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Gerenciamento de Incidente Crítico

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Gerenciamento 
de Incidente Crítico 
 
 
2 
Sumário 
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5 
OBJETIVO DO CURSO .............................................................................................. 6 
ESTRUTURA DO CURSO .......................................................................................... 7 
Módulo 1 – A crise e seu Gerenciamento: Conceitos Fundamentais ................... 8 
Apresentação ........................................................................................................... 8 
Objetivos do Módulo ................................................................................................ 8 
Estrutura do Módulo ................................................................................................ 8 
Evolução histórica da doutrina de gerenciamento de crises no Brasil ..................... 9 
Aula 1 - A crise ...................................................................................................... 13 
1.1- Conceitos Básicos....................................................................................... 13 
1.2 - Tipos de Incidentes .................................................................................... 13 
1.3 - Crise versus Incidente Crítico .................................................................... 15 
1.4 - Incidentes Estáticos e Incidentes Dinâmicos ............................................. 20 
Aula 2 - O Gerenciamento de Crises ..................................................................... 22 
2.1 - Características da Crise ............................................................................. 23 
Módulo 2 – Doutrina de Gerenciamento de Crises: aspectos conceituais ........ 30 
Apresentação do Módulo ....................................................................................... 30 
Objetivo do Módulo ................................................................................................ 30 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 30 
Aula 1 – Objetivos e critérios de ação ................................................................... 31 
1.1. Critérios de ação ......................................................................................... 33 
Aula 2 - Classificação dos graus de risco .............................................................. 37 
Aula 3 - Níveis de resposta .................................................................................... 43 
Aula 4 - Tipologia dos causadores de eventos críticos (CEC) ............................... 49 
Módulo 3 – Doutrina de Gerenciamento de Crises: aspectos operacionais ...... 55 
 
 
3 
Apresentação ......................................................................................................... 55 
Objetivos do Módulo .............................................................................................. 55 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 55 
Aula 1 - Alternativas táticas ................................................................................... 56 
1.1. Negociação ................................................................................................. 56 
1.2. Técnicas e/ou tecnologias menos que letais ............................................... 60 
1.3. Tiro de comprometimento ........................................................................... 63 
1.4. Invasão tática .............................................................................................. 65 
Aula 2 - Perímetros de segurança ......................................................................... 67 
2.1. Organização do cenário .............................................................................. 69 
Aula 3 - Operação e organização do posto de comando ....................................... 72 
3.1 Posto de comando - princípios fundamentais .............................................. 72 
3.2. Requisitos essenciais de um PC: .......................................................... 74 
3.3. Distribuição de tarefas ........................................................................... 76 
Aula 4 - Dificuldades no teatro de operações ........................................................ 82 
4.1. Manutenção do isolamento ........................................................................ 83 
4.2. Equipamentos ............................................................................................. 84 
4.3. Localização de autoridades ......................................................................... 86 
4.4. Ingerências externas ................................................................................... 87 
4.5. Falta de autonomia da polícia ..................................................................... 89 
4.6. A Imprensa .................................................................................................. 90 
Módulo 4 – A Nova Ambiência das Crises Policiais ............................................. 94 
Apresentação ......................................................................................................... 94 
Objetivos do Módulo .............................................................................................. 94 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 94 
Aula 1 - Primeira Intervenção em Crise (PIC) ........................................................ 95 
 
 
4 
Aula 2 - Síndrome de Estocolmo versus Síndrome de Londres ............................ 99 
2.1. Síndrome de Estocolmo .............................................................................. 99 
2.2. Síndrome de Londres ................................................................................ 102 
Aula 3 - Atirador Ativo .......................................................................................... 106 
Aula 4 - SUICIDE BY COP (Suicídio pela Polícia) ............................................... 113 
4.1. Prevalência ............................................................................................... 113 
4.2. Motivações: ............................................................................................... 114 
4.3. Resposta policial ....................................................................................... 116 
Conclusão final do curso ..................................................................................... 122 
Sugestões de filmes de Gerenciamento de Crises e Negociação ....................... 128 
A Negociação ...................................................................................................... 129 
Reféns no Hotel ................................................................................................... 129 
Prova de Vida ...................................................................................................... 130 
Refém de Uma Vida ............................................................................................ 131 
Referências .......................................................................................................... 135 
 
 
 
 
5 
APRESENTAÇÃO 
Caro aluno, 
Este é um Curso a Distância sobre Gerenciamento de Crises no contexto 
policial, que devido a necessidades de atualizações acadêmicas e administrativas, 
teve seu conteúdo, título e carga horária atualizados e reformulados. Seu objetivo 
principal é criar condições para que o policial (law enforcement) possa utilizar um 
recurso que está disponibilizado de forma gratuita. 
O conhecimento da própria função no contexto da Segurança Pública e a busca 
do conhecimento necessário para desempenhá-la da melhorforma possível, são fatores 
primordiais para a mudança de mentalidade e evolução doutrinária na atividade policial 
brasileira. 
Esses fatores são responsáveis pela esperança de uma prestação de serviços 
melhor, não apenas através dos profissionais da área de segurança, mas, também, 
pelos servidores públicos como um todo, e, consequentemente, de uma melhor 
qualidade de vida, em um futuro, talvez, não tão distante. 
Todos nós, profissionais de Segurança Pública, sabemos que nossa função 
não consiste única e exclusivamente em realizar policiamento ou investigação, 
evitando ou reprimindo crimes. Cabe aos órgãos de Segurança Pública a Preservação 
da Ordem, que não pode ser obtida sem que haja tranquilidade pública. Porém, 
tranquilidade exige confiança. 
Não basta mais aumentar o número de profissionais de segurança pública nas 
ruas, delegacias e penitenciárias, para que as pessoas fiquem tranquilas, deve ter bons 
profissionais, com alto nível técnico. 
Para que o profissional de segurança pública, tenha também a tranquilidade e a 
autoconfiança de agir com maior probabilidade de acerto, é preciso que ele tenha à 
disposição um leque tão amplo quanto possível de alternativas táticas para resolução 
das ocorrências com as quais irá se deparar. É preciso também que saiba utilizar os 
recursos disponíveis, por mais simples que pareçam. 
Como primeiro recurso a ser usado por qualquer profissional de segurança 
pública, na maioria das ocorrências em que se envolverá, é a Mediação de Conflitos. A 
 
 
6 
grande maioria das polícias do Brasil (para não dizer todas) vêm se preocupando em 
criar e treinar grupos táticos e tropas de choque, treinando seus policiais para atuar 
sempre nas situações mais complexas, o que é muito bom. 
Muitas vezes, por serem exaustivamente treinados nas técnicas de intervenção 
policial com uso de força, os operadores de segurança pública crêem que as técnicas 
de gerenciamento de crises são ineficazes ou desnecessárias. Este raciocínio leva 
muitos a agirem de forma precipitada e usar a força onde, provavelmente, não seria 
necessário fazê-lo. 
Em virtude disso, tais técnicas são pouco conhecidas no meio da Segurança 
Pública ou conhecidas de forma inadequada e superficial. 
Este curso visa disseminar tais técnicas e mostrar sua importância para a 
preservação da vida, mostrando aos profissionais de Segurança Pública que elas 
podem e devem ser um instrumento cotidiano de resolução de problemas. 
Fazer este curso será uma oportunidade ímpar para os profissionais de 
segurança pública que não são gerentes de crises e/ou negociadores treinados, 
conheçam e utilizem estas técnicas buscando aumentar seu conhecimento a respeito 
do assunto e passem a perceber sua função de uma outra forma. 
 
OBJETIVO DO CURSO 
Ao final deste curso você será capaz de: 
• Conhecer os aspectos conceituais e operacionais do Gerenciamento de Incidente 
Crítico; 
• Classificar os graus de risco e níveis de resposta de um evento crítico; 
• Utilizar perímetros de segurança em eventos críticos; 
• Diferenciar Síndrome de Estocolmo da Síndrome de Londres; 
• Reconhecer a importância da primeira intervenção em um evento crítico; 
• Valorizar a padronização de procedimentos e a necessidade de pedir apoio em todos 
os eventos críticos. 
 
 
 
 
7 
ESTRUTURA DO CURSO 
Para alcançar os objetivos propostos, este curso foi dividido em 4 módulos: 
Módulo 1 – A Crise e seu Gerenciamento: Conceitos Fundamentais; 
Módulo 2 – Doutrina de Gerenciamento de Crise: Aspectos Conceituais; 
Módulo 3 – Doutrina de Gerenciamento de Crises: Aspectos Operacionais; 
Módulo 4 – A Nova Ambiência das Crises Policiais. 
 
 
 
8 
Módulo 1 – A crise e seu Gerenciamento: Conceitos Fundamentais 
Apresentação 
Você já ouviu falar em Crise, Gerenciamento de Crises e/ou Gestão de Incidente 
Crítico? 
Neste módulo você irá estudar um pouco sobre a evolução da doutrina de 
gerenciamento de crise no Brasil, estudará sobre incidente com refém e incidentes 
com vítima, refém sequestrados e refém tomados, indivíduos homiziados, sobre 
causador de evento crítico (CEC), falaremos sobre a área crítica, a crise e incidente 
crítico, sobre o gerenciamento de crises e as características de uma crise. 
 
Objetivos do Módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
• Distinguir crise de incidente crítico no contexto policial; 
• Diferenciar um incidente com refém de incidente com vítima 
• Citar exemplos de modalidades de crise policial; 
• Definir Gerenciamento de Crises; 
• Listar as características da Crise. 
 
Estrutura do Módulo 
Este módulo está dividido em 2 aulas: 
Aula 1 – A Crise; 
Aula 2 – O Gerenciamento de Crises. 
 
Bons estudos e lembre-se de ser profissional nas suas atitudes! 
 
 
 
 
9 
Evolução histórica da doutrina de gerenciamento de 
crises no Brasil 
 
Antes de se trazer um resumo da evolução da doutrina de Gerenciamento de 
Crises no Brasil, é por demais oportuno mencionar que os Estados Unidos é berço da 
sistematização, consolidação e difusão de praticamente todos os materiais produzidos 
no nosso país, no final dos anos 90 e início de 2000. 
Nomes como os de Frank A. Bolz Jr. (NYPD), Harvey Schlosseberg (NYPD), 
Frederick J. Lanceley (FBI), Gary Noesner (FBI), Thomas Strentz (FBI), Dwayne 
G. Fuselier (FBI), Clinton Van Zandt (FBI), figuram como os autores dos primeiros 
trabalhos (livros, artigos, apostilas) que se tem registros no universo policial. 
Pode-se dizer que todo o material produzido no Brasil sobre a temática de 
Gerenciamento de Crises no âmbito policial, tem a sua origem nas traduções de 
materiais (livros e apostilas) oriundas dos Estados Unidos da América (EUA) dos 
autores acima mencionados. 
1990 
Nessa esteira, atribui-se ao Delegado de Polícia Federal, Roberto das Chagas 
Monteiro (atualmente aposentado), como o pioneiro nessa seara tendo em vista que 
o citado profissional tivera a oportunidade de no ano de 1990 realizar um curso sobre 
o assunto na Academia Nacional de Polícia do Federal Bureau of Investigation (FBI) 
e produziu o primeiro documento (apostila) que fora compartilhado para os alunos que 
frequentavam a Academia Nacional de Polícia (ANP) em Brasília-DF. Destaca-se 
também a contribuição ofertada pelo Perito de Polícia Federal Angelo Oliveira 
Salignac (atualmente aposentado) para a consolidação desses primeiros 
apontamentos. 
 
1995 
Em 1995, o então capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) 
Wanderley Mascarenhas de Souza (atualmente Coronel veterano), produziu o seu 
trabalho monográfico de conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO – 
Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) intitulado “Gerenciamento de Crises: 
Negociação e atuação de grupos especiais de polícia na solução de eventos críticos.” 
 
 
10 
Constituindo-se na base da “Doutrina de Gerenciamento de Crises” que se utiliza 
no Brasil para os diversos cursos e eventos que trabalham a matéria. 
A partir desse trabalho monográfico, teve-se início a difusão do conhecimento 
para as diversas instituições do sistema de segurança pública e de defesa social, bem 
como a população em geral e imprensa. De modo que, pode-se mencionar o 1º 
Simpósio Internacional de Gerenciamento de Crises, promovido pelo Batalhão de 
Missões Especiais (BME) da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), como sendo o 
evento pioneiro, entre as polícias brasileiras, a tratar do tema “recém” chegado ao 
país. Esse evento contou com palestras de policiais militares brasileiros, entre eles o 
então Cap. PMESP Mascarenhas, policiais norte americanos e franceses. 
 
1998 
Em 1998, entre os dias 21 e 23 de janeiro de 1998, foi ministrado na Polícia 
Militar da Paraíba (PMPB) pelo então Major PMESP Mascarenhas, o Estágio Especial 
de Gerenciamento de Crises para Oficiais, participaram ainda do evento 02 (dois) 
Aspirantes-a-Oficial e 01 (um) Sargento. Estágio esse quenaquele mesmo ano, se 
transformou em curso na PMPB, com a carga horária de 60 h/a, ministrado pelo então 
1º Tenente PMPB Onivan Elias de Oliveira. 
Fato ocorrido também na PMESP, no momento em que o Major PMESP 
Mascarenhas estava lotado na Diretoria de Ensino e Instrução (DEI) e, também, 
executou o Curso de Gerenciamento de Crise de forma pioneira, com a primeira turma 
no período de 13 de outubro a 13 de novembro, incluindo aulas nos Estados Unidos. 
 
2001 e 2002 
No período de 2001 a 2002, a Senasp/MJ, ofertou no âmbito do Projeto de 
Treinamento para Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, sete cursos de 
Gerenciamento Crises. Os cursos foram coordenados pela equipe da Brigada Militar do 
Rio Grande do Sul, sob o comando do então Tenente Coronel Abreu Costa. 
 
2001 a 2005 
 Para ampliar, difundir e consolidar as bases iniciais da doutrina de 
gerenciamento de crises no Brasil, na Polícia Militar da Paraíba foram realizados 
quatro simpósios de gerenciamento de crises (2001, 2002, 2003 e 2005). Outras 
 
 
11 
polícias também promoveram eventos similares, a exemplo de: 1º Encontro de 
Negociadores Policiais Militares (PMMG-2005), Simpósio de Operações Policiais 
Especiais (PMDF 2007/2008), Simpósio Internacional de Operações Especiais 
(PMAM-2009). 
 
2007 
2007 tem lugar na difusão desse conteúdo, as primeiras turmas do Curso de 
Gerenciamento de Crises na modalidade Ensino à Distância (EaD), promovido pela 
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que capacitou milhares de 
policiais militares, civis, penais e bombeiros militares. De modo que se pode afirmar 
que, no Brasil, ultrapassa-se os vinte anos em que esse assunto vem sendo estudado, 
pesquisado, experimentado e atualizado por e para os profissionais das diversas 
instituições que integram as forças de segurança e de defesa social. 
 
2014 
Cap. PMESP Rogério Nery Machado, elabora trabalho de mestrado 
profissional em Ciências Policiais na PMESP com o tema “Atirador Ativo: impositivo 
de emprego do sistema dinâmico de gerenciamento de crises”, em 2014. 
 
2017 
Cap. PMESP Paulo Augusto Aguilar, elabora seu trabalho de mestrado 
profissional em Ciências Policiais na PMESP com o título “Ações e Operações 
Táticas Especiais: aplicação do conceito de concepção imediata do perigo em 
entradas táticas realizadas pelo grupo de ações táticas especiais”, em 2017. 
 
2019 
Maj. PMESP Valmor Saraiva Racorti elabora a sua tese de doutorado, 
também em Ciências Policiais intitulada “Proposta Estratégica para Atualização, 
Difusão e Emprego da Doutrina de Gerenciamento de Incidentes na Polícia Militar do 
Estado de São Paulo”, em 2019. 
 
Destaca-se por oportuno a constante evolução, além da dinâmica dos eventos 
críticos, dos seus respectivos estudos, análises e pesquisas. Nesse diapasão, pode-
se afirmar que os trabalhos produzidos em nível de mestrado e doutorado, citados no 
 
 
12 
ano de 2014, 2017 e 2019 são os precursores na nova ótica sobre os fatos policiais e 
suas respostas estatais. 
É primordial admitir que as bases doutrinárias estão bem solidificadas pelas 
polícias brasileiras desde a difusão do conhecimento através dos eventos acima 
mencionados e outros não citados, que ampliam ainda mais essa construção árdua 
de milhares de homens e mulheres que ao longo dos últimos 25 anos vêm dando sua 
parcela de contribuição. 
Para ratificar essa assertiva, basta dizer que, por exemplo, desde 1995 nas 
polícias militares da Paraíba, Distrito Federal, Sergipe, Espírito Santo, Rondônia não 
se tem registro de mortes de reféns nas atuações das respectivas polícias. Ao passo 
que há registro de mortes de reféns no Rio de Janeiro em 2000, no Paraná em 2001, 
em São Paulo em 2008, em Alagoas em 2011 e no Rio Grande do Sul em 2013. 
Levando em conta as milhares de ocorrências atendidas nos respectivos 
períodos até outubro de 2020, com tranquilidade se afirma que as polícias brasileiras, 
em especial as militares, consolidaram as bases doutrinárias do gerenciamento de 
crises policiais envolvendo reféns localizados. 
Por fim, mostra-se que a “doutrina” deve ser entendida, em linguagem 
metafórica, como sendo um farol para iluminar o caminho e não para cegar os que 
dela fazem uso, ou seja, deve estar em constante avaliação, mudança, 
aperfeiçoamento e adequação às realidades locais. 
 
 
 
13 
Aula 1 - A crise 
 
“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você 
conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou 
no caminho”. 
Abraham Lincoln. 
 
 
1.1- Conceitos Básicos 
Para fins deste curso, emprega-se os seguintes termos/conceitos: 
Refém Sequestrado (RS) – é uma pessoa (grupo de pessoas) que foi cerceada a sua 
liberdade de locomoção deliberadamente pelo criminoso com fins previamente 
definidos, estando em local desconhecido pelas autoridades. 
Refém Tomado (RT) - é uma pessoa (grupo de pessoas) que foi cerceada a sua 
liberdade de locomoção de forma aleatória pelo criminoso, com fins diversos, estando 
em local conhecido pelas autoridades. 
Indivíduo Homiziado – é uma pessoa que encontra-se em local confinado por ter 
praticado um ato ilícito anteriormente e se recusa a obedecer as ordens das 
autoridades competentes. 
Causador do Evento Crítico (CEC) – é uma pessoa que origina uma ação ilícita, 
desencadeando a mobilização de vários órgãos públicos e/ou privados, para que o 
fato seja resolvido. 
Área Crítica (AC) – é um espaço geográfico onde ocorreu um ou mais crimes e 
será(ão) objeto(s) de perícia oficial. 
 
1.2 - Tipos de Incidentes 
1.2.1 Situação com Refém versus Situação com Vítima 
O Federal Bureau of Investigation (FBI) caracteriza todos os eventos críticos – 
independente do motivo, saúde mental ou história criminal do causador – ou como 
 
 
14 
hostage ou nonhostage situations (situações com reféns ou situação com vítimas, 
tradução nossa). Entender a diferença entre ambos permanece sendo o grande 
paradigma para resolver pacificamente tais incidentes e com isto representa o ponto-
chave para o treinamento, principalmente dos gerentes de crises (NOESNER, 1999, 
tradução nossa). 
 
Incidente com REFÉM 
Noesner (1999) fez uma distinção entre incidentes que envolvem reféns e 
incidentes que envolvem pessoas que são vítimas potenciais. Ele define um incidente 
com refém como aquele em que um indivíduo mantém outras pessoas a fim de forçar 
um terceiro a cumprir suas exigências substantivas. Exigências substantivas são 
aquelas que o indivíduo acha que não pode obter sem o uso de reféns. Portanto, os 
reféns são uma alavanca nesses incidentes, não alvos. É apenas mantendo os reféns 
vivos que o indivíduo tem influência junto à polícia. As exigências são razoáveis e 
direcionadas a um objetivo. 
 
Incidente com VÍTIMA 
Os incidentes com vítimas envolvem o indivíduo agindo por emoção, tendo 
objetivos mal definidos e não fazendo exigências substantivas (Noesner, 1999). As 
exigências parecem irrealistas - exigências que nenhuma pessoa razoável esperaria 
que fossem atendidas. Nesses incidentes, os indivíduos seguram outros para 
expressar sua frustração, mágoa ou desilusão sobre os eventos ou, mais 
perigosamente, sobre os indivíduos que estão mantendo sob ameaça. As pessoas 
nesses incidentes não são reféns; eles são vítimas. O risco para as pessoas detidas 
é consideravelmente maior em incidentes com vítimas do que em incidentes com 
reféns. 
 
 
 
15 
 
Figura 1: Tipos de Incidentes de Crise 
Fonte: Gary W. Noesner, M.Ed, traduzido e adaptado por Onivan Elias de Oliveira, 2020. 
 
À luz da legislação nacional e para a população em geral, não há diferença 
entre Incidente com Refém e Incidente com Vítima. Em ambos, uma ou mais de uma 
pessoa será vítima de um criminoso sob constante ameaça de morte. No entanto, para 
fins de estratégia do gerenciamento de crise policial, nos incidentes com vítimas, estas 
estão numa possibilidade muito alta deterem suas vidas ceifadas a qualquer 
momento. Os casos por motivação terroristas ou situações por motivação passional 
ilustram bem esse perfil de ocorrência. 
 
1.3 - Crise versus Incidente Crítico 
CRISE 
Em geral nossa mente ao ler algum título de obra, trabalho científico ou curso, 
por exemplo, busca a compreensão “do que” se trata esse rótulo, nome etc. Suponha-
se que o nome deste curso fosse “Gerenciamento de Esternocleidomastóideo”, 
provavelmente uma das primeiras indagações seria algo como: afinal, o que é esse 
tal de esternocleidomastóideo? Somente a partir dessa resposta é que, então, 
podemos trabalhar na gestão dessa “coisa.” De modo similar quanto a 
 
 
16 
dúvida/curiosidade mental, pode-se citar as expressões “crise financeira”, “crise nos 
rins”, “crise na garganta”, “crise da meia-idade”; enfim haverá a necessidade da 
compreensão, no mínimo semântica, da palavra. 
 
SAIBA MAIS! 
Segundo o dicionário priberam o verbete crise em latim Crisis e 
no grego Krísis, é definido como o ato de separar, decisão, 
julgamento, evento ou momento decisivo. 
Para Sacconi (1996, p. 212), crise é “s.f. 1. Tempo de 
dificuldades agudas ou perigosas; conjuntura difícil. 2. Ponto crítico 
no curso de uma doença, indicativo de melhora ou piora, geralmente 
caracterizado por mudança na intensidade dos sintomas. 3. Momento 
decisivo de um acontecimento, que afeta o estado emocional de uma 
pessoa. 4. Ataque.” 
Por sua vez, afirma Ferreira (1989, p. 144) que a crise é “s.f. 1. 
Manifestação súbita de acidente patológico ou psíquico; 2. Fase 
difícil, grave, na evolução das coisas, dos sentimentos; 3. Deficiência, 
penúria; 4. Ponto de transição entre uma época de prosperidade e 
outra de depressão.” 
 
O conceito de crise também é empregado em legislação pátria. Assim, 
considera-se crise: 
“todo incidente ou situação crucial não rotineira, que exija uma 
resposta especial dos órgãos operativos de defesa social, em 
razão da possibilidade de agravamento conjuntural, com grande 
risco à vida e ao patrimônio.” (PERNAMBUCO, 2009). 
 
Ocorrência de Alta Complexidade 
Outro conceito é o de Ocorrência de Alta Complexidade, apresentado por 
Silva Neto (apud MAGALHÃES; SACRAMENTO; SOUZA, 1998, p.12): 
 
 
17 
Todo fato de origem humana ou natural que, alterando a ordem pública, supere a capacidade de 
resposta dos esforços ordinários de polícia, exigindo a intervenção de forças policiais através da 
estruturação de ações e operações especiais, ou típicas de bombeiro militar, com o objetivo de proteger 
e socorrer o cidadão. 
 
Evento de Defesa Social de Alto Risco 
Cotta (2009, p.4) traz o conceito de Evento de Defesa Social de Alto Risco: 
[...] são as intervenções qualificadas em Incidentes Críticos que extrapolam o poder de resposta dos 
órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social e, portanto, necessitam de intervenções integradas 
especiais com a utilização de equipamentos, armamentos, tecnologias e treinamentos especializados 
para o restabelecimento da Paz Social. 
Mattos (2011) conceitua “que nem todo evento de defesa social de alto risco é 
uma crise. Entretanto, por suas características, toda crise com enfoque policial é um 
evento de defesa social de alto risco ou ocorrência policial de alta complexidade”. 
 
De todo modo, pode-se chegar a conclusão que crise é um acontecimento/fato 
que vai exigir de pessoas e/ou organizações medidas não ortodoxas para: 1] mitigar 
a possibilidade de surgimento, 2] em ocorrendo, resolver com o mínimo de 
causalidades humanas, materiais ou de reputação da imagem dos envolvidos e, 3] 
após o seu término, adotar condutas para minimizar a possibilidade de retorno do 
acontecimento/fato em circunstâncias similares. 
No entanto, neste curso, será delimitado o conceito de crise para a atividade 
das instituições policiais dos órgãos inseridos no artigo 144 da Constituição Federal, 
sendo eles: Polícia Militar, Polícia Civil, Policia Federal, Polícia Rodoviária Federal, 
Polícia Ferroviária Federal, Polícia Penal e Guardas Civis Municipais. 
Podemos falar que a crise, no contexto policial, é também conhecida como 
evento crítico (decisivo). Podemos defini-la como: 
Uma manifestação violenta e inesperada de rompimento do 
equilíbrio, da normalidade, podendo ser observada em qualquer 
atividade humana. 
 
 
18 
Situação grave em que os fatos da vida em sociedade, 
rompendo modelos tradicionais, perturbam a organização de 
alguns ou de todos os grupos integrados na coletividade. 
 
Monteiro (1994, p. 5), e Souza (1995, p. 19), em suas respectivas obras, citam 
o conceito de crise adotado pelo FBI como: 
 
Figura 2: Conceito de Crise 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Mas o que seria uma” Solução 
Aceitável”? 
Para fins de mensuração quanto a “solução 
aceitável”, estabelece-se que, quando uma 
intervenção policial, ainda que resulte em mortes, 
se ao final, todos os interventores ao serem 
devidamente processados e julgados restarem 
absolvidos, bem como a opinião pública, em geral, seja mais favorável ao desfecho 
do que as críticas “negativas”, ou seja, a ação alcançou o binômio “legalidade” e 
 
 
19 
“opinião pública favorável”, diz-se ter atingido a mencionada solução conforme o 
conceito citado. 
 
Nesse contexto, você verá alguns exemplos de crises, em que a polícia tem que dar 
essa resposta especial: 
• Roubo com tomada de reféns em aeronaves, estabelecimentos bancários ou 
comerciais, em veículos particulares, em transportes públicos ou privados, em 
residências ou nas vias públicas etc; 
• Rebeliões em estabelecimentos prisionais; 
• Ocorrências com bombas e/ou explosivos; 
• Acidentes com múltiplas vítimas; 
• Ações terroristas com um ou múltiplos alvos; 
• Tentativas de autoexertímino/lesão autoprovocada; 
• Fenômenos da natureza (enchentes, desabamento de edificações etc.); 
• Grandes Incêndios (rurais ou urbanos); 
• Graves distúrbios com repercussão na ordem pública do Estado (greve dos 
caminhoneiros); 
• Desocupação/reintegração de grande magnitude mediante ordem judicial. 
 
 
INCIDENTE CRÍTICO 
Para Racorti (2019, p. 160), incidente crítico é: 
 
“Qualquer incidente em que o resultado ou consequência possa 
resultar em: danos graves ao indivíduo, patrimônio ou ao meio 
ambiente, pode impactar significativamente na confiança da 
sociedade, exigindo arranjos especiais, emprego conjugado de 
meios e capacidade de gestão para responder.” 
 
 
 
20 
Nesta mesma linha de pensamento, a Federal Emergency Management 
Agency (FEMA. 2017, apud Racorti et al 2020) estabelece que incidente é “uma 
ocorrência, natural ou de causas humanas que necessita de uma resposta para 
proteger a vida ou propriedade.” Destacam os autores que “toda crise é um 
incidente, mas nem todo incidente é uma crise.” 
IMPORTANTE!! 
Incidentes críticos de segurança pública são 
fenômenos sociais complexos de quebra da normalidade 
que, por colocarem a vida dos cidadãos em risco, exigem a 
intervenção especial da polícia. Uma característica 
significativa do incidente crítico é a sua relativa 
imprevisibilidade, pois não se pode identificar, com 
precisão, o local e a hora em que eclodirá. Ademais, o 
incidente crítico foge aos padrões existentes dos 
atendimentos das situações típicas da polícia (MINAS 
GERAIS, 2018a). 
 
Desse modo, independente de questões semânticas ou de outras naturezas, é 
importante destacar que uma anormalidade foi estabelecida em determinado espaço 
geográfico e que necessita de uma gestão de múltiplas agências (públicas ou 
privadas) para a mitigação dos vários danos e efeitos colaterais. 
 
1.4 - Incidentes Estáticos e Incidentes Dinâmicos 
A necessidade de estabelecer essas novas conceituações, afirma Aguilar 
(2017), vem a partir do caso ocorrido numa escola em Columbine-EUA, instante em 
que a resposta dos primeiros interventores, ao seguirem o protocolo de CONTER, 
ISOLAR e NEGOCIAR, retardarama neutralização dos atiradores e com isso, várias 
vidas de estudantes foram perdidas. 
 
 
 
21 
Vamos ver a definição de Aguilar (2017): 
 
Figura 3: Incidente Estático X Incidente Dinâmico 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
De forma ilustrativa, pode-se citar casos em que uma pessoa armada efetua 
disparos em pessoas aleatoriamente, conhecidos como Atiradores Ativos (AA), ou 
mesmo ações do que se chama na crônica policial recente brasileira de “novo 
cangaço”, ou seja, ações criminosas de grupos que atacam mais de um alvo 
simultaneamente, como agências bancárias e quarteis de polícia militar em cidades 
do interior do país. 
Nesses cenários de incidentes dinâmicos, a ação de negociar, dá lugar a 
neutralizar o mais breve possível os causadores do evento crítico. Pois em assim 
procedendo, os primeiros interventores estão contribuindo decisivamente para a 
amenização do risco de perdas de vidas das pessoas que estejam nas cercanias das 
áreas críticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Reflita 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
22 
Aula 2 - O Gerenciamento de Crises 
 
Você verá que o gerenciamento de crises também pode ser descrito como uma 
metodologia que se utiliza, muitas vezes, de uma sequência lógica para resolver 
problemas que são fundamentados em possibilidades. Deve-se observar que o 
gerenciamento de crises não é uma ciência exata, pois cada crise apresenta 
características exclusivas, demandando soluções particulares, que exigem uma 
cuidadosa análise e reflexão. 
Trata-se de um saber que deve ser utilizado em um tempo restrito e não 
calculado, pois vidas estão em risco iminente de serem perdidas ou seriamente 
lesionadas, diante dos mais diversos problemas sociais, econômicos, políticos e 
ideológicos da humanidade. 
Novamente, faz-se menção a alguns dos primeiros estudiosos do gerenciamento 
de crises no Brasil, sendo eles: Monteiro (1994, p. 6) e Souza (1995, p. 23), que também 
explicitam em seus trabalhos o conceito de gerenciamento de crise utilizado pela 
Academia Nacional do FBI dos Estados Unidos da América com sendo “o processo de 
identificar, obter e aplicar recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução 
de uma crise.” 
A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), estabeleceu uma sutil 
mudança nesse conceito. Destarte, ocorreu a substituição da palavra “resolução” por 
“gestão”; assim gerenciamento de crises é: 
“o processo de identificar, obter e aplicar os recursos 
necessários à antecipação, prevenção e gestão de uma crise. 
Os principais fundamentos desse gerenciamento são: 
preservar vidas e aplicar a lei.” (PMESP, 2013, grifo nosso) 
 
IMPORTANTE! 
As ocorrências que envolvem crises policiais, por suas 
características, geram e criam, no cenário da Segurança 
Pública, sempre situações decisivas, onde o gestor da crise 
 
 
23 
deve estar preparado para ser o “maestro” de todo um 
cenário. 
 
2.1 - Características da Crise 
 
Monteiro (1994) e Souza (1995), ao estudarem o gerenciamento das situações 
de crise, com base na doutrina emanada da Academia Nacional do FBI (EUA), que 
estuda basicamente as ocorrências com reféns, enumera as seguintes características 
para as crises: 
 
Figura 5: Características para uma crise 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
Vamos estudá-las cada uma delas, confira: 
Imprevisibilidade (relativa) 
Esta característica vai orientar aos profissionais de segurança pública e da 
defesa social, que as crises podem ocorrer em qualquer lugar, a qualquer momento e 
sob as mais variadas circunstâncias, ou seja, ninguém está imune a ter, no seu turno 
 
 
24 
de serviço, que tomar parte num cenário crítico. Assim, quando em serviço, deve-se 
ter a mentalidade de estar em condições de dar pronta resposta a toda sorte de fatos. 
Com o avanço das tecnologias disponíveis as polícias (drones, smartphones, software 
de análise de riscos etc.), não se pode mais dizer que os incidentes críticos são 
totalmente imprevisíveis. Existem alguns indícios que podem ser diagnosticados e 
repassados para os órgãos operativos. Ilustra-se essa assertiva com um trabalho de 
inteligência de monitoramento de uma ação criminoso por parte de quadrilha de roubo 
a bancos. 
 
Compressão do tempo (Urgência) 
Esta característica impõe aos gestores presentes nas áreas críticas, a tomada 
de várias decisões sob um curto espaço de tempo. Muito embora algumas crises se 
prolongarão por várias horas, dias ou até meses, porém a cada minuto decisões de 
“vida ou morte”, diminuir os danos a propriedade carecem de ser implementadas sob 
alta pressão com urgência, agilidade e presteza por parte do tomador de decisão. 
 
Ameaça à vida 
Esta é uma das principais características da crise. Nela repousa todo esforço 
humano e logístico por parte dos gestores e operadores. Ainda que a única vida em 
risco iminente de ser perdida seja do próprio causador do evento crítico, ainda assim 
todo o esforço deve ser colocado em prática com o escopo de protegê-la. 
 
Postura organizacional não-rotineira 
Implica dizer que numa crise, e tão somente numa crise, a hierarquia cede lugar 
à especialização, ou seja, o gestor deve ser uma pessoa devidamente especializada 
para àquele cenário específico e não necessariamente o de maior nível hierárquico 
na instituição que esteja liderando as ações. O ideal é que, a gestão esteja sob a 
responsabilidade de um gestor de elevado status hierárquico e com capacitação 
específica sobre a crise. 
 
 
 
 
25 
Planejamento analítico especial e capacidade de implementação 
O planejamento tradicional e sua forma de execução, em cenários de crise, dá 
lugar a flexibilidade, a agilidade e capacidade de execução instantânea. Aos 
planejadores presentes nas áreas de crises, a insuficiência de tempo e informações 
robustas vão interferir nessas ações de planejamento e implementação. 
 
Considerações legais especiais 
Quando mais de uma instituição pública está atuando numa área de crise, 
então uma das primeiras respostas a serem obtidas é: “quem é a mais alta autoridade 
responsável pela tomada de decisões?”. Ou seja, trata-se da competência 
funcional/legal para gerir a crise. No caso específico de ocorrências envolvendo 
reféns, no Brasil, por força da Lei nº 13.964/2019, ampliou-se o conceito de legítima 
defesa, afirmando in verbis que “o agente de segurança pública que repele agressão 
ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes”, também 
age sob a tutela da excludente de ilicitude. 
 
Além das características anteriormente mencionadas, outras podem ser 
agregadas para uma melhor compreensão. Entre essas: 
• A necessidade de recursos variados para sua solução; 
• Ser um evento de baixa probabilidade de ocorrência e de graves 
consequências; 
• As informações iniciais são escassas, contraditórias e confusas; 
• Ter um acompanhamento próximo e detalhado, tanto pelas autoridades como 
pela população, pela mídia e por organizações diversas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
Vamos ver dois casos reais de uma crise, clique sobre o título e leia 
toda a matéria: 
 
Operação prende quadrilha que planejava atacar bancos e carros-
fortes 
Bando foi preso portando diversos tipos de armas e explosivos que seriam utilizados 
para realizar os ataques. Por Redação -16/04/2020. 
Uma quadrilha que planejava atacar carros-fortes e bancos no Sertão da 
Paraíba foi desarticulada em Aparecida (PB), nesta quinta-feira (16). O grupo com seis 
criminosos de quatro estados do Nordeste portava uma metralhadora ponto 50, quatro 
fuzis, uma pistola, várias munições e explosivos. 
Conforme informações do comandante da operação que desfez o grupo, 
coronel Francisco Campos, as armas estavam escondidas por baixo da carroceria de 
um carro. “A prisão do bando evitou vários crimes contra carros-fortes e instituições 
financeiras, não só aqui no estado. Eles estavam divididos em dois carros, com placas 
de Minas Gerais, e asarmas e os explosivos estavam todos empacotados, por baixo 
da carroceria de um dos veículos”, disse. 
Os presos são dos estados do Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia. 
Segundo a polícia, a operação continuará para chegar até outros integrantes do 
bando. 
Os suspeitos e todo o arsenal apreendido foram levados para a sede da Polícia 
Federal em Patos, que fica na mesma região. 
Disponível em: <https://portalcorreio.com.br/policia-prende-quadrilha-ataque-
bancos/>. Acesso 06 out. 2020. 
 
PERU - Operação Chavín de Huantar 
Há 20 anos o excepcional resgate dos reféns mantidos na Embaixada do 
Japão, pelas Forças Especiais do Peru. A grande vitória do Presidente Alberto 
Fujimori. Para a esquerda mundial ver as tropas comemorando uma imagem que os 
autores devem pagar caro. 27 de Dezembro, 2017 - 00:05 (Brasília) 
 
 
27 
As 20h19min da noite de 19 de dezembro de 1996, quatorze membros do grupo 
terrorista Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) irromperam desde uma 
casa vizinha e tomaram a residência do embaixador do Japão em Lima, Peru durante 
a celebração da festa de aniversário do Imperador do Japão. O embaixador recebia 
nesta ocasião cerca de 800 dignitários e convidados. 
Os terroristas sabiam da presença de personalidades políticas, civis e militares 
no evento. Paulatinamente foram liberando reféns que não serviam a seus propósitos. 
Finalmente ficaram no local apenas 72 pessoas, por cuja liberação exigiam a 
libertação de 400 de seus companheiros que cumpriam pena em prisões peruanas. 
Desde o início, o governo peruano recusou-se a atender a qualquer demanda 
dos sequestradores, e adotou uma política de espera. Enquanto mantinha infindáveis 
negociações com os invasores da Embaixada, treinava e equipava uma força de elite 
para uma possível operação de resgate. Além disso, iniciou um processo de desgaste 
contra os terroristas. A luz e a água da Embaixada foram cortadas. Veículos equipados 
com alto-falantes passaram a circular em torno do prédio, tocando a pleno volume 
músicas militares e canções patrióticas, na intenção de cansar e enervar os terroristas, 
privando-os de sono e descanso. Também grupos de policiais bem protegidos 
jogavam pedras no prédio, disparavam tiros para o ar e gritavam palavrões, para 
provocar uma reação. 
Os militares peruanos conseguiram infiltrar um repórter na Embaixada, 
ostensivamente para obter um furo de reportagem entrevistando os líderes do MRTA, 
porém na realidade para obter informações sobre o prédio e a situação dos reféns, 
além de informações sobre quantos eram e que armamento tinham os terroristas. 
O passar do tempo provocou um relaxamento na atitude dos sequestradores, 
que passaram a confiar em que a opinião pública mundial não permitiria que os 
militares lançassem um ataque ao prédio. Consequentemente, os quatorze membros 
do MRTA entraram numa rotina diária bastante tranquila, inclusive organizando 
partidas de futebol com alguns de seus reféns. 
Embora na manhã de 9 de janeiro uma rádio local tivesse divulgado a notícia 
de que os militares treinavam um grupo incursor, os sequestradores não tomaram 
nenhuma ação, confiando que os militares não ousariam pôr em risco a vida dos 
reféns. Embora em março a mesma rádio divulgasse que um túnel estava sendo 
 
 
28 
cavado em direção à Embaixada, a reação dos sequestradores foi fraca, fazendo-os 
apenas trocar o alojamento dos reféns do térreo para o primeiro andar do prédio. Esta 
ação eventualmente ajudou a diminuir o risco de ferimentos nos reféns, por ocasião 
da entrada do grupo de resgate. 
Na noite anterior ao assalto final, metade da força de 142 comandos deslocou-
se para perto do prédio, e silenciosamente começou a tomar suas posições de ataque. 
Outros setenta policiais formaram um perímetro externo em volta do prédio. Oito 
snipers posicionaram-se em prédios adjacentes, para dar fogo de proteção. O pessoal 
restante foi dividido em três grupos de ataque. 
As 15h17min do dia 22 de abril de 1997, quase quatro meses depois da invasão 
da Embaixada pelo MRTA, o Presidente Alberto Fujimori deu a ordem para o ataque. 
Seis minutos depois, o chão da sala principal e da cozinha do prédio entrou em 
erupção, matando vários terroristas que jogavam futebol na sala. As explosões foram 
causadas por cargas cuidadosamente colocadas debaixo dos pisos, através de uma 
série de túneis cavados. 
Disponível em: <https://www.defesanet.com.br/terror/noticia/28052/-PERU---
Operacao-Chavin-de-Huantar/>. Acesso 06 out. 2020. 
 
 
29 
Finalizando... 
 
Neste Módulo você estudou: 
• Conceito de crise e os tipos de incidentes de crise (refém tomado, refém 
sequestrado, indivíduo homiziado, causador de evento crítico, área crítica). 
• Incidente crítico, o Gerenciamento de Crises e suas características 
(imprevisibilidade, compreensão do tempo, ameaça a vida, necessidade). 
 
 
 
30 
Módulo 2 – Doutrina de Gerenciamento de Crises: aspectos conceituais 
 
Apresentação do Módulo 
 
Caro Aluno, 
Nesse módulo você estudará sobre os aspectos conceituais da Doutrina de 
Gerenciamento de Crise, sobre a classificação dos riscos e níveis de respostas e 
estudará a tipologia dos causadores de eventos críticos (CEC). 
 
Objetivo do Módulo 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
• Apontar os objetivos do gerenciamento de crises; 
• Relacionar os objetivos do gerenciamento de crises à doutrina; 
• Identificar os critérios que orientam as decisões e ações; 
• Classificar os graus de risco e ameaça dos eventos críticos; 
• Estabelecer a relação existente entre graus de risco e níveis de resposta; 
• Caracterizar, de acordo com a tipologia, os causadores de eventos críticos. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo é dividido em 04 aulas: 
 
Aula 01 – Objetivos e Critérios de ação; 
Aula 02 - Classificação dos graus de risco; 
Aula 03 - Níveis de resposta; 
Aula 04 - Tipologia dos causadores de eventos críticos (CEC). 
 
 
31 
Aula 1 – Objetivos e critérios de ação 
 
 
Todos os esforços efetivados numa área crítica, por quaisquer que sejam as 
instituições envolvidas, tem o escopo principal de preservar vidas, das vítimas, dos 
profissionais que estão efetivamente trabalhando e das pessoas que estão próximas 
ao epicentro da crise. 
Os recursos humanos e logísticos presentes na(s) área(s) crítica(s), estão 
voltados a mitigação de maiores danos à propriedade, seja ela pública ou privada, 
além de minimizar os riscos de perdas de vidas humanas, agravamento de lesões às 
pessoas ainda não atingidas e danos ao meio ambiente, conforme cada caso. 
No universo policial, além da preservação da vida humana, secundariamente 
tem-se a aplicação da lei e o restabelecimento da ordem pública na área crítica, 
como objetivos básicos a serem alcançados. 
 
Figura 6: Objetivo principal do gerenciamento de crises 
Fonte: Alfredo Justiniano Paes – SD PMRO, 2020 
 
 
 
32 
Os envolvidos diretamente na gestão de uma crise ou incidente 
crítico, devem ter permanentemente esses, entres outros, 
objetivos no gerenciamento da crise: preservar vidas, aplicar a 
lei e restabelecer a normalidade. (MINAS GERAIS, 2020). 
 
Portanto, em ordem axiológica, a preservação da vida humana se sobrepõe a 
todo e qualquer outro objetivo na gestão de eventos críticos de quaisquer naturezas. 
Enfatiza-se que não há uma hierarquia ou prioridade na preservação das vidas 
envolvidas na área crítica, todas tem a mesma importância. 
Eventualmente, na atividade policial, os responsáveis pela tomada de decisão 
optam por não prender em flagrante delito um CEC que faz refém, dando-lhe uma 
fuga momentânea para, em momento mais adequado e seguro para as vidas das 
vítimas, fazerem a intervenção pertinente. Esta opção é a mais acertada sob o ponto 
de vista dos objetivos fundamentais. Pode até parecer uma certa prevaricação das 
autoridades, porém, mostra-se como a melhor opção. (SOUZA, 1995). 
 
 
Figura7: Objetivos secundários do gerenciamento de crise 
Fonte: Alfredo Justiniano Paes – SD PMRO, 2020 
 
Ainda pode-se dizer que o responsável pela gestão do incidente crítico ou crise, 
tem objetivos adicionais, tais como: 
 
 
 
33 
• Reduzir as lesões e os danos à propriedade e ao meio ambiente adicionais; 
• Garantir a segurança das pessoas na(s) área(s) crítica(s); 
• Prender e conduzir o(s) causador(es) do incidente crítico às autoridades 
competentes para iniciar os procedimentos apuratórios pertinentes; 
• Obedecer às normas legais e éticas. 
 
O gerenciamento de crises possui esses pilares como escopo, pois assim pode 
conduzir suas técnicas para a gestão e resolução dos incidentes, com sucesso, com 
o mínimo de perda de vidas, segurança dos envolvidos e garantia do cumprimento da 
legislação. 
 
 
1.1. Critérios de ação 
Na busca da execução dos objetivos que apresentamos no tópico anterior, o 
administrador de uma ocorrência de alta complexidade, ainda segundo Souza (1995), 
“o comandante da cena de ação (também chamado de comandante do teatro de 
operações)” está, durante todo o desenrolar do evento, tomando decisões pertinentes 
aos campos de gerenciamento aqui abordados. 
 
IMPORTANTE!! 
Nessas ocasiões existe um constante processo decisório 
para o gerente da crise. O comandante se vê diante do dilema 
do tipo “faço ou não faço?”. Decisões, desde as mais simples às 
mais complexas, vão sendo tomadas a todo o momento. Elas 
envolvem assuntos variados, como o fornecimento de água ou 
alimentação para os reféns e para os delinquentes, atendimento 
médico de urgência a uma vítima no interior do ponto crítico, o 
corte de linha telefônica e fornecimento de eletricidade, até 
mesmo o emprego de força. 
 
 
34 
As expectativas do público em relação à reação dos órgãos de segurança em 
incidentes de alto risco são previsíveis, porém nem sempre realistas. Quase sempre, 
a sociedade é conduzida a aceitar, principalmente pela mídia, que o incidente deva 
ser resolvido desta ou daquela maneira, no entanto, desconhecem as estratégias, técnicas 
e táticas utilizadas pela polícia, bem como as limitações jurídicas enfrentadas. 
 
Figura 8: Dúvida 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
Assim, com o intuito de balizar o processo decisório na ambiência operacional, 
atendendo os preceitos dos objetivos do Gerenciamento de Crises, segundo Monteiro 
(1994) e Souza (1995), a doutrina do FBI preconiza três critérios para tomada de 
decisões. Esses critérios ou “filtros” podem, efetivamente, ser utilizados do modo 
seguinte: o tomador de decisão ao fazer o questionamento (em cada critério) para 
si e obtiver como resposta uma dúvida ou mesmo um “não” taxativo, então a 
orientação vai no sentido de, retardar ou mesmo não tomar àquela decisão que 
se estava pensando. 
 
 
35 
 
Figura 9: Análise de Risco 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Vamos ver os três critérios para tomada de decisões: 
 
Necessidade 
O critério de necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser 
implementada quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar 
determinadas decisões, não se justifica a sua adoção. A ação que pretendemos 
fazer é estritamente necessária? 
Validade do risco 
O critério da validade do risco estabelece que toda e qualquer ação, tem que 
levar em conta, se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados. A 
pergunta que deve ser feita é: Vale à pena correr esse risco? 
Embora este critério tenha uma dificuldade de mensuração objetiva, pois 
envolve muito forte fatores de ordem subjetiva (já que o que é arriscado para um, não 
é para outro) e de ordem objetiva (o que foi proveitoso em uma crise poderá não sê-
lo em outra), serve de um parâmetro na tomada de decisão, seja ela qual for. 
 
 
36 
 
Aceitabilidade 
O terceiro critério, aceitabilidade, implica em que toda decisão deve ter respaldo 
legal, moral e ético. 
A aceitabilidade legal - significa que toda decisão deve ser tomada com base nos 
princípios ditados pelas leis. Uma crise, por mais séria que seja não dá à organização 
policial a prerrogativa de violar leis. 
A aceitabilidade moral - implica que toda decisão para ser tomada deve levar em 
consideração aspectos de moralidade e bons costumes. 
A aceitabilidade ética - está consubstanciada no princípio de que o responsável pelo 
gerenciamento da crise, ao tomar uma decisão, deve fazê-lo lembrando que o 
resultado da crise não pode exigir de seus comandados a prática de ações que 
causem constrangimentos “internas corporis.” 
 
Nesse sentido é clássico o exemplo do policial que se oferece como voluntário 
para ser trocado por algum refém. Essa troca, se autorizada, acarreta 
questionamentos éticos de natureza bastante complicada, que podem provocar sérios 
transtornos no gerenciamento da crise. 
 
 
 
37 
Aula 2 - Classificação dos graus de risco 
 
“As lições mais difíceis são aquelas que valem realmente 
a pena aprender.” 
John Taylor 
 
Você estudou no tópico anterior quais os critérios de ação na tomada de 
decisões numa situação de crise. Neste, estudará a classificação do grau de risco ou 
ameaça dos incidentes críticos. Desta classificação, você poderá dimensionar os 
recursos humanos e logísticos a serem empregados na ocorrência de forma que não 
fiquem super ou subdimensionados. 
 
ATENÇÂO!! 
O foco é não dispor de recursos “de menos” para 
ocorrências complexas” ou recursos “de mais” para fatos 
menos críticos. Uma ilustração é dispor de várias viaturas 
de polícia ostensiva, corpo de bombeiros para administrar 
uma ocorrência de “violência doméstica” ou, de modo 
diverso, dispor de apenas uma viatura ostensiva para 
atender um evento do tipo “pancadão.” 
 
 
A avaliação da classificação do grau de risco deve ser uma das primeiras ações 
a ser mentalizada pelo gerente da crise. Segundo Monteiro (1994), a doutrina do FBI 
estabelece uma escala de risco ou ameaça que serve de padrão para a classificação 
da crise, a exemplo do que ocorre com a Escala Richter, em relação aos terremotos. 
 
 
 
 
 
38 
Essa classificação obedece a um escalonamento de quatro graus: 
 
Figura 10: Escalonamento dos graus de risco 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
Classificação dos graus de risco 
De forma simplificada, convencionou-se as exemplificações seguintes para 
ilustrar essa classificação, conforme quadro abaixo: 
 
Figura 11: Quadro exemplificativo 
Fonte: do Conteudista; SCD/EaD/Segen 
 
 
Tendo estes exemplos como base, você poderá classificar as situações de crise com 
mais segurança. 
 
 
39 
EXERCITE SEUS CONHECIMENTOS CLASSIFICANDO OS SEGUINTES CASOS: 
CASO 1 - Homem se rende e termina sequestro de quase 24 horas em motel no 
MA. 
PM corrigiu informação e diz que jovem de 17 anos não foi ferida. Ex-marido 
manteve mulher como refém em quarto de motel em São Luís. Tahiane Stochero Do 
G1, em São Paulo 22/10/2011 12h36 - Atualizado em 22/10/2011, 15h06. 
O homem de 36 anos, que mantinha há quase 24 horas a ex-mulher como 
refém em um motel em São Luís, no Maranhão, entregou-se por volta das 12h deste 
sábado (22), segundo o serviço de inteligência da Polícia Militar. 
Conforme a PM, a jovem, de 17 anos, foi levada a um hospital sem ferimentos. 
Anteriormente, a polícia havia divulgado a informação de que a refém estava ferida 
levemente por um disparo acidental provocado pelo sequestrador. 
O sequestrador pediu que fosse levado em uma viatura policial para a 
delegacia, diz a PM. 
O casal estava recluso dentro do banheiro de um quarto do motel e a 
negociação era realizada através da porta do banheiro, sem contato visual. Uma avó 
do suspeito foi chamada para participar das negociações e pediu que ele entregasse 
a arma e se rendesse. 
Conforme os policiais, o suspeito estava cansado e o casal não havia recebido 
alimentação desde o início das negociações, que começaram por volta das 16h de 
sexta-feira (20). 
Osequestro começou quando o homem, de 36 anos, raptou a jovem por volta 
das 12h na porta da escola e levou a refém para um motel. O casal teve um 
relacionamento curto e o homem não teria concordado com o rompimento. 
Três negociadores da Polícia Civil atuam diretamente e a equipe tática que está 
preparada para uma suposta invasão, caso fosse necessária, é da Polícia Militar. Os 
pais da jovem e a mãe e o advogado do suspeito estão no local. 
Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/10/homem-se-rende-e-
termina-sequestro-de-quase-24-horas-em-motel-no-ma.html>. Acesso: 07 out. 2020. 
Analisando: Trata-se de uma situação de ALTISSÍMO RISCO. 
 
 
40 
CASO 2 - Polícia posiciona atiradores de elite em cerco a sequestrador em 
Brasília 
Homem armado algemou funcionário e ameaça explodir hotel Saint Peter. 
Hotel foi esvaziado; negociadores tentam fazer com que homem se renda. Raquel 
Morais Do G1 DF - 29/09/2014 13h53 - Atualizado em 29/09/2014, 13h53. 
A Polícia Civil informou que atiradores de elite foram posicionados e aguardam 
autorização para disparar contra o homem que invadiu o hotel Saint Peter no centro 
de Brasília na manhã desta segunda-feira (28) e fez um mensageiro de refém. A 
corporação não quis informar o número de atiradores ou o total de policiais envolvidos 
na operação. 
O funcionário teve um colete supostamente com dinamite envolvido ao corpo. 
"Temos 98% de certeza de que são explosivos", disse o delegado Paulo Henrique 
Almeida. Nas imagens do refém, é possível ver que o colete tem uma fileira de objetos 
cilíndricos. Se for mesmo dinamite, a carga tem capacidade para danificar a estrutura 
do hotel, segundo a polícia. 
"Ele nos deu um prazo para atender as exigências dele – saída da Dilma, 
extradição de Cesare Battisti e aplicação efetiva da Lei da Ficha Limpa – e esse prazo 
está acabando. Ele disse que vai explodir, caso não o atendamos." Almeida afirmou 
que não vai dizer qual é o prazo dado pelo sequestrador, mas informou que é inferior 
a seis horas. 
De acordo com testemunhas, o sequestrador fez o check-in por volta das 8h30. 
Às 8h40, subiu para o 13º andar e bateu de quarto em quarto mandando os hóspedes 
descerem e informando que se tratava de uma ação terrorista. 
Um publicitário de Ribeirão Preto (SP) que está no DF a trabalho conta que foi 
abordado pelo homem às 8h40. "Ele bateu na porta do meu quarto e mandou juntar 
todas as coisas e descer. Estava armado e com o mensageiro já algemado, cheio de 
bombas no corpo", diz. 
Segundo o publicitário, que não quis se identificar, o homem passou em todos 
os quartos mandando os hóspedes descerem. O publicitário desconfiou que fosse um 
assalto. "Depois, enquanto eu terminava de juntar as coisas, ele voltou no meu quarto 
e disse que não era roubo nem nada, era terrorismo. Que ele não estava brincando." 
 
 
41 
'Vazamento de gás' 
Os lutadores de MMA e irmãos Minotauro e Minotouro, que estavam 
hospedados no hotel, tiveram de deixar o quarto às pressas após serem informados 
de que havia um vazamento de gás. Eles participaram em Brasília do Capital Fitness, 
realizados no final de semana. 
Minotauro disse que eles estavam hospedados no quarto andar do hotel e não 
ficaram sabendo de nada sobre o sequestro. "A gente desceu pelo elevador. Lá dentro 
não ficamos sabendo de nada. A primeira informação foi que estava tendo um 
vazamento de gás, que era para a gente sair o mais rápido possível." 
O lutador disse que demorou a deixar o hotel porque estava tomando café da 
manhã. "Quando chegaram ao meu quarto eu tinha saído para tomar café, então 
quando voltei os quartos já estavam todos abertos, ninguém tinha nenhuma 
informação." 
O hotel Sain Peter é o mesmo onde o ex-ministro José Dirceu, condenado no 
processo do mensalão, iria trabalhar ganhando R$ 20 mil mensais. Dirceu acabou 
desistindo do trabalho devido à repercussão negativa do caso. O imóvel está 
localizado no Setor Hoteleiro Sul, às margens do Eixo Monumental, e possui 400 
quartos distribuídos em 15 andares. 
Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/09/policia-posiciona-
atiradores-de-elite-em-cerco-sequestrador-em-brasilia.html>. Acesso: 06 out. 2020. 
 
Analisando: Trata-se de uma situação de AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA. 
 
CASO 3 - A história do acidente radiológico em Goiânia 
Em setembro de 1987 aconteceu o acidente com o Césio-137 (137Cs) em 
Goiânia, capital do Estado de Goiás, Brasil. O manuseio indevido de um aparelho de 
radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, gerou 
um acidente que envolveu direta e indiretamente centenas de pessoas. A fonte, com 
radioatividade de 50.9 Tbq (1375 Ci) continha cloreto de césio, composto químico de 
alta solubilidade. O 137Cs, isótopo radioativo artificial do Césio tem comportamento, 
 
 
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no ambiente, semelhante ao do potássio e outros metais alcalinos, podendo ser 
concentrado em animais e plantas. Sua meia-vida física é de cerca de 33 anos. 
Com a violação do equipamento, foram espalhados no meio ambiente vários 
fragmentos de 137Cs, na forma de pó azul brilhante, provocando a contaminação de 
diversos locais, especificamente naqueles onde houve manipulação do material e para 
onde foram levadas as várias partes do aparelho de radioterapia. 
Por conter chumbo, material de relativo valor financeiro, a fonte foi vendida para 
um depósito de ferro-velho, cujo dono a repassou a outros dois depósitos, além de 
distribuir os fragmentos do material radioativo a parentes e amigos que por sua vez 
os levaram para suas casas. 
Disponível em: <http://www.cesio137goiania.go.gov.br/o-acidente/>. Acesso: 07 out. 
2020. 
 
Analisando: Trata-se de uma situação de AMEAÇA EXÓTICA. 
 
 
 
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Aula 3 - Níveis de resposta 
 
É recomendável que os níveis de resposta se correlacionem com o grau de 
risco do evento crítico, ou seja, o nível de resposta se adequa, na medida em que 
cresce o vulto da crise. No entanto, por várias razões, constata-se que no Brasil, 
principalmente nas cidades mais distantes das capitais e regiões metropolitanas, essa 
estratégia tem sérias dificuldades de implementação, pelo menos nos primeiros 
instantes do fato. 
Como você viu anteriormente é de extrema importância o dimensionamento dos 
recursos a serem utilizados. De modo que, ao final da ocorrência, verificará qual o 
nível de resposta que foi adotado pelo gestor do incidente crítico ou crise. 
 
Os níveis de resposta podem ser visualizados conforme especificado abaixo: 
Nível UM - O gerente da crise dispôs na área crítica apenas recursos locais 
e não especializados. 
Nível DOIS - O gerente da crise dispôs na área crítica recursos 
especializados. 
Nível TRÊS - O gerente da crise dispôs na área crítica recursos 
especializados, acrescido de recursos de outras esferas/níveis de governo. 
Nível QUATRO - O gerente da crise dispôs na área crítica recursos 
especializados de vários níveis de governo, além de recursos de outro país. 
 
 
SOUZA, 1995, p. 34, cita que: 
“uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça, 
representado por uma crise, concorre favoravelmente, para a 
solução do evento, possibilitando, desde o início, o oferecimento 
de um nível de resposta adequado à situação, evitando-se, 
destarte, perdas de tempo desnecessárias.” 
 
 
 
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O grau de risco de uma crise pode ser mudado no seu decorrer, pois a primeira 
autoridade policial que chega ao local faz uma avaliação precoce da situação com 
bases em informações precárias e de difícil confirmação. Dados de grande 
importância, como: presença de reféns, de explosivos ou agentes químicos, só podem 
ser devidamente confirmados com a passagem do tempo e empenho dos órgãos de 
inteligência para colher tais informações. 
Assim, o gerente do incidente crítico ou crise, pode se valer das várias fontes 
para que lhe propiciem informações atualizadas e robustas, a exemplo de: refénsresgatados, atirador de precisão, vizinhos, causador do evento crítico saiu da área 
crítica (se for mais de um), funcionários do local, entre outros. 
 
De acordo com a classificação acima, veja os casos abaixo e os níveis de 
respostas adotados: 
CASO 1 - Em Sousa: bandidos tentam realizar assalto, matem família como 
refém e terminam presos 
Da Redação - Policiais - 16/06/2011 
No início da manhã desta quinta-feira (16), uma tentativa de assalto envolvendo 
três homens identificados como: Fagner Barbosa de Barros, natural de Recife, 
conhecido também como “Jogador”, 27 anos, que fugiu no último dia (06/06) da 
Colônia Penal Agrícola de Sousa, José Aparecido Soares, o “Cidão” natural da cidade 
de São Bentinho e outro suspeito João Júnior Pedrosa, conhecido por “Buchada”, 25 
anos, residente próximo a empresa Coleite no Jardim Sorrilandia II, mobilizaram 
quase todo efetivo do 14º. BPM, além de policiais de outras cidades, onde os bandidos 
invadiram a casa do comerciante Marcelo Nogueira Lins, conhecido como "Marcelo 
da Kaiser", localizada no alto Capanema, ao lado da CAGEPA com intuito de realizar 
um assalto, momento que comerciante ouviu vozes estranhas (dos bandidos) no 
interior da casa e resolveu sair da casa sem que os acusados percebessem e em 
seguida acionou a polícia. 
Uma guarnição do trânsito que estava realizando rondas de rotina pela 
localidade imediatamente se deslocou até casa do comerciante juntamente com uma 
guarnição do Choque, onde os bandidos ao avistar os militares tentaram fugiu em um 
 
 
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carro pertencente à vítima, mas não obtiveram êxito sendo obrigado a retornarem ao 
interior da casa fazendo a esposa do comerciante e uma funcionária como refém. 
A polícia cercou toda a casa e o quarteirão, em seguida passou a negociar com 
os causados por cerca de três horas, que só resolveram se entregarem na presença 
de seus advogados. Os acuados foram presos e encaminhados até a delegacia local 
e apresentados ao delegado plantonista para serem adotadas as medidas cabíveis. 
A redação do Sertão Informado obteve informações exclusivas de pessoas 
ligadas a família, que revelaram que há mais de 40 dias os bandidos vinham 
circulando a casa do comerciante para analisar a rotina da dos moradores e 
consequentemente montar o plano delituoso que foi executado e frustrado na manhã 
de hoje. 
Segundo informações, os elementos são acusados de praticarem outros delitos 
na região, a exemplo do assalto aos sacoleiros da cidade de Cajazeiras que foram 
interceptados e roubados nas proximidades da Serra do Tigre, há poucos quilômetros 
do município de Aparecida. A polícia continua investigando o caso com a incumbência 
de saber se outras pessoas fazem parte do bando que agia na região. 
Matéria divulgada à época na mídia local e no site 
http://www.sertaoinformado.com.br/. 
 
Analisando: Trata-se do Nível 01 – Foram utilizados apenas recursos 
policiais locais. 
 
CASO 2 - Dupla assalta bar e mantém seis pessoas reféns durante sete horas 
Setembro 17, 2005 - 20:24 
O estudante Otávio Almeida Mesquita Neto, 19 anos, residente no Conjunto 
Mangabeira e o desempregado Lucivan de Souza Rocha, 22 anos, solteiro, residente 
no Conjunto José Américo, foram presos no início por volta das 6h30 deste sábado 
(17), depois de terem assaltado e feito seis pessoas como reféns. O fato aconteceu 
no bar “Bar te papo” localizado na rua José Firmino Ferreira, no bairro de Água Fria, 
João Pessoa. 
http://www.sertaoinformado.com.br/
 
 
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O assalto começou por volta 23h40 da sexta-feira (16) quando foram feitos os 
reféns. Os acusados fizeram como reféns os estudantes Gino Massarini Bezerra 
Veras, 22 anos, Armando Duarte Marinho Júnior, 25 anos, Igor Bergson Morais 
Vasconcelos, 23 anos, as funcionárias do bar Maria da Conceição de Oliveira Tito, 37 
anos, Maria de Lourdes Alves Brito e Luciano Xavier da Silva, 36 anos. Maria da 
Conceição inclusive passou mais de seis horas mantida refém e com um revólver 
Taurus, calibre 38, acervo da Secretaria da Segurança, com seis balas duas delas 
pinadas. 
Tudo começou quando os policiais militares do 5º Batalhão, comandados pelo 
sargento Adriano, estavam de rondas na viatura 0733, por volta das 23h40 passavam 
em frente ao “Bar te papo”, na rua José Firmino Ferreira, notaram que algo estranho 
estava acontecendo, pois viu quando pessoas entraram apressadas para o interior, 
no entanto não havia nenhum freguês nas mesas. Como havia passado pouco antes 
e teve sua atenção despertada para duas pessoas ambas vestindo camisa polo e 
calça jeans que ao ver a viatura ficaram nervosos, as suspeitas do militar aumentaram, 
e acionou a sirene da viatura várias vezes para chamar a atenção dos funcionários do 
bar, mas não obteve resposta, tudo permaneceu em silêncio. 
O sargento Adriano parou a viatura em frente ao bar, desceu e caminhou sem 
fazer barulho, foi quando escutou vozes de pessoas do interior, colocou o ouvido na 
porta, foi quando escutou alguém falar que ninguém alarmasse, que tudo sairia bem. 
Foi aí que o sargento descobriu que se tratava de um assalto com reféns. Retornou a 
viatura, através do rádio comunicação avisou sobre o que estava se passando e pediu 
apoio. As viaturas 0781, 0782, comandadas pelo tenente Rodrigues, Oficial de Dia do 
5º BPM, e a 0644, está última do Grupo de Apoio Tático Especial – Gate, comandada 
pelo capitão Onivan, e mais as ambulâncias AA-29 e AA-30, do Corpo de Bombeiros, 
os delegados Flávio Travassos Sarinho e Lean Matheus, de plantões nas 11ª e 4ª 
Delegacias Distritais, chegaram ao local pouco tempo depois, imediatamente foram 
iniciadas as negociações para liberar as vítimas. O secretário Harrison Targino, da 
Defesa Social, o coronel Lima Irmão, Comandante Geral da PM, o coronel Kelson de 
Assis Chaves, subcomandante Geral da PM, foram avisados sobre o assalto com seis 
reféns, imediatamente se deslocaram até o bar “Bar te Papo”. Por volta de 1h, da 
refém Maria de Lourdes, começou a passar mal, e foi à outra refém Maria da 
Conceição que negociou com os dois acusados a liberação da refém. Lourdes foi a 
 
 
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primeira a ser liberada, recebeu o primeiro atendimento médico pelos paramédicos do 
Corpo de Bombeiros, em seguida foi encaminhada ao Hospital. Por volta das 2h, 
Otávio Neto e Lucivan de Souza, exigiram a presença da Imprensa, dando sinal de 
quem iriam liberar os cinco reféns. Uma equipe da TV CORREIO foi acionada e 
chegou ao bar pouco tempo depois, e as negociações comandadas pelo capitão 
Onivan, prosseguiram e às 6h30, depois que o último refém foi liberado, os dois 
acusados foram presos. Com eles o sargento Adriano apreendeu o revólver Taurus, 
uma faca-peixeira, a importância de R$ 100 e os dois telefones celulares pertencentes 
às vítimas com os quais eles mantiveram contatos com seus familiares, advogados e 
com a equipe da TV CORREIO. Otávio Mesquita Neto e Lucivan de Souza, juntamente 
com os seus reféns foram levados para a 9ª Delegacia Distrital, do Conjunto 
Mangabeira, onde foram autuados em flagrante delito pelo delegado Carlos Alberto 
do Nascimento. Depois das formalidades legais, os dois acusados foram transferidos 
para a Central de Polícia, e na segunda-feira (19) serão transferidos para um dos 
presídios da Capital. 
Matéria divulgada à época na mídia local. 
 
Analisando: Trata-se do Nível 03 – Foram utilizados recursos especiais, 
acrescidos de recursos de outras esferas/níveis de governo. 
 
CASO 3 - Após quatro dias, militares de Israel deixam resgate em Brumadinho 
130 soldados e oficiais israelenses retornam a seu país nesta quinta-feira após críticas 
à efetividade dos equipamentos trazidos. Por Da Redação - Atualizado em 30 jul. 
2020, 19h56 - Publicado em 31 jan. 2019, 08h40. 
Quatro dias depois de chegarem ao Brasil para oferecer apoio às operações de 
resgate e localização de vítimas do rompimento de uma barragem da Vale em 
Brumadinho, as Forçasde Defesa de Israel voltarão a seu país nesta quinta-feira, às 
15h. A equipe de cerca de 130 soldados e oficiais israelenses desembarcou domingo 
à noite. 
Segundo a Casa Civil da Presidência da República, o retorno dos israelenses 
já era previsto. Logo após o início dos trabalhos, o embaixador de Israel no Brasil, 
 
 
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Yossi Shelly, disse que não havia prazo para a permanência do Exército israelense 
no auxílio à busca de pessoas desaparecidas na tragédia. “Estaremos aqui enquanto 
tivermos utilidade”, disse o coronel Colan Vach, que comanda a missão. 
Os militares israelenses começaram a trabalhar na segunda-feira e logo foram 
informados de declarações do comandante das operações de resgate, tenente-
coronel Eduardo Ângelo, de que os equipamentos trazidos de Israel para Brumadinho 
(MG) não eram efetivos para esse tipo de desastre. 
Eduardo Ângelo referia-se à câmera térmica usada pelos israelenses para 
encontrar pessoas soterradas. “Eu ouvi que as câmeras térmicas não teriam uso, mas 
nós trouxemos todo o nosso equipamento. Ele pode ser muito útil, mas, neste caso, 
na maioria das vezes, não foi necessário”, reconheceu Vach, salientando que trabalha 
com outros equipamentos de busca e resgate. 
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/apos-quatro-dias-militares-de-israel-
deixam-resgate-em-brumadinho/>. Acesso: 07 out. 2020 
 
Analisando: Trata-se do Nível 04 – Foram utilizados recursos especiais, 
acrescidos de recursos de outras esferas/níveis de governo, além de recursos de 
outro país. 
 
 
 
 
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Aula 4 - Tipologia dos causadores de eventos críticos 
(CEC) 
 
Compreender a tipologia dos Causadores de Eventos Críticos (CEC) auxilia o 
tomador de decisão no sentido de designar estratégias de atuação, principalmente no 
tocante as ferramentas de negociação, a todos que estão envolvidos na(s) área(s) 
crítica(s). Obviamente, os desastres “naturais” que foram provocados por uma ação 
humana, o responsável pela eclosão da crise não será objeto deste conteúdo. 
Assim, Silva e Roncaglio (2020, p. 13) afirmam que existem quatro tipos de 
causadores de evento crítico: “criminosos, mentalmente perturbados, terroristas 
e presos rebelados.” 
 
 
CRIMINOSO 
A característica principal é que a motivação para gerar 
um incidente crítico é uma ação ilícita. Nos casos em que 
geram a presença de reféns, podem ser oriundos de uma 
extorsão mediante sequestro ou outro crime que foi 
frustrado pela presença em flagrante da polícia ou outro 
fator. 
 
 
 
MENTALMENTE PERTURBARDO 
Pode-se dizer que os mentalmente perturbados 
geradores de incidentes críticos ou crises aglutinam 
uma variedade de motivações a exemplo de presença 
de transtornos mentais, abalos emocionais súbitos e 
abusos de substâncias lícitas ou ilícitas (SILVA e 
RONCAGLIO, 2020). 
Figura 12: Criminoso 
Fonte: Canva 
Figura 13: Mentalmente Perturbado 
Fonte: Canva 
 
 
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TERRORISTA 
As motivações para iniciarem um incidente crítico ou 
crise por parte dessa tipologia de causadores, são 
complexas e variadas, passando pelo fanatismo 
político, religioso ideológico ou social, buscando 
causar instabilidades nos governos, causar medo e 
pânico na população em geral ou ainda dar ampla 
visibilidade a uma causa específica ((SILVA e 
RONCAGLIO, 2020). 
 
 
PRESOS REBELADOS 
Embora o preso já esteja nessa condição por ter 
praticado um ato criminoso devidamente processado 
e julgado, é importante destacar que o perfil das 
exigências e atitudes serão diferenciadas, bem como 
o processo de gestão considerando que esses já 
estão devidamente em área crítica confinada e 
isolada. Outro ponto a destacar é que as exigências e 
estratégicas de negociação, em geral, também terão 
características próprias. Roncaglio (2017, p. 24 apud 
SILVA e RONCAGLIO, 2020) afirma que os presos rebelados são “indivíduos que 
geram crises em virtude das especificidades da vida em cárcere, podendo ou não 
apresentar alterações comportamentais e/ou adotar ações com características 
terroristas.” 
 
Seja qual for o tipo do causador do evento crítico, deve-se evitar, no curso da 
negociação, a adoção de posturas estereotipadas com relação à tipologia e à 
motivação. 
 
Figura 14: Terrorista 
Fonte: Canva 
Figura 15: Presos Rebelados 
Fonte: Canva 
 
 
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A classificação aqui apresentada, a par de suas imperfeições, deve servir 
apenas como um ponto de orientação na diagnose dos tomadores de reféns, dado o 
papel primordial que eles desempenham no processo de negociação. 
 
Com base no conteúdo acima, veja os casos abaixo conforme a tipologia dos 
causadores do evento crítico: 
CASO 1: Assaltantes se entregam à polícia depois de fazerem família refém no 
Bairro dos Estados 
Dois assaltantes criaram pânico numa residência da avenida Sergipe, no Bairro 
dos Estados, mantendo refém uma família de três pessoas, segundo as informações 
iniciais. O capitão Onivan e o capitão Barros anunciaram o fim da crise com a 
negociação, rendição dos delinquentes e a libertação da família. 
O fato começou por volta das 17h30, quando o homem realizou um assalto na 
avenida Alagoas. Ao tentar fugir, foi de encontro a uma viatura da PM e acabou 
entrando em uma residência, onde rendeu todos os moradores. 
Ainda não se sabe as condições estabelecidas pelo homem para libertar a 
família refém. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu estão no local para prestar 
socorro imediato. O secretário Harrison Targino (Segurança Pública) e agentes estão 
de plantão para capturar o sequestrador. 
Matéria divulgada à época na mídia local. 
 
Analisando: Trata-se do CRIMINOSO – A ação principal que gerou a crise foi o 
assalto. 
 
CASO 2: Jovens queimam colchões e fazem refém em rebelião no CEA 
Henriqueta Santiago 
O educador Dorgival Leoni Dias Moraes ficou como refém por quase uma hora, 
durante uma rebelião no Centro Educacional do Adolescente (CEA), localizado no 
bairro Jardim Cidade Universitária, em João Pessoa. Três alojamentos foram 
 
 
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danificados, vários colchões queimados e um aparelho de TV foi destruído. 
Aproximadamente 100 menores das alas "B" e "C" participaram da rebelião, que teve 
início às 8h30. 
Viaturas do 5º Batalhão de Polícia Militar, policiais da cavalaria e equipes do 
Grupo de Ações Táticas Especiais da PM (Gate) foram ao local para conter a rebelião. 
Segundo a Polícia, os menores queriam fugir. A fuga foi evitada e ninguém saiu ferido. 
Policiais do Corpo de Bombeiros também foram ao local para apagar o fogo. 
De acordo com o comandante do Gate, capitão Onivan Elias de Oliveira, tudo 
começou quando 50 internos da ala "C" (onde ficam os maiores de 18 anos) se 
rebelaram. Em seguida, mais 48 menores da ala "B" também entraram na confusão. 
Eles queriam fugir, mas foram impedidos por um forte esquema de segurança, 
montado pela PM. 
 
Ação da PM evita fuga 
Segundo o comandante do Gate da Polícia Militar, capitão Onivan Elias de 
Oliveira, os menores não fizeram nenhuma reivindicação. "Eles queriam fugir. 
Cercamos o local e os educadores do Centro Educacional do Adolescente entraram 
nos alojamentos e conseguiram conter os menores. Ninguém fugiu, nem saiu ferido e 
eles não apresentaram reivindicações", afirmou. 
Mesmo depois que a situação foi controlada, vários policiais permaneceram de 
plantão, em frente ao Centro Educacional, como medida preventiva. 
Disponível em: <http://www.pm.pb.gov.br/newsite/gate/manchete/28.html>. Acesso 
em: 20 fev. 2018. 
 
Analisando: Trata-se do PRESO REBELADO: Com devida observação que no 
caso 02, tratava-se de menores infratores. 
 
CASO 3: Corretor que ameaçava se matar é imobilizado e salvo pela Polícia 
Da Redação, com informações de Flavio Asevedo, do CORREIO - Segunda, 10 de 
Agosto de 2009 - 16h54. 
 
 
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O corretor de imóveis Agnaldo Almeida Costa, de 45 anos, que estava há cerca 
de três horas com duas facas ameaçando

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