Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS ENGENHARIA DE ALIMENTOS ENSAIOS DE FILTRAÇÃO Alunos Ana Eugênia Ávila Borges Cecília Cordeiro Welbert Freitas Professora Joyce Maria Gomes da Silva LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL 2012� INTRODUÇÃO A filtração é uma das aplicações mais comuns do escoamento de fluidos através de leitos compactos, sendo uma técnica que consiste na separação de uma fase sólida de uma fase fluida (liquida ou gasosa), passando esta última através de um meio permeável e poroso. O meio poroso e permeável chama-se filtro e retém o resíduo sólido formando um depósito que se denomina torta e cuja espessura vai aumentando no decorrer da operação, já o fluido que passa através do filtro designa-se filtrado. O termo filtração pode ser utilizado para processos de separação dos sólidos de suspensões líquidas e também para separação de partículas sólidas de gases, como por exemplo, a separação das poeiras arrastadas pelos gases utilizando tecidos. Quando se força a suspensão através do leito, o sólido da suspensão fica retido sobre o meio filtrante. Ao contrário do que se pensa comumente, os poros do meio filtrante não precisam ser necessariamente menores do que o tamanho das partículas. De fato, os canais do meio filtrante são tortuosos, irregulares e mesmo que seu diâmetro seja maior do que o das partículas, quando a operação começa algumas partículas ficam retidas por aderência e tem início a formação da torta, que é o verdadeiro leito poroso promotor da separação. Tanto isso é verdade, que as primeiras porções do filtrado são geralmente turvas. O estudo da filtração do ponto de vista da Engenharia de Alimentos tem como finalidades decidir sobre o tipo de filtro a ser usado, dimensionar o filtro, estabelecer as condições de operação do filtro, predizer as consequências da variação nas condições na operação do filtro. Tão grande é a variedade de meios filtrantes utilizados industrialmente que seu tipo serve como critério de classificação dos filtros: leitos granulares soltos, leitos rígidos, telas metálicas, tecidos e membranas. Os leitos granulares soltos mais comuns são feitos de areia, pedregulho, carvão britado, escória, calcáreo, coque e carvão de madeira, prestando-se para clarificar suspensões diluídas. Os leitos rígidos são feitos sob a forma de tubos porosos de aglomerados de quartzo ou alumina (para a filtração de ácidos), de carvão poroso (para soluções de soda e líquidos amoniacais) ou barro e caulim cozidos a baixa temperatura (usados na clarificação de água potável). Seu grande inconveniente é a fragilidade, não podendo ser utilizados com diferença de pressão superiores a 5 kg/cm2. Telas metálicas são utilizadas nos “strainers” instalados nas tubulações de condensado que ligam os purgadores às linhas de vapor e que se destinam a reter ferrugem e outros detritos capazes de atrapalhar o funcionamento do purgador. Os tecidos são utilizados industrialmente e ainda são os meios filtrantes mais comuns. Há tecidos vegetais, como o algodão, a juta (para álcalis fracos), o cânhamo e o papel; tecidos de origem animal, como a lã e a crina (para ácidos fracos); minerais: amianto, lã de rocha e lã de vidro, para águas de caldeira; plásticos: polietileno, polipropileno, PVC, nylon, teflon, orlon, saran, acrilan e tergal. O inconveniente é que a duração de um tecido é limitada pelo desgaste, o apodrecimento e o entupimento. Por este motivo, quando não estiverem em operação, os filtros devem ficar cheios de água para prolongar a vida do mesmo. Por outro lado, o uso de auxiliares de filtração diminui o entupimento dos tecidos, prolongando sua vida útil. Membranas semi-permeáveis, como o papel pergaminho e as bexigas animais, são utilizadas em operações parecidas com a filtração, mas que na realidade são operações de transferência de massa: diálise e eletro-diálise. Seja qual for o tipo de equipamento usado acumula-se gradualmente um bolo de filtração sobre o meio filtrante e a resistência do fluxo progressivamente aumenta durante a operação. No que se refere à variação de pressões no decorrer da filtração, podemos ter: filtração à pressão constante, filtração à vazão constante, filtração em regime misto. No 1o caso a vazão vai diminuindo à medida que cresce a espessura da torta, sendo utilizado para precipitados pouco compressíveis. Quando se trata de um precipitado compressível, é preferível começar a filtrar a pressão pequena para não tornar o precipitado pouco permeável, sendo a pressão aumentada à medida que aumenta a espessura da torta (e, portanto a resistência à filtração), mantendo-se a vazão do filtrado constante. Os bolos de filtração podem dividir-se em duas classes: bolos compressíveis e incompressíveis. No caso de um bolo incompressível, a resistência ao fluxo de um dado volume não é apreciavelmente afetado, quer pela diferença de pressão do bolo, quer pela velocidade de deposição do material. Com um bolo compressível o aumento da diferença de pressão causa a formação de um bolo mais denso com maior resistência. Para bolos incompressíveis a partir de equações de movimento para a torta e o meio filtrante chegamos para a filtração à pressão constante que: (1) Onde: Rm=resistência de meio filtrante, (= resistência específica da torta (= viscosidade do filtrado, w=massa do sólido na suspensão/massa de líquido na suspensão Para tortas compressíveis, a porosidade e a resistência específica variam com a posição no interior da torta, devido às tensões mecânicas que tendem a comprimir a torta. As correlações obtidas experimentalmente para ((( e (E( são do tipo: ((( = (0 ( p n (2) (E( = E0 ( p m (3) Podemos, então, aplicar a equação (1) mesmo para tortas compressíveis fazendo (=(((. Tipos de Filtração: * Filtração por Gravidade Consiste em introduzir o líquido pela parte superior do recipiente filtrante e deixá–lo escoar através das camadas filtrantes por ação da gravidade. Bastante econômico operacionalmente, é um filtro de ação relativamente lenta, cuja velocidade de filtração depende essencialmente da altura da coluna d’água acima do elemento filtrante, (normalmente areia é utilizada para esta finalidade), da granulometria do mesmo e, claro da quantidade de material em suspensão no líquido que, ao ser retirado, vai gradualmente “entupindo” o filtro, exigindo limpezas periódicas. Por sua praticidade e baixo custo, esse tipo de filtro é utilizado largamente em estações de tratamento de água para consumo humano, onde filtração em larga escala se torna necessária. A sua ação é basicamente física, retirando do líquido a matéria sólida em suspensão (detritos). Um outro exemplo bastante simples e corriqueiro deste tipo de filtro é o filtro de café, feito com um funil de papel ou coador de pano. * Filtração por Circulação Forçada Este tipo de filtração consiste em “forçar” a passagem do líquido através das camadas filtrantes por meio de bombeamento, para aumentar a velocidade da operação. Este é o principal método utilizado em aquários, onde é necessário uma boa capacidade de filtração em pouco espaço, com equipamentos de porte relativamente pequeno, e também uma boa facilidade de controlar ou intervir no filtro a qualquer momento. A capacidade final de filtração obtida por este processo depende do poder de compressão da bomba ou estação de bombeamento para gerar o fluxo do líquido, da altura da coluna d’água, e da permeabilidade total da(s) camada(s) de filtração utilizada(s). * Filtração Física (ou Mecânica) A Filtração Física consiste em retirar as impurezas macroscópicas (orgânicas e inorgânicas) existentes em suspensão na água pelo método simples de passá–la através de um “coador”. Este tipo de filtração não é capaz de retirar bactérias e plâncton de reduzidas dimensões, e muito menos substâncias químicas dissolvidas na água. Esta é normalmente, a primeira etapa de um processo de filtração,sendo o produto da mesma (água livre de detritos), “entregue” às demais etapas, que assim não correm o risco de sofrer entupimentos físicos. Diversos materiais podem ser utilizados nessa etapa, tais como esponjas, cartuchos de papel ou fibra, e mantas de material sintético. *Filtração Química É a remoção de substâncias dissolvidas na água a nível molecular. Estas substâncias, quanto à sua natureza, podem ser polarizadas (íons) e não polarizadas (moléculas). O método mais empregado para este tipo de filtração consiste em passar a água por uma camada de Carvão Ativado (CA), que é mais eficiente para a remoção de moléculas, mas que funciona também com alguns íons. *Filtração Biológica É a denominação que se dá às ações nitrificante e desnitrificante proporcionadas por colônias de bactérias. Existem na Natureza vários tipos de bactérias capazes de decompor a amônia em compostos menos tóxicos (Nitritos e Nitratos). Elas existem naturalmente no meio ambiente (substrato, plantas, água, etc.) As colônias de bactérias necessitam essencialmente de: um local para se fixarem, e nutrientes (Nitrogênio e Oxigênio) para viver. A filtragem biológica é normalmente feita após a filtragem física, dessa maneira as colônias de bactérias receberão uma água já livre de detritos, para “trabalhar”. 2. OBJETIVO Pretende-se determinar as características do bolo formado durante a filtração de suspensão de CaCO3 com 100g de CaCO3 em 1000ml de H2O e a área de um filtro industrial que opera com vazo de filtração de 10.000 l/h. 3. MATERIAL E MÉTODOS Preparou-se uma suspensão de 10% de CaCO3, em 200 mL e 700 mL de água. Os ensaios foram realizados a vácuo (bomba de vácuo - manômetro diferencial), com o auxílio de um kitassato, Funil de Buckner, proveta graduada, paquímetro (mais preciso para as medições desejadas), termômetro. Utilizou-se papel de filtro número 2. Antes de iniciar a filtração deve-se borrifar o filtro com água para diminuir a pressão e assim, a resistência não ser tão grande inicialmente. Através do paquímetro, obtivemos as seguintes medidas do Funil de Buckner utilizado: - diâmetro externo: 14,3 cm - espessura: 0,6 cm - diâmetro interno: 13,1 cm - raio: 7,55 cm Logo, a área (πr²) da superfície do funil é 179,08 cm² Registrou-se o volume de filtrado em função do tempo. Então, mediu-se o volume total filtrado ao final da operação e a sua respectiva pressão. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 e 2 apresentam os resultados do volume de filtrado em função do tempo. Tabela 1- Resultados do volume de filtrado em função do tempo para preparo de 700 mL de suspensão de CaCO3. t (s) V (m3) x10-6 Ϫt ϪV x10-6 Ϫt/ ϪV x106 10 25 10 25 0,4 20 75 10 50 0,2 30 100 10 25 0,4 40 105 10 05 2,0 50 130 10 25 0,4 60 150 10 20 0,5 70 180 10 30 0,3 80 190 10 10 1,0 90 193 10 03 3,3 100 198 10 05 2,0 110 201 10 03 3,3 120 210 10 09 1,1 130 230 10 20 0,5 140 260 10 30 0,3 150 290 10 30 0,3 160 300 10 10 1,0 170 305 10 05 2,0 180 308 10 03 3,3 190 315 10 07 1,4 200 320 10 05 2,0 210 330 10 10 1,0 220 350 10 20 0,5 230 370 10 20 0,5 240 380 10 10 1,0 250 390 10 10 1,0 260 395 10 05 2,0 270 398 10 03 3,3 280 400 10 02 5,0 290 400 10 0 Grafico 1 – Ϫt/ ϪV versus V (m3) para preparo de 700 mL de suspensão de CaCO3. Logo, a equação da reta obtida é: Y = 4x109 X + 411813 Sendo que essa equação corresponde a expressão: ∆t = αωμ V + μRm ∆V gc∆PA2 Assim, αωμ = 4x109 g∆PA2 μRm = 411813 Dados: ∆P = 550 mm Hg = 73323,556859 Pa Temperatura da água = 22,5oC Tem-se que μ = 1Cp = 1.10-3 kg/m.s (Apêndice 9) ω = 10,01 kg/m3 Di = 0,131 m A = 0,017908 m² Podendo-se assim calcular: α 10,01x0,001 = 4x109 73323,556859 x (0,017908)2 α = 9,405842x1010 m2/kg μRm = 411813 Rm = 411813000 s2/kg.m2 Tabela 2- Resultados do volume de filtrado em função do tempo para preparo de 200 mL de suspensão de CaCO3. t (s) V (m3) x10-6 Ϫt ϪV x10-6 Ϫt/ ϪV x106 10 30 10 30 0,3 20 60 10 20 0,5 30 80 10 20 0,5 40 100 10 10 1,0 50 110 10 10 1,0 60 120 10 05 2,0 70 125 10 05 2,0 80 130 10 05 2,0 90 135 10 02 5,0 100 137 10 01 10,0 110 138 10 02 5,0 120 140 10 02 5,0 130 142 10 00 140 142 10 03 3,3 150 145 10 00 160 145,5 10 0,5 20,0 Grafico 2 – Ϫt/ ϪV versus V (m3) para preparo de 200 mL de suspensão de CaCO3. Logo, a equação da reta obtida é: Y = 6x1010 X - 4000000 Sendo que essa equação corresponde a expressão: ∆t = αωμ V + μRm ∆V gc∆PA2 Assim, αωμ = 6x1010 g∆PA2 μRm = -4000000 Dados: ∆P = 545 mm Hg = 72656,979069 Pa Temperatura da água = 22,5oC Tem-se que μ = 1Cp = 1.10-3 kg/m.s (Apêndice 9) ω = 10,01 kg/m3 Di = 0,131 m A = 0,017908 m² Podendo-se assim calcular: α 10,01x0,001 = 6x1010 72656,979069 x (0,017908)2 α = 1,398050x1012 m2/kg μRm = 4000000 Rm = 4000000000 s2/kg.m2 5. CONCLUSÃO Podemos observar que quando a suspensão se encontra em um volume maior a mesma apresenta velocidade de filtração maior do que a de menor volume. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOUST, A. L. Princípios das Operações Unitárias - 2. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnico e Científicos Editora SA, 1982. _1368517305.unknown
Compartilhar