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Romeu e julieta

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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Direito
Disciplina: Introdução à Sociologia II
Docente: Ana Magda
Discente: Tâmara Brito de França
FICHAMENTO
VIVEIRO DE CASTRO, Eduardo e BENZAQUEN DE ARAUJO, Ricardo. “Romeu e Julieta e a origem do Estado”, in: VELHO, Gilberto. Arte e sociedade: ensaio de sociologia da arte. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1997, p 130-169.
Introdução
O artigo analisado para a realização dessa atividade foi desenvolvido através da relação do texto de Shakespeare, Romeu e Julieta e a Origem do Estado. A intenção do autor é de esclarecer através dos seus estudos antropológicos, ao fazer à associação da origem do amor na cultura Ocidental moderno, e a criação do Estado. 
“O presente trabalho pretende sugerir a viabilidade de uma abordagem antropológica da noção de amor tal como aparece na tradição cultural do Ocidente moderno”. (p. 130)
“A hipótese especifica que serve de fio condutor da análise é a seguinte: a noção de amor elaborada no texto em questão define uma concepção particular das relações entre indivíduo e sociedade, estando subordinada a uma imagem básica da cultura ocidental – a do indivíduo liberto dos laços sociais, não mais derivando sua realidade dos grupos a que pertence, mas em relação direta com um cosmos composto de indivíduos, onde as relações sociais valorizadas são relações interindividuais”. (p.131)
Dessa forma, o amor é romântico, não é colocado como elemento construtivo da sociedade, embora o homem seja um animal político, este enquanto indivíduo não é subordinado a lei, pois não está colocado como cidadão dotado do “dever-ser”.
Sentimentos, autoridade e o indivíduo: um problema de antropologia
O amor tem diversas definições e colocações, tanto no dicionário, quanto nas concepções de cada indivíduo, dentre essas definições o amor está ligado à afeto e sentimentos, embora ele venha acompanhado dessas questões, este é também motivo para manter as relações sociais, em conformidade dos interesses individuais e coletivos.
“A tal tipo de relações se acostuma opor as relações marcadas pela obrigatoriedade, sancionadas por códigos exteriores ao indivíduo (protótipo: relações de trabalho e com os poderes estatais)”. (p. 132)
Nesse curso, abriu-se um espaço para a dissociação do “direito” e o “afeto”, no sentido em que esses não se completam, mas marcham individualmente.
“O objetivo aqui não é explicar a causação social de sentimentos individuais, mas verificar qual a função e o significado que a manifestação socialmente prescrita pode tomar[...] uma vez que a manifestação de afeto, a análise de relações sociais onde o afeto é socialmente incorporado, não implica ausência de regra”. (p. 137)
Na conjuntura da sociedade o indivíduo se separa da pessoa, no qual o indivíduo está envolto das suas noções pessoais, do seu ego, se separando do Estado, enquanto a pessoa é dotada dos direitos e deveres, subordinado as leis e seu papel quanto cidadão. 
“A oposição entre o “holismo”, isto é, um modelo de sociedade em que o homem existe apenas como função de um todo que, mais que “social”, é cosmológico, hierarquizado, e “indivíduo”, isto é, um modelo de sociedade dividida em domínios autônomos, com logicas próprias, fundado na existência do valor indivíduo, o ser humano como o ser não-social, moralmente autônomo e “medida de todas as coisas”. (p. 140)
Romeu e Julieta
A peça shakespeariana trata de um casal, mormente de famílias inimigas, por azar ou sorte do destino, que são unidos pelo amor, e dele mesmo, carnalmente separados. Essa peça é desembaraçada entre o amor impossível e a tragédia da morte desses, a qual causou um marco político-social.
“O amor entre Romeu e Julieta inaugura, no contexto da peça, um mundo novo, habitado por uma outra concepção das relações entre os ínvidos e a sociedade[...] Romeu e Julieta aponta para fenômeno mais amplos: uma hierarquização de certos valores críticos”. (p.142)
“O que a peça, por meio da “origem do amor”, estará conotando, é a origem do indivíduo moderno sob um aspecto essencial: este indivíduo é tematizado, sob a espécie de sua dimensão interna, enquanto ser psicológico que obedece a linhas de ação independentes das regras que organizam a vida social em termos de grupos, papéis, posições e sentimentos socialmente prescritos[...] O indivíduo, nesta concepção, existe por assim dizer de dentro para fora (possuindo um “núcleo” o inner-self)”. (p.142)
O casal não se submeteu a força maior, a força patriarcal, a qual era exercida pela família, naquele contexto o poder do Estado não se separava do indivíduo, não havia hierarquia entre o príncipe e os cidadãos, de forma que o “eu” individual refletia no indivíduo social. 
“Nossa análise procura realmente mostrar a íntima conexão entre o amor de Romeu e Julieta e certa concepção de indivíduo”. (p. 144)
Embora o autor tenha focado no “eu” interno, no indivíduo que realiza seus desejos individuais, ele demonstrou que suas individualidades fizeram com que uma rivalidade antiga, se apaziguasse e trouxesse significantes mudanças sociais. 
“A morte dos amantes dissolve o ódio: separados em vida, unidos na morte, Romeu e Julieta tornam-se o penhor da “sombria paz” que finalmente desce sobre as famílias[...] O dualismo do casal é centrípeto e complementar, unindo contrários”. (p. 146-147)
O conflito entre as famílias rivais ameaçava o poder central do rei, uma vez que as facções eram sustentadas pela rivalidade existente entre elas, e o casamento deles só aumentaram o conflito. Desse modo a morte fez com que a paz fechasse esse ciclo. 
“Agora, a autoridade central não está mais ameaçada, e a distinção pertinente é entre o príncipe como senhor absoluto e os cidadãos”. (p.148)
O romance levou a reflexão a respeito das origens, o berço da família enquanto poder não impediu a origem do amor, não que o amor tenha iniciado nesse momento, mas o amor contemporâneo, e a origem do Estado, que traz a relação do romance a Nicolau Maquiavel, o qual acredita que o poder do Estado se sobrepõe sobre a sociedade em referência “poder pelo poder” em que Bobbio cita no seu livro Qual Democracia?
“Se a oposição entre aspectos individuais (amor) e aspectos sociais (família, lealdades faccionais) se fazia “horizontalmente” durante todo o desenrolar da peça, no final dela a oposição será na vertical: a esfera jural se condensa num foco central – relações entre os cidadãos e o príncipe – [...] A partir de Romeu de Julieta, o que temos são indivíduos, e o Estado”. (p.160)
“O surgimento do Estado “moderno”, que ousávamos descobrir no desfecho de Romeu e Julieta, tem em Maquiavel o seu legitimo e reconhecido sistematizador [...] que aborda o político como domínio que possui uma lógica independente, autônoma, sem qualquer vinculação com o cimento tradicional da ordem antiga, a religião”. (p.161-162)
Embora o autor tenha expresso no texto, o amor como o marco da concessão do poder ao príncipe na história narrada, ele não afirma a origem do Estado do fato romântico dos amantes, o autor pauta a questão indivíduo, como um ente social e pessoal. Já que a sociedade existira muito antes – exemplo das polis enquanto cidades estados-, por hora, há quem defenda a natural existência do Estado, a qual o homem necessariamente se organizava em prol de benefícios comuns, ou individuais. Dessa forma, Maquiavel se apresenta como estreante no que tange a mencionar o Estado.
Maquiavel separa o indivíduo da pessoa quando ele fala “O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades (...). O príncipe não deve se desviar do bem, mas deve estar sempre pronto a fazer o mal, se necessário.” Não obstante, inaugura o Estado por quanto aos seus elementos constitutivos, que é a soberania, autonomia e poder.

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