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Saude do professor

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O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre a saúde
Este artigo apresenta o perfil dos afastamentos do trabalho por motivos de saúde de uma população de profissionais da educação, uma hipótese para o ocorrido é que as condições de trabalho nas escolas podem gerar sobre esforço dos docentes na realização de suas tarefas. A organização Internacional do trabalho definiu as condições de trabalho para os professores ao reconhecer o lugar central que estes ocupam na sociedade, uma vez que são os responsáveis pelo preparo do cidadão para a vida.
Até os anos de 1960, a maior parte dos trabalhadores do ensino gozavam de uma relativa segurança material, de emprego estável e de um certo prestígio social. Já a partir dos anos de 1970, a expansão das demandas da população por proteção social provocou o crescimento do funcionalismo e dos serviços públicos gratuitos, entre eles a educação. Na atualidade ampliou-se a missão do profissional para além da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a escola e a comunidade. O professor, além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento escolares, o que significa uma dedicação mais ampla, a qual se estende às famílias e à comunidade. 
Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais complexas. Os professores são compelidos a buscar, então, por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho.As condições de trabalho, ou seja, as circunstâncias sob as quais os docentes mobilizam as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para atingir os objetivos da produção escolar podem gerar sobreesforço ou hipersolicitação de suas funções psicofisiológicas. Se não há tempo para a recuperação, são desencadeados ou precipitados os sintomas clínicos que explicariam os índices de afastamento do trabalho por transtornos mentais.
Metodologia
Esta pesquisa documental foi realizada tendo como texto base o Relatório da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Procedeu-se a uma análise das informações do Relatório à luz da literatura disponível sobre o assunto de modo a permitir a verificação de convergências, divergências e possíveis lacunas no conhecimento acumulado.
Resultados e Discussões
Os dados da Gerência de Saúde do Servidor e Perícia Médica, mostram frequência importante de atendimentos médicos com solicitação para afastamento do trabalho por motivos de saúde. A análise dos dados mostra que foi realizou 16.556 atendimentos de servidores da educação no período de maio de 2001 a abril de 2002.
Os dados de afastamento não podem expressar os problemas de saúde vividos pelos servidores, tão pouco é possível estabelecer associações diretas desses problemas com o trabalho por eles desenvolvidos. Contudo, tais fatores são indicadores que nos permitem elaborar hipóteses articuladas aos dados da literatura citados ao longo deste artigo. Ou seja, os resultados das pesquisas isoladas, quando analisados em conjunto, mostram coerência entre os seus achados e permitem a elaboração de hipóteses de pesquisa que visem a identificar associações do adoecimento com as características das escolas e as condições de trabalho vividas em suas dependências. 
Os dados da Gerência de Saúde do Servidore Perícia Médica (GSPM), mostrou uma frequência importante de atendimentos médicos com solicitação para afastamentodo trabalho por motivos de saúde. Apontou também que as razões de procura da perícia médica não são banais, uma vez que, no universo citado, 92% (15.243) dos atendimentos provocaram afastamento do trabalho.
Os afastamentos no grupo geral de servidores são concentrados na categoria dos professores, totalizando 84% dos servidores afastados. No período de maio de 2001 a abril de 2002, verificou-se que os transtornos psíquicos ocuparam o primeiro lugar entre os diagnósticos que provocaram os afastamentos (15%).Outros estudos obtiveram resultados semelhantes e encontraram associações com as condições de trabalho existentes. Em Málaga, um dos diagnósticos mais frequente foi a depressão. Em Nova York, os resultados mostraram uma forte associação entre sintomas depressivos e ambientes de trabalho nocivos. 
Foram avaliados em outro estudo 574 professores da Austrália e encontraram-se níveis de estresse psicológico duas vezes maior do que na população em geral. Já nos EUA, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido mostrou-se que um terço dos professores avaliados consideram seu trabalho estressante ou muito estressante. A principal causa desse estresse é a falta de preparo desses professores frente à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. 
O artigo mostra alguns fatores que agravam o problema desses professores: elevado número de alunos por turmas; a infraestrutura física inadequada; a falta de trabalhos pedagógicos em equipe; o desinteresse da família em acompanhar a trajetória escolar de seus filhos; a indisciplina cada vez maior; a desvalorização profissional e os baixos salários. Os professores relataram desilusão, desencantamento, insatisfação, indignidade, fracasso, impotência, culpa e desejo de desistir. Os professores de uma rede particular da Bahia apresentaram queixas importantes relacionadas ao funcionamento psíquico, como cansaço mental e nervosismo.
Outros estudos realizados em Hong Kong apontaram que cerca de um terço dos professores pesquisados apresentavam sinais de estresse e síndrome de burnout que é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso,cuja causa está intimamente ligada à vida profissional. Observou-se uma distribuição dos sintomas variando de quadros mais leves de frustração e ansiedade até o quadro de exaustão com sintomas psicossomáticos graves.
Um estudo realizado em Florianópolis constatou que as causas mais freqüentes de afastamento são doenças no aparelho respiratório, locomotor, problemas de saúde na família e problemas psicológico e/ou psiquiátricos.
A pesquisa realizada na Bahia por Neto (2000) teve como amostra 58 professores de escolas particulares, chamando atenção ao duplo vinculo de trabalho com escolas públicas e número médio de 25 horas/aula por semana.
As queixas de saúde citadas foram: dor na garganta, dor nas pernas e costas, rouquidão e cansaço mental. E as características do trabalho associadas ás queixas foram: salas inadequadas, trabalho repetitivo, exposição ao pó de giz, ambiente de trabalho estressante, ritmo acelerado de trabalho, desempenho das atividades sem materiais adequados e posição de trabalho incomoda.
Codo (1999) estudou uma amostra de quase 39 mil professores em todo o país e identificou que 32% apresentavam baixo envolvimento com a tarefa, 25% se encontravam e exaustão emocional, 11% com quadro de despersonalização e podemos dizer que 48% da população estudada estavam com síndrome de burnout.
É importante ressaltar que o trabalho do professor não se restringe apenas a sua função dentro da sala de aula, exige preparação para realizar a tarefa de modo satisfatório, ou seja, o professor faz uma jornada dupla levando para casa parte do seu trabalho. 
Outro estudo realizado por Gomes (2002) em uma escolaestadual do Rio de Janeiro evidenciou a insatisfação dos professores por trabalhar em mais de uma escola tendo uma sobrecarga de trabalho em especial em atividades de fim de ano letivo, além dos problemas de saúde como ansiedade, irritabilidade, problemas digestivos, respiratórios de sono e na voz.
Os dados se convergem independente da região estudada, observou que o professor tem mais risco de sofrimento psíquico de diferenciados modos. O acumulo de conhecimento no campo de estudo das relações saúde e trabalho permite supor associações entre os problemas de saúde identificados na categoria dos professores e as condições ergonômicas de trabalho.
O Papel do Psicólogo Frente ao Adoecimento Do Docente.
O adoecimento do professoré um assunto que vem sendo discutido ao longo dos anos, no entanto, o adoecimento vem crescendo com passar das décadas. Pouco se vê em relação às políticas voltadas para promoção e bem-estar desse docente. Segundo Assunção no artigo Intensificação do trabalho e saúde dos professores et al. As políticas públicas educacionais do Brasil são movidas por valores de universalização, desde o início da década de 1990, às custas da precarização do sistema educacional e da intensificação do trabalho docente.
Contudo, pouco se investe em educação e na saúde desse trabalhador, que por sua vez, se vê mais pressionado pela quantidade de tarefa escolares. Portanto, o ensino sofre por redução financeira e aumento de alunos por salas de aula, sobrecarregando esse professor fisicamente e psicologicamente. Outro ponto abordado é a pressão que esse professor sofre diante da demanda dos alunos e na hierarquia desse ambiente escolar. O papel do psicólogo é promover mudanças através da demanda escolar, através de técnicas conhecimentos científicos adquiridos. Cabe ao psicólogo pesquisar por meio de conversas formais e informais e promover a mudança necessária. O psicólogo escolar precisa intervir de maneira que não crie rótulos e seja mais flexível diante os conflitos apresentados. 
De acordo com o artigo Psicologia escolar proposta de intervenção com professores, observou que os problemas mais frequentes em relação professor/aluno eram: dificuldades de relacionamento com adolescentes, dificuldades em lidar com problemas de aprendizagem, sexualidade e alunos agressivos. Contudo, cabe o psicólogo intervir para que essas dificuldades sejam sanadas por meio de palestras, reflexões e rodas de conversas.
Conclusão:
O professor assume um dos papeis mais importante na sociedade, de preparar os alunos no processo de ensino e aprendizagem. Contudo, o ensino no Brasil apresenta grandes falhas inclusive de cuidar da saúde desse professor, pois, se por um lado temos o sucesso da educação nas mãos do professor por outro lado existe a administração institucional que não permite meios pedagógicos e programas voltados para saúde desse mesmo professor. 
De acordo com estudos apresentados em 2002 eram mais de 16 mil professores afastados, no entanto, ainda hoje vemos a deficiência de estudos mais aprofundados e políticas voltados para prevenção do adoecimento dos docentes. O adoecimento psíquico é uma das causas que mais afastaesses profissionais apresentando as seguintes queixas: insatisfação, indignidade, fracasso, impotência, culpa e desejo de desistir, desilusão. Os fatores para esse acontecimento estão expressos nas seguintes queixas:salas inadequadas, trabalho repetitivo, ambiente de trabalho estressante, ritmo acelerado de trabalho, desempenho das atividades sem materiais adequados, abuso de poder em nível hierárquico, o desinteresse por parte dos familiares, a indisciplina cada vez maior; a desvalorização profissional e os baixos salários. Contudo, diante essa demanda o psicólogo pode intervir criando políticas voltado para o bem-estar desse docente, agindo como agente facilitador e promovendo recursos diante a demanda escolar.

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