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ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO - BULBO DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AUTORES: CARLOS EDUARDO A. P. SILVA, ALICE BELLEIGOLI REZENDE, THIAGO CARDOSO VALE, RODRIGO PERRONI CRUZEIRO, ANDRÉ GUSTAVO F. DE OLIVEIRA, et al. ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO - BULBO 1) INTRODUÇÃO: O tronco encefálico situa-se entre a medula e o diencéfalo. Na sua constituição, encontram- se corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, as quais formam tratos, fascículos ou lemniscos. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem e emitem fibras que entram na constituição de 10 dos 12 pares de nervos cranianos. Existem diferenças entre a estrutura da medula espinhal e do tronco encefálico como a fragmentação longitudinal e transversal da substância cinzenta no tronco encefálico e a presença da formação reticular. A formação reticular tem uma estrutura intermediária entre a substância cinzenta e a substância branca. O tronco encefálico divide-se anatomicamente em BULBO, PONTE E MESENCÉFALO. 2) MACROSCOPIA: O BULBO ou medula oblonga tem formato de um cone. Considera-se como limite entre a medula espinhal e o bulbo um plano horizontal logo acima do filamento radicular mais cranial do primeiro nervo cervical, ao nível do forame magno do osso occipital. O limite superior faz-se no SULCO BULBO-PONTINO. A fissura mediana anterior também está presente no bulbo e seu término é chamado forame cego. De cada lado da fissura mediana anterior existe a PIRÂMIDE BULBAR, estrutura pela qual passa o trato corticoespinhal. Na parte caudal do bulbo, na chamada DECUSSAÇÃO DAS PIRÂMIDES, ocorre o cruzamento da maioria das fibras do trato corticoespinhal. Entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior observa-se uma eminência oval chamada OLIVA, formada pelo NÚCLEO OLIVAR INFERIOR.. Emergem do sulco lateral anterior os filamentos radiculares do NERVO HIPOGLOSSO (VII PAR CRANIANO). Do sulco lateral posterior, emergem os filamentos radiculares dos nervos GLOSSOFARÍNGEO (IX PAR), VAGO (X PAR) E A RAIZ CRANIANA DO NERVO ACESSÓRIO (XI PAR). A metade caudal do bulbo (porção fechada do bulbo) é percorrida por um estreito canal, continuação do canal central da medula. Entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior situa-se a área posterior do bulbo, continuação do funículo posterior da medula, sendo esta dividida da mesma maneira em fascículos grácil e cuneiforme pelo sulco intermédio posterior. Estes fascículos terminam nos NÚCLEOS GRÁCIL E CUNEIFORME, situados cranialmente aos respectivos fascículos. A esta altura, ocorre o aparecimento de duas eminências, os tubérculos grácil e cuneiforme. ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO - BULBO DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AUTORES: CARLOS EDUARDO A. P. SILVA, ALICE BELLEIGOLI REZENDE, THIAGO CARDOSO VALE, RODRIGO PERRONI CRUZEIRO, ANDRÉ GUSTAVO F. DE OLIVEIRA, et al. 3) MICROSCOPIA: A organização interna das porções caudais do bulbo é bastante semelhante à da medula, mas ao nível da oliva já não existe aparentemente qualquer semelhança. As diferenças são as seguintes: a) aparecimentos de novos núcleos próprios do bulbo b) decussação das pirâmides c) decussação dos lemniscos ou decussação sensitiva (formação do lemnisco medial) d) abertura do IV ventrículo Substância cinzenta do bulbo 1) Substância cinzenta homóloga: São núcleos do bulbo que correspondem a determinadas áreas da medula espinhal. São os seguintes: Núcleo ambíguo - núcleo motor de origem branquiomérica (fibras eferentes viscerais especiais). Núcleo do hipoglosso - núcleo motor que origina fibras eferentes somáticas para a musculatura da língua. Núcleo dorsal do vago - núcleo motor pertencente ao sistema parassimpático. Núcleos vestibulares – são núcleos sensitivos. Núcleo do trato solitário – núcleo sensitivo que recebe fibras aferentes viscerais gerais e especiais. Núcleo do trato espinhal do nervo trigêmeo – a este núcleo chegam fibras aferentes somáticas gerais da cabeça. Núcleo salivatório inferior – origina fibras pré-ganglionares para inervação da glândula parótida. 2) Substância cinzenta própria do bulbo: São núcleos que não têm correspondência com nenhuma área da substância cinzenta da medula. São os seguintes: Núcleos grácil e cuneiforme – originam as fibras arqueadas internas, que entram na constituição do lemnisco medial. Núcleo olivar inferior – liga-se ao cerebelo através das fibras olivocerebelares, estando envolvido na aprendizagem motora. Núcleos olivares acessórios medial e dorsal. Substância branca do bulbo 1) Fibras transversais: São também denominadas arqueadas e são divididas em: Internas – formam dois grupos, as constituídas pelos axônios dos neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme e as constituídas pelas fibras olivocerebelares. Externas – têm seu trajeto próximo à superfície do bulbo. ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO - BULBO DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AUTORES: CARLOS EDUARDO A. P. SILVA, ALICE BELLEIGOLI REZENDE, THIAGO CARDOSO VALE, RODRIGO PERRONI CRUZEIRO, ANDRÉ GUSTAVO F. DE OLIVEIRA, et al. 2) Fibras longitudinais: Formam as vias ascendentes, descendentes e de associação do bulbo: Vias ascendentes – são tratos e fascículos ascendentes originados da medula com destino cerebelar ou talâmico. São eles: - Fascículos grácil e cuneiforme, lemnisco medial - Tratos espinotalâmico lateral e anterior - Tratos espinocerebelar anterior e posterior, pedúnculo cerebelar inferior (ou corpo restiforme). Vias descendentes Sistema lateral - Trato corticoespinhal (passa pelas pirâmides bulbares); - Trato rubro-espinhal; Sistema medial - Trato corticonuclear: origina-se no córtex cerebral e termina em núcleos motores do tronco encefálico (bulbo: núcleo ambíguo e do hipoglosso); -Tratos tetoespinhal, vestibuloespinhal e reticuloespinhal; - Trato espinhal do nervo trigêmeo; - Trato solitário. Vias de associação – São formadas por fibras que constituem o fascículo longitudinal medial, correspondente ao fascículo próprio da medula. Liga todos os núcleos motores dos nervos cranianos. Formação Reticular Centros respiratório (regulação do ritmo respiratório), vasomotor e do vômito. 4) VASCULARIZAÇÃO DO BULBO: O suprimento arterial do bulbo é composto por ramos da artéria vertebral. A artéria cerebelar inferior posterior, ramo da a. vertebral, determina sua principal irrigação. Ela curva-se em torno do bulbo, ventralmente às raízes do IX, X e XI nervos cranianos e durante esse percurso emite múltiplos ramos perfurantes para o suprimento bulbar. Alguns ramos suprem o plexo corióide do IV ventrículo. O principal suprimento faz-se para a porção dorsolateral do bulbo. As artérias vertebrais emitem ainda vários ramos perfurantes que se dividem em 3 grupos: paramedianos, circunferenciais curtos e circunferenciais longos, que irrigam, respectivamente, as porções medianas, anterolateral e posterolateral do bulbo. 5) ORIENTAÇÃO: Ao final do módulo “Tronco encefálico - Bulbo”, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO - BULBO DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AUTORES: CARLOS EDUARDO A. P. SILVA, ALICE BELLEIGOLI REZENDE, THIAGO CARDOSO VALE, RODRIGO PERRONI CRUZEIRO, ANDRÉ GUSTAVO F. DE OLIVEIRA, et al. 1) Quaissão os limites cranial e caudal do bulbo? 2) O que são as pirâmides bulbares? Qual é sua importância? 3) O que está presente na área lateral do bulbo? Qual é a sua função? 4) Quais são os pares de nervos cranianos que fazem conexão com o bulbo? 5) Quais são as origens aparentes no encéfalo dos nervos cranianos que emergem do bulbo? 6) Quais funções podem ser atribuídas a cada nervo ligado ao bulbo? 7) Se ocorrer uma lesão supra-piramidal à esquerda, o que ocorrerá ao indivíduo? 8) Se ocorrer uma lesão infra-piramidal à direita, o que ocorrerá ao indivíduo? 9) O que são as fibras arqueadas internas? 10) Quais são os núcleos da substância cinzenta homóloga à medula? 11) Quais são os núcleos próprios do bulbo? 12) O bulbo é protegido por meninges assim como a medula? 13) Onde o bulbo se encaixa na classificação anatômica e segmentar do SN? 14) Quais são os centros importantes da formação reticular do bulbo? 15) Quais fibras compõem as vias ascendentes do bulbo? 16) Quais fibras compõem as vias descendentes do bulbo? 17) Quais fibras compõem as vias de associação do bulbo? 18) Como se faz a abertura do IV ventrículo? 19) Qual é a irrigação do bulbo? 20) Como é caracterizada uma lesão de base do bulbo? E a lesão tegmentar? 6) CASOS CLÍNICOS: 1. Paciente do sexo masculino, 45 anos, procurou por atendimento no HU/UFJF com quadro de hemiparesia em dimídio direito e desvio da língua para o lado esquerdo quando a mesma é protraída. Interprete os achados do paciente com seu conhecimento de Neuroanatomia. 2. Paciente 60 anos, diabético, hipertenso, submetido à angioplastia coronariana há 10 anos. Evoluiu com quadro de incoordenação motora à direita, perda da sensibilidade térmico-dolorosa facial e no dimídio oposto, disfagia importante associada a disfonia. Explique, com base na neuroanatomia, os achados clínicos do paciente.
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