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Importância da Tolerância: Uma Contribuição da Engenharia Dimensional no Processo de Desenvolvimento do Produto Roderlei Camargo rocamargo@unimep.br Alvaro José Abackerli abakerli@unimep.br Universidade Metodista de Piracicaba Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo (FEAU) Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) Resumo - Para se competir nos dias atuais, é necessário o desenvolvimento de melhores produtos, com custos menores e qualidade superior que os concorrentes, assim como a necessidade cada vez maior de respeitar o meio ambiente. Além disto, esses produtos simples, seguros e inequívocos, precisam ser desenvolvidos em tempos cada vez menores. Sendo assim, foca-se neste trabalho a importância da tolerância no processo de desenvolvimento do produto, capaz de atender aos requisitos anteriormente mencionados, na mesma razão de importância, em que o gerenciamento das variações geométricas assumem no projeto do produto, num contexto de engenharia simultânea, em que engenheiros e projetistas precisam gerenciar as tolerâncias geométricas e dimensionais e saber quais informações contribuem para esta determinação. Neste trabalho será feita uma abordagem dando uma visão geral sobre análise e síntese de tolerâncias em engenharia mecânica, especialmente sobre a otimização das especificações de tolerâncias, por intermédio de seis principais estratégias, quais sejam: Tolerâncias, Análise de tolerância, Síntese de tolerância e otimização, Alargamento da tolerância, Desvinculação da tolerância e Prevenção da tolerância. Quanto aos benefícios decorrentes da correta utilização de sistemas de tolerâncias, o mais importante reside no fato de que, com a integração dos métodos de análises mencionados, dará ao engenheiro projetista a possibilidade de selecionar cada método, no estágio certo do projeto, a fim de obter as informações necessárias atualizadas, promovendo a integração da engenharia dimensional com o projeto do produto e projeto do processo, dentro do ciclo de vida do produto. Finalizando, o trabalho apresenta algumas perspectivas para pesquisas futuras relacionadas ao projeto de tolerâncias. Palavras-chave - Tolerância, Análise de tolerância, Síntese da tolerância, Otimização da tolerância. 1. INTRODUÇÃO A crescente exigência em termos de custo, tempo de entrega e qualidade, do atual mercado globalizado e competitivo, impõe as empresas o desafio de responderem de forma rápida e eficiente, com a busca de melhores produtos, mais atraentes, personalizados, mais acessíveis, mais robustos, multifuncionais, mais confiáveis e principalmente, lançados no nicho de mercado muito antes da concorrência. Afirma Giordano et al. (2008), que para materializar as exigências acima, significa responder de forma rápida e eficaz, a questionamentos sobre estilo, durabilidade, funcionamento, segurança e custos destes produtos. Estas respostas resultam de grandes esforços de engenharia integrada por meio de grupos especialistas em concepção de projeto, desenvolvimento de produto, protótipo, testes de engenharia e manufatura, sendo utilizadas diferentes tecnologias digitais e novas técnicas de engenharia off-line. O futuro deve mostrar uma nova realidade, onde novas respostas serão evidenciadas por sistemas de engenharia integrados, cuja base esta na combinação de protótipos físicos e virtuais, fazendo parte da fase de desenvolvimento de um produto, sendo que a adoção do sistema de tolerâncias na fase inicial do projeto, postulado por Dantan et al. (2008), passa a ser uma atividade chave no desenvolvimento avançado do produto, podendo se constituir em vantagem competitiva no próprio desenvolvimento, permitindo avaliar diferentes configurações do produto, objetivando um projeto otimizado sob aspectos de funcionalidade, segurança e custo. A adoção de sistemas de tolerâncias na manufatura permite simular o processo de fabricação com a eliminação das perdas de material e buscando a otimização do emprego de máquinas, ferramentas e dispositivos, reduzindo drasticamente os custos de produção. Com relação aos testes de engenharia, permite antecipar os resultados que seriam obtidos com protótipos físicos, reduzindo conseqüentemente a quantidade do número de testes, os quais respondem pela maior parte dos custos de desenvolvimento de novos produtos. Para melhorar a qualidade de um produto, o problema da tolerância não pode ser visto de forma isolada, assim como considerações paralelas também devem ser levadas em conta, como a rigidez estrutural, a deformação elástica de peças de máquinas, a estrutura da construção, o processo de fabricação e manufatura, a montagem dos componentes e o uso do produto no mercado. Então, conforme Hochmuth et al. (1998), a otimização multicritério surge como uma alternativa capaz de integrar estes fatores, via controle das restrições de tolerância. A conseqüência para com o produto decorrente da aplicação desta tolerância, deve ser investigada pelo engenheiro projetista durante o processo de projeto em cada fase do desenvolvimento do produto. Por isso, a inclusão de ferramentas computacionais integradas a engenharia off-line, com arquitetura classe mundial para apoiar as atividades de criação de um produto, em cada etapa do processo, ajudam a resolver os problemas de desenvolvimento do produto. Entende-se como engenharia off-line de projeto e fabricação classe mundial, as seguintes ferramentas tecnológicas: FMEA (Analise do modo de falha e seus efeitos) de sistema, de projeto, de projeto e ecológico; FMECA (Analise critica do modo de falha e seus efeitos); TRD (Projeto robusto de Taguchi); DRBFM (Revisão de projeto baseado em critérios de falha); FTA (Analise da causa raiz); EQFD (Desdobramento avançado da função qualidade); AGF (Analise dos geradores de falha); TRIZ (Teoria da solução inventiva de problemas); WOIS (Estratégia de inovação de orientação contraria). Neste contexto, este trabalho descreve a importância da tolerância, sob o ponto de vista da engenharia dimensional, focando a tolerância integrada ao processo de desenvolvimento de um novo produto, evidenciando as estratégias: Tolerâncias, Análise de tolerância, Síntese de tolerância e otimização, Alargamento da tolerância, Desvinculação da tolerância e Prevenção da tolerância. Sendo assim e considerando o projeto de tolerâncias cada vez mais presente na fase inicial de geração do produto, dentro das empresas, este trabalho se preocupa também em relatar a importância da tolerância neste processo, porém, indicando a possibilidade do uso de algum controle de restrição desta tolerância. 2. TOLERÂNCIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO Afirma Weckenmann (2008), que ao integrar desenho, engenharia e manufatura sob um mesmo teto, consegue-se produzir de acordo com as necessidades do cliente e sob conceitos mais exigentes de produção, graças as recentes pesquisas em metrologia e sistemas de tolerâncias principalmente, que é o foco da tríade formada pelo projeto, fabricação e controle de qualidade. Os fatos demonstram que os processos de fabricação estão retornando à idéia básica de que o produto é o centro do processo produtivo, e que para isso, se requer sistemas que permitam unir as áreas de engenharia com a parte administrativa e fabril, as quais estiveram sempre separadas. E que no final, possibilita que toda a rede humana da empresa, possa participar do processo de desenvolvimento do produto simultaneamente, auxiliado pela engenharia off-line de projeto e fabricação classe mundial, sendo também possível achar a melhor solução de um requisito de projeto. Isto pode ser feito por meio da integração das ferramentas de síntese e analise multicritério no domínio da engenharia preventiva, sendo considerado neste campo, conforme Meerkamm & Hochmuth (1998) apud Hochmuthet al. (1998), os critérios formados por tolerância, cálculo da rigidez estrutural e otimização. As tolerâncias têm um papel fundamental na engenharia dimensional, pois não existe processo de fabricação isento de desvios. Além disso, tolerâncias bem definidas garantem a intercambiabilidade das peças, sendo considerada em alguns segmentos fabris, como uma estratégia de manufatura. Os sistemas especialistas estão ficando cada vez mais complexos no que tange ao desenvolvimento de projetos de engenharia e como conseqüência, há uma tendência de decréscimo das zonas de tolerâncias, o que é uma maneira errada, afirma Meerkamm (1998) apud Hochmuth et al. (1998). Devido as variações da cadeia do processo de fabricação, a solução eficaz consiste em aumentar as especificações da tolerância mantendo a função correta, o que significa tornar o projeto mais robusto. A tolerância de acoplamento (folga e desvio) e o cálculo da rigidez estrutural (deformação elástica, desconsiderando as influências térmicas) de um produto, conferem uma correlação orientada a uma influência de análise multicritério. Conseqüentemente, se for aplicado um controle de restrição de tolerância, possibilita ao engenheiro projetista, conceber um modelo de cálculo mais próximo da realidade. Danckert et al. (1993), Mannewitz & Simunovic (1996) apud Hochmuth et al. (1998) sugerem que, quando se discute os desvios de um produto, como parte do gerenciamento da qualidade, há que se observar quatro fases que estão interligadas: Projeto (processo de projeto), Manufatura (construção da estrutura e processo de fabricação), Montagem (dos componentes) e Uso (pelo cliente final). A figura 1 denota a influência da tolerância no processo de desenvolvimento do produto, sendo evidenciados os desvios dos produtos nas diversas fases citadas. Figura 1 – Tolerância no processo de desenvolvimento do produto (Adaptado de Mannewitz 1993, Schrems 1998, Meerkamm & Weber 1993, Pahl & Beitz 2003) Na fase de projeto, os requisitos do produto que estão listados no caderno de requisitos obrigatórios, durante a fase de planejamento, exercem grande influência para uma solução assertiva no processo de projeto (por exemplo: a suavidade e ruído de engrenamento, as folgas e a alternância da precisão entre as peças de uma máquina), sendo possível prever estes desvios por intermédio de alguns métodos de cálculos ou mesmo simulações, referente a influência destes desvios no projeto, a saber: Simulação de Monte Carlo, calculo da relação de erro, estatística e aritmética (integral Gaussiana e calculo da cadeia de tolerância para elementos 1D, 2D e 3D), problemas envolvendo equacionamento linear e não linear e a arquitetura de construção, que pode ser integral quando a montagem do produto é feita formando uma peça única (processos de solda) ou diferencial quando a montagem do produto é feita considerando as peças como elementos isolados. Dantan et al. (2003) ressaltam a importância da fase de projeto com relação aos aspectos de tolerância, uma vez que os parâmetros de tolerâncias influenciam ambos, a performance do projeto funcional e os custos de produção, por isso, as tolerâncias são os elementos chaves para a integração do projeto. Na fase de manufatura, preconizado por Schrems (1998) apud Hochmuth (1998), as tolerâncias geométricas são uma das principais razões para os problemas da qualidade na produção industrial, sendo evidenciada pelas diversas distribuições de produção e tendência, principalmente as que envolvem grandes lotes do processo industrial de fabricação, conforme processamento estocástico ou sistemático. Segundo Mannewitz (1993) apud Hochmuth et al. (1998), estas distribuições resultam dos cinco fatores “M” do diagrama de causa e efeito (Ishikawa): Máquina, Material, Método, Homem e Meio Ambiente, apontados em diversos formulários e influenciando a curva de tendência do processo. Assim por exemplo, tem-se a influência da pressão e das tensões térmicas nos processos de fabricação, como em processos de soldagens e moldes plásticos de injeção, o que resulta em distorção ou mesmo empenamento das peças usinadas, prejudicando a qualidade final do produto e alterando significativamente o seu custo. Também afirmam Dantal et al. (2008), corroborando com a argumentação da menção do custo como fator decisivo na definição da aprovação do produto, pois é aceito que a fase conceitual e a fase do projeto preliminar, são as duas fases mais criticas dentro do processo de desenvolvimento de um produto, sendo que mais de 75% do custo total de um produto, é atribuído as decisões feitas durante a fase conceitual e a fase do projeto preliminar. As decisões e informações geradas durantes estas fases, têm grande impacto nas fases sucessivas, sendo que estas fases iniciais do projeto apontam para o uso de metodologias que permitem o gerenciamento das informações, avaliação da manufaturabilidade e produtibilidade, planejamento preliminar do processo e estimativa do custo do produto. Então, o conceito e o projeto preliminar precisam estar integrados com as atividades de manufatura, por intermédio do gerenciamento das informações das variações geométricas e atividades de tolerâncias. Na fase de montagem, para Meerkamm & Weber (1993) apud Hochmuth et al. (1998), a precisão dos componentes variam de acordo com a tolerância auferida e depende do nível da automação e do tipo de montagem (automática, manual ou seletiva) requeridas (figura 1). Então para a montagem automática, a zona de tolerância deve ser bem menor do que para a montagem seletiva, o que exerce influencia no custo, na intercambiabilidade e no projeto para manufatura e montagem (DFMA), demonstrando com isto, se o projeto atende as exigências para uma solução ótima ou solução robusta insensível a variações. Na fase do uso, citado por Schrems (1998) apud Hochmuth et al. (1998), quando se foca o uso de um produto (figura 1, exemplificando uma furadeira industrial), diversos fatores são relevantes para um perfeito funcionamento e conseqüente durabilidade deste produto, cujo desempenho tem uma relação direta com o sistema de tolerância auferido, quais sejam: o funcionamento (rotação) suave e silencioso, a deformação elástica, os desvios provocados por influências térmicas e dinâmicas, as vibrações, o desgaste e a eficiência. Um exemplo pratico destas não conformidades são os desbalanceamentos das peças de máquinas de alta velocidade e da sobreposição dos desvios de sistemas complexos móveis (suspensão da roda de um automóvel), que provocam grandes oscilações influenciando o conforto interno. 3. ESTRATÉGIAS DE OTIMIZAÇÂO DE TOLERÂNCIAS E ESPECIFICAÇÕES: UMA VISÂO GERAL Creveling (1997) e Hochmuth et al. (1998), propuseram seis abordagens estratégicas que podem serem feitas para aumentar a qualidade, a economia e a robustez dos produtos (o termo robustez é definido como uma medida de insensibilidade de um produto para com os desvios inerentes ao processo de fabricação), mediante o desenvolvimento de sistemas técnicos na direção de melhoria, cuja tendência conduz a produtos com um grau mais elevado de eficiência, quais sejam: Tolerâncias, Análise de tolerância, Síntese de tolerância e otimização, Alargamento da tolerância, Desvinculação da tolerância e Prevenção da tolerância, conforme ilustrado na figura 2. Importante observar no gráfico eficiência versus tendência de desenvolvimento de sistemas técnicos, referente a estratégia de tolerância, que a direção de melhoria aponta para produtos mais robustos os quais são cada vez mais insensíveis a variações de processo, aumento da qualidade do produto e melhoria da economia. Figura 2 – RelaçãoEficiência versus Tendências Tecnológicas (adaptado de Hochmuth 1998) 3.1 – TOLERANCIAS Os itens de um componente, que são importantes para sua função, devem ser tolerados pelo tipo e pelo valor da sua tolerância, para que seja assegurada a função correta das peças que fazem parte do acoplamento. Na literatura são encontrados diversos métodos para auferir a tolerância de superfícies geométricas de peças, porém, quando for necessário promover um ajuste (de folga ou interferência) no conjunto montado, é necessário fazer uma combinação de tolerâncias, de modo a garantir o ajuste e também os requisitos deste ajuste, traduzidos em features de projeto. Estas features representam recursos internos do sistema CAD, que facilitam a inserção das diversas tolerâncias, na superfície do modelo matemático, atuando com orientação a objeto, sendo portanto, dotado de orientação paramétrica e variacional, ressaltando os requisitos de projeto, o resultado em forma de tipo de ajuste e o acoplamento. Figura 3 – Passo 1 – Tolerâncias (adaptado de Weber et al. 1998) Uma abordagem para tolerâncias, conforme Weber et al. (1998) apud Hochmuth et al. (1998), é a determinação das tolerâncias relevantes e funcionais dos requisitos de projeto, ilustrado na figura 3, como exemplo de um ajuste entre um eixo e uma engrenagem pinhão. Neste exemplo, o cálculo do ajuste máximo/mínimo relacionado à exigência de transferir um torque de 20 Nm ao acoplamento das peças por atrito, conduz a um calculo de tolerâncias, considerando um furo base H7/s6 (DIN / ISO 286) e a uma tolerância de forma cilindricidade de 0.05mm (DIN / ISO 1101). O ajuste cilíndrico pode ser considerado como uma cadeia de tolerância, contendo quatro elementos: Dimensão e Tolerância de forma do eixo, Dimensão e Tolerância de forma da engrenagem pinhão. Neste caso, há que se aplicar simultaneamente a tolerância e calcular a rigidez do conjunto, pois o calculo das dimensões e da seleção do eixo, assim como o calculo da tolerância do ajuste, devem ser considerados, como forma de garantir a interferência desejada nesta montagem, Löffel (1997) apud Hochmuth et al. (1998). Outro método é proposto por Schütte (1995) apud Hochmuth et al. (1998) denominado de oito passos para um processo de tolerâncias, a saber: 1. Identificação dos Elementos Relevantes de Tolerância 2. Definição das Tolerância de Posição 3. Definição das Referências 4. Definição das Tolerâncias de Forma 5. Variação da Zona de Tolerância 6. Uso da Condição “Máximo Material” 7. Determinação do Valor da Tolerância 8. Aplicar as Tolerâncias Sendo que primeiramente, os elementos mais relevantes de um componente ou de uma peça, são marcados pelo próprio engenheiro projetista, onde o conhecimento está na experiência deste profissional. Os próximos passos são a definição dos diversos tipos de tolerâncias (tolerância de forma, tolerância de posição e definição das referencias) e da variação das zonas de tolerâncias. Para ampliar as zonas de tolerâncias, deve ser usada a condição de “MM” (máximo material). Por fim, após determinados os tipos e os valores das tolerâncias, estas são inseridas o contexto do desenho técnico ou vetorizadas no modelo matemático CAD. Neste ponto de vista, Bennich & Nielsen (2005), concordam que a função primaria de um desenho de produto ou simplesmente de uma peça, é a de converter as intenções do projeto e os requisitos das peças, para as atividades correlatas inerentes ao processo de manufatura do produto. Isto é feito focando o sistema de tolerância que já foi inserido no desenho do produto. Então, a tolerância poderá comunicar todos os pré- requisitos necessários para garantir a correta função do produto. Somente os requisitos indicados no nível das tolerâncias, devem ser levados em consideração, quando da execução do projeto, pois contem os diversos símbolos referentes as especificações geométricas do produto e requisitos funcionais, para o bom funcionamento do conjunto. A figura 4 denota esta característica ressaltando os quatro níveis padronizados de desenho, quais sejam: Nível 0 - Desenho técnico CAD, onde contem todas as informações referentes ao desenho do produto, incluindo a legenda: Nível 1 – Folha de engenharia, onde constam somente as informações referentes ao formato da folha e da legenda; Nível 2 – Desenho da peça, neste nível fica visível somente as informações vetorizadas da peça com todas as suas vistas necessárias e demais detalhes suficientes para o correto entendimento do produto; Nível 3 – Tolerâncias, neste nível, permanece visível todas as informações inerentes ao sistema de tolerância e demais requisitos de função. Figura 4: Os quatro níveis padronizados de desenho (Bennich & Nielsen 2005) 3.2 – ANÁLISE DE TOLERÂNCIA A análise de tolerância é uma ferramenta quantitativa para prever a acumulação da variação em montagens. Conforme Chase et al. (1997) e denotado na figura 5, a análise de tolerância acopla a capabilidade da manufatura e os requisitos de performance dentro de um modelo de engenharia, provendo um ambiente comum de integração onde o projeto e a manufatura podem interagir e avaliar quantitativamente os efeitos dos seus respectivos requisitos. Este ambiente formado pela tolerância de montagem, tolerância do componente e analise de tolerância de montagem, faz aderência a engenharia simultânea e provê uma ferramenta para aumentar a performance e reduzir o custo do produto, pois integram os requisitos de performance e os requisitos de manufatura, formando o modelo de engenharia. Figura 5 - Cadeia da analise de tolerância, formando uma engenharia simultânea A análise de tolerância estima os efeitos da variação da manufatura sobre as dimensões da montagem do produto, ou seja, a dimensão dos comprimentos e dos ângulos envolvendo duas ou mais peças diferentes. A analise de tolerância provê uma ligação importante entre o projeto de engenharia e a manufatura, sendo uma ferramenta que quantifica o efeito da variação da montagem dos componentes sobre as especificações de performance, figura 6, Chase et al. (1997). A estratégia de manufatura deste modelo, é definida conforme os requisitos competitivos que se deseja priorizar, apertando o conjunto de atividades inerentes ao projeto de engenharia ou afrouxando as atividades inerentes a manufatura. Figura 6: Tolerâncias - Ligação crítica entre Projeto e Manufatura A análise de tolerância pode ser dividida em análise das partes internas e análise sobre todas as partes de uma peça (produto ou componente), seguido da conseqüente síntese e otimização da tolerância. Concordam com a teoria da analise de tolerância, os autores Meerkamm & Hochmuth (1998) apud Hochmuth et al. (1998) como ilustrado na figura 7, e com relação a teoria da otimização da tolerância, os autores Chase & Greenwood (1988). Figura 7: Passo 2 – Análise de Tolerância, Síntese e Otimização Após a análise da tolerância sobre todas as partes da peça, cada parte com as devidas zonas de tolerâncias modificadas, devem ser calculadas novamente, porem, considerando a analise de partes internas da peça. Concluído esta iteração via checagem das características relevantes, procede-se a síntese e otimização da tolerância, cujo principio, por ser um método promissor de alocação de tolerância, utiliza as técnicas de otimização para atribuir tolerâncias aos componentes, tais que os custos de produção de uma montagem sejam minimizados. Isto é realizado pela correta definição de uma curvade custo versus tolerância, de cada componente desta montagem. Neste método, a otimização do algoritmo estocástico, varia a tolerância de cada componente e pesquisa sistematicamente pela combinação de tolerância que melhor minimize o custo. Em resumo, a análise de tolerância é uma função inerente ao processo. 3.2.1 – Análise de Tolerância Interna da Peça A análise de tolerância interna da peça tem seu foco na acuracidade (precisão) dos processos de fabricação, das máquinas, da combinação de seqüências de processos e da economia dos processos. Previsões relacionadas com a acuracidade dos processos de fabricação, somente podem ser feitas via incertezas de fabricação ou de manufatura, sendo que para auxiliar o engenheiro projetista na busca de informações acerca da acuracidade dos processos (por exemplo: distorções e incertezas), os métodos de calculo e de simulação são uma boa opção, considerando a existência de um modelo matemático CAD tridimensional, que constitui a base deste desenvolvimento. Os procedimentos para a determinação da correta acuracidade de conjuntos montados, são anexados aos processos, que por sua vez, são classificados conforme norma DIN 8580 (figura 8) nas seguintes categorias: Modelagem primária, formação do metal, corte e união. A revisão da literatura aponta para diversas abordagens teóricas e métodos para estimar, calcular, simular ou de se apoiar em dados experimentais para a obtenção da acuracidade dos processos de manufatura. A primeira abordagem, modelagem primaria, se refere a utilização dos dados práticos conhecidos da dispersão produtiva advindo do controle estatístico do processo, para cada item do componente e para cada tipo de tolerância. Estes resultados podem ser disponibilizados para o engenheiro projetista, em banco de dados dedicados, para o calculo da capabilidade do processo. Deformação e dispersão são elementos resultantes da modelagem primaria, referente a simulação numérica. Figura 8: Análise de Tolerância da Parte Interna (adaptado de Fröhlich 1995, Hochmuth 1997) A segunda abordagem, formação do metal, se refere aos métodos numéricos de simulação (problemas lineares e não lineares) no domínio da modelagem primaria (figura 8a). Como resultado da simulação numérica, tem-se a distorção (deslocamento) do componente, levando também em consideração, a tendência e a incerteza do processo. Conforme Löffel (1997), integrando estes métodos dentro do processo de projeto, depois da modelagem CAD, segue a otimização dos resultados calculados, que necessitará de uma nova conceituação do projeto do produto, caso os resultados da analise numérica não forem satisfatórios aos requisitos obrigatórios do produto. A terceira abordagem, corte, segundo Hochmuth (1997), refere-se a modelagem e calculo do processo de fabricação, tendo como base, as informações oriundas das normas DIN 8601 e VDI / DGQ 3441, referente ao termo de aceitação de máquinas (figura 8b). São exemplos de abordagem de modelamento e calculo da máquina, os cálculos envolvendo a estática e a dinâmica. Com relação ao processo, tem-se o processo de manufatura, a combinação de processos, os dispositivos e os parâmetros de processo. Segue como resultado, o gráfico de dispersão evidenciando a curva normal (Gauss) e o gráfico de tornado, que vem a ser o grau de contribuição de cada dimensão, para com o conjunto de dimensões utilizadas nesta analise. O resultado final é expresso em um índice de capabilidade do processo (Cp) e da sua respectiva centralização do processo (Cpk). A quarta abordagem, união, refere-se por exemplo, a um processo de soldagem, onde há que se considerar a influência da deformação térmica, decorrente das tensões residuais geradas pela elevada temperatura (efeito Joule) no processo e na seqüência de soldagem (figura 8c). Assim, há que se considerar uma seqüência de soldagem, com base nas deformações individuais de cada peça, de maneira a não comprometer a montagem final do conjunto soldado. Em suma, o calculo do efeito das tolerâncias em um ajuste prensado, pode dar uma visão mais detalhada de como a influência da deformação, oriunda das tensões residuais do ajuste prensado, interferem no comportamento estrutural da peça, que faz parte de um conjunto montado. 3.2.2 – Controle das Restrições de Tolerâncias O engenheiro projetista precisa prever a rigidez estrutural e a deformação elástica (excluindo a termo-deformação) dos componentes, pois, a deformação resultante de forças e momentos em condições de funcionamento, assim como a tensão residual de um ajuste prensado, por exemplo, podem ocorrer de forma simultânea. Deslocamentos na região de contato (figura 9b) têm sua origem nas especificações de tolerâncias (Figura 9a) e na deformação dos componentes acoplados (condição da compatibilidade). Figura 9: Controle das Restrições de Tolerância (Fröhlich 1995) A figura 9 apresenta um controle de restrição de tolerância, caracterizado pelas especificações de tolerância (ex. superfície antes da prensagem), seguido do desenvolvimento dos dados obtidos das irregularidades estocásticas anteriores calculadas e finalizando com o controle das restrições de tolerâncias, pelo método dos elementos finitos, tendo como base o modelo matemático CAD, o qual gerou um modelo de elementos finitos (FEM). Os resultados obtidos foram espalhados aos nós da malha dos elementos finitos da peça (figura 9c), dentro do domínio da propagação do limite elástico do material. A peça exemplificada na figura 9 foi modelada inicialmente no ambiente CAD Pro/Engineer e depois foi realizada uma analise estática no ambiente CAE Pro/Mechanica. Este ambiente CAE tem como plataforma base, o método dos elementos finitos, cuja técnica matemática consiste em discretizar uma estrutura (modelo CAD tridimensional), em elementos paramétricos ou isoparamétricos conhecidos e conectados por nós, resolvendo então um conjunto de equações algébricas para obter os resultados desejados, em função do carregamento e das condições de contorno aplicadas. As propriedades dos materiais e elementos são especificados afim de representarem as propriedades físicas do modelo de fato. Grande parte dos problemas de engenharia são formulados pelos princípios da mecânica do contínuo. Este ramo da engenharia trata a matéria como sendo um meio contínuo, sem vazios interiores, desconsiderando sua estrutura molecular. Assim, na mecânica do contínuo os princípios da física são escritos sob as formas de equações diferenciais. Os efeitos da constituição interna molecular dos materiais são levados em conta de forma macroscópica por meio das equações constitutivas do material, relacionando tensão versus deformação. Ao iniciar a determinação de um sistema de força e deslocamentos para um dado problema de projeto, o engenheiro projetista primeiramente define a equação que rege o problema, estipulando as condições satisfatórias para um perfeito equilíbrio de forças e momentos e a sua compatibilidade relacionada a deformação e ao deslocamento correlato. Feito isto, prossegue com a aplicação do método dos elementos finitos, criando geometria, material, propriedades físicas dos elementos, restrições e carregamentos de forças. Depois executa o solver relacionado ao tipo de problema a ser resolvido, finalizando com a visualização e simulação dos resultados da analise, em forma de deslocamentos, tensões, forças e deformação. O controle das restrições de tolerância (TCC, figura 9), da uma resposta referente à questão da influência dos desvios para com o comportamento do sistema como um todo, tendo na modelagem do calculo de rigidez, uma solução mais próxima da realidade. Figura 10: Workflow do método dos elementos finitos para análise de tolerância Esta estratégia de soluçãopara este problema de engenharia pode ser aplicada ao método dos elementos finitos, conforme ilustrado no fluxograma da figura 10, cujo aplicativo é constituído de um modelador matemático CAD, um solver e um pós- processador, que fazem parte do pacote Pro/Mechanica cujo algoritmo de solução está encapsulado no software de CAD Pro/Engineer, de propriedade da empresa Parametric Technology Corporation, de origem americana. Do método dos elementos finitos para problemas de elasticidade linear com pequenas deformações, é valida a seguinte equação da analise estática: [ K ] { u } = { F } Onde, “K” é a matriz de rigidez do sistema, gerada com base na geometria e propriedades elásticas; “u” é o vetor correlato de deslocamento ou rotação; (elementos de força, estresses, reação etc ) ; “F” é o vetor de forças externas aplicadas ou momentos (fletor ou torçor), definido pelo analista. No workflow representado pela figura 10, a analise de tolerância é o portal de entrada das operações de montagens, por intermédio do modelo CAD, do processo, das tolerâncias e da montagem. O próximo passo é a matriz de transformação que gera a distribuição estatística das dimensões mais representativas. Estas dimensões são os dados de entrada para a analise de elementos finitos, assim como a pressão, força, propriedade do material e o modelo CAD de fato, tendo como saída a deformação correlata. Segue com a avaliação evidenciando o dimensionamento do modelo matematico CAD e tendo como saída os resultados inerentes a analise realizada, ou seja: Distribuição (capabilidade do processo “Cp” e Cpk”) e Contribuição. 3.2.3 – ANALISE DE TOLERÂNCIA SOBRE TODAS AS PEÇAS O cálculo da cadeia de tolerância sobre todas as peças, fornecerá as respostas do grau de influência que cada tolerância exerce para com o todo, sendo realizado em cada ponto de operação do produto. Comenta Salomons et al. (1995), referenciando a figura 11, que primeiramente é importante conhecer a estrutura do produto, isto inclui os elementos manufaturados internamente (make) e os outros elementos que serão comprados externamente (buy), sem contudo deixar de lado as dependências de montagem entre estes componentes, advindos dos acoplamentos e ajustes entre as diversas peças, assim como as tolerâncias estabelecidas. O conhecimento da estrutura do produto e a correta definição dos componentes da arvore d dependência, determinam uma estratégia de manufatura que pode beneficiar os negócios da empresa, permitindo a abertura da tolerância e da respectiva cota de cada tolerância, o que se traduz em redução de custo. Já as cadeias de tolerâncias devem ser calculadas em cada ponto importante do trajeto cinemático do produto, dependendo das circunstancias operacionais (por exemplo, condições térmicas), via calculo aritmético ou por meio de métodos estatísticos, dependendo da filosofia empregada, mas sempre fundamentado em um sistema de simulação multicorpos. Na visão de Chase et al. (1996), as tolerâncias de forma e de posição assim como o princípio de tolerância adotado, devem ser considerados quando da determinação desta cadeia de tolerância, para a obtenção de um resultado de calculo exato. Da mesma forma, a analise estrutural fornecera uma referencia assertiva com relação a sensibilidade de tolerância e sensibilidade de rigidez estrutural. Tomando como base a rigidez, proveniente das forças e momentos ou temperaturas (calculo cinético), obtém-se o resumo dos desvios sob as reais condições de operações, o que conduzirá à sensibilidade de tolerâncias e sensibilidade de rigidez, em pontos discretos do trajeto cinemático. Figura 11: Análise de Tolerância sobre todas as peças (Salomons et al. 1995, Chase et al. 1996) Após esta análise, segue a otimização multicritério dos tipos de tolerâncias, dos valores das tolerâncias, do princípio da tolerância, da forma ou da mudança da estrutura da construção, para uma estrutura integrada com maior acuracidade (precisão) relacionada aos outros processos de manufatura, onde as tolerâncias recém calculadas devem ser atribuídas. O próximo passo será a alocação (síntese) da tolerância interna da peça, para cada componente modificado. 3.3 – SÍNTESE DE TOLERÂNCIA E OTIMIZAÇÂO Conforme Song et al. (2007), existem varias técnicas para a determinação da síntese de tolerância, algumas delas postuladas pelos seus respectivos autores, Sutherland et al. (1975) apud Prabhaharan et al. (2005), focaram na formulação de uma atribuição de tolerância como um problema de otimização irrestrito e sua solução em malha fechada, Ostwald et al. (1977) e Sunn et al. (1988) apud Song et al. (2007), introduziram uma técnica baseada em uma programação integral para otimização do custo da tolerância levando em conta a tolerância de montagem, Chase and Greenwood (1988) apud Prabhaharan et al. (2005), introduziram um modelo recíproco com dados empiricos melhorados promovendo o ajuste da capabilidade, Lee and Woo (1989) apud Prabhaharan et al. (2005), apresentaram um modelo discreto de custo de tolerância associado a um método de otimização de tolerância, usando um índex de confiabilidade e uma programação integral para eliminar o erro de modelamento, Tang et al. (1988) e Kaushal et al. (1992) apud Song et al. (2007), propuseram uma regra baseada em abordagem da tolerância com relação ao intervalo de confiança e na tolerância de montagem, Manivannan et al. (1989) apud Song et al. (2007), desenvolveram uma técnica com uma abordagem baseada no conhecimento, provendo uma capabilidade na definição de regras efetivas para o projeto do produto e processo, de forma integrada, Lu et al. (1989) apud Song et al. (2007), usaram a inteligência artificial para otimizar a síntese de tolerância, Kalajdzic et al. (1992) apud Song et al. (2007), propuseram uma regra com base nos features do modelo matemático CAD/CAM, Dong et al. (1994) apud Prabhaharan et al. (2005), propuseram varios modelos de custo de tolerância para diversos processos de fabricação, Ji et al. (2000) e Shan et al. (2003) apud Song et al. (2007), valendo-se dos sistemas especialistas e da inteligência computacional, determinaram o processo de tolerância e sua respectiva otimização, via algoritmo genético, e finalizando, Prabhaharan et al. (2005), desenvolveram uma abordagem metaheurística denominada de colônia de algoritmos contínuos (CACO), que é uma ferramenta de otimização para minimizar os desvios críticos dimensionais e atribuir a tolerância ótima baseada no custo. Desde que a tolerância de montagem tenha sido feita, as tolerâncias individuais das peças incluindo a montagem, podem ser ajustadas para melhor satisfazer as especificações de tolerâncias de toda a montagem. Este processo de ajustamento das tolerâncias das peças e reanálise da montagem, se refere a síntese ou atribuição de tolerância. De outra forma, na analise de tolerância, as tolerâncias dos componentes são conhecidas ou especificadas e o resultado da variação da montagem pode então ser calculado. Chase et al. (1990) figura 12, demonstram a diferença entre a analise de tolerância e síntese de tolerância. Figura 12 – Analise de tolerância versus Síntese de tolerância (Chase 1990) A síntese de tolerância é um procedimento inverso de se determinar as tolerâncias individuais das peças, sendo que a sua soma vai de encontro com a especificação de tolerância da montagem, ou seja, ela é oriunda dos requisitos de projeto, considerando que a magnitude da tolerância dos componentes para cumprir este requisito é desconhecida. Este trabalho de síntese e atribuição de tolerância num esforço conjunto para atender as especificações de montagem, pode ser frustrado assim como pode exigir grande quantidade de tempo do engenheiro projetista. Teoricamente, existe uma infinidadede numero de combinação de tolerância individual de peça, que contempla os requisitos de montagem. Provavelmente algumas peças são mais difíceis de se manufaturar que outras, da mesma forma que algumas são também menos custosas para se fabricar. Então faz sentido aumentar a tolerância nas peças mais caras e reduzir a tolerância nas peças mais baratas, mantendo a tolerância total do conjunto montado dentro do limite do projeto. Isto leva a acreditar que é possível a obtenção do ponto ótimo em termos de custos e processo de fabricação. Tolerâncias críticas em montagens mecânicas são no geral, o resultado da somatória de tolerâncias ou a acumulação de tolerâncias na montagem das peças. A variação resultante de folgas, ajustes com interferência, folgas para lubrificação e elementos terminais, dependem da variação de cada uma das peças dos componentes da montagem. A tolerância de montagem é geralmente especificada com base nos requisitos de performance, enquanto as tolerâncias dos componentes estão relacionadas intimamente com a capabilidade do processo produtivo. O maior problema comum na especificação de tolerância por parte dos engenheiros projetistas é com relação a atribuição de tolerância, que vem a ser a distribuição da especificação da tolerância de montagem entre os componentes da própria montagem. Chase et al. (1997), consideram a síntese de tolerância uma ferramenta intimamente relacionada a análise de tolerância, porém trabalha na direção oposta. A atribuição de tolerância determina um conjunto adequado de tolerâncias de componentes, para satisfazer a variação dos limites especificados da montagem. Fazendo uma comparação, a análise de tolerância estima a porcentagem de rejeição oriunda da variação da especificação dos componentes, enquanto a atribuição de tolerância determina um conjunto de tolerâncias de componentes contendo as especificações admissíveis do limite de rejeição. Tanto a análise de tolerância quanto a síntese de tolerância, capacitam o engenheiro projetista para incorporar os efeitos da variação da manufatura já nas fases iniciais do projeto do produto. A síntese de tolerância é definida no inicio do ciclo de desenvolvimento de um produto, antes que qualquer peça ser produzida. Para a consolidação da síntese de tolerância, três passos são necessários, quais sejam: 1 - Baseado nos requisitos de performance, envolve a decisão de qual limite de tolerância será concedido para as folgas consideradas criticas e ajustes de montagem; 2 – Criação de um modelo de montagem para identificar qual dimensão afeta o dimensionamento da montagem final; 3 – Decisão da quantidade de tolerância da montagem que deve ser atribuída a cada componente significativo para a montagem do conjunto. 3.4 – ALARGAMENTO DA TOLERÂNCIA O Alargamento da tolerância é uma das abordagens estratégicas propostas por Hochmuth et al. (1998), com o escopo de aumentar a qualidade e a insensibilidade de um produto, para com os desvios inerentes ao seu processo de manufatura. Nesta linha de raciocínio, é proposto uma ampliação da zona de tolerância, sem prejuízo do nível de qualidade e tornando-a mais econômica, por intermédio de quatro abordagens conforme figura 13, quais sejam: 1 - Fator de alargamento; 2 - Princípio “máximo material“; 3 - Elementos de máquinas especiais; 4 - Definições estáticas (graus de liberdade). A primeira abordagem se refere ao fator de alargamento, que se inicia com o calculo da tolerância aritmética e estatística da cadeia de tolerância, para posteriormente fazer uso do fator de alargamento “e”, que é o quociente entre a análise de tolerância aritmética “TA” e a análise de tolerância estatística “TE”. Cada zona de tolerância dentro da cadeia de tolerância pode então ser dilatada, pelo fator calculado “e”, onde para ser verdadeira esta relação, este índice deve ser “e > 1”. A segunda abordagem se refere ao uso da condição “material máximo”, cujo objetivo primário é promover o acoplamento das tolerâncias dimensionais com as tolerâncias de posição. Neste caso, se a zona de tolerância de posição não esta sendo utilizada completamente, significa que é possível ampliar a zona de tolerância dimensional pela zona não utilizada da tolerância de posição. Figura 13: Passo 3 – Alargamento da Tolerância A terceira abordagem chamada de elementos de máquinas, diz respeito ao uso de alguns tipos de elementos de máquinas especiais, como por exemplo: tolerância de casca, onde estes tipos de elementos permitem que o engenheiro projetista possa aumentar as zonas de tolerâncias, de ambas as peças que fazem parte do conjunto montado, por exemplo eixo e furo. A quarta abordagem é o calculo das definições estáticas, onde via equacionamento de Gruebler, objetiva-se determinar o numero total de graus de liberdade da peça em questão. Conforme Koller (1996), um elevado grau de indefinições estáticas, conduz na mesma proporção a um também elevado grau de sensibilidade das tolerâncias, devido a função e a montagem do conjunto. Definições estáticas assertivas conduzem a melhores soluções de engenharia, porém não se aplica a qualquer tipo de projeto. Assim, o objetivo principal é inserir no sistema um ou mais graus de liberdade, como uma métrica para reduzir a acuracidade do sistema, a fim de ampliar as zonas da especificação de tolerância, mantendo ao mesmo tempo, a correta função e montagem. 3.5 – DESVINCULAÇÂO DA TOLERÂNCIA Danckert & Landschoof (1993) apud Hochmuth et al. (1998), descrevem a Desvinculação da tolerância como uma estratégia para reduzir o numero de itens tolerados dentro de um projeto, fazendo a separação ou mesmo reduzindo a cadeia de tolerância, ao mesmo tempo em que a solução para o problema de função, se dá pelo entendimento do fenômeno físico, exemplificando o caso do eixo e do furo, surge uma cadeia de tolerância onde o calculo do acoplamento é relativamente simples, existe somente dois elementos para o calculo da tolerância dimensional. Esta cadeia aumenta se o circuito de cotagem for calculado em torno de diversos componentes, de maneira a obter a tolerância fechada. Para obter uma correta zona de tolerância fechada funcional, a zona de tolerância de cada elemento da cadeia precisa ser reduzida, o que se traduz em tolerância não econômica. A conseqüência neste caso é a separação das cadeias de tolerâncias. Figura 14 – Passo 4 – Desvinculação da Tolerância (Danckert & Landschoof 1993) Ainda conforme Danckert & Landschoof (1993) apud Hochmuth et al. (1998), uma possibilidade de separar a cadeia de tolerância, conforme ilustrado na figura 14, é usando os efeitos físicos de outras disciplinas, por exemplo: mecânica pura, mecânica dos fluidos, termodinâmica e componentes de software contendo lógica de controle de elementos, para resolver funções elementares da estrutura da funcional. Estes efeitos físicos podem ser encontrados numa tabela de classificação, com os métodos de cálculo acoplados para cada elemento. Um bom exemplo são os elementos hidráulicos auto adaptativos, usados para a compensação da folga de válvulas nos motores automotivos, pois conseguem uma boa redução na cadeia de tolerância. Estes elementos desacoplam a cadeia de tolerância em torno do eixo de cames, do virabrequim, da válvula de comando, do cabeçote do cilindro e do mancal do eixo de cames. Somente a titulo de outro exemplo, pode ser utilizada a deformação elástica de uma mola prato, com o objetivo de gerar forças axiais, para tensionar o sistema, ajustando os rolamentos ao invés de usar anéis distanciadores, que possuem alta precisão de tolerância de batimento. 3.6 – PREVENÇÂO DA TOLERÂNCIA O termo prevenção da tolerância dizrespeito a uma estratégia de poupar ou mesmo não especificar as tolerâncias, no domínio da ideação heurística da engenharia dimensional, por intermédio das novas técnicas inovadoras de engenharia: WOIS (contrary oriented innovative strategy) e TRIZ (theory of inventive problem solving). A figura 15 apresenta um exemplo desta estratégia evidenciando a quebra ou aparamento da superficie (trimming) de um produto denominado de biela automotiva e sendo construído em uma única peça maciça, a qual pelo efeito do corte via cisalhamento da superfície do sobremetal formado, não foi necessário especificar nenhuma tolerância para as duas peças, pois as superfícies aparadas combinam-se exatamente, formando um micro ajuste sem folga. Algumas providências de preparação para esta operação foram necessárias, para garantir o perfeito ajuste entre as duas peças aparadas, por exemplo, um processo de trimming surface, seguido da usinagem final, o que garante a exatidão do ajuste final. Com esta mudança de paradigma, foi possível eliminar a operação de retífica plana e cilíndrica das duas peças sobressalentes, o que colaborou com a redução de custo, pelo uso da estratégia prevenção da tolerância. Figura 15 – Passo 5 – Prevenção da Tolerância (Adaptado de Souchow 1998, Linde 1993) Preconizado por Terninko et al. (1998), a TRIZ é um acrônimo para “Teoria da Solução Inventiva de Problemas” e seu criador foi Genrikh Saulovich Altshuller, sendo uma metodologia sistêmica cuja orientação ao ser humano é baseada no conhecimento, para a posterior solução inventiva de problemas. O pilar da TRIZ é a realização de que contradições podem ser resolvidas metodologicamente por intermédio da aplicação de soluções de invenções inovadoras. O termo conhecimento é usado porque a TRIZ contém heurísticas orientadas para a resolução de problemas, sendo que as fontes de informações originais são patentes, faz uso das descobertas das ciências naturais e na engenharia com, o objetivo de resolver problemas e também orienta o levantamento e utilização de conhecimentos no domínio do problema genérico ou especifico a ser solucionado. No caso especifico da aplicação da metodologia TRIZ na engenharia dimensional, a partir de um problema especifico envolvendo uma cadeia de tolerância, o engenheiro projetista de posse das ferramentas para analise da situação problemática, formula um problema de ordem dimensional, para então realizar a abstração, chegando a um problema de ordem genérica. Segue com a utilização de outras ferramentas para a ideação, com o escopo de atingir a uma solução genérica, que necessita ser particularizada ou adaptada para chegar a uma solução específica, que possa resolver os conflitos na visão de projeto e processo, ou seja, atendendo aos interesses da função do produto, assim como, reduzir os custos inerentes ao processo de fabricação. O importante nesta abordagem é a quebra de paradigma, trocando de tecnologia ao invés de otimizar a tecnologia, fazendo com que seja mudado o modelo mental do profissional que esta desenvolvendo esta metodologia, de forma a privilegiar os princípios inventivos da concepção de novas técnicas de fabricação e montagem, o que pode favorecer o sistema de tolerância que está sendo concebido, com relação ao custo e a capabilidade do processo. Esta metodologia pode ser expressa em etapas, quais sejam: 1 - Problema específico; 2 - Abstração; 3 - Problema genérico; 4 - Resolução; 5 - Solução genérica; 6 - Particularização; 7 - Solução especifica Outro método que faz aderência a estratégia de prevenção da tolerância é o WOIS, de acordo com Linde (1993) apud Hochmuth et al. (1998), cujos princípios que norteiam esta metodologia se assemelham muito com a TRIZ. A WOIS é um acrônimo para “Estratégia Inovadora de Orientação Contraria”, privilegiando a criatividade por meio de contradições ou oportunidades alternativas, que levam a inovação, porém com utilidade e maximizando o valor agregado do produto, o qual o cliente reconhece. A contrariedade é uma declaração de conformidade com os atributos aparentemente incompatíveis ou opostos, onde a resolução desta contrariedade é um dos processos por intermédio dos quais a idealidade pode ser aumentada. O conceito de idealidade na engenharia dimensional, refere-se á observação de que os sistemas de tolerâncias evoluem, considerando um horizonte temporal, no sentido do aumento da valoração das cotas úteis e da diminuição das cotas inúteis, maximizando o valor para com a função ou requisito do produto, o que para a fabricação se traduz em aumento dos índices “Cp” e Cpk” do processo de manufatura. Em um dimensionamento podem ocorrer contrariedades técnicas e contrariedades físicas. A contrariedade técnica ocorre, quando existem conflitos entre dois parâmetros de tolerâncias, sendo que as tentativas usuais para melhorar um deles, pioram o outro, exemplificando: a relação peso e potência em motores automotivos, a relação resistência estrutural mecânica e peso em uma asa de avião. A contrariedade física ocorre em níveis contraditórios de um mesmo parâmetro de tolerância, correspondendo as contradições físicas, o que significa dizer que um mesmo parâmetro pode ser: alto ou baixo, presente ou ausente, grande ou pequeno, funcional ou não funcional, folgado ou interferência, etc. 4 – INTEGRAÇÂO DA ENGENHARIA DIMENSIONAL NO CICLO DE VIDA DO PRODUTO A crescente demanda por novos modelos de produtos exigidos pelos consumidores, tornam a eficiência do processo de desenvolvimento do produto um aspecto critico nas indústrias, da mesma forma que a qualidade e a precisão nos produtos manufaturados, fornecem para esta indústria, uma real vantagem competitiva. Reduzir o tempo do ciclo de projeto e desenvolvimento do produto, gerenciar os custos e acoplar este gerenciamento ao projeto, é a chave para esta vantagem competitiva, tendo como ponto de partida o projeto do produto. Considerando o gerenciamento do ciclo de vida de um produto, este tópico do trabalho se preocupa em dar ênfase em todas as fases do projeto de um produto, evidenciando o projeto das tolerâncias, como forma de atendimento das metas do projeto, porém, de forma sistêmica e com base em argumentos de estudos estatísticos, fazendo aderência a engenharia dimensional, como forma de prover uma integração, cujos benefícios se refletem nos processos produtivos. A figura 16 denota o processo de desenvolvimento de um produto, evidenciando as macro fases onde são consideradas as tolerâncias estatísticas e descreve as ações de cada fase. Figura 16 – Tolerância Estatística no Processo de Desenvolvimento do Produto Devido aos diferentes pontos de vistas e requisitos de complexidade, o time de engenharia simultânea é responsável pela definição pratica e pelo uso das tolerâncias, por se tratar de uma tarefa interdisciplinar. A conceituação do desenvolvimento de tolerância é testada com o auxilio da analise de tolerância, sendo que as especificações de tolerâncias podem ser otimizadas, pois a tolerância estatística é um método estocástico usado para a definição dos desvios permitidos, considerando os efeitos estatísticos. A idéia básica é aquela onde o desvio aleatório de uma peça, dentro de uma montagem, poderá ser compensado por outro, pois a analise de tolerância examina o impacto das tolerâncias iniciais sobre o valor final do resultado da analise, sendo que as dependências complexas são modeladas de forma realística. O gerenciamento dimensional é composto por seis etapas, quais sejam: 1 – Definição dos requisitos dimensionais; 2 - Simulação da análise da variação; 3 - Documentação e socialização do produto e processo; 4 – Estabelecimentode um plano de medição baseado nos resultados da analise; 5 - Determinação da capabilidade atual e comparação com as intenções do projeto; 6 - Retroalimentação formando uma malha fechada (loop). As atividades inerentes a cada fase do gerenciamento dimensional estão relatadas dentro do processo de desenvolvimento de um produto, denotando as quatro principais fases relevantes: Desenvolvimento do Conceito: Definir e documentar os requisitos dimensionais do produto; Desenvolver e avaliar o projeto e alternativas de processo de montagem; Definir a localização do arranjo para o processo de montagem. Desenvolvimento do Projeto do Produto: Definir inicialmente os features de controle e GD&T (datums); Otimizar o projeto usando a analise de tolerância 3D; Identificação dos pontos de medição e características criticas; Definir um plano de medição. Pré-Produção: Aprovar o projeto de calibradores e sua construção; Operacionalizar o padrão de repetibilidade e reprodutibilidade; Validar e verificar as ferramentas de montagem; Estudos de capabilidade das peças e sub- montagens. Produção em Série: CEP e melhoramento contínuo; Problemas e causa raiz do processo de montagem; Melhoramento contínuo e otimização do projeto e processo. Ao final das contas, a integração da engenharia dimensional com o projeto do produto e projeto do processo, nas respectivas fases correlatas, garantem maior sustentabilidade para as atividades do gerenciamento dimensional, permitindo aproveitar ao máximo as idéias criativas de todos os participantes da empresa, integrando clientes internos e externos e fornecedores, dentro do ciclo de vida do produto. 5 – FUTUROS TEMAS DE PESQUISAS O tema importância da tolerância sob o ponto de vista da engenharia dimensional, pode ser melhor explorado e investigado, mediante a junção de outras metodologias e técnicas modernas que fazem parte do gerenciamento do ciclo de vida do produto. Como idéia para trabalhos futuros, fica a indicação para acoplar estas estratégias de tolerâncias ao gerenciamento do produto encapsulado numa arquitetura CIM (Manufatura Integrada por Computador), visando um melhor planejamento do processo de projeto, de forma colaborativa e utilizando técnicas de engenharia simultânea. Outra indicação para futuros desenvolvimentos referem-se a integração da tolerância com outras ferramentas da engenharia “Off-line” tais como: EQFD (Enhanced Quality Function Deployment), TRIZ (Theory of Inventive Problem Solving), WOIS (Contrary Oriented Innovative Strategy), DRBFM (Design Review Based on Failure Mode), FMEA (Failure Mode and Effect Analyze), FMECA (Failure Mode, Effect and Criticality Analyze) e projeto robusto (Taguchi), como parte de um sistema completo de gestão do projeto e fazendo aderência ao gerenciamento do ciclo de vida do produto. Também espera-se para o futuro, um aprimoramento dos sistemas CAD, promovendo a colaboração do modelo matemático 3D aos participantes do projeto, e convergindo a conceitos de modelo digital absoluto (Digital Mock-Up), cujos benefícios se refletem nos processos produtivos, tornando fácil e rápidas as fases de projeto, modelamento, detalhamento, analise e manufatura. Nesta linha de raciocínio, sugere-se para o futuro, a aplicação das técnicas de elementos finitos para prever o comportamento estrutural e elástico de um componente, objetivando a síntese e a análise da tolerância, orientada para a engenharia dimensional e tendo como resposta, a sensibilidade e a otimização geométrica do produto. 6 – CONCLUSÂO Apresentou-se neste trabalho uma visão geral envolvendo os problemas de tolerâncias, evidenciados pelos seis tipos de estratégias: Tolerâncias; Análise da tolerância; Síntese da tolerância e otimização; Alargamento da tolerância; Desvinculação da tolerância e Prevenção da tolerância, com a finalidade de tornar mais econômico as especificações de tolerâncias. Os argumentos apresentados denotam a necessidade do acoplamento da analise de tolerância e da analise do calculo da rigidez estrutural, visando a obtenção potencial de uma otimização multicritério do produto, pois o problema de tolerância não pode ser visto de forma isolada. Neste sentido, o controle das restrições de tolerância é uma alternativa que favorece o calculo via método dos elementos finitos. Sob o ponto de vista da engenharia dimensional, a incorporação dos métodos de analise e síntese mencionados, dentro do ciclo de vida do produto, refletem a importância da tolerância, integrada ao processo de desenvolvimento do produto, presente em todas as macro fases, e faz aderência a engenharia simultânea, possibilitando que as empresas adotem as melhores praticas para o desenvolvimento do produto, objetivando atingir a excelência competitiva no projeto do produto e no processo de produção. Visto isto, a engenharia dimensional é uma ferramenta que orienta o uso adequado de sistemas de tolerâncias, com uma correta viabilidade de produção, reduzindo assim os custos ao incluir os requisitos de manufatura já no projeto do produto. Por fim, no plano da simulação estocástica numérica e digital, envolvendo as tolerâncias dentro do processo de desenvolvimento de um produto, prevalecem as soluções que permitem aperfeiçoar a forma geométrica, realizar ajustes, valorizar a função e otimizar o desempenho do produto, antes que uma mínima parte do mesmo tenha sido produzida. Isto reforça a tendência do produto ser o centro do processo produtivo, evoluindo sistematicamente de um modelo sólido e convergindo até um modelo com características paramétricas e variacionais, inclusive com simulações dinâmicas. Os benefícios inerentes a esta simulação da tolerância são: Obtenção da qualidade e função via avaliação critica das medições, aumento do rendimento via otimização de tolerâncias e dimensões, redução do custo via alargamento de tolerância para dimensões não criticas, comparação e avaliação de variantes do projeto e determinação previsível da capabilidade do processo de produção. O resultado final se reflete em clientes satisfeitos. 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bennich, P, Nielsen, H., An overview of GPS - A cost saving tool, 1st edition, Institute for Geometrical Product Specifications, 2005 Chase, K.W., Greenwood, W.H., Loosli, B.G., Hauglung, L.F., Least Cost Tolerance Allocation for Mechanical Assemblies with Automated Process Selection, Manufacturing Review, Vol. 3, No.1,pp. 49-59, 1990 Chase, K.W., Gao, J., Magleby, S.P., Sorenson, C.D., "Including Geometric Feature Variations in Tolerance Analysis of Mechanical Assemblies", IIE Transactions, v 28, n 10, pp. 795-807, 1996 Chase, K.W., Magleby, S.P., Glancy, C.G., Tolerance Analysis of 2D and 3D Mechanical Assemblies, Proceedings of the 5th International Seminar on Computer Aided Tolerancing, Toronto, 1997 Chase, K.W., Greenwood, W.H., Design Issues in Mechanical Tolerance Analysis, in: Manufacturing Review, ASME, Vol.1, Nr.1, pp. 50-59, 1988 Creveling, C.M., Tolerance Design: A Handbook for Developing Optimal Specifications, Addison Wesley Longman Inc., ISBN 0-201-63473-2, 1997 Danckert, H, Landschoof, W.-R., Statistische Toleranzanalyse von Motorkomponenten zur Optimierung von Funktion und Kosten, In: Berichte zum 1. 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