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Direito Processual Penal I

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Conceito
O que é o Direito Processual Penal?
Poder punitivo em exercício.
Conceito de Processo Penal
 
“Cometida a infração penal, nasce para o Estado o direito-dever de punir (pretensão punitiva), consubstanciado na legislação material, com alicerce no direito fundamental de que não há crime sem prévia lei que o defina, nem pena sem prévia lei que a comine”.¹
 
“O Direito Penal, que forma o corpo de leis voltado à fixação dos limites do poder punitivo estatal, somente se realiza, no Estado Democrático de Direito, através de regras previamente estabelecidas, com o fim de cercear os abusos cometidos pelo Estado, que não são poucos”.²
 
“Portanto, Direito Processual Penal é o corpo de normas jurídicas cuja finalidade é regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso concreto”.³
 
Em outras palavras podemos dizer que o direito processual penal é a materialidade, a forma de aplicação das normas penais (Código Penal-Decreto Lei 2.848/1940, a legislação especial ou a Lei de Execuções Penais - Lei nº 7.210/1984.
 
Fontes
Compreender os fundamentos sobre os quais se constrói o Direito Processual Penal.
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Fontes
 
Fonte é aquilo que origina ou produz, causa, procedência, proveniência, nascedouro ou nascente.¹
 
Temos as fontes material e formal. Vejamos:
 
1. A fonte material refere-se ao órgão que tem poderes para sua elaboração e criação. O artigo 22, I, da Constituição Federal menciona que a União Federal é a fonte de produção do Direito Processual Penal. Portanto, os Estados e os Municípios, num primeiro momento, não detêm o poder de legislar sobre o Direito Processual Penal. Se subdividem em mediatas e imediatas:
a) as fontes materiais mediatas: são as remotas que se manifestam através da sociedade em algum momento histórico por meio de valores, ideais e interesses;
b) as fontes materiais imediatas: referem-se ao órgão encarregado da elaboração da norma processual penal que é o Estado. Obs. É competência exclusiva de a União legislar sobre o Direito Processual Penal. Contudo, em matéria de procedimentos, é possível que os Estados-membros legislem concorrentemente a promulgar normas específicas. Ex. Custas forenses.
 
2. as fontes formais são aquelas que exteriorizam, manifestam o direito que acabou de ser criado pelas fontes materiais. Estas se dividem em:
a) direta (a lei): É a fonte formal imediata como a Constituição Federal, Código de Processo Penal, as Leis extravagantes em matéria processual penal, as Constituições Estaduais e a legislação estadual em matéria de procedimentos.Essas fontes formais diretas subdividem-se em:
a.1) primária ou comum: dizem respeito ao direito processual da jurisdição comum (Código de Processo Penal, Constituição Federal, e as Constituições Estaduais);
a.2) especiais ou secundárias: dizem respeito ao direito processual da jurisdição Especial (Código de Processo Penal Militar, Código Eleitoral etc.). Obs.: os tratados, convenções e regras de direito internacional, para a maioria da doutrina, figuram entre as fontes normativas do direito, principalmente os tratados e convenções celebrados pelo Presidente da República, após o referendum do Congresso. É bom frisar que no conflito entre a lei e o tratado, prevalece este sobre aquela. O tratado é de natureza política. A convenção cuida de matéria atinente a direito privado.
b) orgânicas (leis de organização judiciária dos Estados e os regimentos internos dos Tribunais): não são reputadas leis processuais em sentido estrito, pois nem sempre regulam questões referentes ao processo.c) Indiretas (os costumes e princípios gerais do direito). Os costumes são formados pelo conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade. Ex. costume: usos forenses, que são as regras de conduta constantes e iterativas daqueles que participam da relação processual (juiz, partes, auxiliares da justiça).
 
Princípios
Estudar os princípios que devem nortear a criação, interpretação e aplicação do Direito Processual Penal.
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Princípios
 
Segundo Guilherme de Souza Nucci “...princípio jurídico quer dizer um postulado que se irradia por todo o sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a seguir. Cada ramo do Direito possui princípios próprios, que informam todo o sistema, podendo estar expressamente previstos no ordenamento jurídico ou ser implícitos, isto é, resultar da conjugação de vários dispositivos legais, de acordo com a cultura jurídica formada com o passar dos anos de estudo de determinada matéria. O processo penal não foge à regra, erguendo-se em torno de princípios, que, por vezes, suplantam a própria literalidade da lei. Na Constituição Federal, encontramos a maioria dos princípios que governam o processo penal brasileiro, alguns explícitos, outros implícitos".¹
Abaixo estão listados os princípios mais importantes do Direito Constitucional e Processual Penal, mencionados na Constituição Federal², no Código de Processo Penal³ e comentados nos livros de Processo Penal de diversos doutrinadores, entre eles podemos citar Guilherme de Souza Nucci (2014) , Fernando Capez (2013), Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró (2014), Fernando da CostaTourinho Filho (2009), Edilson Mougenot Bonfim (2013), Vicente Greco Filho (2010), AuryLopesJr.(2014), Luiz Fernando de Moraes Manzano (2010), Ana Flávia Messa (2014), André Luiz Nicolitt (2013), Eugênio Pacelli de Oliveira (2013), Jaques de Camargo Penteado (2013), Alexandre Cebrian Araújo Reis, Vitor Eduardo Rios Gonçalves, sob coordenação de Pedro Lenza (2012) etc:4-16
 
1. Princípio do devido processo legal: consagrado, na legislação brasileira, no art. 5º, inciso LIV, da CF/88, e consiste em assegurar a qualquer litigante a garantia de que o processo em que for parte, necessariamente, se desenvolverá na forma que estiver estabelecido a lei;
2. Princípio da presunção de inocência: revela-se no fato de que ninguém pode ser considerado culpado senão após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória (conforme art. 5º, inciso LVII, CF/88). Este princípio é também denominado de princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade;
3. Princípio da publicidade: todo processo é público, isto é, um requisito de democracia e de segurança das partes, exceto aqueles que tramitarem em segredo de justiça;
4. Princípio do juiz natural: está previsto no art. 5º, LIII da Carta Magna de 1988, e significa dizer que é a garantia de um julgamento por um juiz competente, segundo regras de competência e a impossibilidade de criação de tribunais de exceção;
5. Princípio da verdade real: O processo penal deve averiguar e descobrir a verdade real. No processo penal o juiz tem o dever de investigar a verdade real, ou seja, procurar saber como realmente os fatos se passaram, quem realmente praticou-os e em que condições se eternizou, visando a justiça;
6. Princípio da oficialidade: A base da oficialidade está no interesse público de defesa social. Conforme o caput do art. 5º da Carta Magna, compreende-se que a segurança também é um direito individual, competindo ao Estado provê-la e assegurá-la por meio de seus órgãos. Devendo serem criados por lei órgãos oficiais de persecução criminal, para investigar os delitos e realizar o processamento dos crimes, no sistema acusatório;
7. Princípio do livre convencimento: O art. 157 do Código de Processo Penal, impede que o juiz possa julgar com o conhecimento que eventualmente tenha além das provas constantes nos autos. A sentença é a exteriorização da livre convicção formada pelo juiz em face de provas apresentadas nos autos;
8. Princípio da disponibilidade: É um princípio exclusivo das ações privadas. Vale dizer, que o titular da ação penalpode utilizar-se dos institutos da renúncia, da desistência etc., uma vez que não tem mais interesse no prosseguimento da ação;
9. Princípio da oportunidade: De acordo com este princípio, o ofendido ou seu representante legal podem analisar e decidir se irão impetrar ou não a ação. Segundo a doutrina somente será valido ante ação penal privada;
10. Princípio da indisponibilidade: O código processual penal, dispõe em seu art 42, que o Ministério Público não poderá desistir da ação penal;
11. Princípio da legalidade: este princípio da ação penal pública incondicionada, impõe ao Ministério Público o dever de promover a ação pena;
12. Princípio da Ampla Defesa: Conforme o Art. 5º, LV, da CF/88 a ampla defesa encontra vínculo com o princípio do contraditório e é o dever que assiste ao Estado de facultar ao acusado a possibilidade de efetuar a mais completa defesa quanto à imputação que lhe foi realizada;
13. Princípios do contraditório: Este princípio estabelece que todas as provas arroladas no processo devem ter em aberto uma contestação pela parte contrária, bem como os atos do juiz devem ser de conhecimento das partes;
14. Princípios da economia processual, celeridade processual e duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF), incumbe ao Estado dar a resposta jurisdicional no menor tempo e custo possíveis;
15. Princípio do juiz natural (art. 5º, LIII, CF) entende-se que, no Processo Penal, o julgador a atuar em um determinado feito deve ser aquele previamente escolhido por lei ou pela Constituição Federal;
16. Princípio da imparcialidade do juiz- A imparcialidade do juiz é garantia de justiça para as partes. É pressuposto para que a relação processual se desenvolva naturalmente;
17. Princípio da isonomia- Neste princípio defende-se chamada igualdade proporcional, que estabelece que todos são iguais na medida de suas diferenças e peculiaridades;
18. Princípio da livre investigação e apreciação das provas: assim como é necessário que as partes apresentem o direito postulado ao judiciário para que este aja, faz-se necessário que os mesmos apresentem as provas que ratificam a busca por tal direito;
19. Identidade física do juiz- Entende-se para que a aplicação do direito seja eficaz, a lide deve ter apenas um mesmo juiz, desde seu início até a sentença final;
20. Princípio do impulso processual: após a instalação do processo, cabe ao juiz dar continuidade e progresso, até o esgotamento da função jurisdicional;
21. Princípio da oralidade e princípios consequenciais da concentração, da imediatidade e da identidade física do juiz. Quanto ao princípio da oralidade, há de se registrar que, em algumas etapas do processo, a palavra oral deve prevalecer sobre a palavra escrita, como forma de promover os princípios da concentração, da imediatidade e da identidade física do juiz. No que tange ao princípio da concentração, entende-se que toda a colheita da prova e o julgamento devem ocorrer em uma única audiência de instrução e julgamento ao menos no menor número de audiências. Com relação ao princípio da imediatidade, compreende-se que “o magistrado deve ter contato direto com a prova produzida, formando mais facilmente sua convicção. Finalmente, o princípio da identidade física do juiz consiste no fato de que o juiz que preside a instrução do processo, colhendo as provas, deve ser aquele que julgará o feito, vinculando-se à causa;
22. Princípio da plenitude da defesa (art. 5º, XXXVIII, alínea “a”, CF): é princípio aplicado especificamente para o Tribunal do Júri. É atribuída apenas para os acusados em geral, permitindo-se que o réu, no Tribunal do Júri, se utilize de todos os meios lícitos de defesa, ainda que não previstos expressamente pelo ordenamento jurídico;
23. Princípio da prevalência do interesse do réu ou favor rei, favor libertatis, in dubio pro reo, favor inocente (art. 5º, LVII, CF): Havendo dúvida entre admitir-se o direito de punir do Estado ou reconhecer-se o direito de liberdade do réu, deve-se privilegiar a situação deste último, por ser ele a parte hipossuficiente da relação jurídica estabelecida no Processo Penal;
24. Princípio da vedação das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF) são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
25. Princípio de que ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo ou da não autoincriminação: Trata-se de princípio implícito que decorre dos seguintes princípios constitucionais expressos: presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF); ampla defesa (art. 5º, LV, CF); direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF). Além, de se encontra expressamente previsto no art. 8º do Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969, incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992, e que tem status supralegal, conforme entendimento do STF;
26.Princípio da iniciativa das partes ou da ação ou da demanda: Trata-se de princípio extraído do sistema acusatório, que vige no Brasil e pode ser observado nos artigos 129, inciso I, e 5º, inciso, LIX, da Constituição Federal, os quais garantem, respectivamente, a titularidade da ação penal pública por parte do Ministério Público e a possibilidade de oferecimento da ação penal privada subsidiária da pública, se a ação penal pública não for intentada pelo Parquet no prazo legal;
27. Princípio da vedação da dupla punição e do duplo processo pelo mesmo fato (ne bis in idem) Trata-se de princípio que decorre dos princípios da legalidade penal (art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal) e da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal). Além, de ser consagrado expressamente no art. 8º, 4, do Pacto de São José da Costa Rica. Este princípio impede que a pessoa seja processada e condenada duas vezes pelo mesmo fato;
28. Princípio do promotor natural e imparcial ou promotor legal: entende-se que o agente delitivo deve ser acusado por órgão imparcial do Estado, previamente designado por lei, vedada a indicação de acusador para atuar em casos específicos;
29. Princípio da comunhão ou aquisição da prova: uma vez produzida a prova pertence ao juízo e pode ser utilizada por qualquer das partes e pelo juiz, ajudando na busca da verdade real, mesmo que tenha sido requerida por apenas uma das partes;
30. Princípio da dignidade da pessoa humana: [...] temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos ( SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p.62).
 
Interpretação analógica e extensiva
Entenda as peculiaridades da interpretação da lei processual penal e veja as distinções que há em relação à interpretação da lei penal.
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 Interpretação da Lei
 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E ANALÓGICA
  
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Interpretação da Lei
 
A aplicação da lei processual penal segue as mesmas regras de hermenêutica que disciplinam a interpretação das leis em geral. Para o doutrinador Fernando Capez “interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. Deve buscar a vontade da lei, não importando a vontade de quem a fez”.¹
No que diz respeito a espécie, pode ser:
a) quanto ao sujeito que procede a interpretação:
1) autêntica/legislativa - é aquela elaborada pelo órgão responsável pelo texto. Pode ser:
· pelo próprio legislador, ou seja, a lei é interpretada pelo próprio sujeito que a escreveu;
· contextual: mencionada na própria legislação. Ex.:conceito de funcionário público mencionado no art. 327, do CP;
· por lei posterior: uma lei nova para esclarecer lei em vigor. Ex. Lei n. 11.767/08 que esclarece a busca e apreensão do local de trabalho de advogado.
2) doutrinária/científica: É aquela realizada pelos doutrinadores do direito. Ex.: obras, palestras, artigos científicos etc.
3) Jurisprudêncial/judicial/usual: É aquela realizada pelos magistrados nas sentenças ou acórdãos. Ex. jurisprudência.
b) Quanto aos meios empregados:
1) gramatical/literal/sintática: leva em consideração o sentido literal dos termos legais. Ex.: ART. 121, § 5º, CP, “poderá”;
2) teológica/lógica: procura a razão da lei. Ex. art. 6º do CPP (diligências da autoridade policial);
3) histórica - procura alcançar o que o legislador pretendeu na ocasião da elaboração do texto. Ex. lei n. 12.403/11 (novas medidas cautelares no processo penal).
c) quanto ao resultado:
a) declarativa: dá à lei o seu sentido “real”. Ex. conforme o artigo 24, do CPP: “nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público...”.³
b) extensiva: a letra da lei ficou aquém da vontade de quem criou a lei. Ex. art. 479, CPP: “Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte”(grifo nosso).4 
c) restritiva: quando se conclui que o texto legal foi além do que queria o legislador. Ex. 312, do CPP: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”. O artigo menciona a restrição ao direito de liberdade (prisão), mas em termos vagos e ambíguos.
Já com relação ao que se refere o artigo 3° do CPP, “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”.5 Vejamos
a) interpretação extensiva: uma determinada regra tem seu campo de incidência ampliado resultando que a norma tem um conteúdo mais amplo do que resultaria da simples aplicação de seu texto.
b) analogia: É a atividade consistente em aplicar a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso semelhante; é forma de integração da lei. Analogia (a lei não contém disposição precisa para o caso concreto, mas o legislador cuidou de um caso semelhante ou matéria análoga) X interpretação extensiva (o intérprete conclui que a lei contém a disposição para o caso concreto, mas, como a expressão é mais defeituosa, procura-se ampliar o conceito). Ex.: o art. 368 do CPP: o réu no estrangeiro, em lugar certo e sabido, deve ser citado mediante carta rogatória; como a lei não diz o que ela deve conter, deve-se recorrer ao art. 354, que menciona os elementos da carta precatória, peça semelhante à rogatória.
A maior parte da doutrina aceita a aplicação da analogia in bonam partem no campo penal.
Emprego da analogia: É meio de integrar a norma, estendendo sua aplicação para casos não previstos pelo legislador. Por exemplo: “Será admitido gravação magnética ou técnica similar”.
Essa expressão possibilita ao interpretador utilizar a analogia para elencar outros meios de gravação. As normas processuais penais somente toleram interpretação extensiva e analogia quando não restringem direitos do acusado.
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E ANALÓGICA
 
Segundo o doutrinador Guilherme de Souza Nucci:
"Interpretar a lei é atividade inerente a todo operador do direito, especialmente pelo fato de que o legislador nem sempre é feliz ao editar normas, valendo-se de termos dúbios, contraditórios, obscuros e incompletos. Não se trata de processo de criação de norma, nem de singelo suprimento de lacuna, mas de dar o real significado a uma lei".6
Em processo penal, qualquer forma de interpretação é válida: literal (espelha-se no exato significado das palavras constantes do texto legal); restritiva (restringe-se o alcance dos termos utilizados na lei para atingir seu real significado); extensiva (alarga-se o sentido dos termos legais para dar eficiência à norma); analógica (vale-se o intérprete de um processo de semelhança com outros termos constantes na mesma norma para analisar o conteúdo de algum termo duvidoso ou aberto) ou teleológica-sistemática (busca-se compor o sentido de determinada norma em comparação com as demais que compõem o sistema jurídico no qual está inserida).
O art. 3.° do Código de Processo Penal é claro ao autorizar a interpretação extensiva (logo, as demais formas, menos expansivas, estão naturalmente franqueadas), bem como a analogia (processo de integração da norma, suprindo lacunas).
Somente para exemplificar, utilizando-se a interpretação extensiva podemos corrigir um aspecto da lei, que disse menos do que deveria ter previsto: quando se cuida das causas de suspeição do juiz (art. 254), deve-se incluir também o jurado, que não deixa de ser um magistrado, embora leigo.
Outra ilustração: onde se menciona no Código de Processo Penal a palavra réu, para o fim de obter liberdade provisória, é natural incluir-se indiciado. Amplia-se o conteúdo do termo para alcançar o autêntico sentido da norma.
Como exemplo de interpretação analógica, vê-se o caso do art. 254, II, do Código de Processo Penal, cuidando das razões de suspeição do juiz, ao usar na própria lei a expressão “estiver respondendo a processo por fato análogo”.
Quanto à analogia, ensina Carlos Maximiliano que “no sentido primitivo, tradicional, oriundo da Matemática, é uma semelhança de relações. (...) Passar, por inferência, de um assunto a outro de espécie diversa é raciocinar por analogia.
Esta se baseia na presunção de que duas coisas que têm entre si um certo número de pontos de semelhança, possam consequentemente assemelhar-se quanto a um outro mais.
Se entre a hipótese conhecida e a nova a semelhança se encontra em circunstância que se deve reconhecer como essencial, isto é, como aquela da qual dependem todas as consequências merecedoras de apreço na questão discutida; ou, por outra, se a circunstância comum aos dois casos, com as consequências que da mesma decorrem, é a causa principal de todos os efeitos; o argumento adquire a força de uma indução rigorosa” (Hermenêutica e aplicação do direito, p. 253).7
Como exemplos, temos os seguintes: a) o art. 207 do Código de Processo Civil prevê a possibilidade de se transmitir por telefone uma carta de ordem ou precatória, dependendo somente da confirmação do emissor. Não havendo dispositivo semelhante no Código de Processo Penal, tem-se usado tal preceito para a transmissão de ordens de habeas corpus, para a soltura do paciente, justamente porque mais eficaz; b) não há um número especificado no Código de Processo Penal para ouvir testemunhas no caso de exceção de suspeição apresentada contra o juiz, razão pela qual deve-se usar o disposto no art. 407, parágrafo único, do CPC, ou seja, três para cada fato."
 
Lei processual no espaço
Compreenda a aplicação da lei processual penal em relação à territorialidade, extraterritorialidade e intraterritorialidade.
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Território para fins de aplicação da lei processual penal
Lei Processual no espaço
 
Conforme mencionado no artigo 1º do Código de Processo Penal, aplica-se em todo o território nacional, exceto em processos de competência militar, crimes que sejam tema de tratados, convenções ou regras de direito internacional, processos de crime de imprensa e as prerrogativas constitucionais do Presidente da República e dos Ministros do Estado. Para um melhor entendimento sobre a matéria, precisamos verificar o que se entende como território nacional, observando o artigo 5º do Código Penal, in verbis:
"Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do territórionacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.¹
Há situações em que os crimes são cometidos em território nacional, porém não são julgados pelo nosso ordenamento jurídico. São eles: casos de imunidade diplomática, como os embaixadores, secretários da embaixada e os funcionários da ONU, OEA, Chefes de Estado.
Os cônsules, também podem usar da imunidade desde que estejam no desempenho de suas funções.
Podemos elencar, ainda, algumas exceções que o CPP poderá ser utilizado fora do território brasileiro. São três situações
· a) em território nullius, lugares que não há soberania de qualquer país (espaço sideral, espaço aéreo, mar aberto, Antártida);
· b) caso haja autorização do país estrangeiro;
· c) território ocupado em situação de guerra
Lei processual no tempo
Perceba como se dá a aplicação da lei processual penal no tempo e as possíveis implicações decorrentes da sucessão de leis.
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 Lei processual penal no tempo.
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Lei processual penal no tempo.
 
A lei processual se sobrepõe quando a mesma entra em vigor, de acordo com o artigo 2° do CPP que dispõe, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”¹, e não quando ocorre o período para a ciência do teor da norma. Com isso, a lei processual penal não tem efeito retroativo, pois se fosse, o legislador teria invalidado as ações processuais exercidos até a data da vigência da lei nova, uma vez que o principio é tempus regit actum, conforme menciona Tourinho (2008, p. 37).² 
 
Usa-se o princípio da imediata aplicação da nova lei processual penal, ou seja, uma lei processual que entre em vigor de vigência de uma antiga ação será aplicada imediatamente sem retroagir, mesmo que benéfica ao acusado. Podemos concluir que os atos já praticados continuam válidos.
 
"O doutrinador Aury Lopes(2010, p. 215 e 216) distingue leis penais puras, leis processuais penais puras e as leis mistas. A primeira é aquela que disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material do processo, cabendo para o Direito Penal (tipificação de crimes, pena máxima e mínima, regime de cumprimento) a retroatividade da lei penal mais branda e irretroatividade da lei mais maléfica. A segunda regula o início, desenvolvimento ou fim de um processo, e seus institutos processuais (perícia, rol de testemunhas, forma de realizar atos processuais, ritos), ademais, aplicando-se o principio da imediatidade, não ocorre o efeito retroativo. Por fim, a última possui peculiares características penais e processuais, aplicando-se para tais casos as regras do Direito Penal, no caso a lei mais branda retroage e a mais gravosa não.Existem as normas processuais penais materiais, que são normalmente institutos mistos/híbridos, estudados tanto no Direito Penal, como no Processo Penal, nesses casos aceita-se sua retroatividade, em razão de sua dupla natureza. Como outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a decadência, e outros.Quando alguma regra é alterada acontecerá, por vezes, reflexos incontestáveis no Direito Penal. Por exemplo: nos casos em que a norma inclua outra forma de perempção, mesmo se referindo a circunstâncias futuras, podem ocorrer, em casos concretos, que o processado seja favorecido com a norma recém-criada. Ela é retroativa para o fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito no direito material (art. 107, IV, CP)".³-4
 
Inquérito Policial
Conheça as fases da persecução penal e sua relação com o regime constitucional e legal das instituições de segurança pública.
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 O SIGNIFICADO DE PERSECUÇÃO PENAL
 INQUÉRITO "POLICIAL": que polícia?!
 As instituições de segurança pública e suas atribuições.
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O SIGNIFICADO DE PERSECUÇÃO PENAL
Quando uma pessoa culpável (arts. 21, 22, 26, 27 e 28, CP) é apontada como autora de um fato típico (conduta + nexo causal + resultado + tipicidade), sem estar acobertada por uma excludente de antijuridicidade (art. 23, CP) temos UM CRIME, segundo o conceito analítico, definido em seus elementos pela Teoria do Crime.
Um crime é, em regra, considerado ofensa a um bem jurídico penal relevante de interesse à sociedade que, segundo a perspectiva da teoria do contrato social, delegou a um ente soberano denominado Estado o poder-dever de impor o preceito secundário da norma penal incriminadora (pena - de tanto a tanto...) contra aquele que violar o preceito primário desta mesma norma (artigo "x" - é crime fazer tal coisa...), posto que ela represente a vontade desta sociedade em proibir determinadas condutas e punir quem as praticar - trata-se do conhecido fundamento do jus puniendi.
Pois bem, por óbvio que esta delegação de poder só pode ser exercida nos próprios limites de quem a concede e, nesse sentido, é na própria Constituição e nas leis que a sociedade estabelece para o Estado em que termos o Estado poderá interferir no status libertatis de quem praticar uma infração penal. E isto se dá por uma razão muito simples: todos nós estamos sujeitos a fazer isso ou, pelo menos, de sermos investigados e processados por isso.
Veja que, em ambas, os conceitos estudados na Parte Geral da disciplina de Direito Penal (I e II) são fundamentais, basta que você leia novamente este trecho e perceba que, apesar de estarmos na disciplina de Direito Processual Penal, você já estudou estes conceitos há um bom tempo não é?
VOCÊ NÃO SE LEMBRA BEM DA PARTE GERAL DE DIREITO PENAL?!
O estudo do Processo Penal é indissociável dos conhecimentos previamente obtidos ao longo de todo o curso na disciplina de Direito Penal, principalmente no que diz respeito à teoria do crime e à aplicação das sanções penais, pois...
· ...sendo no processo que o advogado busca absolver seu cliente, é nele que trabalhará para CONVENCER o magistrado sobre a presença no caso concreto, por exemplo, de uma excludente de ilicitude, ou da incidência do princípio da insignificância;
· ...sendo no processo que o promotor exerce a acusação, é nele que precisará DEMONSTRAR cabalmente ao juiz a culpabilidade do acusado, com total imputabilidade, consciência de ilicitude e exigibilidade de conduta diversa;
· ...sendo no processo que o juiz toma a decisão, caso condene, de APLICAR A PENA, é nele que, por exemplo, se realiza a dosimetria, com aquela operação em três fases e, depois, cômputo de concurso formal e material, substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, etc.
Desta forma, é fundamental relembrar e estudar sempre todos estes institutos na doutrina e, fora isso, você também pode assistir de vez em quando a algum vídeo desta série do Canal Desenhando Direito no Youtube, que são bem curtos e podem te ajudar a "manter a forma" na Parte Geral: https://www.youtube.com/playlist?list=PLqkjy4GueAfYtt6DYA15J73iQsFGzYAgH
A forma pela qual o Estado exerce o jus puniendi, portanto, significa garantia aos cidadãos contra ingerências arbitrárias ou abusos do poder punitivo, posto que seu exercício esteja condicionado às limitações representadas pelo próprio desejo de quem delega o poder, expresso nas normas.
No caso do nosso sistema processual penal, o exercício do poder-dever de punir se dá em dois momentos previstos pela lei: uma fase investigativa e uma fase processual - à SOMA destas duas fases (que correspondem ao inquérito policial e ao processo penal) se confere a denominação de PERSECUÇÃO PENAL, observe as duas fases e o ponto que separa uma da outra.
PERSECUÇÃOPENAL
Fonte:
INQUÉRITO "POLICIAL": que polícia?!
O artigo 4º do Código de Processo Penal determina que...
A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm)
Antes de compreender perfeitamente o que é a polícia judiciária, é fundamental você relembrar o que é o poder de polícia: trata-se de um dos poderes da Administração Pública, que você aprendeu na disciplina de Direito Administrativo e que está definido no artigo 78 do Código Tributário Nacional da seguinte forma:
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm)
A lei, contudo, acomete a apuração da ocorrência dos crimes e contravenções, assim como de quem sejam seus autores à polícia judiciária - mas, que polícia é essa, afinal?
A polícia judiciária é órgão pertencente à Administração Pública no âmbito dos entes federados (Polícia Ciivil, dos estados) e da União (Polícia Federal), regendo-se, portanto, aos princípios constitucionais a ela aplicáveis e, segundo a doutrina, além de cumular as funções próprias de polícia administrativa1, atua repressivamente contra a criminalidade, pois "age, em regra, após a ocorrência de infrações penais, visando angariar elementos para apuração da autoria e constatação da materialidade delitiva"2.
Diz-se desta polícia "judiciária" porque sua atuação é pari passu com o poder judiciário - isto é: sua missão constitucional é voltada ao exercício da ação penal, a qual se realiza EM JUÍZO.
Os objetivos e os destinatários de uma investigação policial (exercida pela POLÍCIA JUDICIÁRIA e que se verifica materilizada ou documentada no INQUÉRITO POLICIAL) podem ser, portanto assim sistematizados:
· Objetivos: apuração da...
· Materialidade do crime: qual foi o crime, suas provas e o contexto fático em que ele se deu.
· Autoria do crime: quem pode ser apontado como provável sujeito que praticou a conduta delituosa.
· Destinatários:
· Imediato: titular da ação penal, ou seja, pessoa com legitimidade para sua propositura em juízo (denúncia - membro do Ministério Público, em caso de crime de Ação Penal Pública; queixa-crime - querelante, em caso de crime de Ação Penal Privada).
· Mediato: a pessoa a quem o titular da ação penal irá endereçá-la - o órgão julgador.
 
1. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. - 26.Ed. - São Paulo: Malheiros Editores, 2009, p.826. 
2. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. - 6.Ed. - Salvador: Editora PODIVM, 2009, p.90.
MATERIAL COMPLEMENTAR
As instituições de segurança pública e suas atribuições.
O § 2º do artigo 144 na Constituição Federal trata da Polícia Rodoviária Federal, cujo âmbito de atuação é a realização do chamado patrulhamento ostensivo nas rodovias federais. Ou seja, sua função é eminentemente preventiva.
Note que, apesar de ser uma instituição subordinada à União, a interlocução entre esta instiuição com uma autoridade de polícia judiciária, em grande parte dos casos, termina por ocorrer junto às polícias civis dos estados porque, ressalvadas as apurações de infrações penais constitucionalmente acometidas à Polícia Federal, as ocorrências policiais enfrentadas pela PRFnas estradas sempre se darão em um local que, concorrentemente, tem uma delegacia da polícia civil responsável pelos crimes e contravenções que lá ocorram - sendo estes de atribuição investigativa, a PRF irá trabalhar conjuntamente à autoridade policial estadual quando, por exemplo, exercer uma prisão em flagrante.
O § 8º do mesmo dispositivo constitucional trata das Guardas Civis Municipais. São estas forças de segurança responsáveis eminentemente ao zelo pelo património das cidades às quais estejam vinculadas.
Todavia, vale notar que a determinação da Carta Magna foi regulamentada pela Lei nº. 13.022/14, que, em seu art. 5º, XIV, determina aos guardas civis de todo o Brasil a apresentação de quem quer que se encontre em flagrante delito à autoridade policial.
Os parágrafos 5º e 6º do regramento constitucional das forças de segurança pública define as funções das polícias militares estaduais e bombeiros militares (o bombeiro servidor público, em regra, é antes um polícial militar, que passa por um concurso interno na sua instituição para integrar esta parte corporação).
Tais órgãos deverão exercer a polícia ostensiva e preventiva estadual, bem como atuar inclusive em situações de defesa civil. Define-se na CF que estes órgãos são forças auxiliares e de reserva das forças armadas. 
Veja que, no Brasil, além do Código Penal e do Código de Processo Penal, existem o Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar.
O CPPM atribui o exercício de polícia judiciária militar a órgão internos das instituições militares (sejam elas policiais ou das forças armadas - marinha, aeronáutica e exército), que atuarão dentro de uma investigação denominada Inquérito Policial Militar (IPM - arts. 7º e 8º, CPPM).
Esta investigação se referirá às infrações penais militares próprias (que só podem ser cometidas por militares, constituindo fato atípico se tais condutas forem praticadas por civis) e impróprias (descrições típicas nos termos do CP e da legislação penal especial, mas que se aplicam com penas e disposições especiais no Código Penal Militar - CPM).
Em seu parágrafo 1º, o artigo 144 da CF define as atribuições exclusivas e concorrentes (às das polícias judiciárias estaduais) da polícia judiciária da União: a Polícia Federal, com relação direta à competência da Justiça Federal.
A atuação exclusiva desta instituição abrange as infrações penais que tenham relação aos bens, serviços e interesses da Administração Pública Federal, o exercício de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras e, ainda, as de contrabando e descaminho.
As investigações da PF que ocorrem sem prejuízo daquelas realizadas (sobre as mesmas infrações penais) pelas polícias civis dos entes federados são aquelas que tenham repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme.
Tais infrações penais são elencadas na Lei nº 10.466/02 e abrangem:
· Indício de participação associação criminosa em mais de um estado: furto, roubo ou receptação de carga, transporte de valores ou contra instituições financeiras;
· Formação de cartel e descumprimento de tratados internacionais de Direitos Humanos;
· Sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro, por motivo político ou por ser a vítima agente público.
· O artigo 273 do Código Penal e o tráfico ilícito de entorpecentes.
 
A polícia judiciária estadual tem suas funções disciplinadas pelo §4º: a Polícia Civil de cada estado, ressalvada a atribuição exclusiva da polícia judiciária da União e a apuração das infrações militares, trabalhará, então, com a apuração das infrações penais e da sua autoria de modo residual (que, na verdade, vem a ser a maior parte dos crimes e contravenções que ocorrem), tendo esta incumbência diretamente ligada à competência da Justiça Estadual.
 
INQUÉRITOS EXTRAPOLICIAIS.
FIQUE ATENTO!
O parágrafo único do artigo 4º do Código de Processo Penal explica que a atribuição das polícias judiciárias nele definida não exclui a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Exemplos desses chamados inquéritos extrapoliciais (investigações que tramitam perante autoridades administrativas) são as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI's - art. 58, § 3º, CF) e a que se dá no âmbitodo Ministério Público (art. 129, III, CF).
Inquérito policial. Conceito. Natureza. Finalidade. Características. Persecução Penal. Polícia judiciária. Notitia criminis.
Conheça o conceito, a natureza, a finalidade e as características do inquérito policial. Entenda os modos pelos quais o(a) delegado(a) de polícia pode tomar conhecimento da prática de uma infração penal.
NESTE TÓPICO
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 INQUÉRITO POLICIAL: conceito, natureza e finalidade.
 CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: (re)leitura necessária à luz do paradigma constitucional e das disposições do EAOAB.
 NOTITIA CRIMINIS
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A autoridade e o inquérito policial.
Fonte: imagens ilustrativas de referência retiradas de notícias da internet
INQUÉRITO POLICIAL: conceito, natureza e finalidade.
Para o doutrinador Fernando Capez o inquérito policial é o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Trata-se de procedimento persecutório de caráter administrativo instaurado pela autoridade policial. Tem como destinatários imediatos o Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública (CF, art. 129, I), e o ofendido, titular da ação penal privada (CPP, art. 30); como destinatário mediato tem o juiz, que se utilizará dos elementos de informação nele constantes, para o recebimento da peça inicial e para a formação do seu convencimento quanto à necessidade de decretação de medidas cautelares".¹
Tem como finalidade a apuração das infrações penais e da sua autoria, conforme o artigo 4º do CPP. Vejamos:
4º - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Dessa forma, é possível se concluir que a real finalidade do inquérito policial é reunir elementos suficientes que possibilite a convicção do membro do parquet, para que ofereça a denúncia ou o ofendido ofereça a queixa-crime - ou seja, busca-se auxiliar na formação da opinio delicti para quem detenha a titularidade da ação penal, conforme seja ela pública ou privada.
Os elementos de convicção são: materialidade do fato e indícios de autoria, possibilitando que o titular da ação penal ingresse em juízo.
1- http://www.fernandocapez.com.br/o-promotor/atualidades-juridicas/conceito-de-inquerito-policial/, acesso em 19/04/2015, às 16:45.
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: (re)leitura necessária à luz do paradigma constitucional e das disposições do EAOAB.
O inquérito policial é um instrumento previsto no direito pré-constitucional, ou seja, ele está no CPP desde antes de 1988, no regime jurídico e político anterior à CF vigente.
Como você já sabe, é a lei que deve ser interpretada à luz da constituição, e NÃO o contrário. Assim sendo, é importante que estudemos as características que a doutrina tradicionalmente atribui ao inquérito policial tendo em vista o atual regime de direitos e garantias do cidadão.
· Escrito: As peças do IP serão processadas e reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade;
· Não obrigatório (para o titular da ação penal): A ação penal poderá ser proposta com base em peças de informação que demonstrem a existência de indícios de autoria e de materialidade;
· Indisponível (para a autoridade policial): o(a) delegado(a) de polícia não pode abrir mão de instaurar inquérito policial, ou de ao menos iniciar as investigações, ao tomar conhecimento de crime de ação penal pública.
· Oficial: é realizado pela polícia judiciária, ou seja, órgão oficial do Estado e, nesse sentido, significa também que sua presidência será exercida por delegado(a) de polícia devidamente concursado, nomeado, empossado e investido no cargo.
· Sigiloso: Necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade (art.20 do CPP).
· Esse artigo não é aplicado ao advogado do investigado (artigo 7º, III, da Lei nº 8.906/94 - EOAB).
· Há exceção: será no caso de investigação de absoluto sigilo, como por exemplo, interceptação telefônica (artigo 8° da Lei. 9296/96) e infiltração de agentes da polícia ou de inteligência em tarefas de investigação de organizações criminosas (artigo 2º, parágrafo único da Lei 9034/95).
· Você deve, porém, conjugar estas disposições com a nova redação do art. 7º do Estatuto da Advocacia (inciso XIV e §§ 10, 11 e 12).
· É bom lembrar  da súmula vinculante de nº 14, do STF, vejamos: "É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa";³
· Incomunicabilidade: Tal disposição é incompatível com o art. 136. §3º, IV, CF, devendo ser considerada não-recepcionada pela nova ordem constitucional.
· Inquisitivo:  Significa dizer que no IP não há contraditório e ampla defesa, ou seja, não são aplicados os princípios constitucionais.  Apesar do mencionado acima é claro que a autoridade que preside o inquérito deve pautar-se e agir dentro dos termos da lei; 
· Como já foi dito, tal característica deve ser compatbilizada com a própria definição dos direitos e garantias fundamentais segundo a ordem constitucional pós-1988 e também com a nova redação do art. 7º do Estatuto da Advocacia (inciso XXI).
NOTITIA CRIMINIS
Notitia criminis significa a notícia do crime, ou seja, os modos pelos quais a autoridade policial pode tomar conhecimento da prática de uma infração penal, a fim de que, a partir disso, tome as providências necessárias à elucidação de suas circunstâncias e busca de sua autoria.
Há maneiras diferentes da autoridade policial chegar a esta informação e a doutrina costuma classificá-las em:
· Notitia criminis de cognição direta.
· Notitia criminis de cognição indireta.
· Delatio criminis.
· Simples.
· Postulatória.
· Notitia criminis de cognição coercitiva.
A notitia criminis de cognição direta se dá pela própria autoridade policial no exercício de suas atividades cotidianas: não há um ato jurídico formal de comunicação sobre a prática da infração penal.
Ou seja, o(a) delegado(a) de polícia pode descobrir a ocorrência do crime de ação pública no decorrer de uma investigação sobre outro que esteja em curso, nas suas diligências investigatórias e de serviço no dia-a-dia, assistindo ao jornal na televisão, recebendo uma denúncia apócrifa (denúncia anônima), etc.
A notitia criminis de cognição indireta se dá pela comunicação da infração penal por alguém a autoridade policial mediante um ato jurídico formal - trata-se, assim, de delatio criminis.
Nos crimes de ação pública, pode-se exemplificar com a própria elaboração do Boletim de Ocorrência no plantão policial pela própria vítima do crime ou por alguém que dele tome conhecimento - neste caso pode-se dizer que ocorre a delatio criminis simples.
Nos crimes de ação penal privada, contudo, é o próprio ofendido que tem interesse na investigação (pois dará sequência à persecução penal pelo exercício do direito ação com o oferecimento da queixa-crime, através de seu advogado) - nesta situação tem-se a delatio criminis postulatória, pois há um interesse postulado (almejado) por quem realiza a comunicação à autoridade policial.
Por fim, a notitia criminis de cognição coercitiva, se dará quando a autoridade policial tomar conhecimento da prática de crime e quem vem lhe trazer esta informação já traz, consigo, seu autor preso em flagrante delito.
 
Instauração do inquérito policial. Atos iniciais. Indiciamento. Encerramento e arquivamento. Opções do órgão ministerial ao analisá-lo.
Aprenda quais são os atos de polícia judiciária e sua relação com o titular da ação penal ao fim do inquérito policial.
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 INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
 AUTORIDADE POLICIAL E AS DILIGÊNCIAS PREVISTAS PELO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
 ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO: opções do titular da ação penal e suas consequências.AUTORIDADE POLICIAL
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INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
 
De oficio: quando o delegado recebe a notícia do crime, desde que haja indícios de autoria e materialidade em relação ao autor do delito. Dessa forma, denomina-se "portaria" quando o delegado baixa tal ato devido ao conhecimento da prática delitiva. Vai se verificar na notitia criminis de cognição direta e na indireta (delatio criminis simples).
Requisição do Juiz ou do Ministério Público: por requisição do juiz ou MP:quando o juiz ou promotor público, no exercício de suas funções, requisitam a instauração do inquérito policial, no qual será obrigado o delegado iniciar as investigações.
Em razão de requerimento do ofendido: quando a vítima do delito envia uma petição inicial à autoridade, solicitando por via escrita para que sejam iniciadas as investigações - ocorre na delatio criminis de cognição indireta, da espécie delatio criminis postulatória.
Havendo indeferimento da petição pela autoridade policial, do despacho de indeferimento, cabe recurso para o chefe de polícia como o delegado-geral ou secretário de segurança pública.
Por auto de prisão em flagrante: quando uma pessoa é presa em flagrante é lavrado na delegacia de polícia o auto de prisão em flagrante que consta qual o motivo da prisão e seu delito, dessa forma, lavrado o ato, o inquérito será instaurado - é caso de notitia criminis de congnição coercitiva.
Obs: Em ação pública incondicionada a representação do inquérito policial não poderá iniciar sem esta (art.5º, § 4º do CP).
AUTORIDADE POLICIAL E AS DILIGÊNCIAS PREVISTAS PELO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Diligências / providências:
 
Determina o art. 6º, CPP quais são as diligências  diligências iniciais a serem realizadas pela autoridade policial quando tomar conhecimento de infração penal.
Deve a autoridade providenciar a preservação do local do crime, proceder à apreensão de objetos que com ele se relacionem, verificar todos os indícios aptos à demonstração da materialidade delitiva (provas, perícias e corpo de delito), executar as oitivas dos envolvidos na ocorrência (vítimas, testemunhas, suspeitos, etc.).
Quanto ao indiciado, o interrogatório deve estar adequado ao EOAB, contendo daos sobre sua vida pregressa, sua identificação (inclusive dactiloscópica, nos casos autorizados pela Lei nº 12.037/09), seus antecendetes criminais e informações constantes das novas disposições sobre filhos menores e/ou deficientes, determinadas pela Lei nº 13.257/16.
Segundo o art. 7º, CPP, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, isto é, uma reconstituição. Tal possibilidade deve ser conjugada ao princípio do nemo tenetur se detegere, que significa a não obrigatoriedade de ninguém a produzir provas contra si mesmo - vale dizer: o indiciado NÃO É obrigado a participar.
O art. 14 do CPP fala sobre a possibilidade das partes envolvidas em uma investigação produzirem requerimentos – novamente, reconsidere-se este artigo à luz das novas disposições do EAOAB.
Art. 7º São direitos do advogado:
...
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:     
a) apresentar razões e quesitos; 
ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO: opções do titular da ação penal e suas consequências.
 
Prazos para conclusão do inquérito:
 
Depende se o indiciado estiver:
a) solto: o inquérito policial conclui-se em 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado quando o fato for de difícil elucidação, sendo que o aumento de prazo será encaminhado da autoridade policial para o juiz, devendo ser ouvido o MP antes que o juiz decida, devendo discordar oferecendo a denúncia ou requerer o arquivamento do inquérito policial.
Mas havendo a concordância do membro do MP, o juiz deferirá novo prazo fixado, ademais, caso indeferir o prazo, poderá ser interposta correição parcial, com o intuito de corrigir falhas. O prazo poderá ser repetido quantas vezes for necessário;
b ) preso por prisão preventiva ou flagrante: Será obedecido o prazo de 10 (dez) dias, quando o juiz receber a cópia do flagrante em 24 (vinte e quatro) horas a contar da prisão, converte-la em prisão preventiva a partir da efetiva prisão em flagrante.
Se entre a prisão em flagrante e sua conversão ultrapassar três dias, o inquérito terá mais 7 (sete) dias para que seja finalizado. Na hipótese do juiz receber a cópia e, posteriormente, conceder a liberdade provisória, o prazo para que seja concluso o inquérito será de 30 (trinta) dias.
Se o indiciado estava solto, quando decretada a prisão preventiva, o prazo de 10 (dez) dias contará à partir da data do cumprimento do mandado.
Conta-se o prazo como o primeiro dia, ainda que poucos minutos para meia-noite.Se não for concluído e enviado para a justiça, conforme prazo estabelecido na lei, haverá a possibilidade de interposição de habeas corpus.
c) Exceções: Lei de Drogas (Lei n. 11.343/06, artigo 51) 30 dias se o indiciado estiver preso e 60 dias se o indiciado estiver solto. Os prazos poderão ser duplicados pelo magistrado conforme prevê o artigo 51, parágrafo único, da Lei de Drogas; Justiça Federal (Lei n. 5.10/66, artigo 66) 15 dias, prorrogáveis por igual período; 
AUTORIDADE POLICIAL
· Condução das investigações, relação com o Ministério Público e o Juiz (poder de representação por medidas constritivas ao status libertatis), indiciamento, interrogatório e relatório.
Ao término do prazo
a) Elaboração de relatório: elaborado pela autoridade policial, descrevendo diligencias realizadas, como peça final do inquérito;
b) Remessa dos autos e objetos apreendidos ao juiz;
c) Remessa do inquérito ao juiz. Em alguns locais, na prática, é encaminhado direto ao Ministério Público, que poderá denunciar ou requerer o arquivamento do feito. A autoridade policial não poderá arquivar o inquérito policial de oficio, pois cabe ao juiz agir desta forma, apedido do membro do Ministério Público.
d) Pode representar pela prisão preventiva do indiciado e indicar testemunhas que ainda não tenham sido ouvidas.
Recebimento pelo titular da ação penal.
No caso de ação penal privada, o inquérito policial fica em cartório no juízo competente, aguardando que o ofendido exerça seu direito relativo à queixa-crime. Observe que o prazo decadencial de 6 meses para esta propositura já está correndo desde a data em que o querelante soube ser o autor da infração penal.
Nos crimes de ação penal pública, o inquérito é remetido ao promotor de justiça, que terá três opções:
1. Oferecer denúncia, se estiver convencido da prova de existência dos fatos e dos indícios de autoria (em 5 dias para o indiciado preso ou 15 dias para o indiciado solto).
2. Requisitar novas diligências à polícia judiciária, devolvendo o inquérito à autoridade com as solicitações que entender necessárias à melhor formação de sua opinio delicti.
3. Requerer o arquivamento ao juiz que, se concordar, arquivará os autos.
1. em caso de discordância do juiz ele pode remeter o IP ao procurador de justiça (superior hieráquico no MP), que decidirá se concorda com o promotor (e, neste caso, o juiz estará obrigado a promover o arquivamento), se oferece ele próprio a denúncia ou se designa outro promotor para que o faça - art. 28, CPP.
Ação Penal
Reveja os conceitos relativos ao exercício do direito de ação em relação ao processo penal, tendo em vista suas especificidades, princípios, condições, legitimidade ativa e espécies.
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 Conceito.
 Condições da ação.
  
 Princípios da Ação Penal.
 Tipos de Ação Penal.
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Conceito.
 
Podemos dizer que a ação penal é um direito outorgado ao cidadão de pedir ao Estado a aplicação da lei penal ao caso concreto, a fim de garantir a proteção efetiva de sus direitos penalmente tutelados. Em razão de ser um direito subjetivo perante oEstado/Juiz, a princípio toda ação penal é pública, sendo contudo feita a distinção entre ação penal pública e ação penal privada, em virtude da legitimidade para interpô-la, se do Ministério Público ou da vítima, respectivamente.
O art.100 do Código penal ratifica esta divisão ao mencionar que:
"A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão"¹.
 
Vejamos o que menciona o CPP a respeito do assunto ação penal:
 
· Artigo 24 do CPP: "Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. § 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.²
· Artigo 29 do CPP, menciona que será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.³
· Artigo 30 do CPP, menciona ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.4
 
Abaixo temos alguns assuntos a respeito da ação penal  comentados nos livros de Processo Penal de diversos doutrinadores, entre eles podemos citar Guilherme de Souza Nucci (2014) , Fernando Capez (2013), Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró (2014), Fernando da CostaTourinho Filho (2009), Edilson Mougenot Bonfim (2013), Vicente Greco Filho (2010), AuryLopesJr.(2014), Luiz Fernando de Moraes Manzano (2010), Ana Flávia Messa (2014), André Luiz Nicolitt (2013), Eugênio Pacelli de Oliveira (2013), Jaques de Camargo Penteado (2013), Alexandre Cebrian Araújo Reis, Vitor Eduardo Rios Gonçalves, sob coordenação de Pedro Lenza (2012) etc. 5-17
 
Condições da ação.
 
O direito de ação só poderá ser exercido se preenchidas as condições. São:
1. Possibilidade jurídica do pedido: a pretensão do autor da ação deve versar sobre providência admitida pelo direito objetivo. Sendo assim, é indispensável para a propositura da ação que a causa de pedir constitua fato típico (previsto no ordenamento jurídico como crime);
2. Interesse de agir: a viabilidade da ação penal está também condicionada à sua necessidade - que refere-se ao processo, meio fundamental para obtenção da pretensão e imposição da pena (quando houver extinção da punibilidade, por exemplo, não há mais necessidade da ação);
3. Legitimidade de parte: a ação penal só poderá ser iniciada se proposta pela parte que tenha o direito de punir. Assim, na ação penal exclusivamente pública somente o Ministério Público pode ocupar o pólo ativo da demanda. Além disso, somente deve figurar no pólo passivo o provável autor da infração penal (suspeito). Já na ação privada o ofendido possui legitimação extraordinária, posto que possui apenas o direito de acusar o suspeito, e não de puni-lo.
 
Princípios da Ação Penal.
 
a) Gerais:
1. Princípio do devido processo legal: consagrado, na legislação brasileira, no art. 5º, inciso LIV, da CF/88, e consiste em assegurar a qualquer litigante a garantia de que o processo em que for parte, necessariamente, se desenvolverá na forma que estiver estabelecido a lei;
2. Princípio da presunção de inocência: revela-se no fato de que ninguém pode ser considerado culpado senão após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória (conforme art. 5º, inciso LVII, CF/88). Este princípio é também denominado de princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade;
3. Princípio da publicidade: todo processo é público, isto é, um requisito de democracia e de segurança das partes, exceto aqueles que tramitarem em segredo de justiça;
4. Princípio da verdade real: O processo penal deve averiguar e descobrir a verdade real. No processo penal o juiz tem o dever de investigar a verdade real, ou seja, procurar saber como realmente os fatos se passaram, quem realmente praticou-os e em que condições se eternizou, visando a justiça;
5. Princípio da Ampla Defesa: Conforme o Art. 5º, LV, da CF/88 a ampla defesa encontra vínculo com o princípio do contraditório e é o dever que assiste ao Estado de facultar ao acusado a possibilidade de efetuar a mais completa defesa quanto à imputação que lhe foi realizada;
6. Princípio do contraditório: Este princípio estabelece que todas as provas arroladas no processo devem ter em aberto uma contestação pela parte contrária, bem como os atos do juiz devem ser de conhecimento das partes;
7. Princípio da prevalência do interesse do réu ou favor rei, favor libertatis, in dubio pro reo, favor inocente (art. 5º, LVII, CF): Havendo dúvida entre admitir-se o direito de punir do Estado ou reconhecer-se o direito de liberdade do réu, deve-se privilegiar a situação deste último, por ser ele a parte hipossuficiente da relação jurídica estabelecida no Processo Penal;
8. Princípio da vedação das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF) são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
9. Princípio da iniciativa das partes ou da ação ou da demanda: Trata-se de princípio extraído do sistema acusatório, que vige no Brasil e pode ser observado nos artigos 129, inciso I, e 5º, inciso, LIX, da Constituição Federal, os quais garantem, respectivamente, a titularidade da ação penal pública por parte do Ministério Público e a possibilidade de oferecimento da ação penal privada subsidiária da pública, se a ação penal pública não for intentada pelo parquet no prazo legal;
10. Princípio da oficiosidade: Encerrada uma fase processual, o juiz, de ofício, deve determinar que se passe à fase seguinte;
11. Princípio da vedação do julgamento "extra petita": ao julgar a ação penal, o juiz deve ater-se ao fato descrito na denúncia ou na queixa;
b) Da Ação Penal Pública:
1. Obrigatoriedade: a propositura da ação penal, uma vez preenchidos os requisitos legais, é obrigatória. Não pode, portanto, o Ministério Público recusar-se a dar início à ação. Há uma exceção, ou seja, esse princípio não é cabível nos casos de crime de menor potencial ofensivo, em que o Ministério Público pode propor a suspensão condicional da pena (art. 89 da Lei nº 9.099/95);
2. Oficialidade: a persecução deve ser realizada e fiscalizada pelos órgãos oficiais, que são públicos, tendo em vista que a pretensão punitiva só pode ser satisfeita mediante o devido processo legal. Sendo assim, compete apenas ao órgão do Ministério Público o exercício da ação penal;
3. Autoritariedade: somente as autoridades públicas são responsáveis pela persecução penal (relacionado ao princípio da oficialidade)
4. Indisponibilidade da ação: O MP não pode desistir da ação penal por ele proposta;
c) Da Ação Penal Privada:
1. Indivisibilidade: a ação penal deve abranger todos aqueles que cometeram a ação penal, sem exceção. Assim, não pode o ofendido escolher contra qual suspeito vai intentar a ação, posto que todos suspeitos deverão figurar no pólo passivo conjuntamente.
2. oportunidade: ainda que haja provas contra os autores do crime, o ofendido pode optarpor não processá-los;. disponibilidade da ação: o querelante (ofendido) pode desistir do prosseguimento da ação por ele intentada através dos institutos do perdão e da perempção.
 
Tipos de Ação Penal.
 
a) Pública incondicionada:
Como já mencionado acima o artigo 100, caput, do CP, menciona que "ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. No seu parágrafo primeiro declara, ainda, que a ação pública é promovida pelo Ministério Público".18
O art.129, I da Constituição Federal dispõe que é função institucional do Ministério Público, privativamente, promover ação penal pública, na forma da lei.19
Já o art.24 do Código Processual Penal, preceitua que, nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, dependendo, quando exigido por lei, de requisição do ministro da Justiça ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo (pública condicionada). ²º
Daí a distinção a ser feita entre ação penal pública Incondicionada e Condicionada: quando promovida pelo Ministério Público sem que haja necessidade de manifestação de vontade da vítima ou de outra pessoa, a ação penal é Incondicionada; quando, entretanto, por lei o Órgão Ministerial depende da representação da vítima ou da requisição o Ministro da Justiça para a interposição da ação, esta é classificada como Ação Penal Pública Condicionada.
 
b) Pública condicionada:
No caso da ação penal pública condicionada, o ofendido autoriza o Estado a promover a ação penal. A esta autorização dá-se o nome de representação, com a qual o órgão competente, ou seja, o parquet, está autorizado a oferecer a denúncia, se for o caso.
Quando a ação penal for condicionada, a lei o dirá, expressamente, 'proceder-se-á mediante representação".
O art.129, I da Constituição Federal dispõe que é função institucional do Ministério Público, privativamente, promover ação penal pública, na forma da lei. ²¹
Já o art.24 do Código Processual Penal, preceitua que, nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, dependendo, quando exigido por lei, de requisição do ministro da Justiça ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo (pública condicionada).²²
Consiste a representação do ofendido em um tipo de pedido por meio do qual o ofendido ou seu representante legal expressam o desejo de instauração da ação, autorizando a persecução penal.
A representação é um direito da vítima e pode ser exercido por ela ou por seu representante legal, ou, ainda, por procurador com poderes especiais, mediante declaração escrita ou oral conforme o artigo art.39, caput, do CPP. ²³
Quando o ofendido for incapaz e não tiver quem o represente legalmente, o será por curador especial, nomeado, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, pelo Juiz competente para o processo penal, consoante os artigos 30 e 33 do Código de Processo Penal, por analogia. Nesse caso o curador não está obrigado a representar.
O prazo para se exercer o direito de representação é de seis meses, contados a partir do dia em que a vítima ou o seu representante legal tomar conhecimento da autoria do crime, conforme os artigos arts.103 do Código Penal e 38 do Código Processual Penal.
No caso de vítima menor de idade, o prazo contará para seu representante legal a partir do dia em que tomar conhecimento do fato, desde que tal não se venha a dar após o representado atingir a maioridade.
Nesta situação, em que o representante legal, ignora o fato acontecido, o prazo passará a ser contado a partir do momento em que a vítima atingir a maioridade. No caso de incapacidade mental, isto, obviamente, não se aplica, pois a representação legal não cessa até que cesse a incapacidade conforme artigo 25 do CPP a representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
 
c) Pública Condicionada a requisição do Ministro da Justiça:
É a possibilidade do Ministro da Justiça requisitar ao MP o oferecimento da denúncia, nas situações elencadas no Código Penal: nos crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art.145, § único, primeira parte) e nos delitos praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art.7º, §3º).
É importante destacar que a requisição não obriga o MP a oferecer a denúncia.
É um ato discricionário do Ministro da Justiça, podendo ser feita a qualquer momento, desde que não esteja extinta a punibilidade do infrator. Esse ato, ainda, deverá atender a razões de ordem política.Com relação a possibilidade de retratação por parte do Ministro da Justiça a doutrina é divergente, contudo, a posição dominante é a de que a requisição é irretratável.
 
Disposições Gerais sobre a ação pública:
 
É o Ministério Público “dono" da ação penal pública”, sendo quem exerce a pretensão punitiva, propondo a ação penal pública desde a peça inicial, que é a denúncia, até o final.  
O artigo 27, do CPP, menciona a hipótese de qualquer pessoa do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação penal pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
O artigo 41 do Código de Processo Penal menciona quais são os elementos da denúncia ou da queixa (ação privada):
a) exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
b) qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo;
c) classificação do crime;
d) rol de testemunhas.
Ao receber o inquérito policial o MP pode tomar uma das seguintes providências:
1. Requerer novas diligências: conforme os artigos 129, VIII, da CF, e artigo 13, II, do CPP, o promotor pode optar por requisitar diretamente à autoridade a realização da diligência, sem retorno a delegacia de polícia. Pode, também requerer ao juiz a devolução dos autos a delegacia para a realização das diligências imprescindíveis, conforme o artigo 16, do CPP;
2. Requerer o arquivamento do inquérito policial. Nesse caso se o juiz concorda com o pedido ele ordena o arquivamento. Se o juiz discordar do pedido de arquivamento, conforme o artigo 28, do CPP, remete o inquérito ao Procurador-Geral de Justiça, que poderá insistir no pedido de arquivamento, hipótese em que o juiz estará obrigado a determina-lo, ou oferece a denúncia ou designa outro promotor para fazê-lo;
3. Oferecer a denúncia: peça inicial para apuração dos crimes de ação pública.
 
d) Ação Penal Privada:
A ação penal privada é a substituição do direito de imputar do Estado para o particular, pois o interesse na existência do processo e da punição, é claramente privado, conforme o artigo art. 100, § 2.º, CP.
A peça inicial da ação penal privada dá-se o nome de queixa crime. Nos crimes dessa espécie, a lei expressamente menciona a expressão “somente se procede mediante queixa” (vide a primeira parte do caput do artigo 145, do CP).
O sujeito ativo (ofendido) é chamado de querelante, e o passivo (ofensor), de querelado.
Conforme o artigo 38, do CPP, o ofendido decai do direito de queixa após seis meses a contar da data em que descobre a autoria do delito.
Na Ação Penal de Iniciativa Privada, a queixa deverá ser realizada também de acordo com a conveniência e oportunidade do ofendido. Este deverá conduzir o processo, sendo devidamente representado por seu advogado com procuração especifica nos autos.
Em caso de morte do ofendido ou de declaração judicial de ausência, o artigo 31, do CPP, estabelece quem tem o direito de intentar a ação privada, contudo não aplicável a ação penal personalíssima.
No caso da ação privada, a punibilidade será extinta se a vítima promover a renúncia (Artigo 104 do Código Penal), expressa ou tacitamente (se o ofendido praticar ato incompatível com a vontade de prestar queixa); perdoar o querelado (ato bilateral, que demanda concordância do querelado, ocorrendo durante o transcurso da ação penal); deixar ocorrer a perempção (sanção processual imposta ao querelante quando não proporciona o devidoandamento ao feito). Também extingue e punibilidade o decurso do prazo decadencial de seis meses.Vejamos:
Decadência:
É a perda do direito de agir, pelo decurso de determinado lapso temporal, estabelecido em lei, provocando a extinção da punibilidade do agente. Com relação a ação privada subsidiária da pública deve-se ressaltar que o particular ofendido pode decair do seu direito de apresentar queixa, tão logo decorra o prazo de seis meses, contado a partir da finalização do prazo legal para o Ministério Público oferecer denúncia, embora não afete o direito do MP, ainda que fora do prazo, de oferecer denúncia.
Temos outros prazos especiais:
a) seis meses, a partir do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento – art. 236, parágrafo único, CP;
b) 30 dias, a contar da homologação do laudo (art. 529, caput, CPP), é o prazo para a queixa no caso de crime contra a propriedade imaterial, embora incida também o prazo de seis meses, antes de começar o de 30 dias.
Renúncia:
Renunciar significa desistir de algo. Na esfera processual penal, indica que a vítima se recusa a tomar providência contra o seu agressor. A renúncia ocorre sempre antes do ajuizamento da ação. Se a desistência vier depois, chama-se perdão. Pode faze-la de maneira expressa (ingressar com petição ou carta ao agressor) ou tácita (reconciliando-se com o agressor, deixando isso evidente através de atitudes e gestos).
Assim, renunciando com relação a um, todos os demais serão beneficiados. Trata-se de ato unilateral do ofendido, que não depende de aceitação do ofensor. Contudo, no caso de infrações de menor potencial ofensivo, o acordo para a composição dos danos civis implica em renúncia, conforme o art. 74, parágrafo único, da Lei 9.099/95 (crimes de menor potencial ofensivo).
Perdão:
Perdoar significa desculpar. Com relação a ação penal privada exclusiva, equivale à desistência da demanda, ocorrendo quando a ação já foi iniciada. É ato bilateral, exigindo, pois, a concordância do autor do crime. A aceitação do perdão pode ser feita por procurador com poderes especiais, não havendo necessidade de ser o advogado do agressor.
A aceitação do perdão pode ser feita por procurador com poderes especiais, não havendo necessidade de ser o advogado do querelado (art. 55, CPP).Até o trânsito em julgado da sentença condenatória é possível que ocorra o perdão (art. 106, § 2º, do CP). Pode ocorrer o perdão de forma expressa ou tácita. Na primeira forma, é possível a sua concessão no processo (petição, assinada pelo ofendido ou por procurador com poderes especiais) ou fora dele (deve o querelante firmar um termo, demonstrativo da desistência da ação, feito pessoalmente ou por procurador com poderes especiais).
Na situação de ser oferecido no processo intima-se o querelado a se manifestar em três dias, cientificando-se que o seu silêncio importará em aceitação, conforme o art. 58, do CPP. Na segunda hipótese (perdão tácito), o querelante toma atitudes incompatíveis com o seu desejo de ver processado o agressor.
Perempção:
Ocorre a extinção da punibilidade do querelado, nos casos de ação penal exclusivamente privada, quando o querelante, por desídia, demonstra desinteresse pelo prosseguimento da ação. Dessa forma, o juiz, observando as situações elencadas no artigo 60 do Código de Processo Penal, reconhece a perempção e coloca um ponto final ao processo. As hipóteses de perempção estão demonstradas no artigo 60, do CPP, vejamos:
"Art. 60.Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I- quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II- quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV- quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor".
 
e) Ação Penal de Iniciativa Privada Personalíssima:
O único legitimado para prestar a queixa crime é o ofendido, não cabendo substituição processual (Representante legal) nem sucessão processual (por morte ou ausência). O único exemplo do Código Penal é o artigo 236.
 
f) A Ação Penal de Iniciativa Privada Subsidiária da Pública:
Ocorrerá quando o Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo estipulado por lei (5 dias após receber o inquérito policial, se o réu estiver preso e 15 dias após receber o inquérito policial, se o réu estiver solto), podendo o ofendido propor ele mesmo a ação no prazo de seis meses, a contar do esgotamento desse prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia (art. 38, caput, 2.a parte, c/c art. 46, caput, do CPP).
Neste caso, a vítima não oferecerá denúncia, mas sim queixa substitutiva. Oferecida queixa pelo ofendido, as atribuições do Ministério Público passam a ser aditar a inicial, para incluir circunstância constante das provas do inquérito, mas não descrita na peça inaugural privada, bem como para incluir algum indiciado esquecido. Pode, ainda, repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva, quando verificar que a peça ofertada pela vítima é inepta e não preenche os requisitos legais.
 
Disposições Gerais sobre ação privada:
 
A queixa é a petição inicial, contendo a acusação manifestada pela vítima, através de seu advogado com procuração específica nos autos, contra o agente do fato delituoso, nas ações penais privadas.
O artigo 41 do Código de Processo Penal menciona quais são os elementos da denúncia ou da queixa (ação privada):
a) exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
b) qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo;
c) classificação do crime;
d) rol de testemunhas. 25
 
Ação civil ex-delicto
Trata-se da ação ajuizada pelo ofendido, na esfera cível, visando obter indenização pelo dano causado pela infração penal, se existente. Trata-se de um processo de execução, uma vez que a sentença condenatória origina um título executivo (art. 91, I, do Código Penal).O sistema jurídico brasileiro possibilita a separação da jurisdição (penal e/ou civil).
Mesmo com a separação, prevalece a justiça penal sobre a civil, quando se tratar da indenização de crime e aquela julgar que inexistiu o fato ou tiver afastado a autoria.
A partir da vigência da Lei 11.719/2008, o juiz criminal fixará valor mínimo para a para a reparação dos danos causados pela infração penal, na sentença condenatória. Transitando em julgado a sentença a mesma pode ser levada ao juízo cível para que o ofendido alcance a reparação do dano (art. 63, CPP).
É bom lembrar que se o juízo penal afirmar a inexistência do fato ou considerar que o réu não foi o autor da infração penal, termina a possibilidade de ingresso na esfera civil.
 
Jurisdição
Você se lembra que jurisdição e competência não são a mesma coisa? Vejamos as peculiaridades relativas à jurisdição primeiro!
NESTE TÓPICO
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 CONCEITO DE JURISDIÇÃO.
 Princípios da Jurisdição
 Espécies da Jurisdição.
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CONCEITO DE JURISDIÇÃO.
 
É o poder de julgar atribuído, constitucionalmente, ao Estado (inerente aos magistrados/autoridades) para aplicar a lei abstrata aos casos concretos apresentados, resolvendo negócios e contendas.
Normalmente a atividade jurisdicional é exercida pelos magistrados, contudo, o artigo 52, I e II, da CF, possibilita ao Senado Federal que processe e julgue diversas autoridades, vejamos:
. Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;(Redação dada

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