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Aula 05

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PSICOLOGIA HOSPITALAR
Profª. Thatiana Valory
Aula 5: Psicossomática no contexto da saúde
PSICOLOGIA HOSPITALAR
Aula 5: Psicossomática no contexto da saúde
Objetivos desta aula:
Entender a psicossomática e a somatização no contexto hospitalar;
 Ressaltar a postura do psicólogo hospitalar diante do paciente com diagnóstico de psicossomática;
 Esclarecer sobre a psicossomática no contexto social.
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A psicossomática é conhecida como a doença obscura, escondida e sem características aparentes. O paciente chega ao hospital queixando-se de dor, mal estar e incômodo pelo corpo, mas os exames não comprovam nenhum problema orgânico. Quando isto acontece é preciso estar atento aos problemas emocionais.
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O médico, na atualidade, deve ter um pensamento interdisciplinar, ou seja, buscar ajuda, quando seus conhecimentos não são suficientes para trazer um fechamento sobre a doença do paciente. Neste momento, é preciso pedir ajuda ao psicólogo para que o diagnóstico seja realizado de maneira precisa e que o paciente se sinta seguro quanto ao tratamento.
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Para uma boa anamnese é preciso estar atento a todos os fatores trazidos pela queixa do paciente. É preciso investigar com cuidado o contexto social sobre o qual o paciente encontra-se inserido, assim como a estrutura familiar. Isto ajuda na alta do paciente e contribui para o encaminhamento ao profissional da saúde de maneira correta, de forma que o mesmo continue em tratamento e encontre o equilíbrio mente/corpo.
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 INTRODUÇÃO A PSICOSSOMÁTICA
Desde o nascimento da medicina a psicossomática não é um termo estranho para os primeiros estudiosos. Hipócrates, no século V a. C. já relacionava mente e corpo, por meio do estudo da psicofísica. 
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Segundo Hipócrates (século V a. C. apud Angerami-Camon, 2011, p.250) a medicina tinha as seguintes características:
1 - Tem por objeto a pessoa doente em sua totalidade; leva em conta o temperamento da pessoa e sua história;
2 - A doença é vista como uma reação global da pessoa a um distúrbio (interno ou externo), envolvendo corpo e espírito, a terapêutica deve estabelecer a harmonia da pessoa com seu ambiente e consigo mesma;
3 - Trata-se de uma medicina integradora e dinâmica, que corresponde aos primórdios da moderna medicina psicossomática.
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Apesar deste pensamento de Hipócrates, da doença vista de uma maneira totalizada, ainda haviam filósofos que pensavam na doença como algo apenas biológico, como se a doença tivesse duas formas independentes de ser visualizada, chamada dualista.
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http://youtu.be/ZTORyh4e1CA - parar o video com 7’:43
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Conceituação da psicossomática
“ciência que estuda como o fato corporal está integrado no fato psíquico, que, por sua vez, está integrado no fato relacional ambiental. Seu objeto de estudo é considerado como os mecanismos de interação entre as dimensões mental e corporal da pessoa”.
(Angerami-Camon, 2011, p.259)
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A somatização, que faz parte do processo da psicossomática, pode ser entendida como aquela que experimenta e comunica distúrbios e sintomas não explicados pelos achados patológicos, atribuindo-os à doenças físicas e procurando ajuda médica para eles.
Quando há presença por longo tempo (meses ou anos) de queixas frequentes de sintomatologia física, mas não conseguindo serem explicadas por nenhuma patologia orgânica. E, geralmente, essas pessoas possuem uma dificuldade de manterem vínculos com os médicos.
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O profissional que deseja estar atento aos transtornos somatoformes deve escutar tanto os fatores objetivos quanto os subjetivos no momento do discurso do paciente com a queixa.
De modo geral, o Transtorno Somatoforme se caracteriza por um salto do psíquico para o orgânico, com predominância de queixas relacionadas aos órgãos e sistemas, como por exemplo, queixas cardiovasculares, digestivas, respiratórias, etc.
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Os tipos de somatizações são os mais diversos no espaço do hospital e da clínica, podendo ser apresentados como:
 Hipocondrias: os indivíduos ficam atentos ao próprio corpo e vivenciam como doentes.
 DNV (distúrbios neurovegetativos): engloba transtornos de ansiedade e ajustamento.
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No Transtorno Neurovegetativo o paciente atribui seus sintomas a um transtorno somático de um órgão ou sistema controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo (ou neurovegetativo). A diferença entre o Transtorno Neurovegetativo e o Transtorno de Somatização é que nesse último existem as queixas, mas não existem alterações clinicamente constatáveis, como por exemplo, existe a falta de ar sem o broncoespasmo ou a sensação de lipotímia sem queda da pressão arterial.
 
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Normalmente as queixas neurovegetativas dizem respeito de um funcionamento alterado, a um hiper ou hipofuncionamento, como por exemplo, palpitações, transpiração, ondas de calor ou de frio, tremores, assim como por expressão de medo e perturbação com a possibilidade de uma doença física.
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Exemplo:
No sistema cardiovascular, pode haver aceleração da frequência sem nenhuma correspondência clínica. Para ilustrar melhor as diferenças de classificação podemos dizer que, se fosse uma somatização no sistema cardiovascular, teríamos uma palpitação sem aumento da frequência ou uma dor sem alterações orgânicas. Se fosse um Transtorno Psicossomático do sistema cardiovascular teríamos uma extrassistolia de fundo emocional eletrocardiologicamente constatável.
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Resumindo, a maneira mais didática de entender essa sucessão de termos parecidos e confusos pode ser assim:
www.psiqweb.med.br
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Para diagnosticar um paciente no espaço hospitalar ou de atendimento médico com doença psicossomática é preciso ter conhecimento sobre os critérios de normalidade, expostos por Dalgalorrondo (2000), conforme apresentados abaixo: 
1 - Normalidade como ausência de doença: interpreta o indivíduo de acordo com o que ele não possui. Perguntas feitas em exames admissionais.
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2 - Normalidade ideal: utopia do indivíduo sadio e evoluído. Aqueles indivíduos adaptados as normas morais e políticas de determinada sociedade.
3 - Normalidade estatística: o normal é aquilo que se observa com maior frequência. Ex: peso, altura, tensão arterial etc. 
OBS: Nem todos os fenômenos que são frequentes são normais. Ex: depressão, cárie, uso de álcool.
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4 - Normalidade como bem-estar: definido pela OMS (1958) como bem-estar físico, mental e social. Sendo uma utopia, pois parte da subjetividade.
5 - Normalidade funcional: considerada até o momento que faz parte das funções do indivíduo e que não causa sofrimento.
6 - Normalidade como processo: mudanças, conflitos e perturbações fazem parte do processo de amadurecimento.
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7 - Normalidade subjetiva: interpretação própria sobre sua saúde. Ex: pessoas maníacas, sentem-se bem, mas possuem transtorno mental grave.
8 - Normalidade como liberdade: transitar no mundo com liberdade e com senso de realidade.
9 - Normalidade operacional: trabalha a partir de critérios, com o que é normal e com o que é patológico, por meio de manuais.
Alguns desses critérios são aplicáveis ao contexto social, outros ao contexto do consultório e outros ao do hospital, isto vai depender do atendimento que é prestado.
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PSICOSSOMÁTICA NO CONTEXTO SOCIAL
Para compreender a queixa de um paciente é preciso que o processo de anamnese seja realizado com completa compreensão dos fatores, como história de vida, cultura, religião, economia, política, meios de comunicação, etc.
O contexto o qual a pessoa se encontra inserida influencia muito para que os transtornos somatoformes surjam. Por exemplo: uma família, onde os pais tem queixa frequente de doenças, sem causas aparentes, mas com enorme obsessão de idas ao médico é bem provável que isto possa influenciar na percepção dos filhos sobre o seu próprio corpo e estado de saúde.
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ATENDIMENTO MÉDICO VOLTADO PARA A PSICOSSOMÁTICA
Quando o médico ou o psicólogo trabalha na emergência do hospital ou no serviço ambulatorial é preciso estar atento aos conteúdos que vão além da queixa direta. Alguns desses fatores são definidos por Angerami-Camon (2011, p.262) como:
1 - Encontro e vínculo.
2 - Baixa tensão no atendimento, para que a escuta esteja focada na queixa do paciente.
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3 - Escutar profundamente todo o conteúdo trazido.
4 - Estar atento aos dados objetivos e subjetivos.
5 - Não desprezar detalhes.
6 - Não julgar o paciente quanto aos conteúdos narrados.
7 - Empenho em ajudar.
8 - Compromisso ético com a profissão.
9 - Pesquisa e compreensão dos limites pessoais e dos conflitos (intra e interpessoais) do paciente. Identificação dos focos intelectuais e afetivos desencadeadores de tensão emocional.
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10 - Ampliação dos limites intelectuais. Transmitir a comunicação com conteúdo adequado ao conhecimento do paciente sobre o diagnóstico.
11 - Percepção e reflexão de sentimentos relativos à doença.
Tanto o médico quanto o psicólogo devem estar atentos àqueles pacientes que precisam de encaminhamento para psicoterapia.
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O atendimento psicossomático favorece maior eficiência de diagnóstico e um alívio mais consistente do sofrimento do paciente, revertendo a somatização. Ele frequentemente começa a sentir-se satisfeito desde os primeiros atendimentos, quando suas demandas implícitas são detectadas e passam a receber a devida atenção. (Angerami-Camon, 2011, p.271)
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É importante ressaltar, que muitos pacientes tem dificuldade de entender que a dor do corpo é advinda de problemas da mente e, na maioria das vezes, demonstram resistência ao tratamento psicológico, pois acham que o diagnóstico está errado. Questionam: Como este médico me diz que estou com problema emocional se meu estômago dói e dói muito? Diante de uma situação desta é importante que o psicólogo hospitalar converse, conscientize o paciente sobre o problema psicossomático e o esclareça as formas de tratamento.
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A Psicologia da Saúde tem sido considerada como um campo de trabalho da psicologia que nasce para dar resposta a uma demanda sociossanitária. Os psicólogos da saúde, procedentes em sua maioria da psicologia clínica, da medicina comportamental e da psicologia social (no Brasil, da psicologia clínica, psicologia social e na formação em medicina psicossomática), estão adaptando seus enquadres e técnicas a um novo campo de aplicação, que integra os aportes provenientes de suas fontes. 
(Angerami-Camon, 2011, p.280)
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“É importante ressaltar que no adoecimento somático, o corpo é a grande referência do sujeito que sofre. A enfermidade que se apresenta ao analista, muitas vezes previamente nomeada pelo saber médico, coloca-se como ponto de estofo, regulando a vida e os pensamentos do paciente, atormentando-o”.
 (NICOLAU, 2008, p.961).
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SÍNTESE DA AULA
A psicossomática é a ciência que estuda a relação da mente com o corpo. Analisa no diagnóstico tanto os fatores objetivos quanto subjetivos e isto tem sido cada vez mais frequente na atualidade. As doenças psicológicas tem aumentado sua influência na determinação das doenças orgânicas, mas para que o diagnóstico seja feito de maneira precisa é necessário ter a visão de um trabalho interdisciplinar, onde os diversos conhecimentos podem trazer a melhor compreensão da doença.

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