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AD 419 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TURMA: 3A PROFA. DRA. JACKELINE AMANTINO DE ANDRADE PRECEITOS BÁSICOS DA TEORIA GERAL DO ESTADO ESTADO Um poder Um povo Um território CARACTERÍSTICAS DO PODER ESTATAL Segundo Noberto Bobbio (1984) são três: ➢Exclusividade – tem um caráter monopolista ➢Universalidade – toma decisões em nome da coletividade ➢Inclusividade – tem a prerrogativa de definir as áreas onde irá ou não intervir O QUE É O ESTADO? UMA ORDEM SOBERANA UMA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- ADMINISTRATIVA-JURÍDICA ORDEM SOBERANA Jurisnaturalismo – para essa filosofia, o Estado é uma obra voluntária dos indivíduos, constituindo-se numa instituição necessária. Assim, surge “o Estado politicamente organizado e dotado de autoridade, a fim de que sejam melhor tutelados e garantidos os direitos naturais.” (Bobbio et al, 1992). Contratualismo – são teorias que compreendem que a origem da sociedade e o fundamento do poder político está num contrato; num pacto social. OS CONTRATUALISTAS Hobbes – os indivíduos abdicam de suas vontades em favor de uma representação soberana, fundando o Estado social baseado na autoridade política e firmado em seu poder absoluto. Locke – os indivíduos consentem na instituição de um corpo político (Estado) e depositam confiança nos governantes, ressaltando que o poder deve ser exercido pela maioria (parlamento). Rousseau – associação de indivíduos que abdicam de suas particularidade em favor da coletividade, formando um corpo político soberano (o povo) que institui o governo e os governantes, sendo estes por ele eleitos e também destituídos. PARA HEGEL: O ESTADO REPRESENTA A FORMA MAIS PERFEITA DE RACIONALIDADE DA ORDEM SOCIAL O QUE É O ESTADO? Segundo Hegel É a mais alta síntese do espírito objetivo (da razão). Critica a tradição jurisnaturalista dos filósofos contratualistas e nega a anterioridade dos indivíduos, pois é o Estado que fundamenta a sociedade. Assim, não é o indivíduo que escolhe o Estado, mas é constituído por ele. Não existindo o homem no estado da natureza, pois ele é sempre um individuo social. MONTESQUIEU O Espírito das Leis – a necessidade da divisão de funções do poder do Estado e de seu equilíbrio, sendo seu objetivo separar funções diferentes em corpos distintos dentro do mesmo Estado. Função legislativa: refere-se à prerrogativa de instituir as normas e o ordenamento jurídico que regem as relações dos cidadãos entre si e destes com o Estado. (poder de legislar e criar leis). Função executiva: exerce-se por meio de um conjunto de instrumentos administrativos e coercitivos tendo em vista assegurar o cumprimento das normas. (poder de administrar o bem público). Função judiciária: diz respeito à prerrogativa de julgar a adequação, ou inadequação, dos casos e atos particulares às normas gerais. (poder de julgar e fazer justiça). A ideia de distribuir o exercício do poder do Estado em diferentes órgãos independentes e especializados no desempenho de funções específicas acabou sendo adotada em todos os Estados do Ocidente e em todas as democracias. TIPOS DE ESTADO ESTADOS UNITÁRIOS – uma única esfera de ordem política, administrativa e jurídica – ex: França, Chile, Israel, entre outros Neles podem existir autoridades locais, ou até mesmo regionais, mas essas não gozam de autonomia política, isto é, não têm a prerrogativa de governarem-se de acordo com as suas próprias normas, e de formularem as suas próprias políticas. Assim, autoridades regionais exercem o poder de forma desconcentrada, mas não descentralizada ESTADOS FEDERATIVOS – há a autonomia de diferentes esferas de poder – ex: Estados Unidos, Brasil, entre outros. O ESTADO FEDERATIVO BRASILEIRO E A DISTRIBUIÇÃO DOS PODERES PRECEITOS BÁSICOS DE POLÍTICA E CIDADANIA ARISTÓTELES o homem é um ser essencialmente político. O governo e suas formas são três segundo dois critérios: a) quantidade de governantes: governo de um só; governo de uns poucos; governo de muitos; b) forma de governar seja pelo interesse próprio (corruptas) ou interesse geral (puras). Diferente de Platão (428-347 a.C.), para quem a política é a arte de governar advinda da sofocracia (o poder da sabedoria), afirmando que o “bom governo” necessita que “os filósofos se tornassem reis, ou que os reis se tornassem filósofos”, Aristóteles entendia que a vida política estaria relacionada à vida comunitária. Em Ética a Nicômaco, política e ética não são separadas. Aristóteles firma a ideia da busca da felicidade como finalidade do agir, que é uma ação moral, sendo o objetivo da política a “cidade feliz”. Dessa forma, a política não é restrita apenas ao exercício do governo, mas também vinculada às relações sociais. É Nicolau Maquiavel (1469-1527) quem distingue a política da moral. Também é o primeiro a distinguir Estado e governo; este último é o agente da atividade política de um Estado. Desse modo, a atividade política concreta do Estado realiza-se pelo exercício de poder do governante, que, em sua época, é identificado com o príncipe. Para Maquiavel, a política é a “arte do possível” e o agente político (governante) teria sempre em vista os resultados políticos. A ação política do príncipe está baseada na virtú (virtude), que se difere do entendimento moral cristão do bom e do justo, sendo compreendida como força, valor, qualidade de luta, isto é, força para agir com energia. Além disso, cabe também ao príncipe virtuoso aproveitar-se da fortuna, isto é, saber utilizar o acaso, a ocasião, de tal modo que virtú e fortuna são complementares ao exercício do governo. “nada lança mais confusão no espírito do que o uso que se faz das palavras democracia e governo democrático” A. Tocqueville Cidadão Sujeito político Sujeito de direitos (e deveres) 1948 Criação da ONU Direitos civis – diz respeito à liberdade pessoal, de pensamento, de religião, de reunião e liberdade econômica, referindo-se à liberdade individual desde que não se viole o direito dos outros. Direitos políticos – diz respeito à liberdade de associação, de organização em partidos, da participação na determinação dos objetivos políticos do Estado. Direitos sociais – diz respeito ao trabalho, à saúde, à assistência, à educação, à cultura, ao lazer, enfim, a liberdade para existir sem medo da miséria sob bases igualitárias e solidárias. DEMOCRACIA MODERNA democracia liberal: também conhecida como a democracia burguesa, “presidida pelo credo liberal clássico”, regime parlamentar clássico e participação eleitoral restrita. democracia social-democrata: organiza-se “pela mediação do sistema de partidos, assim como pela autonomização da vida cultural e sistema eleitoral aberto à participação universal da população adulta.” Essas duas ideias se relacionam a formas de Estado: liberal (século XIX) e bem-estar social (século XX). ESTADO POLÍTICA Conceitualmente ARISTÓTELES (a busca pela cidade feliz) UM PACTO SOCIAL = PODER LEGÍTIMO = REPRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL + SUJEITOS POLÍTICOS CONQUISTA DE (CONTRATO) (GOVERNO E AGENTES POLÍTICOS) (CIDADÃOS) MAQUIAVEL (a arte do governo – CONSTITUIÇÃO DE UMA ORDEM LEGAL DIREITOS E DEVERES a busca por resultadospolíticos) ORGANIZADA EM TRÊS PODERES ( JUDICIÁRIO – LEGISLATIVO – EXECUTIVO) PARTICIPAÇÃO APARATO ADMINISTRATIVO Civis – liberdade pessoal, religião, econômica, etc. Políticos – liberdade de associação, organização e participação política. Sociais – liberdade para existir sem medo da miséria 3º Geração e Futuro Comum – gênero, sexual, meio ambiente, etc. (ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA) DEMOCRACIA MODERNA = SISTEMA REPRESENTATIVO (INSTITUIÇÕES POLÍTICAS) (BUROCRACIA) LIBERAL SOCIAL-DEMOCRATA ESTADO MODERNO (ESTADO LIBERAL) (ESTADO DE BEM-ESTAR) A MODERNIDADE O primado evolucionista Século XVII As Instituições Modernas e o Primado da Razão O primado da Razão As Instituições Modernas O Estado e a Empresa BUROCRACIA MAX WEBER TIPOS DE DOMINAÇÃO E AUTORIDADE TRADICIONAL - COSTUME CARISMÁTICA - HABILIDADE INDIVIDUAL PECULIAR RACIONAL-LEGAL - BASEADA NAS NORMAS E REGULAMENTOS CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA PRINCÍPIOS BÁSICOS Formalização Especialização Hierarquia Impessoalidade Representações das relações Estado e sociedade no Brasil PATRIMONIALISMO A interpretação dos Donos do Poder Raymundo Faoro Origem do conceito – Max Weber – expõe o tipo de relação da autoridade e as formas de administração Dominação tradicional – senhor detém a obediência dos súditos (servidores) pela legitimidade do costume (o eterno ontem da tradição). Patrimonial ou feudal Formas do Patrimonialismo: Patriarcal – dependência pessoal do senhor. Estamental (feudalismo) – relativa independência, mantendo lealdade. Proposta de Faoro - Patrimonialismo estamental brasileiro e suas particularidades Portugal e seu sistema monárquico muito particular, sem traço de feudalismo, operando o mercantilismo sob bases capitalistas desde a colonização – Estado a empresa do príncipe. Comunidade de poder estamental que apropria-se de privilégios e favores para conduzir os seus negócios, mantendo codependência ao rei e destacando-se como grupo social dominante. QUAIS SÃO ELAS? PATRIMONIALISMO MANDONISMO PERSONALISMO FORMALISMO CLIENTELISMO CARTORIALISMO CENTRALISMO AUTORITARISMO Categorias que servem para descrever a realidade das práticas e instituições brasileiras Os interpretes do Brasil Euclides da Cunha – Os Sertões Gilberto Freyre – Casa Grande e Senzala Oliveira Vianna – Populações Meridionais do Brasil Caio Prado Junior – A Evolução Política do Brasil Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil Victor Nunes Leal – Coronelismo, Enxada e Voto Raymundo Faoro – Os Donos do Poder Roberto Schwarz – Ao Vencedor as Batatas Simon Schwartzman – As Bases do Autoritarismo Brasileiro Como têm sido consideradas essas representações – categorias? “dados da realidade” ou “parte da nossa cultura”: como traço cultural podem ser considerados variável independente (ajuda a entender e a explicar a organização e o funcionamento do Estado) ou variável dependente (serve identificar os obstáculos culturais à modernização e as formas de ação que permitem transpô-los). condicionantes estruturais, isto é, fatores do contexto brasileiro que requerem profundas transformações econômicas, sociais e políticas para que possam produzir efeitos sobre a ação estatal na superação de disfunções do Estado . resíduos do passado (colonial e das estruturas oligárquicas) que estão desaparecendo “naturalmente” por causa da evolução da sociedade O QUE É MAIS RECORRENTE? Interpretações/ representações centrais TRÊS CARACTERÍSTICAS PATRIMONIALISMO MANDONISMO PERSONALISMO EVOCANDO OS SEUS EFEITOS CLIENTELISMO AUTORITARISMO Essas linhas interpretativas centrais que demarcariam um retrato do Brasil arcaico em relação a outro moderno Raízes das interpretações (representações) O passado colonial e das raízes ibéricas que representaram o domínio de relações de “mando e subserviência”: Gilberto Freire – “o poder senhorial”. Casa Grande e Senzala Sergio Buarque de Holanda - “a cultura da personalidade”. Raízes do Brasil Mandonismo/ Personalismo A cultura da personalidade explicaria o mando e a subserviência. Diferente das culturas protestantes, naquelas sociedades (ibéricas) a racionalização da vida advém de uma força exterior. Há uma vontade de mandar peculiar que se vincula à exaltação da personalidade. O homem cordial é aquele resultante da relações personalistas, marcado por sua passividade e subserviência a espera da benevolência daqueles com “poder” de mando. Favoritivismo Consequência do personalismo e mandonismo, é querer “ser mais igual do que os outros” na busca por tratamento personalizado e hierarquizado. (SROUR, 1998). O contorno próprio que o liberalismo adquire no Brasil no século XIX. Constitui-se numa “comédia ideológica”, uma vez que “atribui-se independência à dependência, utilidade ao capricho, universalidade às exceções, mérito ao parentesco, igualdade ao privilégio, etc.”. (SCHWARZ, 1992). Representações PATRIMONIALISMO MANDONISMO PERSONALISMO FORMALISMO – FRED RIGGS SOCIEDADES DIFRATADAS Países Desenvolvidos Amplitude e Especialização das Instituições Modernas SOCIEDADES PRISMÁTICAS Países em Desenvolvimento Sobreposição de Velhas e Novas Instituições SOCIEDADES CONCENTRADAS Países Subdesenvolvidos • Convivência entre o arcaico e o moderno. • Superposição de atividades de distintas unidades sociais – p.ex. família imbricada em relacionamentos econômicos e políticos que referem-se a domínios próprios Estudo Dirigido - 1 Trabalho Individual Tópico: Relações Estado e Sociedade 1) Explique como se caracteriza o Patrimonialismo Estamental brasileiro. 2) Quais são as principais limitações que Frederico Lustosa da Costa indica em relação a interpretação de Raymundo Faoro? 3) Como o coronelismo é caracterizado como sistema político? 4) Segundo Lustosa da Costa, quais seriam as implicações do personalismo nas relações Estado e sociedade no Brasil?
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