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Termo Circunstanciado (Processo Penal)

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
ASPECTOS GERAIS SOBRE O TERMO CIRCUNSTANCIADO 
REALIZADO PELA POLÍCIA MILITAR 
 
 
FELIPE BRUN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, (SC), novembro de 2008.
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
ASPECTOS GERAIS SOBRE O TERMO CIRCUNSTANCIADO 
REALIZADO PELA POLÍCIA MILITAR 
 
FELIPE BRUN 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: RODRIGO JOSÉ LEAL 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, (SC), novembro de 2008
 
 
AGRADECIMENTO 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me 
proporcionado a vida em sua plenitude. 
Agradeço em especial aos meus pais, Irio e Vera, 
pois nunca deixaram de acreditar na minha 
capacidade e sempre permitiram que trilhasse 
meu caminho através dos estudos. 
Aos Corpos Docente e Discente do curso de 
Direito, pelo conhecimento ofertado. 
Não poderia deixar de lembrar aquela que sempre 
esteve presente comigo, e sempre me apoiando 
deixamos assim de passarmos momentos juntos. 
Á minha amada companheira obrigado pelo apoio 
e incentivo nas horas difíceis. 
 
DEDICATÓRIA 
Aos meus pais, Irio Antônio Brun e Vera Lourdes 
Brun, pois sempre se fizeram presentes, apesar 
da distância, nunca deixaram de dar-me coragem 
para continuar. 
À Liciane Brun e Mariana Brun, minhas irmãs as 
quais amo muito. 
Á minha noiva, Vívian Cardoso da Silva pelo 
apoio, incentivo e paciência nos momentos de 
privação, para que hoje eu pudesse chegar até 
aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí, 07 de novembro de 2008 
 
 
FELIPE BRUN 
Graduando 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Felipe Brun, sob o título Aspectos 
Gerais sobre o Termo Circunstanciado Realizado pela Polícia Militar, foi 
submetida em 07 de novembro à banca examinadora composta pelos seguintes 
professores: MSc. Rodrigo José Leal, Orientador e Presidente da Banca e 
Coordenador da Monografia, MSc. Antônio A. Lapa; e aprovada com a nota : 
Itajaí, 07 de novembro de 2008. 
 
MSc. RODRIGO JOSÉ LEAL 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
MSc. ANTÔNIO A. LAPA 
Coordenação da Monografia 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ADIN = ADIn = ADI – Ação Direta de Insconstitucionalidade 
 
CP = CPB – Código Penal = Código Penal Brasileiro. 
 
CPP – Código de Processo Penal. 
 
CRFB = CF – Constituição da República Federativa do Brasil = Constituição 
Federal 
 
HC – Habeas Corpus. 
 
RTJ – Revista do Tribunal de Justiça. 
 
STF = Supremo Tribunal Federal. 
 
STJ = Superior Tribunal de Justiça. 
 
TCO = TC – Termo Circunstanciado de Ocorrência = Termo Circunstanciado 
 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Autoridade Policial 
Conceito de “autoridade policial” como qualquer pessoa investida 
de função policial - Comissão Nacional de Interpretação da Lei no 9099, de 26 de 
setembro de 1995: “Nona – A expressão “autoridade policial” referida no art. 69 
compreende quem se encontra investido em função policial, podendo a Secretaria 
do Juizado proceder à lavratura de termo de ocorrência e tomar as providências 
previstas no referido artigo”. Conceito de “autoridade policial” como qualquer 
“autoridade pública” 
A expressão ‘autoridade policial’, prevista no art. 69 da Lei 
9.099/95, abrange qualquer autoridade pública que tome 
conhecimento da infração penal no exercício do poder de polícia.1 
Termo Circunstanciado 
O conceito de Termo Circunstanciado está restringido na 
Lei 9.099/95, sendo esta uma peça fundamental para a continuidade dos atos que 
envolvem todos os crimes elencados pela presente lei, ou seja os crimes de até 
dois anos de prisão, e as contravenções penais. 
O termo circunstanciado de ocorrência, é uma peça que não 
precisa se revestir de formalidades especiais e na qual a 
autoridade policial que tomar conhecimento de infração penal de 
menor potencial ofensivo, com autor previamente identificado, 
registrará de forma sumária as características do fato [...]2. 
 
 
1
 Julio Fabbrini Mirabete, Juizados Especiais Criminais. São Paulo: Atlas, 3, 1998, p. 60. 
2
 JUNIOR, Joel Dias Figueira; LOPES, Maurício Antonio Ribeiro. Comentários à Lei dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 472. 
 
 
 
SUMÁRIO 
RESUMO............................................................................................ X 
INTRODUÇÃO ................................................................................. 11 
Capítulo 1 ........................................................................................ 12 
ABRANGÊNCIA GERAL SOBRE OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA LEI N° 
9.099/95.................................................................................................................12 
1.1.1PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA LEI Nº 9.099/95....................................12 
1.1.2 PRINCÍPIO DA ORALIDADE.......................................................................15 
1.1.3 PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE ..................................................................16 
1.1.4 PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE..............................................................17 
1.1.5 PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL................................................18 
1.2.1 INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO......................21 
1.2.2 O TERMO CIRCUNSTANCIADO ................................................................24 
 
CAPÍTULO 2..........................................................................................................28 
ASPECTOS ABRANGENTES SOBRE AUTORIDADE POLICIAL......................28 
2.1.1 AUTORIDADE POLICIAL............................................................................28 
2.1.2 ALGUMAS AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE 
INTENTADAS SOBRE O TEMA...........................................................................35 
2.1.3 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.............................................46 
2.1.4 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA..................................................47 
 
CAPÍTULO 3..........................................................................................................49 
A LEGALIDADE DO TERMO CIRCUNSTANCIADO REALIZADO PELA 
POLÍCIA MILITAR.................................................................................................49 
3.1.1 A LEGITIMIDADE DO TERMO CIRCUNSTANCIADO REALIZADO PELA 
POLÍCIA MILITAR.................................................................................................49 
3.1.2 PROVIMENTO DO PODER JUDICIÁRIO....................................................51 
3.1.3 POSIÇÃO INSTITUCIONAL - TC LAVRADO PELA BRIGADA MILITAR DO 
ESTADO DO RIO GRANDEDO SUL...................................................................52 
3.1.4 PROVIMENTO n.º 04/99, DA CORREGEDORIA DO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA..................................................55 
 
3.1.5 CORREGEDORIA GERAL DE SANTA CATARINA ....................................56 
31.6 MINISTÉRIO PÚBLICO................................................................................ 56 
3.2.1 POSICIONAMENTOS DOUTRINÁRIOS......................................................57 
3.3.1 VANTAGENS DECORRENTES DA LAVRATURA DO TERMO 
CIRCUNSTANCIADO REALIZADO PELA POLÍCIA MILITAR ............................58 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................60 
 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS...............................................................62 
 
ANEXOS................................................................................................................65 
 
 
 
 
RESUMO 
Objetivando propiciar um entendimento teórico sobre os 
aspectos gerais da execução do Termo Circunstanciado realizado pela Polícia 
Militar, o presente trabalho vem para esclarecer, á luz da legislação pertinente, 
alguns parâmetros básicos e fundamentais para a realização do estudo. 
 
Regida sobre os critérios da CELERIDADE, da 
SIMPLICIDADE, da INFORMALIDADE, da ORALIDADE e da ECONOMIA 
PROCESSUAL, a Lei n.º 9.099/95 determinou, em seu artigo 69, que a autoridade 
policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará Termo Circunstanciado e o 
encaminhará imediatamente ao Juizado providenciando-se as requisições dos 
exames periciais necessários, estabelecendo, ainda, que não se imporá prisão 
em flagrante ao autor do fato que, após a lavratura do termo assumir o 
compromisso de comparecer ao Juizado Especial Criminal. 
 
Estes ensinamentos teóricos doutrinários, jurisprudenciais, 
e principalmente legais, evidenciam que o Policial Militar é a autoridade policial 
competente para a lavratura do termo circunstanciado. 
 
 11
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto a legalidade para 
a realização do Termo Circunstaqnciado pela Polícia Militar 
O seu objetivo é esclarecer o entendimento que a 
autoridade policial que trata o artigo 69 da lei 9.099/95, em matéria estadual, 
além das polícias civis, é também a Polícia Militar 
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de 
Apresentar uma abrangência geral sobre os princípios que regem a lei 9.099/95 
No Capítulo 2, está consignado o conceito de autoridade 
policial, numa abrangência expressiva da doutrina e jurisprudência 
No Capítulo 3, trata-se da legalidade do Termo 
Circunstanciado Realizado pela Polícia Militar 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das 
reflexões sobre o termo circunstanciado realizado pela Polícia Militar. 
Para a presente monografia foram levantadas as 
seguintes hipóteses: 
� O conceito de Autoridade Policial, tendo como premissa a lei 9.099/95; 
� A Polícia Militar é o órgão competente para a lavratura do termo 
circunstanciado; 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na 
Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de 
Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na 
presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
 
 
 12
 
CAPÍTULO 1 
 
ABRANGÊNCIA GERAL SOBRE OS PRINCÍPIOS 
NORTEADORES DA LEI N° 9.099/95 
 
1.1.1PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA LEI Nº 9.099/95 
 
No ano de 1995, foi publicada a Lei n.º 9.099, que dispõe 
sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, alterando assim o processo 
penal brasileiro para implementar uma Justiça com mais eficácia, agilidade, 
menos onerosa e mais abrangente. 
 
Esta referida Lei é Regida pelos critérios da 
CELERIDADE, da SIMPLICIDADE, da INFORMALIDADE, da ORALIDADE e 
da ECONOMIA PROCESSUAL, princípios estes basilares no ordenamento 
jurídico brasileiro. 
 
O Juizado Especial Criminal, provido por Juízes togados 
ou togados e leigos, tem a competência para a conciliação, o julgamento e a 
execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, assim 
consideradas, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena de 
multa, restritiva de direitos ou privativa de liberdade cuja máxima não seja 
superior a 02 (dois) anos. 
 
O processo perante o Juizado Especial Criminal objetiva, 
sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação 
de pena não privativa de liberdade. 
 
 13
Para atender os critérios da CELERIDADE, da 
SIMPLICIDADE, da INFORMALIDADE, da ORALIDADE e da ECONOMIA 
PROCESSUAL, devemos entender os princípios que norteiam tais critérios, 
sob uma abrangência geral e simplificada. 
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello: 
 
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, 
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia 
sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo 
de critério para sua exata compreensão e inteligência, 
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema 
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido 
harmônico3. 
 
Os princípios são preceitos morais, verdades 
fundamentais, essência em que se baseia o sistema jurídico. Já os critérios são 
menos abrangentes, são mais um modo de apreciação, uma propriedade de 
distinção do falso e do verdadeiro, não possuindo o suporte fundamental que 
os princípios detém. Sendo assim, o legislador equivoca-se ao referir-se como 
"critérios" o que, na verdade, são verdadeiros "princípios" orientadores do 
processo dos Juizados Especiais Criminais, já consagrados na teoria geral do 
processo e, também, pelos principais doutrinadores4. 
 
Com o intuito de evitar que a palavra princípios 
supostamente pudesse indicar que estes fossem exclusivos aos Juizados 
Especiais, porém já é sabido que os princípios não orientam apenas uma lei ou 
outra, mas sim, a todo ordenamento jurídico. 
 
É claro que não podemos deixar de fora, os princípios 
gerais da ação penal, como o contraditório e ampla defesa, devido processo 
 
3
 MELLO, Celso Antônio Bernardes de. apud SOUZA, Lourival de J. Serejo. O Acesso à Justiça 
e aos Juizados Especiais. Op. cit., p. 30. 
 
4
 LENZA, Suzani de Melo. Juizados Especiais Cíveis. Goiânia: AB, 1997, pág. 91. 
 14
legal, estado de inocência, imediata aplicação da nova lei processual, vedação 
das provas ilícitas , entre outros. 
 
O legislador dispôs nos artigos 2º da Lei nº 9.099/95 5que 
o processo nos Juizados Especiais orientar-se-á pelos "critérios" da oralidade, 
informalidade, economia processual, simplicidade e celeridade, porém, a 
expressão mais adequada para a apreciação deste artigo, como bem 
salientamos, deveria ser de "princípios". 
 
 Também está consignado os princípios no artigo 62 da 
referida lei, que assim rege: 
 
Art. 62. O processo perante o juizado especial orientar-se-á 
pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, 
objetivando sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a 
aplicação da pena não privativa de liberdade. 
 
Conforme Assis: 
 
Devemos salientar a importância da efetiva aplicação dos 
princípios que orientam o Juizado Especial, de forma a atender 
aos fins colimados com a criação destes, facilitando o acesso 
das partes à prestação jurisdicional e à satisfação imediata 
dessa prestação, contribuindo ainda para o 
descongestionamento do Juízo Comum6. 
 
Damásio Evangelista de Jesus, deixa claro em sua obra 
que:5
 Art. 2° O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou 
transação. 
6
 ASSIS, Arnoldo Camanho de. Juizados Especiais Cíveis: Pedido Contraposto Formulado por 
Pessoa Jurídica. Brasília: Revista dos Juizados Especiais: Doutrina e Jurisprudência, n.4, v.8, 
p. 13-16, jan/jun 2000. 
 
 15
 Para uma lei que busca esclarecer linhas gerais de processo 
no âmbito da competência legislativa concorrente, esses 
princípios já são suficientes para delinear a forma e os 
objetivos do procedimento especial. Sob outro aspecto, a 
oralidade, a informalidade e a possibilidade de transação 
atendem ao desejo do constituinte de agilização da máquina 
judiciária, no sentido da pronta repressão das infrações penais 
menos graves7. 
 
A especificação de cada princípio que a lei regulamenta, 
ou seja, os critérios orientadores, serão abordados e explicados a seguir. 
 
1.1.2 Princípio da Oralidade 
 
O princípio da oralidade é utilizado para dar maior 
celeridade à atuação dos Juizados Especiais Criminais. Consiste num princípio 
informativo do procedimento, onde há prevalência da palavra "falada". Esse 
princípio torna o procedimento mais ágil e enxuto. 
 
O princípio da oralidade consiste na prevalência de 
procedimentos orais, inclusive no que cabe às declarações feitas perante o juiz. 
Analisando o texto legal, observamos diversos dispositivos que expressam a 
vontade do legislador neste sentido. Dentre eles, podemos citar: 
O artigo 75, da lei 9.099/95 ao estabelecer que o direito 
de representação poderá ser exercido verbalmente, não requerendo maiores 
formalidades; 
O artigo 77, da respectiva lei, possibilitando que o 
Ministério Público possa oferecer denúncia oral; 
O artigo 77, parágrafo 3º, da lei 9.099/95 consagrando 
que o ofendido, no caso de ação penal privada, poderá oferecer queixa oral, “... 
cabendo ao juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso 
 
7
 Jesus, Damásio E. de, Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada. 3ª Ed – São Paulo : 
Saraiva, 1996, p. 27. 
 16
determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 
desta Lei”; quer dizer, se as peças existentes devem ser encaminhadas ao 
juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei; 
O artigo 81, também da lei 9.099/95 é fiel ao princípio da 
oralidade, informa que a defesa, as alegações das partes, os debates e a 
sentença serão orais. 
No entanto, a forma escrita não foi excluída e os atos 
essenciais deverão ser escritos, conforme o disposto no art. 65, § 3º onde 
consta que "serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos 
como essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento 
poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente". 
 
1.1.3 Princípio da Simplicidade 
 
Tal princípio rege que os atos processuais presentes na 
lei 9.099/95 devem ser simples, ou seja, sem complexidades. A primeira das 
aplicações práticas dessa formulação do princípio da simplicidade dá-se nas 
decisões judiciais. A lei dos Juizados Especiais, em relação à sentença, 
dispensa o relatório, estabelecendo um norte para o julgador, que deverá 
prolatar decisão concisa, em patente intuito de abreviar o procedimento. Mas 
também a linguagem da fundamentação das decisões deverá ser simplificada. 
 
 O princípio da simplicidade significa dispensar o 
formalismo, buscando a concentração dos atos. A exemplo desse princípio, 
verifica-se que as partes fazem jus a faculdade de estarem ou não assistidos 
por advogado quando o valor da causa for inferior a 20 (vinte) salários 
mínimos. O Legislador criou condições para parte agir em Juízo sem precisar 
estar acompanhado de advogado, através da simplicidade dos atos. 
 
Portanto, a simplicidade mesmo não estando tratada no 
art. 62 da Lei nº 9.099/95 não pode ser desconsiderada no texto, ou seja, o 
 17
artigo 2º deve aplicar-se tanto para os Juizados Especiais Cíveis quanto para 
os Criminais, por tratar-se de um dispositivo geral . 
 
Este princípio pretende diminuir a burocracia dos meios 
aplicados para solucionar os casos concretos, simplificando o montante de 
materiais utilizados sem comprometer o resultado da atividade jurisdicional. 
 
1.1.4 Princípio da Informalidade 
 
O princípio da informalidade dispensa o rigor do 
processo. Esse princípio deve estar presente em todas as fases do processo 
para não se ferir o seu escopo de processo rápido, devendo adequar-se 
apenas ao princípio constitucional do devido processo legal como exigência de 
segurança da parte. 
 
No dizer de Damásio Evangelista de Jesus, este princípio 
Imprime ao processo um ritmo sem formalidades inúteis.8 Como se observa, a 
informalidade está intimamente ligada aos demais princípios norteadores do 
processo de competência dos Juizados Especiais Criminais. Na realidade, 
cada um deles vem reforçar e complementar o outro. Através do princípio da 
informalidade alcançamos, por exemplo, incalculável economia da máquina 
judiciária. 
 
Figueira relata que: 
 
 Este princípio decorre do princípio da instrumentalidade das 
formas (art. 154 do CPC) e demanda que seja dado ao 
processo um andamento que retire as formalidades inúteis, 
erradicando o excessivo rigorismo formal do processo dos 
Juizados Especiais9. 
 
 
8
 Damásio E. de Jesus, 1996, p. 45. 
9
 FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Comentários à Lei dos juizados Especiais Cíveis e Criminais, 
São Paulo: RT, 2000, pág. 243 
 18
Não se deve olvidar que o juiz deva observar um mínimo 
de regras e formalidades que, são indispensáveis. Segundo Assis: 
A informalidade objetiva não exclui atos processuais 
necessários, mas retira atos solenes sem utilidade prática que 
impedem a célere realização da justiça 10. 
 
 
 
1.1.5 Princípio da Economia Processual 
Trata-se de princípio consagrado no Direito Processual 
pátrio, segundo o qual o ato eventualmente praticado em desacordo com o rito 
estabelecido será válido, desde que não fira os fins da justiça. Deste modo, não 
haverá anulação inútil de atos que não tenham causado prejuízo às partes. 
Esse princípio recomenda que se obtenha o máximo 
resultado na atuação da lei com o mínimo de atividades e atos processuais. 
Mais, ainda, o Legislador se preocupou com as despesas que o jurisdicionado 
poderia ter ao ingressar com pedido nos Juizados Especiais e assim, o isentou 
de taxas e custas processuais. 
 
Segundo o princípio da economia processual, entre 
múltiplas alternativas deve ser escolhida a que trouxer menos encargos para as 
partes ou para o Estado. 
Constatamos que este princípio também informa o 
processo nos Juizados Especiais, já que o espírito da lei é produzir “o máximo 
de resultado com o mínimo de esforço”.11 Na verdade, é somente através do 
processo que o Estado-Juiz aplicará o direito ao caso em concreto. Para isto, 
deverá lançar mão de todos os meios possíveis para alcançar este objetivo. 
 
10
 ASSIS, Arnoldo Camanho de. Juizados Especiais Cíveis: Pedido Contraposto Formulado por 
Pessoa Jurídica, Brasília: Revista dos Juizados Especiais, 2000, pág. 13 - 16. 
11
 GRINOVER, Ada Pellegrini. As nulidades do processo penal. São Paulo:Malheiros, 1994, p. 
28. 
 19
A Lei nº 9.099/95 consagra este princípio no seu artigo 
65: 
Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem 
as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os 
critérios indicados no art. 62 desta Lei. 
Complementando, dispõe o parágrafo 1º do mesmo 
artigo: 
Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido 
prejuízo.1.1.6 Princípio da Celeridade 
O princípio da celeridade vem atender soluções 
imediatas aos conflitos de interesses , preconizando a resposta célere da 
Justiça Criminal com rapidez nos procedimentos, agilizando a prestação 
jurisdicional, diminuindo o tempo entre a infração e a solução e, assim, 
atribuindo maior credibilidade à Justiça. Tanto é assim, que os atos 
processuais poderão se realizar à noite em qualquer dia da semana (art. 64 da 
Lei nº 9.099/95), nenhum ato será adiado (art. 80) e a citação poderá ser feita 
no próprio Juizado (art. 66)(13). 
 
Conforme ensina Victor Eduardo Rios Gonçalves: 
Já o princípio da celeridade processual busca reduzir o tempo 
entre a prática da infração penal e a decisão judicial, para dar 
uma resposta mais rápida à sociedade12. 
A Lei 9.099/95 investiu na criação de diversos institutos 
que permitem a agilização do processo e uma solução mais rápida para o 
 
12
 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios, Juizados Especiais Criminais doutrina e jurisprudência, 
São Paulo: Saraiva, 1998 p. 4. 
 20
conflito de interesses apresentado ao Poder Judiciário. A suspensão 
condicional do processo, incluída nesta Lei, é um dos mais notáveis institutos 
inseridos no Direito Processual brasileiro. O chamado “sursis processual” 
proporciona a extinção do processo e grande economia da "máquina" judiciária. 
Deste modo, Luiz Flávio Gomes relata que: 
A suspensão do processo, reivindicada há anos pela doutrina 
nacional tem por base o princípio da oportunidade (...). É 
indiscutivelmente a via mais promissora da tão esperada 
desburocratização da Justiça Criminal (grande parte do 
movimento forense poderá ser reduzido), ao mesmo tempo em 
que permite a pronta resposta estatal ao delito, a imediata, na 
medida do possível, reparação dos danos à vítima, o fim das 
prescrições (essa não ocorre durante a suspensão), a 
ressocialização do autor dos fatos, sua não reincidência, uma 
fenomenal economia de papéis, horas de trabalho etc. Além 
de tudo, é instituto que será aplicado imediatamente por todos 
os juízes (não só os do juizado), não requer absolutamente 
nenhuma estrutura nova e permitirá que a Justiça Criminal 
finalmente conte com tempo disponível para cuidar com maior 
atenção da criminalidade grave, reduzindo-se sua escandalosa 
impunidade.13 
Além deste, a composição civil é outro importantíssimo 
instituto introduzido pela Lei nº 9.099/95 que proporciona celeridade. Conforme 
dispõe o seu artigo 74, parágrafo único, que rege: 
 Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação 
penal pública condicionada à representação, o acordo 
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou 
representação. 
 
13
 GOMES, Luiz Flávio. O modelo consensual brasileiro de justiça criminal: notas 
aproximativas. In: REVISTA DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL, Brasília, 
vol 1, nº 8, jul./dez. 1996, p. 99. 
 21
A celeridade é uma preocupação constante do 
Legislador, procurando equilibrar segurança nos julgamentos com rapidez. 
Esse princípio não pode intervir na cognição do Julgador, fazendo este decidir 
a lide de forma superficial e sem segurança para as partes. 
Contudo, não podemos deixar de considerar os princípios 
que emanam de nossa própria Constituição Federal, lei maior que deve ser 
respeitada por todo o ordenamento jurídico infraconstitucional. Assim, o 
princípio da celeridade não pode se sobrepor aos princípios constitucionais do 
devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório, e do duplo grau de 
jurisdição. 
 
 
1.2.1 INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL 
OFENSIVO 
 
Está previsto no art. 98, inciso I, da Carta Magna de 
1988, a obrigatoriedade de criação dos Juizados Especiais Criminais para a 
conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais de menor potencial 
ofensivo 14. 
O artigo 61 da Lei nº 9.099/95 veio para definir como 
infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais, 
previstas no decreto lei N° 3.688, de 06 de outubro de 1941, e os crimes cuja 
 
14
 CRFB, Art. 98 - A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - 
juizados especiais, providos por juizes togados, ou togados e leigos, competentes para a 
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações 
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, 
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas 
de juízes de primeiro grau; 
 22
pena máxima prevista em abstrato não fosse superior a um ano15, excetuadas 
aqui aquelas infrações em que a lei previsse procedimento especial. 
 
No entanto, em 18 de março de 1999, surge a Emenda 
Constitucional nº 22, que, alargando os juizados especiais à estrutura da justiça 
federal16, deu origem à publicação da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, 
trazendo consigo, o fato de que, para essa nova lei, consideram-se infrações 
penais de menor potencial ofensivo não aquelas cuja pena máxima cominada 
seja igual ou inferior a um ano, mas sim a dois anos17; como elemento 
complicador àqueles de postura mais rígida na interpretação e aplicação da lei, 
a norma mais benigna ainda teria deixado de excetuar os delitos cujo 
procedimento processual seja especial. O resultado seria, objetivar o aumento 
do rol de delitos menores, aos quais a própria Constituição e a lei permitem a 
não aplicação de penas corporais (penas de prisão por exemplo), mas aquelas 
comumente chamadas “penas alternativas”: as penas restritivas de direitos. 
Posteriormente, conforme a Redação dada pela Lei nº 
11.313, de 2006, alterou o artigo 61 da lei 9099/95, que assim rege: 
 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial 
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e 
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 
(dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela 
Lei nº 11.313, de 2006). 
 
Com a efetiva sanção e promulgação da Lei nº 9099, em 
26 de setembro de 1995, o que se fez foi definir o disposto no artigo 98, I, da 
Lei Maior. Com efeito, a Constituição Federal de 1988 propiciou um tratamento 
diferenciado àquilo que chamou “infrações penais de menor potencial 
ofensivo”. 
 
15
 Lei nº 9099/95, Art. 61 - Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para 
os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial. 
16
 CRFB, Art. 98, Parágrafo único - Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais 
no âmbito da Justiça Federal. 
17
 Lei nº 10.259/01 - Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar 
os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo. 
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta 
Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa. 
 23
Antes da entrada em vigor da Lei nº 9.099/95, aqueles 
que praticavam pequenas infrações penais dificilmente recebiam a devida 
resposta estatal. Muitas das infrações sequer chegavam ao conhecimento do 
Ministério Público e do Poder Judiciário. Aquelas condutas típicas de pequena 
monta que eram conduzidas às Delegacias pareciam tender, por diversos 
motivos (corrupção, “arquivamentos” indevidos de inquéritos policiais, através 
das já abordadas verificações preliminares de inquérito; prescrição e 
decadência18, etc.), a raramente ter seu curso normal (e legal) fielmente 
observado. 
Conforme asseguraThales Nilo Trein, Promotor de 
Justiça no Estado do Rio Grande do Sul, 
...Tal realidade desencadeava dois males a uma só vez. 
Primeiro, a sensação de impunidade que tomava conta desses 
pequenos infratores, encorajando-os à reincidência e à 
escalada dos demais degraus da criminalidade. (...) Em 
segundo plano, verifica-se uma completa desconsideração do 
Estado para com a posição das pessoas diretamente atingidas 
pelos delitos..19 
 
Seguindo o mesmo raciocínio, Weber Martins Batista 
leciona: 
... os Juizados surgem para atuar sobre essa gama de 
conflitos até então ignorada pelo Estado, oferecendo uma 
possibilidade de mitigação pelo Poder Judiciário, sem que com 
isso tenha que submetê-los ao sistema processual vigente 
que, como é notório, não tem capacidade para absorvê-los, 
uma vez que impor a essas pessoas o modo tradicional de 
 
18
 Em matéria penal, prescrição e decadência são causas de extinção da punibilidade previstas 
no Código Penal Brasileiro, art. 107, IV. 
19
 TREIN, Thales Nilo. As polícias militares à porta dos juizados especiais. In: REVISTA 
UNIDADE, Porto Alegre, Ano XIV, nº 26, abr./jun. 96, p. 7. 
 24
solução dos conflitos é o mesmo que negar a elas o direito de 
exigir do Estado que lhes preste jurisdição.20 
Este contexto parece ter provocado a promulgação da Lei 
9.099, de 26 de setembro de 1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais). A partir deste momento, as vítimas dos ilícitos de “bagatela” 
passaram a contar com legislação extremamente célere, capaz de lhes 
proporcionar a justa reparação pelo dano sofrido, reduzindo a desconfiança 
dessas pessoas em relação à Justiça e atacando o sentimento de impunidade 
que envolvia o ofensor. 
A nova sistemática introduzida pelo mencionado texto 
legal tem por objetivo reduzir a burocracia e racionalizar a Justiça Penal 
(especialmente no caso dos Juizados Especiais Criminais), tornando o 
procedimento mais ágil. 
Relativamente às Polícias Militares, inúmeras mudanças 
foram inseridas e serão merecedoras de destaque, já que seus integrantes são, 
na grande maioria das vezes, as primeiros a tomar conhecimento da ocorrência 
de infrações penais de menor potencial ofensivo. 
Assim sendo, ressalvadas as infrações penais militares 
(Lei n.º 9.099/95 - art. 90-A), são infrações penais de menor potencial ofensivo 
aquelas em que a lei comine pena máxima não superior a dois anos ou multa; 
bem como os crimes previstos na Lei n.º 10.741, de 01 de outubro de 2003 
(Estatuto do Idoso), aos quais seja atribuída pena máxima não superior a 
quatro anos21. 
 
 
 
20
 BATISTA, Weber Martins et al. Juizados especiais cíveis e criminais e suspensão 
condicional do processo penal. Rio de Janeiro:Forense, 1996, pp. 8-9. 
21
 Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não 
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro 
de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de 
Processo Penal. 
 
 25
1.2.2 O TERMO CIRCUNSTANCIADO 
 
O conceito de Termo Circunstanciado está consignado 
na Lei 9.099/95, sendo esta uma peça fundamental para a continuidade dos 
atos que envolvem todos os crimes elencados pela presente lei, ou seja os 
crimes de até dois anos de prisão, e as contravenções penais. 
Com o objetivo de tornar ágil o processo de competência 
dos Juizados Especiais Criminais, tendo em vista os princípios abordados 
alhures, o legislador substituiu os já conhecidos inquérito policial e auto de 
prisão em flagrante pelo que conceituou de termo circunstanciado. 
Joel Dias Figueira Jr. e Maurício Antônio Ribeiro Lopes, 
conceituam o Termo Circunstanciado como: 
O termo circunstanciado de ocorrência, ou simplesmente 
termo de ocorrência, é uma peça que não precisa se revestir 
de formalidades especiais e na qual a autoridade policial que 
tomar conhecimento de infração penal de menor potencial 
ofensivo, com autor previamente identificado, registrará de 
forma sumária as características do fato [...]22. 
Esclarecendo, “o termo circunstanciado a que alude o 
dispositivo nada mais é do que um boletim de ocorrência um pouco mais 
detalhado”23, eliminando assim o formalismo composto na peça inquisitorial ( 
auto de prisão em flagrante e inquérito policial). 
Conforme nos ensina Weber Martins Batista, 
... Ao tomar conhecimento do fato, a autoridade lavrará um 
termo, no qual fará constar tudo o que for importante para a 
 
22
 JUNIOR, Joel Dias Figueira; LOPES, Maurício Antonio Ribeiro. Comentários à Lei dos 
Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 472. 
23
 GRINOVER, Ada Pellegrini; FILHO, Antonio Magalhães Gomes; FERNANDES, Antonio 
Scarance; GOMES, Luiz Flávio. Juizados Especiais Criminais, 4ª ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2002, p 111 
 26
apuração do fato: como e por quem recebeu a notícia da 
infração; como estava o ofendido; no caso de lesão, que tipo 
de lesão apresentava; o que declarou ele; que versão deram 
ao fato a pessoa apontada como autora e as testemunhas (se 
compareceram e prestaram informações). Tudo isso, é 
evidente, da forma mais sucinta possível.24 
Observando a legislação vigente, a lavratura do termo 
circunstanciado deverá conter somente os dados indispensáveis para a sua 
composição. Dados estes que elencados pelo professor Gonçalves, são os 
seguintes: 
 
O termo, sempre que possível, deverá conter: 
1) A qualificação (dados pessoais, endereço, etc.) do pretenso 
autor da infração; 
2) a qualificação da vítima 
3) a maneira como os fatos se deram, com a versão das 
partes envolvidas; 
4) a qualificação das testemunhas, bem como resumo do que 
presenciaram; 
5) os exames que foram requisitados ( não é necessário o 
resultado dos exames, mas tão somente que conste quais 
foram requisitados); nos crimes de lesões corporais deverá 
conter ao menos um boletim médico acerca das lesões ( art. 
77, § 1º); 
6) assinatura de todos os que participaram da elaboração do 
termo circunstanciado. 
 
O entendimento do doutrinador Damásio Evangelista de 
Jesus, também fiel a este entendimento sobre a lavratura do termo 
circunstanciado, nos ensina que: 
 
24
 Weber Martins Batista, 1996, pp. 307-308. 
 27
 Um simples boletim de ocorrência circunstanciado substitui o 
inquérito policial. Deve ser sucinto e conter poucas peças, 
garantindo o exercício do princípio da oralidade.25 
No que diz respeito à finalidade do termo, reportamo-nos 
ao professor Gonçalves, que explica: 
 A finalidade do termo circunstanciado é a mesma do inquérito 
policial, mas aquele é realizado de maneira menos formal e 
sem a necessidade de colheita minuciosa de provas. O termo 
circunstanciado, portanto, deve apontar as circunstâncias do 
fato criminoso e os elementos colhidos quanto à autoria, para 
que o titular da ação possa formar a opinio delicti26. 
Contudo, o referido Termo Circunstanciado previsto na lei 
9.099/95, é inserido no nosso ordenamento jurídico para simplificar e agilizar 
todos os delitos de menor potencial ofensivo, bem como as contravenções 
penais. 
Isto posto, não significa que o inquérito policial deixe de 
existir, pois a objetividade da medida é notória quando não há o que se 
investigar ou apurar, no mais das vezes os fatos e seus autores são bem 
definidos, restando, por vezes, a certificação de materialidade delitiva a cargo 
de exame pericial. Na verdade, excepcionalmente, o Inquérito Policial poderá 
ser o instrumento adequado à apuração do caso mais complexo e assim dispôs 
a lei27.25
 Damásio Evangelista de Jesus, op. cit., 1996, p. 50. 
26
 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios, Juizados Especiais Criminais doutrina e jurisprudência, 
São Paulo: Saraiva, 1998 p. 19. 
27
 § 2º - Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da 
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças 
existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. 
Art. 66 - omissis 
Parágrafo único - Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças 
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. 
 28
 
 
CAPÍTULO 2 
 
ASPECTOS ABRANGENTES SOBRE AUTORIDADE 
POLICIAL 
 
2.1.1 Autoridade Policial 
 
Para entender o correto conceito de autoridade policial, devemos 
observar os conceitos determinados pela doutrina e jurisprudência, no que diz 
respeito á autoridade policial. 
 
Para o doutrinador Álvaro LAZZARINI, significa que: 
 
Autoridade Policial é um agente administrativo que exerce 
atividade policial, tendo o poder de se impor a outrem nos 
termos a lei, conforme o consenso daqueles mesmos sobre os 
quais a sua autoridade é exercida, consenso esse que se 
resume nos poderes que lhe são atribuídos pela mesma lei, 
emanada do Estado em nome dos cidadãos28. 
 
 
28
 LAZZARINI, Álvaro, Estudos de Direito Administrativo, 2 ed., São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 1999, p. 269. 
 
 29
Fica demonstrado que Autoridade Policial é um conceito 
abrangente e personalíssimo, assim descrito pelo legislador, que lhe é 
outorgado poderes legais para agir em nome do Estado. Vindo desta 
premissa, a critério da lei 9.099/95 no seu artigo 69 que rege: 
 
 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da 
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará 
imediatamente ao juizado, com o autor do fato e a vítima, 
providenciando-se as requisições dos exames periciais 
necessários. 
Parágrafo único - Ao autor do fato que, após a lavratura do 
termo, for imediatamente encaminhado ao Juizado ou assumir 
o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em 
flagrante, nem se exigirá fiança. 
 
Na doutrina, as opiniões divergem entre aqueles que 
sugerem o modelo convencional, objetivando uma interpretação fechada do 
disposto no artigo 144, § 4º, da Constituição Federal29. 
 
Nogueira entende da seguinte forma: 
 
A autoridade policial a que se refere o art. 69 só pode ser o 
Delegado de Polícia, a quem, cabe presidir inquéritos policiais 
e, como tal, também elaborar o termo circunstanciado. Não se 
compreende que alguns queiram incluir com autoridade policial 
os seus agentes, como os investigadores, os escrivães e até 
mesmo os militares30. 
 
Conforme a interpretação do autor, o mesmo inclui entre 
os chamados “agentes da autoridade policial” os militares, entendidos como 
 
29
 CRFB, Art. 144, [...], § 4º - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, 
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração 
de infrações penais, exceto as militares. 
30
 NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Juizados especiais cíveis e criminais. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 
78. 
 30
policiais militares. Agentes são aqueles que agem em nome de outrem que 
detém poder outorgado por lei; a questão deve ser analisada no campo do 
direito administrativo, posto que somente pode ser dirimida pela via de análise 
da estrutura do Estado e da característica presença de poder hierárquico e 
disciplinar entre os ocupantes dos cargos distribuídos nos respectivos órgão 
públicos. Há um equívoco do autor quando em seu raciocínio vincula policiais 
militares ao Delegado de Polícia, e isso certamente o faz porque no dia-a-dia, 
agindo na repressão criminal imediata e assim prendendo em flagrante delito 
infratores, os policiais militares conduzem, nessas condições, pessoas aos 
Delegados de Polícia para deliberação acerca da autuação do caso. 
 
Entre outros autores no cenário jurídico, também 
defendem a mesma tese de exclusividade dos Delegados de Polícia na 
lavratura de termos circunstanciados, sendo que Mirabette assim explica: 
 
As autoridades policiais são as que exercem a polícia judiciária 
que tem o fim de apuração das infrações penais e da sua 
autoria (art. 4º do CPP). Entretanto, tem-se afirmado que, no 
que diz respeito às infrações penais de menor potencial 
ofensivo, qualquer agente público que se encontre investido 
da função policial, ou seja, de poder de polícia, pode lavrar o 
temo circunstanciado ao tomar conhecimento do fato que, em 
tese, possa configurar infração penal, incluindo-se aqui não só 
as polícias federal e civil (art. 144, § 1º, IV, e § 4º da CF), 
como à polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal e 
polícias militares (art. 144, II, III e V, da CF). [...] Assim, todo 
agente público regularmente investido na função de 
policiamento preventivo ou de polícia judiciária poderia 
conduzir o autor do fato à presença da autoridade policial civil 
ou do próprio Juizado para lavratura do termo circunstanciado, 
conforme disponham as legislações estaduais. Conceito de 
“autoridade policial” como qualquer pessoa investida de 
função policial - Comissão Nacional de Interpretação da Lei 
no 9099, de 26 de setembro de 1995: “Nona – A expressão 
“autoridade policial” referida no art. 69 compreende quem se 
 31
encontra investido em função policial, podendo a Secretaria do 
Juizado proceder à lavratura de termo de ocorrência e tomar 
as providências previstas no referido artigo”. Conceito de 
“autoridade policial” como qualquer “autoridade pública” 
– Confederação Nacional do Ministério Público: Conclusão – “ 
1. A expressão “autoridade policial”, prevista no art. 69 da Lei 
9099/95, abrange qualquer autoridade pública que tome 
conhecimento da infração penal no exercício do poder de 
polícia”. Não nos parece procedente tal interpretação. [...] 
Conclui-se, portanto, que, à luz da Constituição Federal e da 
sistemática jurídica brasileira, autoridade policial é apenas o 
delegado de polícia, e só ele pode elaborar o termo 
circunstanciado referido no art. 6931. 
 
Contudo, observaremos que Mirabette é um dos poucos 
notáveis doutrinadores que atendem essa tese. Fortes posicionamentos 
indicam no sentido contrário: 
 
Uma questão que pode gerar dúvida é o entendimento relativo 
à expressão “autoridade policial”, conforme disposto no art. 69 
da Lei n. 9099/95. Considerando que a finalidade da lei é 
agilizar o processo, com uma estrutura que dispense a 
apuração da autoria e materialidade pelas vias tradicionais, os 
órgãos policiais que executarem a repressão imediata por 
qualquer um dos seus integrantes poderão, ao se depararem 
com a infração penal de competência dos juizados, 
encaminhar os envolvidos diretamente à autoridade judiciária. 
O termo “autoridade policial”, portanto, compreende quem se 
encontre investido na missão policial. [...] Damásio Evangelista 
de Jesus indica que nada impede que a autoridade policial 
seja militar. Essa também é a posição de Ada Pellegrini 
Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho, Antonio Scarance 
Fernandes e Luiz Flávio Gomes32. 
 
31
 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Juizados especiais criminais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 60-
61. 
32
 SILVA, Marco Antonio Marques da. Juizados especiais criminais. São Paulo: Saraiva, 1997, 
p. 107 
 32
 
O autor cita Ada Pelegrini Grinover, Antônio Magalhães 
Gomes Filho, Antônio Scarance Fernandes e Luiz Flávio Gomes, pois 
publicaram: 
 
Qualquer autoridade policial poderá ter conhecimento do fato 
que poderia configurar, em tese infraçãopenal. Não somente 
as polícias federal e civil, que têm a função institucional de 
polícia judiciária da União e dos Estados (art. 144, § 1º. IV, e § 
4º), mas também a polícia militar33. 
 
Vários outros doutrinadores, como Alexandre de Moraes, 
Alexandre Pazziglini Filho, Giaampaolo Poggio Smânio e Luiz Fernando 
Vaggione também concordam com este entendimento: 
 
A lei, ao determinar que autoridade policial que tomar 
conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o 
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e 
a vítima, refere-se a todos os órgãos encarregados pela 
Constituição Federal de defesa da segurança pública (art. 144, 
caput), para que exerçam plenamente sua função de 
“restabelecer a ordem34. 
 
Em comentário a Lei dos Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais, Joel Dias Figueira Júnior e Maurício Antônio Ribeiro Lopes também 
indicam que a atividade investigativa não deve ser despendida para as 
infrações penais de menor potencial ofensivo: 
 
As técnicas de investigação moderna devem ser reservadas 
aos casos mais graves de infração à ordem jurídica, sendo 
razoável que se dispense a instauração de procedimentos 
administrativos complexos para realizar atos de investigação 
 
33
 FERNANDES, Antonio Scarance; GRINOVER, Ada Pelegrini; GOMES, Luiz Flávio; GOMES 
FILHO, Antonio Magalhães. Juizados especiais criminais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
1996, p. 96-7. 
34
 MORAES, Alexandre; PAZZIGLINI FILHO, Mariano; SMANIO, Giampaolo Poggio; 
VAGGIONE, Luiz Fernando. Juizado especial criminal. São Paulo: Atlas, 1996, p. 36 
 33
com indispensável necessidade de reprodução judicial dos 
mesmos em fase posterior, a fim de observação rigorosa dos 
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, 
profundamente sacrificados na espera policial. O Juizado de 
Instrução, já mencionado e repelido pela Exposição de Motivos 
do CPP, se não ganha foros de definitividade e de opção 
manifesta do legislador, ao menos para as infrações de menor 
potencial ofensivo torna-se praticamente a regra35. 
Conforme questionamentos referentes à autoridade 
policial restrita aos Delegados de Polícia, para fins do art. 4º do Código de 
Processo Penal, parece-nos esclarecedora a menção a tal expressão no 
contexto das infrações penais de menor potencial ofensivo. 
A questão motivou a discussão e emissão de pareceres 
por parte de colegiados nacionais, tais como a Confederação Nacional do 
Ministério Público e Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de 
Justiça do Brasil. 
Estabeleceu a Confederação Nacional do Ministério 
Público, em sua primeira conclusão: 
A expressão ‘autoridade policial’, prevista no art. 69 da Lei 
9.099/95, abrange qualquer autoridade pública que tome 
conhecimento da infração penal no exercício do poder de 
polícia.36 
No que concerne à conclusão do Colégio Permanente de 
Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, observamos o seguinte: 
...pela expressão autoridade policial se entende qualquer 
agente policial, sem prejuízo da parte ou ofendido levar o fato 
diretamente a conhecimento do Juízo Especial.37 
 
35
 FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias; RIBEIRO LOPES, Maurício Antônio. Comentários à lei dos 
juizados especiais cíveis e criminais. 2. ed. rev. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 471. 
36
 Julio Fabbrini Mirabete, op. cit., 1998, p. 60. 
37
 Damásio Evangelista de Jesus, op. cit., 1996, p. 60. 
 34
Reconhecendo a competência dos policiais militares para 
a lavratura de termos circunstanciados, veio à lume a "carta de Cuiabá", 
oriunda do XVII Encontro Nacional dos Corregedores-Gerais do Ministério 
Público dos Estados e da União, a qual julgamos oportuno reproduzir: 
CARTA DE CUIABÁ 
 
Os Corregedores-Gerais do Ministério Público dos Estados e 
da União, reunidos em Cuiabá, MT, nos dias 25 a 28 de 
agosto de 1999, por ocasião do XVII Encontro Nacional, 
considerando que o conceito de autoridade policial aludido 
pelo art. 69, da Lei nº 9.099/95, não deve ser interpretado 
restritivamente; 
considerando os princípios da simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, previstos nos artigos 2º 
e 62, da Lei nº 9.099/95, e considerando que a atuação 
ministerial, pautada pelos cânones do interesse público, 
independe da origem do comunicado do ilícito criminal para 
adoção das providências pertinentes; 
concluem pela oportunidade da edição de recomendação 
aos integrantes do Ministério Público dos Estados e da 
União, observado o seguinte: 
a) o reconhecimento da plena legalidade dos termos 
circunstanciados lavrados por agentes públicos 
regularmente investidos nas funções de policiamento; 
b) a possibilidade da requisição direta de informações, 
documentos, diligências, laudos, perícias, etc, quando 
necessárias à elucidação dos fatos, não importando a origem 
do correspondente termo circunstanciado; 
c) a faculdade de remessa das peças ao juízo comum quando 
a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a 
formulação da denúncia, nos termos do § 2º, art. 77, da Lei 
9099/95 . 
 Cuiabá, MT, 28 de agosto de 1999 (grifos nossos). 
 
 35
Diante do exposto, não parece restar dúvida de que o 
policial militar está abarcado pelo raio de abrangência estabelecido pelo art. 69 
da Lei n.º 9.099/95, em sua menção a “autoridade policial”. 
No dizer de Damásio Evangelista de Jesus38, representa 
a finalidade básica do art. 69: a agilização da “prestação jurisdicional final”. 
 
2.1.2 Algumas Ações Diretas de Inconstitucionalidade intentadas sobre o 
tema 
 
É oportuno lembrar que, pelo mesmo motivo e mesma 
fundamentação jurídica, o Partido Social Liberal (PSL) e o Conselho Superior 
da Magistratura e a Secretaria de Segurança Pública paulistas (ADIN nº 2590-
SP) por ação distribuída à relatoria da eminente Ministra Ellen Gracie em 26 de 
dezembro de 2001. 
Posteriormente foi editado o Provimento nº 34 da 
Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que de igual 
forma autorizou a Polícia Militar a lavrar termos circunstanciados em infrações 
penais de menor potencial ofensivo, na data de 27 de fevereiro de 2002, o 
(PSL), segue contra a Corregedoria-Geral de Justiça do Estado do Paraná e 
intenta nova Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN nº 2618-PR). 
 
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2618-PR, Requerente 
PARTIDO SOCIAL LIBERAL (PSL), Advogado Wladimir 
Sérgio Reale, Requerido CORREGEDOR-GERAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ - DECISAO: - Vistos. O 
PARTIDO SOCIAL LIBERAL - PSL, com fundamento nos arts. 
102, I, a e p, e 103, VIII, da Constituição Federal, propõe ação 
direta de inconstitucionalidade, com pedido de suspensão 
cautelar, do Provimento n. 34, de 28 de dezembro de 2000, da 
Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do Estado do 
Paraná. A norma acoimada de inconstitucional tem o seguinte 
 
38
 Damásio Evangelista de Jesus, op. cit., 1996, p. 34. 
 36
teor: Provimento n. 34, de 28.12.2000. Capitulo 18, Juizado 
Especial Criminal. Seção, 2, Inquérito Policial e Termo 
Circunstanciado: . 18.2.1 A autoridade policial, civil ou militar, 
que tomar conhecimento da ocorrência, lavrara termo 
circunstanciado, comunicando-se com a secretaria do juizado 
especial para agendamento da audiência preliminar, com 
intimação imediata dos envolvidos. (Grifamos). 
 
 Este Provimento autoriza a Polícia Militar, representada 
por seus agentes por “autoridades policiais” a lavrar termos circunstanciados e 
comunicar a secretaria do Juizado Especial para agendamento da audiência 
preliminar. O Partido Social Liberal (PSL) ingressoucom uma Ação Direta de 
Inconstitucionalidade perante o Supremo TribunalFederal, postulando que o 
Provimento em questão feria a Constituição Federal 
Seguiu o Relatório decisivo: 
O autor diz, inicialmente, que o ato impugnado, o qual 
possibilita o conhecimento de termos circunstanciados 
lavrados pela Policia Militar, segundo o art. 69 da Lei 9.099/95, 
não possui caráter regulamentar, dado que o referido 
dispositivo legal não prescreve que deva ser regulamentado, 
e, mesmo que o fizesse, a competência para tal ato seria do 
Poder Executivo, nos termos do art. 84, IV, da Constituição 
Federal. 
 
Afirma, que o Provimento, no ponto indicado, tem o intuito de 
inovar o ordenamento jurídico estadual, atribuindo a Policia 
Militar competência que não detinha, criando procedimento de 
Direito Processual Penal, sujeitando-se, portanto, ao controle 
concentrado, por se mostrar genérico e abstrato. Sustenta, 
mais, em síntese, o seguinte: a) afronta a competência 
legislativa federal, a teor do art. 22, I, da Constituição Federal, 
mormente porque a definição do modo de agir de um agente 
publico para a realização de ato cujo escopo e deflagrar a 
persecução penal revela-se como matéria de Direito 
Processual Penal; ademais, ha também vulneração ao 
 37
principio da legalidade, em face da edição de ato de natureza 
infralegal; 
 
O argumento oposto na ADIN é de que somente a União 
tem competência para normatizar acerca de Direito Processual Penal, o que, 
na opinião do PSL, teria feito incorretamente um órgão do Poder Judiciário, e 
não do Legislativo, de um Estado, e não da União, sustentando sua tese de 
que, por mais esse motivo, o Provimento nº 34 da Corregedoria-Geral do 
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná seria inconstitucional. 
O PSL argumentou ainda, conforme síntese registrada no 
relatório do Ministro Carlos Velloso: 
b) ofensa a repartição constitucional de competências entre as 
polícias civil e militar, porquanto o art. 144, §§ 4º e 5º, da 
C.F./88, estabelece que compete a polícia civil as funções de 
polícia judiciária, enquanto que a polícia militar compete as 
funções de policiamento ostensivo e preservação da ordem 
publica; 
 
Seguindo na síntese dos argumentos sustentados pelo 
autor, traz o relatório mais: 
c) contrariedade ao princípio da repartição dos poderes, dado 
que não pode o Poder Judiciário editar norma que tenha por 
fim definir novas atribuições e competências as polícias civil e 
militar, que são órgãos vinculados ao Poder Executivo. 
Finalmente, sustentando a ocorrência do fumus boni juris e do 
periculum in mora, especialmente porque os policiais militares, 
sem formação superior em Direito, não tem habilitação 
adequada para realizar a tipificação dos crimes, decidir pela 
incidência do procedimento da Lei 9.099/95 e lavrar termos 
circunstanciados, pede o autor a concessão da medida 
cautelar liminar, inaudita altera pars, visando a suspensão, no 
ponto, do Provimento n. 34/2000, de 28 de dezembro de 2000, 
da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Paraná. (fl. 
18). Solicitaram-se informações (fl. 126), na forma do art. 12 
da Lei 9.868/99. 
 
 38
Nesse sentido, alegou o PSL que a certeza do direito, 
baseada na distribuição de competências distintas às polícias civil e militar pela 
Constituição Federal em seu artigo 144, e o perigo causado pelo fato de que 
policiais militares, sem formação jurídica adequada, estariam atuando no 
registro de termos circunstanciados de ocorrência, deveria ser o suficiente para 
a decisão imediata do Supremo Tribunal Federal. 
Seguindo o relatório, o Ministro Carlos Velloso traz as 
informações do Corregedor-Geral de Justiça do Estado do Paraná: 
O Exmo. Sr. Corregedor-Geral da Justiça do Estado do 
Paraná, as fls. 214/223, sustentou, em síntese, o seguinte: a) 
inadequação da via eleita (ação direta de 
inconstitucionalidade), uma vez que o ato impugnado, Código 
de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça, e provimento 
que visa a uniformidade de procedimentos e, para tanto, 
interpreta, ou regulamenta, dispositivo de norma 
infraconstitucional. (fl. 217), não tendo efeito vinculante senão 
para os serventuários da justiça, certo que, sendo 
regulamentar o ato impugnado, não pode ser acoimado de 
inconstitucional, resolvendo-se a questão no campo da 
legalidade, mediante o confronto com a legislação ordinária; b) 
constitucionalidade do ato impugnado, mormente porque o art. 
69 da Lei 9.099/95, ao dispor que o termo circunstanciado 
será lavrado pela autoridade policial, tão logo tome 
conhecimento da ocorrência, não afastou a possibilidade de a 
polícia militar ser assim considerada. (fl. 217); ademais, não 
sendo o termo circunstanciado inquérito policial, mas tão-
somente comunicação de fato relevante a autoridade 
judiciaria, não há porque atribuir a competência para lavrá-lo 
exclusivamente a policia civil, vedando tal prerrogativa aos 
demais órgãos da segurança pública relacionados no art. 144 
da Constituição Federal. 
 
O Advogado-Geral da União, na época Dr. Gilmar 
Ferreira Mendes, seguido pelo Procurador-Geral da República, opinou pelo não 
conhecimento da ação, ou seja, que a ação fosse sequer recebida: 
 
 39
O eminente Advogado-Geral da União, Dr. Gilmar Ferreira 
Mendes, as fls. 225/230, requer o não conhecimento da ação 
direta de inconstitucionalidade, ou, alternativamente, a sua 
improcedência. O Procurador-Geral da Republica, Prof. 
Geraldo Brindeiro, opinou pelo não conhecimento da presente 
ação direta de inconstitucionalidade, e, se conhecida, pela sua 
improcedência (fls. 232/235). 
 
Finalizando, conclui e decide o Relator, Ministro Carlos 
Velloso: 
Autos conclusos em 18.4.2002. Decido. Destaco do parecer 
do ilustre Procurador-Geral da República, Professor Geraldo 
Brindeiro: . (...) 8. Afirma o autor que o Provimento n. 34/2000, 
de 28 de dezembro de 2000, da Corregedoria-Geral do 
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, não tem natureza 
regulamentar, e, se regulamento fosse, seria da competência 
do Poder Executivo. 9. Observa-se, sim, que o referido ato 
impugnado, apenas visou interpretar a legislação 
infraconstitucional. Logo, não tendo invocado no ordenamento 
jurídico, consequentemente, não existe afronta ao principio da 
legalidade (art. 5º, II, CF). 10. Ademais, já existindo a lei, a 
questão só pode ser dirimida no campo da legalidade e não da 
inconstitucionalidade. 11. Poder-se-ia, sim, alegar que a 
expressão ou militar contida no item 18.2.1., do Capitulo 18, 
do Provimento n. 34/2000, teria extravasado o que fora 
estabelecido na lei. Nesse caso, possível extravasamento 
revelado resolve-se no campo da legalidade. Descabe, na 
hipótese, portanto, discuti-lo em demanda direta de 
inconstitucionalidade. Nesse sentido, a decisão proferida pelo 
Supremo Tribunal Federal na ADI n. 1.968-PE, relator o 
eminente Ministro MOREIRA ALVES (DJ de 04.5.01, p. 02, 
transcrição parcial): Ação direta de inconstitucionalidade. 
Dispositivos do Provimento n. 07, de 02 de outubro de 1997, 
do Corregedor-Geral da Justiça e do Ato PGJ n. 093, de 02 de 
outubro de 1997, do Procurador-Geral de Justiça, ambos do 
Estado de Pernambuco. (...) - Ademais, esse controle e 
 40
regulado em leis federais e estadual, e se os textos atacados 
ultrapassarem o nelas estabelecido ou com elas entrarem em 
choque, estar-se-á diante de hipótese de ilegalidade, o que 
escapa do controle de constitucionalidade dos atos 
normativos. - O mesmo se dá se os dispositivos impugnados 
atentarem contra quaisquer normas de processo penal. Ação 
direta que, preliminarmente, não e conhecida. 12. E de se 
concluir, pois, que a presente ação direta de 
inconstitucionalidade não pode ser conhecida. No concernente 
ao mérito, também, não assiste razão ao Partido requerente, 
porquanto inexiste afronta ao art. 22, inciso I, da Constituição 
Federal, visto que o texto impugnado nãodispõe sobre direito 
processual ao atribuir a Autoridade Policial-militar competência 
para lavrar termo circunstanciado a ser comunicado ao juizado 
especial. Não se vislumbra, ainda, nem mesmo afronta ao 
disposto nos incisos IV e V, e §§ 4º e 5º, do art. 144, da 
Constituição Federal, em razão de não estar configurada 
ofensa a repartição constitucional de competências entre as 
policias civil e militar, além de tratar, especificamente, de 
segurança nacional. 13. Ressalte-se, outrossim, que a Lei n. 
9.839, de 27 de setembro de 1999, ao acrescentar o artigo 90-
A a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, dispôs em seu 
art. 2º: As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da 
Justiça Militar. Ante o exposto, opino no sentido do não 
conhecimento da presente ação direta de 
inconstitucionalidade, e prejudicado, portanto, o pedido de 
medida liminar. Se conhecida a ação, o parecer e no sentido 
da sua improcedência. (...) (fls. 234/235). 
 
Sobre o Provimento nº 34 da Corregedoria-Geral do 
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, assim concluiu o STF: 
 
Está correto o parecer. O ato normativo impugnado não e um 
ato normativo primário, mas secundário, interpretativo de lei 
ordinária, a Lei 9.099, de 1995. A questão, pois, não e de 
inconstitucionalidade. Se o ato regulamentar vai alem do 
 41
conteúdo da lei, pratica ilegalidade. Destaco da decisão que 
proferi na ADIn 1.875-DF: . (...) A duas, porque o objeto da 
ação e ato regulamentar, assim ato normativo secundário, que 
regulamenta disposições da Lei n. 5.010/66. A questão assim 
posta, portanto, não seria de inconstitucionalidade: se o ato 
regulamentar vai alem do conteúdo da lei, pratica ilegalidade. 
No despacho que proferi negando seguimento a ADIn 1.547-
SP, aforada pela ADEPOL e que teve por objeto dispositivos 
do Ato 098/96, do Ministério Publico do Estado de São Paulo, 
asseverei: (...) O ato normativo impugnado nada mais e do 
que ato regulamentar, assim ato normativo secundário, que 
regulamenta disposições legais, normas constantes da Lei 
Complementar estadual n. 734, de 26.11.93, da Lei federal n. 
8.625, de 12.02.93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério 
Publico) e da Lei Complementar federal n. 75, de 20.05.93 (Lei 
Orgânica do Ministério Publico da União). A questão assim 
posta, não e de inconstitucionalidade. Se o ato regulamentar 
vai além do conteúdo da lei, pratica ilegalidade. No voto que 
proferi na ADIn 589- DF, lembrei trabalho doutrinário que 
escrevi sobre o tema - Do Poder Regulamentar, RDP 65/39 - 
em que registrei que, em certos casos, o regulamento pode 
ser acoimado de inconstitucional: no caso, por exemplo, de 
não existir lei que o preceda, ou no caso de o Chefe do Poder 
Executivo pretender regulamentar lei não regulamentável. 
Todavia, existindo lei, extrapolando o regulamento do 
conteúdo desta, o caso e de ilegalidade. 
 
Decidiu, então, o Supremo Tribunal Federal, na citada ADIn 
589- DF, por mim relatada: Constitucional. Administrativo. 
Decreto regulamentar. Controle de constitucionalidade 
concentrado. I. - Se o ato regulamentar vai alem do conteúdo 
da lei, pratica ilegalidade. Neste caso, não ha falar em 
inconstitucionalidade. Somente na hipótese de não existir lei 
que preceda o ato regulamentar, e que poderia este ser 
acoimado de inconstitucional, assim sujeito ao controle de 
constitucionalidade. II. - Ato normativo de natureza 
regulamentar que ultrapassa o conteúdo da lei não esta sujeito 
 42
a Jurisdição constitucional concentrada. Precedentes do STF: 
ADINs 311 - DF e 536 - DF. III. - Ação direta de 
inconstitucionalidade não conhecida. (RTJ 137/1100). Na ADIn 
1347-DF, Relator o eminente Ministro Celso de Mello, o 
Supremo Tribunal Federal decidiu que o eventual 
extravasamento, pelo ato regulamentar, dos limites a que se 
acha materialmente vinculado poderá configurar 
insubordinação administrativa aos comandos da lei. Mesmo 
que desse vicio jurídico resulte, num desdobramento ulterior, 
uma potencial violação da Carta Magna, ainda assim estar-se- 
a em face de uma situação de inconstitucionalidade 
meramente reflexa ou obliqua, cuja apreciação não se revela 
possível em sede jurisdicional concentrada. (DJ de 01.12.95). 
Nas ADIns 708-DF, Relator o Sr. Ministro Moreira Alves (RTJ 
142/718) e 392-DF, Relator o Sr. Ministro Marco Aurélio (RTJ 
137/75), outro não foi o entendimento da Corte. (...) No voto 
que proferi no RE 189.550-SP, de cujo acórdão me tornei 
relator, rememorei a jurisprudência da Casa no sentido acima 
exposto, portando referido acórdão a seguinte ementa: 
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. COMERCIAL. SEGURO 
MARITIMO. REGULAMENTO. REGULAMENTO QUE VAI 
ALEM DO CONTEÚDO DA LEI: QUESTAO DE ILEGALIDADE 
E NAO DE INCONSTITUCIONALIDADE. Decreto-lei n. 73, de 
21.11.63. Decretos n.s 60.459/67 e 61.589/67. I. - Se o 
regulamento vai além do conteúdo da lei, ou se afasta dos 
limites que esta lhe traça, comete ilegalidade e não 
inconstitucionalidade, pelo que não se sujeita, quer no controle 
concentrado, quer no controle difuso, a jurisdição 
constitucional. Precedentes do STF: ADIns 536-DF, 589-DF e 
311- DF, Velhos, RTJ 137/580, 137/1100 e 133/69; ADIn 708-
DF, Moreira Alves, RTJ 142/718; ADIn 392-DF, Marco Aurélio, 
RTJ 137/75; ADIn 1347- DF, Celso de Mello, .DJ. de 01.12.95. 
II. - R.E. não conhecido. Do exposto, nego seguimento a ação. 
(...).. Assim posta a questão, nego seguimento a ação. 
Publique-se. Brasília, 03 de maio de 2002. Ministro CARLOS 
VELLOSO – Relator”. 
 
 43
Entretanto, em 28 de fevereiro de 2002, sucumbia a 
ADIN nº 2618-PR, sem julgamento de mérito, pelo fato de que o partido 
perdera a representatividade no Congresso Nacional. 
 
Se esse processo restou terminado, ainda que sujeito à 
pendenga intentada, prosseguiu o mesmo causídico, dessa vez representando 
outro partido político – o Partido Liberal (PL) –, que com a mesma causa 
petendi, e fundamentação jurídica, voltava à tona contra o Provimento 758/01 
do Conselho Superior da Magistratura paulista e a Resolução nº 403/01 da 
Secretaria de Segurança Pública, através de nova Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADIN nº 2862-SP), distribuída por prevenção à Ministra 
Ellen Gracie em 26 de março de 2003, que foi julgado improcedente. 
 
Nesse tema, ainda que fora do controle de 
constitucionalidade concentrado, exclusivo do Supremo Tribunal Federal, 
convém trazer ao conhecimento do feito que o Superior Tribunal de Justiça, ao 
julgar o Habeas Corpus nº 7.1999-PR, já se posicionou: 
RELATÓRIO: O EXMO. SR. MINISTRO VICENTE LEAL 
(RELATOR): A ilustre Subprocuradora-Geral da República 
Maria Eliane Menezes de Farias, oficiando nos presentes 
autos, assim resumiu a espécie, verbis: “Cuida-se de habeas-
corpus impetrado por Elias Mattar Assad e outro, em favor de 
Marcius de Paula Xavier Goms, apontando como autoridade 
coatora o Governador do Estado do Paraná (fls.02/12). 
Narram os autos que o Paciente foi autuado por fiscal da 
Prefeitura de Guaratuba, e conduzido por policiais militares do 
Estado até um Cartório da Polícia Militar, onde foi lavrado um 
termo circunstanciado (fls.40), nos moldes da lei n.9099/95, 
tendo o Paciente se recusado a assinar o compromisso do 
artigo 69, parágrafo único, da Lei 9.099/95. Diante de tal fato, 
impetrou habeas corpus perante o Juízo Monocrático, 
apontando como autoridade coatora o comandante do 9º 
Batalhão da Polícia Militar, sustentando constrangimento ilegal 
 44
em virtude de o Paciente Ter sido ilegalmente notificado por 
policial militar a comparecer ao Juizado Especial Criminal da 
Comarca de Guaratuba por envolvimento em fato delituoso de 
menor potencial ofensivo.” O Governador do Estado, 
respondendo a expediente da defesa, afirmou, verbis: 
“Consultada sobre o assunto, a Secretaria de Estado da 
Segurança Pública informou que tanto o Poder Judiciárioquanto o Ministério Público, já se posicionaram a respeito da 
competência da Polícia Militar sobre o assunto, ou seja, a 
“lavratura de Termo Circunstanciado” previsto na Lei n 
9099/95...” (fls.13). A ordem foi denegada, entendendo o 
Magistrado que não houve nenhum prejuízo para o Paciente 
com a lavratura do termo circunstanciado e sua cientificação 
quanto à data da audiência preliminar, ao contrário, foi 
cumprida a finalidade prevista na lei, de trazer o caso 
imediatamente à apreciação do Juizado Especial Criminal da 
Comarca (fls.17/36). Por meio do presente writ, alega o 
Impetrante que a chefia do Poder Executivo violou preceito 
constitucional ao permitir o uso da força policial militar em 
funções tipicamente de polícia judiciária. Pretende seja o 
Paciente desobrigado de comparecer a qualquer repartição 
pública estadual sem que seja prévia e legalmente chamado 
por autoridade competente, decretando-se, ademais, a 
nulidade absoluta do termo circunstanciado, e, por fim, que 
seja determinada a suspensão da ordem governamental e 
cientificado o Comando Geral da Polícia Militar para que se 
abstenha dessa prática.”(fls.112/113). E na parte conclusiva 
do parecer, a nobre representante do Ministério Público 
Federal opina pela denegação da ordem (fls.114/116). É o 
relatório. VOTO: O EXMO.SR.MINISTRO VICENTE LEAL 
(RELATOR): “Sustentam os impetrantes que o paciente foi 
vítima de constrangimento porque, tendo sido acusado de 
prática de infração de menor potencial ofensivo, a lavratura do 
termo circunstanciado e a notificação para comparecer em 
Juízo foi efetuado por autoridades da Polícia Militar. Ora, tal 
fato não consubstancia qualquer ilegalidade, nem afronta o 
direito de locomoção do paciente. É certo que, como 
 45
acentuado no parecer do Ministério Público, tal providência 
deve ser realizada, a priori, pela Polícia Judiciária, através do 
Delegado de Polícia. Todavia, não tendo a Polícia Civil 
estrutura para atender a demanda desses serviços, não há 
impedimento legal que desautorize o Poder Executivo 
Estadual utilizar os órgãos da Polícia Militar, em regra 
destinados à relevante tarefa de policiamento ostensivo 
fardado. A propósito, transcreva-se excerto do parecer 
mencionado: “Outrossim, tecnicamente também não há 
prejuízo algum para o Paciente. Como não se trata de 
inquérito policial, não se deve exigir exclusividade do 
Delegado para lavrar o termo, como afirma o Impetrante, em 
vista de seus conhecimentos técnicos. Ora, a Polícia Militar 
está qualificada para atender a chamados de ocorrência de 
delitos, e, com certeza, saberá identificá-los, não com o rigor 
técnico de um profissional do Direito, mas com a experiência 
de sua digna atividade. Ademais, o termo circunstanciado 
apenas informa a ocorrência do delito e a data em que haverá 
a audiência perante o Juiz.” (fls.115). Correto, o 
pronunciamento da ilustre representante do Ministério Público 
o qual incorporo a este voto, adotando como razão de decidir. 
Isto posto, denego o habeas-corpus. É o voto.”39 
 
E, nos termos do relatório e voto do Relator decidiu o 
Superior Tribunal de Justiça: 
Superior Tribunal de Justiça – Habeas Corpus nº 7.1999/PR 
(REG 98.00196625-0) - Relator: Exmo. Sr. Ministro Vicente 
Leal - Impetrantes: Elias Mattar Assad e outro – Impetrado: 
Governador do Estado do Paraná - Paciente: Marcus de Paula 
Xavier Gomes – Ementa Penal: Processual Penal. Lei nº 
9.099/95. Juizado Especial Criminal. Termo Circunstanciado e 
notificação para audiência. Atuação de policial militar. 
Constrangimento ilegal. Inexistência. Nos casos de prática de 
 
39
 Disponível em http://www.stj.gov.br 
 46
infração penal de menor potencial ofensivo, a providência 
prevista no art.69, da Lei n. 9.099/95, é da competência da 
autoridade policial, não consubstanciando, todavia, ilegalidade 
a circunstância de utilizar o Estado o contigente da Polícia 
Militar, em face da deficiência dos quadros da Polícia Civil. 
Habeas Corpus denegado. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e 
discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma 
do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegar o 
habeas corpus, na conformidade dos votos e das notas 
taquigráficas a seguir. Votaram com o Sr.Ministro-Relator os 
Srs. Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro, Anselmo Santiago e 
Fernando Gonçalves. Ausente, por motivo de licença, o 
Sr.Ministro William Patterson. Brasília-DF, 1º de julho de 1998 
(data do julgamento) - 
2.1.3 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
Tratando-se do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, 
também manifestou-se da seguinte forma: 
 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PORTARIA 
DA SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA E DA 
SEGURANÇA. ART. 69 DA LEI Nº 9.099-95. ATRIBUIÇÃO DE 
COMPETÊNCIA À POLÍCIA MILITAR COM ALEGADA 
OFENSA AOS ARTS. 129 E 133 DA CONSTITUIÇÃO 
ESTADUAL. ATO REGULAMENTAR. HIPÓTESE SUJEITA À 
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL. LAVRATURA DE TERMO 
CIRCUNSTANCIADO POR QUALQUER AUTORIDADE 
INVESTIDA EM FUNÇÃO POLICIAL. COMPETÊNCIA DO 
SECRETÁRIO DE ESTADO PARA O ATO. IMPROCEDÊNCIA 
DO PEDIDO. 
[...] MÉRITO. Não verifica afronta à repartição constitucional 
das competências entre as polícias civil e militar. Expressão 
autoridade policial referida no art. 69 da Lei nº 9.099-95 
compreende quem se encontra investido em função policial, ou 
 47
seja, a qualquer autoridade. Ato que insere nas atribuições 
específicas do titular da Secretaria da Justiça e da Segurança, 
a quem é assegurada a competência sobre serviço policial 
militar e serviço policial civil (art. 8º, I, da Lei Estadual nº 
10.356-95). Prévio acordo entre o Ministério Público e a Polícia 
Estadual é decorrência do limitado alcance regulamentar do 
ato, de modo a programar paulatinamente sua observância 
nas comarcas que estiverem preparadas para o cumprimento 
das ações concretas do órgão da Administração responsável 
pelos serviços policiais. Hipótese de improcedência do 
pedido… (Ação Civil Pública n. 70014426563, Tribunal Pleno, 
rela. Desa. Maria Berenice Dias, j. 12/03/2007). 
 
2.1.4 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA 
 
[...] HABEAS CORPUS - LEI N. 9.099/95 - AUTORIDADE 
POLICIAL - POLICIAL MILITAR - LAVRATURA DE TERMO 
CIRCUNSTANCIADO - POSSIBILIDADE - INDICIAMENTO 
EM INQUÉRITO POLICIAL POR PRETENSA USURPAÇÃO 
DE FUNÇÃO - INADMISSIBILIDADE DIANTE DOS 
PRINCÍPIOS REGEDORES DA LEI N. 9.099/95 - FALTA DE 
JUSTA CAUSA - TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
- ORDEM CONCEDIDA. 
A Constituição Federal, ao prever uma fase de consenso entre 
o Estado e o agente, nas infrações penais de menor potencial 
ofensivo, criou um novo sistema penal e processual penal, 
com filosofia e princípios próprios. 
Para a persecução penal dos crimes de menor potencial 
ofensivo, em face do sistema previsto na Lei dos Juizados 
Especiais Criminais, e dando-se adequada interpretação 
sistemática à expressão “autoridade policial” contida no art. 69 
da Lei n. 9.099/95, admite-se lavratura de termo 
circunstanciado por policial militar, sem exclusão de idêntica 
atividade do Delegado de Polícia. 
 48
O termo circunstanciado, que nada mais é do que “um registro 
oficial da ocorrência, sem qualquer necessidade de tipificação 
legal do fato”, prescinde de qualquer tipo de formação técnico-
jurídica para esse relato (Damásio E. de Jesus) (HC n. 
00.002909-2, rel. Des. Nilton Macedo Machado, j. 18.4.2000). 
 
 
Contudo, fica assim exposto que a autoridade 
competente para a lavratura do termo circunstanciado, é também o Policial 
Militar, prosperando assim, uma procedência jurídica ampla e célere para o 
nosso ordenamento jurídico atual.

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