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Aula 1 – Introdução ao Salvamento e à Sobrevivência
#1991 – Primeiro Serviço de Resgate Nacional – SIATI
#20.48 PORTARIA MINISTÉRIO SAÚDE
#SAMU FRANCÊS
Urgência é toda situação quenecessita de intervenção rápida, entretanto, não confere risco imediato à vida do indivíduo.
Emergência é toda situação que necessita de intervenção imediata, pois confere risco imediato à vida do indivíduo.
Em nossa disciplina, utilizaremos o termo “Atendimento pré-hospitalar (APH)” para definir todo atendimento prestado a uma vítima, em situação de urgência ou emergência fora do ambiente hospitalar; e socorrista para o indivíduo que irá realizar este atendimento.
Quais deverão ser as ações iniciais aose deparar com uma situação dessas?
Antes de tudo, o mais importante é garantir a segurança dos socorristas, pois este indivíduo é considerado o personagem mais importante do cenário, jamais este profissional deverá arriscar sua vida, pois se algo
lhe acontecer, quem irá realizar o socorro?!
Avalie a cena, identifique os riscos, neutralize-os e se proteja!
Sempre que não for possível controlar a segurança da cena, como, grandes incêndios, locais energizados por fios soltos e outros, aguarde socorro especializado.
#cinemática do trauma
A abordagem da vítima de trauma é diferente da abordagem da vítima de mal súbito (emergência clínica), pois as causas que levam ao óbito são diferentes, sendo assim as prioridades no atendimento são outras.
Após avaliare garantir a segurança da cena, avaliar a cinemática do trauma e o número de vítimas, devemos nos proteger quanto aos riscos oferecidos pelo corpo do paciente, ou seja, os riscos biológicos.
No caso dos socorristas, a norma de biossegurança mais importante a ser seguida é a utilização
das precauções universais.
As precauções universais, ou precauções padrão, são medidas de proteção contra
a contaminação por fluidos corporais como sangue, saliva e secreções.
A utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) faz parte desse conjunto de precauções e confere esta proteção que é de extrema importância para a saúde do socorrista.
Aula 2 – Avaliação da vitima no ambiente pré-hospitalar (APH)
As lonas coloridas são as áreas de tratamento. Após a triagem das vítimas, onde as mesmas serão classificadas por cor segundo sua gravidade, as mesmas serão levadas para as lonas com as respectivas cores  parareceber tratamento. Para a triagem Serão avaliados
a respiração, a circulação e o nível de consciência.  
. Caso haja alteração nesses três itens, a vítima é classificada comovermelha.
. Caso a vítima não apresente essas alterações, mas possui lesõesque a impossibilitem de andar, será classificada comoamarela.
. E aquelas que conseguem andar, mesmo com ajuda, classificaremos comoverde.
. Os óbitos serão vítimas cinzas ou pretas. Não é realizada reanimação cardiopulmonar, caso a vítima não respirecom a abertura da via aérea, já podemos classificá-la comocinza.
Ao chegarmos ao final de nossa aula é importante lembrar que o trauma é a primeira causa de morte entre os indivíduos jovens, e que o objetivo do socorrista é garantir a manutenção davida e sua qualidade.
Esses indivíduos estão em fase produtiva, gerando, além do problema de Saúde, um problema social.
Muitas serão as vítimas que morrerão ou terão sequelas para o resto de suas vidas mesmo recebendo o atendimento adequado, sendo assim temos que pensar que a prevenção é sempre a melhor opção.
Aula 3 – Hemorragia e Choque
O sistema circulatório é composto basicamente pelo coração, pelo sangue e pelas artérias e veias que diminuem seu calibre progressivamente conforme saem do centro docorpo até chegar às extremidades e se transformarem em capilares.
A função do coração é bombear o sangue através dos vasos sanguíneos até chegar a todos os tecidos do corpo.
Sem o oxigênio, as células começam a produzir energia por meiosalternativos, que fazem com que o sangue fique mais ácido, podendo levar a degeneração e a morte celular.
A esta falência circulatória que faz com que as células comecem a sofrer devido à falta de O2 chamamos de choque circulatório.
Nasvítimas de trauma, o tipo de choque mais encontrado é o hipovolêmico, devido a perda de volume de sangue.
A perda de uma quantidade significativa de volume de sangue, chamamos de hemorragia.
Nos indivíduos acometidos por um evento traumático podemos encontrar uma
hemorragia externa ou uma hemorragia interna.
O socorrista tem um papel fundamental no tratamento deste paciente até a chegada do socorro, pois é imprescindível que ele identifique os sinais de choque e controle os sangramentos externos, ou que informe o quadro de gravidade da vítima ao atendimento médico para agilizar o transporte das vítimas com suspeita de hemorragia interna.
Caso haja sangramento aparente, ahemostasiadeverá ser imediata.
Quer dizer a contenção da hemorragia.
A segunda opção para contenção de uma hemorragia é a utilização do torniquete.
. o torniquete deve ser largo (10 cm);
. aplicar a um palmo fechado acima da lesão;
. monitorar olocal para controle da hemorragia. Se não controlar,   apertá-lo mais ou aplicar um 2º torniquete, acima do primeiro.
 
A utilização do torniquete é segura por até 120 a 150 min.  
Observe um dos diversos modelos de torniquete.
A parte que receberá o torniquete deverá estar exposta.
Após o controle da hemorragia aqueça a vítima
Enquanto o socorro médico não chega, você deverá manter a via aérea aberta e a ventilação adequada dessa vítima.
 Como podemos ver, ações simples podem fazer diferença entre a vida e a morte de um indivíduo de trauma.  
Ao ser preparado para estas ações você poderá ser essa diferença!
Sinais do choque:
. aumento da frequência respiratória;
. pele fria, úmida e pálida;
. sede;
. desorientação;
. inconsciência.
Ao avaliar acirculação da vítima de trauma você deve:
. inspecionar a cor da pele;
. tocar a pele da vítima onde não há sangue com uma parte descoberta do seu braço para sentir a temperatura;
. procurar sinais de sangramento aparente.
Aula 4 – Lesões traumáticas
Lesões por TCE
As lesões por TCE podem ser:
Primárias: Quando a lesão do tecido ocorre diretamente pelo trauma e não pode ser evitada pelo socorrista
Secundárias: É a lesão que ocorre nos tecidos vizinhos devido à falta de oxigênio ou à diminuição de fluxo de sangue no cérebro, pelo aumento da pressão dentro da calota craniana e podem ser minimizadas ou até mesmo evitadas pelo socorrista.
Mesmo que a vítima apresente sinais de ingestão de bebida alcoólica, sempre pensar que a alteração do nível de consciência pode estar relacionada ao TCE, nunca ao álcool.
Se houver mecanismo de lesão que demostre gravidade, como por exemplo, um atropelamento, colisão de veículo ou trauma por um objeto pesado, você deverá imobilizar essa vítima, assistir o ABC e aguardar socorro para removê-la ao hospital.
Sangramentos do ouvido e nariz podem ocorrer devido à uma lesão originada dentro do crânio.
O hematoma periorbital ocorre também devido a um sangramento originado dentro do crânio, geralmente associado a uma fraturade base de crânio. Sinal de guaxinim
Outros sinais e sintomas como náuseas, vômitos, alteração do padrão respiratório, distúrbios visuais e convulsão podem estar associados ao TCE.
Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas do TRM podem variar desde umaparestesia (alteração de sensibilidade/dormência), até a perda total dos movimentos.
Abordagem:
O objetivo do tratamento é garantir a oxigenação dos tecidos acometidos, sendo assim, garantir a permeabilidade da via aérea e uma boa respiração são prioridades.
Aimobilização da coluna também é importante para prevenir os agravos das lesões. Assistiremos no vídeo as técnicas de imobilização e transporte das vítimas politraumatizadas.
Escoriação
A presença de escoriações não representa gravidade, entretanto, significa que o tórax da vítima foi atingindo no momento do trauma, sendo assim, ela poderá apresentar outros traumas mais graves.
Costumamos utilizar a Teoria do Iceberg para falar das lesões superficiais que encontramos no exame da vítima, pois essaslesões podem ser apensas “a ponta do iceberg”:
Essas são as principais lesões encontradas no atendimento às vítimas de trauma, e é importante ressaltar que independente da lesão, a abordagem a essa vítima é como uma “receita de bolo”, as prioridades sempre serão:
- Avaliar a segurança da cena e o mecanismo de trauma.
- Realizar a bioproteção
- Avaliar o ABCDE.
 
Essa avaliação sistematizada permite que o socorrista não deixe que as lesões mais chamativas desviem sua atenção das lesões que podem matar, mesmo não estando aparentes.
Aula 5 – Queimaduras e emergencias ambientais
A pele é o maior orgão do corpo humano, a função dela é basicamente proteger nosso corpo do frio e da exposição a microorganismos além da perda de água.
Elas podem apresentarum quadro de hipovolemia ( diminuição do volume sanguineo pelo extravazamento de liquido paro o espaço intertiscial e hipotermia.
Além disso, estão mais predispostas a processos infecciosos.
Entretanto, a causa de morte precoce em ambiente pré-hospitalar é a queimadura das vias aéreas pela aspiração de vapores quentes e a intoxicação pela aspiração de monóxido de carbono.
Tipos de queimaduras
Térmica:
A queimadura se dá através da tranferência do calor de líquidos, sólidos, gases ou chamas para os tecidos.
Na imagem podemos ver uma queimadura ocasionada por água fervendo.
Elétrica:
Se dá através de objetos energizados.
As queimaduras elétricas podem comprometer o sistema cardiovascular, por causarem arritmias cardíacas.
Química:
Produtos químicos.
Asqueimaduras químicas podem ser por produtos químicos que além de causar lesões teciduais, podem ser voláteis causando intoxicação.
Radiação:
Por exposição do organismo a radiações solares ou nucleares.
Na imagem ao lado podemos ver uma queimadura causadapela exposição ao sol.
Agora vamos ver alguns fatores que determinam a gravidade das queimaduras.
Eles indicam a necessidade de atendimento rápido por uma equipe especializada e internação em unidade de queimados.
São eles:
• Lesões por inalação;
•Queimaduras que atingem mais de 10% da superfície do corpo;
• Queimaduras de terceiro grau em qualquer faixa etária;
• Queimadura de face, mãos, pés, genitália, períneo ou articulações principais;
• Queimaduras elétricas;
• Queimaduras químicas;
• Queimaduras com traumas associados;
• Queimaduras em indivíduos com doenças preexistentes.
Sequencia do atendimento de vitima politraumatizada
1. Avaliação da cena
Avalie a cena quanto à segurança e o mecanismo de trauma.
2. Agente
Afaste o agente causador dalesão. Caso a vítima esteja em contato com superfície eletrizada, não o toque antes de desligar a fonte de energia.
3. Avaliação primária
Inicie a avaliação primária sistematizada baseada nas prioridades.
4. Realize a avaliação secundária
Na avaliação secundária, você deverá realizar a avaliação e curativo das queimaduras.
1° Atinge apenas a epiderme.
Tem como característica a presença de hiperemia e é a mais dolorosa, pois é nessa porção superficial da pele que encontramosgrande quantidade de terminações nervosas.
2°As queimaduras de segundo grau acometem até a derme.
São caracterizadas pela presença de flictemas (bolhas).
3°Essas queimaduras atingem toda a espessura da pele. Podem apresentar diversas aparências,mas na maioria das vezes são espessas, secas e esbranquiçadas.
Erroneamente, algumas pessoas afirmam que essas queimaduras não são dolorosas por haver a destruição de todas as terminações nervosas. Entretanto, essas lesões são cercadas por áreas de queimadura nas camadas mais superficiais; sendo assim, a informação dolorosa é levada ao cérebro da mesma maneira.
4°São aquelas queimaduras que, além de destruir toda a espessura de pele, atingem tecido muscular e ósseo.
Caso a lesão de queirmadura seja focal,e a vítima não apresente nenhuma das condições de gravidade, o primeiro passo é resfriar o local da lesão com água em temperatura ambiente.
Deixe irrigar por quanto tempo for necessário para melhorar a dor. Nunca use manteiga, pasta de dente, água sanitária, pó de café ou qualquer outra cobertura, pois a susbstância errada poderá piorar a lesão.
Cubra com um pano limpo e encaminhe a vítima para o atendimento hospitalar.
Aula 6 – Afogamento e sobrevivência no mar
Epidemiologia
De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, os óbitos por afogamento, no Brasil, alcançam mais de 6.500 casos por ano, e os casos não fatais chegam a 100.000 casos/ano, acometendo principalmente crianças.
O afogamento se dá pela aspiração de líquidos causada por submersão ou imersão.
Quando a vítima não apresenta nenhum sinal de ter aspirado água para as vias aéreas, chamamos de Resgate.
Resgate - A vítima não apresenta tosse ou espuma na boca ou nariz e nãoapresenta dificuldade respiratória, a ausculta feita pelo profissional de Saúde se apresenta normal.
G1 A vítima apresenta tosse, mas sem sinal de espuma na boca ou nariz.
G2 A vítima apresenta tosse mas com pouca água na boca ou no nariz.
G3 Muita espumana boca e no nariz, mas apresenta pulso radial palpável.
G4 Muita espuma na boca ou nariz sem pulso radial palpável.
G5 Parada respiratória com pulso carotídeo presente.
G6 A vítima apresenta parada cardiorespiratória.
Na parada cardiorespiratória a vítima não apresenta respiração e nem pulso.
Atenção: Não perca tempo tentando achar o pulso carotídeo, não ultrapasse 10 segundos para este procedimento. Caso não sinta pulso inicie as compressões torácicas.
Apesar da classificação do afogado ser de grande utilidade para mensurar a gravidade do evento, não podemos perder tempo para iniciar as manobras de ressucitação, sendo assim, devemos iniciar as manobras e depois classificar o grau de afogamento.
Vejamos agora o protocolo de abordagem à vítima afogada.
Ele segue a sequência de prioridades do trauma: ABC, pois a parada cardíaca, nesses pacientes, ocorre devido à hipóxia, sendo assim começamos a abordagem pela via aérea, como veremos a seguir.
O primeiro passo é retirar a vítima da água, mas faça apenas se você for treinado para isso.
Ter habilidade para nadar não significa que você tenha habilidade para realizar um salvamento aquático.
Se não souber fazer o resgate, solicite ajuda especializada.
Caso você realize o resgate, poderá iniciar as ventilações ainda na água.
O início das ventilações, ainda dentro da água, irá retardar a evolução de uma parada respiratória para uma parada cardiorrespiratória.
Se a vítima voltar a respirar retire-a da água para uma área seca a fim decontinuar o atendimento.
Caso a vítima não volte a respirar sozinha, considere PCR; retira-a da água rapidamente para a área seca e inicie a ressuscitação cardiopulmonar.
Ao retirar a vítima da água, o segundo passo é posiciona-la paralelamente à água.
Em seguida, realize a abertura da via aérea com a mão no queixo e na testa conforme mostra a figura e avalie se a vítima respira (no máximo 10 segundos).
Mas o que fazer se não estiver respirando?
Na ausência de respiração realize 5 ventilações utilizando algum método de barreira.
Após as 5 ventilações realize 30 compressões torácicas.
Assista agora um vídeo de como essas compressões devem ser realizadas.
Repare no vídeo:
• Aposição do socorrista;
• A posição das mãos no ponto certo de compressãona
linha intermamilar.
Algumas observações importantes:
• A frequência das compressões  deverá ser de, no mínimo, 100/min.
• Permitir que o tórax retorne totalmente para sua posição após cada compressão.
• A profundidade do tórax deverá ser de 5 cm.
Aula 7 – Ressuscitação Cardiopulmonar
As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte, no Brasil e no mundo, são doenças silenciosas que evoluem de maneira insidiosa e que, muitas vezes, ao eclodir levam o paciente a um quadro de gravidade que necessita de reconhecimento e tratamento precoces. Nesta aula, será abordada a Parada cardiorrespiratória na morte súbita. Será apresentada a cadeia da sobrevivência e a estratificação de prioridades no atendimento da vítima de parada cardíaca súbita (CAB da vida), assim como as técnicas de compressão torácica, ventilação assistida e desfibrilação semiautomática.
Você sabe o que provoca uma parada cardiorrespiratória súbita?
Na grande maioria das vezes, uma parada cardiorrespiratória súbita, tem origem cardiovascular, geralmente em uma doença que cause diminuição do aporte de sangue para o músculo cardíaco ou uma desordem do ritmo do coração.
Só para relembrarmos, o sistema cardiovascular é responsável pelo transporte de sangue, gases e nutrientes para todas as células do corpo, e para que isso aconteça, o coração precisa estar funcionando perfeitamente, pois ele é a bomba que impulsionará o sangue através dos vasos.
O coração é um órgão muscular oco dividido em 4 cavidades:
Átrio direito eVentrículo Direito -O lado direito recebe o sangue do sistema e leva para os pulmões.
Átrio esquerdo e Ventrículo Esquerdo -O lado esquerdo recebe o sangue dos pulmões e leva para todos os outros sistemas.
O trajeto do sangue por todo sistema vascular até o coração chamamos de grande circulação, e o trajeto do sangue do coração aos pulmões e dos pulmões ao coração chamamos de pequena circulação.
Observe o esquema:
Para que esse movimento de sangue funcione adequadamente, o coração precisa bombear de forma sincrônica, com um ritmo adequado entre os átrios e os ventrículos.
Além disso, o coração produz um estímulo elétrico que se propaga de forma organizada pelo músculo cardíaco fazendo com que ele contraia e bombeie o sangue pelos vasos.
Doença isquêmica no coração
Quando o indivíduo apresenta alguma doença isquêmica no coração, essa atividade elétrica poderá ficar tão desorganizada que o coração não consegue mais bombear sangue para o corpo levando ao que chamamos de parada cardiorrespiratória, a esse ritmo tão desorganizado chamamos de fibrilação ventricular.
Repare que o bloqueio das artérias coronárias interrompe o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco provocando área de necrose.
Como o coração não consegue ejetar sangue, em poucos minutos essa vítima evoluirá para o óbito.
Mas será que há alguma coisa a ser feita?
A resposta é sim! A seguir veremos como.
Manobras de ressuscitação cardiovascular
Com manobras simples, podemos manter esse sangue circulando até que consigamos reverter o quadro.
Essas manobras são chamadas de ressuscitação cardiovascular e elas consistem em aplicar compressões torácicas, ventilações artificiais e desfibrilação.
As compressões torácicas e ventilações irão manter a viabilidade dos tecidos, mas somente a desfibrilação irá reverter a FV.
Hoje em dia, temos aparelhos simples, que realizam a desfibrilação e qualquer indivíduo com um treinamento mínimo pode utilizar por serem automáticos.
Veja agora uma cadeia de sobrevivência, usada para a ressuscitação cardiopulmonar.
Ela descreve as etapas essenciais para uma reanimação bem-sucedida:
1º ELO: Solicitação de ajuda
2º ELO: RCP precoce
3º ELO: Desfibrilação precoce
4º ELO: Suporte avançado de vida
5º ELO: Cuidados pós PCR
As chances de sobrevivência aumentam significantemente se as etapas da cadeia de sobrevivência forem respeitadas.
Aplicação da ressuscitação cardiopulmonar
Agora veremos como deverá ser o passo a passo:
O primeiro é avaliar a cena para se certificar do que houve e para garantir a sua segurança.
 
Em seguida teste a responsividade da vítima.
Você deve estar se perguntando como fazer isso?
Segurando-a pelos ombros e olhando rapidamente para o seu tórax para observar se ela respira. Caso não haja resposta e ela não respire solicite ajuda.
Você deverá acionar o serviço de
emergência médica da sua região (192
ou 193) e pedir que alguém busque um desfibrilador externo automático (DEA).
Só remova a vítima em PCR se a cena estiver insegura, caso contrário você deverá iniciar a RCP no local até chegar o socorro médico.
Volte à vítima e realize 30 compressões torácicas.
Posicione as mãos no ponto de compressão entre os mamilos, em cima do osso esterno, como mostra a figura e afunde o tórax em 5 cm com uma frequência de, no mínimo, 100 por minuto.
O socorrista leigo não precisará se preocupar em checar pulso carotídeo, pois essa técnica exige prática e poderá atrasar o início das compressões torácicas. Caso você opte por checar pulso carotídeo, não demore mais de 10 segundos.
Após as 30 compressões, realize a abertura da via aérea com elevação do queixo e faça duas ventilações.
Tenha alguns cuidados:
• Ventile lentamente;
• Insufle o pulmão do paciente com um volume de ar suficiente para elevar o tórax;
• Utilize um método de barreira para não se contaminar com material biológico.
Não é aconselhável realizar ventilações boca a boca, pois a vítima poderá transmitir alguma doença para você!
 
Caso você não tenha nenhum equipamento de proteção individual para realizar as ventilações, faça apenas compressões sem interrupções.
A compressão torácica é o procedimento mais importante e em uma PCR o socorrista não poderá ficar mais de 10 segundos sem realizá-las.
Realize 30 compressões para 2 ventilações até a chegada do desfibrilador ou do socorro médico.
Assim que disponível, aplique o desfibrilador externo automático (DEA).
E qual seria a real função desse aparelho?
Ele é um computador que analisa o ritmo do coração da vítima e avalia se há a necessidade ou não de desfibrilação.
Qualquer indivíduo com o mínimo de treinamento poderá utilizar o desfibrilador externo automático; existem várias marcas e modelos, mas todos muito simples para utilização.
É a desfibrilação que irá reverter o quadrodavítima, entretanto ela não seráeficaz sem as compressões.
Antes de dar continuidade a seus estudos, conheça a sequência para a utilização do DEA.
Aula 8 – Urgências e emergências clinicas
Introdução
Nesta aula, serão abordadas as emergências clínicas mais comuns em ambiente pré-hospitalar como: Alterações do nível de consciência (desmaios, síncope, inconsciência e alterações psicomotoras), Crises convulsivas, Síndromes coronarianas (Infarto agudo do miocárdio e angina), acidente vascular encefálico e hipoglicemia.
O que podemos entender como emergências clínicas?
São todas aquelas situações de emergências que não têm origem traumática.
São quadros extremamente delicados, pois nem sempre a causa do “mal súbito” é óbvia, sendo assim, são necessários diversos conhecimentos clínicos para chegarmos a um diagnósico e, ainda assim, precisaremos de alguns exames para concluírmos o quadro, por isso jamais deveremos perder tempo tentando fechar um diagnóstico em APH, apenas prestaremos os cuidados de suporte básico de vida até a chegada do socorro.
A seguir veremos alguns dos quadros mais comuns de mal súbito.
Você já ouviu falar em SCA?
A Síndrome Coronáriana Aguda é um conjunto de sinais e sintomas caracterizado principalmente por dor no peito.
Ela acontece devido a uma obstrução que poderá ser parcial ou total, diminuindo ou interrompendo o fluxo de sangue para o músculo cardíaco podendo desencadear os seguintes quadros:
Angina Estável
Quando ocorre uma diminuição do fluxo de sangue,mas ele ainda é suficiente para suprir o músculo cardíaco durante atividades basais, entretanto durante a execussão de alguma atividade física esse fluxo passa a não ser suficiente, e o paciente sente dor no peito, mas que retrocede assim que ele fica em repouso.
Angina instável
Quando ocorre uma obstrução parcial, mas esse fluxo de sangue não é suficiente para oxigenar o músculo cardíaco, ocasionando dor no peito mesmo quando o paciente está em repouso.
Nesse caso, ainda não houve lesão no músculo cardíaco.
Infarto agudo do miocárdio (IAM)
Neste quadro, há uma obstrução total ou quase total em que ocorre a lesão do músculo cardíaco.
Existe um grande risco de a vítima evoluir para parada cardiorrespiratória por arritmia cardíaca.
Indivíduos com dor no peito precisam ser encaminhados rapidamente a uma unidade hospitalar para ser feito o diagnóstico do quadro e iniciar o tratamento rapidamente, que consiste na abertura da artéria coronária, por medicamento ou por cateterismo, para restabelecer o fluxo sanguíneo para o coração, sendo assim, a identificação precoce dos sintomas é imprescindível.
Em todos os casos, o tempo é nosso inimigo número um!
Sinais e sintomas
Nem sempre os sinais e os sintomas de uma síndrome coronariana são específicos, então, além da avaliação do paciente, precisamos investigar a presença dos fatores de risco que veremos a seguir.
 
O sintoma mais caracerístico de uma SCA é a dor torácica típica isquêmica, que se apresenta como uma dor no centro do peito em aperto ou queimação e que faz a vítima levar a mão em forma de garra ao peito.
Ela também poderá irradiar para a face interna do braço esquerdo, mandíbula e pescoço.
A dor também poderá ser apresentar de outras formas que chamamos de dor atípica, como:
A dor no peito poderá vir acompanhada de: suor frio, palidez cutânea, náuseas e vômitos, tonteira, dor abdominal e falta de ar
Dor na região epigástrica, muitas vezes confundida com problemas gastrointestinais
Dor somente no pescoço ou na mandíbula
Dor no braço direito
Dor nas costas
O paciente também pode estar sem dor, quadro muito comum em pessoas diabéticas, idosos e mulheres, podendo estar presentes sintomas inespecíficos, assim, devemos identificar os fatores de risco para SCA, que são divididos em:
Fatores de riscos não modificáveis:
• idade maior que 40 anos;
• sexo masculino;
• história familiar.
Fatores de risco modificáveis:
• sedentarismo;
• obesidade;
• hipertensão arterial não controlada;
• diabetes não controlada;
• colesterol alto.
Abordagem
O que fazer ao encontrar um quadro de SCA
Acione imediatamente o Serviço Médico de Urgência e solicite uma ambulância, de preferência com médico.
Caso a vítima esteja consciente coloque-a sentada, em repouso absoluto, não ofereça nada para beber ou comer,
até a chegada da ambulância e se prepare para iniciar o protocolo de SBV, a qualquer momento caso seja necessário.  
Se a vítima estiver inconsiente, inicie o protocolo de Suporte Básico de Vida: CAB 
Não ofereça remédio a vítima
Acidente vascular encefálico (AVE)
O acidente vascular encefálico é um comprometimento vascular, por obstrução ou por uma hemorragia, no cérebro, que poderá levar a vítima a um quadro neurológico grave e até a morte.
 
Se não for identificado e tratado precocemente,o paciente poderá apresentar lesões irreversíveis.
Acidente vascular cerebral isquêmico
O AVE mais comum é o isquêmico, que ocorre devido a formação de um coágulo em uma artéria cerebral, obstruindo o aporte de sangue para a área cerebral perfundida por esse vaso e poderá ser revertido com a administração de trombolíticos para dissolver esse trombo.
Acidente vascular cerebral hemorrágico
No AVE hemorrágico, uma artéria se rompe, também impedindo a perfusão da área cerebral acometida. Nesse caso, o tratamento é cirúrgico. A única maneira de identificar o tipo de AVE é realizando uma tomografia computadorizada, sendo assim, essa vítima deverá ser encaminhada para atendimento em uma unidade hospitalar que possua esse recurso.
Como reconhecer uma vítima de AVE ?
A maneira mais fácil de reconhecer uma vítima de AVE é utilizando a escala de Cincinnati.
Veja como:
Comece solicitando que a vítima sorria, então, observe se os dois lados dos lábios  movimentam-se simetricamente. O exame estará alterado caso um dos lados não se mova, chamamos esse quadro de desvio de comissura labial.
Peça ainda, que eleve os dois braços à mesma altura. O exame estará alterado caso um dos braços não se mova (paralisia) ou esteja mais baixo que o outro (paresia).
Por último, a vítima deve repetir uma frase simples qualquer; o exame estará alterado caso ela tenha dificuldades na fala.
Na presença de um desses sinais, temos 75% de chance de estar mediante a um caso de AVE.
Poderemos encontrar outros sintomas de AVE como:
• Desorientação;
• Agitação psicomotora;
• Convulsão;
• Coma.
Caso a vítima esteja consciente, deixe-a sentada em repouso e prepare-se para uma perda súbita da consciência. Não a deixe andar sozinha, pois o risco de queda é grande.
Se a vítima ficar insconsciente, inicie o protocolo de suporte básico de vida (CAB), se ela estiver respirando, mantenha a via aérea pérvia e fique atento para episódios de vômito, caso ocorram, coloque-a em posição lateral de segurança.
Hipoglicemia
A hipoglicemia é a diminuição dos níveis de açúcar no sangue.
A glicose é tão importante para o metabolismo quanto o oxigênio, sendo assim, a falta de glicose no organismo poderá levar ao coma, a lesões neurológicas graves e até mesmo à morte.
Dificilmente uma pessoa que não é diabética e não faz uso de hipoglicemiantes orais, apresentará um quadro grave de hipoglicemia, mas é possível que pessoas saudáveis sintam-se mal por falta de alimento.
Os sinais e os sintomas de hipoglicemia são:
• sudorese;
• tremor;
• ansiedade;
• náuseas;
• tonteira;
• confusão;
• fala arrastada;
• convulsão;
• tonteira;
• confusão;
• letargia;
• coma.
Ao se deparar com um quadro suspeito de hipoglicemia, pergunte se a vítima é diabética e se faz uso de medicação como insulina ou hipoglicemiante oral. Nesses casos, a víimia poderá evoluir com quadro de hipoglicemia grave.
 
Na suspeita de hipoglicemia, em vítimas conscientes, sem sinais graves de hipoglicemia como agitação psicomotora, desorientação, letargia, ofereça algum alimento com açúcar.
 
Em vítimas com sintomas graves de hipoglicemia, a sua prioridade é manter a permeabilidade das vias aéreas e iniciar o protocolo de suporte básico de vida caso ela pare de respirar.
 
Prepare-se para atuar em caso de convulsão.
Crise convulsiva
A crise convulsiva é uma atividade muscular com contrações involuntárias associadas a alterações de comportamento ou a inconsciência causada por atividade anormal do cérebro.
Você deve estar se perguntando o que provoca essas crises...
Diversos fatores, como:
• epilepsia;
• hipoglicemia (açúcar baixo no sangue);
• overdose (dose excessiva) de cocaína;
• abstinência alcoólica;
• meningite, tumores, AVE e traumatismos;
• eclâmpsia (problemas da gravidez);
• febre alta (em crianças).
ABORDAGEM
• avalie a cena;
• solicite o serviço médico de emergência;
• use EPI;
• não tente introduzir objetos na boca do paciente durante a convulsão;
• não tente conter a vítima;
• segure a cabeça impedindo que bata nas superfícies próximas e no chão;
• afaste do paciente objetos perigosos;
• movimente a vítima caso o fator de risco não possa ser neutralizado;
• caso haja vômito ou muita secreção na boca, tente lateralizá-la;
• resfrie crianças febris com toalhas molhadas.
Ao final da crise convulsiva, mantenha a via aérea aberta e inicie o protocolo de SBV caso a vítima não respire.
DESMAIOS
Os desmaios podem ocorrer por diversos motivos, dos mais simples como uma síncope vasovagal aos mais graves como a hipoglicemia ou AVE.
Sempre que a vítima perder a consciência,posicione-a deitada em decúbito dorsal e inicie o protocolo de SBV, se a vítima estiver respirando, proteja sua via aérea colocando-a em posição lateral de segurança, ou realizando a elevação do queixo.
Aula 9 – Acidentes com animais peçonhentos
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Reconhecer o conceito de acidente com animais peçonhentos;
2 - Identificar as prioridades no atendimento a uma vítima de acidente com animais peçonhentos
Introdução
Nesta aula, serão abordados o conceito de animais peçonhentos, os tipos de acidentes de maior incidência com esses animais e como deverá ser o manejo da vítima de acidentes desta natureza.
Ofidismo
São os acidentes com serpentes.
No Brasil, de acordo com a FUNASA, a fauna ofídica de importância em Saúde Pública é representada pelos gêneros:
• Bothrops ( jararaca) , Crotalus ( cascavel), Lachesis (surucucu) e Micrurus (coral verdadeira).
Mais adiante veremos a fundamental diferença no quadro clínicoentre as principais espécies de importância médica no Brasil.
Distingui-los nem sempre é fácil.
Os parâmetros utilizados antigamente como: formato da cabeça, da cauda e da pupila; o aspecto das escamas e o desenho dos furos na pele, em caso de picada, são considerados, atualmente, como inúteis para identificação por conduzirem a erros.
Por esse motivo, eles foram abandonados ou entendidos como características secundárias.
Atualmente, utilizamos como parâmetro para identificação a presença ou não da fosseta loreal.
É um órgão bilateral, situado entre a narina e o olho, e é responsável pela percepção e identificação do calor emanado pelos corpos e está presente em todas as serpentes peçonhentas com exceção da coral verdadeira.
Você sabia que é de grande importância identificar a espécie envolvida no acidente?
Pois:
• possibilita a dispensa imediata da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas;
• viabiliza o reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional;
• é medida auxiliar na indicação mais precisa do
antiveneno a ser administrado.
Sempre que possível, é importante levar o animal causador, vivo ou morto, que poderá ser conservado em um vidro embebido em álcool e rotulado com os dados do acidente, inclusive a procedência.
Acidente botrópico (jararaca)
Corresponde ao acidente ofídico de mais importância epidemiológica no país, pois é responsável por cerca de 90% dos envenenamentos.
 
Esse veneno tem ação proteolítica, hemorrágica e coagulante, que determina manifestações precoces, em geral, de 1 a 3 horas após o acidente.
Acidente botrópico (jararaca)
Caracteriza-se por edema intenso no local, acompanhado de dor que pode variar de discreta a intensa, bolhas, necroses e abscessos.
Promove graves lesões nos vasos sanguíneos que se manifestam por hemorragias e sangramentos gengivais e nasais.
Manifestações locais
Se evidenciam nas primeiras horas após a picada com edema, dor e equimose na região da picada, progredindo ao longo do membro acometido.
Bolhas com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico podem dar origem à necrose cutânea.
As principais complicações locais são decorrentes da necrose e da infecção secundária que podem levar à amputação e/ou ao déficit funcional do membro.
Manifestações sistêmicas
Além de sangramentos, em ferimentos cutâneos preexistentes, podem ser observadas hemorragias a distância como gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria.
Em gestantes, há risco de hemorragia uterina. Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque.
Acidente crotálico (cascavel)
É responsável por 7,7% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil.
Esse veneno tem ação:
Coagulante:
Decorre de atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina.
O consumo do fibrinogênio pode levar à  incoagulabilidade sanguínea.
Geralmente, não há redução do número de plaquetas.
As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas.
Neurotoxica:
Inibe a liberação de acetilcolina.
Este é o principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular do qual decorrem as paralisias motoras.
Manifestações sistêmicas
Gerais: mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e boca seca;
Neurológicas: fácies miastênica, alteração do diâmetro pupilar, incapacidade de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir dificuldade de acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia).
Menos frequentes, pode-se encontrar com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato, mialgia, IRA (Insuficiência Renal Aguda).
Manifestações locais
Não se evidenciam alterações significativas.
A dor e o edema são usualmente discretos e restritos ao redor da picada; eritema e parestesia são comuns.
Miotoxica
Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) com liberação de enzimas e mioglobina para o soro e que são posteriormente excretadas pela urina.
Para evitar acidentes:
• não ande descalço: sapatos, botinas, botas ou perneiras devem ser usados;
• olhe sempre com atenção os caminhos a percorrer;
• use luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem.
Escorpionismo
Houve um aumento no número de casos de acidentes escorpiônicos desde 1988, após ser implantado o serviço de notificação para esses acidentes.
Esses animais se alimentam principalmente de insetos, como grilos ou baratas.
Eles têm hábitos noturnos e se escondem durante o dia sob pedras, troncos, dormentes de linha de trem, em entulhos, telhas ou tijolos.
Muitas espécies vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro e próximo das casas, bem como alimentação farta.
A gravidade depende de fatores, como a espécie e o tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno. Contribuem para a evolução o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a administração do soro, e a manutenção das funções vitais.
Quadro Clinico
Náuseas, vômitos, salivação, tremores, convulsão.
Podem ocorrer alterações cardíacas, de pressão arterial, insuficiência respiratória e choque.
Araneísmo
As aranhas de importância médica, no Brasil, são:
O ataque da aranha marrom é o que apresenta maior gravidade.
Esta aranha é pouco agressiva e apresenta hábitos noturnos, normalmente sua mordida é indolor, e os sintomas só irão se manifestar horas depois.
A aranha armadeira assume um comportamento de defesa ao se sentir ameaçada, apoia-se nas pernas traseiras, ergue as dianteiras e os palpos, tornando bem visíveis os ferrões, e procura picar, por isso é conhecida por esse nome.
Quadro clínico:
• dor intensa no local da picada;
• náuseas;
• salivação, suores e tremores.
Os acidentes ocorrem normalmente quando são comprimidas contra o corpo. As fêmeas apresentam o corpo com cerca de 1 cm de comprimento e 3 cm de envergadura de pernas. Os machos são muito menores, em média, 3 mm de comprimento, não sendo causadores de acidentes.
 
Quadro clínico:
• dor local de pequena intensidade, evoluindo para sensação de queimadura;
• tremor;
• ansiedade;
• excitabilidade;
• insônia;
• contrações musculares na face.
Medidas preventivas contra acidente com aranhas e escorpiões
• manter limpos quintais, jardins e terrenos baldios;
• ao manusear materiais de construção, usar luvas de raspa de couro e calçados;
• vedar soleiras de portas;
• usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
• acondicionar o lixo em recipientes fechados para evitar baratas e outros insetos, que servem de alimento às aranhas;
• manter terrenos roçados;
• manter berços e camas afastados das paredes;
• examinar calçados, roupas e toalhas antes de usá-los.
Estes são os acidentes com animais peçonhentos mais graves.
Para saber sobre outros animais acesse o material complementar indicado.
Abordagem
A abordagempré-hospitalar é igual para todos os tipos de acidente com animais peçonhentos:
• lavar o local da picada com água e sabão;
• manter a vítima em repouso, o máximo possível, para diminuir a absorção do veneno;
• não fazer torniquete;
• não fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção;
• se a picada for na perna ou no braço, mantê-los em posição mais elevada;
• levar a vítima imediatamente ao Serviço de Saúde mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo;
• levar, se possível, o animal agressor, mesmo morto, para facilitar o diagnóstico.
É imprescindível que o socorrista saiba quais são as unidades de referência para tratamento das vítimas de acidente por animais peçonhentos, em sua região de atuação, com o objetivo de diminuir o tempo entre o acidente e o tratamento definitivo com o soro antídoto.
Aula 10 – Sinalização e Abrigo
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Identificar como o socorrista poderá se abrigar em situações adversas;
2 - Reconhecer quais são os riscos e os problemas gerais encontrados em situações adversas.
Introdução
Nesta aula, será apresentado como o socorrista poderá se abrigar em situações adversas, assim como conseguir alimento, fogo e água. Serão abordados os tipos de abrigos e os problemas gerais encontrados nessa situação.
Ao se deparar em um local desconhecido e hostil, seja por ter se desviado de uma trilha ou por estar a bordo de um meio de transporte que sofreu um acidente, é de suma importância que você mantenha o autocontrole para conseguir preservar sua capacidade mental e superar a situação.
Saber como proteger sua saúde, se abrigar, encontrar alimentos e água, assim como realizar as sinalizações devidas são elementos chaves para viabilizar sua sobrevivência.
Como proteger sua saúde
Evite a fadiga em excesso
Quando estiver em deslocamento ou realizando qualquer esforço físico, deverá ser estabelecido um tempo de descanso, de 10 a 15 minutos a cada hora de exercício, neste momento, você deverá aliviar toda a carga e se deitar.
Beba bastante água
Mesmo que não esteja com sede. Mantenha-se hidratado, especialmente se houver excesso de suor.
Proteja-se contra distúrbios mentais
A fadiga, o esgotamento e o medo podem levar a distúrbios mentais caracterizados por temores graves, cuidados excessivos, depressão ou super excitamento. Para evitar esse quadro, você deverá tentar dormir e descansar ao máximo, entretanto mantendo alguma atividade entre os momentos de descanso.
Cuide dos pés
Esse cuidado deverá ser devido a longas caminhadas por terrenos irregulares, muitas vezes úmidos, que poderão levar a ferimentos nos pés com grande potencial de gerar infecções. Devem-se ter os seguintes cuidados:
• As meias deverão estar inteiras, o calçado e os pés deverão ser regularmente examinados;
• O uso de meias finas de algodão é o mais recomendado, pois absorvem a umidade;
• Calos ou calosidades não deverão ser cortados;
• Caso haja atrito entre o calçado e a pele deverá ser aplicado esparadrapo na parte afetada.
Proteja os olhos e os ouvidos
Utilize óculos de proteção que não atrapalhem a visão e coloque algodão nos ouvidos para protegê-los contra a penetração de insetos.
Conserve a limpeza do corpo, das roupas e dos locais de descanso
• Se for possível, mantenha as unhas cortadas para evitar o desenvolvimento de parasitas;
• Se for possível, tome um banho por dia, mesmo que não tenha sabão;
• Após as refeições limpe os dentes e a boca, nem que seja somente com um bochecho com água;
• Se não for possível lavar as roupas com o objetivo de evitar infecções cutâneas e parasitas, devem ser pelo menos sacudidas e mantidas ao ar livre;
• O uso de cuecas justas deve ser evitado, pois nas proximidades das virilhas poderá provocar assaduras pela umidade acumulada que favorecem a ação de microrganismos;
• Um local de descanso deverá ser naturalmente um lugar limpo, no qual não haja acúmulo das águas das chuvas ou da presença de animais e insetos. A manutenção desse estado será simples, bastando uma fossa para lixo e outra para dejetos, suficientemente afastadas, sempre cobertas com terra após o uso e distantes da fonte de água.
Evite picada de insetos e animais
• Descanse em locais altos longe de água parada;
• Durma vestido, colocando as extremidades das calças para dentro dos canos das meias ou bocas do calçado, será um meio de evitar picadas;
• Não coce locais de picada de inseto;
• Na ausência de repelente use lama nas partes expostas do corpo como rosto, pescoço e mãos;
• Examine abrigos antes de ocupa-los;
• Acenda uma fogueira em locais de abrigo.
Utilize as seguintes medidas preventivas contra acidentes com animais peçonhentos
• Ande sempre com uma vara, batendo-a, quando necessário, nas árvores e galhos; o ruído espantará os animais e a própria vara poderá servir como defesa;
• Antes de sentar ou deitar, verifique o local com a vara ou com os pés;
• Evite sentar sobre toras ou árvores caídas, sem antes examinar à sua volta, pois são locais preferidos, pelo frescor e sombra, para abrigos de serpentes;
• Ao vestir-se, verifique se não há animais peçonhentos que tenham vindo buscar abrigo nas peças de roupa, bastando sacudi-las;
• Examine os coturnos antes de calçá-los, virando-os e batendo na sola, pois são locais preferidos para abrigo de aranhas e escorpiões;
• Tenha cuidado ao mexer em folhas de palmeira (surucucu-de-patioba), montes de folhas ou palhas (aranhas e serpentes) e paus ou tábuas empilhadas (escorpiões).
Sinalização
Realizar uma sinalização adequada à situação ou à ocasião é o primeiro passo para que um indivíduo ou grupo possa ser encontrado por uma equipe de resgate.
Poderão se utilizados processos de sinalização visual e acústica.
 
Os processos de sinalização acústicos mais eficazes incluem apitos e tiros. Dois tiros é o convencional estabelecido por caçadores e militares da Amazônia.
Caso o indivíduo não possua esses recursos poderá utilizar as técnicas visuais de sinalização, onde os recursos naturais disponíveis poderão ser aplicados:
Fumaça
Esse recurso deverá ser aplicado durante o dia, e preferencialmente em uma clareira. Se disponível, utilize materiais como óleo, borracha, estopa embebida em óleo, para que a fumaça seja preta, pois a fumaça branca poderá ser confundida com névoa.
Espelhos
Na falta de outros meios, poderá ser utilizado qualquer objeto que possua superfície polida (tampas de lata, pedaços da aeronave), que produzam reflexos contra o sol. Serão usados dirigindo-se esses reflexos na direção de onde vem o ruído de motores, mesmo que não se aviste a aeronave e mesmo em dias nublados.
A selva fornecerá o material necessário para a sinalização com base no código de sinais (veja tabela). É aconselhável que uma cópia desse código, em um pequeno cartão, acompanhe sempre aqueles que, por qualquer motivo, correm o risco de se encontrar em uma situação difícil na selva.
Abrigos são construções preparadas para a proteção do indivíduo contra as intempéries e os animais selvagens. Existem vários tipos de construção, entretanto a mais simples é a chamada de Tapiri.
Os essenciais
Água:
A obtenção de água é uma das primeiras condições para a sobrevivência de um indivíduo no meio da selva. O ser humano pode resistir vários dias sem alimento, estando, entretanto, com menores possibilidades de sobreviver se lhe falta a água. Essa resistência estará condicionada à capacidade orgânica e às condições físicas do indivíduo, as quais, na selva, estarão sempre aquém das possibilidades normais deste mesmo indivíduo.
Fontes de água:
• Rios, igarapés e olhos d’água, devendo a água ser recolhida do fundo, evitando desmoronar as margens ou revolver os leitos. Quando necessário, serão demarcados locais para banho, cozinha e colheita de água potável. Sempre que possível deve ser purificada, pois, normalmente,contém impurezas, tais como: coliformes fecais humanos ou de animais, resíduos de material orgânico em decomposição, entre outros.
• Lagos, igapós, pântanos e charcos, devendo seu uso ser feito após a purificação. Outro recurso, de fácil prática, é colhê-la de um buraco cavado a uma distância de 5 metros da fonte de água.
• Poderão ser colhidas diretamente em recipientes, em buracos. Na falta de outro material, as próprias roupas, depois que forem limpas, poderão ser expostas à chuva e, uma vez encharcadas e torcidas, a água resultante deverá ser purificada pela fervura.
Fogo:
Embora não seja tão importante quanto a água,
o fogo também é uma necessidade para prolongar a sobrevivência, pois através dele se conseguirá: purificar a água, aquecer o corpo, sinalizar etc.
Alimentos:
Diversos são os vegetais que poderão ser consumidos na selva, entretanto devemos lembrar que poucos serão venenosos. É difícil identificar um vegetal venenoso, entretanto seguindo a regra adiante, utilizar qualquer vegetal, fruto ou tubérculo, sem perigo de intoxicação ou mesmo envenenamento:
Não devem ser consumidos os vegetais que forem cabeludos e tenham sabor amargo e seiva leitosa. Lembre-se que qualquer fruto comido pelos animais poderá também ser consumido pelo homem. Além dos vegetais o indivíduo poderá se alimentar da caça de peixes e aves, sendo que este método é mais difícil, pois exige técnicas específicas para sua obtenção e preparo. Nesse caso, o preparo da pesca é o mais fácil, pois a sua limpeza poderá ser feita como em casa, apenas com a retirada das escamas e vísceras.
Devemos lembrar que, as orientações demostradas aqui são básicas, com o mínimo de conhecimento necessário para que um indivíduo possa sobreviver em uma situação adversa, como na selva.
Para conhecer mais sobre o assunto acesse o Manual de Sobrevivência do Exército, que poderá ser encontrado disponível na internet para download.

Outros materiais