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APOSTILA 1 - ORGANIZACAO DA AP 1

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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
DIREITO ADMINISTRATIVO I
PROFESSORA CILANA RABELO
APOSTILA DE DIREITO ADMINISTRATIVO I
PARTE 1 – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA�
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Organização administrativa é o capítulo do Direito Administrativo que estuda a estrutura interna da Administração Pública, os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem.
No âmbito federal, o tema é disciplinado pelo DL 200/67.
1. FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA:
Para o cumprimento de suas competências administrativas, a AP dispõe de duas técnicas diferentes: A DESCONCENTRAÇÃO E A DESCENTRALIZAÇÃO --- técnicas estas utilizadas para racionalizar o desenvolvimento e a prestação de atividades do Estado.
A) DESCONCENTRAÇÃO: é a repartição de funções entre vários órgão de uma mesma Administração, sem quebra de hierarquia. (HLM). Na desconcentração as atribuições são repartidas entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação hierárquica. Exs: Ministérios da União, Secretarias do Município, postos de atendimento do INSS. Na CONCENTRAÇÃO (raríssima), não há divisão interna de competência administrativa por meio de órgãos públicos. 
Obs: Órgão público --- núcleo de competências estatais sem personalidade jurídica própria. 
Conceito legal – art. 1°, par. 2°, I, LPA
A DESCONCENTRAÇÃO PODE SER:
1) Territorial ou geográfica – as competências são divididas delimitando as regiões onde o órgão pode atuar. Ex: Secretarias Regionais, Delegacias de Polícia.
2) Material ou temática – competência do órgão dividida por especialização/assunto. Exs Secretaria da Saúde, da Educação, etc.
3) Hierárquica ou funcional – utiliza como critério uma relação de subordinação entre diversos órgãos. Ex: Ministério da Saúde --- Secretaria de Atenção à Saúde é órgão subordinado ao órgão Gabinete do Ministro.
B) DESCENTRALIZAÇÃO: é a prestação que sai do núcleo ( entes federativos) e é deslocada para outras pessoas jurídicas, que podem receber a atividade: autarquias, fundações públicas, empresas públicas , sociedades de economia mista e consórcios públicos, ou seja, as entidades da administração indireta. Nela pressupõe-se a existência de pelo menos duas pessoas, entre as quais as competências são divididas.
Esse tipo de descentralização envolve: reconhecimento de personalidade jurídica do ente descentralizado; patrimônio próprio; existência de órgãos próprios, com capacidade de autoadministração; capacidade específica em relação ao serviço que lhe foi transferido, o que o impede de se desviar dos fins que determinaram a sua criação; e sujeição a controle ou tutela exercido pelo ente instituidor, nos limites da lei. ( NOHARA )
Os particulares também podem receber a descentralização --- DESCENTRALIZAÇÃO POR COLABORAÇÃO --- DELEGAÇÃO:
Compreende a execução de determinado serviço por meio de contrato ou ato administrativo unilateral, à pessoa jurídica de direito privado previamente existente. Neste tipo de descentralização, o Poder Público conserva a titularidade do serviço.
	DESCENTRALIZAÇÃO
	DESCONCENTRAÇÃO
	Distribuição para outras pessoas: jurídicas da administração, particulares ou entes políticos
	Distribuir dentro da mesma pessoa jurídica, ou seja, distribuir o serviço dentro da própria pessoa jurídica.
	Nova pessoa jurídica 
	Mesma pessoa jurídica (órgão)
	Não há hierarquia, não há relação de poder, o que existe é controle finalístico e fiscalização.
	Há hierarquia
2. MODALIDADES DE DESCENTRALIZAÇÃO
DESCENTRALIZAÇÃO pode ser de 02 formas:
	OUTORGA
	DELEGAÇÃO
	Transfere a titularidade + execução do serviço. 
	Transfere só a execução do serviço (mantém a titularidade). 
	
	Instrumento para outorga é somente a lei, normalmente por prazo indeterminado. 
	A delegação pode se dar por: 
a) lei para as pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à administração indireta - empresas públicas e sociedades de economia mista (concessionárias de serviço público)
b) contratos feita aos particulares - concessionárias e permissionárias de serviços (concessionárias e permissionárias de serviço público) (Lei 8987/95 = CONCESSIONÁRIAS COMUNS e Lei 11079/04 = CONCESSIONÁRIAS ESPECIAIS e as PPP) (PERMISSIONÁRIAS DA LEI 8987/95).
c) ato administrativo aos particulares - autorização, ex.: táxi.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO
Organização da Administração é a estruturação das entidades e órgãos que desempenharão as funções, através de agentes públicos.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
Todo ente político tem competência legislativa sobre esse assunto, cada um organizará a sua estrutura interna, cada ente tem a possibilidade de legislar sobre a sua estrutura interna. No âmbito federal, há algumas normas da União: Lei 9649/98, Lei 10.539/02 e a Lei 10.415/02.
- Entes políticos que a compõem: União, Estados, Municípios e DF
PRINCÍPIOS BÁSICOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Princípio do planejamento (art. 7º do DL 200/67)
Elaboração de planos e programas que visam promover o desenvolvimento econômico-social do país, assegurando aos cidadãos o direito à prosperidade.
2. Princípio da coordenação (art. 8º e 9º)
Harmonizar ações administrativas
3. Princípio da descentralização administrativa
Atribui a pessoas distintas daquela do Estado poderes suficientes para que, atuando por sua conta e risco, mas sob ordenamento e controle estatal, desempenhem atividade pública ou de utilidade pública (art. 10)
4. Princípio da delegação de competência
Subentende-se transferência de poder decisório (art. 11 e 12)
5. Princípio do controle
Acompanhamento sistemático da execução dos planos e programas governamentais pelos órgãos e chefias competentes. Baseia-se no princípio da hierarquia. (art. 13)
ORGÃOS PÚBLICOS
1. Conceito:
O conceito que mais cai em prova de concurso é o de HLM: “centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem”.
Unidades abstratas que sintetizam os vários círculos de atribuições.
Órgão nada mais é que um centro especializado de competência ou núcleo especializado de competência.
Divisões internas da PJ na busca de eficiência. Quanto mais especializado for o órgão, melhor será prestado o serviço, atendendo ao princípio da eficiência. Por isso, o serviço público é distribuído em pequenos núcleos denominados de órgãos públicos.
Existe na administração direta e indireta (art. 1º lei 9.784/99). Exemplo de órgão na indireta: INSS e seus postos de atendimento.
Estado: Pessoa Jurídica que, enquanto ficção jurídica, goza de personalidade jurídica, atuando por meio dos órgãos e seus agentes.
Atualmente, é possível a existência de ÓRGÃOS PÚBLICOS na administração indireta, com fundamento legal na Lei 9784/99 (artigo 1o., § 2o.), que afirma que os órgãos públicos podem ser da administração direta e indireta.
2. Características do órgão público:
a) Órgão público não tem personalidade jurídica�. 
Integram a estrutura do Estado. A pessoa jurídica é o Estado que representa o todo em que os órgãos são parte. 
Por não ter personalidade jurídica, o órgão não pode celebrar contrato. Acontece que a doutrina diz que pode haver contrato de gestão. O órgão não celebra contrato, apenas pode o presidente do órgão assinar, mas continua sendo o ente que assina. O órgão é gestor do contrato.
O órgão pode fazer licitação, mas quem assina o contrato ao final será a pessoa jurídica.
Art. 37 § 8º é dito pela doutrina como inconstitucional, pois afirmam que o órgão não pode assinar contrato.
a) Órgão público tem CNPJ
Em que pese o CNPJ ser o cadastro nacional de pessoa jurídica, órgão tem CNPJ que é dado pela Receita Federal para controlar o uso o dinheiro, mas não está relacionado à ideia de personalidade jurídica própria. Todo órgão públicotem que ter CNPJ, principalmente, se recebe recursos públicos. (Instrução normativa 748). 
b) Representação própria
Órgão pode ir a juízo em busca de prerrogativas funcionais enquanto sujeito ativo. Em caso de sujeito passivo não pode.
Pagamento do duodécimo pela Câmara Legislativa. O prefeito é que repassa. Em alguns municípios, os prefeitos, numa atitude antiética, não passam. Assim, a Câmara vai a juízo buscar seus direitos.
c) Responsabilidade Civil:
Os órgãos públicos não têm responsabilidade civil, será responsável a pessoa jurídica.
Exemplo: duas crianças na escola pública brigam e uma esfaqueia a outra. Quem responde? 
R.: Quem responde é o município, que é a pessoa jurídica, e não a Prefeitura que é outro órgão.
3. CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS
 Quanto à posição estatal:
a) Independentes:
São os órgãos que gozam de independência, ou seja, são os órgãos que não têm qualquer relação de subordinação ou hierarquia, são os órgãos que estão no topo do poder. EXEMPLOS: chefias de cada um dos poderes políticos (PR, GOVERNADOR, PREFEITOS, SENADO, CONGRESSO, JUÍZES E TRIBUNAIS). Não há hierarquia entre os órgãos, há uma relação de independência, não há subordinação, o que existe é somente controle.
Não sofre subordinação, mas há controle.
Seus agentes são denominados agentes políticos.
	 EXECUTIVO
	FEDERAL
	ESTADUAL
	MUNICIPAL
	PRESIDENCIA
	GOVERNADORIA
	PREFEITURA
	 LEGISLATIVO
	FEDERAL
	ESTADUAL
	MUNICIPAL
	CONGRESSO
	ASSEMBLÉIA
	CÂMARA
	 JUDICIÁRIO
	TRIBUNAIS E JUIZES MONOCRÁTICOS
b) Autônomos
São os órgãos que não têm independência, mas têm autonomia, ou seja, estão subordinados aos órgãos independentes. 
Características: órgãos diretivos com funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das atividades de sua competência. Tem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica. São órgãos diretivos, de planejamento, coordenação e controle;
Exemplos: Ministérios, Secretarias, Consultoria-Geral da República, Procuradoria-Geral de Justiça.
Normalmente não há no Legislativo e nem no Judiciário.
Muitos autores colocam como órgãos autônomos os Ministérios Públicos e o Tribunais de Contas.
c) Superiores
São os órgãos que não têm independência e não têm autonomia, mas ainda têm poder de decisão. Não gozam de autonomia administrativa, nem financeira, mas tem PODER DE DECISÃO. Sempre sujeitos à subordinação específica e ao controle hierárquico da chefia mais alta.
Exemplos: Gabinetes e procuradorias. Isto é, são órgãos que ainda possuem uma parcela de poder.
d) Subalternos
São os órgãos que não têm poder de decisão, somente executam. 
Exemplos: seção de zeladoria, seção de almoxarifado, órgão de recursos pessoais. 
Note-se que um órgão inicialmente subalterno, dependendo do tamanho, pode ter algum poder de mando. 
Exemplo: o almoxarifado do Estado de SP, certamente possui uma chefia.
Dica!!! Não decore exemplos, pois dependendo do tamanho da pessoa jurídica a que pertence o órgão eles podem variar de classificação.
 Quanto à estrutura
Simples:
São os órgãos que não têm outros órgãos agregados à sua estrutura. 
ATENÇÃO: são órgãos e não pessoas. Tratam-se dos órgãos que não têm outros órgãos agregados à sua estrutura. EXEMPLO: gabinetes.
Composto:
São os órgãos que têm outros órgãos agregados à sua estrutura. EXEMPLOS: delegacia de ensino e as escolas ligadas a ela; hospital e postos de saúde a eles ligados.
 Quanto à atuação funcional (pessoas que compõem o órgão)
Órgão singular ou unipessoal:
São os órgãos que decidem através de um único agente. 
EXEMPLO: Presidência da República, Governadoria do Estado e Prefeitura Municipal.
Órgão colegiado:
São aqueles que decidem por manifestação conjunta da maioria de seus membros. EXEMPLOS: tribunais, casas legislativas.
 Quanto à atividade (funções):
Órgão de controle:
Controle e fiscalização dos órgãos ou agentes.
Exemplos: Tribunais de Contas, Controladorias, CNJ.
Órgão consultivo:
Atividade de aconselhamento e elucidação. Auxilio técnico e jurídico.
Exemplo: Procuradorias. 
Órgão ativo:
São os órgãos que fazem, ou seja, que prestam uma atividade, efetivamente prestam um serviço. 
Exemplos: escolas, hospitais.
3.5. Quanto ao território:
a) Centrais – os órgãos atingem todo o território da pessoa jurídica, ou seja, um órgão da União que tem atribuição em todo o território nacional. EXEMPLO: Presidência da República.
b) Locais – os órgãos que têm uma atribuição restrita a um determinado local do território da pessoa política. EXEMPLOS: delegacias de polícia e delegacias tributárias.
TEORIA DO ÓRGÃO PÚBLICO:
A pessoa jurídica criada pelo ordenamento jurídico depende de uma pessoa física para manifestação de sua vontade jurídica. As teorias estão voltadas para definir ou explicar a relação entre pessoa jurídica e o agente público. Há várias teorias, aqui serão apresentadas 03 delas:
a) TEORIA DO MANDATO:
O agente público tem com a pessoa jurídica Estado um contrato de mandato, ou seja, é como se o agente público e a pessoa jurídica celebrassem um contrato de mandato para a expressão da vontade. 
Crítica:
- Essa teoria, adaptada do direito privado, também foi questionada , pois se o Estado não tem vontade própria não poderia outorgar tal mandato.
-Não se pode apontar em qual momento e quem realizaria a outorga do mandato.
b) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: 
Defende que o Estado, tal como o incapaz, não poderia defender pessoalmente seus direitos e assim o agente público atuaria exercendo uma espécie de curatela dos interesses governamentais suprimindo essa incapacidade. 
Crítica: 
-Além dessa teoria equiparar o Estado a um incapaz, sendo que o Estado é pessoa jurídica dotada de tem capacidade plena, não foi suficiente para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa jurídica perante terceiros prejudicados quando o agente ultrapasse os poderes da representação.
c) TEORIA DO ÓRGÃO OU TEORIA DA IMPUTAÇÃO ( Imputação volitiva Otto Fridrich von Gierke ):
É a teoria adotada no Brasil. A teoria da imputação defende que o agente público atua em nome do Estado, titularizando um órgão público, de modo que a atuação do agente pe atribuída ao Estado. Quando o agente público é investido no cargo, a lei determina a competência de falar em nome da pessoa jurídica de direito público. 
A relação entre o Estado e o agente é tratada pela lei. A vontade do agente se confunde com a vontade do órgão, ou seja, as duas vontades são a mesma vontade, uma se confunde com a outra, é como se fosse uma vontade só. Isso ocorre em decorrência da lei. 
O agente, quando investido no cargo, comete a vontade da pessoa jurídica. Ou seja, a VONTADE DA PESSOA JURÍDICA É IMPUTADA AO AGENTE PÚBLICO, por isso ser chamada de TEORIA DA IMPUTAÇÃO (HELY LOPES MEIRELLES).
VONTADE DO AGENTE = VONTADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Teoria adotada pelos publicistas brasileiros.
�
	�	 Capacidade para ser sujeitos de direitos e obrigação.

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