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Aula 17 Segurança e Transporte p/ TRF 2ª Região (Com videoaulas) Professores: Alexandre Herculano, Marcos Girão 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 1 de 68 Aula 17 - Noções de Gestão de Conflitos SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................................................................................... 2 A GESTÃO DE CONFLITOS (GERENCIAMENTO DE CRISES) .................... 3 1. Conceitos Fundamentais ................................................................ 3 1.1 Características e Objetivos das Crises ....................................... 3 2. Critérios de Ação ........................................................................... 5 2.1. Necessidade ............................................................................. 6 2.2. Validade do Risco ..................................................................... 7 2.3. Aceitabilidade .......................................................................... 7 3. As Crises e a Classificação dos Graus de Risco ............................... 8 4. Níveis de Resposta ........................................................................ 9 5. Tipologia dos Causadores de Eventos Críticos ............................. 10 6. As Fases do Gerenciamento de Crises .......................................... 13 6.1. Fase 1 - A Pré-Confrontação................................................... 14 6.2. Fase 2 - A Resposta Imediata ................................................. 18 6.3. Fase 3 - O Plano Específico..................................................... 19 6.4. Fase 4 - Resolução (ou Plano de Rendição) ............................ 20 7. Organização do Posto de Comando .............................................. 22 7.1. Posto De Comando - Conceito ................................................ 23 7.2. Quando é Necessário Instalar um PC? .................................... 24 7.3. Requisitos Essenciais de um PC? ............................................ 25 8. Elementos Operacionais Essenciais ............................................. 28 8.1. Elemento DE COMANDO ......................................................... 28 8.2. Elementos OPERACIONAIS ..................................................... 30 8.3. Elementos DE APOIO .............................................................. 33 8.4. Elementos DE ASSESSORIA .................................................... 34 9. Técnicas e Táticas de Negociação ................................................ 35 9.1. Conter ................................................................................... 36 9.2. Isolar .................................................................................... 36 9.3. Negociar ................................................................................ 37 9.4. Negociação - Postura e Critérios De Ação ............................... 40 10. Perímetros Táticos ..................................................................... 48 QUESTÕES DE SUA AULA .................................................................... 62 GABARITO .......................................................................................... 68 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 2 de 68 APRESENTAÇÃO Olá, caro aluno!! Sempre que podemos, estamos adiantando as nossas aulas! Eis aqui mais uma! Aqui estudaremos um assunto quer a cada dia começa a chamar mais a atenção de alguns órgãos públicos, especialmente os do Judiciário: Noções de Gestão de Conflitos Para que o policial (ou agente de segurança competente) tenha também a tranquilidade e a autoconfiança de agir com maior probabilidade de acerto, é preciso que ele tenha à disposição um leque tão amplo quanto possível de alternativas táticas para resolução das ocorrências críticas com as quais irá se deparar. É preciso também que saiba utilizar os recursos disponíveis, por mais simples que pareçam. Como primeiro recurso a ser usado por qualquer policial, na maioria das ocorrências em que se envolverá, grande parte das polícias do Brasil (para não dizer todas) vem se preocupando em criar e treinar grupos táticos e tropas de choque, treinando seus policiais para atuar sempre nas situações mais complexas, o que é muito bom. Percebe-se também uma tendência de que outros órgãos, que não de Segurança Pública, mas que têm em seus quadros profissionais de segurança, exijam de seus servidores os conhecimentos elementares sobre a Gestão de Conflitos (também conhecida como Gerenciamento de Crises). Vai ser o caso do TRF 2ª região, seu futuro lugarzinho ao sol! O nosso propósito aqui será, portanto, o de apresentar-lhe NOÇÕES de Gestão de Conflitos, e não um estudo aprofundado do assunto. Tudo retirado das mais moderna doutrina do FBI e da Polícia Federal do Brasil! Questões de concurso para o tema?? Não existem! Mais uma vez, provocamos a banca "Estratégia e Girão" para nos ajudar, elaborando questõezinhas a respeito. Exclusivíssimo para você, nosso aluno Estratégia! Beleza? Pois então, respire fundo aí e sigamos para o alto e além! 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 3 de 68 A GESTÃO DE CONFLITOS (GERENCIAMENTO DE CRISES) 1. Conceitos Fundamentais 1.1 Características e Objetivos das Crises Caro aluno, é necessário primeiramente entendermos que conflitos são decorrentes de ocorrências de alto risco. E o que é uma ocorrência de alto risco? É toda aquela ocorrência que exige do policial (ou agente de segurança) um treinamento especializado e da instituição um maior suporte de meios e mais qualificado. Há alguns anos atrás, as ocorrências eram decididas na base do improviso, em que muitas vezes o fator sorte corria a favor da polícia e em outras vezes resolvia abandoná-la. Foi assim em muitos casos conhecidos de todos, tanto dentro do país, quanto fora. Hoje, a sociedade não admite mais uma polícia despreparada e sem qualidades técnicas, fazendo assim, com que o policial passe a buscar um aprimoramento, através de cursos e fontes literárias, e que as instituições policiais, por sua vez, revejam conceitos e criem grupos especializados para agirem em ocorrências de alto risco. Nos próximos parágrafos, darei uma rápida noção sobre gerenciamento de crises, com a finalidade de dar a você uma ideia de como proceder em situações de alto risco e minimizar os efeitos até a chegada de grupos especializados no assunto. Para fins policiais, o melhor conceito de Crise é o trazido pela Academia Nacional do FBI. Segundo a referida instituição: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 4 de 68 ³Crise é um evento ou situação crucial, que exige uma resposta especial da Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável". Uma Crise apresenta normalmente como características essenciais a imprevisibilidade a urgência e ameaça de vida. O Gerenciamento de Crise (ou Gestão de Conflitos) é, portanto, o processo de identificar,obter e aplicar os recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma Crise. Qualquer tarefa de Gerenciamento de Crises tem duplo objetivo: Esses objetivos seguem uma hierarquia rigorosa quanto ao seu grau de importância e prioridade. Isto quer dizer que a preservação de vidas deve estar, para os responsáveis pelo gerenciamento de uma crise, ACIMA da própria aplicação da lei. A crônica policial tem demonstrado que, em muitos casos, optando pôr preservar vidas inocentes, mesmo quando isso contribua para uma momentânea fuga ou vitória dos elementos causadores da crise, os responsáveis pelo gerenciamento da crise adotaram a linha de conduta mais adequada, em virtude de uma ulterior captura dos meliantes. A aplicação da lei 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 5 de 68 pode esperar pôr alguns meses até que sejam presos os desencadeadores da crise, enquanto que as perdas de vidas são irreversíveis (De Souza, p. 17, 1995). O gerenciamento de crises possui esses pilares como escopo, pois assim pode conduzir suas técnicas para a resolução dos incidentes, com sucesso, com o mínimo de perda de vidas, segurança dos envolvidos e garantia do cumprimento da legislação. Portanto, o gerente de uma situação de crise deve ter sempre em mente esses objetivos, observando os aspectos que deles se derivam, de acordo com: E aí você deve estar me perguntando: professor, e como eu devo tomar as decisões numa situação de crise? Bom, no intuito de balizar o processo decisório na ambiência operacional, doutrina aplicada pelo FBI (modelo mundial) preconiza três critérios de ação para tomada de decisões. Vamos estudá-los: 2. Critérios de Ação Na busca da execução dos objetivos acima, o administrador de uma RFRUUrQFLD� GH� DOWD� FRPSOH[LGDGH�� ³R� FRPDQGDQWH� GD� FHQD� GH� DomR� �WDPEpP� chamado de comandante do teatro GH� RSHUDo}HV�´� HVWi�� GXUDQWH� WRGR� R� desenrolar do evento, tomando decisões. Nessas ocasiões, existe um constante processo decisório para o gerente da crise. O FRPDQGDQWH� VH�Yr�GLDQWH�GR�GLOHPD�GR� WLSR� ³IDoR�RX�QmR� IDoR"´�� Decisões, desde as mais simples às mais complexas, vão sendo tomadas a 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 6 de 68 todo o momento. Elas envolvem assuntos variados, como o fornecimento de água ou alimentação para os reféns e para os delinquentes, atendimento médico de urgência a uma vítima no interior do ponto crítico, o corte de linha telefônica e fornecimento de eletricidade, até mesmo o emprego de força. As expectativas do público em relação à reação dos órgãos de segurança em incidentes de alto risco são previsíveis, porém nem sempre realistas. Quase sempre, a sociedade é conduzida a aceitar, principalmente pela mídia, que o incidente deva ser resolvido desta ou daquela maneira, no entanto, desconhecem as estratégias, técnicas e táticas utilizadas pela polícia, bem como as limitações jurídicas enfrentadas. Assim, com o intuito de balizar o processo decisório na ambiência operacional, atendendo os preceitos dos objetivos do Gerenciamento de Crises, a doutrina do FBI preconiza três critérios para tomada de decisões: 2.1. Necessidade O critério de necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar determinadas decisões, não se justifica a sua adoção. A equipe deve se perguntar: ³A ação que pretendemos fazer é estritamente necessária?´ 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 7 de 68 2.2. Validade do Risco O critério da validade do risco estabelece que toda e qualquer ação, tem que levar em conta, se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados. A pergunta que deve ser feita é: ³Vale à pena correr esse risco?´ Este critério é muito difícil de ser avaliado, pois envolve fatores de ordem subjetiva (já que o que é arriscado para um não é para outro) e de ordem objetiva (o que foi proveitoso em uma crise poderá não sê-lo em outra). 2.3. Aceitabilidade O terceiro critério, aceitabilidade, implica em que toda decisão deve ter respaldo legal, moral e ético. A aceitabilidade legal significa que toda decisão deve ser tomada com base nos princípios ditados pelas leis. Uma crise, por mais séria que seja não dá à organização policial a prerrogativa de violar leis. A aceitabilidade moral implica que toda decisão para ser tomada deve levar em consideração aspectos de moralidade e bons costumes. A aceitabilidade ética está consubstanciada no princípio de que o responsável pelo gerenciamento da crise, ao tomar uma decisão, deve fazê-lo lembrando que o resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a prática de ações que FDXVHP�FRQVWUDQJLPHQWRV�³internas corporis´� Nesse sentido é clássico o exemplo do policial que se oferece como voluntário para ser trocado por algum refém. Essa troca, se autorizada, acarreta questionamentos éticos de natureza bastante complicada, que podem provocar sérios transtornos no gerenciamento da crise. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 8 de 68 3. As Crises e a Classificação dos Graus de Risco Você estudou no tópico anterior quais os critérios de ação na tomada de decisões numa situação de crise. Neste, estudará a classificação do grau de risco ou ameaça dos eventos críticos. Desta classificação, as equipes policiais poderão dimensionar os recursos humanos e materiais a serem empregados na ocorrência de forma que não fiquem super ou subdimensionados. ¾ A avaliação da classificação do grau de risco deve ser uma das primeiras ações a serem mentalizadas pelo gerente da crise. A doutrina do FBI estabelece uma escala de risco ou ameaça que serve de padrão para a classificação da crise, a exemplo do que ocorre com a Escala Richter, em relação aos terremotos. A classificação mais utilizada mundialmente é a seguinte: A classificação do nível de risco da Crise varia de país para país, mas é de suma importância para a resposta que será dada. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 9 de 68 Uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça, representado por uma crise, concorre favoravelmente, para a solução do evento, possibilitando, desde o início, o oferecimento de um nível de resposta adequado à situação, evitando-se, assim, perdas de tempo desnecessárias. O grau de risco de uma crise pode ser mudado no seu decorrer, pois a primeira autoridade policial que chega ao local faz uma avaliação precoce da situação com bases em informações precárias e de difícil confirmação. Dadosde grande importância, como: número de reféns, número de bandidos e números de armas, às vezes, só vêm a ser confirmados no transcorrer da crise. Assim, o gerente da crise deve estar atento a qualquer elemento que possa lhe dar informações, como: um refém liberado, atirador de elite, moradores e/ou funcionários do local tomado e, até mesmo, um dos próprios perpetradores que se entrega, quando no caso forem mais de um. 4. Níveis de Resposta Para cada grau de risco, se faz necessário diferentes níveis de resposta. Eles correlacionam-se com o grau de risco do evento crítico, ou seja, o nível de resposta sobe gradativamente na escala hierárquica da entidade, na medida em que cresce o vulto da crise. Como você viu anteriormente, é de extrema importância o dimensionamento dos recursos a serem utilizados. Os níveis de resposta adequados a cada grau de risco ou ameaça são quatro. Podemos visualizá-los melhor no quadro abaixo: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 10 de 68 5. Tipologia dos Causadores de Eventos Críticos Na tentativa de auxiliar os gestores policiais nessa difícil tarefa de coleta de dados acerca dos tomadores de reféns, os estudiosos da disciplina Gerenciamento de Crises têm procurado desenvolver uma tipologia dos causadores de eventos críticos. O Capitão Frank Bolz Junior, do Departamento de Polícia de Nova Iorque, EUA, na sua obra "Como Ser um Refém e Sobreviver", classifica-os em três tipos fundamentais. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 11 de 68 1º Tipo - Criminoso comum: Também conhecido como contumaz, ou criminalmente motivado. É o indivíduo que se mantém através de repetidos furtos e roubos e de uma vida dedicada ao crime. Essa espécie de criminoso, geralmente, provoca uma crise por acidente, devido a um confronto inesperado com a Polícia, na flagrância de alguma atividade ilícita. Com a chegada da Polícia, o indivíduo agarra a primeira pessoa ao seu alcance como refém, e passa a utilizá-la como garantia para a fuga, neutralizando, assim, a ação dos policiais. O grande perigo desse tipo de causador de evento crítico certamente está nos momentos iniciais da crise. Em média, os primeiros quarenta minutos são os mais perigosos. Esse tipo de causador de crise representa a maioria dos casos ocorridos no Brasil. 2º Tipo - O emocionalmente perturbado: Pode ser um indivíduo com alguma psicopatia ou simplesmente alguém que não conseguiu lidar com seus problemas de trabalho ou de família, ou que esteja completamente divorciado da realidade. Algumas doutrinas chamam este último como incidente doméstico, já que normalmente envolve as relações familiares. Estatisticamente, nos Estados Unidos, esse é o tipo de indivíduo que causa a maioria dos eventos críticos. Brigas domésticas, problemas referentes à custódia de menores, empregados revoltados ou alguma mágoa com relação a uma autoridade podem ser o estopim para a prática de atos que redundem em crises. Não há no Brasil dados estatísticos confiáveis que possam indicar, com exatidão, o percentual representado por esse tipo de causadores de eventos críticos no universo de crises registradas no país, verificando-se nos noticiários que algumas dessas situações se vinculam à prática de crimes chamados passionais. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 12 de 68 3º tipo - O terrorista por motivação política: Apesar de não ostentar uma liderança estatística, essa espécie de causadores de eventos críticos é, de longe, a que causa maior estardalhaço. Basta uma olhada nos jornais para se verificar as repercussões causadas por esse tipo de evento, ao redor do mundo. É que pela própria essência desses eventos, geralmente cuidadosamente planejados por grupos com motivação política ou ideológica, a repercussão e a divulgação constituem, na maioria das vezes, o principal objetivo da crise, que se revela como uma oportunidade valiosa para críticas a autoridades constituídas e para revelação dos propósitos ou programas do grupo. Um subtipo dessa categoria de causadores de eventos críticos é o terrorista por motivação religiosa. É muito difícil lidar com esse tipo de elemento, porque não pode haver nenhuma racionalização através do diálogo, o que praticamente inviabiliza as negociações. Ele não aceita barganhar as suas convicções e crenças. Quase sempre, o campo de manobra da negociação fica reduzido a tentar convencer o elemento de que, ao invés de morrer pela causa, naquele evento crítico, seria muito mais proveitoso sair vivo para continuar a luta. Para esse tipo de causador de crise pode parecer, em dado momento, ser mais conveniente sair da crise carregado nos braços dos seus seguidores como um herói. ¾ SEJA QUAL FOR O TIPO do causador do evento crítico, deve-se EVITAR, no curso da negociação, a adoção de posturas estereotipadas com relação à tipologia e à motivação. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 13 de 68 6. As Fases do Gerenciamento de Crises Nesse módulo, você verá como a doutrina do gerenciamento de crises se dispõe para oferecer subsídios organizacionais às policias, pois, conforme o seu próprio conceito indica, gerenciamento é um processo que visa o modo de aplicação de recursos na antecipação, prevenção e resolução de uma crise. Segundo Nugoli (2002), é um sistema de administração de incidentes que proporciona ao gerente responsável, um método lógico e eficaz para a preparação e emprego de seus recursos numa confrontação. Este sistema pode ser descrito, também, como uma metodologia, que se utiliza, muitas vezes, de uma sequência lógica para resolver problemas que são fundamentados em possibilidades. Deve-se observar que o gerenciamento de crises não é uma ciência exata, pois cada crise apresenta características exclusivas, exigindo soluções particulares, que demandam uma cuidadosa análise e reflexão. Doutrinadores da Academia Nacional do FBI, visualizam o fenômeno da crise em quatro fases cronologicamente distintas, as quais ele denomina de fases de confrontação. Essas fases são as seguintes: Pré-confrontação Resposta imediata Plano específico Resolução Vamos então conhecer mais detalhes sobre cada uma destas etapas: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 14 de 68 6.1. Fase 1 - A Pré-Confrontação A pré-confrontação (ou preparo) é a fase que antecede à eclosão de um evento crítico. Durante essa fase, a instituição policial se prepara, administrativamente, em relação à logística, operacionalmente através de instruções e operações simuladas, planejando-separa que possa atender qualquer crise que vier acontecer na sua esfera de competência. No planejamento devem ser considerados como pontos mais importantes: 9 a aquisição de material especializado; 9 a seleção de efetivo; 9 o treinamento de todos os elementos envolvidos, cabendo também a difusão doutrinária; 9 a elaboração de estudos de casos; e 9 roteiros de gerenciamento. A pré-confrontação, contudo, não se resume apenas ao preparo e ao aprestamento da organização policial para o enfrentamento das crises. Ela engloba também um trabalho preventivo. Esse trabalho compreende ações de antecipação e de prevenção. A antecipação consiste na identificação de situações específicas que apresentem potencial de crise e a subsequente adoção de contramedidas que visem neutralizar, conter ou abortar tais processos. Já a prevenção é um trabalho mais genérico, realizado com o objetivo de evitar ou dificultar a ocorrência de um evento crítico ainda não identificado, mas que se apresenta de uma forma puramente potencial. - 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 15 de 68 A fase da pré-confrontação foi dividida nos tópicos acima para uma melhor compreensão de sua dimensão. No entanto, esses tópicos não se apresentam em ordem cronológica e são ações que devem ser adotadas concomitantemente, formando a fase da pré-confrontação. São eles: ¾ Aquisição de Equipamentos/Materiais A aquisição de viaturas especializadas para ocorrências de alta complexidade, de equipamentos de comunicação ± neste caso até de escuta telefônica ± equipamentos de proteção individual para os policiais e outros agentes envolvidos, enquadram-se neste tópico. Os profissionais diretamente responsáveis pela gerência de crise, em determinada organização policial, deverão nesta fase de pré-confrontação procurar novos equipamentos e materiais que possam auxiliá-los na redução de tempo para resolução da crise e, até mesmo, que possam fundamentá-los no processo de tomada de decisão com escopo de observar os princípios do uso progressivo da força. ¾ Seleção de Efetivo As organizações policiais costumam responder mediante duas abordagens básicas de gerenciamento: Î Abordagem Ad Hoc ou Casuística A abordagem ad hoc ou casuística consiste em reagir aos eventos críticos mediante uma mobilização de caso a caso, enquanto que a abordagem permanente ou de comissão adota a praxe de manter um grupo de pessoas previamente designado, o qual é acionado tão logo se verifique uma crise. Nesta abordagem corre-se o risco de haver problemas de entrosamento e eficiência, da não localização de autoridades, bem como da falta de estabelecimento de uma unidade de comando. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 16 de 68 Î Abordagem Permanente ou de Comissão Na abordagem permanente, além de possibilitar o entrosamento entre os participantes, mostra-se eficiente na definição do papel de cada um dos componentes do grupo de gerenciamento. Nessa abordagem é que se torna necessária a seleção criteriosa do efetivo policial, da definição de quais autoridades públicas deverão operar, em conjunto, com o órgão policial, bem como os seus papéis. Sendo assim, recomenda-se que todas as instituições policiais disponham de uma entidade ou grupo colegiado designado para uma resposta a crises, o qual será acionado tão logo ocorra um evento crítico, como também tenham uma unidade com policiais especialmente treinados para responder a crises. São exemplos desses grupos o GATE-PMESP, BOE-BMRS, BOPE-PMDF, BOPE-PMERJ, BMEPMES, GATE-PMMG, COT-DPF. ¾ Treinamento Outro fator crucial na fase da pré-confrontação é a regularidade do treinamento que deve ser realizado, em conjunto, com todas as pessoas com responsabilidades afins ao gerenciamento de crises participando com o escopo de garantir a aquisição de uma boa inter-operacionalidade quando da ocorrência de crise. Esse preparo ou aprestamento deve abranger todos os escalões da organização policial, através de uma sistemática de difusão e ensinamento dos princípios doutrinários do gerenciamento de crises, seguidos de treinamento e ensaios que possibilitem o desenvolvimento de habilidades e aptidões em três níveis distintos: o individual, o de grupo e o de sistema. O trabalho de treinamento de pessoal consiste na realização de cursos de especialização, capacitação nas funções que são relativas a uma ocorrência de alta complexidade, tais como: negociação, entradas táticas, uso de armas menos que letais. No entanto, além do já citado, obrigatoriamente, a organização policial GHYH�³LQFOXLU�D realização de ensaios e exercícios simulados que sejam, tanto quanto possível, aproximados da realidade, proporcionando aos participantes o desenvolvimento da FDSDFLGDGH�GH�GHFLGLU�H�GH�DJLU�VRE�SUHVVmR´��0217(,52�� 1994, p. 24). 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 17 de 68 Essas simulações devem ser realizadas numa periodicidade proporcional à sua probabilidade de ocorrer, ou seja, quanto maiores as chances de ocorrer determinada crise maior deverá ser o número de simulações. ¾ Estudo de Casos Os estudos de caso são documentos com formato específico que têm como objetivo relatar o fato ocorrido, as medidas adotadas pelo organismo policial, bem como a participação de elementos favoráveis e os não favoráveis, inclusão de filmagens das ocorrências. O estudo de caso é uma ferramenta que visa manter a reciclagem, que segundo 0RQWHLUR��������S������p�R�³SURFHVVR�DWUDYpV�GR�TXDO�VmR�UHHVWXGDGRV� e atualizados os princípios gerais da doutrina, adaptando-os, quando necessário, à conjuntura YLJHQWH´� ¾ Roteiro de Gerenciamento A pré-confrontação cuida também da elaboração de roteiro de gerenciamento, LJXDOPHQWH� FRQKHFLGR� QD� OLWHUDWXUD� DILP� FRPR� ³SODQRV� GH� VHJXUDQoD´�RX�³SODQRV�GH FRQWLQJrQFLD´� Neste roteiro, a organização policial estabelece procedimentos e normas com o objetivo de proporcionar um rol padronizado de reações aplicáveis a problemas encontrados ou previstos frequentemente. A importância da elaboração de um roteiro é que todos os elementos participantes de uma crise saberão precisamente o que se espera deles quando ocorrer um incidente. Neste roteiro deve conter: 9 os deveres dos primeiros que se depararem com o incidente; 9 a cadeia de comando e unidade de comando; 9 notificação e reunião de pessoal; 9 comunicações; 9 atribuições de deveres e responsabilidades; 9 táticas padronizadas; 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 18 de 68 9 como cuidar dos suspeitos e reféns; e 9 relações com a imprensa. Cada crise possui sua peculiaridade específica, como exemplo, uma ocorrência com reféns localizados após um assalto frustrado é diferente de uma rebelião em presídio, portanto, para cada tipo de situação de complexidade há a necessidade de elaboração de um roteiro específico. Embora, em caráter geral, aslinhas a serem seguidas já tenham sido acima citadas, devido a especificidade de cada tipo de situação, Monteiro ��������XVD�R�WHUPR�³VLQRSVHV�GH�URWLQDV´��TXH�WrP�FRPR�REMHWLYR�GDU�D�FDGD� policial, em tópicos claros e objetivos, um resumo das tarefas que lhe couber de imediato executar, na eventualidade de uma crise. Portanto, a identificação dos problemas potenciais, tais como: rebelião em presídio, situações que envolvam reféns, instalações ou pessoas suscetíveis a ações criminosas, bem como os prováveis locais em que elas acontecerão, são essenciais para a elaboração dos roteiros de gerenciamento. Após a identificação dos problemas, todas as informações relativas a eles devem ser observadas: planta das edificações, mapas topográficos, rede pública de telefonia e elétrica e dados biográficos de reféns potenciais. Quanto mais abundantes forem as informações, maiores as possibilidades de resolver com sucesso o problema, caso este venha a acontecer. 6.2. Fase 2 - A Resposta Imediata Essa fase trata das primeiras ações a serem tomadas, imediatamente após o início de um incidente de alta complexidade. Os policiais de rua, nesta fase, são de extrema importância, porque em quase cem por cento dos casos são eles que serão os primeiros a se depararem com tais ocorrências. É claro que todos os elementos participantes de uma crise estarão já participando dela, sendo convocados para comparecer. No entanto, vale ressaltar que de uma Resposta Imediata eficiente depende quase que 60% do êxito da missão policial no gerenciamento de uma crise. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 19 de 68 Neste contexto, o policial de rua deve conhecer o gerenciamento de crises e saber qual sua importância para tomar as medidas iniciais da maneira mais apropriada, de forma que possa preparar o local do teatro de operação para os responsáveis diretos pelo gerenciamento. As medidas imediatas mais importantes a serem tomadas são: conter; solicitar apoio; isolar e manter contato sem concessões ou promessas. Cada uma dessas medidas será estudada mais adiante quando tratarmos das técnicas e táticas de negociação. Segura aí! 6.3. Fase 3 - O Plano Específico Dada a resposta imediata, com a contenção e o isolamento da ameaça e o início das negociações, principia-se a fase do Plano Específico, que é aquela em que o comandante da cena de ação procura encontrar a solução do evento crítico. Nesta fase, o papel das informações (inteligência) é preponderante. As informações colhidas e devidamente analisadas é que vão indicar qual a solução para a crise. Dentro dessa classificação, aqui adaptada às contingências de natureza legal da polícia brasileira, as ações do comandante da cena de ação durante a Resolução estariam assim agrupadas. Dentro desse grupo estariam tarefas para a manutenção do controle da área crítica, como: 9 Conservar e reforçar os perímetros táticos, ampliando-os e adaptando-os, se necessário, à ação tática escolhida; 9 Alertar os elementos da patrulha dos perímetros táticos para protegerem, no caso de previsão de tiroteio; 9 Providenciar, antes do início da Resolução, o posicionamento de ambulâncias, helicópteros, pessoal médico e paramédicos para socorro de eventuais feridos; e 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 20 de 68 9 Providenciar, no caso de resistência em solução negociada, mediante fuga dos bandidos, a desobstrução do caminho, rua ou artéria escolhida para a evasão do ponto crítico, a fim de evitar que algum curioso ou circunstante mais exaltado agrida os bandidos. 6.4. Fase 4 - Resolução (ou Plano de Rendição) O Plano de Rendição ou Resolução é a última fase do gerenciamento de uma crise. Nele se executa e implementa o que ficou decidido durante a fase do Plano Específico. Várias podem ser as soluções encontradas para um evento crítico. A rendição pura e simples dos bandidos, a saída negociada, a resiliência das forças policiais, o uso de força letal ou, até mesmo, a transferência da crise para um outro local são alguns exemplos dessas soluções. Não importa qual seja a solução adotada, ela há de ser executada ou implementada através de um esforço organizado que se denomina Resolução. A resolução se impõe como uma imperiosa necessidade para que a solução da crise ocorra exatamente como foi planejado durante a fase do Plano Específico e sem que haja uma perda do controle da situação por parte da polícia. A crise, como evento crucial, costuma apresentar, durante todo o seu desenrolar, ciclos de perigo de maior ou menor intensidade, que variam em função dos acontecimentos que se sucedem e, principalmente, do estado emocional das pessoas envolvidas. Caso fosse possível traçar um gráfico do nível de perigo de cada evento crítico que ocorre, verificar-se-ia que, a par da imensa variedade que existiria de caso a caso, todos eles, sem exceção, apresentariam em comum dois momentos onde o nível de perigo atinge a gradação mais elevada: o início da crise (os primeiros 15 e 45 minutos) e o seu final. Mesmo nos casos em que o epílogo da crise ocorre de uma forma mais branda (como na solução negociada, por exemplo), o nível de perigo e tensão nos momentos finais do evento é sumamente elevado. Um passo em falso, um gesto mais brusco, um ruído inesperado ou um contratempo qualquer pode ser 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 21 de 68 interpretado erradamente pelos policiais ou pelos bandidos e desencadear um incidente de consequências imprevisíveis e até fatais. Por tudo isso, a Resolução assume um papel de suprema importância no gerenciamento de crises, assegurando o bom êxito da solução escolhida. Em casos de rendição, deve-se: 9 Usar de cautela. A rendição tem que ser bem orquestrada para evitar surpresas. Um movimento inesperado pode ser mal interpretado tanto pelos policiais quanto pelos bandidos e resultar numa catastrófica reação em cadeia; 9 O Plano Específico há de ser formulado, ensaiado e executado pelo grupo tático. Quando for usada a força letal, deve-se: 9 Incapacitar e controlar os bandidos; 9 Controlar os reféns (se houver); 9 Manter o ponto crítico sob controle, evitando invasões de estranhos; 9 Socorrer os reféns, mantendo-os sempre escoltados; 9 Evacuar os reféns e os bandidos, mantendo esses últimos algemados e em local seguro; 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 22 de 68 9 Identificar com segurança todos os reféns, mantendo o controle da situação até que todas as verdadeiras identidades sejam confirmadas e cuidando para que os bandidos não se façam passar por reféns. Na volta à normalidade ou fase de pós-evento, deve-se: 9 Reunir os policiais para avaliar a situação e dar início à desmobilização; 9 Providenciar a remoção de armas, explosivos, munições e quaisquer outros equipamentos de segurança utilizados naoperação; 9 5HDOL]DU�XP�~OWLPR�³EULHILQJ´�FRP�D�PtGLD� 9 Desativar o Posto de Comando (PC). Durante a Resolução, a figura do comandante da cena de ação assume um papel de vital importância. É ele o maestro responsável pela harmônica execução do ato final dessa complexa e trágica ópera que é a crise. Para entender ainda mais a função desse tal comandante da cena de ação, e dos demais agentes vetores da gestão de uma crise, estudaremos, no próximo tópico, como deve ser a organização de um Posto de Comando para a gestão de conflitos. 7. Organização do Posto de Comando O Posto de Comando tem fundamental importância no curso do gerenciamento de uma crise. De sua organização e operacionalidade dependem o fluxo de decisões e o próprio êxito da ação policial durante o evento crítico. Neste tópico, apresentarei um esboço de princípios fundamentais de operação e organização de um Posto de Comando, baseado em pressupostos doutrinários estabelecidos pelo Instrutor Donald A. Basset (1983), da Academia Nacional do FBI, consolidados através do manual denominado ³Command Post Organization and Operation´� 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 23 de 68 7.1. Posto De Comando - Conceito A primeira pergunta é: o que vem a ser um Posto de Comando? O Posto de Comando (PC) é uma organização de pessoas com cadeia de comando baseada na divisão de trabalhos e tarefas pré-determinados para a gestão de um conflito. São as seguintes as funções desempenhadas em um Posto de Comando: 9 Colher informações; 9 Processar informações (coleta, análise e difusão); 9 Aplicar informações, mediante o planejamento e o auxílio à tomada de decisões; 9 Agir e reagir, mediante a implementação de planos e decisões e a coordenação de ações; e 9 Apoiar todas as funções acima, por intermédio de um trabalho de logística e de administração. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 24 de 68 É a sede de autoridade para as operações de campo. Nessa condição, o PC centraliza a autoridade e o controle na cena de ação. Também serve como ponto de tomada de decisão para os subordinados. ¾ Posto de Comando - PC é o quartel-general de campo do comandante da cena de ação. ¾ O Centro de Operações Táticas é o quartel-general de campo do comandante do grupo tático - ³6:$7´. ¾ O Centro de Operações Táticas, também chamado de Posto de Comando Tático - PCT, deve ser localizado no interior do perímetro externo ou junto com o próprio PC. 7.2. Quando é Necessário Instalar um PC? Faz-se necessário instalar um Posto de Comando, em três situações: 9 quando o número de pessoas envolvidas numa operação de campo exceda a capacidade de controle �³span of control´��GR� gerente da crise. Por capacidade de controle entende-se o número máximo de pessoas que um indivíduo pode pessoalmente dirigir e controlar de uma maneira eficiente e eficaz. Importa lembrar que essa capacidade pode ser reduzida pelo efeito do estresse; 9 numa operação de campo que requeira coordenação entre várias unidades de uma mesma entidade policial ou entre organizações policiais diferentes; e 9 numa operação de campo que exija atividades múltiplas. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 25 de 68 7.3. Requisitos Essenciais de um PC? São requisitos essenciais de um Posto de Comando: ¾ Comunicações 9 rádio (da própria organização policial, das demais organizações participantes e radiocomercial); 9 telefones (externo, com o ponto crítico, e interno para ligações internas do PC). 9 televisão (comercial e de circuito fechado, quando necessário); 9 quadros GH�VLWXDomR�RX�³IOLS�FKDUWV´� 9 computadores; 9 teletipos (quando necessário); 9 intercomunicadores; 9 mensageiros (para o caso de falha ou interrupção dos sistemas eletrônicos de comunicação); 9 gravadores para registro das conversas telefônicas com os perpetradores. ¾ Segurança (isolamento) 9 de pessoas hostis; 9 da mídia; 9 do público; 9 de policiais curiosos, não participantes do evento. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 26 de 68 ¾ Acomodações e Infraestrutura Para o pessoal de operação, faz-se necessário: 9 um local onde possam realizar as comunicações; 9 outro espaço onde os negociadores possam se reunir e; 9 uma sala reservada e calma, para onde o pessoal de decisão possa ir, a fim de refletir e analisar as decisões a serem tomadas. Outros equipamentos de infraestrutura são: 9 Áreas onde possam ser realizadas reuniões com todo o pessoal empenhado no evento. 9 Área para estacionamento de veículos. 9 Área para guarda e entrega de material utilizado no decorrer da crise. 9 Toaletes. 9 Área para atendimento de emergências médicas. 9 Heliporto (para os casos em que a organização policial dispuser de helicópteros e estes se façam necessários). 9 Local para reunião com a mídia. ¾ Proximidade do Ponto Crítico O PC deve ficar próximo ao ponto crítico, porque isso facilita muito o processo de gerenciamento. Essa proximidade proporciona facilidade de decisão, dando ao gerente da crise uma visão imediata do local e também condições de rápido e direto acesso ao pessoal empenhado na cena de ação. Por outro lado, quando o PC fica instalado em local muito distante do ponto crítico, isso faz com que as comunicações dependam de rádio, o que pode ser prejudicial e comprometer o sigilo das decisões. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 27 de 68 ¾ Acesso O acesso ao PC deve ser fácil para o pessoal participante do evento. Deve também ser seguro, para evitar que o pessoal necessite percorrer áreas perigosas ou arriscadas, nos seus deslocamentos. ¾ Tranquilidade O PC, sempre que possível, deve ser instalado em ambiente com pouco ruído e sem aglomeração de pessoas. ¾ Isolamento O local de instalação do PC deve expor os tomadores de decisão a um mínimo de ruídos, de atividades desnecessárias e acesso a dados supérfluos. ¾ Distribuição de Tarefas O plano organizacional para eventos críticos deve especificar as tarefas de cada participante. ¾ Somente os POLICIAIS e FUNCIONÁRIOS cujas tarefas necessitem acesso ao gerente da crise devem ter seu ingresso admitido no PC. Para finalizarmos o assunto Posto de Comando, falta apenas tratarmos desses participantes de um PC, chamados de Elementos Operacionais Essenciais, a serem conhecidos no próximo tópico. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. AlexandreHerculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 28 de 68 8. Elementos Operacionais Essenciais Os elementos essenciais que integram a organização de um posto de comando são: Vamos conhecer as tarefas e funções sugeridas para os elementos essenciais de um posto de comando são: 8.1. Elemento DE COMANDO Antes de qualquer coisa, a primeira e importantíssima informação sobre o Elemento de Comando: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 29 de 68 ¾ O Elemento de Comando de um PC é o COMANDANTE DA CENA DE AÇÃO ou GERENTE DA CRISE. Pois bem, o comandante da cena de ação (ou gerente da crise) tem as seguintes tarefas: 9 É a autoridade máxima para todas as ações no local da crise; 9 É quem determina a estratégia; 9 É quem revê e dá a última palavra em todos os planos que terão impacto sobre a área da crise, obedecendo aos três critérios de ação (necessidade, aceitabilidade e efetividade do risco); 9 É quem estabelece a cadeia de comando, mantendo todo o pessoal cientificado sobre a mesma; 9 É quem autoriza todas as ações táticas, com exceção das chamadas reações de emergência (ocorridas quando de um súbito e inesperado ataque dos perpetradores contra os policiais ou os reféns). Nesse mister, o uso de agentes químicos ± granadas de efeito moral e de explosivos ± somente pode ocorrer com a sua autorização. 9 É quem supervisiona e coordena as atividades do GAD (Grupo de Ação Direta); 9 É ele quem assegura uma coordenação com o seu substituto (o comandante da cena de ação substituto ou gerente da crise substituto), na execução das tarefas deste, quando necessário. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 30 de 68 Em relação à última função acima mencionada, o gerente da crise necessita indicar um substituto que poderá ter, dentre outras, as seguintes funções: 9 coordenar e dirigir os elementos de apoio; 9 assegurar ao gerente da crise e a outros usuários do pc, informações pertinentes e oportunas; 9 assegurar uma comunicação e uma coordenação eficientes entre o pessoal de inteligência e o GAD; 9 substituir o gerente da crise em suas ausências; 9 assegurar a manutenção de relações adequadas com a mídia. 8.2. Elementos OPERACIONAIS Esses elementos operacionais costumam receber a denominação geral de Grupo de Ação Direta (GAD) e, enquanto participarem do evento crítico ficam sob a supervisão direta do gerente da crise, por dois motivos: 1. suas atividades geralmente têm um impacto imediato, de vida ou morte, no ponto crítico; e 2. no interesse de comunicações mais rápidas e coerentes entre eles e o gerente da crise, evitando-se a existência de intermediários de outras autoridades. ¾ São os seguintes os Elementos Operacionais: o Grupo de Negociadores, o *UXSR�7iWLFR�(VSHFLDO� �³6:$7´��e o Grupo de Vigilância Técnica. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 31 de 68 ¾ Grupo de Negociadores Ao chefe do Grupo de Negociadores, incumbe, dentre outras, as seguintes tarefas: 9 tem controle direto sobre todos os negociadores. 9 determina as opções viáveis de negociação e as recomenda ao gerente da crise 9 assegura o cumprimento, por parte dos negociadores, das estratégias do gerente da crise. 9 formula táticas de negociação específicas e as apresenta ao gerente da crise para aprovação. 9 envida esforços para que as informações obtidas por meio da negociação cheguem com rapidez e precisão ao pessoal de inteligência. 9 assegura a coordenação de iniciativas táticas com os demais integrantes do GAD. 9 faz um levantamento periódico da situação psicológica dos perpetradores. ¾ Grupo de Tático Especial ("SWAT") 1D� FHQD� GH� DomR�� R� JUXSR� ³6:$7´� HVWi� VHPSUH� VRE� DV� RUGHQV� GR� VHX� comandante, um homem com as seguintes responsabilidades dentro do PC: 9 WHP� FRQWUROH� GLUHWR� VREUH� WRGR� R� SHVVRDO� GD� ³6:$7´� QR� ORFDO� GD� crise. 9 tem controle direto sobre a área do perímetro interno, em torno do ponto crítico. 9 determina as opções táticas viáveis e as recomenda ao gerente da crise. 9 formula planos táticos específicos visando apoiar as estratégias concebidas pelo gerente da crise. 9 H[SOLFD� SDUD� R� SHVVRDO� GD� ³6:$7´� D� PLVVmR� D� VHU� H[HFXWDGD� H� R� plano a ser implementado, de acordo com a orientação do gerente da crise. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 32 de 68 9 supervisiona o ensaio do plano. 9 supervisiona a inspeção do pessoal a ser empregado na ação. 9 dirige pessoalmente a implementação dos planos táticos autorizados pelo gerente da crise. 9 assegura a rápida difusão das informações obtidas pelos franco- atiradores �³VQLSHUV´�� para os encarregados do processamento da inteligência. 9 assegura a coordenação de ações táticas com os demais integrantes do GAD. 9 ordena a aplicação do plano de emergência, durante a resposta imediata, antes da chegada de autorização superior, em casos de extrema necessidade. ¾ Grupo de Vigilância Técnica O Grupo de vigilância Técnica é comandado também por um especialista específico. A esse especialista competem as seguintes tarefas: 9 determina as opções de vigilância técnica e as recomenda ao gerente da crise; 9 formula planos específicos de vigilância técnica para apoio da estratégia do gerente da crise e os apresenta, para aprovação; 9 dirige e coordena a instalação de equipamentos de vigilância técnica na área da crise; 9 assegura a coordenação de iniciativas de vigilância técnica com os demais integrantes do GAD; 9 envida esforços para que as informações obtidas por meio da vigilância técnica sejam difundidas aos usuários, especialmente, ao pessoal de inteligência. ¾ Equipe de Inteligência A Equipe de Inteligência presente no PC é chefiada por um funcionário que tem, dentre outras, as seguintes funções: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 33 de 68 9 coleta, processa, analisa e difunde inteligência atual e oportuna para todos os usuários; 9 desenvolve e assegura a consecução de diretrizes investigatórias, com vistas à coleta de inteligência; 9 mantém um quadro atualizado da situação da crise; 9 provê resumos de situação para o gerente da crise e, quando necessário, para os escalões superiores da organização policial. 8.3. Elementos DE APOIO Os elementos de apoio consistem basicamente em um coordenador de apoio administrativo e um auxiliar, com as seguintes funções: 9 Coordenação de atividades de apoio com objetivo de assegurarrecursos financeiros, administrativos e logísticos para um adequado gerenciamento da crise. 9 Provimento de funcionários de apoio, destinados a funções de datilografia, estenografia, rádio-transmissão, etc. 9 Provimento de refeições e o pagamento de bens e de serviços porventura utilizados no local da crise. 9 Manutenção do fluxo normal de papéis ou de burocracia necessários ao gerenciamento da crise. Entre esses elementos de apoio, cuja variedade e natureza dependem de cada caso, pode-se mencionar o rádio-telegrafista e o controlador de pagamentos, este último responsável pelos trâmites burocráticos necessários ao pagamento de indenizações de propriedades danificadas ou destruídas, em razão da ação policial durante a crise. Também não deve ser esquecido o fato de que é importante que um determinado policial ou funcionário seja encarregado da logística. A esse funcionário caberia, dentre outras, as seguintes funções: 9 prover e coordenar o sistema de transporte entre o local da crise e a repartição policial. 9 prover e coordenar os serviços de manutenção. 9 providenciar comida e alojamento para os integrantes do gad. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 34 de 68 9 providenciar a aquisição de materiais e equipamentos necessários à operação. 9 prover apoio médico e de enfermagem. 9 manter um completo inventário dos equipamentos e demais insumos utilizados no local da crise. 8.4. Elementos DE ASSESSORIA Às vezes, a complexidade e o grau de risco da crise exigem que o gerente da crise seja assessorado por especialistas que possam responder às suas dúvidas sobre assuntos de vital importância para o gerenciamento do evento. Essa assessoria pode ser dada por especialistas nas seguintes áreas: ³6:$7´, Negociação, Vigilância técnica, Mídia, Legal e quaisquer outras especialidades estranhas à atividade policial, como: medicina, epidemiologia, meio ambiente, energia nuclear, etc. Na escolha do comandante da cena de ação, esses elementos de assessoria podem ou não ser incluídos na cadeia de comando. Pronto. Sobre a organização do Posto de comando, é basicamente o que você precisa saber! Como se vê, a organização de um PC é complexa e esse grau de complexidade varia de caso a caso. Crises mais complexas exigem um PC de maior complexidade, com mais detalhada distribuição de tarefas. O que aqui abordamos destina-se ao gerenciamento de uma crise de grande complexidade. Em crises mais simples, a estrutura do PC deverá ser proporcionalmente reduzida. Contudo, uma regra essencial não deve ser esquecida: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 35 de 68 ¾ A de que o GERENTE DA CRISE não pode, de modo algum, PRESCINDIR de um local onde goze de um mínimo de privacidade para reunião com os seus subordinados e para o atendimento de necessidades higiênicas básicas, no curso de uma crise de longa duração. Depois de tudo o que estudamos, convido-o, portanto, a conhecer as principais táticas e técnicas de negociação para casos de ocorrências de alto risco. Vamos lá! 9. Técnicas e Táticas de Negociação O policial, ao chegar ao local e constatar a existência da crise, deverá tomar as seguintes providências: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 36 de 68 9.1. Conter Conter significa evitar que a ocorrência mude de lugar e coloque outras pessoas inocentes em risco. Em alguns casos, o gerenciador poderá, no andamento da resolução do problema, por questões táticas, optar por mudar a Crise de local. Simultaneamente à contenção, o primeiro policial a se deparar como uma crise deve informar a central de operações o acontecido. Dentro do possível ele deve informar qual o ato criminoso cometido, a quantidade de perpetradores, quantidade de armas, de reféns, local exato onde se encontram melhores via de acesso ao local. 9.2. Isolar Em seguida, os policiais devem isolar o local, a fim de evitarem a presença de pessoas que possam atrapalhar o serviço policial. Consiste também em reduzir o local da ocorrência, interrompendo todo e qualquer contato dos causadores do evento e dos reféns (se houver) com o exterior, fazendo assim, com que a polícia assuma o total controle da situação, passando a ser o único veículo de comunicação entre os protagonistas do evento e o mundo exterior. O isolamento do local não se materializa apenas pela implantação dos perímetros táticos, mas também pela interrupção ou bloqueio das comunicações telefônicas com o mundo exterior, bem como, o fornecimento de energia elétrica, a fim de evitar que se tenha informação, através dos meios de comunicação, tais como rádio e televisão. Os perpetradores devem ser isolados de forma que se imponha a eles a sensação de estarem completamente sozinhos. Essa ação tem como principal objetivo obter o total controle da situação pela polícia, que passa a ser o único veículo de comunicação entre os protagonistas do evento e o mundo exterior. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 37 de 68 Também dentro do isolamento será feito a evacuação das pessoas que não são envolvidas com a ocorrência, como: transeuntes e trabalhadores do local. Após a evacuação serão determinados os perímetros interno e externo (a serem estudados logo adiante). 9.3. Negociar Essa etapa significa tentar convencer o indivíduo em Crise de que existe uma solução segura para o problema, tentando assim, retomar o equilíbrio. Deve-se ter em mente que os primeiros momentos são cruciais para o desenvolvimento da negociação, visto que nesses primeiros instantes, tanto a vítima (se houver), quanto o perpetuador, encontra-se em situação de desequilíbrio psicológico, podendo assim, cometer ações precipitadas. Embora seja o indicado, ela pode ser conduzida pelo próprio policial que foi o primeiro a chegar assessorado pelo negociador ou equipe de negociação ± o mais indicado. O primeiro contato é o mais tenso e, pelo menos, nos quarenta e cinco primeiros minutos há uma maior probabilidade dos perpetradores ofenderem verbalmente, efetuarem disparos contra os policiais e agredirem os reféns. É importante que o policial de rua tenha noção de negociação policial, porque nestas situações ele saberá o que poderá ou não ser concedido. O policial que iniciar a negociação deve ter conhecimento de que necessita ganhar tempo para a chegada da equipe especializada e a solidificação da ³Síndrome de Estocolmo". Já sei que você deve estar me perguntado: professor, mas o que é essa WDO�GH�³6tQGURPH�GH�(VWRFROPR´"" Bom, deixa eu te dar uma explicada básica sobre ela! A expressão "Síndrome de Estocolmo" foi criada pelo Dr. Harvey Sclossberg, um detetive policial que se tornou psicólogo clínico. Tal denominação ocorreu através de uma crise em Estocolmo, na Suécia. Um elemento armado entrou no Banco de Crédito de Estocolmoe tentou praticar um roubo. Com a chegada da polícia, ele tomou três mulheres e um homem como reféns e entrou com eles na caixa-forte do banco, exigindo da polícia que trouxesse no local um antigo cúmplice, que se encontrava na 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 38 de 68 prisão. Atendido nessa exigência, o assaltante e seu companheiro mantiveram os reféns em seu poder durante seis dias, no interior da caixa-forte, tendo ao final deste tempo se entregado sem qualquer resistência. Ao saírem da caixa-forte, os quatro reféns usaram seus próprios corpos como escudo para proteger os dois criminosos de qualquer tiro da polícia, ao mesmo tempo em que pediam para os policiais que não atirassem. Mais tarde, ao ser entrevistada pela mídia, uma das jovens que estivera como refém expressou sentimentos de muita simpatia para com um dos bandidos, chegando a dizer que esperaria até o dia em que ele sairia da prisão para se casarem. Muitas pessoas ficaram chocadas ao ouvirem isso, chegando mesmo a imaginar que teria ocorrido algum envolvimento sexual entre aquela moça e o bandido, durante o tempo em que ficaram confinados. Mas, na verdade, não ocorrera nenhum contato sexual ou relacionamento amoroso. Muito pelo contrário! Por várias vezes, durante a crise, o bandido exibira a referida moça aos policiais, com uma arma sob o queixo. Certa altura, ao desconfiarem que a polícia pretendia jogar gás lacrimogêneo no interior da caixa-forte, os bandidos amarraram os pescoços dos reféns aos puxadores das gavetas de aço dos cofres ali existentes. Pretendiam, com isso, responsabilizar a polícia por algum virtual enforcamento causado pelo pânico que adviria com o lançamento do gás. Apesar de todas essas ações violentas, a jovem desenvolveu sentimentos de profunda amizade para com um dos criminosos, fato este que até ela mesma considerou inexplicável. Havia, portanto, outras razões subjacentes que motivaram aquele inesperado sentimento de amor e simpatia da jovem para com seu ex-algoz. Com a repetição deste fenômeno em outros casos semelhantes, os estudiosos do assunto chegaram à conclusão de que a síndrome era uma perturbação de ordem psicológica, paralela à chamada "transferência" que é o termo que a psicologia usa para se referir ao relacionamento que se desenvolve entre um paciente e o psiquiatra, e que permite que a terapia tenha sucesso. O paciente, nesses casos, precisa acreditar que o médico possa ajudá-lo, a fim de que o tratamento tenha bom êxito, e com o resultado desse esforço, o paciente desenvolve o fenômeno da "transferência". Especialistas afirmam que a ³Síndrome de Estocolmo´ é uma relação patológica que se assemelha muito ao relacionamento entre mãe e filho. O refém cria uma relação de dependência e vira um bebê. O sequestrador é dono da vida do refém, é quem diz que hora ele deve comer, dormir e se vestir. Fica 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 39 de 68 passivo e dependente. E isso, de certo modo, é cômodo para ele. Durante um sequestro, por exemplo, o sequestrado tem ódio e se pudesse mataria o seu algoz. Depois de libertado a coisa muda. Apesar de ser patológica, esses especialistas afirmam que a Síndrome de Estocolmo não é uma doença e tende a passar. Sim, professor, mas o que as técnicas de negociação têm a ver com isso? Bom, é exatamente aí que mora o cerne da nossa questão! A experiência tem demonstrado que o fenômeno leva de 15 a 45 minutos para começar a se manifestar, tendendo a crescer e se sedimentar num determinado patamar, logo nas primeiras horas de evolução. Esse lapso de 15 a 45 minutos iniciais decorre do fato de que é este o tempo que os causadores da crise levam para conseguir obter o total controle da situação no interior do ponto crítico, dominando todos os reféns, posicionando-os da forma mais conveniente e neutralizando possíveis reações ou resistências por parte de alguém mais afoito ou desesperado. Até mesmo o negociador é suscetível de ser contagiado por essa síndrome, sendo comuns os casos de negociadores que se envolveram emocionalmente com os causadores do evento crítico, a tal ponto que chegaram a se tornar autênticos advogados de defesa das exigências daqueles, além de tornarem-se profundos adversários da opção do uso da força letal. Pois bem, cabe ao gerente da crise, portanto, o cuidado de diagnosticar a tempo esse contágio e providenciar a imediata substituição do negociador. Se o primeiro policial a ter contato com o perpetrador tiver obtido êxito e conseguido conquistar sua confiança, o gerente da crise poderá optar por mantê-lo à frente das negociações, dando-lhe o devido suporte. Durante a negociação, verifica-se que a troca de reféns é uma ideia que deve ser esquecida, pois ela contribui para a quebra da proteção psicológica oferecida pela síndrome citada. Essa quebra deve-se à entrada, no ponto crítico, de um "extraneus", isto é, alguém que não estava ali, desde os primeiros momentos. Esse "extraneus" passa, então, a inspirar a desconfiança de todos que ali se encontram, por serem desconhecidos os seus planos e intenções, ao aceitar se passar pela difícil condição de refém. Além dos bandidos, os reféns também não costumam aceitar o novato com muita simpatia, pois geralmente se 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 40 de 68 sentem na condição de preteridos, por não terem sido os escolhidos para serem trocados. 2N�� H[SOLFDGD� D� WDO� ³6tQGURPH� GH� (VWRFROPR´�� H� DLQGD� WUDWDQGR� GR� momento da negociação, é importante saber então o que se pode ou não ser negociado pelo policial. 9.4. Negociação - Postura e Critérios De Ação Segundo Monteiro (1994), a negociação é quase tudo no gerenciamento de crises. 5HVVDOWD� WDPEpP� TXH�� ³JHUHQFLDU� FULVHV� p� QHJRFLDU�� QHJRFLDU� H� negociar. E quando ocorre de se esgotarem todas as chances de negociações, deve-se ainda tentar QHJRFLDU�PDLV�XP�SRXTXLQKR������´� A negociação pode ser real ou tática. De acordo com o DPF Roberto Das Chagas Monteiro, em seu Manual, a negociação REAL também pode ser chamada de TÉCNICA. A negociação real é o processo de convencimento de rendição dos criminosos por meios pacíficos, trabalhando a equipe de negociação com técnicas de psicologia, barganha ou atendimento de reivindicações razoáveis. Já a negociação tática é o processo de coleta e análise de informações para suprir as demais alternativas táticas, caso sejam necessários os seus empregos, ou mesmo para preparar o ambiente, reféns e criminosos para este emprego. A tarefa de negociação, dada a sua prioridade, não pode ser confiada a qualquer um. Dela ficará encarregado um policial com treinamento específico, denominado de negociador. O negociador tem um papel de grande responsabilidade no processo de gerenciamento de crises, sendo muitas as suas atribuições. Assim sendo, não pode a sua função ser desempenhada por qualquer outra pessoa, influente ou não, como já ocorreram e ocorrem em diversas ocasiões. Para uma negociação de sucesso, o negociador deve, portanto, lançar mão de uma série de técnicas de negociação. A seguir, listei aquelas mais importantes. São elas: 14939583724 14939583724- felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 41 de 68 ¾ Alimentos 9 não fornecer mais do que o solicitado; 9 não incluir nada por conta própria; 9 água ou refrigerantes podem ser oferecidos; 9 bebidas alcoólicas podem aumentar a possibilidade de violência contra os capturados. ¾ Meio de transporte 9 o controle da situação pode se complicar se o captor dispuser de meio de transporte; 9 verifique se o deslocamento oferece alguma vantagem tática ao grupo de assalto ou ao próprio processo de negociação; 9 usualmente, o fornecimento de meios de transporte causa mais problemas que vantagens. ¾ Dinheiro 9 é um dos itens mais solicitados; 9 perguntar qual a motivação do pedido e quem fornecerá; 9 cuidados na entrega do dinheiro! ¾ Troca de Reféns 9 nunca! 9 lembre-se do desequilíbrio provocado no sistema; 9 jamais troque um capturado por um policial; 9 a troca de um parente do captor pode ter como resultado a formação de um "auditório" para um suicídio; 9 o maior problema é que o número de capturados pode aumentar sem vantagens consistentes. ¾ Liberdade para os capturados 9 é o maior objetivo da ação policial; 9 deve haver uma clara política oficial em caso desse item implicar em liberdade para o captor e outros criminosos, violação de princípios legais e vantagens ou benefícios para terceiros. 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 42 de 68 Î Contato com o captor As principais condutas a serem utilizadas pelos policiais quando do contato com captores são as seguintes: 9 estabelecer um contrato com o captor: promessa bilateral de não agressão; 9 não aceitar o diálogo se o captor lhe apontar uma arma: insista que ele a guarde ou aponte para a posição segura; 9 usar o contato direto apenas depois de certificar-se do estabelecimento do report adequado com os captores; 9 nunca usar o método do contato direto com mais de um captor por vez; 9 manter o olhar firme; 9 ter sempre uma rota de escape; 9 nunca dar as costas ao captor; 9 nunca fazer movimentos bruscos; 9 não invadir o espaço do captor; 9 atentar para o comportamento não verbal; 9 determinar o quanto antes a idade, o sexo e a motivação "antes do contato"; 9 elaborar perguntas que exijam do captor respostas descritivas ou narrativas, ao invés de "sim ou não"; 9 usar linguagem adequada ao status do captor tendo o cuidado com obscenidades ou linguagens profanas. 9 evita respostas negativas em primeira mão; 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 43 de 68 9 usar algo do tipo: "vou tentar conseguir isso com o chefe, mas creio que vai ser bastante difícil; após um tempo conveniente: "desculpe, não consegui convencer o chefe." precisamos de uma alternativa"; 9 manter o captor tomando decisões, evitando, porém evitando irritá- lo; 9 fazer pequenas concessões como prova de boa vontade; 9 não perguntar o que o captor quer; 9 dar prioridade a capturados feridos em sua barganha. Além das recomendações citadas acima, Dwayne e Gary Noesner, importantes doutrinadores da área, apontam 15 regras básicas que devem ser observadas por todo negociador, sendo estas recomendadas por algumas das principais organizações policiais do mundo no desempenho de missões de negociação. São as seguintes as regras de ouro para a negociação: NEGOCIAÇÃO ± REGRAS DE OURO 1) Estabilize e contenha a situação; 2) Escolha a ocasião correta para fazer contato (a crônica policial registra casos de negociadores apressados que foram recebidos a tiro); 3) Procure ganhar tempo; 4) Deixe o causador de o evento falar. É mais importante ser um bom ouvinte, do que um bom conversador; 5) Não ofereça nada ao protagonista do evento; 6) Evite dirigir a sua atenção às vítimas com muita frequência então as chame de reféns; 7) Seja tão honesto quanto possível e evite truques; 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 44 de 68 8) Nunca deixe de atender qualquer exigência, por menor que seja; 9) Nunca diga não; 10) Procure abrandar as exigências (esse é outro objetivo básico da negociação); 11) Nunca estabeleça um prazo fatal e procure não aceitar um prazo fatal (o negociador nunca deve prometer que a exigência será atendida dentro de determinado limite de tempo); 12) Não faça sugestões alternativas; 13) Não envolva pessoas não policiais no processo de negociar; 14) Não permita qualquer troca de reféns, principalmente não troque um negociador por um refém; 15) Evite negociar frente a frente (é um risco que deve ser evitado, pois além de não trazer nenhum benefício prático a negociação expõe o negociador, que durante os contatos com os causadores da crise deve sempre que possível estar desarmado, podendo ser atacado de surpresa e passar também a condição de refém). Î Técnicas Não Letais Essa alternativa tática, com o passar do tempo e de seu emprego, tem mostrado que os equipamentos tidos como não letais, se forem mal empregados, podem ocasionar a morte, além de não produzir o efeito desejado. Não letal é o conceito que rege toda a produção, utilização e aplicação de técnicas, tecnologias, armas, munições e equipamentos não letais em atuações policiais. A seguir, alguns detalhamentos conceituais para você revisar o que estudamos sobre o mundo dos não letais: 14939583724 14939583724 - felipe Conhecim. Específicos p/ Técnico Segurança e Transporte - TRF 2ª Região Profs. Alexandre Herculano e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs Herculano e Girão 45 de 68 ¾ ARMAS de menor potencial ofensivo (não letais) são as armas projetadas e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua integridade e ao meio ambiente. Com exemplo, as pistolas teaser: ¾ EQUIPAMENTOS de menor potencial ofensivo (não letais) são todos os artefatos, excluindo armas e munições, desenvolvidos e empregados com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e minimizando danos à sua integridade e ao meio ambiente. As Técnicas Não Letais, por sua vez, são um conjunto de métodos utilizados para resolver um determinado litígio ou realizar uma diligência policial, de modo a preservar as vidas das pessoas envolvidas na situação, somente utilizando a arma de fogo após esgotarem tais recursos. Atenção: no momento em que as alternativas não letais forem usadas corretamente, obedecendo aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade e conveniência, não se pode dar garantias de que o causador da crise estará livre de sentir dor, desconforto ou mesmo de sofrer uma lesão. O principal objetivo das armas não letais é reduzir os efeitos sobre o infrator, não eliminá-los, ok?
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