Buscar

Direito Penal Lei. 12.580 de 13

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTONIO CARLOS – FUPAC
FACULDADE UNIPAC DE CIENCIAS JURÍDICAS, CIÊNCIAS SOCIAIS, LETRAS E SAÚDE DE UBERLÂNDIA
CURSO DE DIREITO
LEI 12.850/2013.
Lei de organizações Criminosas.
 
Professor: Luís Eduardo F. Soares
Entrega: 01/12/2016
Uberlândia 
Dezembro / 2016
Componentes:
Bianca Rodovalho
Edmilson Assis
Lorena Moura
Rayza Silvestre
Renato Augusto
Thays Segatto Cardoso
Trabalho apresentado à Faculdade Unipac de Ciências Sociais, Ciências Jurídicas Letras e Saúde de Uberlândia como requisito parcial à obtenção de valorização acerca do trabalho apresentado.
Uberlândia 
Dezembro /2016
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 1. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Entendemos que o vínculo subjetivo não é necessariamente em relação a toda operação criminosa em andamento, ou seja, seus participantes não necessitam ter o conhecimento de toda a cadeia criminosa engendrada para a prática delituosa, basta se ter a consciência que participa de conduta criminosa integrada com outros membros, ainda que desconhecidos, para obtenção do fim criminoso. Requisito essencial é que os crimes abrangidos pela lei devem ter penas superiores a 4 (quatro) anos, exceto se houver caráter transnacional na conduta criminosa, nesta última hipótese, a abrangência da lei não está adstrita ao quantum da pena, mas sim na circunstância da transposição de fronteiras nacionais.
§ 2º Esta Lei se aplica também:
I - Às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
II - Às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional.
A legislação especial também se aplica às organizações criminosas transnacionais ou integradas com organizações criminosas de outros países, ou ainda com organizações terroristas reconhecidas internacionalmente, em que o Brasil tenha se obrigado ao combate por tratado ou convenção.
As condutas tipificadas se estendem desde os atos preparatórios e de suporte, inclusive o financeiro, como também atos de execução iniciados ou consumados em território brasileiro. 
Art. 2. Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
A criação, o financiamento ou a participação a qualquer título, ainda que por interposta pessoa, que se constitua em atividade que integre esquema de organização criminosa está sujeita as penas dessa lei especifica.
O § 1º estende a incidência da lei a qualquer pessoa que atue de forma a embaraçar ou dificultar a investigação de organizações criminosas.
A aplicação das penalidades previstas nas condutas tipificadas é na forma de concurso material de crimes, portanto, sem prejuízo da aplicação das demais penas pelas condutas criminosas praticadas, conforme se depreende do expresso no artigo 2º.
As qualificadoras para o aumento de pena estão previstas nos parágrafos 2º, 3º e 4º do Artigo 2º:
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - Se há participação de criança ou adolescente;
II - Se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
IV - Se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes;
V - Se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.
A legislação também penaliza de maneira especial a participação de funcionário público, mormente se policial, em esquema de organização criminosa, tendo a lei atrelada à apuração pela Corregedoria de Polícia à participação, para acompanhamento da apuração, de membro do Ministério Público, acompanhamento este que não se confunde com direção a do procedimento instaurado.
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
§ 7º  Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
CAPÍTULO II
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
Art. 3. Em qualquer fase da persecução penal serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
 I – Colaboração premiada;
II – Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III – ação controlada;
IV – Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
V – Interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;
VI – Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VII – Infiltração por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII – Cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
Seção I
Da Colaboração Premiada
Art. 4. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I – A identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II – A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III – A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV – A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
V – A localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
Nos parágrafos do Artigo 4º temos alguns critérios subjetivos para a concessão dos benefícios da delação premiada, onde, na prática,poderão ocorrer problemas, conforme explanaremos na sequência.
§ 1° Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
O § 1º elenca para a concessão do benefício à análise da personalidade do delator, chamado de colaborador pelo legislador, além da natureza, as circunstâncias, gravidade e repercussão social do crime, bem como a eficácia da delação. Análises essas de cunho subjetivo e avaliadas pelo negociador, quer seja o Delegado de Polícia, somente na fase inquisitorial, quer seja o representante do Ministério Público. Em relação a essa composição sempre haverá o risco da preponderância do interesse na solução da investigação, no caso do Delegado de Polícia, ou do interesse do Promotor de Justiça da maior possibilidade de sucesso na condenação dos demais acusados, em detrimento da realização plena da justiça. Não esqueçamos que na meritocracia administrativa se leva em conta apenas os resultados obtidos nas estatísticas, que pertence à ciência da matemática, e não traduz a distribuição de justiça para as vítimas de crimes e em última estância para a paz na sociedade. Índices de esclarecimentos de crimes e de condenações são critérios adotados por órgãos e instituições, que nem sempre espelham o empenho de seus membros pela realização da justiça na sua plenitude.
§ 2° Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Quando a colaboração for de extrema relevância, o requerimento, do representante do Ministério Público, ou a representação, do Delegado de Polícia na fase inquisitorial, pela concessão de benefício da delação premiada poderá ocorrer em qualquer tempo. Na eventual discordância do Juiz da causa em relação ao requerido pelo Promotor de Justiça, aplica-se no que couber o Artigo 28 do Código de Processo Penal.
§ 3° O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
O § 3º possibilita, em relação ao delator, a suspensão do prazo para oferecimento da denúncia pelo Promotor de Justiça, bem como a suspensão do prazo prescricional da pena, até que haja a consolidação da colaboração requerida para o caso, ou seja, até que ocorra o efeito desejado na investigação ou obtenção de prova.
§ 4° Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
I – Não for o líder da organização criminosa;
II – For o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
Diz o § 4º que o Ministério Público poderá deixar de oferecer a denúncia em relação ao delator, desde que este não seja o líder da organização e seja o primeiro a prestar efetiva colaboração. Novamente o legislador olvidou de condicionar a valoração do grau de participação nos crimes cometidos. Observe-se que nessa hipótese, o criminoso delator se quer será processado. Portanto, o crime terá compensado.
§ 5° Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
O § 5º trata da redução da pena ou progressão de regime, quando a delação por posterior à promulgação da sentença, inclusive a transitada em julgado, uma vez que a norma permite a progressão de regime, que só ocorre na execução da sentença. Evidentemente nessa hipótese a colaboração deve ser bastante relevante.
§ 6° O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
O § 6º estabelece a equidistância do Juiz em relação ao acordo de colaboração firmado em consonância com a necessária imparcialidade daquele que tem por ofício julgar a demanda das partes. No entanto, o parágrafo em questão não disciplina como se dará essa formalização do acordo de colaboração. Em qualquer negociação sempre haverá alguém que levará mais vantagem, embora teoricamente, o acordo de vontades estabeleça vantagens para ambas às partes. Entendemos ser necessária a criação de normas, elaboradas em conjunto, entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, a fim de estabelecer a forma e os meios empregados para a efetivação do acordo de colaboração. A gravação em áudio e vídeo nos parece essenciais, até para eventual avaliação posterior da espontaneidade da colaboração por parte do delator, ou correição de eventual desvio de conduta por alguma das partes.
§ 7° Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
Realizado o acordo, o § 7º estabelece a homologação deste, devidamente acompanhado das peças da investigação, declarações do colaborador e o respectivo termo de colaboração. Nessa fase o Juiz deverá avaliar a espontaneidade do delator, bem como o cumprimento dos requisitos formais e os legais, in casu os de ordem objetiva, pelo menos um dos previstos nos incisos I a V do artigo em comento.
§ 8° O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
O § 8º trata da recusa da homologação da proposta que não atenda aos requisitos legais, s.m.j., os de ordem objetiva. No entanto, apesar do magistrado não participar da negociação, a hipótese de adequação da proposta de acordo ao caso concreto, infere que o Juiz pode avaliar os critérios subjetivos adotados pelos negociadores em relação ao benefício acordado.
§ 9° Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá ser ouvido, sempre acompanhado pelo seu defensor, pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações.
Homologado o acordo a oitiva do delator, quando necessária para o deslinde da investigação, deverá ser sempre na presença de seu defensor, conforme estabelece o § 9º.
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas auto incriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
No § 10 há a previsão da retratação da proposta pelas partes, mas nesse caso as provas produzidas pelo delator não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. O tempo e os casos concretos demonstrarão se esse expediente da retratação não favorecerá manobras da defesa do delator, a fim de alguma forma livrá-lo de um processo mais robustecido com as provas excluídas.
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.
O § 11 estabelece que os termos do acordo e de sua eficácia devem constar da sentença. A rigor a sentença sempre deve ser fundamentada, evidentemente o acordo homologado e sua eficácia não poderiam deixar de ser apreciado.
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
O § 12 impõe ao beneficiado pelo perdão judicial ou não denunciado, o dever de depor em juízo, se requerido pelas partes, MP e Defensor, ou ainda pelo Juiz.
§ 13. Sempre que possível,o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
O § 13 estabelece a forma do registro dos atos de colaboração. Embora a norma se refira à forma condicional “sempre que possível”, a gravação por meio audiovisual é a maneira que melhor provém à segurança jurídica para todas as partes envolvidas.
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
O § 14 nos parece inconstitucional, uma vez que ninguém é obrigado a produzir provas em seu desfavor e o silêncio do acusado é garantido no inciso LXIII do Art. 5º da C.F., com inspiração no Tratado Internacional denominado Pacto de São José da Costa Rica, também conhecido como Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, que diz em seu art. 8º, inciso 2, alínea 'g':
"Art. 8º - Garantias judiciais:
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada". 
Embora a lei preveja benefícios para o delator, eventualmente a revelação de determinada prova que possa condenar o delator e o deixe a mercê do alvedrio do negociador o alcance do benefício a ser proposto, para a defesa pode ser extremamente prejudicial. Há de ser observar que os benefícios e sua abrangência sempre estarão sujeitos, em parte, a análise subjetiva do negociador, que eventualmente pode decidir que as provas fornecidas pelo delator “não compensam” um alcance maior dos benefícios possíveis. Nessa hipótese o prejuízo para a defesa do investigado ou do réu pode ser inestimável com a obrigatoriedade da renúncia total do silêncio, como prevê o parágrafo em comento.  Não se pode olvidar também que, eventualmente, mesmo com a colaboração do delator, as informações não conduzam as provas desejadas ao final da investigação.
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
O § 15 apenas sacramenta o direito constitucional de defesa do investigado ou acusado.
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador.
O § 16 estabelece que nenhuma sentença será proferida, tendo como fundamento apenas as declarações do delator. Não podemos esquecer que no período negro da inquisição, a palavra de uma pessoa poderia condenar outra a tortura ou morte, estratagema muito utilizado para a defenestração de inimigos pessoais ou mesmo do regime de governo. Aliás, há quem diga que o “testemunho pessoal”, puro e simples, desprovido de comprovação é a prostituta das provas.
Art. 5. São direitos do colaborador:
I – Usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;
II – Ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservadas;
III – Ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
IV – Participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;
V – Não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
VI – Cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.
O Artigo 5º em seus incisos estabelece alguns direitos do delator, que na verdade, em se tratando de delação de organização criminosa, são garantias essenciais para dar o mínimo de garantia de vida para o delator. O grande problema será a implementação operacional dos incisos I e II. Em países onde se aplica a delação premiada há décadas, o governo “cria” uma nova identidade, profissão e sustenta por algum tempo o delator e sua família, compreendida esposa e filhos, se houver, até que este se estabilize na nova vida. Há inclusive agentes do governo com a função específica de acompanhar e resguardar a vida do delator e de sua família. No Brasil onde direitos constitucionais do cidadão, como saúde e educação de qualidade não são cumpridos pelo governo em razão de falta de recursos, além é claro da corrupção endêmica que corroem o orçamento público, nos parece que será mais uma regulamentação aplicada precariamente.
Art. 6. O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter:
I – O relato da colaboração e seus possíveis resultados;
II – As condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia;
III – A declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
IV – As assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
V – A especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário.
O Artigo 6º disciplina a formalização escrita do acordo de delação. Em relação ao inciso I há de se observar que a redação deverá ser, precisa e delimitada em seus efeitos, pois, os possíveis resultados da delação, se condicionais à sua ocorrência, consubstanciará em norma penal aberta, uma vez que a inocorrência do resultado desejado poderá acarretar prejuízo para o delator, ou, contrário senso, livrar o agente criminoso de uma punição adequada a sua conduta, no fornecimento de informações de pouco ou nenhum valor para o desbaratamento da organização criminosa.
Art. 7. O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
§ 1° As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento.
§ 3° O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso, assim que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5°.
O Artigo 7º impõe o sigilo sobre a identidade do delator e os termos do acordo, com a restrição dos agentes públicos que terão acesso às informações. No entanto, na prática os funcionários cartorários e colaboradores diretos das autoridades envolvidas no acordo com certeza terão acesso às informações, pelo que será necessário um controle eficiente sobre esses funcionários, a fim de se evitar o vazamento de informações, com prejuízo às investigações e ao processo, além de evidentemente colocar em risco a vida do delator.
Seção II
Da Ação Controlada
Art. 8. Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada.
§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada.
Será que nessas circunstâncias específicas os tribunais disponibilizarão juízes e funcionários em período integral para apreciaçãodo retardamento das ações policiais que envolvam prisão em flagrante delito. Provavelmente o que ocorrerá na prática é a autorização judicial para o retardamento das ações policiais, inclusive flagrante, em casos onde haja a investigação em curso. No entanto, poderão ocorrer situações em que a polícia, no decorrer de suas atribuições cotidianas, se depare com ocorrência de flagrante delito de crime operado por organização criminosa, onde não havia investigação ou monitoração anterior, mas que o retardamento do flagrante poderia propiciar a prisão de lideranças ou outros criminosos envolvidos que não estejam presentes. O amadurecimento na aplicação da lei talvez traga solução para essas questões. Os demais parágrafos tratam do sigilo, acesso e restrição das informações aos agentes públicos diretamente envolvidos na ação controlada, bem como da formalização das informações, mas como expusemos no Artigo 7º, na prática funcionários auxiliares também terão acesso, que exigirá um controle rígido pelas autoridades do caso concreto, a fim de se evitar danos irreparáveis à investigação.
Art. 9. Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.
O Artigo 9º trata da ação controlada que envolva a transposição de fronteiras, com a cooperação das autoridades de outros países. O artigo analisado trata de exigência para se evitar conflitos diplomáticos, pois que o direito internacional não autoriza um Estado a agir ou intervir no território de outro. Nesses casos acreditamos que a operacionalização das ações de cunho policial deverão se dar com a Interpol, até porque em determinados Estados ou blocos de países como a União Europeia, as polícias possuem, em casos específicos, uma liberdade e abrangência maior para atuação no combate a crimes transnacionais operados por organizações criminosas. 
Seção III
Da Infiltração de Agentes
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia, ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
O Artigo 10 disciplina que a infiltração de agentes se dará a pedido do Delegado de Polícia, através de representação, ou a requerimento do Ministério Público, sendo que no caso de requerimento com o inquérito policial em curso, deverá haver manifestação técnica do Delegado de Polícia, que s.m.j., deverá explanar em relatório circunstanciado, se há condições e recursos para a realização da infiltração, o número de agentes necessários, tanto para a infiltração, como o efetivo de apoio necessário, sempre se levando em consideração a possibilidade da descoberta do agente infiltrado, as condições técnicas necessárias para a obtenção e formalização das provas, como gravações de conversas, interceptações telefônicas e telemáticas, etc. Enfim, a manifestação do Delegado de Polícia deve ser técnica e minuciosa dentro do que se espera do profissional com conhecimento específico para esse tipo de investigação e, eventualmente, apontar a falta de requisito legal para a realização da infiltração requerida. Entendemos que a simples manifestação lacônica não se aplica ao espírito da norma em comento, uma vez que esta servirá de subsídio para a decisão do juiz, que deverá ser devidamente fundamentada e com o sigilo necessário ao êxito da investigação e segurança do agente infiltrado.
Parágrafo 1º
O § 1º estabelece que no caso da representação do Delegado de Polícia, o Ministério Público será ouvido, antes da decisão do Juiz competente, que deve decidir conforme seu livre convencimento.
Parágrafo 2º
A infiltração só é admissível em caso de indícios de infração cometida por organização criminosa, definida nos termos do Artigo 1º e, se não houver outros meios de produzir a prova requerida para o caso. A redação do § 2º demonstra que não é admissível a banalização desse recurso.
Parágrafo 3º
O § 3º estabelece que o prazo da autorização para a infiltração é de até seis meses, no entanto permite a renovação do prazo, desde que comprovada sua necessidade. Essa brecha para renovações pode ser perigosa. Evidente o perigo de um agente permanecer por muito tempo infiltrado. O risco envolvido é muito grande para sua segurança, como também para seu estado psicológico. Estamos tratando com seres humanos e não com máquinas. Há um limite para tudo, e nesse caso específico, o prazo pode se estender por anos. O caso clássico são os inquéritos policiais com prazo de apuração de trinta dias renováveis com autorização judicial, sempre ouvido o MP. Quantas dessas apurações não se estendem por anos para depois serem arquivadas.
Parágrafo 4º
Após o término do prazo judicial para a infiltração, o Delegado de Polícia deverá elaborar relatório circunstanciado dos fatos apurados endereçado ao Juiz competente, que dará ciência ao Ministério Público.
Parágrafo 5º
O § 5º estabelece o necessário controle no curso do IP, pelo Delegado, ou a qualquer tempo pelo MP, do necessário controle sobre a atividade de infiltração.
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.
O Artigo 11 estabelece que o requerimento do MP, ou a representação do Delegado de Polícia deverá detalhar a necessidade da infiltração, o objetivo pretendido e as pessoas a serem investigadas.
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
O Artigo 12 trata do sigilo na distribuição do pedido de infiltração, de forma a resguardar a operação e o agente que será infiltrado.
Parágrafo 1º 
O § 1º estabelece o prazo de 24 horas para apreciação do pedido e não oferece dificuldade na sua interpretação. No entanto, dificilmente esse prazo será cumprido por razões já expostas na análise do Artigo 8º.
Parágrafo 2º 
O § 2º trata dos autos com as informações da operação de infiltração, que acompanharão a denuncio do MP, quando então a defesa poderá ter acesso, assegurada à preservação da identidade do agente. Provavelmente surgirão questionamentos da defesa em relação à identificação do agente infiltrado, como surgiram no passado em relação à identidade da testemunha protegida. No entanto, a preservação da identidade do agente infiltrado é de rigor para a segurança da vida deste e não importa em qualquer prejuízo para a defesa, uma vez que seu papel é contestar a acusação e as provas carreadas.
Parágrafo 3º
O § 3º diz respeito à sustação da operação, em caso de risco iminente ao agente infiltrado, quer seja por requisição do MP ou pelo Delegado de Polícia, nesse último caso com a devida ciência imediata ao MP e ao Juiz competente. Evidentemente, que nessa circunstância o Delegado de Polícia deve agir imediatamente para posteriormente cumprir as formalidades legais, uma vez que está em risco a vida do agente infiltrado.
Art. 13. O agente que não guardar, na sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
 O Artigo 13 estabelece a proporcionalidade da atuação do agente infiltrado nas condutas que tenha que praticar durante o período de infiltração na organização criminosa. O fato de estar infiltrado não pode servir de carta branca para a prática de conduta criminosa, no entanto, o fato é que, eventualmente terá que participar de infrações penais, quer seja paraganhar confiança dos investigados, quer para resguardar sua vida, uma vez que se descoberto o risco de morte será iminente. Não raras vezes os agentes que investigam o tráfico de entorpecente são obrigados a participar do consumo de drogas para ganhar a confiança dos investigados. Razão pela qual entendemos que o período de infiltração não deve se prolongar no tempo, até para a garantia da saúde física e psicológica do agente. A prática eventual de crime pelo agente infiltrado, que este não tenha como evitar para resguardar sua identidade e, em consequência, sua integridade física não será punível, desde que não se possa exigir conduta diversa, conforme estabelece o parágrafo único. As excludentes poderão ocorrer em várias situações como a coação moral irresistível (excludente de culpabilidade), estado de necessidade para salvaguardar sua vida (excludente de ilicitude), ou seja, sempre que não se possa exigir conduta diversa nas condições em que se encontrava o agente na ocasião da prática da conduta criminal.
Art. 14. São direitos do agente:
I – recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II – ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
III – ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV – não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
O Artigo 14 prescreve os direitos do agente em relação à infiltração, como o de recusar ou cessar a atuação, ter sua identidade preservada e inclusive a alteração de seus dados e registro civil conforme dispõe a Lei nº 9.807/99 que regula o programa de proteção a testemunha.
Seção IV
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações.
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. 
Não estamos falando de acesso a valores movimentados, mas sobre as informações referentes à localização e a forma da operação financeira realizada. Esse tipo de dado não somente seria de valor inestimável na investigação e prisão de integrantes de organizações criminosas, quer na prática de crimes como sequestro, como também no monitoramento da movimentação física de investigados, com antecipação até de eventual fuga. 
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e registro de viagens. 
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais. 
Os Artigos 16 e 17 são um pouco difusos pois tratam do acesso aos bancos de dados cadastrais das empresas de transportes, concessionárias de telefonia, que devem ser disponibilizados pelo prazo de cinco anos. O acesso previsto independe de autorização judicial e deve ser de maneira direta e permanente. Portanto, se prevê a colaboração direta dessas empresas com as autoridades integradas na investigação. Seção V Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova 
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
A lei buscou proteger a integridade física do colaborador e garantir sucesso da operação, punindo aquele que revelar, fotografar ou filmar o colaborador sem sua autorização (que deve ser expressa: por escrito). Trata-se de um crime de mera conduta, visto que não exige e nem prevê um resultado. A posição majoritária é no sentido não cabe tentativa em crimes de mera conduta. Há aqueles que defendem o reconhecimento da tentativa nos crimes de mera conduta. Possível a tentativa nas três condutas. Exemplo: O sujeito que envia o nome do colaborador pelo correio e essa carta é interceptada pelo delegado; ou o sujeito que prepara-se para fotografar o colaborador mesmo depois de alertado e ainda assim inicia os atos de fotografia ou filmagem. Múltiplas condutas punidas, bastando uma para consumação do delito. Sujeito ativo comum. Qualquer pessoa pode cometer o crime. Já o sujeito passivo é próprio, pois apenas o COLABORADOR pode ser vítima. Possível a consumação do delito tanto na forma comissiva como omissiva, este último no caso daqueles que possuem o dever de guardar a informação ou impedir a divulgação das imagens. Inadmiti-se a modalidade culposa. Trata-se de um crime de médio potencial ofensivo, podendo ser ofertada a suspensão condicional do processo. A pena de multa é cumulativa, não podendo a pena privativa de liberdade ser substituída pela multa nos termos da súmula 171 do STJ. 
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
 
Foi criada um tipo penal de calúnia específico, com pena bastante superior a calúnia prevista no art. 138 do Código Penal. Este crime direciona-se àquele que imputar falsamente infração penal a pessoa que sabe ser inocente ou passar informações inverídicas de organização criminosa. Apenas na forma comissiva, sendo impossível a realização da conduta de forma omissiva. Buscou-se aqui punir a conduta daqueles criminosos que na expectativa de se livrarem da acusação ou buscar receber o benefício da colaboração imputam falsamente condutas a terceiros e apresentam informações inverídicas da organização criminosa. Não há previsão de exceção em razão do tipo já possuir o conceito normativo de informação falsa, evidente que se o sujeito provar a informação ser verdadeira, não haverá mais adequação típica. Por ser crime formal, admite-se a tentativa na modalidade escrita. Inadmite-se a modalidade culposa. Não exige qualquer atribuição do sujeito ativo, ou seja, não precisa ser colaborador para incidir neste típico específico. O sujeito passivo também é comum, podendo ser qualquer pessoa. As duas condutas previstas no tipo penal exigem o dolo direto, posto que o sujeito deve saber que terceiro é inocente ou que as informações são inverídicas. Trata-se de um crime de médio potencial ofensivo, podendo ser ofertada a suspensão condicional do processo. A pena de multa é cumulativa, não podendo a pena privativa de liberdade ser substituída pela multa nos termos da súmula 171 do STJ. 
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Este tipo penal vista punir aqueles que prejudicarem o sucesso da operação ou colocar a integridade física dos agentes envolvidos em risco. Trata-se de um crime que pode ser cometido tanto na forma comissiva como omissiva. Como o agente policial que informa a terceiros a identidade do colega ou o escrivão que deixa de apontar intencionalmente o caráter sigiloso da investigação e permite a vista do mesmo por terceiros. Admite-se facilmente a tentativa. Inadmite-se a modalidade culposa. O sujeito ativo é próprio, visto que recai apenas sobre aqueles que detinham a obrigação de manter o sigilo. Terceiro que vem a divulgar não se adequará a este tipo, mas dependendo da intenção e das circunstâncias pode vir a ser enquadrado no art. 2º, §1º (embaraçaras investigações). Entendemos que se o servidor que tinha a obrigação de manter o sigilo divulga intencionalmente a operação à organização criminosa, o mesmo também se adequará ao artigo 2º, §1º. Trata-se de um crime de médio potencial ofensivo, podendo ser ofertada a suspensão condicional do processo. A pena de multa é cumulativa, não podendo a pena privativa de liberdade ser substituída pela multa nos termos da súmula 171 do STJ. 
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. Este artigo visa punir a conduta daqueles que obrigados a fornecer dados e informações as autoridades se recusa ou omite a fornecê-las. Exemplo seria o diretor de uma empresa de telefonia que se recusa a passar o endereço de um suspeito ao promotor. Evidente que deve haver o dolo de recusa ou omissão, não se exigindo o dolo específico de auxiliar a organização/criminosa. Trata-se de crime de mera conduta, bastando a mera recusa ou missão para consuma do crime. Não admite tentativa. O crime é de menor potencial ofensivo, processando-se no juizado especial criminal e admitindo a transação penal e a suspensão condicional do processo. O parágrafo único pune aquele que indevidamente se apossa, divulga ou faz uso dos dados cadastrais.
CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. 
O Parágrafo 1º do artigo 22 em analise trata especificamente da instrução criminal, visto que a faze das investigações já se encerraram. Deste modo, os crimes definidos nos artigos 1º, 2º e seus §§, o membro do parquet terá o prazo máximo de 120 dias para propor a ação penal, ou requisitar de forma fundamentada novas diligências, ou ainda a realização de oitivas, isso quando o(s) acusado(s) estiver(em) preso(s). 
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação. 
Neste artigo 23, o legislador cuidou de garantir que uma vez o juiz decrete o sigilo dos andamentos investigatórios e procedimentais, os agentes policiais possam ter maiores sucesso e celeridade em suas diligências investigatórias dos atos, funcionamento e composição da organização criminosa investigada.
Ainda neste contesto, o § único do art. 23 da lei 12.580/13 garante ao criminoso preso, o direito constitucional de ampla defesa, contraditório e informações das acusações a ele(s) imputadas no processo, por meio de seu advogado, desde que requerido ao juízo competente no prazo mínimo de 03 (três) dias antecedentes ao acesso requerido do conteúdo sigiloso.
Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: "Associação Criminosa: Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente." (NR) 
A nova lei 12.850/13 trouxe além das definições da tipificação penal, de organização criminosa, promoveu significativa alteração no art. 288 do código penal vigente, ao também definir no § 1º, rol taxativo o número mínimo de 4 (quatro) integrantes, às características, sua organização econômica e hierárquica, para a classificação ou não no tipo penal. 
O § 2º, inciso II do art. 1º do mesmo comando, inovou positivamente, ao incluir na lei a tipificação penal da formação de grupos terroristas, organização e seus atos, visto que este crime não era previsto expressamente em lei específica. Pois bem vejamos: “II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.260, de 16/3/2016)”. 
Deste modo, o legislador também adequou a dosimetria da pena conforme a natureza do criminoso destas organizações, expressos no § 2º, caput, e §§ 1º, 2º, 3º e 4º. O novo comando majorou a Pena - reclusão, de três a oito anos, mais os agravantes previstos nos referidos parágrafos e incisos subsequentes.
Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: 
"Art. 342. ................................................................................ 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
............................................................................................." (NR) 
Este artigo é substitutivo à redação do artigo 342 do código penal, passando obrigatoriamente, o cumprimento de pena em regime fechado, acrescidos de multa dia a ser estabelecido pelo juiz, ou júri.
Art. 26. Revoga-se a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995.
A lei 12.850 revogou por completo a lei 9.034/95 que tipificava A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, assumindo por completo as regras legais e penais sobre as ilicitudes de tal organização e seus membros.
BIBLIOGRAFIA
CURIA, Luiz Roberto. (org.). Vade Mecum. - Acadêmico de direito. 21ª ed. Saraiva, 2016.
AVENA, Noberto. Processo Penal Esquematizado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2010.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
NUCCI, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. 2ª ed. Ano: 2015 ed: Forense cidade: Rio de Janeiro 
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 15 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2008. 
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial Comentada. 3ª ed. Ano: 2015 ed: JUspodium cidade: Salvador.

Continue navegando