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Aulas de Princípios do Sistema Recursal e Apelação



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Princípios do Sistema Recursal
Princípio do duplo grau de jurisdição 
O duplo grau de jurisdição assegura a parte ao menos um recurso, qualquer que seja a posição hierárquica do órgão jurisdicional no qual teve início o processo. O sistema confere para a parte vencida o direito de provocar outra avaliação de seu alegado direito, em regra perante órgão jurisdicional diferente, com composição diversa e hierarquia superior.
OBS- Há casos em que a apreciação do recurso se dá perante o mesmo órgão jurisdicional, alterada ou não a sua composição. Ex: embargos de declaração e recurso inominado nos Juizados Especiais.
OBS- A doutrina diverge quanto a classificação desse principio como constitucional ou infraconstitucional. 
Para boa parte dos processualistas cuida-se de um princípio de índole constitucional de previsão implícita. Tal observação pode ser extraída do fato de a Constituição Federal, ao disciplinar o Poder Judiciário com uma organização hierarquizada, prevendo a existência de vários tribunais, tem nela inserido o princípio do duplo grau de jurisdição. Também pode ser extraída a mesma conclusão, para parte da doutrina, da menção ao vocábulo “recurso” contida no art 5, LV , da CF.
Por ser um princípio é perfeitamente possível que haja exceções a sua previsão bem como restrições e eliminação de recursos em casos específicos. Na ideia de ponderação, aumento ou redução de incidência de princípios, o que não se permite é a retirada do princípio do sistema. 
Relativizações ao duplo grau de jurisdição 
Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.
Art. 938.  A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.
§ 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes.
§ 2o Cumprida a diligência de que trata o § 1o, o relator, sempre que possível, prosseguirá no julgamento do recurso.
§ 3o Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução.
§ 4o Quando não determinadas pelo relator, as providências indicadas nos §§ 1o e 3o poderão ser determinadas pelo órgão competente para julgamento do recurso.
Princípio da voluntariedade e Princípio da dialeticidade. 
Todo o recurso é um exercício voluntário de busca por tutela jurisdicional.
 Notadamente, para que possa um recurso possa ser apreciado, é imprescindível a presença de dois elementos de suma importância: a declaração expressa de insatisfação com a decisão impugnada e a exposição das razões que levam o recorrente a não se conformar com a decisão atacada.
É dizer, não basta afirmar o descontentamento com a decisão, é preciso dar as razões do inconformismo. Nisso consiste o princípio da voluntariedade, que, como se vê, está estritamente ligado ao princípio dispositivo.
Princípio da proibição da “reformatio in pejus”
Tal princípio enuncia que o julgamento de um recurso não pode agravar a situação do recorrente. Advirá do julgamento uma melhora na situação daquele que recorre ou a manutenção da situação tal qual disposta na decisão recorrida.
	
Se o recurso foi parcial. A parte favorável e não impugnada transitará em julgado, não sendo lícito ao órgão ad quem exercer sobre tal capítulo atividade cognitiva e muito menos retirar a vantagem obtida.
 OBS: exceção a esse princípio são as matérias de ordem pública que podem ser conhecidas de oficio pelo Tribunal, inclusive em desfavor do recorrente. Exemplo reconhecimento de prescrição.
OBS: o CPC-2015 traz a possibilidade de majoração de honorários advocatícios na instância recursal, de forma que é possível tenha sua situação piorada após o julgamento do recurso em razão do aumento da condenação ao pagamento de honorários advocatícios em fase recursal.
Princípio da singularidade e princípio da unirrecorribilidade
A unirrecorribilidade está ligada a ideia de adequação do recurso em relação à decisão. O princípio estabelece que para cada ato judicial cabe um único tipo de recurso. 
Exemplo: De sentença cabe apelação; de decisão interlocutória, em regra, cabe agravo de instrumento. 
A singularidade traz a ideia de que contra uma única decisão apenas um recurso deve ser apresentado. 
Exemplo: não cabem duas apelações de uma mesma sentença, não cabem um agravo e uma apelação de uma sentença.
Exceção aos dois princípios: do acordão que, após esgotadas as vias ordinárias, questionou matéria constitucional e também federal caberão simultaneamente Recurso Extraordinário e Recurso Especial.
Princípio da fungibilidade
O princípio da fungibilidade indica que um recurso, mesmo sendo incabível para atacar determinado tipo de decisão, pode ser considerado válido, desde que exista dúvida, na doutrina ou jurisprudência, quanto ao recurso apto a reformar certa decisão judicial.
Tal princípio vem da ideia de fungibilidade de meios. Cuida-se de um princípio do sistema recursal desenvolvido pela doutrina e jurisprudência. O CPC-15 traz hipóteses em que autoriza o recebimento de um recurso por outro que seja o adequado ao caso.
Requisitos para a fungibilidade:
 Dúvida objetiva
Inexistência de erro grosseiro e má-fé
Tempestividade dos recursos
Dúvida objetiva- é aquela que resulta de controvérsia efetiva na doutrina ou na jurisprudência a respeito da natureza do pronunciamento jurisdicional e consequente recurso apto a impugná-lo.
Inexistência de erro grosseiro ou de má-fé- a jurisprudência trazia como exemplo para erro grosseiro a interposição de agravo de instrumento de decisão que deferia o benefício da justiça gratuita que de acordo com a lei 1060/50 era uma sentença, portanto passível de apelação. O CPC 2015 praticamente revogou a lei 1060 e previu que a decisão que defere o benefício está sujeita a agravo de instrumento. 
Tempestividade dos recursos- tal requisito encontra-se prejudicado pois a nova legislação unificou os prazos recursais de quase todos os recursos para 15 dias, exceção à regra é o recurso de embrago de declaração que continua com prazo de 5 dias.
O CPC 2015 admite fungibilidade recursal textualmente em duas situações:
Embargos de declaração conhecidos como agravo interno:
“Art .1024.  O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente.
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razõesrecursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o.”
Recurso Especial conhecido como Recurso Extraordinário na hipótese de o relator reconhecer que se trata de questão constitucional: 
Art. 1.032.  Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
Parágrafo único.  Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
Art. 1.033.  Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.
Princípio da taxatividade
Dispõe o art. 944 do CPC-2015:
Art. 994.  São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.
Só é recurso aquilo que a Constituição Federal ou lei federal afirma ser recurso. 
O rol de recursos é taxativo. Só existem os recursos previstos em lei. Não é permitido às partes formular meios de impugnação diferentes daqueles indicados pelo legislador.
Obviamente, o legislador pode criar novas espécies recursais e também suprimir recursos existentes.
Sucedâneos Recursais
 Sucedâneo recursal é todo meio de impugnação de decisão judicial que não é recurso e não é ação de impugnação. São exemplos: a remessa necessária e o pedido de reconsideração.
7.1) Remessa Necessária
É também conhecida como reexame de ofício, recurso de ofício ou duplo grau de jurisdição. 
A remessa necessária é uma condição de eficácia da sentença, consiste na necessidade, imposta pela lei, de que a decisão seja reexaminada pelo tribunal, ainda que não tenha havido nenhum recurso das partes.
É condição indispensável para que a sentença transite em julgado.
Estabelece a Sumula 423 do STF: “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”.
Caso o juiz se omita ao seu dever de determinar a remessa necessária pode a qualquer tempo de ofício ou a requerimento das partes corrigir a omissão. O presidente do tribunal pode avocar os autos e determinar a distribuição a um relator para que seja processada e julgada a remessa.
7.1.2) Hipóteses de Cabimento:
Dispõe o art. 496, I e II, do CPC 2015:
 Art. 496.  Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa necessária.
Anotações importantes:
A remessa necessária aplica-se às decisões de mérito proferidas contra o Poder Público no procedimento ordinário*, ou seja, contra a União, os Estados, Distrito Federal, autarquias e fundações públicas.
*Nao há remessa necessaria das sentenças proferidas no Juizado Especial Federal e nem no Juizado Especial da Fazenda Pública.
Estão excluídas da previsão as empresas públicas e as sociedades de economia mista, pois são pessoas jurídicas de direito privado.
Só há, em regra, remessa necessária de SENTENÇA. Para boa parte da doutrina caberá remessa necessária de DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE MÉRITO.
A jurisprudência do STJ entende que não se admite a remessa necessária relativamente às sentenças que não resolvam mérito.
A sentença que conceder segurança em MS está sujeita a remessa necessária, de forma que só transita em julgado depois de reexaminada pelo tribunal (art. 14 da lei 12016/2009). Importante notar que não importa a condição da parte que ocupa o polo passivo da demanda há remessa necessária por conta da concessão de segurança. 
7.1.3)Dispensa do cabimento de remessa necessária:
Dispõe o § 3o do art. 496 do CPC de 2015:
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
Anotações importantes:
Para fins de remessa necessária o valor que importa é o da condenação ou do proveito econômico auferido ainda que o valor atribuído à causa na petição inicial seja mais alto.
 
Só não haverá remessa necessária para valores inferiores aos dispostos para cada Fazenda Pública. Logo, se o valor da condenação ou do proveito econômico corresponder à cifra exata a um dos limites deve haver remessa necessária.
A mudança nas hipóteses de cabimento e dispensa da remessa feitas pelo CPC, suscitam questão de direito intertemporal. Vale a regra existente ao tempo da prolação da sentença. (Enunciado 311 do FPPC)
Já o § 4o  do art. 496 elenca as hipóteses de dispensa de cabimento que independem do valor da condenação, são elas:
§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
7.1.4)Efeitos da remessa necessária: 
Efeito devolutivo: 
O Tribunal só examinará, na remessa, a sucumbência imposta à Fazenda, e não as outras partes da sentença. A situação da Fazenda não pode piorar. Só poderá piorar se houver recurso voluntário do seu adversário.
A extensão da matéria a ser reexaminada pelo juiz, por força da remessa, é indicada pela Súmula 45 do STJ: “No reexame necessário (atualmente remessa necessária), é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública”. 
Efeito Translativo:
A remessa necessária tem efeito translativo, ou seja, autoriza o Tribunal a conhecer, de ofício, matérias de ordem pública, mesmo aquelas que não sejam objeto do recurso.
7.2) Pedido de reconsideração 
Cuida-se de sucedâneo recursal que não tem previsão legal, embora seja formulado com frequência. Ele é muito útil para atacar despachos, decisões interlocutórias e decisões terminativas.
É resultado de construção jurisprudencial. Trata-se de requerimento apresentado pela parte ao órgão judiciário que proferiu o ato decisório para reforma-lo, retratá-lo ou revoga-lo.
Deve ser interposto no prazo recursal. 
O pedido pode ser manejado por qualquer das partes, desde que haja sucumbência na decisão.
O juízo que proferiu a decisão é o competente para apreciar o pedido de reconsideração.
O pedido de reconsideração não tem efeito suspensivo ou interruptivo do prazo para os recursos cabíveis. 
Havendo a modificação da decisão, prejuízo ou desvantagem esse segundo ato do juiz que acolheu o pedido de reconsideraçãotem natureza de decisão interlocutória agravável.
1.Apelação 
A apelação é o recurso que cabe contra sentença, definida como o pronunciamento que, proferido com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. É dos utilizados com mais frequência entre nós.
O recurso será manejado contra toda e qualquer sentença, resolutiva de mérito, terminativa, sentença em jurisdição contenciosa ou voluntária.
 OBS- Exemplos de sentenças não apeláveis: (previsões em leis especiais)
sentença que decreta falência- cabe agravo de instrumento;
sentença em execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 ORTN- desafia embargos infringentes de alçada;
sentença em Juizado –desafia recurso inominado;
sentença cujo processo for parte de um lado Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País- desafia recurso ordinário a ser julgado pelo STJ;
1.1 Requisitos de Admissibilidade da Apelação:
Tempestividade: a apelação deve ser interposta no prazo de 15 dias contados da data em que os advogados, Defensoria Pública, MP são intimados da decisão.
Prazo em dobro para Defensoria Pública, MP e Fazenda Pública.
Preparo: consiste no recolhimento das custas inerentes à interposição do recurso.
Está previsto no art. 1007 do CPC:
Art. 1.007.  No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos.
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o.
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
1.2 O art.1009- as interlocutórias apeláveis :
Art. 1.009.  Da sentença cabe apelação.
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença
	Art. 1.015.  Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único.  Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
No sistema do atual CPC, em que não há mais o agravo retido, as decisões interlocutórias contra as quais não cabe agravo de instrumento, isto é, as que não constam do rol do art. 1.015 e que, por isso, não estão sujeitas à preclusão, poderão ser reexaminadas pelo Tribunal, se suscitadas como preliminar de apelação ou nas contrarrazões.
Caso o apelante pretenda que o tribunal reexamine a questão agravada, deve suscitá-la como preliminar, nas razões de apelação; caso seja o apelado quem pretenda o reexame, deverá suscitá-la nas contrarrazões.
Imagine-se que, no curso do processo, o autor postulou ao juiz prova pericial, e ele a negou. Na sentença, o juiz pode julgar improcedente o pedido do autor, ou procedente, apesar de não realizada a perícia. No primeiro caso, ele apelará e, nas razões, pedirá que o tribunal, preliminarmente, reexamine a decisão que indeferiu a perícia.
Caberá ao tribunal, antes de julgar o mérito da apelação, reexaminar a decisão interlocutória impugnada: se a mantiver, examinará a impugnação à sentença; se a reformar, o processo retroagirá à fase de perícia, para que seja realizada, e todos os atos subsequentes, incluindo a sentença, ficarão prejudicados. O processo retornará à fase em que foi proferida a decisão agravada. Como a sentença fica prejudicada, o tribunal também considerará prejudicada a apelação.
Se o autor sair-se vencedor, o réu apelará, postulando a alteração da sentença; o autor apelado, por temer que, sem a perícia, o tribunal dê provimento ao recurso, poderá pedir, em contrarrazões, que examine preliminarmente a questão da prova pericial. Caso verifique que a sentença não se sustenta, por falta da prova requerida, o tribunal, em vez de reformá-la, reformará a decisão interlocutória e determinará a realização da perícia, ficando prejudicados os atos processuais subsequentes, incluindo a sentença e a apelação. Se isso for feito nas contrarrazões, o apelante será intimado para manifestar-se sobre a questão, no prazo de 15 dias (art. 1.009, § 2º)
O novo código trouxe uma novidade quanto ao cabimento da apelação. Além das matérias resolvidas na sentença, a apelação se prestará ao exame de eventuais decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento (no CPC de 73 essas decisões eram objeto de agravo retido, recurso extinto pela nova lei processual).
Todas as decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento poderão ser incluídas no corpo da apelação como preliminares ao exame dos itens da sentença que são impugnados ou podem compor as contrarrazões a apelação.
Importante: Para respeitável parte da doutrina, é possível que a parte apele apenas para discutir eventual questão interlocutória.
Exemplo de decisão interlocutória que não se sujeita a agravo de instrumento: indeferimento de produção de prova, indeferimento de expedição de carta rogatória , negativa de homologação de negócio jurídico processual.
Exemplo: O autor solicita a produção de uma prova pericial na fase de conhecimento e o juiz nega. Trata-se de decisão interlocutória não sujeita a agravo instrumento. O processo prosseguiu, a sentença foi de improcedência e o autor perdeu. Em razão disso, o autor apela e, em preliminar do recurso, quer discutir a decisão interlocutória anterior. Nesse caso, o desembargador verifica que a parte afirma que a prova pericial é apta a modificar toda a situação. 
Qual será a lógica de dar provimento a um recurso, anular a sentença,baixar o processo para produzir prova que ensejará outra sentença e outro recurso? O CPC/15 inova ao possibilitar que o relator suspenda o julgamento do recurso, determine a produção da prova pericial através da expedição de carta de ordem ao juiz de primeiro grau para realizar a devida atividade de instrução, como a oitiva de testemunha ou a prova pericial. Produzida a atividade instrutória, o juiz de primeiro grau remete a carta de ordem ao Tribunal, que conforme o Regimento anexará tal carta aos autos ou a deixará em apenso e, a partir dali, poderá dar prosseguimento ao recurso. O relator ou o colegiado poderão analisar o mérito da causa. Embora tal norma já fosse cumprida informalmente, o CPC/15 passou a positivar essa prática.
1.3 A peça do recurso de apelação:
Art. 1.010.  A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
Caso o apelado traga em suas contrarrazões impugnação a decisão interlocutória, sua defesa ganha ares de recurso, situação em que se permitirá ao apelante oferecer contrarrazões às contrarrazões do apelado.
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
Propiciando a observância ao contraditório. O prazo também será de 15 dias.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
O juízo a quo não fará nenhum juízo de admissibilidade. O processamento do recurso não poderá ser indeferido na primeira instância, ainda que o juízo perceba a ausência de algum requisito de admissibilidade (cabimento, preparo, legitimidade, interesse, tempestividade, regularidade formal).
A tarefa de analisar a admissibilidade caberá, em princípio, ao relator do recurso (sorteado ou prevento), com possibilidade de agravo interno para que a turma decida.
1.4 Apelação e juízo de retratação:
Em regra a apelação não comporta juízo de retratação, após oferecidas as razões e as contrarrazões, os autos devem ser remetidos ao Tribunal.
Exceção: haverá a possibilidade de juízo de retratação nas hipóteses de indeferimento da inicial (art. 331 do CPC), improcedência liminar do pedido (art. 332) ou nos casos em que o juiz proferir sentença terminativa. Nessas oportunidades se o autor apelar, o juiz poderá:
no prazo de 5 dias retratar-se, caso em que receberá a inicial e intimará o réu para a audiência de conciliação do art. 334.
Não retratar-se, caso em que mandará citar o réu para responder ao recurso de apelação que será julgado pelo tribunal.
1.5 Julgamento da apelação:
A apelação será julgada por três desembargadores, o resultado será colhido por maioria.
As decisões interlocutórias de mérito apeláveis serão julgadas antes das questões atinentes a sentença.
Cada capítulo da sentença ou cada impugnação será votada separadamente.
Após o pronunciamento dos votos, será anunciado o resultado e redigido o acórdão, pelo relator ou, se ele for vencido, pelo desembargador que proferiu o primeiro voto vencedor.
O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.
1.6) Sistemática do artigo 942 do CPC/15:
Art. 942.  Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado.
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento.
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
§ 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas;
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.
1.7) Julgamento monocrático da apelação:
O CPC de 2015 ampliou os poderes do relator dos recursos. O código traz situações em que ele pode não admitir o recurso, negar provimento ou dar provimento ao apelo do recorrente, desde que preenchidos os requisitos legais. 
Vejamos:
Art. 932.  Incumbe ao relator
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
1.8) Honorários Advocatícios:
No momento em que for julgada haverá necessidade de o Tribunal analisar se é o caso de majorar honorários advocatícios no recurso de apelação, considerando a nova regra prevista no artigo 85, §11, que contém previsão no sentido de que nas hipóteses de o recurso não ser admitido ou ter seu provimento negado, os honorários anteriormente fixados na sentença devem ser majorados, respeitados os limites máximos do §2º e §3º. Assim, o §11 do artigo 85 apresenta uma novidade em relação aos honorários sucumbenciais.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento. 
Exemplo: Em uma demanda envolvendo particulares, os honorários são fixados entre 10 a 20%. Fixados em 10% na sentença e havendo recurso de apelação pela parte derrotada, o Tribunal irá majorar os honorários em caso de negativa de provimento até o limite de 20%.
EFEITOS DA APELAÇÃO
 ■ 1.4.1. Devolutivo
Consiste na aptidão que todo recurso tem de devolver ao conhecimento do órgão ad quem o conhecimento da matéria impugnada. Todos os recursos são dotados de efeito devolutivo, uma vez que é de sua essência que o Judiciário possa reapreciar aquilo que foi impugnado, seja para modificar ou desconstituir a decisão, seja para complementá-la ou torná-la mais clara.
O órgão ad quem deverá observar os limites do recurso, conhecendo apenas aquilo que foi contestado. Se o recurso é parcial, o tribunal não pode, por força do efeito devolutivo, ir além daquilo que é objeto da pretensão recursal
 ■ 1.4.2. Suspensivo
 Em regra, a apelação é dotada de efeito suspensivo.Mas há casos, enumerados no art. 1.012, § 1º, do CPC, em que a lei lhe retira esse efeito:
a) a sentença que homologa a divisão ou demarcação, tratada nos arts. 588 e ss. e 574 e ss. do CPC;
b) a que condena a pagar alimentos, que servem à subsistência do alimentando, e pressupõe urgência, que não se coaduna com a suspensividade do recurso. A mesma regra vale para a sentença que eleva o seu valor. Há grande controvérsia a respeito da sentença que os reduz ou que exonera o devedor de os pagar. Parece-nos que, como a regra é o efeito suspensivo, e o art. 1.012, § 1º, II, só o afasta em caso de condenação em alimentos, se a sentença se limita a reduzi-los ou a exonerar o devedor o recurso terá efeito suspensivo. Os alimentos a que se refere o dispositivo são apenas aqueles do direito de família, decorrentes do casamento, união estável ou parentesco. Não aqueles decorrentes de ato ilícito, caso em que a apelação será provida do efeito suspensivo;
 c) a que extingue sem resolução de mérito ou julga improcedentes os embargos à execução: a regra não vale para embargos de terceiro, que não se confundem com embargos à execução. Se os embargos foram julgados parcialmente procedentes para reduzir o valor da execução, esta poderá prosseguir pelo valor reduzido;
 d) a que julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem: a arbitragem foi regulamentada pela Lei n. 9.307/96;
 e) a que confirmar, conceder ou revogar tutela provisória: se o juiz concedeu tutela provisória e proferiu sentença confirmando-a, não pode suspendê-la em razão da apelação. O mesmo ocorrerá se a tutela for concedida na sentença. O efeito suspensivo só ficará excluído em relação àquela parte da sentença que foi objeto da tutela provisória. Se nela o juiz decidiu inúmeras pretensões, das quais apenas uma tenha sido antecipada, só em relação a ela o recurso não será recebido no efeito suspensivo. Já se a sentença revogar a antecipação, ainda que a apelação possa ter o efeito suspensivo de maneira geral, não terá o condão de manter a tutela revogada;
 f) a que decretar a interdição, procedimento regulado nos arts. 747 e ss. do CPC.
 ■ 1.4.3. Regressivo
 A apelação só será dotada de efeito regressivo quando interposta contra a sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485, § 7º, do CPC) ou de improcedência liminar (art. 332, § 3º)
Na apelação há atualmente duas hipóteses em que o juiz pode voltar atrás: a da sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485), no prazo de cinco dias (art. 485, § 7º, do CPC); e a sentença de improcedência liminar do pedido, também no prazo de cinco dias (art. 332, § 3º)