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APOSTILA DO CURSO DE COMISSÁRIOS DE VOO PRIMEIROS SOCORROS 2 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Primeiros Socorros Conceito Primeiros Socorros são os cuidados prestados inicialmente às vítimas de acidente ou mal súbito, no local em que ocorreram ou se manifestaram e, normalmente, por pessoa leiga, antes da chegada de profissional da área médica. Uma das principais atribuições dos socorristas é com relação a sua própria segurança, em especial em termos de biossegurança, uma vez que durante um atendimento, ele pode entrar em contato com indivíduos portadores de doenças transmissíveis ou infectocontagiosas. As autoridades sanitárias internacionais recomendam o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) que consiste em luvas de látex ou vinil, proteção para olhos, face e máscara para insuflação. Responsabilidade do Comissário de Bordo O comissário de bordo é um socorrista por força da atividade que exerce. Seja durante emergência médica a bordo ou como parte das ações imediatas e simultâneas após um acidente aeronáutico, é esperado que o comissário de bordo aplique os procedimentos de primeiros socorros necessários a todos os envolvidos: passageiros ou outros tripulantes. Portanto, a legislação prevê não só o treinamento de habilitação nas técnicas de primeiros socorros, que ocorre durante o curso preparatório para obtenção do Certificado de Conhecimentos Teóricos, mas também o treinamento de revisão e atualização de tais técnicas de primeiros socorros. Alínea f do Art. 6° da Lei n° 7.183/84 “COMISSÁRIO: é o auxiliar do comandante, encarregado do cumprimento das normas relativas à segurança e atendimento dos passageiros a bordo e da guarda de bagagens, documentos, valores e malas postais que lhe tenham sido confiados pelo comandante. ” RBAC 121:121.417 (B) (2) (ii) e (3) (iv) “121.417 – TREINAMENTO DE EMERGÊNCIA PARA TRIPULANTES (b) O treinamento de emergência deve proporcionar o seguinte: 3 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 (2) Instrução individual sobre localização, função e operação de equipamento de emergência, incluindo: (ii) equipamentos de primeiros socorros e sua apropriada utilização; (3) Instruções e procedimentos para lidar com situações anormais ou de emergência incluindo: (iv) enfermidades, contusões, ferimentos e outras situações envolvendo passageiros ou tripulantes, incluindo familiarização com o conjunto de emergências médicas; “ Se um passageiro ou membro da tripulação ficar doente ou se ferir, espera-se que o comissário de bordo, dentro das condições existentes: • Reconheça a situação de emergência; • Colha as informações relevantes para cada caso; • Acione os recursos necessários de apoio; • Assuma o acompanhamento da vítima, permanecendo disponível mesmo diante da presença de profissional médico. • Localize um médico qualificado, oferecendo os equipamentos disponíveis a bordo; • Na medida do possível, tente conseguir privacidade (afastando os curiosos) enquanto a ajuda médica ou você estiver atuando; • Mantenha o Comandante e o Chefe de Equipe/cabine informados de tudo a todo o momento, para que com os dados fornecidos o Comandante possa optar ou não pelo pouso; • Preencha os formulários adequados. Principais Recursos a Bordo Médico Voluntário O médico deverá apresentar sua identificação e o comissário ficará auxiliando o atendimento o tempo que for necessário. Equipe treinada Conjunto de Primeiros Socorros Cada empresa tem kits diferentes, de acordo com as exigências das autoridades responsáveis do país. Apêndice A - Conjunto de primeiros socorros- RBAC (a) Os conjuntos de primeiros socorros aprovados, requeridos por 121.309(d)(1), devem atender às seguintes especificações e requisitos: (1) Cada conjunto deve ser acondicionado em um estojo à prova de umidade e poeira e deve conter o material constante na tabela do parágrafo (a) (4) deste apêndice, observado, sempre que aplicável, os prazos de validade dos mesmos. Os conjuntos de primeiros socorros devem ser distribuídos tão regularmente quanto possível ao longo do avião e devem ser prontamente acessíveis aos comissários de bordo. 4 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 (2) O número mínimo de conjuntos de primeiros socorros requeridos é o seguinte: Número de assentos para passageiros X Número de conjuntos de primeiros socorros (3) Cada conjunto de primeiros socorros deve conter, o material constante da seguinte tabela ou substitutos que satisfaçam às funções listadas: — swabs ou algodões antissépticos (pacote com 10); — atadura simples ou adesiva: 7.5 cm × 4.5 m (ou tamanho aproximado); — atadura triangular e alfinetes de segurança (tipo "de fraldas"); — compressa para queimaduras: 10 cm × 10 cm (ou tamanho aproximado); — compressa estéril: 7.5 cm × 12 cm (ou tamanho aproximado); — gaze estéril: 10.4 cm × 10.4 cm (ou tamanho aproximado); — fita adesiva: 2,5 cm (rolo); — fita adesiva, cirúrgica: 1.2 cm × 4.6 m; — fitas (curativos) adesivas estéreis (ou equivalente); — toalhas pequenas ou lenços umedecidos com substâncias antissépticas; — protetor (tampão), ou fita adesiva, ocular; — tesoura (de ponta redonda): 10 cm; — pinças; — luvas descartáveis (múltiplos pares); — termômetro (não-mercurial); — máscara de ressuscitação boca-a-boca com válvula unidirecional; — ressuscitador/reanimador (AMBU) em silicone; — manual de primeiros socorros, versão atualizada; — formulário de registro de eventos mórbidos a bordo. (i) As medicações sugeridas a seguir podem ser incluídas nos kits de primeiros socorros quando permitido pelos regulamentos nacionais: — analgésicos de ação leve a moderada; — antieméticos; — descongestionante nasal; — antiácido; — anti-histamínico. 5 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Desfibrilador externo automático Algumas empresas utilizam, apesar de não ser um item obrigatório. Oxigênio Terapêutico Os cilindros de oxigênio terapêutico estão instalados na cabine de passageiros para suprir oxigênio para o uso em primeiros socorros. Os cilindros portáteis têm capacidade de 311 litros. Quando carregados na sua capacidade normal indicarão em seus manômetros 1800 psi a 21ºC. Será sempre utilizada a saída de 4 litros/min. para adultos e crianças. Ministrando o Oxigênio Terapêutico • Utilize a alça ao carregar e administrar o oxigênio; • Conecte firmemente o encaixe da mangueira na saída high (vermelha); • Ouça um "click" que indica que a máscara está plugada corretamente; • Não permita que o cilindro permaneça com o passageiro sem a presença de um comissário; • Coloque a máscara na vítima, umidificando seu rosto a cada 10 minutos; Informe ao comandante e ao chefe de equipe/cabine; • Monitore a pressão do cilindro. 6 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 ADULTOS E CRIANÇAS Com insuficiência respiratória / infarto e angina / epilepsia 4 Litros/Min Com mangueira e máscara conectada ao cilindro BEBES Em qualquer caso 4 Litros/Min Com mangueira conectada ao cilindro mas sem máscara. Oxigênio umidificado. Proteja com panos e peça para o responsável segurar o bebê. Cheque pré-voo: o ponteiro do manômetro deve marcar no mínimo 1500 psi. Obs.: Existe a bordo um outro equipamento de oxigênio portátil (CAF/Capuz Anti Fumaça), porém ele dever ser utilizadoativamente do processo de hemostasia, mas existem no sangue vários fatores que contribuem para sua coagulação, como a tromboplastina e o fibrinogênio. As técnicas hemostásicas a serem consideradas são as seguintes: • Compressão local do foco hemorrágico ou bandagem constritiva (compressiva) - É um método bastante eficiente para controlar hemorragia. Consiste na compressão direta da lesão e pode ser feita com a própria mão, ou usando gaze, panos, lenços ou outros materiais, preferencialmente limpos; • Elevação do membro atingido - Visa diminuir o fluxo sanguíneo naquela área com o auxílio da gravidade. 38 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Pontos de pressão - São pontos através dos quais passam artérias que levam o sangue para os membros e que, quando comprimidos, fazem diminuir ou cessar o sangramento. Os principais pontos de pressão são: Braquial, localizado nos braços; Femoral, localizado na virilha; Obs. Torniquete: seu uso só é justificado em última instância, em casos de amputação traumática e esmagamento de membros. É preciso tomar cuidado com a perfusão sanguínea, por isso é essencial que a cada 15 minutos o torniquete seja afrouxado. Hemorragia Interna Deve-se suspeitar de hemorragia interna se a vítima apresentar palidez cutânea, mucosas descoradas, sudorese, hipotermia, hipotensão, bradipnéia, pulso irregular (fino e rápido), sede, tonturas e dor abdominal. Não há muito a ser feito nesta situação. A vítima deve ser mantida deitada, com a cabeça lateralizada e vestes afrouxadas. Seus sinais vitais devem ser monitorados a todo instante e um médico deve ser procurado com urgência, para removê-la o quanto antes até um hospital, onde suas chances de vida aumentarão significativamente. Sangramento Nasal (Epistaxe) Sangramentos no nariz podem resultar de trauma ou pressão sanguínea elevada. A bordo das aeronaves devido ao ar seco da cabine, principalmente nos voos de longa duração, pode ocorrer a epistaxe devido a fragilidade capilar nasal. A maioria dos sangramentos do nariz pode ser controlada facilmente, a menos que a vítima esteja em choque. Procedimentos: • Sente a pessoa com a cabeça ligeiramente inclinada para frente (para não bronco aspirar); • Pince as narinas da vítima, pelo menos por 5 minutos; • Não deixe a vítima assuar o nariz; • Se o sangramento persistir ou for profuso, o caso pode ser grave e necessita da presença de um médico. Traumatismos O traumatismo (do grego trauma: "ferida") é uma lesão ou ferida mais ou menos extensa, produzida por ação violenta, de natureza física ou química, externa ao organismo. O termo "traumatismo" refere-se às consequências locais e gerais do trauma para a estrutura e o funcionamento do organismo. Neste sentido, "traumatismo" seria mais propriamente a https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega https://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo 39 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 consequência de um trauma. Porém, normalmente, "traumatismo" é utilizado como sinônimo de trauma físico. Politraumatizado é o paciente que tem múltiplos traumas. Traumatismos Abertos No aberto existe solução de continuidade da pele; os traumatismos abertos são subdivididos em penetrantes e não penetrantes na cavidade abdominal. Os ferimentos abdominais abertos são usualmente causados por armas de fogo ou por armas brancas. Traumatismos da Coluna Características: A coluna vertebral é formada por trinta e três vértebras superpostas. Entre elas há um canal para a passagem da medula espinhal que liga o encéfalo ao resto do corpo e vice-versa. O encéfalo e a medula espinhal constituem o sistema nervoso central, responsável pela recepção e transmissão dos estímulos (aferidos e comandados). Ele coordena todas as atividades do corpo, os fenômenos das sensações, ideias, consciência e adapta o organismo às condições do momento. A ligação do encéfalo ao resto do corpo se faz por meio dos nervos aferentes (localizados no corpo e que transmitem as sensações) e eferentes (responsáveis pelas respostas motoras ou movimentos comandados), que são ligados a medula espinhal. As lesões de coluna são consideradas potencialmente graves e de alta morbidade. Podem resultar de traumatismo direto ou indireto. Qualquer movimento descuidado ou inadequado pode seccionar a medula espinhal, levando a vítima à paralisia e perda da sensibilidade parcial ou total. Deve-se assumir que há lesão de coluna sempre que houver: • Queda; • Atropelamento; • Colisão; • Acidente de mergulho; • Acidentes por projétil de arma de fogo que atingem pescoço, tórax e abdome; • Vítima inconsciente sem história conhecida. Sinais e Sintomas: Uma lesão de coluna ou de medula pode ser de difícil detecção por sinais ou sintomas. Porém, existem alguns sinais e sintomas que são fortes indicadores de lesão: • Paralisia e parestesia (formigamento); • Mudança de padrão respiratório, • Priapismo (ereção dolorosa e persistente, sem desejo sexual); • Perda de controle de esfíncteres (pode levar a micção e defecção sem controle); • Choque. 40 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Os sintomas podem indicar a localização da lesão. Quanto mais alta, maior a gravidade, pois pode ter atingido os músculos envolvidos na respiração e colocar a vítima em risco de vida eminente. Se a vítima estiver consciente, é necessário examiná-la com cuidado, fazendo perguntas sobre os sintomas, observando a reação da vítima aos estímulos táteis através de testes de sua força muscular, capacidade motora e sensibilidade. Se estiver inconsciente, assuma que existe lesão. Imobilize cabeça, tórax e pélvis num tempo não superior a 10 minutos. Se for vítima de acidente com veículo a motor, é preciso mais rapidez. Procedimentos: Consiste em acalmar a vítima, aplicar colar cervical (caso haja disponível), imobilizar a vítima (em prancha longa, se possível), monitorar sinais vitais, administrar oxigênio, evitar perda de calor corporal e não retardar o transporte até um centro de suporte avançado. Traumatismos Torácicos Fratura de Costela São indicadas por trauma no local, com presença de escoriações, ferimento, edemas, hematomas, dor que aumenta com os movimentos respiratórios e dispneia. O tratamento consiste em administrar analgésico, realizar enfaixamento torácico e aplicar gelo. Em caso de dispneia, não deverá ser feito o enfaixamento torácico. Nesta situação, basta administrar oxigênio com a vítima na posição sentada e em repouso. Lesão Pulmonar Entre seus sinais e sintomas estão: dor aguda (tipo pontadas) que aumenta com o movimento respiratório, hemoptise (tosse com sangue) e dificuldade respiratória. As lesões pulmonares abertas geralmente apresentam uma característica importante que é o sangramento com bolhas (espumoso). O tratamento envolve curativo de 3 pontos (um dos lados do curativo fica solto para deixar que o ar e sangue possam sair), analgésico, oxigenoterapia (com a vítima sentada) e repouso. Pode haver complicações do tipo: • Pneumotórax: ar na cavidade pleural, cujo principal sintoma é a dor local e dispneia e; • Hemotórax: sangue na cavidade pleural, cuja sintomatologia, frequentemente, compreende dispneia e dor. 41 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Traumatismo Crânio-encefálico É certamente um dos casos mais graves, muitas vezes com consequências fatais. Muito pouco pode ser feito em termos de primeiros socorros, porém alguns cuidados devem ser tomados para evitar que a situação se agrave ainda mais. Pode ser dividido em dois grupos: • Superficiais: Atingem o couro cabeludo e caracterizam-se porsangramento intenso, devendo- se fazer curativo compressivo ou enfaixamento com atadura de crepe. • Profundos: Podem ter fratura craniana (ósseas) e /ou lesão cerebral (encefálicas), onde não deve ser feita compressão no local, mas um curativo com delicada compressão. São os denominados traumatismos crânio encefálicos - TCE Sinais e Sintomas: Toda vítima suspeita deste tipo de lesão deve ser vigiada para observação da presença dos seguintes sinais e sintomas: • Dor de cabeça; • Vômitos em jato; • Hemorragia no nariz, na boca ou no ouvido; • Convulsão; • Desorientação; • Inconsciência; • Paralisia dos braços e pernas; • Respiração lenta e profunda; • Alteração ocular - desvio ou assimetria ocular e pupilas anisocóricas (diferentes); • Sinal de guaxinim (equimose que escurece a região dos olhos) e sinal de "battle" (equimose que escurece a região atrás das orelhas), depois de decorrido algumas horas do episódio. Procedimentos: • Afrouxar vestes; • Manter as vias áreas, nariz, boca e garganta desobstruídas; • Não conter ou obstruir a saída do sangue que escorre pelo nariz ou ouvido; • Observar cuidados com a coluna cervical imobilizando o pescoço da vítima com protetores laterais. Traumatismos Oculares Tem como principal ocorrência acidentes com a presença de corpo estranho na conjuntiva. Procedimentos: • Não permita que a pessoa esfregue ou aperte o olho; • Não tente retirar lentes de contato; 42 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Se houver corpo estranho (cisco), lavar delicadamente para tentar remover; • Se a irrigação não resolveu, cubra ambos os olhos com pano limpo, fazendo um curativo frouxo; • No caso de acidentes com substâncias químicas, lave bem com água e depois cubra com curativo oclusivo (frouxo); • No caso de presença de corpo estranho, não remover, fazer um curativo oclusivo e providenciar socorro médico. Traumatismos Nasais Lesões nasais que não apresentem sangramento, não requerem tratamento imediato, podendo aguardar avaliação médica e tratamento específico. O mesmo é verdadeiro para acidentes com corpo estranho onde, geralmente, a vítima respira pela boca. O ideal é não tentar fazer a remoção para não agravar a situação, empurrando o corpo estranho para vias ainda mais profundas. O que pode ser feito na tentativa de expulsar o corpo estranho é assoar o nariz com delicadeza, comprimindo a narina não envolvida. Nas lesões com sangramento, utilizar os procedimentos já descritos no capítulo anterior. Traumatismos Bucais Uma simples observação na cavidade oral é suficiente para detectar possíveis lesões. É importante checar a integridade da mucosa, bem como a boa oclusão dentária. A maioria dos sangramentos orais tende a coagulação espontânea, não requerendo cuidados especiais. O maior cuidado deve ser a limpeza oral, desobstruindo as vias aéreas superiores, para evitar possível asfixia em vítimas que se encontrem inconsciente. Traumatismos Abdominais - Evisceração Trata-se de uma região muito susceptível a traumatismos por não possuir proteção óssea, tornando-a vulnerável a complicações por acometimento de órgãos internos (vísceras). Podem ser superficiais, quando só atingem a pele, o tecido subcutâneo e o tecido muscular; ou profundas, quando lesam o peritônio e/ou vísceras, podendo determinar evisceração (saída das vísceras pelo orifício do trauma). Procedimentos: • Manter a vítima em jejum absoluto (inclusive de líquidos); • Em caso de evisceração, não tocar as vísceras e nunca tentar recolocá-las na cavidade; • Cobrir com compressas preferencialmente esterilizadas e umedecidas. Na presença de qualquer corpo estranho, não tentar removê-lo. Objetos Empalados e Transfixados Quando um objeto é introduzido no corpo (como uma faca no abdômen) e não atravessa, é chamado de empalado. Quando entra por um lado e sai pela outra extremidade, chamamos de transfixante. 43 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Procedimentos: Em ambos os casos, não retirar o objeto, movê-lo o mínimo possível, e tentar imobilizá-lo junto à parte do corpo atingida, utilizando uma bandagem (que também estará protegendo o ferimento e colaborando para uma hemostasia). Enquanto que no fechado, também denominado contusão abdominal, a pele está íntegra, sendo que os efeitos do agente agressor são transmitidos às vísceras através da parede abdominal, ou se dão por contragolpe ou desaceleração. Ferimentos Leves Normalmente atinge camadas superficiais dos tecidos. Procedimentos: • Limpe o ferimento com água e sabão; • Aplique antisséptico (questionar se a pessoa é alérgica); • Proteja com gaze esterilizada e limpa. Traumatismos Fechados São alterações sofridas pelo organismo, também denominada de contusão abdominal. A pele está íntegra, sendo que os efeitos do agente agressor são transmitidos às vísceras através da parede abdominal, ou se dão por contragolpe ou desaceleração. Contusões Lesão causada por algum impacto com acometimento do tecido cutâneo, muscular ou até mesmo de órgãos internos, sem, no entanto, romper a pele. Só há atrito entre os tecidos. Procedimentos: • Gelo no local (devido à sua ação anestésica, analgésica e vasoconstritora); • Analgésico, enfaixamento compressivo e repouso. Entorses Traumatismos que lesam as articulações, originados devido a um movimento abrupto que exceda a elasticidade da articulação ou por impacto, podendo determinar rompimento nos ligamentos. Normalmente ocorre em grandes articulações como ombros, cotovelos e tornozelos. Procedimentos: • Gelo, analgésico, imobilização e repouso. 44 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Luxações Traumatismos que lesam as articulações determinando perda de contato entre as superfícies ósseas, ocorrendo lesão dos ligamentos e/ou cápsula articular. Procedimentos: • Gelo no local, analgésico, imobilização e repouso. Nunca tentar recolocar a articulação no local. Fraturas Traumatismos determinados por lesão óssea. Podem ser fechadas quando não ocorre lesão cutânea, ou abertas, quando o osso se expõe através da pele. As causas mais comuns envolvem acidentes de grande impacto (aviões, carros e motos). A porção próxima ao local lesado, onde se observa deformidade, tecido arroxeado e com edema, é o foco da fratura. Procedimentos: • Imobilização, repouso, podendo ser empregado gelo e administração de analgésico. Técnicas de Imobilização Em caso de dúvida de fratura, entorse ou luxação, a região sempre deverá ser imobilizada, pois evita o atrito entre os fragmentos ósseos e complicações, como ruptura de vasos sanguíneos ou nervos. Para a imobilização, devem ser utilizadas talas rígidas e acolchoadas, deixando as extremidades visíveis para avaliação da condição circulatória do membro e evitando comprimir o foco da fratura. Nas fraturas não articulares, a imobilização deve abranger uma articulação acima e outra abaixo da lesão. 45 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Triagem de Vítimas A palavra triagem vem do francês e tem como significado selecionar, escolher, separar. No caso específico, quem se deve atender primeiro, por exemplo, em um acidente com grande número de vítimas, sem transporte imediato, nem quantidade de socorristas suficiente. Existem diferentes modalidades de triagem no mundo. É um momento extremamente complicado para aqueles que a realizam e exige equilíbrio e autocontrole. Precisamos ter em mente que o importante é a quantidade de vidas salvas. Para tanto, é importante contar com a ajuda de todos que tenham condições (tripulantes e passageiros, que podem ser instruídos). Após a avaliação do cenário (que determinaráa segurança do atendimento) devemos dar prioridade a: • 1º - Vítimas inconscientes com grandes hemorragias, devendo-se conter a hemorragia imediatamente. • 2º - Vítimas conscientes com hemorragia, devendo-se conter a hemorragia imediatamente. Transporte de Acidentados O transporte de feridos é de suma importância. Muitas vezes a vítima vê seu mal agravado com o transporte. Um fraturado de coluna, por exemplo, pode ter tido apenas lesado a parte óssea e com o transporte lesionar a medula, ocasionando paralisias que jamais desaparecerão. Outro exemplo é o transporte de feridos inconscientes, onde a queda da língua pode obstruir a passagem de ar para os pulmões, podendo causar asfixia. Por esses motivos, é preciso transportar um ferido com consciência sabendo dos riscos que podem suceder à vítima durante a remoção. O socorrista só deve providenciar a remoção da vítima depois que ela for atendida. Nunca remover um fraturado ou luxado de articulação sem antes fazer uma imobilização provisória, a não ser que a situação seja de risco eminente. O mesmo vale para uma pessoa com hemorragia, que só deverá ser transportada depois de realizada a hemostasia provisória. No transporte de uma vítima temos que considerar se ela está consciente ou não. Facilitará a tarefa do socorrista se o paciente se encontrar lúcido. Quando consciente devemos tomar medidas cautelosas, como manter a ventilação, limpar vômitos, secreções etc. Nada melhor para transportar um ferido do que uma padiola ou maca. Muitas vezes, é preferível aguardar a remoção do acidentado até que se tenha obtido tal auxílio. A padiola não só facilita o transporte, como proporciona segurança e conforto à vítima. Muitos tipos de material podem servir para a construção de uma padiola: duas varas de madeira e um lençol, uma colcha, um cobertor, saia, paletó, ou um pedaço de lona servem para confeccioná-la. Uma porta ou dois pedaços de tábuas largas e ligadas entre si servem também. 46 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Não havendo condições para transportar o paciente utilizando-se uma padiola, o socorrista deverá transportar a vítima utilizando algumas técnicas. • Transportes com um Socorrista Bombeiro Em braços Apoio Nas costas • Transportes com dois socorristas Cadeirinha Extremidades Rede 47 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Maca ou padiola Transporte de Traumatizados dependendo da localização e tipo de trauma sofrido: • Traumatismo crânio encefálico: Se consciente, deve ser transportado sentado; se inconsciente, em decúbito ventral; • Traumatismo torácico: Se consciente, deve ser transportado sentado; se inconsciente, lateralizado; • Traumatismo abdominal: O transporte deve ser realizado em decúbito dorsal; • Traumatismos da coluna: O transporte deve ser realizado em decúbito dorsal, sempre em maca rígida, colocando dois suportes laterais para impedir os movimentos da cabeça, que nunca deve ser fletida. Primeiros socorros pós catástrofe De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), catástrofe é um fenômeno ecológico súbito de magnitude suficiente para necessitar de ajuda externa. Define-se a expressão “múltiplas vítimas‟ como uma situação em que há um desequilíbrio entre os recursos disponíveis e as necessidades. De acordo com Morton e Fontaine (2011, p.213), na ocorrência de um desastre, o papel da enfermagem nos cuidados críticos é fundamental. Ressalta a dependência deste em relação ao impacto do desastre sobre as estruturas das instituições, o meio ambiente e o número de profissionais disponíveis. 48 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Referências • Currents / Vol 16,n 4, Highlights of the 2005 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. • Air FlyingHandbook / 2004 -US Department of Transportation Federal Aviation Administration; • Apostila do Curso de Primeiros Socorros da Escola de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Eistein / 2000; • Instrument Flying Handbook / 2001 - US Department of Transportation Federal Aviation Administration; • Livro Noções de Primeiros Socorros / 1978 - Dr. Orlando José Alves Edição da Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes / RJ; • Medicina de Aviação / 1992 - Lenira Tabosa Pessoa - Ed. Cristina Publicidade Aérea / Itamaracá, PE; • Primeiros Socorros / 2001 - National Safety Council -Ed. Jones and Barlett Publishers, Inc / Traduzido e distribuído por Editora Randal Fonseca Ltda / SP; • Suporte Básico de Vida para Provedores de Saúde / 2005 - Stapleton, Aufderheide, Hazinski, Cummins - Ed. American Heart Association / Distribuído no Brasil por Medline / RJ; • Tratado de Fisiologia Médica / 2001 - Guyton -Ed. Guanabara/RJ; • www.fiocruz.br • www.cami.jccbi.gov 49 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Apêndice A - Conjunto de primeiros socorros- RBAC Número de assentos para passageiros X Número de conjuntos de primeiros socorrosnos casos de emergência que exponha a tripulação a fumaça ou gases tóxicos, protegendo as vias aéreas e a visão. Estudaremos este equipamento no módulo de emergências a bordo. Reconhecendo a Emergência Em uma situação de primeiros socorros a rapidez na assistência é muito importante, pois quanto menor for o tempo de atendimento à vítima, maior será sua chance de sobrevivência. É importante também saber qual o tipo de emergência que se tem, para que os procedimentos necessários possam ser aplicados. Para isso, utilizaremos o chamado Suporte Básico de Vida, que é o conjunto de manobras que visam manter as funções vitais durante uma emergência de ameaça à vida. Por se tratar de procedimentos reconhecidos como diretrizes internacionais de entidades que regem os primeiros socorros (como American Heart Association-AHA), é comum se referir ao termo em inglês Basic Life Support (BLS). 7 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Suporte Básico de Vida Conjunto de manobras que visam manter as funções vitais durante uma emergência de ameaça à vida. Consiste no reconhecimento e na correção imediata da falência dos sistemas respiratório e/ou cardiovascular. As técnicas de SUPORTE BÁSICO DE VIDA são: • Desobstrução de vias aéreas; • Ressuscitação cardiopulmonar (RCP); • Uso do desfibrilador (DEA) externo automático combinado com a RCP (quando aplicável). Internacionalmente, é reconhecida uma linguagem que exprime todo o conteúdo didático treinado em suporte básico de vida. Trata-se do mnemônico CAB. Obs.: Nos locais em que se dispõe de DEA pode ser incluído D. • C (circulation); • A (airways); • B (breathing); Para facilitar o entendimento do socorrista e obtendo assim um melhor resultado, a AHA criou uma representação gráfica chamada de corrente da sobrevivência que expressa a força de cada elo no sistema e o necessário encadeamento lógico de ações. Essa corrente se aplica às emergências médicas em solo, mas, com pequenas adaptações, pode ser utilizada também na situação particular do voo. Corrente da Sobrevivência Acesso Rápido (Reconhecimento e acionamento do serviço de emergência) Compreende o momento em que se percebe que uma emergência está ocorrendo e todas as ações que acontecerão a partir daí. É quando o socorrista deve determinar se a vítima está de fato consciente ou inconsciente (avaliar nível de consciência/responsividade). Para tanto, ele deve sacudir a vítima gentilmente pelos ombros e perguntar-lhe alguma coisa, como por exemplo, se ela está bem. Se não houver resposta por parte da vítima, determinando inconsciência de fato, o próximo passo é chamar ajuda, ou seja, ativar o sistema médico de emergência o quanto antes, pois a situação pode ser grave. Acesso Rápido RCP Rápida Desfibrilação Rápido Cuidados Avançados Rápidos 8 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Portanto, é fundamental saber o número do sistema médico de emergência da localidade em que se estiver. Ao ligar, é importante dar o máximo de informações, o que permite à equipe fazer a análise da situação (dentre outros motivos), dizer a natureza da emergência (ou seja, se a vítima sofreu um acidente ou mal súbito) e avisar se há desfibrilador (equipamento cuja finalidade será vista posteriormente) disponível no local. Não desligar até que o atendente autorize. A bordo, chamar ajuda consiste em fazer a comunicação aos demais membros da tripulação, inclusive ao comandante. Assim todas as ações cabíveis serão tomadas pelos tripulantes. RCP Rápida (RCP imediata de alta qualidade) Após chamar ajuda, o próximo passo é realizar uma análise primária dos sinais vitais da vítima (respiração e circulação) e aplicar RCP se necessário. As técnicas para avaliação primária e RCP serão vistas posteriormente. Tão logo se perceba a ausência de respiração e sinais de circulação, a RCP deve ser iniciada. Quanto antes se puder prover oxigênio a uma vítima em parada cardiorrespiratória, maiores as chances de sobrevida da mesma. Se a RCP for iniciada até 4 minutos após a parada, as chances de a vítima sobreviver são grandes. Se a RCP for iniciada entre 4 e 6 minutos após a parada, há chance da vítima sobreviver, porém talvez com sequelas. Desfibrilação Rápida Na maioria dos casos, é muito difícil conseguir ressuscitar alguém apenas com a RCP, pois a parada cardíaca, em especial em adultos, acontece por conta de uma arritmia no coração chamada fibrilação ventricular, que só pode ser revertida através do equipamento chamado desfibrilador. O coração tem como principal função bombear sangue oxigenado para todo o corpo, algo que ele realiza através das contrações, comandadas pelo nosso marca passo chamado nó sino-atrial. O sistema circulatório é responsável por distribuir o sangue por todos os tecidos. Por diversas causas (traumas ou enfermidades), pode haver a perda desse comando, gerando impulsos elétricos desordenados e a consequente ineficácia da função circulatória (podendo levar à morte, caso não seja revertido). Portanto, logo após a avaliação primária da vítima, se constatado que ela não possui respiração e sinais de circulação e houver um desfibrilador no local, o mesmo deve ser aplicado, pois em caso de fibrilação ventricular, o desfibrilador será capaz de aplicar choque (s) na vítima, aumentando suas chances de sobrevivência, fazendo com que seu coração retorne às atividades normais. Serviços médicos básicos e avançados de emergência Termina a corrente da sobrevivência, marcando a fase em que o socorrista passa a vítima para as mãos de profissionais da saúde com formação, como enfermeiros e médicos que em seguida realizarão o transporte para um pronto socorro. 9 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Suporte avançado de vida e cuidados pós PCR Nesse elo o paciente é finalmente transferido para uma unidade de cuidados intensivos, onde se atuação do socorrista nos demais elos vistos anteriormente dará continuidade ao tratamento. No entanto, para o sucesso neste elo, de muito depende a Técnicas de RCP (Ressuscitação Cárdio Pulmonar) A aplicação da RCP está vinculada à avaliação primária que o socorrista deve realizar que consiste no CAB, onde: • C, do inglês Circulation, ou seja, verificar a presença de sinais de circulação (RESPIRAÇÃO, tosse e movimento); • A, do inglês Airway, ou seja, abrir vias aéreas superiores; • B, do inglês Breathing, realizar a respiração/ventilação. INSERINDO A AVALIAÇÃO PRIMÁRIA NA SEQUÊNCIA DA RCP, O SOCORRISTA DEVE: 1. Checar responsividade da vítima; 2. Se a vítima não responder chamar ajuda; 3. Se a vítima NÃO apresentar sinais de circulação (tosse, respiração e movimento), assumir que a vítima está em parada cardiorrespiratória. O socorrista deve iniciar as compressões torácicas. Deve-se realizar 30 compressões: 192 10 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 C 4. Antes de realizar as insuflações ou ventilações devem-se abrir as vias aéreas da vítima, utilizando uma das mãos na testa e a outra no queixo dela, de modo a hiperextender seu pescoço, permitindo a desobstrução da traqueia por parte da língua e facilitando a passagem de ar; A Atenção: A maior causa de obstrução de vias aéreas em vítimas inconsciente é o relaxamento da língua. 5. Prover 2 ventilações ou insuflações/Respirações. B • Em adultos, crianças e bebês devem ser aplicadas 30 compressões por 2 ventilações (1 ciclo), de acordo com as novas diretrizes das entidades reguladoras (por exemplo, a American Heart Association). O ritmo recomendado é de 5 ciclosa cada 2 minutos (100 a 120 batimentos por min.). 11 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 O socorrista deve deixar o tórax retornar à posição normal após cada compressão, pois durante o retorno da parede torácica o sangue preenche novamente o coração, tornando a técnica eficiente. • Em adultos (8 anos em diante/início da puberdade), o socorrista deve ajoelhar-se ao lado da vítima (nível dos ombros da mesma), com os joelhos afastados para dar estabilidade. Coloque a parte hipotênar da mão (calcanhar da mão) no centro do peito (esterno) tendo como referência a linha mamilar, utilizando a outra mão sobreposta para realizar as compressões, depreciando pelo menos 5 cm. • Em crianças (de 1 a 8 anos) deve-se utilizar apenas uma das mãos, dependendo do tamanho da criança, depreciando o tórax cerca de 5 cm. • Em bebês (de 0 a 1 ano), utilizar apenas dois dedos logo abaixo da linha mamilar. A profundidade de compressão é considerada como um terço à metade da profundidade do tórax de 4 cm. Nas insuflações, utilizar apenas o ar das "bochechas" e se usar sua boca coloque-a sobre a boca e o nariz do bebê, caso não haja máscara. Ao abrir as vias aéreas de um bebê inconsciente, basta fazer uma pequena extensão do pescoço. Se a vítima recuperar os sinais de circulação (tosse-respiração e movimento), monitore-a continuamente e coloque-a na posição de recuperação com oxigênio a 4 litros/min, até a chegada dos cuidados avançados. 12 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Posição Lateral de Segurança/Posição de Recuperação Esta técnica de primeiros socorros é utilizada para garantir que a língua não cai sobre a garganta obstruindo a respiração, assim como também previne que o possível vômito ou saliva seja aspirado para o pulmão. É importante nunca aplicar esta técnica de primeiros socorros em vítimas com suspeita de lesões graves na coluna vertebral, vítima de acidente de carro ou vítima de queda de grande altitude. Observações Importantes: • Se o socorrista estiver sozinho com uma criança ou bebê inconsciente, aplique cerca de 5 ciclos de compressão e ventilação (aproximadamente 2 minutos) antes de deixar a criança sozinha e chamar ajuda; • No caso de vômito (possível com a distensão gástrica ocasionada por insuflações excessivamente fortes e (prolongadas) lateralizar e limpar a vítima. Reiniciar a RCP pelas compressões. Pode também haver fratura de costelas e consequente perfuração de órgãos. No entanto, não há necessidade de parar o procedimento. • As ventilações devem ser aplicadas durante 1 segundo, consequentemente produzindo a elevação do tórax, não devendo ser muito longas e prolongadas; • Existem padrões adotados para a interrupção da RCP uma vez iniciada que diferem entre as empresas, entretanto existe consenso que ela deve ser mantida até que: 1. Haja retorno da circulação espontânea; 2. Torne-se arriscado para o socorrista continuar as manobras; 3. Todos os socorristas estejam muitos cansados para continuar; 4. A vítima seja considerada presumivelmente morta (lembre-se que só um médico pode verificar de fato o óbito). Se a RCP foi continuada por 30 minutos ou mais, sem sinais de circulação espontânea, e nesse mesmo período não houver recomendação de choque pelo DEA, a vítima pode ser considerada presumivelmente morta e a RCP interrompida. Observação: Caso o socorrista não esteja atuando sozinho, a AHA recomenda que a troca durante a RCP ocorra a cada 5 ciclos (2 min.). 13 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Complicações causadas pela RCP Mesmo quando realizada corretamente, a RCP pode causar as seguintes complicações: • Fratura das costelas ou do esterno, podendo ocasionar perfuração de órgãos; • Separação da cartilagem da costela (comum em idosos); • Pneumotórax; • Hemotórax; • Contusão pulmonar. A importância do Desfribilador Na maioria dos casos, a parada cardíaca fora do ambiente hospitalar é causada por um ritmo elétrico desordenado (caótico) conhecido como fibrilação ventricular (FV), arritmia fatal que incapacita o coração de promover a circulação sanguínea. O único tratamento efetivo para fibrilação ventricular é a desfibrilação. O desfibrilador externo automático (DEA) é o aparelho que permite ao pessoal com treinamento a aplicação de "choques" na região torácica da vítima. Essa descarga elétrica, cuja energia é medida na unidade joule, é capaz de gerar uma corrente suficiente para induzir o fim da FV, reorganizando assim o ritmo elétrico do coração. Apesar de ser bastante simples a sua utilização, atualmente no mercado existem vários modelos que podem ter programações diferenciadas. Todo programa de treinamento com DEAs por leigos (profissionais que não são da área de saúde) necessita da supervisão e responsabilidade de um diretor médico ou médico regulador. Esse profissional se responsabiliza pelo treinamento e análise de cada caso. Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho Os sinais de obstrução podem ser classificados em leve e grave e a vítima pode estar consciente ou inconsciente. No entanto, em algumas situações pode evoluir para uma parada cardíaca e a morte. É, portanto muito importante que o socorrista reconheça os sinais e sintomas, atuando eficientemente. As obstruções de vias aéreas são classificadas em: LEVE E GRAVE • Adultos e crianças conscientes, com sinais de obstrução leve: Neste caso, o indivíduo ainda consegue tossir ou falar. Assim sendo, o socorrista deve incentivar os esforços próprios da vítima, incentivar que a vítima continue a tossir vigorosamente, sem interferir, e observá-la. • Adultos e crianças conscientes, com sinais de obstrução grave: Nesta situação, a tosse do indivíduo será fraca, ineficaz ou ausente, apresentando cianose e incapacidade de falar ou respirar. Então, o socorrista deve utilizar compressões abdominais (manobra de “Heimlich”) ou torácicas (obesas e grávidas em final de gestação). A manobra de Heimlich consiste em uma série de compressões abdominais que simulam os efeitos da tosse, podendo empurrar o objeto para fora das vias aéreas. 14 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 O socorrista deve posicionar-se atrás da vítima e envolver sua cintura com os braços, em seguida fechar uma das mãos em punho (com o polegar junto ao corpo da vítima), encostando-se a no abdômen da vítima, entre o umbigo e o apêndice xifóide. A outra mão servirá de base para o punho, e, ambas as mãos pressionarão o abdômen da vítima efetuando movimentos diagonalmente para cima, em séries de 5, até o objeto ser expelido ou a vítima ficar inconsciente. • Adultos e crianças inconscientes Devemos chamar ajuda imediatamente e realizar os procedimentos de RCP, verificar a boca antes de insuflar, se houver objeto estranho, remova com o dedo em forma de gancho. BEBÊS • Bebês conscientes Colocar o bebê sobre um de seus braços, com o rosto voltado para baixo e a cabeça mais baixa que o corpo. A mão do socorrista deve servir de apoio à cabeça do bebê na altura do maxilar. O socorrista pode ganhar um apoio adicional, colocando o braço sobre as coxas. Com a mão livre, o socorrista deve aplicar 5 golpes no meio das costas do bebê, entre as escápulas, usando para isso, a parte hipotênar da mão. Na sequência, se o bebê permanecer engasgado, o socorrista deve colocar a mão livre ao longo do seu corpo, de maneira que ele fique seguro entre seus braços e com o rosto para cima (técnica do sanduiche). Novamente com a cabeça do bebê um pouco mais baixa que o corpo, o socorrista deve realizar 5 compressões em seu tórax, com os dedos indicador e médio, um pouco abaixo da linha mamilar, sobre o esterno, como as compressões usadas paraRCP. Entre os 5 golpes nas costas e as 5 compressões no tórax, o socorrista deve abrir as vias aéreas e procurar o corpo estranho. Somente se visualizar algum objeto, o socorrista deve tentar removê-lo. Não se trata de busca cega, para não machucar o bebê. O objeto só deve ser pinçado se ao abrir a boca do bebê, o mesmo estiver visível e acessível. 15 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Bebês inconscientes Devemos chamar ajuda imediatamente e realizar os procedimentos de RCP, verificar a boca antes de insuflar, se houver objeto estranho, removê-lo. Emergências Clínicas Alterações relacionadas a pressão atmosférica Efeitos sobre o organismo O organismo humano a todo instante visa equalização das pressões interna e externa, porém, quando ocorre uma despressurização ele fica submetido a um ambiente com pressão inferior, gerando assim modificações orgânicas. O organismo ainda sofre com os sintomas da Hipóxia Hipobárica e do Disbarismo (aeroembolismo e aerodilatação). HIPÓXIA O termo Hipóxia significa quantidade de oxigênio reduzido ou insuficiente. Qualquer tecido humano quando não recebe oxigênio durante um determinado tempo, morre. Normalmente, a maior preocupação é um fornecimento adequado de oxigênio ao cérebro, pois este é particularmente vulnerável à falta de oxigenação. Hipóxia hipóxica/ hipobárica/ de altitude (MAL DE ALTITUDE) Este tipo de hipóxia resulta de oxigênio insuficiente nos pulmões, mais precisamente ao nível alveolar. Apesar da percentagem de oxigênio na atmosfera ser constante, a sua pressão parcial diminui proporcionalmente à medida que a pressão atmosférica diminui (isto com o aumento da altitude A resposta do indivíduo à este tipo de hipóxia, depende, basicamente, de dois fatores principais: a altitude a que estiver exposto e a velocidade com que se exponha a essa pressão barométrica. Sinais e sintomas Os sintomas da hipóxia variam de indivíduo para indivíduo, e quanto maior for a altitude, mais rapidamente se instalam os sintomas da hipóxia. São eles: • Cefaleia • Euforia • Depressão • Aumento da autoconfiança • Aumento da frequência respiratória • Diminuição da capacidade visual • Diminuição da coordenação motora • Diminuição do raciocínio • Lentidão dos reflexos • Falha no julgamento • Falta de concentração • Cianose • Perda da autocrítica • Sensação de falta de ar • Sonolência 16 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Tonturas • Perda da consciência Procedimentos: O oxigênio deve ser ministrado sempre que indivíduos apresentarem um quadro de hipóxia, o que denominamos oxigenoterapia. DISBARISMOS (aerodilatação e aeroembolismo) AERODILATAÇÃO, AEROBAROTRAUMA OU AEROBAROPATIA CAVITÁRIA. O organismo humano abriga ar no interior de determinadas cavidades, podemos perceber cavidades no aparelho digestório, nas cavidades ósseas restritas ao crânio: seios da face, orelha média e cavidades dentárias. A aerodilatação é decorrente da expansão dos gases nas cavidades corporais. É um distúrbio relacionado com a queda da pressão barométrica, que acompanha a ascensão da aeronave, caracterizada por expansão gasosa nas cavidades do corpo. Tipos de aerodilatação: • Barosinusite/Aerosinusite Sintomas: O principal sintoma é dor no seio afetado. Procedimentos: No caso da aerosinusobaropatia obstrutiva, o tratamento é a correção do problema através de cirurgia. Já na não obstrutiva, é recomendável utilizar analgésicos, anti-alérgicos, descongestionantes nasais e anti-gripais, atentando para os efeitos colaterais que podem surgir. *Recomenda-se não voar gripado, com processo alérgico, corrigir desvio de septo e retirar a carne esponjosa.* • Barotite/Aerotite Sintomas: Além do quadro doloroso, pode haver: diminuição da acuidade auditiva, zumbido, náuseas, vômitos, tonturas e até a ruptura do tímpano, seguida de presença de líquido sero-sanguinolento. Procedimentos: Para evitar a barotite/otobaropatia deve-se evitar voar resfriado ou gripado, mascar chicletes, bocejar, deglutir, forçar o ar através das narinas, mantendo-as pinçadas com os dedos e a boca fechada (MANOBRA DE VALSALVA, que deve ser executada com cuidado e caso a pessoa não esteja gripada), e fazer uso descongestionante nasal, se necessário. No entanto, algumas causas patológicas podem tornar mais difícil a equalização das pressões: resfriados, amidalites, irritação da garganta e infecções de ouvido, devido à obstrução da Trompa de Eustáquio. 17 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Aerogastria/Aerocolia Sintomas: Cólicas, dor na área gástrica, opressão torácica, falta de ar, flatus e eructações. Procedimentos: Evitar se alimentar de abobora, cebola, feijão, repolho, couve, pepino, bebidas gaseificadas antes de voar. Uma alimentação sadia é o melhor remédio porque evita a formação excessiva de gases no aparelho digestivo. No entanto, a diminuição dos sintomas pode ser obtida através da equalização das pressões. A movimentação do corpo auxilia na eliminação dos gases (caminhada e massagem abdominal) e se necessário, uma medicação anti-espasmódica pode ser administrada. • Aerodontalgia Sintomas: Dor intensa na cavidade bucal. Normalmente acontece por Cáries mal obturadas, reações da polpa vital exposta, reação de degeneração pulpar com formação de gases sob obstruções mal executadas e, finalmente uma causa pouco comum, a presença de abscesso na raiz do dente. Procedimentos: De modo geral, o melhor remédio para estes casos é a prevenção, através de uma boa higiene bucal e de visitas periódicas ao dentista. Na ocorrência de uma aerodontalgia a bordo, é possível a utilização de um analgésico para reduzir a dor. AEROEMBOLISMO OU DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO Quando um indivíduo se desloca de um ambiente de alta pressão para um de baixa pressão, os gases que se encontram dissolvidos na corrente sanguínea podem dar origem a bolhas, que levam à obstrução dos vasos sanguíneos, que posteriormente podem atingir diversos tecidos vitais, como músculos, pulmões, coração cérebro, causando a doença descompressiva, ocasionando dor e outros sintomas. Manifestações clínicas • Pulmonar - CHOKES (sufocação): Ocorre quando há formação de bolhas gasosas de nitrogênio nos vasos sangüíneos dos pulmões, podendo resultar em hipóxia e outros sintomas respiratórios, como sensação de queimação ou de dor pontiaguda sob o esterno, encurtamento da respiração, opressão no tórax e no abdômen, sentimentos de sufocação, dor intensa à inspiração profunda, tosse seca involuntária e cianose. • Artralgica - BENDS (Blood Embolism Nitrogen Density Syndrome): Resultam de bolhas gasosas de nitrogênio nas articulações, causando intensa dor na articulação e no membro. A dor geralmente é leve, de início, mas pode se intensificar e causar incapacidade; • Pruriginosa - parestesia, CREEPS ou ITCH (pele): Produz um formigamento ou insensibilidade da pele e pode resultar em irritação e manchas avermelhadas. Causada por formação de bolhas gasosas de nitrogênio sob a pele, na camada adiposa, principalmente; 18 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Nervosa - STAGGERS (Sistema Nervoso Central): A formação de bolhas nos vasos sangüíneos pode bloquear o fluxo de sangue a órgãos vitais, incluindo o cérebro. Como resultado, pode ocorrer dor facial e mandibular, distúrbios visuais (visão embaçada, pontos cegos, escotomas cintilantes), distúrbios sensoriais, paralisia parcial, confusão, convulsão e perda da consciência. Procedimentos: Quando a sufocação ocorre a grande altitude, o fato de descer para uma altitude menor nem sempre resolve o problema. Pode ser necessário fazer uma recompressão urgente numa câmara de alta pressão, com oxigênio 100%. O aeroembolismo é uma ocorrênciarara, só encontrada em emergências causadas pela ruptura de uma janela ou porta da cabine pressurizada. E, juntamente com a hipóxia, são os fatores que mais impedem e tornam difícil a sobrevivência do homem nas grandes altitudes. Desmaio É a perda repentina e transitória dos sentidos e consciência. Pode estar relacionada a longos períodos de jejum, alimentação insuficiente, excesso de exposição ao sol, desequilíbrio emocional etc. Independentemente da causa, é consequência da diminuição temporária de sangue oxigenado no cérebro. Representa a emergência mais comum a bordo e exige a atuação dos comissários de voo e o apoio médico voluntário. São vários os mecanismos subjacentes ao desmaio, porém o mais frequente é a chamada SÍNCOPE VASO VAGAL (SVV). Procedimentos: Se ocorrer o desmaio, deite a pessoa o mais confortavelmente possível, com a cabeça e ombros em posição mais baixa que o restante do corpo (eleve as pernas da vítima), caso a vítima esteja consciente e afrouxe as vestes. Posicionar a vítima na posição de recuperação, se inconsciente, e monitore o CAB. Nunca a faça aspirar álcool ou amoníaco nem jogue água em seu rosto para reanimá-la. Quando recobrar a consciência, não permita que se levante sozinha. Faça-a ficar alguns minutos sentada para readaptar-se à posição vertical. Pré- síncope Emergências Cardiológicas Das várias ocorrências cardiológicas, a angina do peito e o infarto agudo do miocárdio são as mais comuns, e por isso merecem atenção especial por parte desse texto. As doenças cardiológicas têm como fatores predisponentes: estresse, hipertensão, sedentarismo, obesidade, tabagismo, hereditariedade entre outros. 19 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Algumas pessoas morrem porque ignoram os sinais iniciais do ataque cardíaco e negam estar experimentando um problema tão grave. A maior parte dos danos provocados ao coração ocorre nas duas primeiras horas. Por isso, as vítimas de ataque cardíaco necessitam ser atendidas imediatamente para minimizar os danos causados ao coração. O progresso do ataque cardíaco poderá ser interrompido se a pessoa estiver alerta para os primeiros sinais e sintomas. Quando ocorre o IAM (infarto agudo do miocárdio) o coração para de bombear o sangue, contudo na maioria dos casos entra em fibrilação ventricular, que só pode ser revertido com um desfibrilador. Ataque Cardíaco Sinais e Sintomas: • Desconforto que pode aumentar ou diminuir de intensidade; • Desconforto acompanhado de tonteira, desmaio, náusea, respiração curta e sudorese; • Dor no tórax, sensação de queimação no peito e pescoço (confundida com azia e indigestão); • Dor que irradia para o braço esquerdo, ombros e pescoço ou dorso. Procedimentos: • Posicionar a vítima de forma confortável (inclinada); • Jejum, repouso absoluto e vestes afrouxadas; • Oxigênio terapêutico; • Vasodilatador e sedativos (se houver médico a bordo); • Monitorar o CAB; • Entre com RCP e DEA, se for necessário. Acidente Vascular Cerebral (AVC) O acidente vascular cerebral (sigla: AVC) vulgarmente chamado de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais. Trata-se de uma emergência médica que pode evoluir com sequelas ou morte, sendo a rápida chegada ao hospital importante para a decisão terapêutica. Sinais e Sintomas: Dor na cabeça descrita como insuportável; • Paralisia total ou parcial da face; • Paralisia de membro superior e inferior do mesmo lado; https://pt.wikipedia.org/wiki/Isquemia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemorragia 20 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Dificuldade para falar e entender: problemas para articular as palavras; às vezes as pessoas ao redor não conseguem entender claramente o que a outra está falando; • Fraqueza nas pernas, de um lado do corpo; • Perda de visão, visão turva ou dupla, especialmente em um único olho; tontura e desequilíbrio; • Dificuldade para engolir. Procedimentos: • Reduzir tensão emocional; • Manter um ambiente tranquilo; • Promover o estímulo cerebral (não em exagero); • Manter a via aérea permeável; • Desapertar as roupas ao nível do pescoço, tórax e abdômen; • Colocar a vítima numa posição confortável de acordo com o seu grau de consciência; • Manter a temperatura corporal; • Vigiar as funções vitais; • Promover o transporte para o hospital. Convulsões Uma convulsão ocorre quando há uma atividade elétrica anormal do cérebro. Essa atividade anormal pode passar despercebida ou, em casos mais graves, pode produzir uma alteração ou perda de consciência acompanhada de espasmos musculares involuntários, que é definido como crise convulsiva ou convulsão. As convulsões geralmente vêm de repente e variam em duração (normalmente varia de 3 a 4 minutos) e gravidade. A convulsão pode ser um evento único ou acontecer repetidas vezes. Crises recorrentes caracterizam o diagnóstico de epilepsia. Sintomas: • Sentimentos súbitos de medo ou ansiedade; • Sentir-se mal do estômago; http://www.minhavida.com.br/saude/temas/epilepsia http://www.minhavida.com.br/saude/temas/ansiedade 21 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Tontura; • Alterações na visão. Esses sintomas podem ser seguidos de uma crise, em que a pessoa pode: • Perder a consciência, seguida por confusão; • Ter espasmos musculares incontroláveis; • Babar ou espumar pela boca; • Cair; • Ficar com um gosto estranho na boca; • Cerrar os dentes; • Morder a língua, que pode sangrar; • Ter movimentos oculares rápidos e súbitos; • Fazer ruídos estranhos, como grunhidos; • Perder o controle da função da bexiga ou intestino; • Mudar de humor repentinamente. Todos os tipos de convulsão são causados pela atividade elétrica desorganizada e súbita do cérebro. Entre as causas mais frequentes estão: • Níveis anormais de sódio ou glicose no sangue; Infecção cerebral, incluindo meningite; • Lesão cerebral que ocorre ao bebê durante o parto ou nascimento; • Problemas cerebrais que ocorrem antes do nascimento (patologias cerebrais congênitas); • Tumor cerebral; • Asfixia; • Uso abusivo de drogas (licitas e ilícitas) • Choque elétrico; • Febre alta (especialmente em crianças pequenas) • TCE; • Doença cardíaca; • Hipoglicemia; • Envenenamento; • AVC; • Picadas e ferroadas de animais peçonhentos. Procedimentos: • Proteja a pessoa de uma lesão, principalmente a cabeça; • Tentar repousar a pessoa suavemente no chão; • Tente afastar os móveis ou outros objetos que possam ferir a pessoa durante a convulsão; http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tontura http://www.minhavida.com.br/saude/temas/meningite http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tumor-cerebral http://www.minhavida.com.br/saude/temas/febre http://www.minhavida.com.br/saude/temas/avc 22 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Se a pessoa que está tendo uma convulsão já está no chão quando você chegar, coloque algo macio sob sua cabeça; • Não force nada, incluindo os dedos, na boca da pessoa. Colocar algo na boca da pessoa pode causar ferimentos; • Não tente soltar ou chacoalhar a pessoa; • Se a vitima vomitar, lateralize a mesma com cuidado. Preste muita atenção ao que a vitima está fazendo para que você possa descrever a convulsão para o resgate ou médico: Que tipo de movimento do corpo ocorreu? Quanto tempo durou a convulsão? Como a pessoa agiu imediatamente após o ataque? Existem lesões? Após uma convulsão: • Verifique se a pessoa sofreu lesões;• Se a pessoa está tendo dificuldade para respirar, use o dedo para limpar suavemente a boca de qualquer vômito ou saliva; • Afrouxe roupas apertadas em volta do pescoço e da cintura da pessoa; • Forneça uma área segura, onde a pessoa possa descansar; • Não dê nada para ela comer ou beber até que a pessoa esteja totalmente acordada e alerta; • Fique com a pessoa até que ela esteja acordada e familiarizada com o ambiente. A maioria das pessoas vai ficar sonolenta ou confusa após uma convulsão; • Uma pessoa que teve uma convulsão não deve dirigir nadar, subir escadas, ou operar máquinas até que tenha visto um médico. Consumo excessivo de álcool O alcoolismo é definido como o consumo excessivo de álcool e/ou a preocupação exacerbada com bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfira na vida pessoal, familiar, social ou profissional de um indivíduo. Do ponto de vista médico, o alcoolismo é uma doença crônica, que pode resultar em condições psicológicas e fisiológicas e, por fim, na morte. http://www.infoescola.com/drogas/bebidas-alcoolicas/ http://www.infoescola.com/drogas/bebidas-alcoolicas/ http://www.infoescola.com/doencas/alcoolismo/ 23 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Além da importância dos fatores ambientais, há evidências que indicam a existência de fatores genéticos que elevam o risco de desencadear a doença. O alcoolismo tende a acometer certas famílias com maior frequência, gêmeos univitelinos, e até filhos biológicos de pais alcoólatras que são adotados por casais que não bebem. De acordo com estatísticas realizadas pelos estadunidenses, acomete 14% de sua população, e no Brasil, estima-se que entre 10-20% da população sofra desse mal. O álcool atravessa a barreira hematoencefálica rapidamente, sendo que poucos minutos após o primeiro gole, a concentração no cérebro já está igual à concentração sanguínea. Em indivíduos que não possuem o costume de ingerir bebidas alcoólicas, níveis sanguíneos entre 50mg/dl a 150mg/dl são suficientes para gerar sintomas. Esses, por sua vez, irão depender da velocidade com que o álcool é consumido. Os efeitos físicos causados pelo álcool são: • Redução dos reflexos; • O uso em longo prazo eleva o risco do surgimento de doenças como câncer na cavidade oral, esôfago, faringe, fígado e vesícula biliar; • Pode causar hepatite, cirrose, gastrite e úlcera; • Quando usado em grandes quantidades pode ocasionar danos cerebrais irreversíveis; • Pode levar à desnutrição; • Pode causar problemas cardíacos e de pressão arterial; durante a gestação, causa má formação fetal. Já os efeitos psicológicos e comportamentais causados pelo álcool são: • Perda da inibição; • Alteração de humor, podendo ocasionar comportamento violento, depressão e até mesmo suicídio; Perda de memória; • Problemas na vida familiar do alcoólatra; queda no desempenho profissional. Procedimentos: • Suspender imediatamente o consumo de álcool. Se a vitima estiver consciente, mantê- la sentada; • Oferecer líquidos doce, para reposição da glicose; • Se a vitima estiver consciente, coloca-la na posição de recuperação (decúbito lateral) para evitar asfixia pelo relaxamento da língua, por possível vômito ou excesso de saliva; • Manter a vítima aquecida, monitorar o CAB; • Não suponha que “é só dormir que passa”. O álcool continua a entrar na corrente sanguínea depois que a pessoa dorme; • Saiba que se a intoxicação alcoólica não for tratada, a vítima pode ter uma convulsão, sofrer dano cerebral permanente ou morrer. http://www.infoescola.com/doencas/alcoolismo/ 24 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Diabetes A hipoglicemia (choque insulínico) é o estado de diminuição do açúcar (glicose) no sangue. Algumas pessoas possuem predisposição para tal ocorrência. Geralmente ocorre devido a longos períodos de jejum, alimentação deficiente, atividade física excessiva, alcoolismo ou até mesmo diabetes, que é uma doença metabólica, causada pela falha do pâncreas na produção da insulina. A hiperglicemia (coma diabético) ocorre quando o organismo possui muito açúcar no sangue e insulina insuficiente para metabolizá-la. Sinais e Sintomas de HIPERGLICEMIA: Tontura; Sede intensa Micção frequente; Pele avermelhada; Vômito; Hálito com odor de vinagre; Inconsciência eventualmente. Procedimentos: • Aplicação de insulina; • Ingestão de líquidos como água ou chá. Sinais e Sintomas de HIPOGLICEMIA: • Irritabilidade; • Palidez; • Confusão mental, tontura; • Desorientação; • Fome repentina; • Sudorese; • Eventual inconsciência. Procedimentos: • Fornecer líquido doce ou refrigerante não dietético; Obs.: NO CASO DE UM DIABÉTICO INCONSCIENTE, NA DÚVIDA SE O ESTADO É HIPER OU HIPOGLICEMIA DEVEMOS FORNECER AÇUCAR SUBLINGUAL. Ao diabético com mal súbito devemos perguntar se se alimentou e tomou insulina. Dor de Orelha Pode ocorrer devido à pressurização, congestionamento nasal ou otite. Se for um problema apenas de equalização entre as pressões da orelha média e do ambiente externo, mascar chicletes, 25 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 bocejar ou deglutir pode ajudar. Em último caso e com muito cuidado, ainda se tem o recurso da MANOBRA DE VALSALVA (onde o indivíduo faz força para expirar com as narinas pinçadas). No caso da pessoa estar gripada, o uso de descongestionante nasal é recomendável, uma vez que a secreção impossibilita a equalização da pressão. Mas se o caso for otite, não há muito a ser feito. O ideal é orientar a pessoa a procurar um médico assim que chegar ao seu destino e fornecer-lhe o anestésico de ouvido (caso haja no avião), se a dor estiver muito forte. Doenças Gastrointestinais As doenças gastrointestinais são as patologias que ocorrem nos órgãos do sistema digestivo, tais como: intestino, intestino grosso, intestino delgado, estômago, esôfago, pâncreas, cólon e fígado. Essas doenças podem ser acompanhadas de fortes dores, resultantes da inflamação ou até mesmo deterioração de alguns dos órgãos do sistema digestivo. O diagnóstico só pode ser emitido através de cuidadosa análise dos antecedentes do paciente, visto que através de uma simples consulta, não se pode diagnosticar a precisão da enfermidade. Sinais e Sintomas • Halitose: mau hálito; • Disfagia: dificuldade de engolir; • Pirose: sensação de queimação na área média externa, causada pelo refluxo dos conteúdos gástricos para o esôfago; • Dispepsia: sensação de desconforto durante o processo digestivo; • Anorexia: perda de apetite; • Náuseas, vômitos; • Câimbras abdominais; • Distensão abdominal, dor; • Diarreia; • Constipação; • Sons intestinais alterados; • Melena: fezes escuras indicando a presença de sangue (sangramento ou hemorragia); • Perda de peso: sintoma comum geral// indicando ingestão inadequada ou má absorção. Procedimentos: • Repouso; • Oferecer condições para locomoção do passageiro ao sanitário (em caso de incapacidade) e oferecer hidratação (via oral); • Caso necessário, solicitar auxilio de médico voluntário https://pt.wikipedia.org/wiki/Patologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_digestivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_digestivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Intestino https://pt.wikipedia.org/wiki/Intestino_grosso https://pt.wikipedia.org/wiki/Intestino_grosso https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%B4mago https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%B4mago https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A2ncreas https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A2ncreas https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADgado https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_digestivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Diagn%C3%B3stico 26 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 . Alergias Alergia é uma reação que ocorre em indivíduossensíveis a determinados medicamentos, alimentos ou picadas de insetos. Alergia do Sistema Respiratório Normalmente associada às infecções (no caso da bronquite e asma), além da poeira doméstica, cheiros fortes, fumaça de cigarro, mudança de temperatura etc. Sinais e Sintomas: • Coceira no nariz, nariz escorrendo, espirros, tosse, chiado no peito e dificuldade em respirar. Procedimentos: • Evitar a causa, não interromper o uso de medicamentos (caso esteja utilizando), hidratação e oxigênio. Alergia de Pele Normalmente ocasionada por ingestão de determinados alimentos e substâncias ou por contato com agentes irritantes. Sinais e Sintomas: • Coceira e pele vermelha. Procedimentos: • Evitar ingestão ou contato com os agentes causadores e aplicar compressas úmidas para aliviar a coceira. Choque Anafilático Caracteriza-se pelo aparecimento de reações cutâneas e inchaço generalizado, bem como alterações ventilatórias, que se constituem no grande perigo, ou seja, asfixia por aparecimento de edema alérgico de glote. Procedimentos: • Identificar a situação e manter as funções vitais na medida do possível, até que a intervenção de profissional da área médica seja viável. Alterações Relacionadas à Temperatura Corporal Insolação é um mal estar decorrente da exposição prolongada ao sol intenso ou ao calor. Os sintomas mais frequentes são desidratação, queimaduras de pele, cefaleia (dor de cabeça), tontura e febre. Nos casos mais graves pode ocorrer perda de consciência. Intermação é uma enfermidade provocada pela ação do calor em ambientes com temperatura muito alta, locais onde estejam em funcionamento fornos, fogões, caldeiras, forjas, fundições, etc. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sol https://pt.wikipedia.org/wiki/Calor https://pt.wikipedia.org/wiki/Desidrata%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Queimadura https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefaleia https://pt.wikipedia.org/wiki/Tontura https://pt.wikipedia.org/wiki/Febre https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADncope_(medicina) 27 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 A intermação acarreta uma série de alterações no organismo, com graves consequências para a saúde da vítima. Sintomas da Insolação e Intermação: • Dor de Cabeça (cefaleia); • Tontura, confusão Mental; • Vertigem, tontura; • Falta de Ar (dispneia); • Aumento da Temperatura do Corpo; • Desidratação, pele muito avermelhada, quente e seca; • Mal-estar e vômitos. Procedimentos: • Remova a vítima para um local fresco e arejado; • Deite a vítima com o tronco ligeiramente elevado; • Remova o máximo possível de vestimenta da vítima; • Despeje ou borrife água fria sobre o corpo da vítima, abane a vítima vigorosamente, se a vítima começar a ter calafrios, diminua o método de resfriamento; • Ingerir muito líquido, como água e suco natural, caso esteja lúcida. Nunca dê estimulantes ou bebidas quentes para a vítima; À medida que o corpo esfria, podem ocorrer crises convulsivas ou vômito. Posicione a vítima para facilitar a drenagem. Encaminhar o acidentado ao serviço médico. Hipertermia - Febre A Hipertermia é caracterizada pelo aumento da temperatura normal corporal, superior a 37ºC. Normalmente causada por infecções. Suas causas estão relacionadas à exposição excessiva ao sol, exposição a ambientes de intenso calor, pelo consumo de medicamentos e pode ser também ocasionada devido a alguma patologia por febre muito alta. Sinais e Sintomas: • Suor intenso, pele avermelhada; • Sede, calafrios; • Delírio e confusão mental; • Câimbras, náuseas; • Vômitos; • Aumento da frequência cardíaca; • Respiração intensa, ansiedade; • Perda de Coordenação; • Convulsões, comum em crianças. http://www.infoescola.com/fisiologia/hipertermia/ http://www.infoescola.com/fisiologia/hipertermia/ 28 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Procedimentos: Para minimizar os problemas causados pela hipertermia, alguns processos devem ser feitos para conseguir o resfriamento do corpo. Os principais métodos são: • Ventilar o corpo do indivíduo; • Cobrir com toalhas molhadas; • Usar sacos de gelos entre as virilhas, axilas e pescoço; • Cobrir o corpo com cobertor gelado; • Antitérmico (orientação médica). Hipotermia A Hipotermia é caracterizada pela queda da temperatura normal do organismo, que é 37ºC, para valores abaixo de 35ºC. Essa sensação faz com que o indivíduo entre em processo de tremor devido às contrações dos vasos sanguíneos, que tentam diminuir a perda de calor pelo corpo, mantendo assim o organismo a uma temperatura normal. Quando o organismo não possui energias suficientes para controlar o processo de hipotermia, pode levar o indivíduo a morte. Sinais e Sintomas • Tremores; • Esfriamento das mãos e pés; • Dormência nos membros, • Pouca energia; • Dificuldade em respirar, • Pulsação lenta; • Inchaço na face; • Perda de controle da bexiga. Em estágios mais avançados a hipotermia causa perda de memória, perda de controle dos membros superiores e inferiores, perda dos sentidos, perda da pulsação e pupilas dilatadas. Procedimentos: Aquecer a vítima com mantas, cobertores ou qualquer outro tecido, ou ainda, água quente (até 43º.). Se a vítima estiver consciente, a ingestão de bebidas quentes também pode ajudar, http://www.infoescola.com/fisiologia/hipertermia/ http://www.infoescola.com/fisiologia/hipotermia/ http://www.infoescola.com/fisiologia/hipotermia/ http://www.infoescola.com/fisiologia/hipotermia/ http://www.infoescola.com/fisiologia/hipotermia/ 29 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Envenenamento Situação que pode ser causada através de ingestão, inalação, injeção ou contato com a pele e a gravidade dependerá da sensibilidade da vítima, tempo de exposição, toxicidade e quantidade de veneno. Podemos citar inúmeros agentes químicos e biológicos causadores de envenenamento e intoxicações: substâncias químicas, drogas, medicamentos, alimentação, vegetais tóxicos, toxinas animais etc. O tratamento variará em função da via de penetração e agente causador do envenenamento. Para tratar um envenenamento, pode ser necessário utilizar o centro de intoxicações do local. No Brasil temos dois números para esses casos. As ligações são gratuitas e seremos atendidos por médicos especialistas. Números atuais: 08007713733 e 0800148110. CEATOX Sinais e Sintomas: • Náuseas e vômitos; • Dores abdominais; • Diarréia; • Salivação; • Sudorese; • Extremidades frias; • Pupilas dilatadas; • Convulsões; • Inconsciência, podendo evoluir para parada cardiorrespiratória. Procedimentos: Variam em função da via de penetração e agente causador do envenenamento. • Contato: lavar o local afetado com água corrente, • Ingestão: dependendo da substância, pode-se provocar vômito, para isso será necessário a orientação de um profissional da saúde. Caso a vítima esteja inconsciente, colocá-la em posição de recuperação, monitorando o CAB e providenciar assistência qualificada. • Inalação: remover a vítima para um local não contaminado e se ela estiver inconsciente, colocá-la em posição lateral, monitorando o CAB. Gestante a Bordo Restrições ao voo da gestante: A probabilidade de ocorrer um parto a bordo de uma aeronave é mínima, mas não impossível. O Medical Guidelines for Airline Travel recomenda que as empresas aéreas permitam o acesso da gestante ao voo até a 36ª semana de gestação. 30 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Já a IATA recomenda que se o parto estiver previsto para as 4 semanas seguintes ao embarque da gestante, a empresa pode exigir um atestado médico.Tais limites podem ser diminuídos ainda mais pelas empresas aéreas caso a gestação seja gemelar, ou se a gestante teve anteriormente uma gestação com nascimento múltiplo. Cuidados na acomodação de gestantes a bordo em situação normal: O cinto deverá ser colocado numa posição baixa (conhecida como baixo ventre) durante todo o voo. A Gestante está a bordo e chegou a hora. O Que Fazer? É importante que o comissário saiba identificar corretamente os verdadeiros sinais do parto, pois é comum, em especial na primeira gestação, que a gestante não consiga definir com clareza se é chegada a hora do parto ou não. Isto ocorre por diversas questões, que incluem até mesmo a ansiedade pela chegada do bebê. Fases do Trabalho de Parto Primeira fase. A dilatação do colo uterino tem início com as contrações e termina no momento em que o feto entra no canal de parto. Segunda fase (expulsão). A partir do momento em que o feto está no canal de parto até o nascimento do bebê. Terceira fase (dequitação). Após o nascimento do bebê até a completa expulsão da placenta (10 a 20 minutos). Reconhecendo os Sinais do Trabalho de Parto • Contrações uterinas, com duração de 45 seg a 1 minuto, até 5 minutos; • Perda de muco do colo uterino, que tem aspecto gelatinoso, parecido com clara de ovo crua, e pode conter ainda algumas estrias de sangue; • Ruptura da bolsa, líquido claro, de odor adocicado; • Puxos, quando a gestante tem a sensação que vai defecar. Procedimentos com a Mãe: • Providenciar compressas e bandagens; • Cobrir o local escolhido com uma manta, de forma que as nádegas da parturiente poderão repousar em um assento de poltrona, e as pernas poderão ser colocadas no ângulo formado pelo encosto com os braços das poltronas, ou ainda, poderão estar no piso, afastadas e com joelhos flexionados; • Avisar chefe de equipe e comandante; • Procurar um provedor da área de saúde (médico ou enfermeiro) entre os passageiros; • Acomodar a parturiente em lugar reservado para garantir sua privacidade; • Providenciar compressas e bandagens; • Lavar as mãos, calçando-as com luvas, retirando anéis, relógios ou pulseiras; • Limpar com água e sabão o períneo e as coxas da parturiente, até os pelos pubianos; 31 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 • Orientar a parturiente a fazer força para baixo durante as contrações, descansando nos intervalos; • O feto deverá sair naturalmente, e o comissário deverá estar posicionado para amparar o bebê e evitar a ruptura do períneo; • Após a saída do bebê, virá a expulsão da placenta, que deverá ocorrer, espontaneamente, cerca de 15 a 20 min após o parto. • Após sua saída, envolvê-la em panos limpos, e ligeiramente úmidos, para encaminhamento com a parturiente para o hospital; • Caso haja ruptura do períneo, deverá ser realizada a HEMOSTASIA, colocando panos limpos no local que sangra e mantendo a parturiente com pernas bem unidas, para que as coxas exerçam compressão na área. Procedimentos Com o Bebê: • Limpar suas vias aéreas com uma compressa, mantendo-o um pouco mais baixo que a mãe, para que possam escorrer possíveis secreções; • Amarrar o cordão umbilical com uma compressa estéril na metade de sua extensão; • Cortar o cordão umbilical não é prioridade, e deve-se evitá-lo para minimizar riscos de infecção; • Não lavar o bebê, pois a película de cor esbranquiçada que cobre o corpo do recém-nascido irá protegê-lo; • Aquecer o bebê; • Se a criança não chorar naturalmente, deve-se estimulá-la, fazendo leve fricção na sola dos pés. Se isso não adiantar, deve-se aplicar sucção na boca e nariz do bebê, sugando 2 vezes para liberar as vias aéreas, e depois insuflando, observando movimento respiratório; • Se o bebê não possuir sinais de circulação, iniciar RCP; OBS.: Quando ocorre um nascimento à bordo, mesmo que a parturiente e bebê estejam bem, a empresa deverá informar às autoridades do aeroporto e o serviço médico disponível onde o pouso será realizado solicitando uma ambulância para recepcioná-los. 32 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Emergências Traumáticas Queimaduras As queimaduras, ao destruírem tecidos, podem matar vítimas por infecção ou degeneração para um estado de choque. O nível dos tecidos do corpo que forem atingidos, definirá a classificação das queimaduras quanto a profundidade. A classificação quanto a extensão, se dá pela extensão da área queimada. Independentemente da origem, classificação ou extensão, os primeiros socorros serão os mesmos. Classificação quanto a profundidade: • Primeiro Grau Deixa a pele seca, avermelhada, flácida, dolorida, e podendo apresentar inchaço moderado. A vítima pode sentir leve dor. A recuperação ocorre em aproximadamente uma semana. Atinge somente a camada epidérmica. ERITEMA (Pele avermelhada) • Segundo Grau Aspecto úmido será apresentado no local, com formação de bolhas e inchaço. A vítima sente dor que varia de moderada a intensa. Necessitam de atendimento médico e a vítima leva, em média, duas ou três semanas para se recuperar. Atinge as camadas: epidérmica e derme. FLICTEMA (Formação de bolhas) • Terceiro Grau A pele se apresenta totalmente seca, com aspecto de couro. A vítima não sente dor porque os terminais nervosos foram destruídos. Atinge as camadas: epidérmica, derme e tecidos profundos. Classificação quanto a extensão: A extensão de uma queimadura é representada em porcentagem da área corporal queimada. 33 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Cálculo da superfície corporal queimada (SCQ) pela Regra dos 9. Leves (ou “pequeno queimado”): atingem menos de 10% da superfície corporal. Médias (ou “médio queimado”): atingem de 10% a 20% da superfície corporal. Graves (ou “grande queimado”): atingem mais de 20% da área corporal. A gravidade de uma queimadura não depende apenas da profundidade, mas também da extensão. Uma queimadura de segundo grau que atinge o corpo todo pode, assim, ser muito pior do que uma de terceiro grau localizada na mão. Procedimentos: • Afastar a vítima da fonte de calor; • Resfriar a área com água fria por no mínimo 20 minutos ou aplicar compressas frias; • Manter as bolhas intactas, pois sua função é proteger contra infecção; • Avaliar o CAB; • Cobrir a queimadura com compressa estéril seca não aderente, para manter o local limpo; • Hidratar à vítima; Queimadura nos olhos A queimadura nos olhos pode ser de origem térmica ou química. Geralmente, lesam mais as pálpebras do que o globo ocular. O problema é que a pálpebra queimada sofre retração, o que reduz a proteção dos olhos. Procedimentos: lavar os olhos com água corrente e procurar um oftalmologista o mais rápido possível. Pessoas em chamas 34 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Para casos de vítimas em chamas, oriente-a para deitar no chão, cobrir a face com as mãos e rolar. Abafe as chamas com tecidos grossos, jogue água para apagar as chamas ou faça-a rolar no chão. Mordidas/picadas de animais Acidentes com Animais Peçonhentos Os principais animais peçonhentos compreendem as serpentes, aranhas, escorpiões, marimbondos e abelhas. Com exceção das serpentes, escorpiões e aranhas, os acidentes ocorridos com outros animais que inoculam veneno raramente são mortais, apesar de produzir manifestações extremamente dolorosas. Acidentes com serpentes peçonhentas Pode ser evitada, conhecendo-se os hábitos das cobras e adotando-se cuidados básicos, tais como: 1. Improvisar o uso de botas de cano alto, uma vez que a maioria dos acidentes ocorre por picadas nos pés e pernas; 2. Não colocar a mão em tufos de capim, vegetaçãodensa, buracos, folhas secas, usando um graveto ou pedaço de pau, caso isto seja necessário; 3. Usar luvas, camisas de mangas longas e calças compridas; 4. Antes de entrar em matas, parar um pouco para deixar a visão se acostumar à penumbra do local, possibilitando, enxergar melhor as cobras que podem estar por ali. Mesmo assim, muitas cobras, pelo seu colorido, podem passar desapercebidas mesmo que a visão já tenha se adaptado ao ambiente; 5. Não segurar as cobras com as mãos, mesmo que estejam mortas; 6. Antes de calçar sapatos, chinelos, botas, examiná-los bem. Os animais peçonhentos podem refugiar-se dentro deles; 7. A noite, evitar andar em vegetação rasteira, ou no mato de maneira geral, pois é a hora preferida de movimentação de grande número de cobras peçonhentas; Porém, mesmo adotando os cuidados de prevenção, podem ocorrer acidentes com cobras. Como medidas de primeiros socorros, até que cheguem os grupos de salvamento e seja possível dispor de um serviço de saúde para o tratamento, a recomendação é a seguinte: • Manter a vítima em repouso e calma; • Limpar bem o local com água e sabão; • Combater o medo e a depressão; • Tentar prover soroterapia em até 3 horas após o acidente. 35 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Acidentes com Aranhas As aranhas constituem um grupo numeroso, mas dentre todas podemos destacar quatro que representam real perigo aos seres humanos, devido à ação da peçonha que são capazes de inocular. Viúva Negra e Armadeira A Viúva Negra é de cor preta, com manchas vermelhas no abdômen e vive em teias que constrói sob vegetação rasteira, em arbustos, barrancos etc. Sua picada ocasiona dor intensa, ataca o sistema nervoso, podendo trazer problemas para pessoas muito sensíveis ou crianças. A teia que constrói é formada por uma rede de fios desordenados, onde ela permanece virada para baixo. Quando é derrubada da teia finge-se de morta ou tenta fugir, porém quando molestada em excesso, ou apertada contra o nosso corpo (dentro de roupas, por exemplo), pode picar com facilidade. Já a Armadeira apresenta cor cinza ou castanha escura e pelos vermelhos perto dos ferrões. Esconde-se em lugares escuros, como cachos de bananas, vegetação, calçados, de onde saem para caçar, em geral à noite. Por ser muito agressiva, assumindo postura ameaçadora (daí seu nome), os acidentes são comuns, podendo ser graves para crianças menores de sete anos. Aranha de Grama Cor acinzentada ou marrom, com pelos vermelhos perto dos ferrões e uma mancha escura, em forma de flecha, sobre o corpo. Vive em gramados, campos e os acidentes são frequentes, porém sem gravidade. A ação do veneno se faz sentir apenas no local da picada que sofrerá inchaço e vermelhidão. Aranha Marrom De cor marrom amarelada, sem manchas. Não é agressiva, vive em teias irregulares (parecidas com um lençol de algodão) que constrói em barrancos etc. Os acidentes são raros, mas em geral graves. Os primeiros sintomas da peçonha são uma sensação de queimadura, seguida de formação de ferida, no local da picada. Além da ação cutânea, pode haver lesão de rim e morte da vítima. É considerada a mais venenosa das aranhas. Acidentes com Escorpiões Vivem em cupinzeiros, barrancos, sob pedras, troncos caídos etc., tendo hábitos noturnos. Sua picada provoca dor intensa, que pode durar de 2 a 8 horas, nas formas mais graves. A dor pode ficar localizada, mas pode também espalhar-se pelo corpo. Poderão ocorrer náuseas, vômitos, diarreia, dificuldade de respirar e até dificuldade em articular as palavras. Existem cerca de 40 (quarenta) tipos no Brasil, sendo, no entanto, importantes para este estudo apenas dois: o amarelo claro e o marrom escuro. O escorpião tenta diversos golpes com seu ferrão, que está localizado na extremidade da cauda, injetando a cada picada frações de maior teor tóxico, por isso, de seu ataque podem resultar várias picadas, aumentando assim a gravidade. O tratamento necessário costuma ser a aplicação local de anestésico, administração de analgésicos (checar se a vítima não tem alergia) e colocação de compressas quentes para abrandar a dor, além de manter a vítima em absoluto repouso. As vítimas de maior risco costumam serem as crianças, as idosas e adultas debilitadas. Acidentes com Abelhas 36 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Os acidentes com abelhas geralmente são benignos, a não ser que a vítima seja sensível ao veneno, que o número de picadas seja muito grande ou que a picada tenha se localizado próximo à faringe, cabeça ou pescoço (o edema pode ocasionar fechamento das vias aéreas, motivando asfixia mecânica), ou ainda, que o ferrão atinja um vaso sanguíneo, o que consequentemente aumenta a intensidade dos sintomas. Pode-se tentar remover de imediato o ferrão da pele com a glândula de peçonha, utilizando agulha desinfetada, sem comprimir, para não inocular ainda mais peçonha, e administrar anti-histamínicos. Mordedura de Cão Procedimentos: • Se a ferida estiver inchada, aplicar gelo; • Desinfetar o local da mordedura; aplicar gelo embrulhado num pano limpo; • Informa-se se o cão está corretamente vacinado; • Providencie que a vítima receba a vacina do tétano, se não tiver tomado; • Transporte para o hospital. Mordedura de humanos sem hemorragia Procedimentos: • Lavar o ferimento com água e sabão pelo menos durante 5 minutos, mas sem esfregar com força; • Desinfetar o local da mordedura; • Cobrir o ferimento com compressa esterilizada; • Se estiver inchada colocar gelo; • Procurar ajuda de um clínico geral, o mais rápido possível. As mordidas humanas podem ser perigosas devido ao risco de infecção causado pelas bactérias presentes na boca dos indivíduos. Por isso, o médico poderá receitar antibióticos para evitar uma infecção generalizada e injetar a vacina antitetânica. Hemorragias/Choque Choque Hipovolêmico Características: Síndrome clínica de insuficiência circulatória aguda que se caracteriza pelos sinais decorrentes de inadequada circulação nos tecidos e órgãos vitais, tornando-os incapazes de manter as funções fisiológicas normais. Sinais e sintomas: Palidez, pele fria, úmida e pegajosa, além de sudorese abundante, sinais de baixa perfusão periférica, pulso fino e rápido, pressão arterial baixa (hipotensão), taquipnéia (respiração rápida, curta e irregular), alterações da função mental (ansiedade, agitação, sonolência e coma), sede, sensação de frio, julgamento prejudicado, cianose nas extremidades etc. 37 Educar Escola de Aviação Cívil – Rev./05 Abr2022 Tratamento: Afrouxar vestes da vítima, colocá-la em decúbito dorsal, elevar seus membros inferiores, lateralizá- la em caso de vômito, mantê-la agasalhada, não fornecer alimentação e administrar oxigênio. Hemorragias Hemorragia é quando existe perda de sangue de vasos rompidos por feridas de qualquer natureza, como por exemplo, traumatismos ou enfermidades. Atente para a origem do sangramento: arterial, venoso ou capilar. O tipo mais grave de hemorragia num ser humano é a arterial. A quantidade de sangue circulante no corpo humano é de aproximadamente 5 litros, podendo variar de acordo com peso. O indivíduo pode perder até 500 gramas de sangue sem sofrer grandes perturbações. Porém, perda da metade do sangue circulante, na maioria das vezes é fatal. Assim sendo, é vital estancar a hemorragia temporariamente até a chegada do socorro definitivo. Dependendo do local, as hemorragias podem ser classificar em: • Externas - São visíveis, pois o sangue flui para fora do corpo, por conta de ruptura da pele e outros tecidos; • Internas - Ocorre por ruptura de órgãos internos e o sangue não se exterioriza, ficando coletado no abdome, tórax, caixa craniana etc. Técnicas de Hemostasia Hemostasia é cessar o sangramento. As plaquetas são as células que participam