e falta de controle de consumo individual de dieta 
líquida ou sólida, dependendo do sistema de alimentação. Os 
animais podem ser criados em piquetes, em galpões abertos com 
pisos ripados ou não e ainda em galpões fechados. 
Independentemente do tipo de alojamento, é importante que o 
ambiente seja ventilado e com áreas de sombra disponível. Quando 
os animais são criados em piquetes, a área deve ser bem drenada 
impedindo a formação de barro na época das chuvas e a sombra pode 
ser natural ou artificial. Uma desvantagem deste tipo de alojamentoé 
a possibilidade de desenvolvimento de mamada cruzada, associado 
ou não ao hábito de beber urina, comportamentos considerados 
problemáticos. Além de problemas como traumas e inflamações de 
úbere, podem ocorrer problemas no umbigo ou na orelha dos 
animais, regiões com preferência de mamada. 
 Os sistemas de criação coletiva podem ser manejados para 
aleitamento também coletivo, quando se usam containers. Neste 
sistema é de extrema importância a homogeneidade do tamanho do 
28 
 
lote, de forma a reduzir problemas de competição e variado volume 
de dieta líquida consumida. A grande desvantagem desse sistema é o 
fato de que não se tem controle algum sobre o consumo de dieta 
líquida ou sólida, parâmetros importantes para a tomada de decisão 
do desaleitamento, por exemplo. Este problema pode ser resolvido 
com sistemas de aleitamento individual para animais criados em 
lotes, com a utilização de containers com divisões internas, que 
separe o volume de dieta líquida para cada animal. A adoção de 
canzil para contenção dos animais no horário de alimentação também 
é uma alternativa. Este sistema tem a vantagem de permitir que os 
animais sejam mantidos por um período de tempo após o consumo 
da dieta líquida, até que percam o estímulo da mamada, reduzindo a 
ocorrência de mamada cruzada. Já com uso de aleitador automático 
existe a possibilidade fornecimento de dieta líquida ad libitum ou 
com quantidade programada e controlada por computador de acordo 
com a idade do animal e manejo nutricional. Embora muitos 
trabalhos venham mostrando benefício deste tipo de alimentação por 
ser semelhante à maneira como o animal se alimentaria 
normalmente, estes sistemas podem ter várias desvantagens. 
Diarreias e doenças respiratórias podem se espalhar mais 
rapidamente quando este tipo de alojamento e de alimentação é 
adotado. 
Assim como nos sistemas individualizados, nos sistemas 
coletivos o treinamento do tratador é decisivo para o sucesso da 
criação de bezerros, com altas taxas de crescimento e baixas taxas de 
29 
 
morbidade e mortalidade. Ainda mais importante que nos sistemas 
individualizados, tratadores com atitudes positivas trazem grandes 
benefícios ao sistema de criação. A manifestação de comportamentos 
lúdicos depende do atendimento de necessidades básicas como 
alimentação adequada, acesso a sombra e água, conforto e sensação 
de segurança. Animais assistidos por tratadores positivos são menos 
reativos e mais ativos na expressão de comportamentos lúdicos, o 
que acaba refletindo também no melhor desempenho e menor 
frequência de enfermidades (Schuetz et al., 2012). Abordar e 
manipular o animal para práticas de manejo como pesagem, 
aplicação de vacinas, diagnóstico de doenças ou uma simples medida 
de temperatura é mais difícil em sistemas coletivos onde o animal 
está solto e misturado a outros animais. Métodos rápidos para 
diagnóstico de doenças têm sido estudados no que se refere a 
alterações no comportamento ou no consumo da dieta líquida. 
 
6. Considerações finais 
 
A criação de bezerras é ainda um dos gargalos nos sistemas 
de produção de leite, principalmente devido às taxas de mortalidade 
e o impacto que estas têm nas planilhas de custo. Além disso, 
reduzidas taxas de crescimento devido a falhas na colostragem, 
associada a manejo alimentar e alojamento inadequados também 
trazem prejuízos ao sistema de produção. O manejo alimentar é 
determinante do desempenho dos animais durante a fase de 
30 
 
crescimento e pode ainda afetar a produção futura de bezerras 
leiteiras, sendo uma boa oportunidade de aumentar a produtividade 
do rebanho. 
 
7. Referências 
 
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35 
 
Alimentação e manejo da novilha leiteira2 
 
Julio Viégas 
Universidade Federal de Santa Maria 
 
Em boa parte das propriedades leiteiras do Brasil o manejo 
de novilhas é a atividade que mais tem comprometido a viabilidade 
da atividade, contribuindo para o aumento dos custos de produção e 
queda na eficiência produtiva. Isso decorre da falta de atenção por 
parte do produtor a essa categoria animal tão importante em todo o 
processo produtivo. A origem da pouca relevância é devida ao fato 
de ser uma categoria não produtiva e que, aparentemente, não traz 
benefícios diretos ao produtor. Este erro grosseiro compromete a 
possibilidade do melhoramento contínuo do rebanho e igualmente a 
possibilidade de incrementar a produção leiteira, visto que as 
novilhas serão os animais de reposição. 
Propriedades que não cuidam de maneira adequada de seus 
animais jovens acabam apresentando índices zootécnicos, como por 
exemplo, a idade ao primeiro parto (IPP), muito aquém do ideal. 
Como consequência o produtor irá pagar um preço elevado por este 
descuido devido ao aumento no tempo de permanência de animais 
não produtivos no rebanho e também devido à diminuição do número 
 
2 Viégas, J. 2016. Alimentação e manejo da novilha leiteira. In: 3º Simpósio 
Nacional da Vaca Leiteira. Anais. Porto Alegre: Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul. p.35-64. 
36 
 
de animais para a comercialização, visto que nestas propriedades a 
mortalidade, morbidade e o descarte involuntário são também muito 
elevados. 
 A desatenção inicia, frequentemente, a partir do 
desaleitamento ficando mais visível a partir dos seis meses de idade, 
quando ocorre a interrupção do fornecimento do alimento 
concentrado e a novilha passa a ser alimentada preferencialmente 
com volumosos. Apesar da alimentação e manejo de novilhas ser 
uma das atividades mais fáceis de ser realizada, considerando as 
demais categorias, é necessário redobrar os cuidados com a 
velocidade de crescimento dos animais e avaliar se essa alimentação 
está de acordo com a raça em criação. 
Somente um crescimento adequado irá permitir que asnovilhas alcancem aos quinze meses de idade o peso ideal para a 
concepção e que aos vinte e quatro meses de idade tenham o seu 
primeiro bezerro. Ter como meta destes dois momentos na vida da 
novilha é sinônimo de eficiência técnica e de maior rentabilidade na 
atividade. 
A primeira parição aos 24 meses é viável, pois apresenta 
uma série de vantagens, sendo que o manejo de novilhas, na maioria 
das situações, é uma questão de vigilância e bom senso de técnicos e 
produtores. 
Todo o planejamento de gestão e manejo alimentar do 
rebanho jovem da propriedade leiteira deve partir do estabelecimento 
de metas bem claras como a idade pretendida para o primeiro parto. 
37 
 
O produtor deve ter em mente que ao optar por 24, 30 ou 36 meses 
como idade ao primeiro parto (IPP) para as suas novilhas estará 
optando por níveis diferentes de investimento e, consequentemente, 
por benefícios distintos. 
Na medida em que a propriedade leiteira se aproxima de um 
índice de 24 meses para a IPP estará alcançando o máximo de 
eficiência técnica, sem descuidar, na sequência, que o intervalo entre 
partos (IEP) se aproxime de 12 meses. Não existe nenhum 
impedimento biológico que determine que uma fêmea não possa 
parir com 24 meses de idade tendo alcançado um peso adequado, e 
que mantenha uma vida produtiva e saudável. 
Novilhas que parem mais precocemente também são mais 
rentáveis para a propriedade, não somente devido ao número de 
bezerras produzidas e à produção de leite que aumentam, mas 
igualmente pela possibilidade de ganho genético entre gerações. É 
esperado que com a diminuição do intervalo entre gerações ocorra 
um ganho genético expresso por maior produção de leite e de seus 
componentes. Se isto não está ocorrendo o programa de 
melhoramento genético da propriedade deve ser revisado com 
urgência. Na medida em que diminui a IPP o ganho genético será 
acelerado, desde que a escolha dos touros melhoradores esteja sendo 
feita de maneira correta, ao mesmo tempo, esta mudança deverá estar 
em consonância com a taxa de descarte e reposição das vacas 
leiteiras. 
38 
 
São exatamente os rebanhos em que as primíparas parem 
precocemente os que apresentam a produção total de leite e de seus 
componentes mais elevada, independente de considerar somente o 
lote de primíparas ou de todo o rebanho (Lefebvre et al., 2002). A 
lógica é a mesma em relação aos animais que apresentam maior peso 
ao primeiro parto. A questão da longevidade de animais que parem 
precocemente poderia ser questionada, entretanto, as primíparas que 
parem tardiamente são aquelas que apresentam maior risco de serem 
descartadas antes do tempo. Para que os objetivos da criação de 
novilhas sejam atingidos basta um manejo apropriado e um programa 
alimentar bem equilibrado para manter uma taxa de desenvolvimento 
corporal aceitável. 
A redução da IPP acarreta em redução dos custos fixos e 
variáveis na medida em que as novilhas passam a produzir leite mais 
cedo, amortizando mais rapidamente os gastos com as fases de cria e 
recria. Uma novilha que venha a parir pela primeira vez com 36 
meses de idade permanece mais um ano dentro da propriedade se 
alimentando sem trazer retorno econômico imediato. Caso isto 
ocorra com uma novilha de alto padrão genético, devido a algum 
problema sanitário, metabólico ou de manejo, a propriedade até 
poderá absorver este custo, entretanto, se esta é a situação real, e a 
propriedade possui um lote significativo de animais entre 24 e 36 
meses sem produzir, o prejuízo será muito maior. 
À medida que ocorre atraso na IPP estão sendo geradas 
novas categorias de novilhas que não produzem leite. Isto é 
39 
 
antieconômico, pois aumenta os custos de produção e diminui a 
renda do produtor. Na medida em que o produtor consegue reduzir a 
idade ao primeiro parto de suas novilhas de 36 para 24 meses os 
custos fixos diminuem em torno de 40%. Assim, é possível concluir 
que o ponto mais positivo da redução da IPP é exatamente a redução 
do número de novilhas na propriedade. Como consequência mais 
atenção e espaço é proporcionado para as demais novilhas 
permitindo maior aporte de alimento com a finalidade de manter uma 
taxa de crescimento adequada, necessária para atingir a meta de peso 
para a cobertura aos 15 meses de idade. 
Para facilitar a gestão da atividade o produtor rural deve 
estabelecer, juntamente com o técnico que lhe dá suporte metas 
claras e factíveis conforme a saúde financeira da propriedade. Os 
indicadores que devem ser visualizados como metas para a categoria 
de novilhas são os que seguem: idade a cobertura de 13 a 15 meses; 
idade ao primeiro parto de 22 a 24 meses; peso vivo após o parto 
próximo a 550 kg; altura ao parto de 143 cm; escore de condição 
corporal ao 1º cio de 3,0 a 3,5; escore de condição corporal ao parto 
de 3,0 a 3,5; ganho de peso de 3 a 12 meses de idade, 
preferencialmente entre 0,750 e 0,850 kg/dia (não superior a 0,900 
kg/d). 
Para que se consiga manter as metas previamente 
estabelecidas é fundamental que os animais mantem um ritmo de 
crescimento constante. Evidente que o ritmo de crescimento dos 
bovinos jovens é determinado pelo padrão genético da raça e/ou 
40 
 
linhagem escolhida, ou seja, cada animal tem o seu potencial de 
crescimento que é delimitado pela sua herança genética, mas que 
pode ser limitado fortemente pelo ambiente onde se encontra. De 
nada adianta o produtor investir em animais de alto mérito genético 
se o sistema alimentar não atende as exigências mínimas para 
mantença e crescimento. Importância similar tem as instalações e o 
manejo reprodutivo e sanitário que também influenciam o 
crescimento das novilhas. A exploração do potencial genético, a 
partir do fornecimento de um ambiente adequado que permita a 
expressão deste potencial, é de fundamental importância para a 
obtenção de bons rendimentos na atividade leiteira. 
Considerando que a novilha tenha passado por uma fase de 
cria adequada, recebendo o colostro em quantidade adequada logo 
nas primeiras horas de vida, o que lhe confere a imunidade passiva, e 
que tenha apresentado crescimento adequado, ou seja, o mais 
próximo possível de 0,500 kg/dia, seguramente será obtido um 
animal saudável para prosseguir a recria. É fundamental que nos 
primeiros quatro meses da recria a bezerra ainda continue recebendo 
alimento concentrado, a fim de garantir um bom aporte de matéria 
seca e consequentemente suportar uma taxa de crescimento aceitável, 
(0,600 a 0,650 kg/dia) mesmo após o estresse do desaleitamento. 
 A produção de leite da futura vaca é função do número de 
células secretoras que compõem o parênquima das glândulas 
mamárias, da taxa de secreção de cada célula secretora e ou alvéolo 
(aqui entendido, como a unidade fundamental de secreção) e do 
41 
 
aporte de nutrientes para os alvéolos. Qualquer situação que venha a 
restringir a máxima expressão de um destes fatores trará como 
consequência um impacto negativo na produção, neste sentido o 
ambiente tem um papel fundamental. Toda e qualquer condição 
ambiental que represente uma fonte de estresse para a novilha irá 
determinar, igualmente uma redução na máxima expressão de um 
dos fatores acima citados. 
A literatura é farta em informações relacionadas à 
necessidade de limitação do ganho médio diário de peso vivo (GMD) 
das novilhas até o estabelecimento da puberdade (Van Ambrurgh et 
al., 1998; Radcliff et al., 2000). Como a puberdade não ocorre em 
um momento fixo da vida da novilha estipulou-se que entre os três e 
doze meses de idade o GMD deve ser mantido em no máximo 0,750 
kg/dia, momento no qual otecido mamário apresenta crescimento 
alométrico. Esta limitação visa evitar o excesso de deposição de 
gordura na glândula mamária, o qual ocorreria em detrimento da 
adequada formação do tecido secretor de leite, ocasionando redução 
na produção de leite ao longo da vida produtiva da futura vaca. 
Assim, ganhos superiores a estes, proporcionados por dietas com 
maior densidade energética, seriam possíveis somente após a novilha 
ter atingido a puberdade. 
Se o bezerro nascer com um bom peso ao parto (próximo de 
40 kg, considerando raças pesadas) e apresentar um bom GMD 
(mínimo 0,500 kg/dia) nos primeiros três meses, não há efetiva 
necessidade de ganhos superiores a 0,750 kg/dia. A novilha terá 
42 
 
capacidade de chegar aos 15 meses de idade pesando 360 kg de PV, 
estando apta para a reprodução. Por outro lado, estudos têm 
demonstrado que ganhos de peso superiores a 0,750 kg/dia não 
induzem, necessariamente, a redução na quantidade de tecido 
parenquimático e consequente menor produção de leite (Silva et al., 
2002a; Silva et al., 2002b). Novilhas que apresentam crescimento 
mais rápido em um determinado grupo de animais são aquelas com 
menor deposição de gordura corporal e, portanto, menor quantidade 
de gordura corporal nas glândulas mamárias. Desta maneira entre 
distintas novilhas, aquela que apresenta rápido crescimento e destina 
a energia para ganho muscular, não apresentando ganho excessivo de 
condição corporal, certamente será uma vaca com maior produção 
leiteira. 
Uma boa forma de verificar esta situação é por meio da 
avaliação da altura em conjunto com a condição corporal, ou seja, 
serão animais com menor escore de condição corporal e, portanto, 
mais altos. Assim, a novilha atingir os 140 cm de altura se reveste de 
importância. Esta velocidade de crescimento certamente está 
associada a maior produção natural de somatotropina, com efeito 
benéfico sobre a repartição de nutrientes e no crescimento do tecido 
mamário. 
Aparentemente, a leptina tem um papel fundamental no 
crescimento mamário. A leptina é um hormônio produzido pelo 
tecido adiposo, em condições de dietas ricas em energia. Conforme 
Silva et al. (2002b), animais obesos, apresentam níveis de leptina 
43 
 
mais elevados, e quando o hormônio foi adicionado em meio de 
cultura com células epiteliais em proliferação a síntese de DNA foi 
reduzida em 25%. 
Em várias propriedades no Brasil, mais notadamente na 
Região Sul é ainda comum observar a preferência por animais jovens 
com condição corporal mais elevada. Neste sentido, o produtor 
deveria evitar realizar a avaliação de condição corporal do seu 
próprio rebanho, devido à tendência de subestimar o escore de seus 
animais. Observam-se em algumas propriedades animais jovens 
atingindo 400 kg de PV já aos 10 meses de idade, o que configura 
uma situação de custo de alimentação elevado e prejuízo certo no 
futuro. Esse peso é excessivo até mesmo para animais com 15 meses 
de idade. Entretanto, mesmo que determinadas novilhas tenham um 
metabolismo para rápido crescimento e maior deposição de tecido 
muscular, muitos outros fatores ambientais podem determinar o 
acúmulo excessivo de gordura e a consequente redução na produção 
de leite da futura vaca. Dietas como as baseadas em silagem de 
milho, tipicamente utilizadas, na fase de recria, favorecem maior 
deposição de gordura e consequentemente limitações de ganho de 
peso devem ser impostas. Como ainda não existe alguma forma 
prática de avaliação do crescimento do tecido mamário, passível de 
ser utilizado em nível de propriedade, ganhos de peso mais 
conservadores ainda são recomendados, evitando-se ganhos 
próximos ou acima de 0,900 kg/dia. 
44 
 
Neste sentido a Figura 1 ilustra bem a relação entre GMD de 
novilhas leiteiras e a produção estimada de leite na primeira lactação. 
A máxima produção é obtida quando o GMD está próximo de 0,800 
kg/dia, com uma amplitude aceitável de GMD entre 0,700 e 0,900 
kg/dia. Importante verificar que não somente ganhos elevados, como 
ganhos reduzidos acabam por promover perdas na produção de leite 
da futura vaca. 
 
 
Figura 1. Relação entre ganho de peso vivo em novilhas pré-puberes e a 
produção media de leite na primeira lactação, estudo de meta-análise 
(Fonte: Zanton & Heinrichs, 2005). 
 
 
Na Figura 2 são apresentadas diferentes simulações do 
desenvolvimento ponderal de novilhas leiteiras. A novilha um é a 
que está mais próxima do “ideal” para o desenvolvimento de um 
bom animal leiteiro de raças de grande porte, com a cobertura sendo 
45 
 
realizada aos 15 meses (357 kg de peso vivo) e o parto ocorrendo aos 
24 meses de idade (500 kg de peso vivo). Esta novilha nasceu com 
45 kg de peso vivo e apresentou os seguintes ganhos de peso 
conforme cada etapa de vida: 0,450 kg/dia do nascimento ao 
desaleitamento; 0,650 kg/dia do desaleitamento aos 6 meses de vida; 
0,750 kg/dia dos 6 aos 12 meses de vida; 0,750 kg/dia dos 12 aos 15 
meses (cobertura); 0,522 kg/dia desde a cobertura até os 24 meses 
(parto). 
Nas duas últimas fases poderiam ser adotados ganhos de 
pesos superiores caso as vacas da propriedade sejam mais pesadas, o 
que é típico de animais em condições de confinamento. Foi realizada 
uma simulação para a novilha um partindo dos 357 kg de peso vivo 
na cobertura para 550 kg de peso vivo no parto o que corresponderia 
a um ganho médio diário de 0,704 kg/dia. Nesta situação a média de 
ganho de peso de todo o período seria de 0,691 kg/dia, o que está 
longe de ser um ganho de peso extraordinário. 
As novilhas dois e três representam animais que tiveram um 
crescimento inicial mais lento, mas que em períodos de crescimento 
isométrico da glândula mamária é possível lhes fornecer uma dieta 
com maior densidade energética, permitindo ganhos de peso mais 
elevado. Por outro lado o produtor também pode decidir por partos 
mais tardios se o nível de investimento for muito elevado. 
 
46 
 
 
Figura 2. Simulação de diferentes ritmos de desenvolvimento ponderal de 
novilhas leiteiras de raças grandes (Fonte: Viégas, 2010) 
 
 A tomada de decisão por parte do produtor se faz necessária 
principalmente se o IPP do rebanho já estiver próximo dos 24 meses. 
Em um primeiro momento deverá ser decidido se é válido manter 
uma fêmea como a novilha três no plantel ou se o melhor seria 
descartá-la e evitar problemas futuros. Deve ser considerado que o 
crescimento restrito nos meses iniciais de vida poderá ter reflexos no 
desempenho futuro da novilha. Tal medida dependerá da perspectiva 
do produtor em relação à recuperação do animal e ao elevado custo 
de criação, já que será necessário maior aporte de proteína e energia, 
ou seja, de alimentos de alta qualidade. 
Em um segundo momento, sendo a decisão de manter a 
novilha, deve ser definida a taxa de crescimento futuro, ou seja, entre 
um ganho de mais de 1,0 kg/dia com elevado custo ou um ganho de 
0
100
200
300
400
500
600
0 6 12 18 24 30
Idade (meses)
P
es
o 
vi
vo
 (k
g)
novilha 1
novilha 2
novilha 3
Parto
Cobertura
Puberdade
Nascimento
47 
 
peso mais modesto, mesmo comprometendo a IPP. O problema de 
ganhos de peso muito elevados e repentinos após a cobertura, apesar 
de plenamente possíveis, é a probabilidade de um acúmulo 
importante de gordura no aparelho reprodutivo da novilha levando a 
complicações no momento do parto. 
Conforme a Figura 3 é possível observar que taxas de 
crescimento muito baixas levam ao atraso da maturidade sexual, ou 
seja, a puberdade é alcançada acima dos 18 meses quando as 
novilhas já deveriam estar gestando.

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