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Capítulo 3: Principais Variáveis de Processo Para se projetar, supervisionar ou modificar um processo, o engenheiro necessita conhecer as quantidades, composições e condições dos materiais que entram e saem da unidade, bem como saber medi-las no caso de unidades já existentes. Neste item serão apresentadas definições, técnicas de medidas e métodos para cálculo dessas variáveis. Problema básico na Análise de Processos Químicos Calcular quantidades e propriedades de produtos a partir das quantidades e propriedades das matérias-primas e vice- versa. Quantidades e Propriedades: Variáveis de Processos Quem são essas variáveis de processo ? Massa; Volume; Massa específica; Vazão (mássica, volumétrica, molar); Composição Química; Pressão; Temperatura Aula de hoje: Serão apresentadas essas variáveis de processo, técnicas de medidas e métodos para o cálculo. 3.1. Massa Específica, Volume Específico e Densidade Relativa A massa específica (ρ) de uma substância é a massa por unidade de volume da substância (kg/m3, g/cm3, lb m /ft3, etc...). O volume específico ( ) é o volume por unidade de massa (m3/kg, cm3/g, ft3/lb m ), e, portanto, o inverso da densidade. V OBS: 1) Massa específica de sólidos e líquidos puros é relativamente independente da temperatura e da pressão e pode ser encontrada em referências padrões; 2) Massa específica de gases é função da temperatura e pressão e pode ser encontrada em referências padrões; O volume molar ( ) é a relação entre o volume de uma substância e o seu número de mols correspondente (m3/kg-mol, cm3/g-mol, ft3/lb-mol). V V A massa específica de uma substância pode ser usada como um fator de conversão para relacionar massa e volume. Ex.: A massa específica (ρ) do tetracloreto de carbono é 1,595 g/cm3. A massa de 20,0 cm3 de CCl4 é, portanto, e o volume de 6,20 lbm de CCl4 é A densidade relativa (DR) de uma substância é a relação entre a massa específica dessa substância e a de uma substância de referência, em condições especificadas. g 31,9 cm g 595,1 cm 0,20 3 3 = 3 3 cm 1765 g 595,1 cm 1 544 lbm 20,6 = lbm g ref SG ρ ρ =DR A referência mais comumente usada para sólidos e líquidos é a água a 4,0ºC, onde ρref (H20, 4oC) = 1,000g/cm3 = 1000 kg/m3 = 62,43 lb m /ft3 A notação , significa que a DR de uma substância a 20ºC com referência à água a 4ºC é 0,6. Existem outras unidades particularmente usadas na indústria de petróleo, como: O Bé (Baumé) (graus de Baumé) OΑPI (American Petroleum Institute) Suas definições e fatores de conversão são dados no Perry. 0 0 4 20 0,6 SG =DR 3.3. Vazão ("flow rate") a) vazões mássica e volumétrica Processos contínuos envolvem o movimento de materiais de um ponto a outro entre as unidades de processo. A velocidade com que o material é transportado através de uma tubulação ("pipe line") é a vazão do material ("flow rate"). ● vazão mássica, , dada em massa / tempo ● vazão volumétrica, , dada em volume / tempo m V ● vazão molar, , dada em mol / tempon˙ Suponha um fluido (gás ou líquido) escoando através de um tubo cilíndrico como mostrado abaixo, onde a área hachurada representa a seção perpendicular à direção do escoamento. Se a vazão mássica do fluido é =m / t (kg / s), então em todo segundo m quilogramas de fluido passam através da seção. Se a vazão volumétrica do fluido nessa seção é =V / t (m3 / s), então em todo segundo V metros cúbicos de fluido passam através da seção. Entretanto e não são quantidades independentes, mas se relacionam através de ρ. m V m V ρ = = m V m V b) Medidores de Vazão Um medidor de vazão ("flow meter") é um aparelho montado em uma linha de processo para fornecer uma leitura continua da vazão na linha. Dois tipos comuns são mostrados abaixo. Rotâmetros Placa de orifício Fluxômetro de massa 3.2. Composição química a) Mol e Massa Molar O peso atômico ou massa atômica de um elemento é a massa de um átomo numa escala que define o isótopo do carbono (com 6p e 6n) C12, como exatamente 12,0. Peso molecular de um composto é a soma dos pesos atômicos dos átomos que constituem uma molécula do composto. O átomo de oxigênio, tem um peso atômico de aproximadamente 16. A massa molecular do O2 é portanto 32. Um grama-mol (g-mol ou simplesmente mol no SI) de uma espécie é a quantidade dessa espécie cuja massa é numericamente igual ao sua massa molar. Para converter unidades molares, utiliza-se o mesmo "fator de conversão" utilizado para unidades de massa. Assim, como há 454 g / 1 lb m , há 454 g-mol / 1 lb-mol. b) Fração Mássica (xi) e Fração Molar (yi) e Massa Molar Média ( ) As correntes de processo ocasionalmente contêm apenas uma substância. Mais freqüentemente são constituídas de misturas de líquidos ou gases, ou soluções de um ou mais solutos em um solvente líquido. Os seguintes termos são usados para definir a composição de uma mistura de substâncias incluindo a espécie A. MM Fração Mássica (xA): Fração Molar (yA): OBS: Multiplicando-se por 100, tem-se a fração em termos de porcentagem (Porcentagem mássica ou molar) = ton total Aton , totallbm A lb , totalg A g , totalkg A kg totalmassa A de massaxA = mol-ton A mol-ton , mol-lb A mol-lb , mol-g A mol-g , mol-kg A mol-kg totaismols A de molsyA OBS: somatório das frações mássicas ou molares é igual a 1 ! Observações: 1) Note que as frações mássicas e molares independem da unidade, isto é, se a fração mássica do benzeno numa mistura é 0,25, então: 2) Um conjunto de frações mássicas pode ser convertido num conjunto de frações molares através dos seguintes passos: a) Assumindo-se como "base de cálculo" uma massa de mistura (normalmente 100); b) Utilizando-se as frações mássicas conhecidas para calcular a massa de cada componente dentro da base definida e convertendo-se essas massas em mols; c) Tomando-se a relação entre os mols de cada componente e a soma total dos mols. mistura lbm HC lbm 25,0 mistura g HC g 25,0 mistura kg HC kg 25,0x 666666HC 66 === Massa Molar Média ( ) A massa molar média ( ) de uma mistura (g/g-mol, kg/kg-mol, lb m /lb-mol, etc..) é a razão da massa de uma amostra da mistura (mt) pelo número de mols de todas as espécies da amostra. Se yi é a fração molar do componente i da amostra e Mi é a massa molar desse componente, sendo = mt / nt, logo: = y1 M1 + y2 M2 + y3 M3 + .... (todos os componentes) ∑ i ii M y M = ∑=+++= i i i 3 3 2 2 1 1 M x... M x M x M x M 1 MM MM MM MM MM c) Concentração Concentração mássica de um componente em uma mistura ou solução é a massa deste componente por unidade de volume da mistura (g A / cm3, lb m A / ft3, kg A / m3, ...). Concentração molar de um componente em uma mistura ou solução é o número de mols deste componente por unidade de volume da mistura (g-mol A / cm3, lb-mol A / ft3, kg-mol A / m3). Molaridade de uma solução é o valor da concentração molar do soluto expressa em g-mols soluto/litro de solução. Por exemplo, uma solução 2 molar (2 M) de A contém 2 g-mols A por litro de solução. Vazão molar ( ) de um componente é expressa em número de g-mols ou simplesmente mols desse componente por unidade de tempo. É igualao produto da vazão volumétrica pela concentração molar do componente. n 3.4 Pressão Uma pressão é a razão de uma força para uma área sobre a qual a força atua. Assim, as unidades de pressão são: ( ) ( )psi in lbf ; cm dinas ;Pa-Pascal m N 222 Consideremos um fluido (gás ou líquido) contido em um vaso fechado ou fluindo através de uma canalização e suponhamos que um buraco de área A é feito na parede, como ilustrado na figura. Figura. Pressão de um fluido em repouso e em escoamento. A pressão exercida pelo fluido é definida pela relação F/A, onde F é a força mínima necessária que deveria ser exercida no “plug” (tampão-rolha) para não permitir a saída do fluido. Suponhamos agora uma coluna vertical de um fluido de h metros de altura, que tenha uma área de secção transversal A (m2). A massa específica do fluido é ρ (kg/m3). Sobre a parte superior da coluna é exercida uma pressão P0 (N/m2), conforme ilustra a figura que segue (próximo slide). V m ,VAh , A g gm A F A F c0 =ρ=⋅ ⋅ += h g gPP c 0 ⋅⋅ρ+= OBS: Desde que A não aparece na fórmula, ela é aplicada tanto a uma coluna fina de um fluido como ao oceano. Figura. Pressão Hidrostática Líquidos Além de ser expressa em termos de força por área, uma pressão pode ser expressa como uma altura (carga, “head”) de um dado fluido. Isto é, a pressão seria equivalente àquela exercida por uma coluna hipotética de altura h desse fluido em sua base (da coluna), se a pressão no topo da coluna é zero, ou seja, Falando-se do fluido, conhece-se sua ρ e, como g/gc é um número conhecido, transforma-se altura em pressão. Só tem sentido para líquidos !!! Assim, pode-se falar de uma pressão de 14,7 psi ou, equivalentemente, de uma pressão (ou carga ou altura) de 33,9 ft H2O ou 76 cm Hg. Isto porque, g/gc = 1 lbf/lbm h g gPP c 0 ⋅⋅ρ+= ( ) cg gcargaou fluido do altura h área força P ⋅ρ⋅≡ b) Pressão Atmosférica (Patm), Pressão Absoluta (Pabs) e Pressão Manométrica ou Relativa (Pman ou Prel) A pressão atmosférica pode ser entendida como a pressão na base de uma coluna de fluido (ar) localizada no ponto de medida (ao nível do mar, por exemplo). A pressão P0 no topo da coluna é igual a zero e ρ e g são valores médios de densidade do ar e aceleração de gravidade entre o topo da atmosférica e o ponto de medida. Um valor típico da pressão atmosférica ao nível do mar é 760 mmHg. Ela foi designada como pressão padrão de uma atmosfera (experiência de Torricelli). As pressões dos fluidos, até aqui descritas são absolutas (a pressão zero corresponde ao vácuo perfeito). Muitos aparelhos de medida de pressão dão, no entanto, a pressão manométrica ("gauge") de um fluido, isto é, a pressão relativa. Uma pressão manométrica de zero indica que a pressão absoluta do fluido é igual a pressão atmosférica. aatmosféricrelativa ou amanométricabsoluta PPP += Escalas de pressão. As abreviações psia ou psig são comumente utilizadas para denotar as pressões absoluta e manométrica, respectivamente, em termos de lbf / in2 (psi). Também é comum referir-se a pressões manométricas negativas (pressões absolutas menores que a atmosférica) como quantidades positivas de vácuo. Por exemplo: (que corresponde à pressão absoluta de 28,9 inHg, já que ) é chamada de 1 inHg de vácuo. Então: Pabsoluta relativa ao vácuo Pmanométrica relativa à atmosfera c) Medidores de pressão de fluido Muitos aparelhos mecânicos são usados para medir pressões de fluidos. O mais comum é o manômetro de Bourdon que é um tubo oco fechado de um lado e inclinado (curvado) na forma de um “C”. A extremidade aberta é exposta ao fluido cuja pressão está sendo medida. Medidas precisas de pressões abaixo de 3 atm são fornecidas por outros manômetros. Um manômetro U é preenchido com um líquido de conhecida. Submetido a diferentes pressões nos dois tubos, o líquido se deslocará no sentido da menor pressão; deslocamento esse que é medido. Manômetro de extremidade aberta Manômetro de extremidade fechada Manômetro diferencial Manômetro de Bourdon aberto 3.5 Temperatura A temperatura de uma substância (T) em um dado estado de agregação (sólido, líquido ou gás) é uma medida da energia cinética média possuída pelas moléculas da substância. Como esta energia não pode ser medida diretamente, a T precisa ser determinada indiretamente pela medida de alguma propriedade física da substância, cujo valor depende da temperatura de uma forma conhecida. Tais propriedades e os aparelhos para medida de uma temperatura, nela baseados, incluem resistência elétrica de um condutor (termômetro de resistência), voltagem na junção de dois metais diferentes (termopar), espectro de radiação emitida (pirômetro) e volume de uma massa fixa de um fluido (termômetro). As duas mais comuns escalas de temperaturas que utilizam o congelamento e a ebulição da água a pressão de 1 atm são: Celsius (ou centígrado): Tf = 0 °C, Tb = 100 °C. Nessa escala o zero absoluto (teoricamente a menor temperatura atingida na natureza) vale –273,15 °C. Fahrenheit: Tf é designado por 32 °F e Tb por 212 °F. O zero absoluto equivale a –459,67 °F. Escalas de Temperatura 15,273C)(º T(K) T += C)(º T8,132F)(º T ⋅+= 459,67F)(º TR)(º T += (K) T8,1R)(º T ⋅= Celsius (ºC) Fahrenheit (ºF) Kelvin (K) Rankine (ºR) Zero absoluto -273,15 –459,67 0 0 Tf 0 32 273,15 491,67 Te 100 212 373,15 671,67 Intervalo de T 100 180 100 180 É importante lembrar que um grau é tanto uma temperatura como um intervalo de temperatura. Logo, em termos de intervalo de temperatura, tem-se as seguintes relações: K 1 C 1 , R 1 F 1 , K 1 R 8,1 , C 1 F 8,1 Medidores de temperatura Termômetros de resistência Termopares Pirômetro Termômetro termômetro termoresistência Exercícios de aula: A capacidade calorífica da amônia, definida como a quantidade de calor requerida para aumentar a temperatura de uma unidade de massa de amônia de um grau a pressão constante é, dentro de uma faixa limitada de temperaturas, dada por: ( )FT1029,2487,0 Flbm BTUC 4p ⋅⋅+= ⋅ − Determine a expressão para C p em (J / g.oC) em termos de T(oC). Solução: 1) Mudança da unidade de T: ( )( ) ( )CT10.12,4494,0 Flbm BTUCp 32CT8,110.29,2487,0 Flbm BTUCp 4 4 ⋅+= ⋅ +⋅⋅+= ⋅ − − 1) Conversão de C p (J / g.oC): ( ) ⋅ ⋅+ − g 454 1 BTU 9,486.10 1 0,1 8,1 lbm BTU 10.12,4494,0 4- 4 lbmJ C F F CT ( )CT10.72,106,2 Cg JC 3p ⋅+= ⋅ − Lista de Exercícios de Aula (Variáveis de Processo) Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37
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