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FMU Apostila Direitos Humanos Prof

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PROF. RICARDO C. CHACCUR 
FMU 
DIREITOS HUMANOS 
1 
 
DIREITOS HUMANOS 
Sumário: 
I) Conceito de Direitos Humanos e Dignidade da Pessoa Humana 
II) Breve Evolução Histórica dos Direitos Humanos 
III) Características dos Direitos Humanos 
IV) Classificação dos Direitos Humanos 
V) Organização das Nações Unidas – ONU 
VI) Sistemas de Proteção dos Direitos Humanos (Global e Regional) 
VII) Principais Tratados Ratificados pelo Brasil no Sistema Global 
VIII) Principais Tratados Ratificados pelo Brasil no Sistema Interamericano 
IX) A Incorporação dos Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos 
Humanos ao Direito Brasileiro 
X) A Supralegalidade dos Tratados sobre Direitos Humanos no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro 
XI) Os Direitos Humanos observados na Constituição Federal 
XII) A Federalização de Crimes Graves contra os Direitos Humanos 
XIII) As Ações Afirmativas ou Discriminações Positivas 
XIV) A Eficácia Vertical e Horizontal dos Direitos Fundamentais 
XV) O Tribunal Penal Internacional – TPI e o Estatuto de Roma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. RICARDO C. CHACCUR 
FMU 
DIREITOS HUMANOS 
2 
 
I) Conceito de Direitos Humanos e Dignidade da Pessoa Humana 
Os Direitos Humanos se fundamentam em um sistema de valores universais e comuns 
que são dedicados a proteger a vida do ser humano e garantir a possibilidade do seu 
desenvolvimento pleno. 
Os direitos humanos encontram-se hoje protegidos por normas e padrões internacionais 
e justificam-se por meio de duas teorias: A Teoria do Jusnaturalismo e a Teoria do 
Positivismo. 
Obs 1: A Teoria do Jusnaturalismo, teorizado por Fábio Konder Comparato e Dalmo de 
Abreu Dallari, entende que os direitos humanos são direitos preexistentes ao próprio 
direito, pois não são fruto da criação do homem ou do Estado, mas sim algo inerente a 
todo ser humano em razão da sua condição humana e, portanto, não sendo constituídos, 
mas sim declarados, tendo em vista o seu caráter absoluto, atemporal e global. 
Obs 2: A Teoria do Positivismo, teorizado por Hans Kelsen e Norberto Bobbio, entende 
que apenas por meio da positivação, isto é, previsão legal de tais direito no ordenamento 
jurídico é que estes se tornam possíveis de serem protegidos e exigidos contra e pelo 
Estado, uma vez que a não previsibilidade destes no ordenamento jurídico poderiam lhe 
retirar a eficácia, pela ausência de caráter repressivo que seja capaz de garantir aos seres 
humanos a aplicação desses direitos. 
Obs 3: Os Direitos Humanos possuem três pilares (Liberdade, Igualdade e Fraternidade 
ou Solidariedade) dos quais resultam os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e 
culturais. 
Obs 4: Os Direitos Humanos são constantemente confundidos com as expressões: 
Direitos do homem ou Direitos Fundamentas, devendo observar que estas três 
expressões possuem bastante proximidade, uma vez que têm a mesma essência e 
orientação, ou seja, visam preservar a vida humana. 
Obs 5: Os Direitos Humanos se distinguem do Direito do Homem e dos Direitos 
Fundamentais em razão de: 
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DIREITOS HUMANOS 
3 
 
a) Direitos do Homem = expressão de cunho jusnaturalista baseado no direito natural 
que proclama que os direitos protegidos pelos direitos humanos existem pelo 
simples fato da condição humana do ser vivo, tendo em vista serem inerentes a todo 
e qualquer ser humano em qualquer tempo e espaço, mesmo que não haja 
positivação dos mesmos; 
 
b) Direitos Humanos = Derivam dos Direitos do Homem e são positivados e 
declarados por Tratados e Convenções Internacionais, portanto, previstos na ordem 
internacional; 
 
c) Direitos Fundamentais = Derivam dos Direitos Humanos e são positivados e 
declarados nas Constituições dos Estados, ou seja, quando os Tratados ou 
Convenções Internacionais de Direitos Humanos são devidamente incorporados ao 
ordenamento jurídico de um Estado, portanto, previstos na ordem interna estatal. 
Obs 6: A Dignidade da Pessoa Humana é inerente a todo ser humano, em razão da sua 
simples condição humana, podendo ser entendida como sendo a qualidade intrínseca 
que distingue cada ser humano dos demais e que o protege contra um tratamento 
degradante e discriminatório, a fim de preservar a sua integridade física e mental, bem 
como estabelecer as condições mínimas materiais necessárias para sua sobrevivência e 
seu pleno desenvolvimento. 
Obs 7: Em suma temos: 
a) Direitos do Homem = aqueles não expressamente previstos no direito 
interno de um Estado, nem no direito internacional; 
b) Direitos Humanos = aqueles previstos em normas internacionais, como 
tratados e convenções; 
c) Direitos Fundamentais = aqueles previstos nos textos constitucionais 
dos Estados. 
 
 
 
PROF. RICARDO C. CHACCUR 
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DIREITOS HUMANOS 
4 
 
II) Breve Evolução Histórica dos Direitos Humanos 
Idade: Ano: Eventos:
Antiguidade 4000 a.C 1) Código de Hamurabi
até 2) Grécia Antiga
476 d.C 3) Lei das 12 Tábuas
Média 476 d.C 1) Magna Carta de 1215
até
1453 d.C
Moderna 1453 d.C 1) Petition of Rights em 1628
até 2) Tratado de Westphalia em 1648
1789 d.C 3) Habeas Corpus Act em 1679
4) Bill of Rignts em 1689
5) Declaração de Direitos do Povo da Vurgínia em 1776
6) Declaração de Independência e a Constituição de 1787 dos EUA
Contemporâneo 1789 d.C 1 ) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789
até 2) Constituição Mexicana de 1917
Hoje 3) Constituição Alemã de Weimar de 1919
4) Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948
5) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos em 1966
6) Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais em 1966
 
Obs: Em relação à Idade da Antiguidade: temos as seguintes observações: 
a) Código de Hamurabi = elaborado no século 18 a.C. para regular a vida na 
sociedade Assírio babilônica (trazia regras, mas as pessoas eram tratadas de 
maneiras diferentes de acordo com a sua classe social: Awelum (Elite), 
Mushkenum (Média) e Wardum (Escravo marcado ou classe baixa); 
b) Na Grécia surgem ideais de igualdade e liberdade; 
c) Lei das 12 Tábuas = elaborado para regular a vida do povo romano, dava 
publicidade para as normas, surge o princípio da igualdade, uma vez que não 
fazia a distinção de classes como o Código de Hamurabi. 
Obs: Em relação à Idade Média, temos as seguintes observações: 
a) Magna Carta em 1215 = Restringiu o poder do Rei João (João “Sem Terra”) da 
Inglaterra e é considerada por muitos autores como um dos instrumentos de 
referência dos direitos humanos, entretanto, cumpre ressaltar que esta carta não 
trouxe a proteção suficiente para os direitos humanos, tendo iniciado, de forma 
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DIREITOS HUMANOS 
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embrionária, a previsão de direitos fundamentais de 1ª dimensão, uma vez que 
impôs ao Rei, pela primeira vez, se submeter à Lei, bem como trouxe a previsão 
do direito à propriedade e do devido processo legal e do Habeas corpus, 
observando que tais direitos estavam restritos apenas aos nobres ingleses, não 
sendo privilégio de todos os indivíduos. 
Obs: Em relação à Idade Moderna, temos as seguintes observações: 
a) É marcado por um período de desenvolvimento dos direitos humanos, sendo 
considerada para muitos autores a conquista definitiva dos destes; 
b) Petition of Rights de 1628 = incorporou os direitos estabelecidos pela Magna 
Carta e estabeleceu que determinados atos necessitavam do consentimento do 
Parlamento; 
c) Tratado de Westphalia ou Vestfália de 1648, composto pelos Tratados de 
Munster e Osnabruck: Pôs fim a Guerra dos Trinta Anos entre católicos e 
Protestantes, inaugurando a concepçãode Estado que conhecemos atualmente, 
tendo como principal resultado o Princípio da Igualdade Formal; 
d) Habeas Corpus Act de 1679 = destaca o direito à liberdade de locomoção a 
todos os indivíduos; 
e) Bill of Rights de 1689 = verifica-se os direitos protegidos pela Magna Carta e, 
ainda, previsão de independência do parlamento inglês, surgindo o princípio da 
divisão dos poderes, bem como consagrou o direito de petição e proibiu a 
aplicação de penas inusitadas e cruéis; 
f) Declaração de Direitos do Povo da Virgínia – EUA de 1776 = de influência 
iluminista, sua importância encontra-se na previsão de que todo o poder emana 
do povo e em nome dele deve ser exercido, bem como prevê que todo ser 
humano é titular de direitos fundamentais, como direito à vida, liberdade, busca 
da felicidade; 
g) Declaração de Independência dos EUA e a Constituição de 1787 = 
consolidou barreiras contra o Estado, estabelecendo a tripartição dos poderes, 
assegurando direitos fundamentais como direito à igualdade, à liberdade, à vida, 
à propriedade e ao devido processo legal, bem como determinou a 
inalienabilidade dos direitos humanos; 
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DIREITOS HUMANOS 
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Obs: Em relação à Idade Contemporânea, temos as seguintes observações: 
a) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 = elaborada na 
França e resultante da Revolução Francesa sofreu influência da Declaração de 
Independência dos EUA e da Declaração do Povo da Virgínia, tendo como 
objetivo universalizar os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, 
rompendo com o Estado Absolutista e com os privilégios feudais, definiu que 
não há crime sem lei que o defina anteriormente, nem pena que não esteja fixada 
em lei, estabeleceu um Estado Laico, isto é, sem religião oficial, mas eram 
considerados cidadãos apenas os franceses do sexo masculino, de cor branca e 
proprietários de terras; 
 
b) Constituições do México de 1917 e Alemã de Weimar de 1919 = elevaram os 
interesses trabalhistas e previdenciários à mesma condição dos direitos 
fundamentais, afirmando os direitos humanos de 2ª dimensão e inaugurando o 
Estado Social de Direito; 
 
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH de 1948 e os Pactos 
Internacionais sobre Direitos Civis e Políticos, e sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, ambos de 1966 = considerados os instrumentos normativos 
gerais do Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos e base de todos os 
demais Tratados e Convenções que versam sobre Direitos Humanos. 
III) Características dos Direitos Humanos 
Os Direitos Humanos possuem características próprias que os distinguem de outros 
direitos e demonstram a sua abrangência e importância. 
Obs: São características dos Direitos Humanos: 
a) Universalidade: todo e qualquer ser humano é sujeito ativo dos direitos 
humanos, independentemente de seu credo, raça, sexo, cor, nacionalidade, 
convicções e orientações, podendo pleiteá-los em qualquer foro nacional ou 
internacional; 
 
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DIREITOS HUMANOS 
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b) Inviolabilidade: os direitos humanos não podem ser violados ou descumpridos 
por nenhuma pessoa, mesmo que seja uma autoridade; 
 
c) Imprescritibilidade: os direitos humanos não prescrevem, isto é, não sofrem 
alterações com o decurso do tempo, uma vez que possuem caráter eterno; 
 
d) Irrenunciabilidade ou indisponibilidade: os direitos humanos não podem ser 
renunciados por seus titulares, ou seja, os destinatários dos direitos humanos não 
podem abdicar, recusar ou rejeitar esses direitos que lhes pertencem, sendo nula 
de pleno direito qualquer manifestação de vontade nesse sentido; 
 
e) Complementariedade: os direitos humanos devem ser interpretados em 
conjunto, uma vez que não há hierarquia entre eles, possuindo todos eles a 
mesma importância e o mesmo objetivo, o de proteger os seres humanos; 
 
f) Historicidade: os direitos humanos se caracterizam por sua evolução ao longo 
da história da humanidade, vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural 
dos seres humanos, no tempo e espaço; 
 
g) Inalienabilidade: os direitos humanos não são transferíveis, isto é, não podem 
ser alienados, transmitidos ou disponibilizados a título oneroso, nem gratuito por 
estarem fora do comércio; 
 
h) Individualidade: os direitos humanos podem ser exercidos por apenas um 
indivíduo; 
 
i) Indivisibilidade: os direitos humanos são indivisíveis, não podendo ser 
decompostos ou divididos sob pena de perderem sua natureza e sua configuração 
em razão de comporem um único conjunto de direitos; 
 
 
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j) Efetividade: para proteção dos direitos humanos devem ser criados todos os 
mecanismos necessários para a efetivação desses direitos, cumprindo ao Estado 
garantir a efetividade dos mesmos, no mínimo dos direitos civis e políticos; 
 
k) Limitabilidade: os direitos humanos não são absolutos e podem sofrer 
limitações nos casos previstos em lei, como na prisão de um indivíduo que 
cometeu um crime ou, ainda, sofrer restrições durante o período do estado de 
defesa e do estado de sítio; 
 
l) Interdependência: os direitos humanos possuem recíproca dependência por 
estarem vinculados ou conectados uns com os outros, dependendo desta ligação 
entre eles para que a finalidade pretendida seja alcançada; 
 
m) Vedação do Retrocesso ou do Regresso: os direitos humanos uma vez 
estabelecidos não se admite o retrocesso para limitá-los ou diminuí-los, não 
podendo ser restabelecido a pena de morte após ser retirado da legislação; 
 
n) Congenialidade: os direitos humanos são inerentes aos seres humanos, isto é, 
pertencentes ao indivíduo mesmo antes do seu nascimento e independentemente 
de positivados na legislação do Estado. 
 
IV) Classificação dos Direitos Humanos 
Os Direitos Humanos podem ser classificados de acordo com dois critérios: 
a) Quanto às dimensões ou gerações (classificação temporal); 
b) Quanto aos direitos e garantias fundamentais (classificação legal). 
Obs 1: Em relação ao primeiro critério utilizado para classificação dos direitos 
humanos, cumpre observar que doutrina indica que a expressão “dimensões de direitos 
humanos” é mais adequada que a denominação de gerações, pois esta última 
denominação pode dar a falsa ideia de sobreposição de direitos, uma vez que não há 
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DIREITOS HUMANOS 
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sobreposição alguma entre os direitos humanos, não importando se de 1ª, 2ª, 3ª ou 4ª 
dimensão, todos gozam de mesma hierarquia em uma linha horizontal. 
Obs 2: No quadro abaixo, dividimos os direitos humanos de acordo com a sua 
dimensão, indicando o valor, os direitos e algumas características importantes em cada 
uma das dimensões: 
Dimensão: Valor: Direitos: Características:
1a Liberdade Civis e Políticos a) Afastamento do Estado;
b) Estado Liberal de Direito;
c) Necessidade de um não fazer ou não agir do Estado.
2a Igualdade Econômicos, Sociais e 
Culturais
a) Surgem com a Revolução Industrial do século XIX em 
razão das condições degrandes de trabalho;
b) Estado Social de Direito;
c) Necessidade de agir por parte do Estado na 
implementação das políticas públicas, sociais e culturais.
3a Fraternidade Ao Meio-Ambiente, à 
paz, ao 
desenvolvimento, à 
Comunicação, ao 
Patrimônio Comum da 
Humanidade
a) Surgem para acompanhar a evolução rápida da ciência e 
tecnologia que submeteu a humanidade ao fenômeno da 
globalização econômica, sendo fortemente influenciados 
pela temática ambiental e a preocupação com a 
sustentabilidade.
b) Caracterizam-se pelaproteção aos interesses difusos e 
coletivos.
4a Solidariedade 
(Povo)
À Informação, à 
Democracia, ao 
Pluralismo
a) Surgem para proteger direitos que objetivam a 
preservação do ser humano;
b) Orbitam sobre tais direitos assuntos relacionados à 
biossegurança, direito a democravia, inclusão digital e 
 
Obs 3: O segundo critério utilizado para classificação dos direitos humanos, observa-os 
de acordo com os direitos e garantias fundamentais, conforme quadro abaixo: 
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DIREITOS HUMANOS 
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Direitos Fundamentais:Objetivos: Exemplos: Artigos na 
CF/88:
Individuais e Coletivos Tutelar direitos das pessoas e de 
diversos grupos da sociedade.
Direitos à vida, liberdade, 
igualdade, honra, dignidade 
e segurança.
5o 
Sociais Garantir condições materiais 
mínimas e indispensáveis para o 
desenvolvimento pleno do ser 
humano e fruição absoluta de 
seus direitos.
Direitos à educação, à 
saúde, à moradia, à 
alimentação, ao trabalho, 
ao transporte, ao lazer, à 
segurança, à previdência 
social, proteção a 
maternidade, à infância, à 
assistência, direitos 
trabalhistas, etc. 
6o ao 11o
Nacionalidade Tutelar os direitos resultantes do 
vínculo político-jurídico que 
conecta uma pessoa ao território 
do Estado.
Direito dos nascidos no 
estrangeiro de adquirir a 
nacionalidade brasileira 
nos casos previstos na 
Constituição.
12o
Políticos Estabelecer a participação 
popular no processo político por 
meio do exercício do cidadão na 
vida pública do Estado.
Direito ao voto e aos 
instrumentos de 
participação popular 
(plebiscito, referendo, 
iniciativa popular).
14o
Dos Partidos Políticos Tutelar o direito de reunião e 
organização solene e legal de um 
grupo de pessoas que possua 
uma afinidade ideológica de 
natureza política.
Direito à criação de 
partidos políticos, ao 
regime democrático, ao 
pluripartidarismo e etc.
17o
 
V) Organização das Nações Unidas – ONU 
Obs 1: Foi fundada oficialmente em 24 de outubro de 1945 em São Francisco - EUA 
por 51 Estados, contando a Polônia que apesar de não estar presente na Conferência foi 
considerada membro originário; 
Obs 2: Sua sede foi estabelecida em Nova York – EUA; 
Obs 3: Substituiu a Liga das Nações que tinha sido criada pelas Nações vencedoras da 
1ª Guerra Mundial em 1919 pelo Tratado de Versalhes e que foi dissolvida em 1946; 
Obs 4: Surge da necessidade de existir um órgão internacional de controle efetivo da 
paz e proteção dos direitos humanos, tendo em vista as atrocidades cometidas durante a 
2ª Guerra Mundial; 
PROF. RICARDO C. CHACCUR 
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DIREITOS HUMANOS 
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Obs 5: Seus Objetivos principais: 
a) Manter a paz e a segurança internacional; 
b) Tornar mais fortes os laços entre os países soberanos; 
c) Garantir e proteger os Direitos Humanos; 
d) Incentivar a autodeterminação dos povos e a autonomia das etnias dependentes; 
e) Promover a cooperação na resolução dos problemas internacionais de caráter 
econômico, cultural e humanitário; 
f) Promover o desenvolvimento socioeconômico das Nações. 
 
Obs 6: Os principais órgãos da ONU são: 
a) Assembleia Geral; 
a.1) Conselho de Direitos Humanos; 
b) Conselho de Segurança; 
c) Conselho econômico e Social; 
d) Secretariado; 
e) Corte Internacional de Justiça; 
f) Conselho de Tutela (Atividades Suspensas desde 1994). 
Obs 7: Assembleia Geral da ONU: é o principal órgão deliberativo da ONU, onde 
todos os Estados-Membros da Organização (193 países) se reúnem para discutir os 
assuntos que afetam a vida de todos os habitantes do planeta, tendo cada Estado-
Membro direito a um voto, ou seja, existe total igualdade entre todos seus membros, 
observando que os assuntos que fazem parte da pauta das Assembleias são: paz e 
segurança, aprovação de novos membros, questões de orçamento, desarmamento, 
cooperação internacional em todas as áreas, direitos humanos, etc. As resoluções – 
votadas e aprovadas – da Assembleia Geral funcionam como recomendações e não são 
obrigatórias. Suas principais funções são: a) Discutir e fazer recomendações sobre todos 
os assuntos em pauta na ONU; b) Discutir questões ligadas a conflitos militares – com 
exceção daqueles na pauta do Conselho de Segurança; c) Discutir formas e meios para 
melhorar as condições de vida das crianças, dos jovens e das mulheres; d) Discutir 
assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável, meio ambiente e direitos humanos; e) 
Decidir as contribuições dos Estados-Membros e como estas contribuições devem ser 
gastas; f) Eleger os novos Secretários-Gerais da Organização. 
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DIREITOS HUMANOS 
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Obs 8: Conselho de Direitos Humanos: é um órgão criado pelos Estados-Membros da 
ONU objetivando reforçar a promoção e a proteção dos direitos humanos em todos os 
Países, composto por 47 países eleitos, obedecendo a seguinte distribuição de cadeiras: 
13 do Grupo dos Países Africanos; 13 do Grupo dos Países Asiáticos; 7 do Grupo dos 
Países do Leste Europeu; 8 do Grupo dos Países da América Latina e do Caribe; e 7 do 
Grupo dos Países da Europa Ocidental e Outros. Substituiu a antiga Comissão de 
Direitos Humanos das Nações Unidas. 
Obs 9: Conselho de Segurança: é o órgão da ONU responsável pela paz e segurança 
internacionais, composto por 15 membros, sendo cinco permanentes (Estados Unidos, 
Rússia, Grã-Bretanha, França e China), que possuem o direito a veto, e dez membros 
não-permanentes (03 da África, 02 da Ásia, 01 da Europa Oriental, 02 da América 
Latina, 02 Europa Oriental e outros), eleitos pela Assembleia Geral por dois anos, 
observando que este é o único órgão da ONU que tem poder decisório, isto é, todos os 
membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir as decisões do Conselho. Suas 
principais funções: a) Manter a paz e a segurança internacional; b) Determinar a criação, 
continuação e encerramento das Missões de Paz, de acordo com os Capítulos VI, VII e 
VIII da Carta; c) Investigar toda situação que possa vir a se transformar em um conflito 
internacional; d) Recomendar métodos de diálogo entre os países; e) Elaborar planos de 
regulamentação de armamentos; f) Determinar se existe uma ameaça para o paz; g) 
Solicitar aos países que apliquem sanções econômicas e outras medidas para impedir ou 
deter alguma agressão; h) Recomendar o ingresso de novos membros na ONU; i) 
Recomendar para a Assembleia Geral a eleição de um novo Secretário-Geral. 
Obs 10: Conselho Econômico e Social (ECOSOC): é o órgão coordenador do trabalho 
econômico e social da ONU, das Agências Especializadas e das demais instituições 
integrantes do Sistema das Nações Unidas, formulando recomendações e promovendo 
atividades relacionadas com o desenvolvimento, comércio internacional, 
industrialização, recursos naturais, direitos humanos, condição da mulher, população, 
ciência e tecnologia, prevenção do crime, bem-estar social e muitas outras questões 
econômicas e sociais. Suas principais funções são: a) Coordenar o trabalho econômico e 
social da ONU e das instituições e organismos especializados do Sistema; b) Colaborar 
com os programas da ONU; c) Desenvolver pesquisas e relatórios sobre questões 
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econômicas e sociais; d) Promover o respeito aos direitos humanos e as liberdades 
fundamentais. 
Obs 11: Secretariado: presta serviço a outros órgãos das Nações Unidas e administra 
os programas e políticas que elaboram. Seu chefe é o secretário-geral, que é nomeado 
pela Assembleia Geral para um mandato de 5 anos, podendo ser reconduzido, seguindo 
recomendaçãodo Conselho de Segurança. Administrar as forças de paz; Funções: a) 
Analisar problemas econômicos e sociais; b) Preparar relatórios sobre meio ambiente ou 
direitos humanos; c) Sensibilizar a opinião pública internacional sobre o trabalho da 
ONU; d) Organizar conferências internacionais; Traduzir todos os documentos oficiais 
da ONU nas seis línguas oficiais da Organização. 
Obs 12: Corte Internacional de Justiça: é o principal órgão judiciário das Nações 
Unidas, com sede em Haia (Holanda) e composta de quinze juízes chamados 
“membros” da Corte e eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança em 
escrutínios separados. Todos os países que fazem parte do Estatuto da Corte – que é 
parte da Carta das Nações Unidas – podem recorrer a ela. Somente países, nunca 
indivíduos, podem pedir pareceres à Corte Internacional de Justiça, sendo que a 
Assembleia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar à Corte pareceres sobre 
quaisquer questões jurídicas, assim como os outros órgãos das Nações Unidas. 
Obs 13: A Corte Internacional de Justiça difere do Tribunal Penal Internacional – TPI, 
pois a primeira julga litígios entre os Estados, enquanto o segundo julga apenas pessoas 
que cometeram os crimes previstos no Estatuto de Roma de 1998. 
Obs 14: O Brasil é um dos membros fundadores. 
Obs 15: Atualmente a ONU possui 193 Países-membros. 
Obs 16: O nascimento da ONU foi o marco divisor do processo de internacionalização 
dos direitos humanos. 
Obs 17: A ONU é responsável pelo Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos, 
conhecido, por esta razão, como Sistema Onusiano de Proteção. 
VI) Sistemas de Proteção dos Direitos Humanos (Global e Regional) 
Obs 1: A estrutura normativa do sistema internacional de proteção dos direitos 
humanos é composta por instrumentos de caráter global e regional; 
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DIREITOS HUMANOS 
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Obs 2: Os instrumentos de caráter global pertencem ao Sistema de Proteção das Nações 
Unidas (ONU ou Onusiano ou Global ou Internacional); 
Obs 3: Os instrumentos de caráter regional pertencem aos sistemas regionais: europeu, 
interamericano ou africano; 
Obs 4: O Sistema Global de Proteção dos direitos humanos possui instrumentos 
normativos de caráter: 
a) Geral – Endereçados a toda e qualquer pessoa humana indistintamente (ex: 
Declaração Universal de Direitos Humanos, Pacto Internacional de Direito Civil 
e Político, Pacto Internacional de Direito Econômicos, Sociais e Culturais); 
 
b) Específico – Endereçadas à prevenção da discriminação ou à proteção de 
pessoas ou grupos de pessoas particularmente vulneráveis que necessitam de 
tutela especial (ex: Convenções Internacionais de combate à discriminação 
racial, discriminação contra as mulheres, contra à violação aos direitos das 
crianças, etc.). 
Obs 5: A ONU é a principal responsável pelos debates sobre assuntos que envolvem a 
proteção dos direitos humanos, sejam eles direcionados a todos os seres humanos 
(caráter geral), ou à grupos sociais (caráter específico). 
Obs 6: Os Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos se dividem nos 
sistemas Americano, Europeu e Africano. 
Obs 7: O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos, na qual o Brasil 
pertence, possui como código básico a Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
de 1969, e também possui normas de caráter geral e de caráter específico. 
Obs 8: Os dois sistemas, Global e Regional, coexistem e são complementares um do 
outro, uma vez que protegem e tutelam os mesmos direitos humanos, de forma que a 
falta de solução para um caso concreto no sistema interamericano ou qualquer outro 
sistema regional, não impede que a vítima procure proteção dos seus direitos no Sistema 
Global, sendo a recíproca verdadeira. 
Obs 9: O Sistema Interamericano possui como instrumento básico de proteção do 
sistema: A Convenção Americana de Direitos Humanos = Pacto de São José da Costa 
Rica de 1969. 
 
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DIREITOS HUMANOS 
15 
 
Obs 10: Em relação ao Pacto de São José da Costa Rica de 1969, deve-se observar que: 
a) Entrou em vigor apenas em 18 de julho de 1978 com a 11ª ratificação; 
b) Possui 82 artigos que preveem direitos civis e políticos; 
c) Estabelece que a pena de morte nos Estados que tenham abolido tal pena não 
podem restabelecê-la, bem como nos países que ainda a admitem não podem 
aplica-la para crimes políticos; 
d) Restringe a possibilidade de Prisão Civil, salvo nos casos de alimentos; 
e) Estabelece como órgãos a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a 
Corte Interamericana de Direitos Humanos; 
Obs 11: A Comissão Interamericana: 
a) Possui sede em Washington DC – EUA; 
b) Representa todos os membros da OEA – Organização dos Estados Americanos; 
c) É composta de sete integrantes de países diferentes e eleitos pela Assembleia 
Geral para um mandato de quatro anos; 
d) Possui atribuição consultiva, examinando as denúncias feitas por indivíduos ou 
entidades não governamentais de violações dos Estados que reconheçam a 
competência da Comissão; 
e) Em razão dos instrumentos internacionais de direitos humanos terem um caráter 
subsidiário, é necessário para a apresentação de denúncia perante a Comissão: a 
comprovação de interposição e exaurimento prévio de todos os recursos de 
jurisdição interna, salvo nos casos em que seja negado o acesso à vítima, ou 
ainda, impedido de esgotá-los ou pela demora injustificada de decisão que tutele 
o direito violado, demonstrando falha ou omissão das instituições nacionais. 
f) A Comissão após conhecer da denúncia, se considera-la pertinente, encaminhará 
à Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
Obs: 12: A Corte Interamericana: 
a) Possui sede em São José da Costa Rica; 
b) É composta por sete juízes de nacionalidades diferentes e eleitos pela 
Assembleia Geral para um mandato de seis anos, cabendo a reeleição uma única 
vez; 
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DIREITOS HUMANOS 
16 
 
c) Possui atribuição jurisdicional, consultiva e contenciosa, podendo apenas 
responsabilizar internacionalmente um Estado-parte da OEA e nunca um 
indivíduo; 
d) Possuem capacidade postulatória perante a Corte, somente os Estados-partes e a 
Comissão Interamericana, observando os mesmos requisitos de admissibilidade 
para denúncias e apresentação de casos na Comissão; 
e) Exceção: Pessoas e organizações podem peticionar diretamente para a Corte 
Interamericana somente quando for relacionado à um caso já submetido à Corte 
e que o requerente solicite medidas provisórias; 
f) Suas sentenças são definitivas e inapeláveis. 
Obs 13: O Pacto de São José da Costa Rica foi aprovado pelo Brasil pelo Decreto 
Legislativo 27/1992 e promulgado pelo Decreto 678/1992, possuindo como um dos 
principais reflexos na legislação interna a abolição da prisão do depositário infiel. 
Obs 14: Em síntese, as principais diferenças entre os dois Sistemas são: 
Sistema Global (ONU ou Internacional): Sistema Regional (Interamericano): 
Carta da ONU - 1945 Carta da OEA – 1948 
Declaração Universal dos Direitos Humanos - 
1948 
Declaração Americana dos Direitos e Deveres 
do Homem - 1948 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos - 1966 (normas auto-aplicáveis – 1ª 
dimensão) 
Pacto de São José da Costa Rica – 1969 
(Direitos Civis e Políticos – Normas auto-
aplicáveis - 1ª dimensão) 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais – 1966 (normas 
programáticas – 2ª dimensão) 
Protocolo de San Salvador – 1988 (Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais – normas 
programáticas – 2ª dimensão) 
Órgãos - ONU: 
a) Assembleia Geral; 
a.1) Conselho de DireitosHumanos; 
b) Conselho de Segurança; 
c) Conselho econômico e Social; 
d) Secretariado; 
e) Corte Internacional de Justiça; 
f) Conselho de Tutela. 
Órgãos – OEA: 
a) Comissão Interamericana; 
b) Corte Interamericana. 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
17 
 
VII) Principais Tratados Ratificados pelo Brasil no Sistema Global: 
 
Tratado Internacional: Ano: Ratificado em: Natureza 
Jurídica: 
Observações: 
Carta das Nações Unidas Conferência de São 
Francisco – 1945 
Assinada em 
21.09.1945 pelo 
Brasil 
Decreto-Lei 
7.935/1945 
Promulgada pelo 
Decreto 
19.841/1945 
Declaração Universal dos 
Direitos Humanos 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 217-A 
Assinada em 
10.12.1948 pelo 
Brasil 
 
Pacto Internacional dos Direitos 
Civis e Políticos 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 2.200-A de 
1966 
Ratificado em 
24.01.1992 
Decreto 
Legislativo 
226/1991 
Promulgado pelo 
Decreto 592/1992 
Pacto Internacional dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 2.200-A de 
1966 
Ratificado em 
24.01.1992 
Decreto 
Legislativo 
226/1991 
Promulgado pelo 
Decreto 591/1992 
Convenção Relativa ao Estatuto 
dos Refugiados 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 429 de 1950 
 Promulgado pelo 
Decreto 
50.215/1961 
Convenção contra a Tortura e 
Outros Tratamentos ou Penas 
Cruéis, Desumanas ou 
Degradantes 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 39/46 de 1984 
Ratificado em 
28.09.1989 
Decreto 
Legislativo 4/89 
Promulgado pelo 
Decreto 40/91 
Convenção sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 34/180 de 
1979 
Ratificado em 
01.02.1984 
 Promulgado pelo 
Decreto 4.377 de 
2002 
Convenção sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de 
Discriminação Racial 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução 2.106-A de 
1965 
Ratificado em 
27.03.1968 
 
Convenção sobre os Direitos da 
Criança 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: 
Resolução L 44 de 1989 
Ratificado em 
24.09.1990 
Decreto 
Legislativo 28/90 
Promulgado pelo 
Decreto 
99.710/1990 
Estatuto de Roma Criou o Tribunal Penal 
Internacional na 
Conferência de Roma de 
17.07.1998 
O Brasil assinou 
em 07.02.2000 
Decreto 
Legislativo 112 
de 2002 
Promulgado pelo 
Decreto 4.388/2002 
Convenção sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência e seu 
Protocolo Facultativo 
Assembleia-Geral das 
Nações Unidas: de 
30.03.2007 
 Decreto 
Legislativo 186 
de 2008 
Promulgado pelo 
Decreto 6.949/2009 
 
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DIREITOS HUMANOS 
18 
 
VIII) Principais Tratados Ratificados pelo Brasil no Sistema Interamericano 
Tratado Interamericano: 
Carta da Organização dos 
Estados Americanos 
Assinada em 
30.04.1948 em 
Bogotá – Colômbia 
Ratificada pelo 
Brasil em 1951 
Decreto 
Legislativo 64/1949 
 
Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos 
Pacto de São José 
da Costa Rica de 
1969 
 Decreto 
Legislativo 27/1992 
Promulgada pelo 
Decreto 678/1992 
Convenção Interamericana 
para Prevenir e Punir a 
Tortura 
Assembleia Geral 
da Organização 
dos Estados 
Americanos de 
1985 
Ratificado pelo 
Brasil em 
20.07.1989 
 
Protocolo de San Salvador 1988 
Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra 
a Mulher 
Convenção de 
Belém do Pará 
 Promulgada pelo 
Decreto 1973/1996 
 
Obs: Atentar-se para as seguintes leis resultantes da incorporação dos tratados 
internacionais dos sistemas Global e Interamericano no ordenamento jurídico 
pátrio: 
a) Lei 7.716/1989 – Descreve Preconceito Racial; 
b) Lei 12.288/2010 – Estatuto da Igualdade Racial; 
c) Lei 12.990/2014 – Reserva de Vagas em Concursos Públicos; 
d) Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha – Combate À Violência Doméstica; 
e) Lei 9.455/1997 – Contra a Tortura; 
f) Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e Adolescente; 
g) Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
 
IX) A Incorporação dos Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos 
Humanos ao Direito Brasileiro 
Obs 1: Tratado é uma palavra usada para se referir as Cartas, Convenções, Pactos ou 
Acordos Internacionais celebrados entre sujeitos de Direito Internacional; 
Obs 2: A Convenção de Viena em 1969 disciplinou e regulou o processo de formação 
dos Tratados Internacionais celebrados somente entre Estados; 
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DIREITOS HUMANOS 
19 
 
Obs 3: Os Tratados Internacionais apenas se aplicam aos Estados-partes que aderirem 
de forma expressa, não criando obrigações para os demais Estados que não aderiram; 
Obs 4: Um Estado-parte não pode invocar disposições do seu direito interno para 
justificar o não cumprimento com a obrigação assumida ao aderir o Tratado, conforme 
artigo 27 da Convenção de Viena; 
Obs 5: O processo de formação dos Tratados inicia com os atos de negociação, 
conclusão e assinatura pelo Poder Executivo de um Estado; 
Obs 6: A simples assinatura do Tratado não produz efeitos imediatos no ordenamento 
jurídico interno do Estado signatário; 
Obs 7: O Tratado para produzir efeitos o ordenamento jurídico do Estado signatário 
necessita de apreciação e aprovação pelo Poder Legislativo, por meio de Decreto 
Legislativo e ratificado pelo Poder Executivo por meio de Decreto; 
Obs 8: A Ratificação é o ato jurídico que confirma formalmente de que o Estado 
signatário de um Tratado estará obrigado ao cumprimento do mesmo; 
Obs 9: A assinatura de um Tratado pelo Estado (aceite precário e provisório = não 
produz efeitos jurídicos vinculantes) X A Ratificação (aceite definitivo = obriga o 
Estado ao cumprimento do Tratado assinado); 
Obs 10: No Brasil, o artigo 84, VIII, da CF/88 determina que é de competência 
privativa do Presidente da República celebrar Tratados, Convenções e Atos 
Internacionais, devendo ser referendados pelo Congresso Nacional; 
Obs 11: No Brasil, o artigo 49, I, da CF/88 determina que cabe ao Congresso Nacional, 
exclusivamente, deliberar, de maneira decisiva, sobre os Tratados, Acordos ou Atos 
Internacionais; 
Obs 12: No Brasil: Os Tratados Internacionais são celebrados pelo Presidente da 
República e aprovados pelo Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo; 
Obs 13: O Processo de aprovação de Tratado Internacional pelo Congresso Nacional 
não tem prazo determinado para ocorrer; 
Obs 14: No âmbito do Mercosul, a recepção dos Acordos ou Tratados Internacionais 
celebrados pelo Brasil precisam seguir uma série de atos revestidos de caráter político-
jurídico para produzir efeitos e serem executados no ordenamento jurídico interno, tais 
como: 
a) Aprovação pelo Congresso Nacional mediante Decreto Legislativo; 
b) Ratificação pelo Chefe de Estado mediante depósito do respectivo instrumento; 
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DIREITOS HUMANOS 
20 
 
c) Promulgação pelo Presidente da República mediante decreto para viabilizar a 
publicação oficial do texto do tratado e executoriedade do ato, vinculando, 
obrigando e produzindo efeitos no plano do direito positivo interno. 
Obs 15: No Brasil, o Sistema Constitucional não consagra o princípio do efeito direto 
ou de aplicabilidade imediata dos Tratados ou Convenções Internacionais, conforme 
AgRg em Carta Rogatória 8.279/República Argentina, Tribunal Pleno, j.17.06.1998, 
rel. Min. Celso de Mello, DJ 10.08.2000. 
 
X) A Supralegalidade dos Tratados sobre Direitos Humanos no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro 
Obs 1: O Brasil adota o sistema de incorporação não automática dos tratados de direitos 
humanos, caracterizado pela concepção dualista que discrimina o ordenamento jurídico 
nacional do ordenamento jurídico internacional, entendendo serem ordens jurídicas 
distintas, autônomas e independentes; 
Obs 2: Os tratados Internacionais sobre Direitos Humanos são normas supralegais 
(acima das leis, mas abaixo da Constituição); 
Obs 3: A Prisão Civil do Depositário Infiel (autorizada quando o devedor após intimado 
a entregar o bem do qual era depositário não o entregava, inadimplindo o contrato), 
atualmente, foi declarado inconstitucional pelo STF em virtude do Brasil ser signatário 
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, mais conhecido como o Pacto de 
São José da Costa Rica que restringe a prisão civil por dívida; 
Obs 4: Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer 
que seja a modalidade do depósito”. 
Obs 5: Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos no Brasil possuem duas 
naturezas: 
a) Supralegais = Quando não aprovados pelo quórum de emenda constitucional, 
terão status ou natureza de Norma Supralegal; 
b) Emenda Constitucional = Quando aprovados com o quórum qualificado de três 
quintos (60%) dos votos em dois turnos nas duas casas legislativas do Congresso 
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DIREITOS HUMANOS 
21 
 
Nacional, conforme artigo 5º, parágrafo 3º da Constituição Federal, terão status 
ou natureza de Emenda Constitucional. 
Obs 6: No Brasil, apenas a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e 
de seu Protocolo Facultativo tem status ou natureza de Emenda Constitucional. 
XI) Os Direitos Humanos observados na Constituição Federal 
A atual Constituição Federal Brasileira possui em vários artigos direitos humanos que 
foram declarados pelos principais instrumentos normativos do Sistema Global de 
Proteção dos Direitos Humanos, bem como prevê mecanismos de proteção dos direitos 
humanos em nosso país. 
Obs 1: Dentre os inúmeros artigos em que podemos observar os direitos humanos em 
nossa Constituição Federal, relacionamos os mais importantes: os artigos: 1º, 3º, 4º, 5º, 
6º, 109, 225 e outros, conforme quadro abaixo. 
 
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DIREITOS HUMANOS 
22 
 
Art. 1o Fundamentos Inc. III Dignidade da Pessoa Humana
Inc. IV Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa
Parág. Ú Todo Poder vem do Povo
Art. 3o Objetivos 
Fundamentais
Inc. I Sociedade Justa, Livre, Solidariedade
Inc. II garantir o desenvolvimento nacional, diminuindo a 
desigualdade
Inc. III erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais
Inc. IV promover o bem de todos sem preconceitos de origem, 
raça, cor, sexo, idade
Art. 4o Os princípios que 
regem a relação do 
Brasil com outros 
países
Inc.II Prevalência dos direitos humanos
Inc. III Autodeterminação dos povos
Inc. VI defesa da paz
Inc. VII solução pacífica dos conflitos
Inc. VIII repúdio ao terrorismo
Inc. IX cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade
Inc. X concessão de asilo político
Art. 5o Direitos Individuais 
e Coletivos
Caput e 
incisos
proteção ao direito à vida, liberdade, iguadade, segurança, 
propriedade e mecanismos de efetivação desses direitos 
como os remédios constitucionais
Art. 6o Direitos Sociais Caput Direitos à educação, à saúde, à moradia, à alimentação, 
ao trabalho, ao transporte, ao lazer, à segurança, à 
previdência social, proteção a maternidade, à infância, à 
assistência, direitos trabalhistas, etc. 
Art. 225 Direito ao Meio 
Ambiente
Caput e 
incisos
proteção ao direito de todos ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado com o objetivo de assegurar 
uma qualidade de vida, cuja responsabilidade se divide 
entre Estado e a sociedade a fim de preservar para as 
futuras gerações.
 
Obs 2: Deve-se ficar atento aos mecanismos de garantia dos direitos humanos, 
conhecidos como remédios constitucionais ou writs: Habeas Corpus (HC), Habeas Data 
(HD), Mandado de Segurança (MS), Mandado de Injunção (MI), Ação Popular e 
Direito de Petição. 
Obs 3: A EC 45/2004 incluiu o parágrafo 3º ao artigo 5º da CF/88 estabelecendo que os 
Tratados Internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em dois turnos em 
cada casa legislativa do Congresso Nacional por três quintos dos votos de seus membros 
terão natureza de Emenda Constitucional. 
Importante: Até hoje há apenas um Tratado Internacional constitucionalizado, é o 
Decreto 6.949/2009 que trata da Proteção das Pessoas com Deficiência e o seu 
Protocolo Facultativo. 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
23 
 
XII) A Federalização de Crimes Graves contra os Direitos Humanos 
Conhecido, também, como incidente de deslocamento de competência é a possibilidade 
de mudança de competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal suscitado pelo 
Procurador Geral da República perante o Superior Tribunal de Justiça nos casos de 
crimes graves contra os direitos humanos. 
Obs 1: Previsão Legal = Artigo 109, incisos V e V-A e parágrafo 5º da CF/88 
(introduzido pela EC 45/2004). 
Obs 2: São pressupostos para a autorização do incidente de deslocamento de 
competência: 
a) Existência de grave violação a direitos humanos previstos em Tratados 
Internacionais que o país faça parte; 
b) Crime estar previsto em Tratado Internacional que o Brasil tenha aderido e 
cujo descumprimento possa resultar em responsabilização internacional 
suportada pelo País; 
c) Justiça Estadual viciada ou cooptada, isto é, incapacidade das instâncias e 
autoridades locais em oferecer respostas efetivas para proteção do direito 
humano violado. 
Obs 3: Só o Procurador Geral da República pode suscitar alteração de competência 
perante o STJ. 
Obs 4: No Brasil o incidente de deslocamento fui suscitado pela primeira vez em 2005, 
no caso Dorothy Stang, assassinada por ordem de um fazendeiro no estado do Pará em 
razão do engajamento dela em atividades a favor da reforma agrária, porém o pedido foi 
indeferido pelo STJ por entenderem que a atuação da Justiça Estadual estava de acordo 
com a lei. 
Obs 5: O primeiro caso de incidente de deslocamento deferido pelo STJ foi em 2010 no 
caso do advogado Manoel Bezerra de Mattos Neto morto, depois de ameaçado em razão 
da sua atuação contra grupos de extermínios locais na divisa dos estados da Paraíba e 
Pernambuco. 
 
XIII) As Ações Afirmativas ou Discriminações Positivas 
Denominada, também, de Discriminações Positivas, são definidas como ações 
realizadas pelo Estado com o objetivo de proteger os direitos humanos de determinados 
grupos sociais (minorias e grupos vulneráveis) que foram prejudicados em algum 
momento da história, tratando de forma igual os iguais e de forma desigual, os 
desiguais, na medida de suas desigualdades. 
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DIREITOS HUMANOS 
24 
 
Obs 1: A fundamentação para estas ações afirmativas ou discriminações positivas se 
encontram no princípio fundamental e nos objetivos da República Federativa do Brasil, 
conforme os artigos 1º, inciso III e 3º incisos I, III e IV que preconizam a construção de 
uma sociedade livre, justa e solidária mediante a redução das desigualdades sociais e a 
promoção do bem estar de todos os cidadãos sem quaisquer formas de discriminação, 
atendendo ao princípio da dignidade da pessoa humana que compreendem de forma 
universal todo ser humano. 
Obs2: Minorias são grupos de pessoas que dentro de uma determinada sociedade não 
possuem a mesma representatividade política que os outros indivíduos ou cidadãos de 
um Estado e que sofrem discriminações ao longo da história e de forma constante, em 
razão das características que marcam a sua personalidade e singularidade que as 
distanciam das características aceitas como padrão por aquela sociedade, os tornando 
pessoas consideradas “diferentes” dentro do mesmo Estado. 
Obs 3: Em relação as minorias, as características que marcam a sua singularidade 
podem ser em razão da sua etnia, nacionalidade, língua, religião, condição pessoal, 
orientação sexual e outras, portanto, são pessoas que possuem uma identidade coletiva 
específica. 
Obs 4: São exemplos de minorias, dentre outros: pessoas da comunidade LGBTI, os 
indígenas, os quilombolas, os refugiados. 
Obs 5: Grupos vulneráveis são grupos de pessoas, entendidas como coletividades mais 
amplas de pessoas por não possuírem uma identidade coletiva específica, que 
necessitam de proteção especial em razão de sua fragilidade ou indefensabilidade que as 
tornam mais suscetíveis de sofrerem violações dos seus direitos humanos ou 
fundamentais. 
Obs 6: São exemplos de grupos vulneráveis, dentre outros: as crianças e adolescentes, 
idosos, pessoas com deficiência, mulheres, consumidores. 
Obs 7: As ações afirmativas ou discriminações positivas são exceções ao princípio da 
igualdade formal, isto é, de que todos são iguais perante a lei, característica do Estado 
Liberal de Direito. 
Obs 8: No caso das ações afirmativas ou discriminações positivas o que prevalece é a 
igualdade material ou substancial, isto é, o tratamento igual aos iguais, e o tratamento 
desigual aos desiguais, uma vez que se reconhece as características particulares de cada 
pessoa envolvida em uma determinada situação jurídica e a necessidade de uma 
proteção especial aos grupos de pessoas que possuem estas singularidades ou que são 
consideradas mais frágeis ou indefensáveis, característica do Estado Social de Direito. 
Obs 9: O objetivo das ações afirmativas ou discriminações positivas são o de criar 
condições e oportunidades de igualar as pessoas desses grupos com as demais pessoas 
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DIREITOS HUMANOS 
25 
 
da sociedade por meio de um amparo legal especial de ordem jurídica estatal, 
possibilitando o acesso, a proteção e a efetivação de todos os direitos humanos e 
fundamentais aos indivíduos que compõem esses grupos. 
Obs 10: As Ações Afirmativas foram admitidas pelo STF por votação unânime na 
ADPF 186/DF. 
Obs 11: No quadro abaixo relacionamos algumas legislações e ações afirmativas ou 
discriminações positivas que objetivam proteger e viabilizar o acesso aos direitos 
humanos dos grupos vulneráveis ou minorias no Brasil: 
 
Grupos Vulneráveis ou Minorias Alguns exemplos de Ações Afirmativas ou Discriminações 
Positivas: 
Mulheres a) Lei Maria da Penha; 
b) Feminicídio; 
c) Criação de Delegacias das Mulheres; 
d) Lei de cotas que reservam porcentagem para 
candidaturas de mulheres para cada partido político 
ou coligação; 
LGBTI a) Reconhecimento pelo STF da união estável 
homoafetiva com efeitos de entidade familiar; 
b) Reconhecimento pelo STJ da possibilidade de 
habilitação de pessoas do mesmo sexo para o 
casamento; 
c) Resolução do CNJ proibindo que os Cartórios no 
Brasil recusem celebrar os casamentos civis de casais 
do mesmo sexo; 
Afrodescendentes a) Programas de Cotas para Afrodescendentes em 
Universidades; 
b) Estatuto da Igualdade Racial; 
Indígenas a) Estatuto do Índio; 
Crianças e Adolescentes a) Estatuto da Criança e do Adolescente; 
b) Estatuto da Juventude; 
Idosos a) Estatuto do Idoso; 
Pessoas com Deficiência a) Postos de trabalho reservados para pessoas com 
deficiência em empresas privadas; 
b) Porcentagem de cargos públicos destinados as 
pessoas com deficiência; 
c) Estatuto da Pessoa com Deficiência; 
Refugiados a) Estatuto dos Refugiados; 
 
XIV) A Eficácia Vertical e Horizontal dos Direitos Fundamentais 
Entende-se como eficácia das normas fundamentais, a capacidade da norma 
fundamental de produzir efeitos, ou seja, ter eficácia, enquanto que a efetivação desses 
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DIREITOS HUMANOS 
26 
 
direitos pode ser entendida como a concretização dos dispositivos constitucionais que 
tratam dos direitos fundamentais no meio social. 
Obs 1: A eficácia dos direitos fundamentais pode ser classificada em duas espécies: 
Vertical e Horizontal. 
Obs 2: A eficácia vertical incide na relação que existe entre Estado e os cidadãos, uma 
vez que o Estado goza de um poder hierarquicamente superior em relação aos cidadãos, 
como numa linha vertical, indicando que as normas que preveem os direitos 
fundamentais destinam-se ao Estado e resultam numa relação jurídica-constitucional 
entre as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, e os poderes Legislativo, Executivo e 
Judiciário. 
Obs 3: Observa-se que nesta relação resultante da eficácia vertical as pessoas, físicas e 
jurídicas, são os sujeitos de direito, enquanto o Estado deve obedecer às normas 
constitucionais e garantir os direitos fundamentais aos seus destinatários. 
Obs 4: A eficácia horizontal incide na relação entre particulares, ou seja, a 
aplicabilidade dos direitos fundamentais nas relações privadas, como numa linha 
horizontal, uma vez que não há hierarquia entre pessoas, gozando todas dos mesmos 
direitos e possuindo os mesmos deveres ou obrigações. 
Obs 5: A eficácia horizontal pode ser observada quando os direitos fundamentais são 
utilizados para solucionar conflitos entre particulares, como no caso de lides, processos 
ou demandas entre pessoas físicas ou jurídicas, como por exemplo propriedade privada 
versus direitos de reunião ou manifestação, como aconteceram nos casos de Rolezinhos 
nos Shoppings Centers de São Paulo. 
Obs 6: Em relação a efetividade dos direitos fundamentais, isto é, sua concretização no 
meio social, deve-se destacar três teorias: 
a) A Reserva do Possível: Posição sustentada pelos Governos com base de que a 
implementação dos direitos fundamentais encontra limitação no orçamento 
aprovado para a gestão pública; 
 
b) Mínimo existencial: Posição sustentada pela Defensoria Pública e Sociedade 
Civil com a fundamentação de que deve ser assegurado pelo Estado condições 
mínimas materiais para a existência digna das pessoas e a possibilidade de seu 
desenvolvimento pleno. 
 
c) Proibição do Retrocesso ou do Regresso: Como vimos anteriormente, com 
base no efeito cliquet ou ampliativo dos direitos humanos, estes não podem 
sofrer diminuição após serem conquistados, como por exemplo: no caso da 
prisão civil por dívida do depositário infiel que foi extinta da nossa legislação 
após a Convenção do Pacto de São José da Costa Rica. 
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Lembre-se, em suma, temos: 
 
a) Eficácia Vertical = Estado x Pessoa física ou jurídica; 
 
b) Eficácia Horizontal = Pessoa física ou jurídica x Pessoa física ou jurídica. 
 
 
XV) O Tribunal Penal Internacional – TPI e o Estatuto de Roma 
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, o Tribunal Penal Internacional tem 
competência para julgar pessoas e não Estados. 
Obs 1: Criado pelo Tratado de Roma em 17 de julho de 1998. 
Obs 2: O Brasil assinou o Tratado de Roma em 07 de fevereiro de 2000, depositando o 
instrumento de ratificação em 20 de junho de 2002, após aprovação do Congresso 
Nacional que resultou no Decreto 4.388 de 25 de setembro de 2002. 
 
Obs 3: É um tribunal judicial permanente com jurisdição internacional para processare 
condenar indivíduos dos Estados -partes por violações graves e leis humanitárias. 
Exceções: 1) Conselho se segurança pode remeter casos para o TPI, mesmo que o 
indivíduo não seja de país parte do TPI. 
 2) Quando um indivíduo cometer crimes previstos no Estatuto em território 
de um Estado – parte ou Estado não parte, desde que tenha admitido a jurisdição “ad 
hoc” por acordo especial. 
Obs 4: Está vinculado à ONU e sua sede fica em Haia (Holanda). 
Obs 5: Tem competência para julgar crimes contra a humanidade, crimes de guerra, 
genocídio e de agressão. 
Obs 6: Precedentes Históricos: Tribunais de Exceção ou “ad hoc”: 
a) Tribunal de Nuremberg – 1945/1946; 
b) Tribunal de Tóquio – 1946; 
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c) Tribunal Ex-Iugoslávia – 1993; 
d) Tribunal Ruanda – 1994. 
Obs 7: O Tribunal Penal Internacional difere dos Tribunais de Exceção e “ad hoc”, uma 
vez que é um tribunal permanente com previsão legal, ao contrário dos segundos que 
surgem mediante resolução do Conselho de Segurança da ONU. 
Obs 8: O TPI é composto, atualmente, por 122 Estados divididos da seguinte forma: 34 
Africanos; 27 Latino-americanos e caribenhos; 25 Europeus ocidentais e outros; 18 
Europeus do Leste e 18 Asiáticos e do Pacífico. 
 
Obs 9: Os principais Princípios Fundamentais do TPI são: 
a) Complementariedade = reconhecimento de que a competência do TPI é 
residual, subsidiária, ou seja, somente autorizada sua atuação quando o Estado 
que possuir competência jurisdicional para julgar e condenar tal indivíduo, não o 
faça ou demonstre incapacidade para realizar o julgamento; 
b) Universalidade = Os Estados-membros se submetem integralmente ao Tribunal; 
c) Personalidade (Responsabilidade Penal Individual) =O indivíduo responde 
pessoalmente por seus atos; 
d) Irrelevância da função oficial = Permite que sejam responsabilizados Chefes 
de Estado ou de Governo, Ministros, Parlamentares e outras Autoridades, sem 
privilégios ou imunidades; 
e) Responsabilidade de Comandantes e outros superiores = Exige que todos os 
oficiais militares, mesmos aqueles que ausentes nos locais dos crimes sejam 
responsabilizados se não fizeram nada para evitar tais crimes; 
f) Imprescritibilidade = não prescrevem, isto é, não possuem prazo limite fixado 
para aplicação da sanção penal, conforme artigo 29 do Estatuto de Roma. 
g) Dignidade da pessoa humana = não tem jurisdição sobre pessoas menores de 
18 anos na época da prática do crime. Não é aplicada a pena de morte e a pena 
máxima é de 30 anos (podendo ser prorrogada até perpetua). 
h) Bis in idem = não atuará se a pessoa já estiver sido julgada no seu país, exceto 
se o julgamento não tiver sido imparcial, independente ou se teve objetivo de 
não submeter pessoa ao TPI. 
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i) Juiz natural = Existência de regras objetivas de competência, além disso, os 
juízes eleitos pertencem aos Estados – parte, tendo o mandato a duração de 9 
anos, sem a possibilidade de reeleição. 
j) Legalidade = Ninguém poderá ser punido por uma conduta que não foi definida 
como crime. 
k) Anterioridade = julga somente crimes praticados a partir de 01/07/2002. 
Obs 10: São crimes em espécie, previstos no Estatuto de Roma: 
a) Crime de genocídio (art. 6º) = é configurado pela intenção de querer destruir 
determinado grupo social, isto é, quando alguém tem o objetivo de diminuir ou 
eliminar um grupo nacional, racial, étnico ou religioso; 
b) Crimes contra a humanidade (art. 7º) = é configurado pelos seguintes atos 
praticados durante um ataque generalizado ou sistemático cometido contra 
qualquer população civil: homicídio, extermínio, escravidão, deportação ou 
transferência forçada de uma população, prisão ou outra forma de privação de 
liberdade física grave, tortura, agressão sexual, escravatura sexual, prostituição 
forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer violência no campo 
sexual de gravidade comparável, perseguição de um grupo ou coletividade, 
desaparecimento, crime de apartheid, dentre outros; 
c) Crimes de guerra (art. 8º) = é configurado por atos de tortura, tratamentos 
desumanos, experiências biológicas, ato de compelir prisioneiro de guerra ou 
outra pessoa sob proteção a servir forças inimigas, dirigir ataques de forma 
intencional contra bens civis, matar ou ferir combatente que tenha deposto armas 
ou que tenha incondicionalmente se rendido. (A ideia de punir práticas que 
contrariam as leis e costumes aplicáveis em conflitos armados, cumprindo 
observar que este crime pode ser configurado mesmo quando não houver guerra 
declarada e mesmo que o conflito armado seja de âmbito interno e não 
internacional); 
d) Crimes de agressão (art. 5º, alínea d por meio de Emenda ao Estatuto de 
Roma) = Também conhecido como “crime contra a paz”, é configurado quando 
um indivíduo causar um ataque armado de um Estado contra o outro sem motivo 
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que o justifique, como no caso de legítima defesa ou, ainda, sem prévia 
autorização do Conselho de Segurança. 
Obs 11: O órgão julgador do TPI é composto por, no mínimo, 18 Juízes que devem ser 
de nacionalidades diferentes e dos sexos feminino e masculino. 
Obs 12: O Brasil já teve uma brasileira integrando o órgão julgador, foi a brasileira 
Sylvia Steiner que integrou o corpo de juízes do TPI, cumprido seu mandato até 2012. 
 
Atenção: 
Tribunal Penal Internacional - TPI = Julga apenas indivíduos. 
X 
Corte Internacional de Justiça – CIJ = Julga litígios entre Estados.

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