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1 Danyelle Crystina Fernandes TRANSPORTE ESCOLAR PÚBLICO: A LEI Nº 12.796 DE 2013 VERSUS A REALIDADE DO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA Monografia de Bacharelado em Direito Orientador: Prof. Ms. André Luis Vieira Eloi DIAMANTINA Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG 2017 2 Danyelle Crystina Fernandes TRANSPORTE ESCOLAR PÚBLICO: A LEI Nº 12.796 DE 2013 VERSUS A REALIDADE DO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA Monografia apresentada ao Curso de Direito da Unidade UEMG Diamantina, como requisito à obtenção do título de Bacharel em Direito. Linha de Pesquisa: Estado, acessibilidade no Estado Democrático de Direito e Sustentabilidade. Orientador: Prof. Ms. André Luis Vieira Eloi DIAMANTINA Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG 2017 3 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca Aires da Mata Machado Filho Fernandes, Danyelle Crystina. Transporte escolar público: a Lei nº 12.796 de 2013 versus a realidade do Município de Diamantina / Danyelle Crystina Fernandes. – Diamantina. 48 f. Orientador: Prof. Ms. André Luis Vieira Eloi Trabalho de Conclusão de Curso – Unidade UEMG Diamantina. 1. Diamantina. 2. Educação. 3. Escolas Municipais. 4. Transporte Escolar Público. 5. Acessibilidade. I. Eloi, André Luis Vieira. II. Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade Diamantina. Departamento de Dogmática Jurídica. III. Título. 4 FOLHA DE APROVAÇÃO 5 Faltam palavras nesse momento. Há muitas pessoas a quem gostaria de dedicar, como a meus pais, Eustáquio e Sãozinha; minha Filha, melhor amiga e Princesa Fernanda; meu eterno namorado, companheiro e amigo Gilson e demais familiares. Todos foram de suma importância para a concretização dessa etapa, não sendo justo, da minha parte, nomeá-los, ante o risco de me esquecer de algum nome. Por fim, importante dedicá-lo aos alunos da Zona Rural do Município de Diamantina: guerreiros mirins! 6 “(...) Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la em condições de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade”. (Princípio 7º da Declaração dos Direitos das Crianças, aprovada pela Organização das Nações Unidas) Transporte escolar é: um direito dos alunos que estudam longe de suas casas. Os alunos que moram no campo (áreas rurais) têm o mesmo direito ao transporte que os alunos que moram nas cidades (áreas urbanas) (Cartilha do Transporte Escolar.2005. p. 07) 7 AGRADECIMENTOS A Deus, autor da minha vida e à Nossa Senhora Aparecida, benfeitora da minha capacidade. A Vó Mercês, e a Tia Venina, (in memoriam), meus espelhos eternos. A Eustáquio e Sãozinha, meus pais, meus ídolos. A Fernanda, minha filha, minha melhor amiga e companheira. A Gilson, meu eterno namorado, companheiro e amigo. A Éwerton, Luanna, Belinha, Lúcia, Zequinha, e demais familiares, por todo apoio. A Tia Lene, a Ceiça, a Branca, a Neide e a Tia Miriam, que sofreram junto com mamãe no início dessa etapa e muito a apoiaram. JAMAIS ME ESQUECEREI DE VOCÊS. Aos Servidores da Secretaria Municipal de Educação, pelo apoio e compreensão. A Margarete, a Leandro, a Gilda, a Ricardo, a Charles, a Graciana e a Serginho gratidão por todo apoio e compreensão durante a confecção do presente trabalho. Aos Funcionários da FCJ UEMG – Unidade Diamantina, por todo trabalho dedicado aos alunos. Ao Orientador Prof. Ms. André Luis Vieira Eloi, pelo tempo dispensado em favor do meu aprendizado. 8 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo realizar breve estudo sobre o Transporte Escolar Público no Município de Diamantina, analisando, primeiramente, sua população, seu território, seus distritos e povoados, suas Escolas, para que se possa evidenciar a dificuldade de se cumprirem as determinações constantes das alterações feitas pela Lei nº 12.796 de 2013, à Lei nº 9.394 de 1996, especialmente no que concerne ao atendimento à criança de 04 e 05 anos, quanto à prestação do serviço de Transporte Escolar. Visando realizar um diagnóstico das dificuldades de se cumprir tal Lei, será analisada a clientela de Escolas da Rede Municipal de Diamantina, na qual se conferirá a demanda para o Ensino Fundamental nos anos 2000, 2010 e 2014, confirmando-se, por essa via, a dificuldade do transporte destas crianças, seja da própria localidade para a Escola, seja de uma localidade para outra. Analisar-se-á o ano de 2014, tendo em vista que algumas das Escolas, contempladas neste estudo, tiveram suas atividades escolares paralisadas neste ano, em razão da redução do número de alunos. Palavras-chave: Acessibilidade, Direito à Educação, Escolas Municipais de Diamantina, Transporte Escolar, Escolas Rurais. 9 RESUMEN El presente trabajo tiene por objetivo realizar un breve estudio sobre el Transporte Escolar Público en el Municipio de Diamantina, analizando, primeramente, su populación, su territorio, sus distritos y poblados, sus Escuelas, para que se pueda evidenciar la dificultad de que se cumplanlas determinacion escontenidas em los cambios hechos por la lei nº 12.796 de 2013, a la ley nº 9.394 de 1996, especialmente en lo que concierne al atendimiento a los niños de 04 y 05 años, sobre la prestación del servicio de Transporte Escolar. Com el fin de realizar un diagnóstico de las dificultades de que se cumpla tal ley, será analizada la clientela de Escuelas de La Red Municipal de Diamantina, en la cuál se conferirá la demanda para la Enseñanza Fundamental en lo saños 2000, 2010 y 2014 confirmandose por esa vía, la dificultad del transporte de esos niños, sea de la propia localidad para la escuela, sea de una localidad para otra. Se analizará el año de 2014, teniendo em cuenta que algunas de lãs Escuelas, contempladas en este estudio, tuvieron sus actividades paralizadas en este año, por causa de lareducción de alunos. Palabras-clave: Accesibilidad, Derecho a La Educación, Escuelas Municipales de Diamantina, Transporte Escolar, Escuelas Rurales. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11 CAPÍTULO I ..................................................................................................... 14 O MUNICÍPIO DE DIAMANTINA................................................................ 14 1.1 DIAMANTINA ..............................................................................................................14 1.2 DIAMANTINA: BREVE RELATO DA SUA HISTÓRIA ..................................................... 15 1.3 DIAMANTINA: DIVISÃO ADMINISTRATIVA - DISTRITOS E POVOADOS ....................... 17 CAPÍTULO II .................................................................................................... 21 A EDUCAÇÃO .................................................................................................. 21 2.1 A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA ........................................................ 24 2.2 AS ESCOLAS MUNICIPAIS (EM) E OS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL (CMEI’S) DO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA ........................................................ 25 CAPÍTULO III .................................................................................................. 32 O TRANSPORTE ESCOLAR PÚBLICO ...................................................... 32 3.1 TRANSPORTE ESCOLAR PÚBLICO .................................................................................. 32 3.2 O TRANSPORTE ESCOLAR DO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA E A LEI Nº 12.796 DE 04 DE ABRIL DE 2013 ...................................................................................................................... 39 3.3 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO PODER PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA NA OFERTA DO TRANSPORTE ESCOLAR PÚBLICO ............................................................... 41 CONCLUSÃO ................................................................................................... 44 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 46 11 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso terá como tema o princípio da acessibilidade em razão da sua importância para garantia do direito à Educação dos alunos moradores da zona rural do Município de Diamantina, mediante oferta pela Administração Pública Municipal que, em parceria com os Governos Federal e Estadual, presta o serviço de Transporte Escolar, aos que necessitam desse serviço, para conseguirem chegar à Escola e nela permanecerem, garantindo, assim, o acesso e permanencência à educação com qualidade. “Muito se tem falado a respeito da acessibilidade e de sua importância na vida dos cidadãos, como meio de promover a inclusão social (...)”.1 Portanto, às vistas das peculiaridades apresentadas pelo Transporte Escolar, no Município de Diamantina, para transportar crianças de 04 e 05 anos de idade, buscar-se-á demonstrar, neste trabalho, as dificuldades enfrentadas pelo Município, para colocar em prática as exigências estatuídas para o Transporte Escolar. Eis que, para dar cumprimento à Lei nº 12.796 de 2013, que altera a Lei nº 9.394 de 1996 o Município confronta-se com problemas tais como estradas de difícil acesso e falta do monitoramento para as crianças de 04 e 05 anos de idade. Tais restrições confirmam a dificuldade de praticar a acessibilidade escolar, acarretando, muitas vezes, a evasão escolar, nos três níveis da Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais e Ensino Médio. A evasão ocorre, principalmente, na Educação Infantil, por se tratar de alunos de tenra idade, que apresentam dificuldades para viajarem sozinhos, conforme relatos da Gerência de Documentos e Registros da Secretaria Municipal de Educação. Para desenvolvimento do presente trabalho, utilizar-se-á da pesquisa bibliográfica, bem como da coleta de informações junto à Secretaria Municipal de Educação de Diamantina, no setor de Gerência de Transporte Escolar, realizando, ainda, análise de Documentos, junto à Gerência de Documentos e Registros, setor responsável pelas informações relativas às Escolas da Rede Municipal, principalmente das Escolas da Zona Rural, que não possuem Diretor ou Coordenador Escolar. 1 SILVA, Ester Simão Lopes. O acesso às Escolas do campo e o transporte escolar. UNEMAT – Campus Tangará da Serra. MT. 2008. p. 02. 12 Iniciar-se-á o presente trabalho de conclusão de curso por um breve relato sobre o Município de Diamantina, quanto à sua Histórica Divisão Administrativa, de seus distritos e povoados. Far-se-á uma análise das distâncias entre esses distritos e povoados e a Sede, bem como se analisará a distância entre algumas localidades e as Escolas mais próximas. Em seguida, demonstrar-se-á o vasto número de Escolas administradas pelo Município de Diamantina, reportando-se a relato da Gerência de Transporte Escolar, segundo o qual são expostas algumas das dificuldades enfrentadas no transporte dos alunos, com escopo na Cartilha do Transporte Escolar, documento de abrangência nacional. A seguir, tecer-se-ão considerações acerca da realidade fática das Escolas Municipais do Município de Diamantina e para estudo, no presente trabalho, escolher-se-á a Escola Municipal Juscelino Borges, no povoado de Galheiros, distrito de Guinda e a Escola Municipal de Santana da Divisa, no Distrito Planalto de Minas, visando melhor explicitar as dificuldades do Município de Diamantina quanto ao atendimento do Transporte Escolar, conquanto as dificuldades enfrentadas sejam as mesmas, independentemente da distância das localidades. Insta salientar que os dados apresentados nesse trabalho, dos anos anteriores a 2008, serão referentes ao Ensino Fundamental, conquanto, naquela época as Creches e as Escolas de Educação Infantil, não haviam sido, ainda, municipalizadas. A municipalização ocorreu no ano de 2008, momento em que o Município assume a responsabilidade administrativa sobre a Educação Infantil, as quais foram denominadas Centros Municipais de Educação Infantil. Por fim, far-se-á um estudo da Lei nº 12.796 de 2013, que altera a Lei nº 9.394 de 1996, a qual dispõe sobre a obrigatoriedade de matrícula na Escola, das crianças de 04 e 05 anos de idade; outrossim, será feito um paralelo entre as obrigações do Transporte Escolar e as dificuldades enfrentadas pelo Município, para se fazer cumprir as atribuições inerentes a este, em algumas localidades rurais do Município de Diamantina. Buscar-se-á demonstrar, por tal estudo, as graves dificuldades enfrentadas pela Administração Municipal, no que concerne ao cumprimento dos ditames dos diplomas legais retrocitados, especialmente em razão de fatores econômicos e de infraestrutura das estradas de acesso às localidades, nas quais se encontram as Unidades Escolares. Em suma, tal estudo perseguirá, em última análise, o objetivo de levantar discussão acerca das dificuldades de cumprimento da Lei nº 12.796 de 2013, que altera a Lei nº 9.394 de 1996, suscitando a possibilidade de se encontrar formas mais eficazes de atendimento educacional das crianças de 04 e 05 anos de idade, com o menor dispêndio 13 possível de sacrifício por parte do educando e das famílias e/ou responsáveis por eles, bem como chegar à necessária racionalização de gastos pelo Município de Diamantina, para que atue com eficiência e eficácia neste mister. 14 CAPÍTULO I O MUNICÍPIO DE DIAMANTINA 1.1 Diamantina O Município de Diamantina está localizado no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e possuía, em 2016, população estimada de 48.095 pessoas, em área territorial de 3.891,659 km2.2 Diamantina, tombada pela UNESCO, como Patrimônio Cultural da Humanidade, em dezembro de 1999, é internacionalmente conhecida por seus sítios e artes históricos. Conhecida também como cidade berço de Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, médico, Governador do Estado de Minas Gerais e Presidente do Brasil; como a terra natal de Franciscada Silva de Oliveira, a Chica da Silva, mulata, que se tornou a Esposa do Contratador João Fernandes de Oliveira, um dos homens mais ricos do Brasil Colônia. É mundialmente conhecida, principalmente, por sua musicalidade, pelos Grupos de Serestas de Rua, o Coral de Vozes da Arte Miúda, com mais de 20 anos de existência e o Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquista, cabendo ressaltar que em ambos há atuação de crianças e adultos. Além do casario colonial e de sua rica história relacionada ao garimpo, Diamantina é conhecida por sua Vesperata, na qual as Bandas de Música “Prefeito Antônio de Carvalho Cruz” e a do 3º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, se apresentam, desde 1997, nas sacadas dos casarios da Rua da Quitanda, no Centro da Cidade, regidas por seus respectivos Maestros, que se posicionam junto à platéia, no meio da rua. Necessário se faz ressaltar que a Vesperada foi reconhecida, em 06 de dezembro de 2016, como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais, através da Lei nº 22.456.3 2 BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diamantina. Internet. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=312160. Acessado em: maio de 2017. 3 JORNAL. Estado de Minas. Vesperata de Diamantina é reconhecida como patrimônio cultural de MG. Internet. Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/12/27/interna_gerais,835304/musica-eternizada .shtml. Acessado em: maio de 2017. 15 Diamantina é, notoriamente, conhecida e frequentada ainda, por conta dos seus campus de nível superior e nível técnico/tecnológico. E, principalmente, como objeto do nosso estudo, pelo seu amplo atendimento à Educação Infantil, estendido aos Anos Iniciais e Anos Finais do Ensino Fundamental. 1.2 Diamantina: breve relato da sua história Foi no século XVII que “os bandeirantes paulistas, mamelucos e portugueses, em direção ao Rio Jequitinhonha, em cujas margens procuraram minerar”, sem muito sucesso, rumaram “orientados pelo pico do Itambé, até confluência de dois cursos de água: o Pururuca no tupi-guarani (“cascalho grosso”) e o rio Grande”. E assim chegaram ao lugar a que “deram o nome de Tijuco”.4 Em 1729, com a descoberta de diamantes, o pequeno arraial passara a progredir, transformando-se em “centro de luxo e esplendor para seus afortunados habitantes”.5 (...) quando a descoberta de diamantes, por Bernardo da Fonseca Lobo, em 1729, transformou por completo o futuro da localidade, para ela fazendo convergir sucessivas levas de aventureiros, atraídos pela cobiça das grandes riquezas. O pequeno arraial, fervilhava de gente provindas de terras vizinhas, empenhada, numa agitação febril, na extração das pedrinhas claras e brilhantes que surgiam abundantes em toda a região explorada. Surgiu como por encanto o progresso da localidade (...).6 Com a descoberta da extração do ouro, no então Distrito Diamantino, os Portugueses começaram a invadir a região, como relata o Dr. Joaquim Felício dos Santos, em seu livro “Memórias do Districto Diamantino da Comarca do Serro Frio”, de 1968 Quando em Portugal chegou a noticia do descoberto diamantino do Serro Frio, cujas riquezas forão excessivamente exageradas, como só e acontecer em taes occasiões, bandos de aventureiros d'ali partirão em demanda de uma fortuna, que julgavão certa e facil: d'ahi data a continuada arribação de portuguezes ao nosso solo, que sempre tiverão mais facil entrada nas terras diamantinas, apezardas ordens terminantes, dadas posteriormente, prohibindo o ingresso de toda e qualquer pessoa nas terras da demarcação.7 4 BRASIL. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Volume XXV. Ano 1959. Internet. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/minasgerais/diamantina.pdf. Acessado em: fevereiro de 2017. 5Ibidem. 6Ibidem. 7 SANTOS, Dr. Joaquim Felício dos. Memórias do Districto Diamantino da Comarca do Serro Frio. Provincia de Minas Geraes. Rio de Janeiro: Typographia Americana, 1868. p. 23. 16 A exploração descontrolada e desordenada do diamante e do ouro ocasionou a proibição da prática da atividade de exploração de diamante, ordenada pelo Rei, conforme expõe Dr. Joaquim Felício dos Santos: (...) um decreto do rei, datado de 26 de Março de 1731, que encontramos inserto em um bando do governador, ordenou ao ouvidor da Villa do Principe, que servia de superintendente, que mandasse immediatamente despejar das lavras diamantinas toda a pessoa de qualquer condição que fosse, que n'ellas minerasse, embora ahi tivesse habitação e familia estabelecida, sob pena de dez annos de degredo para Angola e confisco de todo os bens para a real fazenda, pena esta que devia ser imposta não só aos que logo não obedecessem, como a quem tirasse ainda um só diamante depois da proibição.8 Diante disso, muitas petições foram dirigidas ao Governador das Minas, D. Lourenço de Almeida e, em 1732, este viu a necessidade de que as atividades fossem retomadas, porém que não “fossem praticadas por escravos ou fora do arraial”.9 Levada à Corte Portuguesa a notícia da feliz descoberta, mandou D. João V ao governador das minas, D. Lourenço de Almeida, a Ordem Régia de 16 de março de 1731, determinado a suspensão e despejo de todas as lavras por captação. Caíram, em vista disso, as minerações e os garimpeiros, tais como passaram a ser chamados os que a elas se dedicavam, privados de suas atividades, viram-se em lamentável pobreza. Ante o clamor e a penúria reinantes, reiteradas petições foram dirigidas ao governador, que determinou a 22 de abril de 1732, o restabelecimento das lavras.10 Mesmo sendo Governador de Minas e estando cheio de boas intenções, D. Lourenço de Almeida não podia alterar as ordens de Rei, entendendo ele que tal situação era a “desgraça do povo, principalmente da classe pobre”11. Em 1738 chega ao Distrito Diamantino João Fernandes, que vinha sob as ordens da Real Coroa, para administrar as lavras e os conflitos vividos pelos garimpeiros, visando obter grandes resultados, realizando atividade que (...) resultou para o arraial uma fase de grande prosperidade. Floresceu o comércio, estimularam-se as construções e surgiram as primeiras igrejas e os grandes prédios assobradados, com as suas sacadas e balcões, despertando até hoje a curiosidade e a admiração dos turistas e relembrando-lhes a época de fausto e grandezas que assinalou os primeiros tempos da lendária Diamantina.12 8Idem. p. 24. 9 BRASIL. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Volume XXV. Ano 1959. Internet. 10Ibidem. 11SANTOS, 1868. p. 27. 12 BRASIL. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Volume XXV. Ano 1959. Internet. 17 Em 1819 foi criado o Distrito, sendo transformado em Vila em 1831, com o nome de Diamantina, a qual foi desmembrada da Vila do Serro. Diamantina é “elevada à categoria de cidade, pela Lei Provincial n° 93, de 6 de março”13 de 1838. Conhecida, então, como cidade de Diamantina, em 1891 foi “confirmada a criação da sede municipal”, abrangendo 17 distritos; dentre estes é colocada Diamantina como distrito-sede. (...) confirmada a criação da sede municipal pela Lei n° 2, de 14 de setembro, compreendia o município dezessete distritos: Diamantina, Campina de São Sebastião, Curumataí, Curralinho, Datas, Glória, Guinda, Gouvea, Inhaí, Mendanha, Mercês do Araçuaí, Pousso Alto, Rio Manso, Rio Prêto, Chapada, Tabua e Varas. Os distritos de Tabua e Varas tiveram os seus nomes mudados posteriormentepara Joaquim Felício e Conselheiro Mata, respectivamente.14 Analisar-se-á, no próximo tópico, a instalação da cidade de Diamantina, com sua Divisão Administrativa, que sofreu diversas modificações até chegar à atual, definida em 2007, com 10 distritos. Posteriormente conhecer-se-ão as Unidades Escolares do Município, objeto de estudo no presente trabalho. 1.3 Diamantina: divisão administrativa - distritos e povoados Importante estudar a divisão administrativa do Município de Diamantina, tendo em vista a necessidade de conhecer o tamanho do seu território, para entender as dificuldades enfrentadas pela Gerência de Transporte Escolar, quanto ao atendimento às crianças de 04 e 05 anos de idade, objeto do presente trabalho de conclusão de curso. De 1832 a 1962 Diamantina passou por inúmeras transformações em sua divisão administrativa, até chegar à atual, formada a partir de 1963, reafirmada em 2007. Necessário se faz observar que a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros cita Diamantina dentre os distritos, porém ela é distrito-sede, devendo-se subtrair um do número apresentado no texto abaixo, disponibilizado pela Biblioteca do IBGE. (...) Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, a vila é constituída de 17 distritos: Diamantina, Campinas de São Sebastião, Chapada, Curimataí, Curralinho, 13Ibidem. 14 Ibidem. 18 Datas, Glória, Gouvêa, Guinda, Inhaí, Mercês de Arassuaí, Mendanha, Pouso Alto, Riacho das Varas, Rio Manso, Rio Prêto, Tabua. (...) Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 16 distritos: Diamantina, Buenópolis, Campinas (ex-Campinas de São Sebastião), Conselheiro Mata (ex-Riacho das Varas), Curimataí, Datas, Extração (ex- Curralinho), Felisberto Caldeira (ex-São Gonçalo do Rio Preto), Gouvêa, Guinda, Inhaí, Joaquim Felício (ex-Tabua), Mercês de Diamantina (ex-Mercês de Arassuaí) ex-Calabar), Rio Manso, São João da Chapada (ex- Chapada) e Tijucal (ex-Pouso Alto). Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII- 1937. (...) Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 15 distritos: Diamantina, Conselheiro Mata, Couto de Magalhães, Datas, Extração, Felisberto Caldeira, Gouvêa, Guinda, Inhaí, Mendanha, Mercês de Diamantina, Monjolos, São João da Chapada, Senador Mourão (ex-Campinas) e Tijucal. (...) Em divisão territorial datada de I-VII-1955, o município é constituído de 15 distritos: Diamantina, Conselheiro Mata, Couto de Magalhães, Datas, Extração, Felício dos Santos, Felisberto Caldeira, Guinda, Inhaí, Mendanha, Mercês de Diamantina, Monjolos, São João da Chapada, Senador Mourão (ex-Campinas) e Tijucal. Assim permanecendo em divisão territorial datada de I-VII-1960(...).15 De acordo com a divisão administrativa, datada de 200716, o Município possui 10 distritos quais sejam: Conselheiro Mata, Desembargador Otoni, Extração, Guinda, Inhaí, Mendanha, Planalto de Minas, São João da Chapada, Senador Mourão e Sopa, permanecendo até o ano de 2017 como tal. Diversos povoados compõem esses distritos, podendo-se citar: Boa Vista (Inhaí), Braúna e Riacho da Porta (Senador Mourão), Vau e Bonsucesso (Extração), Morrinhos, Macacos e Ribeirão de Areia (Sopa), Quartéis (Batatal), Quartel do Indaiá (São João da Chapada), Baixadão e Santana da Divisa (Planalto de Minas), Galheiros e Bandeirinha (Guinda).1718 Alguns desses povoados chegam a 135,9 km de distância da sede, como por exemplo, o Povoado de Santana da Divisa, estando Braúna a 107,9 km, Riacho da Porta a 125 km. Há os povoados próximos como Bonsucesso a 14 km, Bandeirinha a 18 km e Galheiros a 25,6 km da sede.19 Porém as dificuldades de acesso, via terrestre, a esses povoados, são as mesmas, seja o que fica perto ou o que se localiza mais longe. Insta salientar que se referirá, a todo momento, no presente Trabalho de Conclusão de Curso, às dificuldades enfrentadas pela Secretaria Municipal de Educação, na 15Ibidem. 16Ibidem. 17 BRASIL. Diamantina. Internet. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Diamantina#Distritos _e_povoados. Acessado em: fevereiro de 2017. 18 BRASIL. Diamantina. Internet. Disponível em: http://www.webcitation.org/6D4fms0fD. Acessado em: fevereiro de 2017. 19 Prefeitura Municipal de Diamantina. Secretaria Municipal de Educação. Gerência de Transporte Escolar. 19 concretização da oferta do Transporte Escolar aos alunos da zona rural, porquanto seja este problema o tema central deste trabalho. Corroborando o assunto referente à distância entre as localidades e suas Escolas ou até mesmo da sede do Município de Diamantina cita-se uma consideração do Dr. Joaquim Felício dos Santos, na obra “Memórias do Distrito Diamantino da Comarca do Serro Frio”, atualizado em 1976, quanto ao imenso território brasileiro, com o qual se deve ter grande consideração. Se há um país em que o elemento municipal deverá ser mais considerado, é certamente o Brasil; por seu vasto território, diferentes e variadas necessidades de cada uma de suas localidades, quase que isoladas umas das outras e do centro geral pela falta de comunicações, e que todos os dias vão diversamente se caracterizando e distinguindo, não é possível que por meio de disposições gerais se proveja a todos os seus interesses variados e muitas vezes contrários, que pedem providências particulares. Desgraçadamente as tendências da sociedade moderna parecem ser para o completo aniquilamento das municipalidades; elas são amesquinhadas, seus direitos são todos os dias cerceados (...).20 (grifo nosso) Observa-se que há muito a situação da territorialidade do Município de Diamantina é discutida, bem como se discutem, com frequência, as dificuldades enfrentadas por gestores públicos, no atendimento à exigência da acessibilidade, em razão da extensão territorial de significativa parte dos municípios mineiros. Nesse contexto de extensão e dificuldade de acessibilidade insere-se o Município de Diamantina, especialmente no tocante à prestação do serviço de Transporte Escolar. Destaque-se, ainda, que a Prefeitura Municipal de Diamantina está organizada, no ano de 2017, em dez secretarias, quais sejam: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio; Secretaria Municipal de Educação; Secretaria Municipal de Fazenda; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agropecuário e Meio Ambiente; Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão; Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Juventude; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social; e Secretaria Municipal de Governo. Cada Secretaria, com suas pecualiaridades, enfrenta uma gama de dificuldades na prestação de serviços aos munícipes. A Secretaria de Educação, por sua complexidade, enfrenta situações problemas de toda ordem; porém, seu maior desafio centra-se na garantia de acesso e permanência nas Escolas a todos os alunos residentes neste município. 20 SANTOS, Dr. Joaquim Felício dos. Memórias do Distrito Diamantino da Comarca do Serro Frio. Provincia de Minas Gerais. 4 ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1976. 20 Passar-se-á, a seguir, à análise das Unidades Educacionais do Município de Diamantina, para que se possa, posteriormente, analisar as dificuldades enfrentadas pela Administração Pública Municipal, no que diz respeito à prestação de serviço do Transporte Escolar, pela SecretariaMunicipal de Educação. 21 CAPÍTULO II A EDUCAÇÃO A fim de se adentrar ao estudo da Educação no Município de Diamantina, necessário se faz conhecer as obrigações dos entes públicos em relação à Educação, nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal. O direito a Educação é garantido pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 205. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.21 (grifo nosso) O artigo supracitado estabelece, portanto, o dever do Estado de garantir o acesso à Educação para todos, declarando a Família como coobrigada a essa garantia, vez que não basta o Estado garantir, se a família não cumprir o seu papel de levar a criança para a Escola, auxiliar para que nela permaneça, bem como propiciar o aprendizado em casa. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece ainda que, para se garantir o direito à Educação, é imprescindível que todos os responsáveis cumpram os princípios básicos estabelecidos em seu artigo 206, quais sejam Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. 21 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Internet. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acessado em: fevereiro de 2017. 22 VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).22 (grifo nosso) Tais princípios abrangem tanto os educandos quanto os demais atores da Educação. No mesmo sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069 de 13 de junho de 1990, observa o estabelecido pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, estatuindo em seu artigo 53 Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.23 Cabe, uma vez mais, ao Estado brasileiro, o dever de garantir o acesso e a permanência na Escola, de todas as crianças e adolescentes, em idade escolar, residentes em seu território; logo, conforme se demonstrará no presente trabalho, a garantia ao Transporte Escolar Público de qualidade a todos os educandos configura condição sine qua non à efetivação da garantia da Educação para crianças e adolescentes residentes em áreas distantes das Escolas a serem por elas frequentadas. É nesse passo que o Plano Decenal Municipal de Educação do Município de Diamantina, Lei Complementar nº 3.880, de 22 de junho de 2015, estabelece, dentre suas 22 metas, 03 relativas ao acesso e permanência dos alunos nas Escolas Públicas, que devem ser garantidas pelo Município. Ressalte-se que tal exigência é colocada por leis próprias também em nível do Estado de Minas Gerais, bem como da União. META 1: Universalizar, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 55% (cinquenta e cinco por cento) das crianças de até 3 (três) anos META 2: Assegurar, em colaboração com a União e com o Estado, a universalização do ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 22Ibidem. 23 BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Internet. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acessado em: maio de 2017. 23 6 (seis) a 14 (quatorze) anos. Garantir, até 2024, que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, reduzindo o histórico de distorção idade/série. META 3: Buscar, no âmbito da competência constitucional, a universalização do atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos. Elevar para 85% (oitenta e cinco por cento) a taxa líquida de matrículas no ensino médio (relação entre a matrícula na faixa etária adequada à etapa de ensino e a população desta faixa de idade).24 Entende-se, portanto, que a Educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, necessita ser, a todo momento, garantida, independemente de quaisquer circunstâncias, desde que com segurança e qualidade, conforme estabelece o inciso VII do artigo 206 da Constituição da Repoública Federativa do Brasil de 1988. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...) VII - garantia de padrão de qualidade.25 (Grifamos) A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelece, em seu artigo 2º Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.26 O anotado artigo reafirma o estatuído na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no que concerne ao dever do Estado e da Família em relação à oferta da Educação, com qualidade e segurança. Nesta senda, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece, também, os princípios norteadores da educação, a serem observados por todos os responsáveis pelos educandos, conforme se infere do artigo 3º Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 24 Prefeitura Municipal de Diamantina. Lei nº 3.880 de 22 de junho de 2015. Aprova o Plano Municipal de Educação - PME e dá outras providências. 25 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Internet. 26 BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Internet. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm.Acessado em: fevereiro de 2017. 24 VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013).27 (grifo nosso) Cabe observar, por importante, que os princípios estabelecidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional respeitam, como não poderia deixar de ser, os estipulados pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no artigo 206, regulamentando todos no sentido de imprimir solidez à garantia à Educação. Com base no estudo realizado no presente capítulo, passa-se à análise da oferta da Educação no Município de Diamantina. 2.1 A Educação no Município de Diamantina Como já visto no capítulo anterior, Diamantina se mostra por sua ampla população estudantil, principalmente nos níveis superior e técnico, tendo em vista existir, no Município, 04 Universidades, quais sejam Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) e Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais (UAITEC). E 02 instituições de Cursos Técnicos como o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC).28 O Município de Diamantina oferta oportunidades educacionais não apenas à sua população. Há mais de um século esta cidade acolhe alunos até de outros estados brasileiros, que aqui aportam em busca de educação de qualidade. Observa-se que, atualmente, significativo número de estudantes origina-se de diversos Municípios circunvizinhos, como Felício dos Santos, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves, Couto Magalhães de Minas, Datas, Gouveia e Presidente Kubitschek, há que se ressaltar que grande número desses alunos utiliza o Transporte Escolar Público, fornecido pelos seus respectivos Municípios. 27Ibidem. 28 Prefeitura Municipal de Diamantina. Lei nº 3.880 de 22 de junho de 2015. 25 Por conta disso, inúmeros estudantes da região vêm a Diamantina, assistem aulas e retornam ao seu Município de origem, no mesmo dia, pequena parcela por transporte próprio e, em grande maioria, por Transporte Escolar Público; dependendo da distância da localidade em que residem, alguns alunos chegam às suas residências por volta da 01h da madrugada. Tratando-se do reconhecimento de Diamantina, pelo atendimento prestado à população infantil de 0 (zero) a 05 anos de idade, vale mencionar que o atendimento teve seu ápice em 2009, após a municipalização das Instituições de Ensino da Educação Infantil que, até 2008, eram geridos pelas Associações de Bairros ou de Distritos. Deter-se-á, a seguir, atenção nas Escolas de Educação Infantil, que atendem crianças de 0 (zero) a 05 anos de idade. Entretanto, centrar-se-á o foco do estudo no atendimento às crianças de 04 e 05 anos de idade, e que utilizam o Transporte Escolar ofertado pelo Município de Diamantina. 2.2 As Escolas Municipais (EM) e os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI’s) do Município de Diamantina O estudo a seguir baseia-se nos ditames do artigo 6º da Lei nº 9.394 de 1996, alterada pela Lei nº 12.796 de 2013, segundo o qual Art. 6º: É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).2930 (grifo nosso). O retromencionado dispositivo tem esteio na determinação estatuída no artigo 208, inciso I, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que estipula o dever do Estado de garantir a educação básica obrigatória e gratuita, como se transcreve a seguir: Art. 208. (...) I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não 29 BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Internet. 30 BRASIL. Lei nº 12.796 de 04 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Internet. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2013/lei/l12796.htm. Acessado em: fevereiro de 2017. 26 tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)31. (grifo nosso). Complementando o preceito estatuído no artigo 6º da Lei nº 9.394 de 1996, alterada pela Lei nº 12.796 de 2013 e no artigo 208, inciso I, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, tem-se a Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, a qual estabelece o prazo para implementação progressiva, pelos Municípios, da garantia das vagas para as crianças a partir dos 04 anos de idade, devendo, até o ano de 2016, atender 100% da demanda. Art. 6º: O disposto no inciso I do art. 208 da Constituição Federal deverá ser implementado progressivamente, até 2016, nos termos do Plano Nacional de Educação, com apoio técnico e financeiro da União32. Infere-se dos dados colhidos junto à Secretaria Municipal de Educação que, em estrito atendimento aos ditames constitucionais e infraconstitucionais referidos alhures, a Rede Municipal de Ensino de Diamantina encerrou o ano letivo de 2016 com 3171 alunos, sendo 1.486 alunos do Ensino Fundamental de 1º ao 9º ano e 1.685 alunos da Educação Infantil de 0 (zero) a 05 anos. Destes, 539 são alunos do 1º período, de 04 anos de idade e 509 alunos do 2º período, de 05 anos de idade;33 os demais, 277 alunos frequentam a Creche, modalidade que atende de 0 (zero) a 03 anos. Nesse passo, observa-se que o Município de Diamantina respeita o que determina o artigo 211, §2º, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Artigo 211: (...) § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)34. A Rede Municipal de Ensino de Diamantina, até o ano de 2016, era constituída de 41 Unidades Escolares ativas, distribuídas em 16 CMEIs e 25 Escolas Municipais. Destas, 23 31 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Internet. 32 BRASIL. Emenda Constitucional nº 59 de 11 de novembro de 2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI. Internet. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm.Acessada em: fevereiro de 2017. 33 Prefeitura Municipal de Diamantina. Secretaria Municipal de Educação. Gerência de Documentos e Registros. 34 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Internet. 27 atendiam Educação Infantil, 23 atendiam os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, 07 atendiam os Anos Finais do Ensino Fundamental, 01 atendia a Educação para Jovens e Adultos (EJA) e 06 atendiam os 03 níveis, Educação Infantil, os Anos Iniciais e os Anos Finais do Ensino Fundamental.35 Verifica-se, pelos relatórios da Gerência de Documentos e Registros da Prefeitura Municipal de Diamantina que, para conseguir atender às demandas da Educação Infantil de 04 e 05 anos de idade, o Município decidiu, mediante acordo com o Conselho Municipal de Educação e com a Superintendência Regional de Ensino de Diamantina, transferir, a partir do ano de 2017, a responsabilidade dos Anos Finais do Ensino Fundamental para o Estado de Minas Gerais, vez que o Município não dispõe de rede física necessária para atender a Educação Infantil, os Anos Iniciais e os Anos Finais do Ensino Fundamental. Por tal razão o Município permaneceu atendendo em apenas 03 Escolas os Anos Finais do Ensino Fundamental, quais sejam, Escola Municipal de Sopa, Escola Municipal de Maria Nunes e Escola Municipal Professora Ana Célia de Oliveira Souza, em Mendanha, haja vista a solicitação da comunidade, mediante acordo com o Ministério Público e Professores efetivos da Rede Municipal de Ensino de Diamantina. Por conta da baixa demanda de diversas Escolas da Rede Municipal de Diamantina, 10 Escolas foram paralisadas, entre os anos de 2015 e 2016, tendo suas atividades escolares encerradas; com o escopo de manter o atendimento aos alunos dessas comunidades, esses passaram a ser transportados para Escolas de outras localidades. As Escolas, cujas atividades foram paralisadas, encerraram o ano de 2014 com baixíssima demanda, sendo a Escola Municipal de Barra de Pedraria, com 06 alunos; a Escola Municipal da Fazenda Santa Cruz, com 05 alunos; a Escola Municipal de Vau, com 08 alunos; a Escola Municipal Juscelino Borges, com 06 alunos; a Escola Municipal de Pedraria, com 05 alunos; a Escola Municipal de Cachoeira, com 09 alunos; a Escola Municipal de Mundel, com 04 alunos; a Escola Municipal de Piedade, com 07 alunos; a Escola Municipal de Santana da Divisa, com 06 alunos; a Escola Municipal de São Domingos, com 06 alunos. Todas as Escolas acima citadas ministravam apenas os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Além da baixa demanda de alunos, outro problema enfrentado pela Secretaria Municipal de Educação de Diamantina consistia na dificuldade de conseguir profissionais - Professor e Servente Escolar -, para atender tais Escolas, em razão de inexistir tal categoria de profissionais nas próprias localidades onde se encontravam as Unidades de Ensino. 35 Prefeitura Municipal de Diamantina. Secretaria Municipal de Educação. Gerência de Documentos e Registros. 28 Os dados postos, dos anos 2000, 2010 e 2014, corroboram a necessidade de o poder público adotar outras medidas, como por exemplo, o uso do Transporte Escolar, no atendimento ao número ínfimo de alunos, especialmente da Escola Municipal Juscelino Borges, do povoado de Galheiros, distrito de Guinda e da Escola Municipal de Santana da Divisa, do povoado de Santana da Divisa, no Distrito Planalto de Minas. Observa-se um decréscimo no número de alunos candidatos a vagas nas referidas Escolas; tal fato trouxe, como consequência, o aumento do grau de dificuldades para que esses alunos continuassem sendo atendidos em suas localidades, como seria o ideal para as Famílias, como se pode deduzir dos dados postos abaixo: DEMANDA DA REDE MUNICIPAL NOS ANOS 2000, 2010 E 2014 Juscelino Borges - 2000 1ª série – 06 alunos 2ª série – nenhum aluno 3ª série – nenhum aluno 4ª série – 04 alunos Santana da Divisa - 2000 1ª série – 06 alunos 2ª série – 06 alunos 3ª série – 03 alunos 4ª série – nenhum aluno Juscelino Borges - 2010 Fase Introdutória – 01 aluno 1ª série – 05 alunos 2ª série – 04 alunos 3ª série – 03 alunos 4ª série – 05 alunos Santana da Divisa - 2010 Fase Introdutória – 02 alunos 1ª série – 03 alunos 2ª série – nenhum aluno 3ª série – 02 alunos 4ª série – nenhum aluno Juscelino Borges - 2014 1º ano – 01 aluno 2º ano – nenhum aluno 3º ano – 01 aluno 4º ano – 01 aluno 5º ano – 03 alunos Santana da Divisa - 2014 1º ano – nenhum aluno 2º ano – 01 aluno 3º ano – 03 alunos 4º ano – nenhum aluno 5º ano – 02 alunos Quadro 01: Demanda da Rede Municipal. Secretaria Municipal de Educação. Gerência de Documentos e Registros. Resta configurada, de forma expressiva, a baixa demanda de educandos nas duas Escolas, justificando o fechamento destas Unidades Escolares, em 2014, com a consequente oferta do transporte dos alunos dessas comunidades para a Escola mais próxima de suas residências, conforme determina a Cartilha do Transporte Escolar, confirmado pelo relatório da Gerência de Transporte Escolar e ratificado com o número de alunos concluintes, disponibilizado pela Gerência de Documentos e Registros, da Secretaria Municipal de Educação de Diamantina. Com base nesses dados, verifica-se a inviabilidade da manutenção do funcionamento das duas Unidades Escolares, originando a prestação do serviço de Transporte 29 Escolar para os alunos, sendo esses levados, até os dias atuais, para a Escola Municipal Professora Maria Luiza dos Reis, no Distrito de Guinda, os alunos da Escola Municipal Juscelino Borges; e os alunos da Escola Municipal de Santana da Divisa, para a Escola Estadual Durval Cândido, no Distrito de Planalto de Minas.36 Importante salientar que o Município de Diamantina transporta, aproximadamente, 1000 (mil alunos) da rede estadual de ensino. A acessibilidade do aluno à Educação, exigência dos dias atuais, é garantida pelo Município de Diamantina, com a oferta de Escolas próximas às residências dos educandos, a universalização do número de vagas, bem como a oferta do Transporte Escolar que, apesar de todos os percalços, funciona regularmente em todo o Município de Diamantina. Em casos excepcionais, e a fim de evitar interrupções ou falhas na oferta da Educação, o Transporte Escolar precisa ser oferecido, inclusive, aos Professores; ocorre que, dependendo da localidade, da ausência de transporte por linhas regulares, e da inexistência de profissionais residentes na mesma localidade, opção não resta ao poder público, senão garantir que o Professor esteja presente na Escola mediante a oferta do Transporte que serve ao mesmo tempo, a alunos e a Professores. Mesmo com todas as garantias previstas sendo prestadas, sabe-se que (...) é um grande desafio para seus estudantes e corpo docente, devido às dificuldades em função da distância, falta de transporte e estradas inadequadas, dentre outros fatores. Tal fato somente faz aumentar o abismo da qualidade e da aprendizagem entre escolas rurais e urbanas.37 Necessário se faz ressaltar que muitas vezes os alunos e profissionais saem de casa ainda de madrugada, por volta das 4h, para conseguirem chegar à Escola no horário de início das aulas, às 7 horas da manhã. O esforço dispendido pelo Município de Diamantina, na garantia da acessibilidade dos alunos às diferentes Escolas, é corroborado pela contribuição de Ester Simão Lopes Silva, como se anota a seguir: O que torna uma escola acessível, nesse sentido, não é a quantidade de vagas, mas a possibilidade das crianças chegarem à mesma. Infelizmente,em nosso país, estar distante de um centro urbano torna mais difícil essa missão, em especial em função da infraestrutura das estradas e dos veículos de transporte em regiões afastadas. (...) Se compararmos a disponibilidade de acesso da população estudantil camponesa e a urbana aos centros de ensino veremos que os educandos da cidade têm maior 36Ibidem. 37 SILVA, 2008. p. 02. 30 acessibilidade, pois estão mais próximos da instituição, contam com estradas melhores e transportes em melhor condição de trafegar. Desta forma a igualdade de condições de acesso e permanência na escola é diferente.38 Infere-se, por todo o exposto, que as dificuldades enfrentadas pelos alunos da zona urbana, dificilmente serão equiparadas às dificuldades enfrentadas, no dia-a-dia, pelos alunos da zona rural, posto que aqueles possuem, indubitavelmente, melhores condições de acesso, por residirem próximo à Escola frequentada, enquanto os alunos da zona rural, na sua maioria, que dependem da Unidade Escolar, não só para buscarem o ensino-aprendizagem, sofrem com as distâncias diariamente percorridas. Segundo informações da Gerência de Documentos e Registros, da Prefeitura Municipal de Diamantina, em muitas comunidades não há evasão escolar, na zona rural, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em razão de a Escola fornecer, além de educação e instrução, rica alimentação que, para muitas dessas crianças, corresponde à melhor alimentação do dia-a-dia. Como é sabido, há, ainda, na zona rural, especialmente do Vale do Jequitinhonha, famílias vivendo em extrema condição de pobreza ou miserabilidade, necessitando, portanto, e muito, da alimentação recebida na Escola. Há que se considerar, ainda, as diversas situações problemas enfrentadas pelos alunos e servidores das Escolas, como a precariedade das Estradas sem pavimentação; a dificuldade de manutenção permanente dos veículos de transporte que, em razão da ausência de qualidade das estradas, se desgastam e estragam com importante frequência, durante as viagens; as oscilações climáticas, especialmente nos períodos chuvosos, em que as estradas se tornam intransitáveis; os atrasos na chegada dos alunos para início das atividades escolares, gerando prejuízos irreparáveis; os frequentes, sérios e graves riscos de vida a que são submetidos, diuturnamente, os docentes e discentes das Escolas rurais do Município de Diamantina. Poder-se-ia aqui prosseguir elencando mais problemas originados e consequentes do Transporte Escolar Público, com escopo de se demonstrar que as dificuldades não se esgotam no rol mencionado. As dificuldades existem e são trabalhadas ao longo do ano letivo, na busca de alternativas capazes de trazerem soluções, a curto, médio e longo prazo, no afã de acompanhar a dinâmica do processo educacional, com vistas no princípio da acessibilidade, com garantia de qualidade. Insta salientar as consequências nefastas que os problemas acima anotados podem ocasionar ao processo ensino-aprendizagem dos alunos da zona rural, a despeito do extremo 38Idem. pp. 02-03. 31 esforço feito pelo poder público para garantir a educação a todas as crianças do município, em especial às da zona rural, na faixa etária de 04 a 05 anos de idade. Ester Simão Lopes Silva, na já mencionada obra, sobre Transporte Escolar, afirma com propriedade que, “muitas vezes os alunos e professores são submetidos a verdadeiras aventuras para chegar até a Escola, porque o meio de transporte está em péssimo estado de conservação e as estradas muitas vezes são quase intransitáveis”.39 Com relação à frota de veículos destinados ao Transporte Escolar do Município de Diamantina, esta se encontra em bom estado de conservação, vez que os veículos são constantemente vistoriados pela Gerência de Transporte Escolar e pelo fato de a frota própria do Município ter, em média, 05 anos de uso, conforme relatos da Gerência de Transporte Escolar. Note-se que o Município tem a obrigação de seguir a Cartilha de Transporte Escolar, que determina que o veículo só poderá ser usado por, no máximo, 07 anos, a contar da data de fabricação.40 Tratando-se da frota terceirizada, esta possui, em média, 10 anos de fabricação, pois atende ao preestabelecido no edital de licitações. Com relação às estradas de acesso aos povoados e distritos do Município, importante comentar que houve, no ano de 2016, queda de uma ponte da Rodovia MG-220, no distrito de Conselheiro Mata e que só foi refeita em fevereiro de 2017, causando, durante meses, muitos transtornos não só a alunos, mas a toda a comunidade local, bem como a usuários da referida rodovia, vindos de diversas regiões do Estado de Minas Gerais e do Brasil. Também no acesso ao distrito de Inhaí, em fevereiro de 2017, uma ponte foi totalmente destruída, ocasionando transtornos à população. Somem-se a esses transtornos, a precariedade das estradas, constantemente danificadas por chuvas. Dedicar-se-á, no próximo capítulo, atenção ao Transporte Escolar Público. 39Idem. p. 03. 40 BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Cartilha do Transporte Escolar. Brasília: O Instituto, 2005. pp. 09-11. 32 CAPÍTULO III O TRANSPORTE ESCOLAR PÚBLICO 3.1 Transporte Escolar Público Para que se conheça, adequadamente, o Transporte Escolar Público uma definição se faz necessária; o que é o Transporte Escolar? A resposta mais apropriada se encontra na Cartilha do Transporte Escolar, documento fornecido pelo Ministério da Educação e utilizado pela Secretaria Municipal de Educação, como norteadora das ações concernentes à prestação do serviço. Transporte Escolar é: • Um direito dos alunos que estudam longe de suas casas. Os alunos que moram no campo (áreas rurais) têm o mesmo direito ao transporte que os alunos que moram nas cidades (áreas urbanas); • Eficiente e seguro, se todas as normas forem obedecidas; • Prioridade para atender as crianças que estudam da 1ª à 8ª série do ensino fundamental; • Responsabilidade dos Estados e Municípios; • Realizado por veículos próprios ou alugados pelos governos estaduais e prefeituras e por meio de passes escolares fornecidos aos alunos.41 (grifo nosso) Importante trazer a contento, neste momento, que, a partir do ano de 2006, o Ensino Fundamental passou a ter duração de 09 anos, ou seja, do 1º ao 9º ano, conforme a Lei nº 11.274 de 2006, que alterou os artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394 de 1996: O art. 32 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão (...)”.42 41Idem. p. 07. 42 BRASIL. Lei nº 11.274 de 06 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Internet. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm. Acessado em: fevereiro de 2017. 33 A partir de então os responsáveis pela oferta e garantia do Ensino Fundamental passaram a estruturá-lo nos estritos termos do Parecer nº 04 de 2008, do Ministério da Educação - MEC,que assim estabelece: O Ensino Fundamental de nove anos, de matrícula obrigatória para crianças a partir dos seis anos – completos ou a completar até o início do ano letivo – deverá ser adotado por todos os sistemas de ensino, até o ano letivo de 2010, o que significa dizer que deverá estar planejado e organizado até 2009, para que ocorra sua implementação no ano seguinte.43 Voltando ao Transporte Escolar, tem-se que este é “fundamental para o acesso e permanência dos alunos das Escolas da Educação Básica Pública, preferencialmente residentes em área rural. Essa oferta se dá pelo Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) e pelo Programa Caminho da Escola”.44 O Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar e o Programa Caminho da Escola são programas do Governo Federal, que transfere os recursos financeiros, para os Municípios gerirem e realizar depesas, exclusivamente, do Transporte Escolar. Os recursos financeiros repassados pelos Governos Federal e Estadual somam apenas 946 mil reais por ano, a despeito de se saber que, em meio à precariedade das estradas, entre outros fatores, conforme comentado alhures, que causam avarias aos veículos, gerando um custo anual do para o Município de Diamantina de, aproximadamente, 02 milhões de reais. Neste contexto, o Município de Diamantina tem que complementar com recursos próprios ou retirados dos 25% obrigatoriamente destinados à Educação, (recurso vinculado da Educação), para conseguir arcar com suas obrigações referentes ao Transporte Escolar, conforme relata o atual Secretário Municipal de Educação de Diamantina, Professor Sérgio Luiz Nascimento. Esse repasse se dá com base no artigo 212 da Constituição da Repúlica Federativa do Brasil de 1988. Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita 43 BRASIL. Ministério da Educação. Ensino Fundamental de nove anos. Parecer nº 04/2008. Orientação sobre os três anos iniciais do Ensino Fundamental de nove anos. Internet. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2008/pceb004_08.pdf. Acessado em: fevereiro de 2017. 44 BRASIL. Ministério da Educação. Guia do Transporte Escolar. Publicação conjunta do FNDE e Ministério Público: COPEDUC - Comissão Permanente da Educação/GNDH - Grupo Nacional de Direitos Humanos/CNPG - Conselho Nacional de Procuradores Gerais. p. 02. 34 resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino45. Para enteder melhor o sistema do Transporte Escolar, necessário se faz explanar, ainda que de forma sucinta, sobre cada Programa, conforme descreve o documento, fornecido pelo Ministério da Educação, Guia do Transporte Escolar. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia ligada ao Ministério da Educação, responsável pela normatização e assistência financeira em caráter suplementar, contribui para uma melhor oferta de transporte escolar. Fundamental para o acesso e permanência dos alunos das escolas da educação básica pública, preferencialmente residentes em área rural, essa oferta é feita pelo Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) e pelo programa Caminho da Escola. Instituído pela Lei nº 10.880, de 2004, o PNATE consiste na transferência automática de recursos financeiros aos estados, Distrito Federal e municípios, sem necessidade de convênio ou outro instrumento congênere. Os recursos são destinados ao pagamento de serviços contratados junto a terceiros e despesas com reforma, seguros, licenciamento, impostos e taxas, pneus, câmaras e serviços de mecânica em freio, suspensão, câmbio, motor, elétrica e funilaria, recuperação de assentos, combustível e lubrificantes do veículo ou da embarcação utilizada para o transporte dos estudantes. O programa Caminho da Escola foi criado em 2007, está disciplinado pelo Decreto nº 6.768, de 2009, e compreende a aquisição, por meio de pregão eletrônico para registro de preços, de veículos (ônibus, barco e bicicleta) padronizados para o transporte de escolar. Essa aquisição é feita por meio de recursos orçamentários do Ministério da Educação, de linha especial de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou de recursos próprios dos entes federativos que aderirem ao programa.46 (grifo nosso) O Transporte Escolar, para funcionar legalmente, tem que cumprir exigências legais, tais como contratação de motorista qualificado, portador de certificado de curso de especialização em Transporte Escolar; veículo dentro das normas, tanto do DETRAN – Departamento de Trânsito, quanto do FNDE, bem como das exigências do PNATE. A seguir, anotam-se algumas exigências determinadas na Cartilha do Transporte Escolar, conforme cada tipo de transporte: Os veículos autorizados a transportar alunos são: 1 – Ônibus 2 – Vans 3 – VW Kombi 4 – Embarcações (barcos) Em alguns municípios, onde as estradas são precárias, os Detrans autorizam o transporte de alunos em carros menores, desde que os veículos sejam adaptados para 45 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Internet. 46 BRASIL. Ministério da Educação. Guia do Transporte Escolar. p. 02. 35 o transporte de alunos. Esses veículos autorizados extraordinariamente são, normalmente, caminhonetes (D-20, F-100 etc.) MOTOCICLETAS, CARROS DE PASSEIO E/OU CAMINHÕES NÃO SÃO RECOMENDADOS PARA TRANSPORTAR ALUNOS. O veículo tipo VW-Kombi pode transportar até 15 alunos com até 12 anos de idade, todos com cinto de segurança. O veículo deve ter uma grade separando os alunos da parte onde fica o motor. Para que o transporte de alunos seja mais seguro, o ideal é que todos os veículos da frota tenham, no máximo, sete anos de uso. Os veículos devem possuir seguro contra acidentes. Todos os veículos que transportam alunos devem ter um registrador de velocidade (chamado tacógrafo), que é um aparelho instalado no painel do veículo e que vai registrando a velocidade e as paradas do veículo em um disco de papel. Os discos devem ser trocados todos os dias e devem ser guardados pelo período de seis meses, porque serão exibidos ao Detran, por ocasião da vistoria especial. O veículo deverá ter apresentação diferenciada, com pintura de faixa horizontal na cor amarela, nas laterais e traseira, contendo a palavra ESCOLAR na cor preta. Além das vistorias normais no Detran, que todos os veículos devem fazer anualmente, o veículo que transporta alunos precisa fazer mais duas vistorias especiais (uma em janeiro e outra em julho), para verificação específica dos itens de segurança para transporte escolar. Todo veículo que transporta alunos deve ter uma autorização especial, expedida pela Divisão de Fiscalização de Veículos e Condutores do Detran ou pela Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran). A autorização deverá estar fixada na parte interna do veículo, em local visível. A velocidade do veículo deverá obedecer às velocidades máximas, tanto para as cidades como para as rodovias e/ou estradas vicinais (asfaltadas ou não). Embarcações (Barcos) Os alunos podem ser transportados em embarcações nas localidades onde o transporte fluvial ou marítimo (rios, lagos, lagoas, oceano) for mais eficiente. É obrigatório o uso, por todos os alunos, de bóias salva-vidas. O condutor da embarcação deverá possuir curso específico para transporte de pessoas, promovido pela Capitania dosPortos. A embarcação, motorizada ou não, deverá estar registrada na Capitania dos Portos, e a autorização para trafegar, exposta em local visível. A embarcação deverá possuir: • cobertura para proteção contra o sol e a chuva; • grades laterais para proteção contra quedas. A embarcação deverá ser de boa qualidade e não ter mais de sete anos de uso.47 (grifo nosso) As referidas determinações se dão por conta das especificidades de cada localidade onde existe Unidade Escolar. Tal exigência não se aplica ao Município de Diamantina, mas há cidades mineiras que necessitam do transporte de balsa como, por exemplo, na cidade de Alfenas, no Sul do Estado de Minas Gerais48. 47 BRASIL, 2005. pp. 09-11. 48 BRASIL. Jornal do Sul de Minas. Balsa inoperante prejudica transporte de moradores em Alfenas, MG. Internet. Disponível em: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2012/11/balsa-inoperante-prejudica- transporte-de-moradores-em-alfenas-mg.html. Acessado em: maio de 2017. 36 Assim, se para o transporte de crianças e/ou adolescentes de 06 a 14 anos de idade, são postas tantas exigências legais, entende-se que para transporte de crianças de 04 e 05 anos de idade as exigências deveriam ser ainda mais rigorosas, vez que se trata de passageiros sem a mínima capacidade para se protegerem; ou seja, o Transporte Escolar para as crianças nesta faixa etária necessita, minimamente, de um monitor, para auxiliar o motorista no transporte destas crianças de tenra idade, para as quais a viagem representa perigo iminente, durante todo o trajeto, bem como para subirem e descerem dos veículos, que em geral, possuem alturas desproporcionais aos tamanhos e alcances das crianças. Note-se que o DETRAN exige dos motoristas dos veículos particulares de passeio, que, para transportarem crianças de 0 (zero) a 07 anos de idade, os carros estejam munidos do “bebê conforto” ou da “cadeirinha”, dependendo da idade da criança conduzida naquele veículo. Logo, há que se concluir que, além de ser imprescindível a presença de um monitor nos veículos de Transporte Escolar Público, também se faz necessário o uso de equipamentos similares à “cadeirinha” ou ao “bebê conforto”, para maior segurança das crianças de 04 e 05 anos de idade. Não se discutirá aqui a questão da viabilidade ou não do fornecimento destes assentos, pelo Município, em razão do custo. O que se busca, no presente trabalho, é a garantia do maior bem juricamente protegido: a vida; e, no caso em tela, a vida de crianças em tenra idade, colocadas sob responsabilidade do poder público, para aquisição da educação de que necessitam, como sujeitos de direitos. Ocorre, porém, que no Município de Diamantina, até o ano de 2016, não havia sequer previsão de criação do cargo de monitor de veículo escolar e, muito menos, da instalação destes dispositivos de segurança para as crianças transportadas. Algumas das exigências, se não a mais importante, é a habilitação dos motoristas, conforme reza a Cartilha do Transporte Escolar: • Ter idade superior a 21 anos; • Ter habilitação para dirigir veículos na categoria “D”; • Se pilotar embarcações, deve ser habilitado na Capitania dos Portos; • Ter sido submetido a exame psicotécnico com aprovação especial para transporte de alunos; • Possuir curso de Formação de Condutor de Transporte Escolar; • Possuir matrícula específica no Detran ou Capitania dos Portos; • Não ter cometido falta grave ou gravíssima nos últimos doze meses.49 49 BRASIL. 2005. p. 13. 37 O tempo gasto pelo Transporte Escolar também é fator determinante da dificuldade da prestação do serviço às crianças de 04 e 05 anos de idade. As normas da Cartilha do Transporte Escolar, neste contexto, tornam-se inaplicáveis, no que concerne a duração do tempo que a criança pode permanecer dentro do veículo, estipulado em, no máximo, 60 minutos, visto que as moradias encontram-se em locais cujo acesso se dá apenas à pé, ou de moto, ou de bicicleta, ou à cavalo, de modo que, para se chegar ao ponto de encontro do Transporte Escolar a criança já gastou, em média, 40 minutos. E, ainda, do momento que adentra o veículo do Transporte Escolar, até chegar ao desembarque, que nem sempre é na porta da Unidade Escolar, é gasto um tempo médio de 02 horas. Ou seja, se se iniciar a contagem do tempo da saída de casa até a chegada à Unidade Escolar, pode totalizar até 03 horas gastas neste trajeto, sendo mais de 60 minutos dentro do veículo. Depreende-se da Cartilha do Transporte Escolar O trajeto residência/escola de cada aluno transportado deve ser de no máximo: • crianças com até 8 anos – 30 minutos; • crianças com mais de 8 anos – 60 minutos.50 Ocorre, pelas razões mencionadas, uma necessidade urgente de se pensar outras formas de atendimento às crianças de 04 e 05 anos de idade, que, pelas condições de vulnerabilidade, especialmente em razão da tênue idade, não podem e não devem ser submetidas ao mesmo tratamento dispensado a crianças maiores de 06 anos de idade. Poder-se-ia dedicar um capítulo exclusivo ao estudo das consequências negativas originadas de um tratamento semelhante a esse, porquanto as especificidades do Município de Diamantina, relativas ao atendimento universal da clientela escolar exijam análise e tratamento adequado à realidade dos alunos, da topografia e até das condições climáticas. Ignorar tais circunstâncias seria ignorar o próprio direito das crianças à educação, em flagrante desrespeito à sua cidadania, à sua condição de sujeitos de direitos. Um exemplo desse trajeto tem-se pela Escola Municipal de Covão, no distrito de Extração, onde os alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental, de 11 a 14 anos de idade, saem de casa às 04 horas da manhã para conseguirem chegar à Escola Estadual Gabriela Neves, no bairro Consolação, na sede do Município, pouco antes das 07 horas, horário de 50Idem. p. 19. 38 início das aulas, sendo esta Escola a mais próxima para os alunos que concluiram o 5º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na própria localidade de Covão.51 Além do tempo permitido para a criança permanecer no veículo escolar, há também exigência acerca da distância máxima que essa criança pode percorrer de sua residência até o ponto de encontro ao Transporte Escolar, como reza a Cartilha do Transporte Escolar, segundo a qual “ao fixar o itinerário para veículos que levam e trazem crianças, deve- se evitar que elas percorram caminhadas superiores a 2 ou 3 quilômetros até o ponto onde o veículo passa”.52 Tal exigência torna-se difícil de ser respeitada, vez que, em considerável parte das localidades onde devem ser apanhadas as crianças, os veículos não tem a mínima condição de se aproximarem, em razão de barreiras intransponíveis, sejam de serras, morros, rios ou matas. A situação, em algumas localidades, se agrava de tal forma, impedindo o trânsito de veículos, que o acesso ao Transporte Escolar passa a ser de responsabilidade da família, que deve conduzir a criança até o ponto de encontro do Transporte Escolar. Tem-se conhecimento, na Secretaria Municipal de Educação de Diamantina, de que algumas crianças atravessam pontes precárias, passam em barreiras de pedras de alto risco, são levadas de bicicletas, motos e, em sua maioria, à pé, no escuro das madrugadas, inclusive correndo risco de serem atacadas por animais peçonhentos, entre outros. Algumas dessas situações são resolvidas em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural e também com as próprias comunidades.
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