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Disturbios da Alimentação

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Distúrbios da Alimentação
Aula 6
Os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial.
 
Acredita-se no modelo multifatorial, com participação de componentes biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares como causa desses distúrbios:
a) Fatores genéticos: pesquisas indicam maior prevalência de distúrbios alimentares em algumas famílias, sugerindo uma agregação familiar com possibilidade de um fator genético associado.
b) Fatores biológicos: alterações nos neurotransmissores moduladores da fome e da saciedade como a noradrenalina, serotonina, colecistoquinina e diferentes neuropeptídeos têm sido postuladas como predisponentes para os distúrbios alimentares. Existem dúvidas se tais alterações acontecem primariamente ou são decorrentes do quadro.
c) Fatores socioculturais: a obsessão em ter um corpo magro e perfeito é reforçada no dia-a-dia da sociedade ocidental.
d) Fatores familiares: dificuldades de comunicação entre os membros da família, interações tempestuosas e conflitantes podem ser consideradas mantenedoras dos distúrbios alimentares. 
e) Fatores psicológicos: algumas alterações características como baixa auto-estima, rigidez no comportamento, distorções cognitivas, necessidade de manter controle completo sobre sua vida, falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento do quadro clínico.
Obesidade
A obesidade não está inclusa no DSM-5 como um transtorno mental de distúrbio alimentar. 
A obesidade (excesso de gordura corporal) resulta do excesso prolongado de ingestão energética em relação ao gasto energético.
Uma gama de fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais e ambientais que variam entre os indivíduos contribui para o desenvolvimento da obesidade; dessa forma, ela não é considerada um transtorno mental. 
Entretanto, existem associações robustas entre obesidade e uma série de transtornos mentais (p. ex., transtorno de compulsão alimentar, transtornos depressivo e bipolar, esquizofrenia). 
Os efeitos colaterais de alguns medicamentos psicotrópicos contribuem de maneira importante para o desenvolvimento da obesidade, e esta pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de alguns transtornos mentais (p. ex., transtornos depressivos).
Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico-TCAP
É um transtorno psiquiátrico que acaba por desencadear muitas patologias orgânicas como dislepidemias, obesidade, hipertensão, diabetes entre outras.
Critérios para diagnóstico: 
Episódios recorrentes de compulsão periódica (“binge eating”) - caracterizado por: 
1 – ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares; 
2 – um sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o quê ou quanto se está comendo).
   
“Binge Eating” estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios: 
1 – comer muito mais rapidamente do que o normal;
2 – comer até sentir-se incomodamente repleto;
3 – comer grandes quantidades de alimentos, quando não fisicamente faminto; 
4 – comer sozinho, por embaraço pela quantidade de alimentos que consome; 
5 – sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.  
Acentuada angústia relativa à compulsão periódica.
A compulsão periódica ocorre, pelo menos dois dias por semana, durante seis meses. 
A compulsão periódica não está associada com o uso regular de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purgação, jejuns, exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa.
Tratamento: 
Deve ser abordado multifatorialmente , com uso de medicamentos, intervenções psicológicas e nutricionais.
Para o  tempo de tratamento é recomendável que se continue por, no mínimo, um ano depois do desaparecimento dos sintomas.
Vigorexia ou Síndrome de Adonis  
Transtorno mental que faz com que as pessoas realizem exercícios físicos de maneira exagerada, e nasce da associação com a imagem corporal. 
Por mais musculosa que a pessoa seja, ela se enxerga magra no espelho, e por isso, abusa de exercícios e substâncias ilegais, e está sempre querendo atingir limites que às vezes o próprio corpo não suporta mais, o que pode causar lesões, tanto musculares como articulares. 
Ainda não é estabelecida como uma doença específica pelos órgãos normativos.
O transtorno de imagem é o mesmo de pessoas que sofrem com anorexia. 
Ainda não se consegue identificar se foi o vício pelo exercício, que tornou a pessoa vigorexica, ou se a compulsão por um corpo ideal, ou ainda um transtorno mental que não permite que esse individuo tenha a percepção exata do corpo que já possui e busque cada vez mais ter um corpo maior.
Para os psiquiatras quem é aficionado pelo corpo tem um perfil psicológico diferenciado, são pessoas normalmente perfeccionistas, que quando tem um objetivo vão até o fim, e que muito provavelmente tiveram bons ganhos com a atividade física, pelo menos até o momento em que se passa a ter um exagero.
Trocar a vida social por exercícios também é um sintoma de vício.
O doente muita das vezes sabe que tem um problema, mas não quer se livrar dele, e em alguns casos gosta e estimula o próprio vício. A vigorexia faz com que se queira cada vez mais ser vigoréxico.
Sintomas:
Distorção da autoimagem;
Dores musculares constantes;
Lesões articulares e musculares;
Uso de anabolizantes;
Dietas hiperproteicas;
Cansaço;
Irritabilidade;
Insatisfação;
Depressão.
Tratamento: 
Multidisciplinar, com nutricionista, endocrinologista, psiquiatra, psicólogo e ainda fisioterapeuta e ortopedista, no caso de haver lesões musculares ou articulares provocadas pelo excesso de treino.
Tem como objetivo fazer com a pessoa aceite o seu corpo da maneira como ele é.
Não é necessário parar de treinar para se curar do vício, bastando tratar a compulsividade.
Ortorexia
Transtorno alimentar recentemente diagnosticado, que surge quando a pessoa se torna obsessiva quanto aos padrões daquilo que come. 
Ao contrário da anorexia ou bulimia, a pessoa permite-se comer, mas fica tão obcecada com o que come que todos os seus pensamentos ficam ocupados com a dieta.
Permitem-se apenas alimentos saudáveis e escrutinam o conteúdo nutricional de cada elemento que ingerem. Calorias, vitaminas e nutrientes tornam-se o ponto focal da comida e qualquer coisa que contenha o mínimo vestígio do que está na lista do “não é permitido” não é consumido.
Sintomas: 
Preocupação excessiva com alimentos e com suas qualidades nutricionais;
Ter uma dieta restritiva;
Perda rápida de peso e de gordura;
Excessiva preocupação com o que comeu ou com o que vai comer;
Incapacidade de comer algo que não foi preparado por ela mesma;
Curiosidade em saber as composições de cada alimento e como eles foram feito.
A pessoa pode começar a isolar-se dos seus semelhantes e tornar-se distante à medida que se vai fixando cada vez mais nas suas regras dietéticas.
Para alguns, a capacidade de desempenhar trabalhos ou de estudar pode começar a declinar, à medida que a sua mente se ocupa cada vez mais com a sua dieta e com os alimentos que são permitidos, como articulá-los no seu dia-a-dia, quantas vezes se devem mastigar e por aí fora. 
Há tantos fatores que envolvem estes transtornos alimentares que os pensamentos podem ficar totalmente ocupados por eles, deixando pouco espaço para outros rumos de ideias e a concentração e a motivação acabam por ficar na retaguarda.
Anorexia Nervosa (AN)
A anorexia é uma síndrome de auto-inanição caracterizada pela perda de
peso a um nível menor que 85% do peso corporal estimado. 
Em meninas e mulheres ocorre a amenorréia primária ou secundária e causa sérios danos ao sistema reprodutor. 
Excesso de atividade física com medo intenso e irracional de ganhar peso ou de ser gordo, mesmo tendo um peso abaixo do normal. 
Negação quando questionado sobre o transtorno.
O perfeccionismo, o discernimento, a persistência e a obessessão são características de personalidade da Anorexia Nervosa. 
A AN é subdividida em dois tipos: 
Restritiva (ANR) em que restringe a ingestão alimentar, praticam atividade física em excesso e preocupa-se demasiadamente com perder peso, mas não comem compulsivamente ou ingerem laxantes. 
Compulsivaperiódica/purgativa inclui comportamento purgativo regulares (vômito auto-induzido e abuso de laxantes, diuréticos e uso de enemas ou lavegam intestinal). 
A anorexia possui um índice de mortalidade entre 15 a 20%, a maior de quaisquer transtorno psicológico, geralmente matando por ataque cardíaco, devido à falta de potássio ou sódio (que ajudam a controlar o ritmo normal do coração).
Tratamento: 
A anorexia nervosa, por ser uma doença com raízes psicológicas, é difícil de ser tratada. 
Uma vez diagnosticada, o anoréxico passa por terapia individual, terapia em grupo e terapia familiar, em casos leves e moderados. 
Como a negação do problema é frequente, médicos, terapeustas e familiares precisam ser pacientes enquanto motivam o anoréxico em sua recuperação. 
Casos de reincidências (recaídas) são comuns em pessoas anoréxicas. Em casos mais graves, tratamento hospitalar é indicado.
Outros Riscos: 
A Bulimia pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anoréxicas.
Danos intestinais e ao rim, quando o anoxérico faz uso excessivo de laxativos e diuréticos podem ocorrer. 
Anemia (devido ao baixo nível de ferro.
Osteoporose (devido ao baixo nível de cálcio, ou à deficiência do intestino em absovê-lo).
Bulimia Nervosa (BN)
Transtorno alimentar caracterizado por epsódios de comer compulsivamente seguidoo de comportamento compensatório com o objetivo de evitar o ganho de peso. 
A compulsão alimentar é dfinida como ingestão de uma quantidade de alimento muito maior do que qualquer pessoa comeria no mesmo período, sob as mesmas circunstâncias, e está associado a sessão de perda de controle sobre a alimentação. 
Os alimentos típicos da compulsão são os mais calóricos e gordurosos. 
Comportamentos compensatórios seguidos da compulsão: 
Purgação por meio de vômito; 
Abuso de laxantes ou diuréticos ou atividade física em excesso. 
Diferença entre AN-P e BN é, inicialmente, o peso. 
Os comemm compulsivamente e eliminam a comida, mas estão 85% abaixo do peso ideal e são amenorréicos, são diagnosticados como AN-P. 
Dois tipos de BN: 
Purgativo (BN – P) provocam vômito e/ou fazem uso de laxante e diuréticos. 
Não prugativo (BN – NP) não provocam vômito e/ou fazem uso de laxante e diuréticos. Os episódios de compulsão alimentar alternam-se com jejuns ou atividades físicas em demasia. 
A impulsividade elevada, a busca pela novidade, a emotividade negativa, a reação ao estresse e os traços de personalidade anti-social, limítrofe, falso e narcisista estão mais associados a Bulimia Nervosa. 
Drunkorexia 
A expressão drunkorexia vem da junção entre as palavras drunk(embebedado, em inglês) e anorexia.
A drunkorexia acontece quando um indivíduo, preocupado obsessivamente em não engordar, passa a consumir bebidas alcoólicas para substituir a comida. 
A doença acomete principalmente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres.
Ainda não é estabelecida como uma doença específica pelos órgãos normativos.
De um a dois por cento da população mundial sofrem de anorexia e, dessas pessoas, cerca de 30% fazem uso inadequado de álcool.
O álcool dá a sensação de perda de apetite ou faz com que a pessoa durma, ao invés de comer.
A ansiedade é um dos sintomas mais frequentes entre os pacientes de distúrbios alimentares e o álcool cria a falsa ideia de aliviar o problema. Em médio e longo prazos, na verdade, aumenta a ansiedade e pode gerar quadros depressivos
Sintomas: 
Geralmente são os mesmos da anorexia:
Distorção da imagem corporal (os pacientes podem se achar gordos mesmo quando são muito magros);
Indução ao vômito;
Exagero na quantidade de exercícios físicos;
Uso de anfetaminas e laxantes;
Preocupação obsessiva com a magreza e com a alimentação.
Tratamento: 
Multidisciplinar e considera tanto o problema da anorexia, quanto o da possível dependência alcoólica. 
Pacientes com transtornos alimentares e com obesidade apresentam um perfil psicológico e o uso de estratégias de coping desadaptadas em medidas diferentes daquelas utilizadas pela população geral.
Indivíduos inseguros, com labilidade emocional, irritadiços, nervosos, com dificuldade para lidar com estresses e que, ao enfrentarem problemas, tendem a descarregar emocionalmente seus sentimentos na alimentação, com o objetivo de diminuir a ansiedade causada pelo problema, mas não direcionando ações para a sua resolução, tendem a desenvolver mais transtornos alimentares e obesidade que a população geral.
Atuação do Nutricionista
É importante o nutricionista estar preparado para fazer uma leitura do paciente como um todo, considerando que a somatória de fatores contribuem para comportamento alimentar desse. 
Para motivar o paciente/cliente a seguir a dieta alimentar é preciso conhecer três princípios do comportamento humano: 
 - todo comportamento tem uma causa; 
 - todo comportamento visa atender uma determinada meta; 
- toda pessoa é um indivíduo à parte. 
É preciso adequar ações do programa de educação nutricional aos diferentes indivíduos e idades, pois as crianças, os adolescentes e os adultos de idades diferentes aprendem de forma diferente. 
Na adolescência para a mudança do comportamento alimentar é necessário que o adolescente queira mudar, para isso ele precisa se sentir autônomo.
O paciente deve ser considerado parte integrante da equipe de saúde. Especiamlmente quando se trata de controle de doença crônica, porque as decisões do dia a dia requer que o paciente faça alterações no seu estílo de vida.

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