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GERENCIAMENTO DE RISCOS E CRISES PROFESSORA Me. Fernanda Julie Parra Fernandes Rufino ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2343 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. MELLO, Karyna Buhler de. Gerenciamento de Riscos e Crises. Fernanda Julie Parra Fernandes Rufino. Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 192 p. “Graduação - EaD”. 1. Gerenciamento 2. Riscos 3. Crises. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Renata Cristina Souza Chatalov Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Bruna Stefane Martins Marconato Jean Carlos Cedemachi Nogueira Design Educacional Jociane Karise Benedett Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 658.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-066-6 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contra- tos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Me. Fernanda Julie Parra Fernandes Rufino Mestre no Curso de Ciências Jurídicas do Centro Universitário de Maringá (Unicesu- mar). Especialista em Segurança Pública e em Direito Administrativo, pela Faculdade Campos Elíseos. Pós-graduanda em Docência no Ensino Superior, pelo Instituto Pe- dagógico de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Possui Curso de Extensão e Aperfeiçoamento em Docência no Ensino Superior pela WR Educacional e pela Faculdade Campos Elíseos. Mediadora no CE- JUSC- Extensão Unicesumar. Professora na Unicesumar na graduação de Gestão em Segurança Privada. Professora, na graduação em Direito, de Direito Constitucional, da Unifamma. Professora na pós-graduação em Direito Digital e Segurança Pública da Unifamma. Policial Militar lotada na Escola de Formação da PMPR em Maringá. http://lattes.cnpq.br/7867304750238505 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A GERENCIAMENTO DE RISCOS E CRISES Prezado(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro Gerenciamento de Riscos e Crises. O conteúdo do livro foi escolhido com muita atenção para que você possa se desenvolver e qualificar ao longo do curso, e o foco aqui é a sua formação crítica sobre os assuntos propostos. Sendo assim, as unidades do livro foram dispostas de maneira que o conteúdo seja exposto, linear- mente, ou seja, partindo dos conhecimentos básicos para os mais específicos, a fim de que você tenha maior facilidade na aprendizagem. Na Unidade 1, “Noções sobre o gerenciamento de crises e riscos”, o objetivo é conhecer os primeiros aspectos quando se pensa em gerenciamento de crises. Estudaremos o conceito e as características de uma crise. Em seguida, analisaremos questões iniciais do processo de Gerenciamento de Crises e Riscos. Ao final da unidade, aprenderemos a Primeira Intervenção em Crises, a qual você e seus agentes utilizarão no que lhe for cabível. Seguindo para a Unidade 2, “O Processo de Negociação”, conheceremos uma parte impor- tante que integra o processo de gerenciamento de um crime, especificamente, o processo de negociação. Aprenderemos aspectos gerais e nos aprofundaremos na competência e atribuição do negociador bem como quais são as estratégias utilizadas para promover uma negociação que alcance resultado aceitável. Na Unidade 3, “Aspectos operacionais do gerenciamento de crises”, o nosso objetivo é que você conheça como se organiza o cenário em volta da crise, como: onde devem ficar a im- prensa e os familiares do Causador do Evento Crítico ou dos reféns e/ou vítimas. Além da utilização de armamento não letal e letal durante a crise e o acionamento do grupo tático para realizar a invasão no ponto crítico. Querido(a) aluno(a), para que você obtenha conhecimentos fundamentais sobre o Gerencia- mento de Crises e Riscos, na Unidade 4, “Aspectos Relacionados ao Causador do Evento Crítico”, analisaremos seus tipos bem como a forma de contato que deve ser realizado pelo negociador com o CEC. Ao final, serão expostas algumas considerações importantes sobre a influência do Causador do Evento Crítico nas vítimas e/ou reféns, em especial, a Síndrome de Estocolmo. Finalizando o livro, na Unidade 5, “Gerenciamento de Crises na Segurança Empresarial”, o obje- tivo é que você complemente o estudo do gerenciamento de crises, com o estudo acerca das crises envolvendo artefatos explosivos. Em seguida, analisaremos o gerenciamento de crises sob o aspecto da comunicação, o qual envolve, diretamente, a imagem e a credibilidade da Empresa de Segurança Privada. Por fim, analisaremos a importância do Gestor da Segurança Privada no gerenciamento de crises e riscos. Conte conosco nesta caminhada rumo ao conhecimento! Bons estudos! ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro,você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO NOÇÕES SOBRE GERENCIAMENTO DE RISCOS E CRISES 8 O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO 50 82 ASPECTOS OPERACIONAIS DO GERENCIAMENTO DE CRISES 116 ASPECTOS RELACIONADOS AO CAUSADOR DO EVENTO CRÍTICO 150 GERENCIAMENTO DE CRISES NA SEGURANÇA EMPRESARIAL 184 CONCLUSÃO GERAL 1 NOÇÕES SOBRE GERENCIAMENTO DE riscos e crises PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: Conceitos e características de crise • gerenciamento de crises • Primeira Intervenção em Crises OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apresentar os conceitos de crises e suas características • Apresentar as noções de gerenciamento de crises • Analisar as dez fases da doutrina da Primeira Intervenção em Crises. PROFESSORA Me. Fernanda Julie Parra Fernandes Rufino INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade, estudaremos um tema de suma impor- tância para qualquer profissional da área da segurança, o gerenciamento de riscos e crises. Inicialmente, analisaremos o conceito e as características de crise, para que o gestor da segurança privada ou os agentes que estão executando o plano de segurança consigam identificar se a situação com a qual se depararam é uma crise que necessita do tratamento adequado. Em seguida, estudaremos o gerenciamento de crises, proporcionando- -lhe noções gerais sobre o assunto. Ressaltamos que não é o nosso intuito destrinchar a doutrina do gerenciamento de crises, tendo em vista que isso será desempenhado pelos órgãos da Segurança Pública. Nesta aula, verifi- caremos alguns critérios técnicos utilizados no gerenciamento dos riscos e crises, além de analisarmos os graus de riscos e os níveis de respostas que devem ser empregadas de acordo com cada crise. Por fim, estudaremos a doutrina da “Primeira Intervenção em Crises”, que, apesar de ser uma doutrina criada e utilizada por órgão da Segurança Pública, pode, no que é cabível, ser utilizada pelo gestor e pelo agente da segurança privada, a fim de evitar aumentar, ainda mais, o nível da crise e, como objetivo principal, preservar vidas. O estudo desta unidade é de suma importância, pois as ocorrências que envolvem uma crise têm aumentado ao longo dos anos e qualquer agente da segurança privada pode deparar-se com tal ocorrência e deve estar apto para proceder com a resposta adequada. Inclusive, durante a prestação do serviço de segurança privada, os agentes podem ter que lidar com uma situação em que um VIP (Very Important Person - Pessoa Muito Importante) foi tomado como refém, logo, é importante que eles ajam de maneira técnica, para não tomar nenhuma atitude que coloque em risco a vida do VIP. U N ID A D E 1 10 1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS de crise Caro(a) aluno(a), para aprendermos como gerenciar riscos e crises, é primordial que saibamos alguns conceitos relacionados a este tema, por exemplo, o conceito de crise, a fim de que o gestor da segurança consiga constatar, com facilidade, se aquela situação enquadra-se em uma, pois, como veremos adiante, as respostas para riscos e crises são bem específicas, a fim de que a situação seja resolvida da melhor forma. Você pode se perguntar: por que devo estudar os conceitos e características do gerenciamento de crises? Monteiro et al. (2008, p. 11) menciona que precisamos estar preparados, nos antecipar, porque “toda crise é um evento não-seletivo e inesperado”. Silva (2015, p. 33) segue o mesmo entendimento, mencionando que “ninguém está imune à ocorrência de uma crise em sua área de atuação e tam-pouco pode prever quando determinado evento ocorrerá”. Agora que entendemos a importância do estudo sobre os conceitos relacio- nados com o gerenciamento de crises, passamos ao estudo do conceito específico da palavra crise. Nesse sentido, podemos aprender muito com a lição de Silva (2015) que, em seus dizeres, menciona: U N IC ES U M A R 11 “ As crises como o próprio nome já diz, são situações complicadas e difíceis de serem atendidas. Entretanto, técnicas básicas, como por exemplo, se manter em local seguro, utilizar os equipamentos de segurança adequados, ou ainda, tentar diminuir o estresse da situa- ção, podem fazer a diferença entre a vida e a morte dos envolvidos (SILVA, 2015, p. 25). Em outras palavras, podemos entender a crise como momentos que fogem das ocorrências rotineiras, situações que não se resolvem com respostas rápidas e superficiais, por exemplo, um roubo mediante sequestro, em que não há como se resolver sem a verificação e o planejamento da resposta que será dada. A palavra crise vem do termo latino “crisis”, oriundo do grego, que, por sua vez, foi her- dado da raiz indo-europeia “ker” ou “sker”, que significa “cortar”, e que daria, mais tarde, origem a palavras como “critério”. Fonte: adaptado de Salignac (2011, p. 21). conceituando Além disso, Silva (2015) ensina-nos que existem técnicas básicas para realizar o gerenciamento de uma crise, e que isso pode ser um fator determinante em re- lação à vida de todos os envolvidos, seja a vítima, sejamos agentes de segurança, seja o Causador do Evento Crítico (CEC). A seguir, podemos verificar alguns exemplos de situações que se enquadram no conceito de crises: “ a- Roubos ou outros crimes frustrados com a tomada de reféns; b- Extorsões mediante sequestro; c- Rebeliões com reféns em estabelecimentos prisionais, unidades de internação, cadeias públicas ou delegacias; d- Mentalmente perturbados, barricadas ou não, com toma- da de vítimas, reféns ou sozinho; U N ID A D E 1 12 É importante lembrá-lo(a) que todos estamos expostos a tais situações, sendo assim, o gestor de segurança deve conhecer o conceito de crise para que possa tomar as decisões necessárias. Nesse sentido, Monteiro et al. (2008, p. 9) aludem que a “crise está relacionada com um evento em que devem ser tomadas ações específicas para que a resposta seja adequada, a fim de que se chegue a uma “so- lução aceitável”. Aquele que se empenha a resolver as dificuldades, resolve-as antes que elas surjam. Aquele que se ultrapassa a vencer os inimigos, triunfa antes que as suas ameaças se concretizem. (Sun Tzu) pensando juntos “ e- Criminosos sozinhos e barricados contra ação da polícia; f- Movimentos sociais ou grupos sociais específicos (como índios, por exemplo) com a tomada de reféns ou vítimas; g- Tentativas de suicídios; h- Ocorrências que envolvem artefatos explosivos; i- Ações terroristas (atentados ou tomadas de reféns ou vítimas); j- Atiradores em posição privilegiada ou no interior de escolas, universidades ou qualquer outro estabeleci- mento público ou privado atirando em alvos aleatórios (os chamados “atiradores ativos”); k- Tomada de aeronaves por criminosos mentalmente perturbados ou terroristas; l- Acidentes de grandes proporções (SILVA, 2015, p. 29). U N IC ES U M A R 13 A crise é, normalmente, um momento em que surgem muitas dúvidas e incer- tezas, é um momento em que todas as ações são extremamente importantes e decisivas para o sucesso ou insucesso do gerenciamento da crise (SILVA, 2015). Além do conceito de crise, o gestor da segurança deve conhecer outros con- ceitos relacionados com o gerenciamento de riscos e crises, como “Evento ou situação crucial”: “ significa algo “crítico”, “decisivo”, “grave”, “muito importante”. Essa ex-pressão, portanto, significa que numa crise há pessoas na iminência de serem mortas, ou seja, o risco para elas é real e presente. É o caso das pessoasmantidas como reféns ou vítimas por indivíduos por quaisquer motivações, ou até mesmo os indivíduos suicidas quando encontrados no ensaio final para a morte (tentativa de suicídio) (SILVA, 2015, p. 37). O conceito apresentado ajuda-nos a complementar o entendimento sobre situa- ções de riscos e crises. Como visto, em uma situação crucial, há, normalmente, um risco iminente e gravíssimo para pessoas que estão envolvidas na ocorrência. Importante destacar que as crises podem apresentar algumas características típi- cas. Vejamos a Figura 1 a seguir: U N ID A D E 1 14 Como se vê, as crises apresentam características peculiares e, ao gerenciar a crise, o responsável deverá não só se atentar ao CEC (Causador do Evento Crítico), mas também a outros elementos que, normalmente, envolvem a crise, como a presença de curiosos e da imprensa. Outro conceito importante é o que Silva (2015) chama de “resposta espe- cial”, ao mencionar que, para o atendimento de uma crise, devem ser empre- gados agentes com qualificação especial para tais situações. Silva (2015) ainda expõe alguns exemplos de grupos que, normalmente, são utilizados para geren- ciar as crises, como: equipes de negociação, grupos de intervenção e atirado- res de precisão. Este aspecto não pode ser negligenciado, pois, “ao contrário, o risco para as pessoas inocentes ameaçadas se potencializa significativamente” (SILVA, 2015, p. 37). Por conseguinte, há o conceito de “solução aceitável” no gerenciamento de riscos e crises, o qual está relacionado, diretamente, com os aspectos legais, morais Figura 1 - Situação crucial / Fonte: adaptada de Salignac (2011, p. 22). Necessidade de muitos recursos para sua solução. É um evento caótico, de baixa probabilidade de ocorrência, mas graves consequências. Acompanhamento próximo e detalhado, tanto pelas autoridades como pela comunidade e pela mídia. Necessidade de muitos recursos para sua solução. É um evento caótico, de baixa probabilidade de ocorrência, mas graves consequências. Acompanhamento próximo e detalhado, tanto pelas autoridades como pela comunidade e pela mídia. U N IC ES U M A R 15 ou éticos. Nesse sentido, temos que ter em mente que a solução a ser alcançada é a garantia da vida e da dignidade de todos os envolvidos da crise, a vítima, os agentes e, inclusive, o CEC. Ressalta-se que, ao contrário do que muitos pensam, o gerenciamento de crises e riscos visa à melhor solução cabível que inclui a “preservação da vida de todos os envolvidos, mesmo que, infelizmente, isso, por vezes, não ocorra, pois em algumas situações a morte do CEC é inevitável para salvaguardar a vida das vítimas da situação” (SILVA, 2015, p. 39). Outro conceito importante, de ponto crítico, pode ser entendido como “o local onde se instalou a crise, ou seja, onde está localizado o causador do evento, com o sem reféns ou vítimas” (SILVA, 2015, p. 39), ou ainda, como “todo o espaço físico controlado pelo CEC, onde ele tem acesso e pode modificar sua estrutura” (SILVA, 2015, p. 39). Sobre o ponto crítico, é importante sabermos que ele é um elemento crucial no gerenciamento de riscos e crises, pois dele se pode ter infor- mações importantíssimas que serão utilizadas no planejamento do processo de gerenciamento (SILVA, 2015). Como já mencionamos anteriormente, no evento crítico, há o causador do evento crítico – o CEC, a partir deste momento, falaremos um pouco sobre este. Silva ensina-nos que “de maneira genérica, Causador do Evento Crítico (CEC) é todo aquele que dá causa a um evento crítico. Sua motivação pode ser a mais variada possível, entre elas, manter reféns após crimes frustrados” (SILVA, 2015, p. 40). Ele também pode ser denominado “provocador do evento crítico” (PEC) (SALIGNAC, 2011, p. 16). Além disso, importante destacar que o CEC pode ser enquadrado em três tipos específicos: 1) indivíduos que cometem crimes, ou seja, “criminosos”; 2) indivíduos que cometem atentados terroristas e 3) indivíduos com algum tipo de perturbação mental; sendo assim, você pode verificar que não é todo CEC que se enquadra como criminoso, pois há situações em que uma pessoa comum, porém em surto, poderá ser o Causador do Evento Crítico que você deverá gerenciar (SILVA, 2015). Os termos “provocadores” ou “perpetradores” podem ser considerados sinônimos de “causadores” do evento crítico. Fonte: Silva (2015, p. 45). conceituando U N ID A D E 1 16 Continuando com os conceitos importantes relacionados ao gerenciamento de riscos e crises, temos o conceito de “refém” que difere do conceito de “vítima”. No primeiro caso, podemos entender que “é a pessoa mantida pelo CEC para garantir o cumprimento de determinadas ações” (SILVA, 2015, p. 41). Para Sa- lignac (2011, p. 16), “um refém será moeda valiosa para seu captor, que dele se valerá para garantir sua incolumidade física, a possibilidade de fuga ou obtenção de vantagens (...)”. Em outras palavras, o refém é aquela pessoa que o CEC utiliza para concreti- zar outras ações, como em uma situação de extorsão mediante sequestro, em que o CEC deseja alcançar bens materiais, como dinheiro. Além disso, Silva (2015) ensina que o CEC pode ser utilizado como objeto de troca em uma situação de gerenciamento de crises. Importante destacar que o refém, normalmente, não tem nenhum vínculo anterior com o CEC, ao contrário da vítima que, em sua maioria, possui algum tipo de vínculo, como veremos a seguir (SILVA, 2015). Em relação ao conceito de vítima, cumpre destacar os ensinamentos de Salignac (2011, p. 16): “ “Vítimas” formam uma categoria que diz respeito àquelas pessoas capturadas e que não têm valor para os captores, sendo antes um objeto de seu ódio: o captor busca a eliminação física dessas pessoas ou danos à sua integridade. Uma vítima não tem outro valor para quem a captura, exceto da realização dos desejos de seu captor. Nesse sentido, podemos entender que situações que envolvem vítimas deman- dam respostas diferenciadas de situações que envolvem reféns, pois, como já mencionado, a vítima, normalmente, tem um vínculo com o CEC, por exemplo, um casal ou ex-casal, e, ainda, situações que envolvem o sentimento de vingança (SILVA, 2015). Com isso, podemos concluir que o CEC dificilmente negociará a vítima, pois ele tem um interesse especial pela pessoa que ela representa, e isso aumenta o risco de sofrer agressões físicas ou, até mesmo, que seja vítima de homicídio por parte do CEC. Um exemplo de ocorrência de crise que envolveu tanto vítima quanto refém foi a situação ocorrida em 2008, no Brasil, a qual ficou mais conhecida como o “Caso Eloá”, em que Lindemberg (ex-namorado da vítima Eloá) invadiu o apar- tamento em que ela estava com outros amigos, dentre eles, sua amiga Nayara. O U N IC ES U M A R 17 desfecho da história foi trágico, mas, para nós, neste momento, fica o exemplo de uma crise em que havia a presença de uma vítima (Eloá), pois tinha um vínculo anterior com o CEC, e também, uma refém (Nayara) que, apesar de conhecer o CEC, por ser namorado de sua amiga, não tinha um vínculo específico, inclusive, na situação ela foi liberada, inicialmente, pelo CEC, pois o foco dele era a ex-na- morada, que não era nem negociável, nem trocável (SILVA, 2015). É importante saber que o CEC, quando tem em sua posse uma vítima, caso ele pratique homicídio contra ela, tem grandes chances de se suicidar em segui- da. Ao contrário do CEC que está com um refém, pois seu intuito é conseguir algo além daquela situação, logo, ele preza por sua vida (SILVA, 2015). Portanto, lembre-se: qualquer um pode se tornar refém de uma situação, mas somente aqueles que têm um vínculo anterior com o CEC podem se tornar vítimas. E o gestor da segurança, ao se deparar com a crise, deve realizar a análise e perceber se está diante de uma ocorrência em que envolve um refém ou vítima, pois isso influenciará nos procedimentos que serão adotados no gerenciamento da crise. U N ID A D E1 18 2 GERENCIAMENTOde crises A doutrina de Gerenciamento de Crises tem sua origem nos Estados Unidos, a partir dos anos 60, e chegou ao Brasil, em meados da década de 1980, pelo Departamento de Polícia Federal. Os norte-americanos, ao longo de quatro décadas, formularam os princípios e técnicas que até hoje são utilizadas para a resolução dos eventos críticos em vários países. Fonte: Silva (2015, p. 29). explorando Ideias Caro(a) aluno(a), agora que estudamos alguns conceitos importantes relacio- nados com o gerenciamento de crises, adentraremos o estudo do processo de gerenciar as mesmas. Como vimos, existem algumas ocorrências/situações que se enquadram no conceito de crises, como um roubo frustrado com a tomada de reféns. Sabemos que essas situações demandam uma resposta especial que será dada por meio do processo de gerenciamento de riscos e crises. Nesse sentido, Silva (2015, p. 29) menciona que “para o atendimento de tais ocorrências foi es- tabelecido o processo denominado Gerenciamento de Crises (GC), amplamente difundido pelas corporações policiais do Brasil e do mundo”. Ângelo Oliveira Salignac que, em meados de 1980, frequentou diversos cursos sobre Negociação e Gerenciamento de Crises, nos Estados Unidos, dentre os de- partamentos em que estudou, passou pelo Departamento de Estado do Governo U N IC ES U M A R 19 Norte-Americano e pelo FBI, tornando-se um especialista no assunto e passou a atuar como Negociador do Departamento da Polícia Federal no Comando de Operações Táticas. Além disso, Salignac passou a ministrar cursos no Brasil, a fim de disseminar o assunto para evitar os erros que, normalmente, eram cometidos no país perante uma situação de crise ou risco (SALIGNAC, 2011). Antes de a doutrina do gerenciamento chegar ao Brasil, as crises eram resol- vidas com base no “jeitinho brasileiro”. Nesse sentido, Salignac menciona que “ O gerenciamento de crises vinha sendo realizado de forma casuís-tica, confiado que estava à notória capacidade de improvisação, chamado “bom-senso”, ao “jeitinho” ou à habilidade individual do policial encarregado de solucionar as situações crise - eventos cuja ocorrência era pouco mais que episódica dentro da realidade cri- minal brasileira (SALIGNAC, 2011, p. 19). Por isso a importância de estudarmos o assunto, para tentar evitar ao máximo erros, principalmente, considerando que o GC tem o intuito de proteger e salvar vidas. Dessa forma, é preciso pautar-se em técnicas específicas, e não no empi- rismo (experiência). Apesar de esse processo de GC ser, normalmente, utilizado por corporações policiais, o gestor da segurança privada também deve conhecer este procedi- mento, pois, como já vimos, qualquer um pode se deparar com uma situação de risco ou crise, e você, como gestor da segurança privada, deve se antecipar e se qualificar para que tenha condições de agir corretamente. Nesse sentido, Silva (2015) defende a utilização do “princípio da antecipação” e fundamenta no sentido de que “ por ser a atividade de Gerenciamento de Crises extremamente com-plexa, o preparo dos envolvidos deve ser regido pelo princípio da antecipação, ou seja, agir antes do fato com o intuito de minimizar a surpresa de uma eventual ocorrência e os desgastes gerados por ela (SILVA, 2015, p. 33). U N ID A D E 1 20 Sendo assim, aquele que se prepara, antecipadamente, terá mais chances de suces- so quando estiver diante do gerenciamento de uma crise. Em seguida, passemos para o conceito de gerenciamento de crises, que Monteiro et al. (2008) concei- tuam como um “ processo eficaz de identificar, obter e aplicar em conformidade com a legislação vigente, as medidas estratégicas adequadas para a reso-lução do evento crucial, a fim de preservar a vida e a integridade física dos envolvidos, a aplicação da lei e o restabelecimento da or- dem pública (MONTEIRO et al., 2008, p. 10). Em outras palavras, o gerenciamento de crises é uma atividade em que será possí- vel colher as informações necessárias para planejar e executar a resposta especial que a crise demanda, visando uma solução aceitável que, como já vimos, visa à preservação da vida dos envolvidos, ao passo que devem ser observados, também, os preceitos legais, morais ou éticos. Se quiseres paz, prepara-te para a guerra. (Provérbio latino) pensando juntos Ainda sobre o gerenciamento de crises, cumpre destacar os ensinamentos de Salignac (2011, p. 23): “ O gerenciamento de crises pode ser descrito como um proces-so racional e analítico de resolução de situações críticas baseado em probabilidades. Deve lidar, sob uma tremenda compressão de tempo, com complexos problemas sociais, econômicos, políticos, ideológicos e psicológicos, quando eles se manifestam em termos destrutivos. Não se trata de uma ciência exata, um processo rápido e fácil de solução de problemas - cada crise apresenta características únicas, exigindo, portanto, soluções individualizadas, que deman- dam cuidadosa análise e flexão. U N IC ES U M A R 21 Para melhor entendermos a importância do estudo, da preparação prévia, do trei- namento etc. no gerenciamento de crises, Salignac (2011) elenca alguns tópicos como justificativa. Vejamos: “ a) Por suas características intrínsecas, os eventos críticos provo-cam estresse; b) O estresse reduz a capacidade de desempenho em tarefas de solução de problemas; c) O gerenciamento de crises é uma complexa tarefa de solução de problemas; d) Os resultados da incompetência profissional podem ser ime- diatos e fatais (SALIGNAC, 2011, p. 24). Dessa forma, não há que se colocar em dúvida a importância do estudo sobre o gerenciamento de crises. Por conseguinte, conheceremos outros elementos im- portantes a este. Salignac (2011) ensina-nos acerca do Grupo de Gerenciamento de Crises, mencionando que ele é “ chefiado por um policial denominado gerente da crise, é, ao contrá-rio, composto por técnicos de segurança pública: policiais federais, estaduais civis e militares, representantes de organismos públicos e privados interessados ou atingidos pelo evento crítico, GT e Grupo de Negociadores (SALIGNAC, 2011, p. 18). Além disso, dentro do gerenciamento de riscos e crises, ou mesmo, dentro do Grupo de Gerenciamento de Crises (GGC), temos algumas figuras muito impor- tantes, como o “Gerente da Crise”, que pode ser considerado a pessoa de maior hierarquia no processo. Silva (2015, p. 46) menciona que este Gerente “tem poder de decisão sobre as ações, podendo estar presente ou não no teatro de operações”. Ou seja, ele é aquela pessoa que tem, em si, a responsabilidade de decidir todas as ações que serão executadas no processo de gerenciamento, isso não significa que ele gerenciará sozinho, porém, as ações executadas pelos outros integrantes do GGC deverão, necessariamente, ter a autorização do Gerente. U N ID A D E 1 22 Neste momento, você pode estar se perguntando se isso não seria prejudicial ao gerenciamento da crise, porém adianto que não. Esta situação tem o intuito de tornar o processo organizado e especializado, evitando dispersão de ordens e erros que podem ser cometidos por uma ordem advinda de alguém que não tem qualificação para gerenciar uma crise (SILVA, 2015). Noções gerais do gerenciamento de crises No processo de gerenciamento de crises, como mencionado, haverá a pessoa do Gerente da Crise, porém ele contará com o apoio de outros participantes, como o “Comandante do Teatro de Operações (Cmt. TO)” que, de acordo com Silva (2015), será o responsável pela administração dos recursos dispostos no proces- so, além de gerir os procedimentos que serão adotados. Silva (2015, p. 47) ainda alude que o Cmt. TO poderá “acumular a função de Gerente da Crise em caso de necessidade”. Para entendermos melhor, imagine que o Gerente da Crise está no topo da hierarquia do procedimento e que o Cmt. TO, apesar de ter o poder em relação aos recursos e procedimentos adotados, deve, obrigatoriamente, reportar tudo ao Gerente daCrise para que este autorize, ou não, as decisões que o Cmt. TO deseja tomar. A Academia Nacional do FBI conceitua como gerenciamento de crises “o processo de iden- tificar, obter e aplicar os recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma crise”. Fonte: Salignac (2011, p. 23). conceituando Teatro de operações: é todo o local onde se desenrola a ação, incluindo o ponto crítico e toda a área circundante. Fonte: Silva (2015, p. 46). conceituando U N IC ES U M A R 23 Importante trazer o ensinamento de Silva (2015, p. 47-48) relacionado ao Cmt. TO, quando ele menciona que “ Todos os elementos administrativos e operacionais disponíveis es-tarão sob o seu comando, incluindo os responsáveis pelo isolamen-to do teatro de operações, as equipes especializadas, o efetivo de apoio, os assessores logísticos, de imprensa, etc. Basicamente, todas as questões pertinentes à crise devem passar por ele. O Comandante do Teatro de Operações deve planejar, com seus assessores, as ações necessárias, visando o encerramento da crise de maneira aceitável e, para implementar tais ações, deve buscar a autorização do Gerente da Crise. Como visto, o Cmt. TO tem várias funções importantes dentro do processo de gerenciamento de crises, embora tenha que reportar tudo ao Gerente da Cri- se. O Cmt. TO também tem contato direto com a figura do Negociador, o qual integra a Equipe de Negociação (EN), que é “responsável pela aplicação da pri- meira alternativa tática durante o gerenciamento de uma ocorrência crítica” (SILVA, 2015, p. 53). (...) Negociação Técnica e Negociação Tática, sendo o primeiro referente aos procedimen- tos utilizados na resolução da crise pelos meios de negociação pura, exclusivamente. Já a Negociação Tática indica que o profissional busca meios e condições de dar suporte à ação dos grupos táticos, concomitantemente, à negociação técnica propriamente dita. Fonte: Salignac (2011, p. 17). conceituando Sobre o Negociador, Silva (2015, p. 53) ensina-nos que ele é “ o responsável pelo contato direto com o CEC, sendo qualificado como porta-voz dos responsáveis pelo gerenciamento do evento. Ele informa ao CEC sobre as decisões tomadas e tem condições de buscar informações importantes junto a ele. Além disso, utiliza as técnicas de barganha e convencimento, visando o fim da crise sem violência. U N ID A D E 1 24 Como visto, o Negociador é uma figura de suma importância no processo de ge- renciamento de crises, logo, não é qualquer pessoa que pode assumir esta função, é necessário que o indivíduo passe por uma qualificação específica. Marcos Man- darini (2005) cita algumas características que a pessoa do Negociador deve ter: Perfeito domínio da doutrina de gerenciamento de crises. Conhecimento das técnicas de negociação. Escalão intermediário, para evitar pressões na negociação. Respeitabilidade e responsabilidade. Maleabilidade e comunicabilidade. Fleuma e paciência. Raciocínio rápido e disciplina intelectual. Capacidade de trabalho e espírito de equipe. Autocon�ança e autocontrole. Astúcia e perspicácia. Figura 2 - Características importantes para um Negociador / Fonte: Mandarini (2005, p. 149-150). A Equipe de Negociação tem várias funções, mas podemos entender que o núcleo do seu objetivo é conseguir um acordo com o CEC para que a crise seja finaliza- da com uma solução aceitável. Além disso, a Equipe de Negociação é composta por “Comandante, Negociador Principal, Negociador Secundário, Negociador Anotador, Apoio Logístico e Psicólogo” (SILVA, 2015, p. 53). Importante mencionar que existe a possibilidade de o Negociador receber apoio de outra figura, chamada de Intermediário, ou seja, é aquela pessoa que não integra a equipe especializada, mas que também faz o contato direto com o CEC, ou seja, aquele que tem o contato verbal com ele, que pode ser tanto por telefone quanto face a face, momento em que deverá estar extremamente protegido pela equipe presente no gerenciamento de crises, e proporá ao CEC as negociações; negociações estas que o Intermediário recebe do Negociador (SILVA, 2015). U N IC ES U M A R 25 Ainda sobre os Intermediários, Silva (2015, p. 50) ensina que “ A prática tem mostrado, em geral, que pessoas da família ou que tiveram relacionamento amoroso com o CEC são péssimos interme-diários, pois acirram as emoções e aumentam o nível de tensão do local, principalmente se forem os pivôs dos infortúnios do CEC. Mãe, pai, irmãos, ex-namorados, ex-cônjuges, entre outros, devem ser, em princípio, vetados como intermediários e só autorizados depois de uma análise rigorosa. Indivíduos suicidas podem pedir o contato com religiosos (padres, freiras, pastores, rabinos) o que também não é um bom sinal, pois podem estar buscando algum tipo de perdão final. Por fim, o contato entre Intermediário e CEC deve durar somente o necessário, ou seja, ser breve. Lembrando que: o Intermediário nunca ocupará o papel do Negociador, pois ele nada mais é do que uma ferramenta a ser utilizada para alcançar a “solução aceitável” à crise (SILVA, 2015). Até o momento, podemos verificar que as figuras e a equipe citadas são res- ponsáveis pelo diálogo com o CEC, contudo há casos em que é necessário que a equipe do gerenciamento de crises aja e, para isso, temos o Grupo de Intervenção (GI), responsável pelo “arrombamento tático, ações em ambientes verticais, téc- nicas não letais, ações em ambientes hostis e contraterrorismo”. (SILVA, 2015, p. 55). Esse Grupo tem o intuito de proteger, por exemplo, a Equipe de Negociação, além de realizar a intervenção na necessidade do salvamento dos reféns, com ou sem uso de força letal. Ao longo desta aula, pudemos aprender a essência do processo de gerencia- mento de crises, além de conhecer figuras importantes que fazem parte desse processo. Lembrando sempre que, em todo gerenciamento de crise, o objetivo almejado é a solução aceitável. Critérios de ação para gerenciamento de crises Aluno(a), como vimos, o gerenciamento de crises tem o objetivo de preservar vidas, aplicando-se critérios técnicos de ação e observando as leis para atingir esse objetivo. Durante a crise, os envolvidos no gerenciamento podem se deparar com o seguinte questionamento: “faço ou não faço?” (SALIGNAC, 2011, p. 25). U N ID A D E 1 26 Decisões, desde as mais simples às mais complexas, vão sendo tomadas a todo momento (o fornecimento de água ou alimentação para as pessoas capturadas e para os PEC, o atendimento médico de urgência a um capturado no interior do ponto crítico, a interrup- ção ou interceptação das comunicações telefônicas, a interrupção do fornecimento de energia elétrica daquele ponto ou, até mesmo, o uso de força letal). Fonte: Salignac (2011, p. 25). explorando Ideias Considerando que o gerenciamento de crises tem o intuito de preservar vidas, e que o estresse diminui a capacidade de tomada de decisões, o gerenciador da crise deve pautar suas ações em alguns critérios de ação, como: “a necessidade, a validade do risco e a aceitabilidade” (SALIGNAC, 2011, p. 25). Por conseguinte, verificaremos em que consiste cada um deles. O primeiro a ser analisado será o critério da necessidade. De acordo com Salignac (2011, p. 25) “o critério da ne- cessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser realizada quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar determinada decisão, não se justifica a sua adoção”. O autor ainda explica que, nesse sentido, os responsáveis pelo gerenciamento da crise (principalmente o chefe do grupo do gerenciamento ou Gerente da Crise) deverão, antes de tomar determinada decisão, fazer a seguin- te pergunta a si mesmos: “Isto é realmente necessário?” (SALIGNAC, 2011, p. 25). Logo, utilizando o critério da necessidade, é importante que os envolvidos no gerenciamento da crise, sempre, e ressalto, sempre, devem analisar as suas condu- tas, podendo apoiar-se no questionamento anteriormente exposto: “é realmentenecessário realizar o corte da energia?” ou “é necessária a intervenção tática?” Diversos poderão ser os questionamentos e cabe à equipe atentar-se e colocar em prática o critério da necessidade. O segundo critério a ser utilizado pela equipe é o da validade do risco. Para melhor entendermos, vejamos as palavras de Salignac (2011, p. 25) sobre o as- sunto: “O critério da validade do risco preconiza que toda e qualquer ação tem que levar em conta se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados obtidos. A pergunta que se deve fazer é: Vale a pena correr este risco?” Em outras palavras, durante o gerenciamento de crises, deve-se analisar, tam- bém, os riscos das ações a serem praticadas. Várias são as opções táticas a serem empregadas, como a invasão tática e o tiro de comprometimento, porém, é ne- cessário realizar uma reflexão crítica acerca do emprego de determinada ação. U N IC ES U M A R 27 Nesse sentido, podemos imaginar o seguinte questionamento: “vale a pena correr o risco de empregar o tiro de comprometimento?”, pois, caso o CEC esteja muito próximo da vítima ou do refém, esse tiro pode ser um erro fatal. O último critério a ser analisado é o critério da aceitabilidade. Este alude que toda ação dos envolvidos no gerenciamento da crise devem estar fundamenta- dos na lei e, inclusive, pautando-se pelos princípios morais e éticos da sociedade (SALIGNAC, 2011). Dessa forma, antes de decidir sobre a prática de determinada ação, é necessário que seja analisado se ela está de acordo com a lei, além disso, se essa ação será aceita pela sociedade nos sentidos éticos e morais. Para melhor entendermos, Salignac ensina que deve ser realizado o seguinte questionamento: “esta decisão é aceitável sob os pontos de vista legal, moral e ético?” (SALIGNAC, 2011, p. 26). A aceitabilidade inclui também a ética. Dentro deste raciocínio, não pode o responsável pelo gerenciamento da crise tomar decisões nem exigir dos seus subordinados a prática de ações que causem constrangimentos no seio do organismo policial. Fonte: Salignac (2011, p. 27). explorando Ideias Logo, baseando-se no critério da aceitabilidade, não seria possível adotar uma ação que esteja de acordo com a lei, porém, que não seria, moralmente, aceita pela sociedade. Por exemplo, fornecer ao CEC água e alimento não fere nenhuma lei do ordenamento jurídico brasileiro, porém, caso ele peça que lhe forneçam bebida alcoólica, isso não deverá ser concedido, pois é contrário aos princípios morais (SALIGNAC, 2011). Em outras palavras, a sociedade, provavelmente, não aceitaria esta conduta, logo, como se vê, o critério da aceitabilidade não seria efetivado. U N ID A D E 1 28 Grau de risco e nível de resposta no gerenciamento de crises Como vimos, as crises apresentam algumas peculiaridades, porém não se pode dizer que todas elas têm o mesmo grau de risco, ou que demandam o mesmo nível de resposta. Sendo assim, aqui, aprenderemos a classificar as crises pelo seu grau de risco e, consequentemente, o nível de resposta adequado que deve ser empregado. Em seguida, apresentaremos a divisão adotada pelo Federal Bureau of Inves- tigation (FBI) ou Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, que também é utilizado no Brasil, e alguns exemplos de cada grau. Vejamos: GRAU NÍVEL EXEMPLOS 1º Grau ALTO RISCO Um assalto a banco promovido por uma pessoa armada de pistola ou revólver, sem pessoas capturadas. 2º Grau ALTÍSSIMO RISCO Um assalto a banco por dois elementos armados de escopetas ou metralhado- ras e mantendo três ou quatro pessoas capturadas. 3º Grau AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA Quatro terroristas armados de metralha- doras ou outras armas automáticas e de explosivos, mantendo 80 capturados a bordo de uma aeronave. 4º Grau AMEAÇA EXÓTICA Um elemento, munido de um recipien- te contendo veneno, vírus ou material radioativo de alto poder destrutivo ou letal, ameaça lançar aquele material no reservatório de água da cidade. Quadro 1 - Classificação dos graus de risco ou ameaça / Fonte: Salignac (2011, p. 29). Como se vê, o FBI divide os graus de riscos em quatro, porém essa não é uma classificação absoluta. Salignac (2011) menciona que podem ser utilizadas, por exemplo, cores para designar o grau de risco da crise, como amarelo, âmbar e vermelho. Além disso, o autor ressalta que realizar a análise do grau da crise é U N IC ES U M A R 29 uma das primeiras tarefas a serem desenvolvidas no processo de gerenciamento da crise, tendo em vista que, a partir dessa informação, decorrerá o nível de res- posta a ser empregado. Caro está que, após ser determinado o grau de risco da crise, o agente saberá qual o nível de resposta a ser empregado. Vejamos, então, quais são os quatro níveis de resposta que o FBI adota: NÍVEL CORRESPONDENTE NÍVEL UM (Correspondente à crise de ALTO RISCO): a crise pode ser de- belada com recursos locais; NÍVEL DOIS (Correspondente à crise de ALTÍSSIMO RISCO): a solução da crise exige recursos locais especializados (emprego do grupo tático); NÍVEL TRÊS (Correspondente à AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA): a crise exige recursos locais especializados e, também, no nosso caso, re- cursos da sede; NÍVEL QUATRO (Correspondente à AMEAÇA EXÓTICA): a solução da crise re- quer o emprego dos recursos do nível três e outros, inclusive, de organismos de outro país. Quadro 2 - Níveis de resposta / Fonte: adaptado de Salignac (2011, p. 30). Aprendemos que o FBI divide o grau de risco em quatro e, da mesma forma, faz com os níveis de resposta. Percebe-se que os níveis de respostas vão desde a possibilidade de a crise ser gerenciada com recursos locais, por exemplo, somente com a equipe de gerenciamento e, até mesmo, da necessidade de apoio de órgãos internacionais. Sendo assim, é importante que o gerenciador da crise tenha conhecimento sobre os graus de riscos ou de ameaça que a crise se enquadra, para que, então, possa utilizar o nível de resposta adequado. Para nos ajudar a entender melhor, imaginemos uma situação em que há somente um CEC e ele está desarmado, a princípio, não há que se falar em empregar a invasão tática; diferentemente se o CEC estivesse armado e ameaçando a todo momento matar os seus reféns, neste caso, a invasão tática poderia ser empregada. Ressalto que são exemplos hipoté- ticos a fim de contribuir para melhor entendermos que cada grau de risco possui um nível de resposta adequado. U N ID A D E 1 30 3 PRIMEIRA INTERVENÇÃO em crises Caro(a) aluno(a), estudamos aspectos relacionados ao gerenciamento de riscos e crises, tendo em vista que quem, realmente, desempenhará o gerenciamento da crise será o GGC, que é, eminentemente, composto por órgãos da segurança pública. Neste momento, passaremos para a análise da doutrina da “Primeira Intervenção em Crises”. Como já dito, qualquer pessoa está exposta a se deparar com uma crise, e existem alguns critérios técnicos que devem ser seguidos por aquele que tem o primeiro contato com ELA, antes da chegada da Equipe do Gerenciamento de Crises, que, normalmente, é realizada pelo órgão de Segurança Pública Estadual (Polícia Militar). Nesta perspectiva, é importante destacar que O agente da segurança privada, ao deparar-se com uma crise, deve, imediatamente, acio- nar o 190 e colocar em prática, naquilo que for possível, a doutrina da PIC. Fonte: a autora. explorando Ideias U N IC ES U M A R 31 “ (...) confere-se à Polícia Militar restabelecer a ordem pública sem envidar esforços no sentido de preservar a incolumidade das pes-soas envolvidas. O ordenamento jurídico confere ao organismo policial exclusividade no poder-dever de agir, através do poder de polícia que lhe é facultado, e a ele recai esta responsabilidade de administrar e solucionar as situações de crises (GAIA, 2003, p.10). Devemos sempre ter em mente que é função dos órgãos de segurança pública realizar a Primeira Intervenção em Crises e, em seguida, o Gerenciamento da Cri- se comos grupos especializados. Porém os agentes da segurança privada podem deparar-se com uma crise, por exemplo, envolvendo um VIP. Nesse sentido, é interessante que os agentes e o gestor da segurança privada conheçam a doutrina da “Primeira Intervenção em Crise”, utilizando alguns dos seus passos a fim de evitar erros fatais antes da chegada dos órgãos da segurança pública, que deverão assumir a situação. Antes de aprendermos os dez passos dessa doutrina, é necessário conhecer- mos a sua origem, assim como conhecemos a origem da doutrina de Gerencia- mentos de Crises. A “Primeira Intervenção em Crise” (PIC) foi criada por Marco Antônio da Silva, um oficial da Polícia Militar do Paraná, no ano de 2005, devido à grande demanda que, naquela época, a Companhia de Polícia do Choque estava recebendo para atender ocorrências de riscos e crises (SILVA, 2015). Nesse senti- do, Marco Antônio, por meio de estudos e por sua experiência, criou a doutrina PIC para que o policial que tivesse o primeiro contato com a crise estivesse em condições de agir de forma técnica a fim de não aumentar o nível de gravidade da situação até a chegada da Equipe de Gerenciamento de Crises (SILVA, 2015). Essa doutrina tem o intuito de afastar qualquer atitude de empirismo, ama- dorismo e improvisação daquele que teve o primeiro contato com a crise. Sendo assim, estudaremos os dez passos da doutrina para que sejamos capazes de con- duzir, no primeiro momento, o gerenciamento da crise até a chegada da Equipe especializada (SILVA, 2015, p. 69). Isto é, os passos dessa doutrina ocorrem na fase da “Resposta Imediata” do processo de Gerenciamento de Crises (SILVA, 2015, p.80). U N ID A D E 1 32 A seguir, verificaremos quais os passos da PIC, os quais devem ser realizados de maneira simultânea, ou seja, o agente deve primar emseguir a ordem disposta, porém nada impede que, em determinadas situações, um passo passe àfrente do outro, por exemplo (SILVA, 2015). 1- Localizar o ponto exato da crise: o ponto crítico. 2- Conter a crise, a fim de não deixar que ela se alastre ou mude de local. 3- Isolar o ponto crítico, não permitindo que o Causador do Evento Crítico (CEC) faça contato com o mundo externo e vice-versa, além de dar início aos perímetros de segurança. 4- Estabelecer contato sem concessões ao CEC. 5- Solicitar apoio da área. 6- Coletar informações acerca de reféns, vítimas, CEC, armas, prazos, motiva- ções e detalhes das instalações físicas do ponto crítico. 7- Diminuir o estresse da situação, com o intuito de estabilizá-la. 8- Permanecer em local seguro. 9- Manter terceiros (imprensa, curiosos e familiares) afastados para resguar- dar suas vidas. 10- Acionar as equipes especializadas do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) ou o Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST) do Corpo de Bombeiros. Quadro 3 - Orientações da doutrina de Primeira Intervenção em Crise Fonte: Silva (2015, p. 80-81). Esses são os dez passos da doutrina da Primeira Intervenção em Crises, são ações técnicas que, ao serem seguidas, diminuirão o nível de gravidade da situação e, principalmente, as chances da ocorrência de uma tragédia durante os primeiros momentos das crises que, normalmente, é quando o nível de gravidade da situa- ção está elevadíssimo. U N IC ES U M A R 33 A partir de agora, estudaremos um pouco mais cada passo da doutrina PIC. Localizar o ponto exato da crise, o ponto crítico Em primeiro lugar, quando um agente de segurança depara-se com uma ocor- rência de crise, ele deve encontrar o local exato, o ponto preciso onde está aconte- cendo a situação (SILVA, 2015). Existem algumas técnicas para localizar o ponto crítico de forma segura. Nesse sentido, podemos verificar alguns procedimentos básicos que se enquadram para o nosso aprendizado: Quando chegar, não se exponha, se proteja; pare a viatura a uma distância segura, longe do local indicado; Caso não tenha visualização imediata do ponto crítico, analise o local buscan- do informações com possíveis testemunhas e se prepare para localizá-lo; Lembre-se que os primeiros momentos de uma crise são de extremo perigo e tensão; não facilite; Ao localizar o ponto crítico, mantenha a calma e, com muita atenção, analise o que está ocorrendo; não tenha pressa; com isso, você está pronto para dar os próximos passos. Quadro 4 - Procedimentos básicos para localizar o ponto crítico / Fonte: Silva (2015, p. 84). Como vimos, o primeiro passo da PIC é encontrar o ponto exato de onde a crise está instalada. Dessa forma, o agente poderá seguir para as medidas posteriores cabíveis diante da crise (SILVA, 2015). Os momentos de crise suscitam um redobrar de vida nos homens. (François Chateaubriand) pensando juntos U N ID A D E 1 34 Conter a crise Logo após ser identificado o ponto crítico, iniciarão-se os procedimentos da PIC pelo primeiro interventor (aquele que chegou/deparou-se com a crise primeiro). Nesse sentido, a primeira medida a fim de conter a crise será a de manter o CEC no mesmo local, ou seja, no ponto crítico encontrado. Assim, o primeiro inter- ventor não poderá deixar que o CEC mude de local a fim de que a crise não se alastre para outros locais que, inclusive, podem ser locais que aumentem o nível de risco da crise (SILVA, 2015). Importante destacar os dizeres de Silva (2015) sobre a relação do CEC e sua impossibilidade de sair do ponto crítico: “ Outro fator importante a ser levado em conta é a pressão exercida sobre o CEC. Ele tem que sentir-se pressionado para que possa dar as respostas esperadas pelas autoridades policiais responsáveis pelo gerenciamento. Se o CEC tiver autonomia de acesso para diver- sos ambientes dentro de uma loja, por exemplo, será muito difícil controlá-lo e pressioná-lo na busca de respostas positivas (SILVA, 2015, p. 86). Como vimos, a doutrina da PIC tem uma sequência lógica a fim de que cada passo posterior ao outro se complemente. Nesse sentido, encontrar o ponto crí- tico e, após, iniciar a contenção da crise, inclusive com a impossibilidade de que o CEC saia do local, têm o intuito de impedir que o nível de risco aumente. E, para complementarmos o nosso aprendizado do passo 2, ou seja, conter a crise, vejamos o quadro a seguir: 1- Ao localizar o ponto crítico, faça tudo o que estiver ao seu alcance e o que for possível para manter o CEC no mesmo local em que foi encontrado; 2- Todos os procedimentos de contenção deverão ser realizados em extre- mas condições de segurança, não justificando atitudes isoladas e heroicas de contenção que venham expor você e os outros envolvidos ao risco de morte; U N IC ES U M A R 35 3- Inicialmente, tente a utilização de barreiras físicas de contenção, por exemplo, o estacionamento da viatura em ponto estratégico, impedindo a passagem do veículo do CEC, o trancamento de portas, portões e janelas, ou qualquer outro obstáculo que o impeça de avançar; 4- Caso seja possível, inutilize qualquer meio de transporte viável para a fuga do CEC, por exemplo, fure os pneus do veículo dele; mas só faça isso se esti- ver em plenas condições de segurança; caso contrário, não o faça; 5- Aliado às barreiras físicas, você também deve utilizar argumentos verbais para manter o CEC no ponto em que foi encontrado; seja persuasivo; 6- Fale calmamente que você está ali para ajudar; se o CEC falar que matará um refém caso você não saia do local, contradiga, salientando que se ele “ma- tar alguém ali, será difícil estabelecer uma conversação tranquila e proporcio- nar a ajuda”; fale devagar, sem afobação; 7- Se ele pedir um carro para fugir do local, ou mesmo, quiser fugir a pé com um refém, esclareça sobre a inviabilidade desse pedido no momento; diga que é muito mais vantajoso que ele permaneça onde está, pois você quer muito ajudá-lo e só conseguirá fazê-lo caso ele ficar; 8- Se o CEC continuar exigindo, negue, mas não diga o “não” direto. O “não”, dessa forma, tem o poder de dificultar qualquer conversação; um não dis- farçadopode ajudar, por exemplo, em vez de dizer “eu não vou te dar um carro”, tente “veja, é praticamente impossível eu conseguir um carro agora; espero que você entenda a minha situação e confie em mim”; 9- Jamais seja voluntário para se trocar por um refém ou sair do ponto crítico com o CEC; atitudes heroicas como essa já foram registradas pelo Brasil, ago- ra, e, conforme já foi bastante frisado, podem ocasionar desgraças; 10- Crises em locais abertos, como ruas, praças, estacionamentos etc., são difíceis de serem contidas, porém, se este for o caso, o primeiro interventor deve fazer de tudo para que o CEC seja contido; lembre-se que não é possí- vel continuar tomando os demais passos se o CEC estiver em movimento. Quadro 5 - Contendo a crise / Fonte: Silva (2015, p. 86-88). U N ID A D E 1 36 Isolar a crise Nesse momento, o primeiro interventor em crise ou a equipe que está com ele no local da crise deverá impossibilitar o contato do CEC com o mundo exterior, ou seja, o CEC não poderá, por exemplo, ter acesso à televisão, a rádio, à internet, a telefone ou a outras pessoas (SILVA, 2015). Em outras palavras, pode-se dizer que o CEC deve estar em uma situação que não consiga, de maneira alguma, receber informações sobre a crise. Para ilustrar, podemos imaginar aquelas situações em que o CEC está no ponto crítico com vítimas ou reféns e que acompanha pela televisão toda a atividade da equipe do gerenciamento. Isso é algo desastroso, pois o CEC pode se antecipar às estratégias e ações da equipe. Sendo assim, o primeiro interventor deve impedir o contato do CEC com aquelas pessoas que chegam à crise, como familiares, imprensa etc. Além disso, é importante mencionar que, em relação aos telefones celulares, é difícil cortar o acesso do CEC ao mundo externo, sendo assim, uma medida que o primeiro interventor da crise pode realizar é manter contato frequente com o CEC, a fim de que ele não fique com tempo disponível ou ocioso para manter contato com outras pessoas, o que pode aumentar o nível de risco da crise (SILVA, 2015). Silva(2015, p. 90) menciona que “apesar de não ser incomum, esse contato é alta- mente condenável e contraria todos os preceitos aqui estudados” . Estabelecer contatos sem concessões Este é um passo difícil de ser concretizado, por isso, o PIC deve ser uma pessoa altamente qualificada para lidar com a situação. Silva (2015, p. 94) ressalta que “não é missão do primeiro interventor negociar. Quem negocia é o especialista em Negociação, o Negociador, integrante de uma equipe especializada em Nego- ciação”. Sendo assim, você deve estar se perguntando: mas o que, então, deve fazer o PIC? Ele deve interagir com o CEC, no sentido de acalmá-lo, visando conseguir o maior número de informações e, caso o CEC insista em algum pedido, o PIC deve ter a capacidade de fazê-lo entender que, naquele momento, os pedidos não podem ser atendidos (SILVA, 2015). A justificativa dessa medida dá-se pelo fato de que o início de uma crise conta com alto risco e qualquer atitude deve ser pensada, analisada e, caso seja U N IC ES U M A R 37 concedido algum pedido do CEC, pode ser precipitado e que, ao invés de ajudar na intervenção, pode levá-la ao fracasso (SILVA, 2015). Sobre esse assunto, cabe destacar os dizeres de Silva (2015, p. 95): “ Somente durante o processo de Negociação posterior, realizado pelo policial militar especialista, é que haverá mais tempo para se analisar de maneira criteriosa as exigências do CEC e conceder-lhe aquelas que forem tecnicamente viáveis. Na prática, há muita confusão sobre esse assunto. Muitos primeiros interventores se auto intitulam nego- ciadores e concedem tudo o que o CEC exige. Obviamente, o risco se torna enorme quando o empirismo prevalece numa primeira intervenção. Como visto, o gestor da segurança pessoal e executiva bem como os agentes da segurança privada podem utilizar a doutrina da PIC, pois estão expostos a se deparar com uma crise, porém as negociações devem ser feitas pela equipe de segurança pública especializada no assunto. Dessa forma, fica claro que as forças de segurança privada e pública se complementam para o gerenciamento da crise. Solicitar apoio da área Este é o quinto passo da doutrina de “Primeira Intervenção em Crises” que é aplicada pelos agentes da segurança pública, mas também pode ser aplicada pelos agentes de segurança privada. Nesse sentido, o gestor da segurança privada deve ter em mente que, ao se deparar com uma crise, ele deve acionar os agentes da segurança pública para realizar os procedimentos cabíveis, tendo em vista que eles têm o poder de polícia. Coletar informações O primeiro interventor da crise tem papel fundamental na coleta de informações. Silva (2015, p. 104) menciona que “a busca de informações acerca de uma crise é fundamental durante o processo de primeira intervenção. E mais importante ainda, é saber filtrar as informações que chegam e utilizá-las como instrumento a seu favor”. Além disso, é importante ficar claro que U N ID A D E 1 38 “ Cabe ao primeiro interventor anotar tudo o que for relevante e repassar posteriormente às equipes quando estas chegarem para o apoio especializado. A falta de informações iniciais pode com- prometer o andamento da primeira intervenção, potencializando o risco para a vida dos envolvidos (SILVA, 2015, p. 105-106). Devido à importância deste passo na PIC, o primeiro interventor deve saber, previamente, quais informações ele deve tentar colher. Vejamos a tabela a seguir: Sobre o CEC Nome, descrição, quantidade, quem é o líder; Sobre reféns e vítimas Quantidade, relação com o CEC, sexo, idade, condições de saúde; Sobre armas Quantidade, tipo, calibre, munições; Sobre o ponto crítico Quantas portas, janelas, quantos acessos, cô- modos; Sobre exigências O que o CEC exigiu e qual o horário da exigência; Sobre prazos fatais Horários, quanto tempo de prazo, o que o CEC ameaçou fazer; Sobre motivações do CEC Por que ele está causando a crise? Obs: nesse momento, é possível identificar se as pessoas ameaçadas são reféns ou vítimas. Quadro 6 - Primeiras Informações sobre a crise / Fonte: Silva (2015, p. 107). Diminuir o estresse da situação Todos os passos da doutrina PIC são muito importantes, mas este é um dos principais e demanda do primeiro interventor em crise algumas características peculiares, como o próprio controle emocional. Pense bem: se o agente que está realizando a primeira intervenção não consegue controlar o seu próprio estresse com a situação, como ele diminuirá o estresse da crise? Uma orientação importante, nesse passo, é: “fale calmamente com o CEC” (SILVA, 2015, p. 109). Em outras palavras, podemos entender que independente- U N IC ES U M A R 39 mente de como o CEC o trate, seja com xingamentos, seja com ameaças, o primei- ro interventor deve manter a calma, a fim de não aumentar o estresse da situação. Permanecer em local seguro O primeiro interventor deve ter em mente que, apesar do contato que ele está estabelecendo com o CEC, ainda assim, ele pode sofrer um ataque. Nesse senti- do, o primeiro interventor deve cuidar de sua segurança, mantendo-se em local seguro. Silva (2015, p. 113) ensina-nos que: “ A segurança do primeiro interventor é algo que não pode ser rele-vada nunca. E, uma possível atitude violenta do CEC jamais deve ser subestimada. Achar que o CEC não atirará contra o primeiro interventor é um engano que pode ser fatal. Como visto, o primeiro interventor também corre o risco de sofrer com as atitudes do CEC. Para melhor entender quais são atitudes que o primeiro in- terventor pode realizar a fim de se manter seguro, veja as orientações a seguir (SILVA, 2015, p. 114-115): “ 1- Desde a sua chegada à crise e em toda e qualquer ação desenvolvida, certifique-se que sua vida não está correndo riscos desnecessários 2- Proteja-se atrás de objetos, paredes, portas, veículos e nunca se aproxime do CEC sem condições plenas de segurança; lembre-seque ele está sob pressão e poderá agir com violência a qualquer aproximação; 3- Jamais adentre ao ponto crítico, nem por conta pró- pria nem por exigência do CEC; (...) 4- Nunca troque-se por um refém e nunca proponha isso; (...) 5- Deixe de pensar em medalhas, promoções e elogios nesse momento e pense em sua vida e na vida dos inocen- tes que precisam de você; (...). U N ID A D E 1 40 Tenha sempre essas orientações consigo, pense primeiro em sua vida, não se co- loque em risco. Utilize as técnicas para realizar a primeira intervenção da crise, e uma delas é cuidar da sua segurança. Manter terceiros afastados Neste passo, o primeiro interventor em crise precisa afastar todas as pessoas que não devem participar do processo de intervenção, como curiosos, imprensa, fa- miliares. Isso deve ocorrer para a própria preservação da integridade física dessas pessoas, pois, em uma crise, tudo pode acontecer, inclusive, a morte de um ter- ceiro. Sendo assim, o interventor deve afastar essas pessoas. Ressalta-se que esse passo está intimamente ligado com o passo 3, que versa sobre o isolamento do local. Dessa forma, o primeiro interventor estará protegendo a vida de terceiros, protegendo a sua própria vida e reforçando o isolamento do local. Além disso, importante destacar que os curiosos e a imprensa tentarão, a todo custo, conseguir a melhor imagem, o melhor ângulo da crise, mesmo que isso coloque em risco as suas próprias vidas. Cabe ao primeiro interventor em crise explicar que, naquele momento, eles devem manter-se em local seguro, a fim de preservar suas vidas e que, posteriormente, receberão as informações cabíveis, mas que devido ao alto risco que os primeiros momentos da crise têm, eles devem manter-se em local que garanta a sua proteção (SILVA, 2015, p. 121). Se alguém alegue que tem o direito de imprensa e exigir chegar mais perto do ponto crí- tico, responda com polidez: O seu direito de cobertura do fato não é superior ao direito à vida das pessoas que estão em risco lá dentro. Fonte: Silva (2015, p. 121). explorando Ideias Acionar as equipes especializadas Este é o último passo da doutrina da Primeira Intervenção em Crise, como vi- mos, ela foi criada para organizar as atividades da segurança pública do Paraná (Polícia Militar). Sendo assim, o PIC tem a importante missão de “acionar as equipes especializadas do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) ou, se for U N IC ES U M A R 41 um caso envolvendo suicida desarmado, do Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST) para que assumam as ações técnicas no gerenciamento da crise” (SILVA, 2015, p. 122). Apesar de esse passo ser adotado pelos Policiais Militares, é importante que o gestor da segurança privada tenha esta informação. Nesse sentido, Silva (2015, p. 126) menciona que “ Com a chegada das equipes especializadas, esteja preparado para repassar todas as informações; Permaneça no local pelo tempo necessário, de acordo com as orientações dos especialistas; se você estiver mantendo um bom contato com o CEC, poderá ser mantido nesse contato de maneira orientada. Sendo assim, o gestor da segurança privada, quando se deparar com uma crise em andamento e realizar a primeira intervenção, deve ter em mente que poderá utilizar as orientações da doutrina da PIC, a qual foi criada para regular as ativi- dades da Polícia Militar do Paraná, lembrando sempre que o gerenciamento da crise será realizado pela equipe especializada da segurança pública. Porém isso não diminui a importância da qualificação do gestor da segurança privada, a fim de obter esses conhecimentos, pois, como já mencionei, você poderá deparar-se como uma crise e, com os conhecimentos adquiridos, poderá desempenhar um bom papel nos primeiros momentos dela, o que será de grande importância para os agentes de segurança pública que assumirão o gerenciamento da crise. U N ID A D E 1 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim da nossa primeira unidade relacionada aos estudos do Gerenciamento de Riscos e Crises. Como vimos, este é um assunto de suma importância, e que demanda qualificação e preparação dos envolvidos, os quais, normalmente, são agentes da segurança pública, porém é importante que os agentes da segurança privada, principalmente os gestores, conheçam o assunto e estejam preparados caso, no decorrer da atividade, deparem-se com uma crise. Inicialmente, conhecemos o conceito e as características da crise, tendo em vista que é pressuposto saber o conceito para que se possa identificar se está diante de uma crise. Em seguida, adentramos o estudo do gerenciamento de crises, doutrina que teve origem nos Estados Unidos e passou a ser disseminada no Brasil, por meio dos ensinamentos de Ângelo Oliveira Salignac. Além disso, conhecemos algumas figuras importantes do gerenciamento da crise, como o Comandante de Operações e o Negociador e suas funções. Vimos, também, os critérios da ação: a necessidade, a validade do risco e a aceitabilidade. Além disso, aprendemos que é importante que os envolvidos na crise classifiquem-na de acordo com o grau de risco, pois é de acordo com essa classificação que será empregado o nível de resposta adequado. Por fim, estudamos a doutrina da Primeira Intervenção em Crises, criada e utilizada pela força de Segurança Pública do Paraná (Polícia Militar), e que, apesar de ser uma doutrina aplicada por esta corporação, nos ajudou a aprender técnicas importantes que devem ser tomadas diante de uma crise, por exemplo, quando o agente de segurança privada deparar-se com um CEC ameaçando o VIP, a fim de utilizar os critérios técnicos de ação para preservar a vida de todos. Esperamos que tenha aproveitado o conteúdo. 43 na prática 1. Muitas são as ocorrências com que os agentes de segurança pública e os da se- gurança privada se deparam ao longo da jornada de trabalho, porém nem todas se enquadram no contexto de uma ocorrência de crise, a qual deverá receber um tratamento ou gerenciamento diferente das ocorrências rotineiras, devido à sua complexidade. Assinale a alternativa que compreende situações em que o agente de segurança deve considerar que é um caso de gerenciamento de riscos e crises. a) Roubos ou outros crimes frustrados sem a tomada de reféns e tentativas de suicídio. b) Mentalmente perturbados, barricadas ou não, com tomada de vítimas, reféns ou sozinho e roubos ou outros crimes frustrados sem a tomada de reféns. c) Atiradores em posição privilegiada ou no interior de escolas, universidades ou qualquer outro estabelecimento público ou privado, atirando em alvos específi- cos (os chamados atiradores ativos) e acidentes de grandes proporções. d) Ações terroristas (atentados ou tomadas de reféns ou vítimas) e tentativas de suicídio. e) Tentativas de homicídios e sequestros. 2. Quando se está diante de uma crise, é necessário empregar técnicas e táticas espe- cializadas durante toda a crise, como a Primeira Intervenção em crise, a Negociação e, até mesmo, o emprego do tiro de comprometimento. Sobre os conceitos relacio- nados com o processo de gerenciamento de crises, analise as afirmativas: I - Evento ou situação crucial: crucial significa algo crítico, decisivo, grave, muito importante. Esta expressão, portanto, significa que, numa crise, há pessoas na iminência de serem mortas, ou seja, o risco para elas é real e presente. É o caso das pessoas mantidas como reféns ou vítimas por indivíduos com quaisquer motivações, ou até mesmo, os indivíduos suicidas quando encontrados no en- saio final para a morte (tentativa de suicídio). II - Resposta especial: para o entendimento de uma crise, é necessária a atuação de grupos policiais devidamente treinados e especializados para tal missão. Estes grupos são: Equipe de Negociação, Grupo de Intervenção e Atiradores de Pre- 44 na prática cisão. Este aspecto não pode ser negligenciado, pois, ao contrário, o risco para as pessoas inocentes ameaçadas se potencializa, significativamente.III - Solução aceitável: busca-se, em toda crise, uma solução que atenda aos pre- ceitos aceitáveis, sejam legais, sejam morais e/ou éticos; assim, ao findar-se o evento, o ideal é que estejam garantidas a vida e a integridade física de todos os envolvidos, inclusive, daquelas que dão causa ao evento. Em determinadas ocasiões, porém, a morte daquele que causa o evento, o Causador do Evento Crítico (CEC), poderá ocorrer para que as vidas de pessoas inocentes sejam salvas, estando este amparado, legalmente. IV - Ponto crítico é o local onde se instalou a crise, ou seja, onde está localizado o causador do evento, com ou sem reféns ou vítimas. Em outras palavras, é todo o espaço físico controlado pelo CEC, onde ele tem acesso e pode modificar sua estrutura. O ponto crítico é um dos elementos menos relevante para o geren- ciamento da crise, pois, além de se constituir numa importante fonte de infor- mações para o processo, é a partir dele que toda a estrutura do gerenciamento é montada e organizada. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I, II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 3. Tratamento diferenciado e especializado deve ser direcionado às crises, sejam elas envolvendo CECs mentalmente perturbados ou criminosos surpreendidos durante a execução de um crime. Analise as afirmativas e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O negociador não precisa ter curso especializado para realizar essa função. ( ) A doutrina da Primeira Intervenção em Crises só pode ser aplicada pelo Grupo de Gerenciamento da Crise. ( ) A doutrina da Primeira Intervenção em Crises, apesar de ter sido criada com o intuito de apoiar as demandas da Polícia Militar do Paraná, também pode ser utilizada por agentes da segurança privada, tendo em vista que qualquer indiví- 45 na prática duo está exposto a se deparar com uma crise, e o conhecimento dessa doutrina é importante para que a crise não tenha um desfecho trágico, devido à falta de técnica dos primeiros atendimentos. Assinale a alternativa correta: a) F, F e V. b) V, F e F. c) F, F e F. d) V, F e V. e) F, V e F. 4. Sobre os conceitos e aspectos relacionados ao gerenciamento de crises, assinale a alternativa correta. a) O FBI classifica os graus de risco e ameaça em: alto risco, altíssimo risco, risco elevado, ameaça extraordinária e ameaça exótica. b) A classificação adotada pelo FBI em relação aos níveis de resposta relaciona-se, diretamente, com os níveis de resposta, a título de exemplo, o nível um corres- ponde à crise de altíssimo risco. c) A classificação adotada pelo FBI em relação aos níveis de resposta relaciona-se, diretamente, com os níveis de resposta, a título de exemplo, o nível um corres- ponde à crise de alto risco. d) Os critérios de ação no gerenciamento de crise são: a necessidade, a prudência e a aceitabilidade. e) O critério de ação aceitabilidade só deve ser observado em algumas ações do gerenciamento de crises, tendo em vista que haverá ações que vão de encontro à lei, e isso já é o suficiente. 5. A Primeira Intervenção em Crise (PIC) foi criada por Marco Antônio da Silva, em 2005, devido à grande demanda recebida pela Polícia do Choque em ocorrências de riscos e crises. Cite os passos da Primeira Intervenção em Crises, na sequência em que devem acontecer. 46 aprimore-se O QUE É CRISE? Para Mitroff, “crise é algo negativo que não pode ser completamente contido dentro das paredes de uma organização” . Uma crise pode mudar radicalmente o desen- volvimento de qualquer projeto, ela é “o resultado de uma ocorrência real de algum evento, onde a situação de emergência está fora de controle” . O Institute for Cri- sis Management, dos EUA, conceitua crise como sendo “uma ruptura significante nos negócios que estimula uma extensa cobertura dos meios de comunicação” . McLoughlin foi além ao dizer que “em uma crise, o prejuízo para a empresa – real ou potencial – é considerável, e ela não pode, por si mesma, colocar um ponto final na questão” . O Dicionário Aurélio oferece diversos significados para “crise”, indo desde o as- pecto pessoal até o social. Crise pode ser uma “mudança brusca que se produz no estado de um doente e que se deve à luta entre o agente agressor infeccioso e as forças de defesa do organismo”, como também pode ser um “momento perigoso ou difícil de uma evolução ou de um processo”, ou mesmo uma “crise econômica, ruptura periódica do equilíbrio entre produção e consumo, que traz como conse- qüências desemprego generalizado, falências, alterações dos preços e depreciação dos valores circulantes”. O Dicionário Michaelis define crise como sendo um “momento crítico ou decisi- vo”, uma “situação aflitiva; base difícil; colapso”, uma “conjuntura perigosa, situação anormal e grave” . Como vemos, há diversas definições de crise, porque ela abrange desde o as- pecto pessoal do indivíduo até o social, desde algo que ofereça risco a uma única pessoa até algo que ponha em perigo toda uma instituição. Veremos, então, diversos exemplos daquilo que pode ser considerado como sendo uma crise. Exemplos de crise a) Crise Econômica. Uma crise econômica é um momento no qual a economia mostra indicadores negativos, podendo gerar falências, desemprego em 47 aprimore-se massa e o aumento da pobreza. A Grande Depressão de 1930 foi um grande exemplo disso. A oferta passou a ser maior que a demanda nos Estados Unidos, e consequentemente os preços caíram, a produção diminuiu e o desemprego aumentou. Tudo isso resultou na queda das ações da bolsa de valores e posteriormente na quebra da bolsa. Houve quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, e milhares de acionistas perderam tudo da noite para o dia. Um exemplo mais recente diz respeito à Grande Recessão, que se deu início após a falência do banco de investimentos es- tadunidense Lehman Brothers. Como um efeito dominó, muitas outras ins- tituições também chegaram à falência. Os efeitos dessa recessão se fazem sentir até hoje. Outro caso mais recente que podemos citar é o da crise da Grécia, que gastou bem mais do que podia na última década e se afundou em dívidas, deixando os investidores relutantes em emprestar mais dinhei- ro ao país. Como resultado, aquilo que jamais alguém pensou que poderia acontecer com a Grécia se tornou realidade: crianças procurando comida nas latas de lixo, jovens clamando por restos de comida e adolescentes com corpos crispados pela fome que assolou o país europeu. b) Crise Política. As crises também podem alcançar o âmbito político. No Egito, uma onda de protestos se iniciou em 2011 contra o ditador Hosni Mubarak, que estava há trinta anos no poder. Durante as manifestações, ele mandou matar mais de 800 manifestantes, e foi condenado à prisão perpétua. Uma junta militar assumiu o poder no país até a posse de Mohamed Mursi, que também agiu como ditador ampliando os próprios poderes gerando protes- tos contra ele, sendo deposto por um golpe militar. Houve outras dezenas de mortes em confrontos entre os que apóiam o presidente deposto Moha- med Mursi e aqueles que o rejeitam. Uma crise política semelhante ocorreu em 2008, na Bolívia, com os protestos contra o presidente Evo Morales que decretou estado de sítio no país. Houve confronto violento entre manifes- tantes favoráveis e contrários ao presidente e a morte de dezenas de pes- soas nestes confrontos . 48 aprimore-se c) Crise Institucional. Uma crise institucional pode afetar empresas e sujeitá- -las à falência, à queda de lucro ou à perda de credibilidade. Na Itália, por exemplo, milhares de empresas estão à beira da falência por causa de leis trabalhistas ultrapassadas implantadas pelo governo. Outras vezes, a res- ponsabilidade é da própria empresa. O já citado desleixo da companhia aé- rea United Airlines
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