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Apostila de Direito Penal - Parte especial II

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Prévia do material em texto

Direito Penal – Parte Especial II
VI – Dos crimes contra a Dignidade Sexual
Dos crimes contra a liberdade sexual
Estupro
“Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. ”
O estupro abrange a prática de qualquer ato libidinoso, conjunção carnal ou não, ampliando a sua tutela legal, para abarcar não só a liberdade sexual da mulher, mas também do homem. A conjunção carnal é a cópula vagínica; a antiga redação do art. 213 do CP somente abarcava esse ato sexual, sendo as demais práticas lascivas abrangidas pelo art. 214, que está revogado (lei 12.015/2009).
O ato libidinoso compreende outras formas de realização do ato sexual. São os coitos anormais (F. Capez), que constituíam o atentado violento ao pudor (art. 214). O ato libidinoso é aquele destinado a satisfazer a lasciva, compreendendo qualquer atitude com conteúdo sexual que tenha por finalidade a satisfação do libido.
O tipo penal se refere ao emprego de violência ou grave ameaça. Portanto, é ínsito o dissenso da vítima, somente cedendo em face da violência empregada ou do mal anunciado (coação física e moral).
Não há que se falar em violência presumida. Inicialmente, o art. 224 tratava que a violência presumida se daria à vítima menor de 14 anos; alienada ou débil mental, e o agente desconhecesse esta circunstância; e quando a vítima não pudesse oferecer resistência. Mas com o advento da lei 12.015/2009 o estupro cometido contra pessoa sem capacidade ou condições de consentir passou a se configurar crime autônomo, previsto no art. 217-A.
Logo, a violência deve ser real ou moral, dirigido contra a vítima ou contra terceiro.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa. A doutrina chama esse crime de bicomum, isso porque qualquer pessoa pode ser agente e vítima do crime. O sujeito ativo pode, inclusive, ser o agente desse crime; lei 11.340.
O elemento subjetivo é o dolo. Ato livre e consciente de, pelo emprego de violência ou grave ameaça, realizar o ato que satisfaça seu libido ou o libido do outrem. O Código adotou a teoria do domínio do fato, no qual responde como coautor quem colabora (permite) com o crime.
O momento de consumação é a introdução completa ou incompleta do pênis ou com a simples prática do ato libidinoso. A satisfação sexual do agente não é exigida para a consumação.
A tentativa é possível uma vez que o agente empregue a violência ou a grave ameaça, mas não consegue realizar o ato por circunstâncias alheias à sua vontade.
Qualificadora
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o  Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
O resultado morte ou lesão corporal deve ser entendido como culposo, uma vez que se for doloso há concurso de crimes.
Vale ressaltar que o resultado morte pela nova lei 12.015/09 configura novatio legis in pejus, isso porque antes do advento dessa lei a reclusão era de 12 a 25 anos.
Lei 8.072 – Lei dos crimes hediondos
É considerado crime hediondo o estupro na forma simples ou qualificada, assim como o estupro de vulnerável (art. 117-A).
Concurso de crimes
Segundo posição do STF, é impossível se reconhecer a continuidade delitiva em crimes contra a liberdade sexual de vítimas diversas, hipótese em que incide a regra do concurso material.
O art. 234-A criou duas causas de aumento de pena: se do estupro resultar gravidez, ou se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber (dolo eventual) ser portador. Portanto, não há concurso formal impróprio (1 ação e + de 1 resultado) entre esse crime e o art. 131 (perigo de contágio de moléstia venérea).
Há entendimento dos tribunais que se a doença do contágio for a AIDS, pode se vislumbrar um concurso entre o estupro e o homicídio, desde que o agente sabia ou deveria saber (dolo eventual) ser portador.
Com a lei 11.106 não há que se falar em concurso entre estupro e sequestro, isso porque o sequestro com fim libidinoso é forma qualificada do art. 148.
Violação sexual mediante fraude
“Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é liberdade de dispor de seu corpo, de consentir a conjunção carnal ou ato libidinoso, sem que essa anuência seja obtida mediante fraude ou outro meio que impeça a livre manifestação de vontade da vítima.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “fraudar”, enganar a vítima. Ao contrário do crime de estupro, o agente obtém a prestação sexual mediante o uso de meio enganoso, não a utilização da violência ou grave ameaça. Deve ser empregado meio idôneo a viciar a vontade da vítima. Deve, inclusive, se considerar as condições da vítima.
Um exemplo é o curandeiro que obtém a posse sexual da mulher rústica sob o argumento de que somente o ato sexual a livrará dos males que sofre.
O elemento subjetivo é o dolo. Se o fim é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também a multa.
“Art. 215, Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.”
  Assédio Sexual
“Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a liberdade sexual, apesar de também se tratar de um crime contra os costumes.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “constranger”. Trata de crime de ação livre, podendo ser realizado verbalmente, por escritos ou gestos.
O Elemento normativo do tipo é a condição de superior hierárquico da vítima, condições inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. É delito que somente pode estar presente nas relações laborais.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que seja superior hierárquico ou ascendente inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde que inferior subalterno; a vítima, diante do temos de perder o emprego ou sofrer represálias relacionadas ao exercício de seu trabalho, cede aos desejos sexuais do agente. Trata-se de crime bipróprio.
O elemento subjetivo é o dolo. Exige-se fim no ato do agente, quer seja obter vantagem ou favorecimento sexual.
Trata-se de crime formal, consumando-se com o ato de constranger. A tentativa apenas se vislumbraria se realizado de forma escrita (bilhete).
Caso de aumento de pena
“Art. 216-A, § 2o  A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.”
Estupro de vulnerável
“Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”
O objeto jurídico tutelado pela norma é a dignidade sexual do menor de 14 anos ou daquele que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “ter” conjunção carnal e “praticar” ato libidinoso.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é comente o menor de 14 anos.
O elemento subjetivo é o dolo. 
Qualificadora
“Art. 217-A.  § 3o  Se daconduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o  Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.”
Corrupção de Menores
“Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é resguardar a dignidade sexual do menor de 14 anos. A moral média, segundo Fernando Capez, estaria como proteção em um segundo plano, isso porque o tipo penal incriminaria um estágio que podemos considerar inicial ao estímulo da prostituição. Esse induzimento deve ser à lasciva de outrem, pessoa(s) determinada(s).
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “induzir”, ou seja, persuadir, aliciar, o menor a praticar uma ação para satisfazer a lasciva de pessoa determinada.
Segundo Rogério Sanches, as ações do menor limita-se às práticas sexuais meramente contemplativas, como induzir o menor de 14 anos a vestir-se com determinada fantasia para satisfazer a luxúria de alguém.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o menor de 14 anos. Segundo a doutrina, o destinatário do lenocínio (aquele que satisfaz sua lasciva) não poderá ser coautor deste crime, pois não realiza qualquer mediação para satisfazer a lascívia alheia. 
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação se dá pela prática de qualquer ato de induzimento, não sendo necessário a satisfação sexual do terceiro.
Trata-se de crime de ação penal incondicionada. 
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
“Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a dignidade sexual, a moral sexual, do menor de 14 anos.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “praticar” ou “induzir” a presenciar ato libidinoso ou conjunção carnal, a fim de satisfazer a lascívia sua ou de outrem. Deve se comprovar que o agente determinou a vontade do menor.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o menor de 14 anos.
O elemento subjetivo é o dolo. 
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável
“Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.”
Ressalta-se que a prostituição em si, embora seja ato considerado imoral, não é crime, mas a exploração do lenocínio por terceiros é reprimida pelo Direito Penal, pois os lenões ao favorecer a prostituição, acabam por fomentá-la ainda mais.
Exploração sexual é descrito pela doutrina como atos de: prostituição, turismo sexual, pornografia e o tráfico para fins sexuais.
O objeto jurídico protegido pela norma é a liberdade sexual do vulnerável e, em segundo plano, protege-se a moral média da sociedade, os bons costumes.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “submeter” (sujeitar), “induzir” (convencer) ou “atrair” (seduzir). Fernando Capez completa ao afirmar que não é necessário uma atuação persistente e continuada no sentido de fazer a pessoa mudar de ideia e iniciar a prostituição, na verdade importa em atividades de menor influência psicológica, uma vez que o agente propaga a ideia. Um exemplo pode ser atrair, simplesmente levando a pessoa para o ambiente, sem, no entanto, ficar dizendo que ela tem de se prostituir.
Outras ações nucleares descritas no tipo consubstanciam-se em “facilitar”, “impedir o abandono” e “dificultar que alguém abandone”.
É possível a prática do crime por omissão, desde que o agente tenha o dever jurídico de impedir o resultado. Ex. o pai que aceita e tolera a prostituição de filho, pessoa que lhe é sujeita e cuja educação, orientação e guarda lhes compete (Magalhães Noronha).
Se o delito for empregado com violência ou grave ameaça, não haverá crime qualificado por ausência de previsão legal, mas sim o concurso de crimes pela violência empregada.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime comum. O sujeito passivo é o vulnerável, menor de 18 ou quem por enfermidade ou deficiência mental não tem necessário discernimento.
“§ 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.”
O elemento subjetivo é o dolo. 
Convém ressaltar que não se exige habitualidade das condutas previstas no art. 218-B. Basta que o agente favoreça uma única vez para que haja a configuração desse tipo penal. Trata-se de crime material, de modo que a não realização da prostituição ou outra forma de exploração sexual inclui-se na esfera da tentativa
Formas equiparadas
“§ 2o  Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.”
No caso do inciso I, se a vítima tiver menos que 14 anos ou, por enfermidade ou doença, não possui necessário discernimento, quem pratica o ato libidinoso ou a conjunção carnal responde pelo delito de estupro de vulnerável.
Na hipótese do inciso II, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
“§ 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.”
Disposições Gerais
Ação Penal
“Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.”
Aumento de pena
“Art. 226. A pena é aumentada:
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela;”
O concurso de pessoas que trata o inciso I pode se dar em qualquer fase do delito, não somente na execução.
Quanto ao inciso II, a lei 11.106/2005 tratou de reformatio in pejus, isso por que antes dessa lei a redação do artigo era mais restrita e se aumentava apenas de quarta parte, não da metade.
Lenocínio, tráfico de pessoas para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual
Mediação para servir a lascívia de outrem
“Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.”
O valor da pessoa humana passa a ser o objeto jurídico contemplado nesse novo capítulo dos crimes contra a dignidade sexual. Procura-se impedir o desenvolvimento desenfreado da prostituição. Este artigo incrimina um estágio que podemos considerar inicial ao estímulo da prostituição.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “induzir”. O agente deve induzir a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa determinada.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime comum. O destinatário do lenocínio, quem tem sua lascívia satisfeita, não responde pelo crime, nem como coautor ou partícipe, isso porque não pratica ato de mediação.
 O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa. Entretanto, há características especiais da que qualificam o crime: se a vítima é maior de 14, menor de 18; ou se o agente possui deveres de tratamento ou guarda da vítima.O elemento subjetivo é o dolo. 
“Art. 227, § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.”
O momento de consumação é o induzimento, consumando-se com qualquer ato praticado pela vítima destinado a fazer a lascívia de outrem, não exigindo a satisfação sexual do terceiro. A tentativa se perfaz quando a vítima estiver prestes a praticar qualquer ato de cunho libidinoso e for impedida por terceiros.
Qualificadora
“Art. 227, § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.”
Cabe ressaltar que se a vítima é menor de 14 anos, o crime é de corrupção de menores.
O rol do §1 deste artigo é taxativo. Considera-se para fins de educação o professor particular; para fins de tratamento o psiquiatra; e para fins de guarda o padrasto.
Ação penal
Trata-se de crime de ação penal incondicionada
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual
“Art. 228.  Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”
Como todos desse título, se tutela a dignidade sexual.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “induzir” (convencer) ou “atrair” (seduzir). Não há uma atuação persistente e continuada no sentido de fazer a vítima mudar de ideia e iniciar a prostituição, mas importa-se com a atividade de menor influência psicológica. O verbo induzir, neste artigo, se dedica à pessoas indeterminadas, diferente do crime de mediação para servir a lascívia de outrem.
Outras ações nucleares descritas no tipo consubstanciam-se em “facilitar”, “impedir o abandono” e “dificultar que alguém abandone”.
É possível a prática desse crime por omissão, desde que o agente tenha o dever jurídico de impedir o resultado.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo pode ser, também, qualquer pessoa. Não se descarta do rol de sujeitos passivos a prostituída, isso porque o artigo também incrimina quem facilita a exploração sexual, impede ou dificulte que abandone.
O elemento subjetivo é o dolo. 
“Art. 228,  § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.”
O momento de consumação se dá quando a vítima passa a se dedicar habitualmente à prostituição, após ter sido induzida, atraída ou ter tal atuação facilitada pelo agente; se já prostituída, quando tenta se retirar, mas se encontra impedida pelo autor. Ressalta-se que basta que seja praticada uma única ação de induzir, atrair...
Qualificadora
“Art. 228,  § 1o  Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.”
Ressalte-se que a regra legal afastou a qualificadora na hipótese de crime praticado por descendente.
Casa de prostituição
“Art. 229.  Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a dignidade do indivíduo, sob o ponto de vista sexual.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “manter”, isto é, certa habitualidade em sustentar o estabelecimento em que ocorra a exploração sexual.
Segundo Magalhães Noronha, tanto a casa de prostituição quanto o rufianismo são “crimes permanentes, porque a consumação protrai-se no tempo, dependendo da vontade do agente. (...) São crimes habituais por traduzirem um sistema de vida.”
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que mantenha esse tipo de estabelecimento, havendo, ou não, intuito de lucro ou a intermediação direta deles. Isto é, dispensa a mediação direta entre o proprietário da casa, a prostituta e o seu cliente. Se exclui dessa tipificação a conduta da prostituta que aluga imóvel para exercer o meretrício; caso a pessoa que administre o local também seja prostituta, responderá por esse delito.
O sujeito passivo é a vítima da exploração sexual. Para Rogério Cunha, a coletividade também poderia estar ofendida, mas nesse caso remotamente. Entretanto, ele afirma que deveríamos evitar essa tendência moralizante do direito penal.
O elemento subjetivo é o dolo, sendo irrelevante o intuito lucrativo.
O momento de consumação acontece com o início da manutenção do estabelecimento, não sendo necessário qualquer ato sexual. Basta a prova de que a casa se destina à exploração sexual. Trata-se de crime habitual, podendo ocorrer a tentativa.
Ação penal
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.
Rufianismo
“Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
Como bem define Fernando Capez, o objeto jurídico protegido pela norma é a dignidade sexual da prostituta, a vítima da exploração do rufião.
Diz a doutrina que esse artigo é resquício do “direito penal do autor”, aquele que pune o estilo de vida do agente do delito.
São duas condutas típicas (ação nuclear) descrita no tipo: a primeira é tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros; e a segunda é fazer-se sustentar, no todo ou em parte, por quem exerça a prostituição. Trata-se de crime habitual, exigindo uma ação continuada.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime comum. O sujeito passivo é aquela pessoa que exerce a prostituição.
O elemento subjetivo é o dolo. Não se exige finalidade específica.
O momento de consumação se dá com a habitualidade do rufião em participar dos lucros e de tirar proveito da prostituição. Trata-se, também, de crime permanente, pois sua consumação se protrai no tempo, sendo inadmissível a tentativa.
Qualificadora
“Art. 230, § 1o  Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2o  Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.”
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual
“Art. 231.  Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a dignidade sexual da pessoa. Vale extrair o exposto por Magalhães Noronha: “Tutela-se a honra sexual contra os assaltos dos lenões internacionais, porque tal figura tem o fim específico de incriminar um fato que lesa não só interesse de um Estado, mas dos Estados – trata-se de crime internacional – impedindo-se consequentementea expansão da vil atividade de mercadores do meretrício, atentado não só contra o bem próprio sujeito passivo (que pode ser exposto apenas a perigo), mas da coletividade (...).”
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “promover” e “facilitar”, a entrada ou saída, de alguém para ser explorado sexualmente. Por força do § 1º, incorre na mesma pena quem faz ações de intermediação, isto é “agenciar”, “aliciar” ou “compra”, pessoa traficada, ou que a “transportar”, “transferir” ou “alojar”, estando ciente de sua condição de traficada.
As vítimas desse crime, em sua maioria, são pessoas que sofrem grandes privações financeiras e acabam sendo seduzidas pelas propostas de vida melhor. Quando a farsa é descoberta, já é tarde e essas pessoas acabam se tornando escravas do comércio carnal. Quando se fala do tráfico internacional, o fato se torna bem mais grave, dada sua maior abrangência e seus efeitos mais nefastos à pessoa ofendida, pois, estando em outro país, as privações serão ainda maiores.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum; comumente esse delito é praticado por uma pluralidade de agentes. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, mas se possuir mais de 14 e menos de 18 anos, o crime é majorado
O elemento subjetivo é o dolo. No § 1º é necessário que o agente tenha ciência da condição da vítima, ou seja, que é objeto de tráfico de pessoas.
“Art. 231, § 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.”
O momento de consumação ocorre com a entrada ou saída da pessoa do território nacional, em que o exercício da prostituição constitui-se em mero exaurimento do crime. Portando, trata-se de crime formal.
No § 1º, o momento de consumação ocorre com o agenciamento, aliciamento ou compra da traficada, assim como, com o seu transporte, transferência ou alojamento.
A tentativa é possível, pois trata de crime plurissubsistente.
Majorante
“Art. 231, § 2o  A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.”
Competência da Ação Penal
Trata-se de crime internacional, de competência da Justiça Federal.
“CF, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
Com base na teoria da ubiquidade, ainda que a pessoa não tenha como destino o Brasil, se ela passar pelo território nacional para atingir outro país, será competente a Justiça Federal Brasileira, pois, de certa forma, a vítima saiu de nosso país para ser explorada sexualmente.
“CF, Art. 109, § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. ”
Cuida-se de ação penal Pública Incondicionada.
Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual
“Art. 231-A.  Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a dignidade sexual.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “promover” e “facilitar”. Pelo § 1º, incrimina-se, também, quem “agencia”, “alicia”, “vende” ou “compra” a pessoa traficada, ou, tendo conhecimento dessa condição, a “transporta”, “transfere” ou “aloja”.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. Entende a doutrina que, em sendo os mesmos autores os responsáveis pelo tráfico internacional e, depois, pelo interno, se aplica o princípio da consunção; nesse caso, o agente responderá apenas pelo primeiro delito.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, aumentando-se a pena de metade se a vítima é menor de 18 anos ou, por enfermidade ou deficiência mental, não tem necessário discernimento para prática do ato.
O elemento subjetivo é o dolo. 
“Art. 231-A,  § 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.”
O momento de consumação é a prática de uma das ações típicas, não sendo necessário que a vítima seja efetivamente explorada sexualmente. Pode haver tentativa, uma vez que se trata de crime plurissubjetivo.
Majorante
“Art. 231-A,  § 2o  A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude."
Competência para a Ação penal
Trata-se de crime de competência da Justiça Estadual, exceto se na justiça federal estiver tramitando processo por crime de tráfico internacional, dada a conexão entre este delito e o de tráfico interno, recomenda-se a reunião dos processos.
“STJ, Súmula 122,Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de “competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.
Do Ultraje Público ao Pudor
Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
O objeto jurídico protegido pela norma é o pudor público.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “praticar”.
Ato obsceno é aquele dotado de sexualidade, idôneo a ferir o sentimento médio de pudor de determinada sociedade em dado momento histórico, não necessariamente à satisfazer a lascívia de alguém.
Lugar público é aquele em que todas as pessoas têm acesso irrestrito.
Lugar aberto ao público é aquele em que as pessoas podem entrar, mesmo que se sujeitando à determinadas condições (Ex: pagar para entrar); Logicamente se descaracteriza o crime quando a pessoa ingressa em locais de streptease ou shows de sexo explícito, uma vez que vão à esses lugares justamente para presenciar tais atos obscenos.
Lugar exposto ao público é aquele privado, mas acessível à vista de quem quer que seja; não se admite a acessibilidade física das pessoas em geral; Ex: varandas de apartamento, carros estacionados em vias públicas...
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é a coletividade e, em plano secundário, a pessoa que eventualmente tenha presenciado o ato.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação se dá com a simples realização do ato nos locais referidos no caput, ainda que não seja presenciado por qualquer pessoa, desde que pudesse sê-lo.
Trata-se de crime de mera conduta e de perigo abstrato.
Admite a tentativa. Entretanto, Nelson Hungria entende que um começo de execução de ato obsceno não tem, por si, a marca da obscenidade.
Escrito ou objeto obsceno
“Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, parafim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.”
O objeto jurídico protegido pela norma é o pudor público.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “fazer”, “importar”, “expor”, “adquirir” ou “ter sob sua guarda”.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime comum. 
O sujeito passivo é a coletividade e, em plano secundário, a pessoa que eventualmente tenha sido atingida pelo escrito ou objeto obsceno.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação se dá com a realização das ações nucleares, independentemente da produção do resultado naturalístico, pois a lei utiliza a expressão “para fim de comércio, distribuição ou de exposição pública”.
Trata-se de crime formal e de perigo abstrato.
Admite a tentativa. 
Disposições Gerais
Aumento de pena
Art. 234-A.  Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:
I – (VETADO);
II – (VETADO);
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.
Art. 234-B.  Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.
VII - Dos crimes contra a família
Dos crimes contra o casamento
Bigamia
 “Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a família, em sintonia com as regras contidas no art. 226 da CF.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “contrair”, ou seja, formalizando novas núpcias. Trata-se de crime de forma vinculada, uma vez que só pode ser praticado mediante a contração de um segundo casamento, o qual depende do cumprimento de diversas formalidades estabelecidas pela lei civil.
Matrimônio válido é aquele que preenche os requisitos do art. 1.511 do CC.
A declaração de nulidade do casamento tem eficácia ex tunc, retroagindo à data da celebração do matrimônio, afastando o delito de bigamia; o raciocínio vale ao segundo casamento, desde que a anulação não tenha sido por motivo do crime em trato.
“Art. 235, § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.”
O sujeito ativo é o homem ou mulher, casado, portanto trata-se de crime próprio. É crime bilateral, uma vez que o crime reclama a presença de duas pessoas, não importando que um dos cônjuges seja inimputável.
O nubente que convola núpcias (dolo direito) responderá pela figura privilegiada. Trata-se de exceção à teoria monista, em que ambos desejam o mesmo resultado, mas respondem em formas diferentes.
O sujeito passivo é o Estado, em face do seu interesse de preservar a família e, mediatamente, o cônjuge inocente.
O elemento subjetivo é o dolo, admitindo-se o dolo eventual, isto é, aquele que possui dúvida do seu estado civil.
Exclui-se a tipicidade pelo erro de tipo.
O momento de consumação do crime se dá com a homologação pelo Juiz de Paz, da vontade dos nubentes, que os declara casados. Trata-se de crime material.
É crime instantâneo de efeitos permanentes, isso porque seus efeitos de arrastam no tempo, independente da vontade, embora a consumação se concretize quando do segundo casamento.
Trata-se de crime material, portanto admite a tentativa, que ocorre somente após o sim e antes da homologação pelo juiz de paz. Entretanto, há uma segunda posição que não admite a tentativo, isso porque considera a mera publicação dos proclames, ou processo de habilitação, como meros atos preparatórios
Segundo o STF, o delito de bigamia exige para se consumar a precedente falsidade, isto é, a declaração falsa, no processo preliminar de habilitação do segundo casamento, de que inexiste impedimento legal. O crime de falsidade ideológica é crime meio, não havendo concurso entre estes delitos.
A prescrição nesse crime começa a correr quando a autoridade pública que detenha poderes para apurar tome conhecimento, são eles: o delegado de polícia, o membro do MP e o órgão do Poder judiciário.
“Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.”
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
“Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a família. 
Segundo o CC, o vício de vontade na celebração do casamento pode conduzir à sua anulabilidade ou anulabilidade.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “contrair” novas núpcias, induzindo à erro essencial o outro cônjuge ou lhe ocultando impedimento. Trata-se de lei penal em branco, sendo necessário a análise do CC para se concluir pelo erro ou impedimento:
“Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.”
Nota-se que o crime em trato emprega o meio fraudulento, portanto, não pode ser simplesmente omissiva, exigindo, antes, uma ação de esconda o impedimento. Isto é, ocultação comissiva.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O delito pode, inclusive, ser cometido por ambos os contraentes, que simultaneamente enganam um ao outro.
O sujeito passivo é o Estado e o nubente de boa fé, induzido pelo erro essencial ou o impedimento, desde que o impedimento não seja casamento anterior (bigamia). Ressalta-se que o contraente de boa fé deve ignorar a existência do motivo que conduza à nulidade do matrimônio, sob pena de incidir no crime previsto no art. 237 do CP.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá com o casamento, tratando-se de crime material. Há, entretanto, entendimento no sentido de tratar-se de crime formal; assim ensina Nucci, entendendo que não se exige a efetiva dissolução do matrimônio por conta do erro ou do impedimento, sendo apenas mero exaurimento.
A lei exige que a propositura de queixa pelo contraente enganado, no entanto, vincula o início da ação penal pelo transito em julgado da sentença cível que declarar nulo ou anulável o casamento, inviabilizando a tentativa
“Art. 236, Parágrafoúnico - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.”
Portanto, cuida-se de crime condicionado à anulação ou declaração de nulidade do casamento. Essa anulação se trata de condição de procedibilidade.
Ação Penal
Trata-se de ação penal privada personalíssima, no qual a titularidade do direito de queixa é intransmissível até mesmo na hipótese de falecimento do contraente enganado.
A prescrição apenas se inicia a partir do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento.
Conhecimento prévio de impedimento
“Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a família.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “contrair”, formalizar núpcias, ciente da existência de impedimento ao casamento, capaz de acarretar a declaração de sua nulidade.
Trata-se de lei penal em branco, na qual devemos nos remeter ao seguinte artigo do CC:
“CC, Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.”
Ressalta-se que não há emprego de fraude para enganar o contraente.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. Se ambos os contraentes têm conhecimento do impedimento, serão considerados coautores do delito.
O sujeito passivo é o Estado. 
O elemento subjetivo é o dolo direto, representado pela expressão “conhecendo”.
O momento de consumação do crime se dá com o casamento, uma vez se tratar de crime material.
Em virtude do caráter plurissubsistente do delito, é possível a tentativa.
Prescinde-se a previa decretação da nulidade do casamento por sentença com trânsito em julgado, no entanto, nada impede que o MP, com fulcro no art. 1.549 do CC, ajuíze ação civil antes ou simultaneamente ao oferecimento da denúncia.
Simulação de autoridade para celebração de casamento
 “Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a família.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “atribuir-se”, ou seja, imputar a si falsamente a qualidade de autoridade para celebrar casamentos. 
O Elemento normativo do tipo é a atribuição falsa, o “falsamente”.
A Constituição que designa o responsável por celebrar casamentos, no entanto essa mesma norma constitucional possui eficácia limitada, cabendo, por fim, à Constituição Estadual designa quem exercerá a função de juiz de casamento até a organização da justiça de paz.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime comum. O sujeito passivo é o Estado e as pessoas enganadas pela conduta. 
O elemento subjetivo é o dolo. Mas se o agente equivocadamente acredita ter autoridade para celebrar casamento, exclui-se o dolo em razão do erro de tipo (art. 20).
O crime é formal, de consumação antecipada. O momento de consumação do se dá com a mera atribuição de autoridade, prescindindo-se da celebração de casamento. Admite a tentativa.
Simulação de Casamento
 “Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a família.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “simular”, isto é, fingir a celebração do matrimônio mediante o engano de outra pessoa. 
O Elemento normativo do tipo é o engano. O Código Penal não distingue qual a pessoa enganada, ou seja, se é especificamente o outro contraente. Qualquer pessoa interessada, p. ex. os pais, pode ser sujeito passivo. Divergente entende, porém, Bitencourt: é indispensável a utilização de meio enganoso contra o outro contraente, portanto, se os dois contraentes simulam o casamento, não se configura este crime.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. Nesse sentido, todos os que participam do casamento, tendo ciência da simulação, serão havidos como coautores do delito. O sujeito passivo é o estado, além de poder ser qualquer pessoa enganada com a simulação do casamento, ou, segundo Bitencourt, o outro contraente. 
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá com a simulação de qualquer ato relacionado à celebração do matrimônio, pouco importando se o agente alcançar a falsa declaração de casa com outra pessoa.
Trata-se de crime formal, de consumação antecipada. 
Dos crimes contra o estado de filiação
Registro de nascimento inexistente
 “Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.”
O objeto jurídico protegido pela norma é o estado de filiação, como medida protetora da instituição familiar. Mediatamente também de protege a regularidade do sistema de registro civil, pois os atos nele contidos gozam de fé pública.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “promover”, no sentido de requerer o registro de parto inexistente. Considera inexistente o nascimento quando, de fato, não ocorreu, ou então o feto foi expelido morto.
É uma modalidade específica de falsidade ideológica, uma vez que o agente faz inserir declaração falsa ou altera a verdade sobre o fato juridicamente relevante. O conflito aparente de normas se soluciona pelo princípio da especialidade.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. Admite a coautoria ou a participação, a exemplo do médico que dolosamente fornece o atestado para que outrem promova no registro civil a inscrição de nascimento.
O sujeito passivo é o Estado e mediatamente qualquer pessoa lesada pelo registro falso.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá com a efetiva inscrição no registro civil do nascimento inexistente.
Trata-se de crime material, portanto admite a tentativa.
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido
 “Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:  
Pena - reclusão, de dois a seis anos”
O objeto jurídico protegido pela norma é o estado de filiação, a instituição familiar e a regularidade do registro civil.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em 4 hipóteses:
“Dar” parto alheio como próprio. A mulher faz se passar como integrante da família biológica.
“Registrar” como seu o filho de outrem. É a chamada adoção à brasileira.
“Ocultar” recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil. Ressalta-se que se a criança nasceu morta, o registro civil é obrigatório, mas sua omissão não figura crime de ocultação de recém nascido, uma vez que o natimorto não possui o estado civil, logo a omissão do registro não lhe suprime ou altera qualquer direito.
“Substituir” recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil.
O sujeito ativo, na primeira conduta (Dar parto alheio como próprio) trata-se de crime próprio, pois somente a mulher pode “parir”. Admite-se coautoria inclusive de parte da mãe biológica. Nas demais condutas pode ser praticado por qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. 
O Estatuto da Criança e do adolescente tipifica a ação dos agentes da saúde que facilitem a ocorrência das figuras penais em estudo. Trata-se de norma específica.“ECA, Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.”
O sujeito passivo é o estado e aqueles que se prejudicaram com o ato, p. ex. os herdeiros, quando nas duas primeiras ações (“dar” e “registrar”). 
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá: 
“Dar” parto alheio como próprio: quando se supõe parto, não bastando a mera simulação de gravidez, mas a atribuição da maternidade no tocante a alguma criança;
“Registrar” como seu o filho de outrem: quando da efetivação do registro;
“Ocultar” ou “Substituir”recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: no ato que efetivamente importe na supressão ou alteração do estado civil, não bastando, porém, sua simples ocultação ou substituição.
Trata-se de crime material, portanto admite a tentativa.
Privilégio
“Art. 242, Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:  
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.”
O privilégio somente pode ser aplicado às duas primeiras formas de consumação do crime. É considerada infração de menor potencial ofensivo, compatível com a transação penal. 
Todavia, O juiz possui duas opções: conceder o perdão judicial, extinguindo a punibilidade, ou aplicar o privilégio.
Prescrição
Se dá da data em que o fato se tornou conhecido
“Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.”
Sonegação de estado de filiação
 “Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.”
O objeto jurídico protegido pela norma é o estado de filiação.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “deixar”, no sentido de abandonar o menor de idade em asilo de expostos ou outra instrução de assistência, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil.
Asilo exposto é o orfanato ou local que abriga crianças abandonadas; a instituição de assistência, por sua vez, tem caráter residual, podendo ser qualquer tipo de creche ou abrigo.
A figura de deixar a criança em local diverso àqueles pode configurar abandono de incapaz ou exposição ou abandono de recém nascido.
Há doutrinadores que sustentam ser necessária a ausência do registro civil. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não apenas pelos ascendentes. Trata-se de crime comum. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa.
O elemento subjetivo é o dolo, acrescido com um fim específico de agir. Nesse contexto, não se caracteriza o delito na hipótese em que o agente abandona a criança ou adolescente por outro motivo qualquer, tal como a ausência de condições financeiras para sustentá-lo.
O momento de consumação do crime se dá com o simples abandono, com a intenção de ocultar ou alterar o estado de filiação. Mas trata-se de crime formal, de consumação antecipada, portanto, não necessita de que efetivamente se prejudique o direito do menor inerente ao estado da filiação.
Admite a tentativa.
Dos crimes contra a assistência familiar
Abandono material
 “Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:  
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País .” 
O objeto jurídico protegido pela norma é a assistência familiar, relativo ao direito à vida e à dignidade no âmbito familiar, como protegido pela Constituição.
O artigo acima contempla três ações nucleares:
“Deixar de prover” os meios indispensáveis à sobrevivência das pessoas necessitadas. A subsistência engloba tão somente as necessidades básicas, como alimentação, remédios, vestuários e habitação, não incluindo gastos secundários (lazer). 
Não se admite a analogia in malam partem, portanto não se inclui, aqui, o companheiro na constância da união estável.
“Faltar ao pagamento”, prescinde a existência de decisão judicial homologando acordo, fixando ou majorando os alimentos devidos, qualquer que seja sua natureza (definitivos, provisórios...), e o agente, sem justa causa, falta com seu pagamento. É necessário que o agente deixe transcorrer o prazo estipulado em juízo para o pagamento.
“deixar de socorrer” é negar proteção e assistência. Enfermidade grave e séria alteração ou perturbação da saúde. Sua comprovação reclama análise médica da vítima no caso concreto.
O Elemento normativo do tipo é a justa causa, isso porque presente a justa causa para a falta de assistência material, o fato é atípico. Como a obrigação decorre de lei, cabe ao agente comprovar de forma idônea que se encontra em situação excepcional, justificadora da impossibilidade de cumprir com o encargo.
O sujeito ativo somente pode ser aquelas pessoas descritas no caput, uma vez que trata-se de crime próprio: cônjuges, ascendentes e descendentes. O sujeito passivo é o cônjuge, filho, o maior de 60 ou ascendente e descendente gravemente enfermo.
“Art. 244, Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.”
“Frustrar” é iludir, enganar, e “elidir” equivale a eliminar ou afastar.
Criminaliza-se, também, a ação da pessoa que, para livrar-se da obrigação alimentícia, abandona injustificadamente seu emprego ou função, normalmente porque a pensão alimentícia era descontada pelo empregador, para buscar o trabalho informal.
Entende o STF que o ingresso em juízo para demonstrar a impossibilidade de cumprir obrigação de alimentos, por si só, não afasta o crime de abandono material. O delito pode ocorrer quando se comprova que o acesso à via judicial era manifestamente procrastinatória, visando a adiar o pagamento
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime é o momento em que o agente deixa, dolosamente e sem justa causa, não se exigindo, entretanto, o efetivo prejuízo da vítima. Trata-se de crime formal.
Não admitindo a tentativa, uma vez que trata-se de crime omissivo próprio e unissubsistente.
Prisão civil 
A prisão civil dada pelo não pagamento de pensão alimentícia não tem caráter punitivo, em verdade representa meio coercitivo para obrigar o devedor ao cumprimento da obrigação alimentar, tanto que deve ser imediatamente revogada com o pagamento da prestação. Essa situação não interfere na concretização do crime de abandono material, cuja consumação ocorreu no momento do não pagamento doloso e injustificado dos alimentos.
Defende Rogério Greco que a prisão civil pode ser utilizada a título de detração penal, por tratar-se de medida favorável ao réu.
Entrega de filho menor a pessoa inidônea
“Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.” 
O objeto jurídico protegido pela norma é a família, relativamente aos cuidados a serem dispensados pelos pais dos filhos menores.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-seem “entregar”, no sentido de deixar o filho menos aos cuidados de pessoa que saiba ou deva saber ser indivíduo apto a proporcionar perigo moral ou material, colocando em risco a íntegra formação da personalidade e desenvolvimento normal, físico e psicológico, do menor.
O sujeito ativo pode ser o pai ou a mãe do menor, uma vez que trata-se de crime próprio; Pela vedação da analogia in malam partem, tal não se aplica ao tutores do menor. O sujeito passivo é o filho menor de 18 anos. 
O elemento subjetivo é o dolo. 
Trata-se de crime material, cujo momento de consumação do crime se dá com a efetiva entrega do filho menor. Trata-se de crime de perigo concreto e instantâneo, razão pela qual não se exige permanência da criança ou adolescente na companhia da pessoa inadequada por longo período.
Admite a tentativa.
As figuras qualificadas dos §§ 1º e 2º foram tacitamente revogadas pelos arts. 238 e 239 do ECA.
Abandono intelectual
 “Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.” 
O objeto jurídico protegido pela norma é a assistência familiar, quanto ao direito de acesso ao ensino obrigatório do filho em idade escolar. O estado, portanto, deve proporcionar a todos o acesso gratuito ao ensino obrigatório (art. 208, § 1º, da CF) e aos pais compete o dever de assistir, criar e conferir educação aos seus filhos (art. 227 e 229, da CF). 
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “deixar de prover”, é omitir-se quanto à matrícula do filho em idade escolar no estabelecimento de ensino e instrução primária, ou então impedir que este freqüente o estabelecimento. Trata-se de crime omissivo próprio. 
O Elemento normativo do tipo é a “justa causa”, o fato é atípico nas situações em que há justificativa para a ausência de matrícula ou freqüência do filho em idade escolar, como p. ex. a inexistência de vagas ou de escola na cidade de residência do menor.
Na hipótese em que os pais não se encontram casados, compete àquele que não detém a guarda do filho menor verificar se o outro está garantindo seu acesso ao ensino primário.
O crime é bipróprio, ou seja, próprio quanto ao sujeito ativo e passivo. Sujeito ativo é o pai e o passivo, o filho.
Quanto à colocação “idade escolar”, formou-se duas posições sobre o assunto, uma vez que se constitui em lei penal em branco:
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a instrução seria que essa equivale ao Ensino Fundamental, logo a idade escolar vai dos 6 anos até os 14 anos de idade.
Segundo a CF, art. 208, I, a idade escolar seria dos 4 aos 17 anos.
“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;”
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá no momento em que os pais deixam de efeitvar a matrícula, isto é, quando esse prazo se finda; ou quando, por decisão dos pais, o filho em idade escolar definitivamente para de freqüentar estabelecimento de ensino, havendo habitualidade. Trata-se de crime formal.
A tentativa não é cabível.
Homeschooling
Para Damásio de Jesus, o fato seria atípico, uma vez que haveria a educação domiciliar da criança ou do adolescente e restaria ausente a lesividade da conduta. Para o doutrinador, a legislação ordinária brasileira dispões que a educação domiciliar é ilícita, ao passo que a Constituição dispõe sobre educação, sem fazer distinção quanto à domiciliar; portanto, pela interpretação que as leis devem atender o princípio da conformidade à CF, não pode ser legal norma que considera criminoso o pai que provê o filho de educação domiciliar.
Já a posição do STJ é de impossibilidade do homeschooling, enquanto não houver disciplina legal sobre o assunto. Os fundamentos são simples: não há fiscalização do Poder Público quanto à freqüência do menor às aulas e o Estado não tem como avaliar o desempenho do aluno, para o fim se constatar se a educação domiciliar está sendo suficientemente e adequada.
Abandono moral
 “Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância:
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.” 
O objeto jurídico protegido pela norma é a família.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “permitir”, que pode ser concretizado tanto por ação (crime comissivo), como por omissão (crime omissivo próprio), que equivale a deixar que o menor realize qualquer dos comportamentos dos incisos.
Esclarece-se que a comiseração pública é o sentimento de compaixão causado nas demais pessoas.
O sujeito ativo é somente aquele titular do poder familiar, ou pessoa de qualquer modo responsável pela guarda ou vigilância do menor, trata-se de crime próprio. O sujeito passivo é o menor de 18 anos. 
O elemento subjetivo é o dolo. Entretanto, no inciso IV do citado dispositivo legal (para excitar a comiseração pública) exige, além do dolo, um especial fim de agir.
O momento de consumação do crime varia em cada uma das espécies criminosas.
Na modalidade freqüentar casa de jogo ou mal afamada e espetáculo capaz de perverte ou ofender o pudor do menor reclama-se habitualidade, sendo imprescindível a reiteração de atos para revelar a intenção de prejudicar a índole moral do menor.
Quanto a conviver com pessoa viciosa ou de na vida e residir ou trabalhar em casa de prostituição, exige-se a permanência do menor por tempo juridicamente relevante. Trata de crime permanente.
Nas situações de participar de representação capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor,e mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública é suficiente a permissão do sujeito ativo quanto à conduta do menor. Trata-se de crime instantâneo.
Trata-se de crime formal. 
Para uma parte da doutrina, admite-se ser crime de perigo concreto. Entretanto outro lado doutrinário, como defendido por Luiz Regis Prado, são crimes de perigo abstrato, necessitando que o perigo seja comprovado.
É possível a tentativa na hipótese comissiva do delito.
Dos crimes contra o Pátrio poder, Tutela ou Curatela.
Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes
 “Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.” 
O objeto jurídico protegido pela norma é o poder familiar, a curatela e a tutela.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em:
“Induzir”, criando a ideia e vontade do menor de fugir do lugar em que se acha por determinação de quem exerce autoridade sobre ele, por lei ou decisão judicial.
“Confiar”, no sentido de entregar a outrem, sem ordem de quem tem autoridade sobre a criança ou adolescente. Nesse caso o Elemento normativo do tipo é a falta de ordem.
“Deixar”, equivale-se a recusa de entregar o menor a quem legitimamente o reclame. Cuida-se de crime omissivo próprio. Nesse caso o Elemento normativo do tipo é a falta de justa causa e a reclamação legítima.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo são aqueles que detém o poder familiar, tutela e a curatela.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime 
Induzir à fuga, trata-se de crime materialque somente se consuma com a efetiva fuga. Entretanto, há doutrina que aduz ser crime formal, que se consumaria com induzimento à fuga, a esse respeito, defende Nucci.
A entrega arbitrária é crime material, de consumação com a efetiva entrega, sem a autorização de quem detém a autoridade legal/judicial.
A sonegação de incapazes é crime formal, consumando-se no instante em que o agente deixa, sem justa causa, entrega o menor a quem reclame.
É possível a tentativa, salvo na sonegação de incapazes.
Subtração de incapazes
 “Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.” 
O objeto jurídico protegido pela norma é ao poder familiar, a tutela e a curatela, como medidas inerentes à instituição familiar.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “subtrair”, no sentido de retirar o menor de quem detém sua guarda, da qual emana por lei ou decisão judicial. O eventual consentimento é juridicamente irrelevante, pois se presume a incapacidade para anuir.
Cuida-se de crime de forma livre, isto é, pode haver o emprego de fraude, grave ameaça... Destaca-se que pode haver concurso formal impróprio entre o modus operandi e o crime em comento.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. 
“Art. 249, § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.”
O § 1º trata de norma penal explicativa, na qual exprime que, por exemplo, o pai ou a mãe, separados judicialmente, mas que não foi destituído do poder familiar, não pode ser responsabilizado pelo crime de subtração de incapazes, na hipótese em que retém filho menor de idade por prazo superior ao judicialmente convencionado, mas eventualmente pelo delito de desobediência.
O sujeito passivo é o detentor da guarda e o próprio incapaz.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá no momento em que o incapaz é retirado da esfera de vigilância da pessoa que detinha sua guarda.
Trata-se de crime material, portanto admite a tentativa.
Perdão judicial
“Art. 249, § 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.”
VIII - Dos crimes contra a incolumidade pública
Dos crimes contra de perigo comum
Incêndio
 “Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.” 
O objeto jurídico protegido pela norma é a incolumidade pública, buscando manter salvo e livre de perigo a saúde, segurança e tranquilidade de um número indeterminado de pessoas.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “causar”, em que o agente origina incêndio, de modo a expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de pessoas em geral.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, podendo, inclusive, ser praticado pelo dono do bem incendiado; trata-se de crime comum. O sujeito passivo é a coletividade.
O elemento subjetivo é o dolo. Não se exige que o agente tenha a intenção de prejudicar terceiros, sendo suficiente a consciência da possibilidade de causação de dano.
Se a intenção for de, com o incêndio, matar ou ferir alguém, podem ser imputados ao agente os crimes de homicídio qualificado pelo emprego de fogo ou a lesão corporal em concurso formal impróprio, em razão dos desígnios autônomos para ofender bens jurídicos distintos.
Se o incêndio é causado por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações clandestinas ou subversivas, estará caracterizado o art. 20 da Lei de Segurança nacional, em obediência ao princípio da especialidade.
O momento de consumação do crime se dá no momento em que o incêndio for provocado. Trata-se de crime material e de perigo concreto, sendo indispensável a prova da efetiva ocorrência da situação perigosa.
Logo, a simples provocação de incêndio não enseja, por si só, a incidência do tipo penal em apreço, se da conduta não resulta efetiva exposição da coletividade a perigo concreto. Mas será possível reconhecer o crime de dano qualificado pelo fogo.
É necessário a comprovação do crime que deixa vestígios de ordem material, portanto, é imprescindível a perícia.
Trata-se de crime material, portanto admite a tentativa.
Aumento de pena
“Art. 250, § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;”
No inciso acima há a necessidade de um fim específico em agir, que seja a vantagem econômica. 
Se o for utilizado para recebimento de indenização ou valor de seguro e esta vem a ser efetivamente recebida a doutrina aduz que este poderá estar cometendo dois crimes: ou o incêndio agravado por esta causa em comento, ou há concurso entre o incêndio simples e a fraude; percebe-se que o incêndio deve ser simples, uma vez que procura se afastar o bis in idem.
“Art. 250, § 1º, II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.”
Quanto ao Inciso II, letra a, o crime é compatível com o previsto no art. 41 da lei dos crimes ambientais. No entanto, a separação dos crimes está no “perigo comum” causado pelo incêndio, isto é, a exposição a provável dano no tocante à pessoas indeterminadas
Também está definido na lei de crimes ambientais (art. 42) a soltura de balões de modo que possam causar incêndio. Nesse caso trata-se de incêndio de dolo eventual, pois, segundo a doutrina, as numerosas campanhas educativas destinadas a revelar os danos produzidos pelos balões evidenciam a assunção pelo agente dos diversos resultados que podem ser produzidos por essa conduta ilícita. O delito ambiental resta absolvido, em respeito ao princípio da consunção, pois funciona como meio para a concretização do resultado final (incêndio).
Incêndio culposo
“Art. 250, § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Causa de aumento de pena
 “Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
Se do crime resultar lesão grave ou gravíssima, se aumenta a pena da metade; se resultar em morte, do dobro.
Estatuto do desarmamento
“Lei 10.826, Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16, Parágrafo único, III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;”
Esse crime é de perigo abstrato, ao passo que não deve ser confundido com o incêndio, que é crime de perigo concreto, dependendo de perícia que afirme a efetiva exposição de pessoas indeterminadas ao risco de dano.
Explosão
 “Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a incolumidade pública, buscando manter salvo e livre de perigo a saúde, segurança e tranquilidade de um número indeterminado de pessoas.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “expor”.Além da explosão propriamente dita e do arremesso, o tipo ainda incrimina a simples colocação. 
Trata-se de crime de perigo comum e concreto, devendo ser comprovado por perícia.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum. O sujeito passivo é a coletividade.
O elemento subjetivo é o dolo. 
Cabe, aqui, as mesmas considerações feita no incêndio quanto ao concurso de crimes com o homicídio qualificado, o criem ambiental e quanto ao crime contra a segurança nacional.
O momento de consumação do crime se dá com a efetiva explosão, arremessou ou a simples colocação do engenho, desde que comprovado que aquele provocou ou provocaria perigo à pessoas indeterminadas.
Trata-se de crime material, portanto admite a tentativa.
Explosão privilegiada
“Art. 251, § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
O reconhecimento da forma privilegiada pressupõe a existência de exame pericial, comprovando se tratar de produto apto a causar explosão, mas diverso da dinamite ou substância de efeitos análogos. Por ex.: o explosivo à base de pólvora
Aumento de pena
“Art. 251, § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
 “Art. 250, § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;”
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.”
Modalidade culposa
“Art. 251, § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano.
Causa de aumento de pena
“Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
Se do crime resultar lesão grave ou gravíssima, se aumenta a pena da metade; se resultar em morte, do dobro.
Da Uso de gás tóxico ou asfixiante
“Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a incolumidade pública, buscando manter salvo e livre de perigo a saúde, segurança e tranquilidade de um número indeterminado de pessoas.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “expor”, colocando em perigo um número indeterminado de pessoas. É, também, crime de forma vinculada, pois a lei prevê expressamente o gás tóxico ou asfixiante.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; trata-se de crime comum. O sujeito passivo é a coletividade.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá no momento em que o agente expõe efetivamente a perigo a vida e a integridade física de terceiros. É crime material e de perigo concreto, necessitando de comprovação pericial.
Admite a tentativa.
Modalidade culposa
“Art. 252, Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.”
Entretanto, se ficar comprovado que, pela culpa, causou poluição, responde-se na forma culposa do crime de poluição previsto na lei de crimes ambientais (art. 54, § 1º).
Causa de aumento de pena
 “Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
Se do crime resultar lesão grave ou gravíssima, se aumenta a pena da metade; se resultar em morte, do dobro.
Gás lacrimogêneo
Na situação em que o policial ou pessoa autorizada a portar gás lacrimogêneo faça uso moderado da substância, que é de índole asfixiante, para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, não há que falar no crime em comento.
Lei de contravenção penal
A LCP no art. 38 comina pena de multa àqueles que provocam abusivamente a emissão de fumaça gás ou vapor que possa ofender alguém. O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, assim como o art. 252 do CP, entretanto, a diferença entre ambos repousa na gravidade da conduta, a ser indicada em perícia realizada com essa finalidade.
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante
“Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.”
O objeto jurídico protegido pela norma é a incolumidade pública, buscando manter salvo e livre de perigo a saúde, segurança e tranquilidade de um número indeterminado de pessoas.
Vale destacar a desnecessidade de a substância der unicamente reservada à fabricação de substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante. Contudo, é imprescindível demonstrar no caso concreto que o material seja dotado das destinações indicadas.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “fabricar”, “fornecer”, “adquirir”, “possuir” e “transportar”. Trata-se de crime de ação múltipla.
O Elemento normativo do tipo é a “licença da autoridade”. Cuida-se de lei penal em branco heterogênea, pois a conduta reclama complementação por ato da Administração pública.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum. O sujeito passivo é a coletividade.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá com a realização das ações tipificadas: fabricar, fornecer, adquirir, possuir e transportar.
Trata-se de crime formal e de perigo abstrato (presumido), isto é, a pratica do crime acarreta a presunção absoluta de perigo à vida, saúde ou patrimônio de pessoas indeterminadas
 Admite a tentativa.
Causa de aumento de pena
 “Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
Se do crime resultar lesão grave ou gravíssima, se aumenta a pena da metade; se resultar em morte, do dobro.
Lei de Segurança Nacional
Caso o engenho explosivo seja de uso privativo das forças armadas, será ao agente imputado o crime previsto no art. 12 da Lei de Segurança Nacional.
Inundação
“Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo,(...)”
O objeto jurídico protegido pela norma é a incolumidade pública.
A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “causar”, em que o agente origina a inundação, que é a invasão por água de determinado lugar que não seu depósito ou curso natural, de modo a expor a perigo pessoas indeterminadas.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; trata-se de crime comum. O sujeito passivo é a coletividade.
O elemento subjetivo é o dolo. 
O momento de consumação do crime se dá no momento em que o agente

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