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Excitação do Músculo Esquelético : A. Transmissao neuromuscular. B. Acoplamento excitação-contração. JUNÇÃO NEUROMUSCULAR As fibras musculares são inervação por fibras nervosas mielinizadas com origem nos motoneuronios que saem dos cornos anteriores da medula espinhal. Cada terminação nervosa forma uma junção neuromuscular, atingindo o meio de um grupo de fibras musculares, assim o potencial de ação percorre 2 sentidos para propagar-se. Existe apenas uma dessas junções para cada fibra muscular. PLACA MOTORA As fibras nervosas se ramificam para formar um complexo de terminações nervosas ramificadas que entram dentro da fibra muscular, a estrutura toda chama-se placa motora e é coberta por uma ou mais células de Schawann que a isolam dos líquidos circundantes. A membrana da fibra muscular invagina formando a goteira sináptica ou sulco sináptico , e o espaço entre a terminação nervosa e a membrana da fibra é chamado de fenda sináptica ou espaço sináptico, que tem de 20-30 nm de largura. No fundo da goteira sináptica existem pregas da membrana, como se fossem pequenas invaginações, essas pregas são denominadas fendas subneurais, que aumentam a área de atuação do neurotransmissor. Na ponta terminal do axônio pré-sinaptico há muitas mitocôndrias que produzem muito ATP, matéria-prima para a confecção de acetilcolina (neurotransmissor excitatório). Logo que é produzida a acetilcolina é armazenada em milhares de vesículas sinápticas na extremidade do axônio. Na fenda sináptica existe uma enzima que degrada a acetilcolina, é a acetilcolinesterase. SECREÇÃO DE ACETILCOLINA Quando o potencial de ação chega na extremidade axonal, os canais de cálcio voltagem dependentes que se encontram nas barras densas lineares do neurônio pré- sináptico abrem-se e com isso ocorre o influxo de cálcio na fibra nervosa . Os íons cálcio atuam sobre as vesículas de acetilcolina e causam a aproximação das mesmas a membrana neural adjacente as barras densas. Então as vesículas se fundem com a membrana adjacente e liberam acetilcolina por exocitose. A acetilcolina age então abrindo canais de íon positivos que são receptores de acetilcolina na membrana muscular localizada logo abaixo da barra densa. Casa receptor é um complexo de proteínas formado por cinco subunidades: 2 proteínas alfa, 1 beta, 1 delta e 1 gama. Elas atravessam toda membrana lado a lado e formam um circulo para compor o complexo tubular. O canal permanece fechado ate que duas moléculas de acetilcolina se fixem cada uma a uma extremidade alfa, acarretando uma alteração conformacional no canal, abrindo-o. O canal aberto é suficientemente grande para que os principais íons positivos (Na + , K + e Ca ++ ) possam passar por ele. O canal ainda apresenta poderosas cargas negativas na sua entrada, para que íons negativos não consigam atravessa-lo. Na pratica mais íons sódio passam pelo canal por duas razões: 1. Existem somente dois íons positivos com concentração relevante, o sódio no extracelular e o potássio no intracelular; 2. O potencial muito negativo no interior da membrana muscular (-80 a -90 mV) faz com que os íons sódio sejam atraídos e os íons potássio sejam impedidos de sair. O influxo de íon sódio na fibra muscular causa um potencial da placa motora na membrana e posteriormente um potencial de ação que se propaga ao longo da fibra para desencadear o potencial de ação. DESTRUIÇÃO DE ACETILCOLINA Enquanto persiste na fenda sináptica a acetilcolina continua abrindo os canais de íons positivos, porém ela é removida por dois meios: 1. A maior parte é destruída pela enzima acetilcolinesterase, que fica no tecido conjuntivo que preenche o espaço sináptico, entre as terminações pré e pós sinápticas. 2. Uma pequena parte se difunde para fora do espaço sináptico e deixa de estar disponível. O curto período que a acetilcolina fica na fenda sináptica (milissegundos) é suficiente para que ocorra a excitação da fibra muscular. A seguir, a remoção rápida dela previne a reexcitação depois que a fibra se recuperou do primeiro potencial de ação. POTENCIAL DA PLACA MOTORA E EXCITAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR ESQUELÉTICA A entrada brusca de íons sódio pelo canal de acetilcolina faz com que o potencial de membrana na área local da placa motora aumente por até 50-70 mV dando origem a um potencial local, chamado potencial da placa motora. Um aumento de 20 a 30 mV é suficiente para gerar o processo de feedback positivo dos canais de sódio. CURARE – fármaco que bloqueia a ação da acetilcolina por inibição competitiva. TOXINA BOTULÍNICA – veneno bacteriano que reduz a quantidade de acetilcolina liberada pelas terminações nervosas. FATOR DE SEGURANÇA PARA A TRANSMISSAO NA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR; FADIGA DA JUNÇÃO Cada impulso que chega a fibra muscular causa um potencial da placa motora cerca de 3 vezes maior que o necessário, por tanto, a junção neuromuscular tem um alto fator de segurança. A estimulação da fibra nervosa com frequência acima de 100 vezes/s durante vários minutos costuma reduzir o numero de vesículas de acetilcolina, de forma que muitos desses impulsos não conseguirão penetrar na fibra muscular. Essa é a chamada fadiga da junção, que é análoga a fadiga das sinapses do sistema nervoso central. Em função normal a fadiga é rara, porem pode aparecer em atividade muscular extensa. BIOLOGIA MOLECULAR DA FORMAÇÃO E LIBERAÇÃO DE ACETILCOLINA 1. Pequenas vesículas são formadas pelo complexo de Golgi no corpo celular do motoneuronio na medula espinhal. A seguir, pelo fluxo do axoplasma essas vesículas são transportadas da medula até as bases do axônio na junção neuromuscular. 2. A acetilcolina é produzida no citosol das fibras nervosas terminais e a seguir encaminhada para as vesículas. Cada vesícula pode conter um pacote de 10000 moléculas de acetilcolina. 3. As vezes, mesmo em repouso poucas vesículas podem fundir-se com a membrana e liberar acetilcolina na gota sináptica, quando isso ocorre aumenta o potencial em 0,4 mV com duração de milissegundos e chamado de potencial da placa motora em miniatura. 4. Quando o potencial chega na extremidade do axônio, muitos canais de cálcio voltagem dependentes são abertos, ocorre o influxo de cálcio que eleva a fusão das vesículas de acetilcolina com a membrana adjacente, acarretando a exocitose. A seguir, a acetilcolina é fracionada em íon acetato+colina pela enzima acetilcolinesterase. A colina é absorvida pela região neural para ser reutilizada na produção de acetilcolina. A sequencia de eventos ocorre em 5 a 10 milissegundos. 5. As vesículas são reformadas com rapidez para garantir o potencial de ação. Poucos segundos após o termino do potencial de ação proteínas como a clatrina formam depressões na membrana neural que logo se invaginam e formam novas vesículas que se carregarão de acetilcolina. FARMACOS QUE AFETAM A TRANSMISSÃO DA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR 1. Fármacos que estimulam a fibra muscular – metacolina, carbacol e nicotina – possuem ação semelhante a acetilcolina, a única diferença é que eles não são destruídos pela acetilcolinesterase, ou são destruídos de maneira lenta, o que aumenta o tempo da atividade muscular. Produzem áreas de despolarização na fibra muscular a nível de placa motora, ligando-se aos receptores de acetilcolina. A seguir, quando o fibra se recupera outra contração prévia ocorre, pelo vazamento de íons, acarretando espasmos. 2. Fármacos que bloqueiam a transmissão na junção neuromuscular – anestesia – O grupo de fármacos agentes curariformes podem impedir a passagem dos impulsos da placa motora para o músculo. Por exemplo, a D-tubocurarina age cominibição competitiva dos canais de acetilcolina, não deixando ocorrer o influxo de íons positivos na fibra muscular. 3. Fármacos que estimulam a junção neuromuscular pela inativação da acetilcolinesterase – neostigmina, fisostigmina e diisopropil fluorofosfato - inativam a enzima de modo que ela não hidrolise mais a acetilcolina. Consequentemente a concentração de acetilcolina só aumenta na fenda sináptica e causa espasmos musculares, levando até a morte pelo espasmo laríngeo que sufoca a pessoa. A neostigmina e a fisostigmina inativam a enzima por apenas algumas horas, enquanto o diisopropil fluorofosfato inativa por semanas, sendo um veneno letal (militarmente conhecido como gás neurotóxico). MIASTENIA GRAVE O paciente desenvolve paralisia grave por incapacidade de transmitir sinais para a fibra muscular. É uma doença auto-imune onde os anticorpos atacam os receptores de acetilcolina na fibra muscular. O potencial causado pela fenda sináptica é muito pequeno e não causa um potencial na fibra muscular, se a doença for grave a pessoa pode morrer devido a paralisia dos músculos respiratórios. Pode ser tratada com neostigmina. POTENCIAL DE AÇÃO DO MUSCULO Particularidades das fibras musculares: 1. Potencial de membrana de repouso de -80 a -90 mV (igual a fibras nervosas mielinizadas) 2. Duração do potencial de ação de 1-5 milissegundos (quase que 5 vezes mais longo que nos nervos mielinizados) 3. Velocidade de condução de 3 a 5 m/s – cerca de 1/13 da fibra nervosa. PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL PARA O INTERIOR DA FIBRA MUSCULAR Pela dimensão da fibra o potencial de ação necessita de uma “ajudinha” para atingir as áreas mais profundas. A transmissão as regiões mais profundas é feita pelos túbulos T, que penetram por toda espessura, através da fibra muscular de um lado para o outro. Os potenciais de ação dos túbulos T, causam a liberação de íons Calcio pelo reticulo sarcoplasmático, o que ocasiona a contração muscular. Esse processo é chamado de excitação-contração. ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO Sistema de túbulos transversos-retículo sarcoplasmático Os túbulos T são prolongamentos da membrana celular e se estendem ao redor de todas as fibras, são curtos e possuem liquido extracelular em seu interior. Eles se ramificam e podem formar planos inteiros de túbulos T entrelaçados entre miofibrilas individuais.. Os retículos sarcoplasmáticos possuem duas partes principais: túbulos longitudinais longos, paralelos as miofibrilas, que terminam em grandes camaras denominadas cisternas terminais. Essas cisternas são continuas aos túbulos T. O túbulo T e as cisternas formam uma tríade, com o túbulo no meio e as cisternas ao lado. O músculo esquelético cardíaco apresenta uma rede de túbulo T para cada sarcomero, igual a de músculos de animais inferiores como a rã. Já nos músculos esqueléticos dos mamíferos existem 2 redes de túbulos T para cada sarcomero, uma delas em cada extremidade do filamento de miosina para aumentar a força da contração muscular. Assim o músculo tem uma organização ótima para uma contração rápida. LIBERAÇÃO DE ÍONS DE CALCIO PELO RETICULO SARCOPLASMATICO Os íons de cálcio ficam dentro dos túbulos longitudinais, quando um potencial de ação chega ao reticulo pelo túbulo T os canais de cálcio se abrem e o cálcio é liberado nos sarcomeros onde se liga a Troponina C desencadeando a contração muscular. A contração continua enquanto houver cálcio entre as miofibrilas, assim para cessar a mesma o cálcio é devolvido ao reticulo pela bomba de Ca ++ . Além disso, dentro do reticulo há a proteína calsequestrina que mantem os íons cálcio la dentro, acelerando esse processo e mantendo o músculo relaxado. PULSO EXCITATÓRIO DOS ÍONS CALCIO A concentração normal de íons cálcio no citosol é menor que 10 -7 molar, e é extremamente pequena para induzir o funcionamento das miofibrilas. A excitação dos túbulos T e dos retículos sarcoplasmáticos faz com que a concentração de cálcio no citosol vá para 2 x 10 -4 molar, quase 10 vezes o nível necessário para induzir a contração máxima. Imediatamente a seguir a bomba de cálcio diminui esse nível. A duração total desse pulso de cálcio na fibra muscular é de aproximadamente 1/20 segundos, porem pode ter duração maior ou menor dependendo do tipo de músculo (no cardíaco dura 1/3 segundo pela longa duração do potencial de ação cardíaco). Durante o pulso ocorre a contração muscular, contrações continuas requerem pulsos contínuos.
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