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PROVA ECONOMIA

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CAP 9.		CONTABILIDADE SOCIAL
9.1		PRESSUPOSTOS BÁSICOS		
	Enquanto a microeconomia ocupa-se com questões específicas de mercados e de agentes que participam em tais mercados, a macroeconomia analisa o comportamento dos grandes agregados. Possivelmente, nessa mudança de foco esteja a maior das dificuldades da ciência econômica. Em lugar de tentar adicionar milhões de bens e serviços produzidos (de modo a calcular o produto nacional, PN), procura-se mostrar o que a economia produziu, consumiu, poupou, exportou etc. ao longo de um período de tempo, normalmente um ano A forma simplificada de mostrar o desempenho global é denominada de Contabilidade Nacional ou Contabilidade Social, objeto de breves notas explicativas ao final deste Capítulo, mas que não receberá grande destaque neste curso. Os seguintes três elementos constituem pressupostos básicos da Contabilidade Social:
As contas nacionais procuram medir a produção corrente, excluídos os bens de segunda mão produzidos em períodos anteriores. Nas transações com esses bens de segunda mão, só se considera como parte da renda nacional a remuneração do vendedor, e não o valor da mercadoria, pois a remuneração corresponde a um serviço corrente, o qual independe do produto ser novo ou usado, e não do valor da mercadoria.
As contas referem-se a um fluxo, normalmente de um ano. Essas variáveis de fluxo diferem das chamadas variáveis estoque, que se referem a valores tomados em determinados pontos do tempo, como o nível de emprego, o saldo dos meios de pagamento (a ser discutido no Capítulo 11) etc. A Contabilidade Social somente trabalha com fluxos.
	c) A moeda é neutra, tratando-se de uma unidade de medida. A sua evolução histórica, assim como as transações financeiras são registradas à parte, no balanço do Sistema Monetário, e serão objeto de estudo no Capítulo 11. 
9.2		DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS FAMILIARES
	Nos Estados Unidos, o Labor Statistics Institute promove e divulga estudos periódicos sobre como as unidades familiares usam seus recursos, que são classificados em despesas e poupança. As despesas são separadas nos seguintes sub itens: alimentos; roupas; casa, habitação; transporte; educação e lazer; enquanto a poupança (abreviada pela letra “s”, de savings em inglês) é a parcela de renda não consumida. O estudo indica como cada família, em média, usa o total de seus recursos. Certamente, trata-se de estudo complexo, pois cada unidade familiar difere em sua renda, e tem suas próprias preferências e hábitos. A porcentagem da renda dedicada ao consumo é denominada de “propensão a consumir”e a porcentagem dedicada à poupança é denominada de “propensão a poupar”.Essa conceituação leva à definição de duas variáveis: a propensão a consumir (PRC) e a propensão a poupar (PRS), onde S representa a poupança, ou savings em inglês.A motivação para aplicar em poupança é muito variada para cada cidadão, podendo haver motivações a curto ou a longo prazo.
	Algumas observações simples podem ser extraídas desses estudos americanos, como, por exemplo, o gasto em alimentos, em porcentagem da renda total, diminui com o aumento da renda, mostrando que os mais pobres se alimentam de uma maneira, e os mais ricos têm outros padrões. Um outro aspecto tem a ver com o volume da poupança, muito mais presente nas famílias com renda mais alta. Cabe notar ainda que a parcela da renda recebida, mas não gasta, formando os “savings”, fazem parte da tradição cultural americana, pois os serviços sociais, pelo menos até as inovações trazidas pela grande depressão de 1929, eram muito limitados, assim como a garantia de emprego, de modo que todos foram educados no sentido de fazer economia durante sua vida ativa, para sobreviver a períodos mais incertos ou períodos de desemprego. A teoria informa que, em períodos sem renda suficiente, os mais pobres usam recursos acumulados anteriormente, ou o apoio familiar. Certamente, para as rendas mais baixas, essas economias podem ser nulas ou mesmo negativas, e aumentam para níveis de renda mais altos. Naquele país, em períodos eleitorais, muitos desejam o retorno a tais sistemas, sob a alegação que eles que reduzem a participação do estado na vida pública. Em todo país europeu também existe uma alta propensão a poupar, mas, possivelmente, movido por outras razões, pois o continente sempre enfrentou guerras e escassez, pelo menos nos séculos passados. Nas Américas, os imigrantes encontraram uma terra de fartura de recursos, de modo que a propensão a poupar sempre foi tipicamente baixa.
No Brasil, um levantamento sobre o uso dos recursos pessoais pode, mas não costuma, ser feito e divulgado. Cabe notar que levantamentos provavelmente muito mais complexos ocorrem regularmente, como é o caso dos índices inflacionários por unidade da federação, e por regiões metropolitanas, e por faixa de renda, que dependem do nível de renda, dos hábitos de consumo e de fatores locais, além da taxa de inflação para distintos níveis de renda, gerando relatórios do tipo: “taxa de inflação para quem ganha até n salários mínimos”, De uma maneira geral, a propensão a economizar no Brasil, para todos os níveis de renda, é tipicamente baixa, forçando o país a contar com poupança externa, seja na forma de empréstimos, seja na forma de investimentos estrangeiros diretos.
	Existe uma relação entre PRC e PRS, qual seja: PRC + PRS = 1. A lógica é direta, qual seja, da renda recebida parte é destinada ao consumo e parte destinada à poupança, sendo a soma de ambos igual a 100% da renda. Cabe notar que a parcela poupada torna-se direta ou indiretamente investimentos para as empresas. Denominando, para simplificar: 
C = consumo; S = poupança; e I = investimento, tem-se que S = I
	Verbalizando, a poupança, S, ou parte da renda não consumida, por diversos caminhos, sejam diretos, em que família torna-se empresária, ou via intermediários, como o sistema financeiro, que empresta tais recursos para empresas, torna-se investimento.
9.3		PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS – O FLUXO CIRCULAR DA RENDA (1)
Neste primeiro caso, vamos considerar uma economia simples, fechada e sem governo. Pode-se imaginar uma figura (a ser mostrada em aula), tendo à esquerda o conjunto das unidades familiares consumidoras e à direita o conjunto das unidades produtoras. De acordo com a figura, as unidades consumidoras compram ao longo de determinado espaço de tempo os produtos oferecidos pelas unidades produtoras, em um arco denominado: DN - Despesas de Consumo de Bens e Serviços, enquanto as unidades produtoras pagam: RN pelo Fornecimento dos Serviços dos Fatores de Produção, subdividido em Salários + Alugueis + Lucro + Juros, ou, simplificadamente, usando símbolos matemáticos, em w+a+l+j (a letra w seriam os salários, do inglês wages. Como consequência, pode-se afirmar que DN = RN. Denominando o produto nacional, PN, ou valor dos milhões de bens e serviços produzidos ao longo de um ano, tem-se as seguintes igualdades, onde PIB vai ser definido logo abaixo:
PN = DN = RN = PIB
Portanto, PN seria calculado pelo somatório dos milhões de itens correspondentes aos produtos e serviços produzidos e vendidos ao longo do ano, em cálculo pouco prático. Assim, a atividade econômica de um país pode ser medida por três formas:
Pelo valor líquido dos bens e serviços produzidos (PN), onde PN vem a ser o Produto Nacional;
Pelo valor do rendimento das famílias (RN), onde RN vem a ser a renda nacional;
Pelo valor gasto ao comprar os produtos finais das firmas (DN), onde DN vem a ser a despesa nacional.
Essas três formas chegam ao mesmo resultado, o PIB, que significa Produto Interno Bruto,correspondente ao termo em inglês GNP, ou Gross National Product, que mede a atividade econômica de um país ao longo de um período, tipicamente um ano. O PIB vem a ser a forma mais comum de se medir o produto de uma economia. Embora PIB seja o medidor unidimensional mais comum da atividade econômica de um país, ele ignora se sua distribuição é socialmente justa, tema discutido no Capítulo 8, onde se introduzem os conceitosalternativos de PIB per capita e de IDH, ou índice de desenvolvimento humano.
O PNB (em inglês GDP ou Gross Domestic Product) é a renda que pertence efetivamente aos nacionais, ou seja, PNB = PIB + renda líquida dos fatores externos ou:
PNB = PIB – renda líquida de propriedades no exterior.
Caso sejam ignoradas as transações com o exterior, então PIB = PNB.
Conceito de Valor Adicionado (VA): 
O produto líquido da economia também costuma ser chamado de valor adicionado total, que seria o próprio PIB, mas deduzidos os bens intermediários que entram nos processos produtivos. Um pequeno exemplo, usando uma cadeia produtiva simplificada: produção de trigo; de farinha; e de pão ilustra o conceito:
Exemplo:		Trigo	 Farinha Pão Valor
Receita de vendas	$100.000 400.000 	1.000.000	1.000.000 (PN=DN)
Compras intermed. (100.000) (400.000)
=Valor adicionado		 100.000 300.000 600.000 	1.000.000 (RN=VA)
Essa cadeia simplificada mostra que sua contribuição para o PIB nacional seria igual ao valor agregado, VA, de $1.000.000 – o produto líquido depois de deduzidos os produtos intermediários que se usam no processo produtivo –, assim como mostram os valores dos fluxos: PN, DN, RN definidos acima. Como esse princípio do Valor Adicionado (VA), que evita duplas contagens, aplica-se a todos os produtos, a expressão anterior do PIB pode ser ampliada para:
		VA = PN = DN = RN = PIB
O tema das importações será discutido ao final deste capítulo, mas convém antecipar que as importações podem ser vendidas como produtos finais, ou como produtos intermediários, um dos quais, talvez o mais expressivo, sendo as cervejas, cujas matérias-primas, exceto a água, são todas importadas.
	Nota: O modelo simplificado (1) pode ser ampliado com a criação de um novo ente, a Formação de Capital, que envolve redução de consumo hoje em favor de aumento da riqueza no futuro. Tanto os indivíduos, como as empresas podem fazer um esforço de ampliar investimentos. Os primeiros mediante redução de consumo e ampliação da poupança, e os segundos mediante restrição aos dividendos, salários, alugueis e juros em favor de investimentos em ativos imobilizados. Usando-se uma expressão vista acima, S = I, pode-se ter um aumento na poupança e gerar aumento no investimento, com consequente ampliação da capacidade futura de produzir. Pode-se definir, então, o multiplicador, que mede o aumento futuro da produção decorrente de um aumento atual da poupança e do investimento, o qual será examinado no Capítulo 10, em particular, na Seção 10.6, denominada “Multiplicador Keynesiano de Investimentos”.
9.4	PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS – O FLUXO CIRCULAR DA RENDA (2)
Neste segundo caso, vamos incluir o Setor Público, o que incorpora a União, os Estados e os Municípios, os quais podem ser mesclados na figura anterior. O Setor Público tem receitas e gastos, que se subtraem ou se adicionamde formas variadas aos fluxos mencionados.
A receita fiscal do governo, derivada de impostos e outros, denominada T, é constituída, em sua maior parte, pelas seguintes parcelas: 
a) Impostos indiretos, que incidem sobre bens e serviços, como vem a ser o caso do ICMS e do IPI; 
b) Impostos diretos, que incidem sobre as pessoas físicas e jurídicas, como o imposto de renda; 
c) Contribuições à previdência social, como os encargos pagos por empregados e empregadores ao INSS, podendo-se acrescentar o FGTS, que consiste, mensalmente; em 8% do salário do empregado, e que vem a ser liberado quando do afastamento do empregado;
d) Outras receitas do governo, caso de taxas, multas, alugueis etc.
Os gastos do governo, denominados G, podem ser principalmente separados em três tipos, sendo que o tipo (a) se subdivide em duas vertentes : 
a) Despesas correntes ou de custeio, como salários, compra de materiais etc. e despesas de capital, como a aquisição de equipamentos, construção de estradas, escolas, hospitais etc.; 
b) Transferências e subsídios, como os pagamentos a aposentados e pensionistas, bolsas de estudo etc. e transferências ao setor privado na forma de subsídios; e 
c) Operação de empresas públicas e sociedades de economia mista, vistas como empresas privadas.
Portanto, os valores que passam pela instituição Governo geram a equação indicativa do saldo entre os recursos captados pelo Governo e suas despesas: T – G.
Com a participação do Governo, as expressões anteriores para DN e para RN, simplificadamente, seriam como abaixo, supondo que G, despesas do Governo, se acrescenta às despesas das famílias, e T, parte da renda nacional, se acrescenta aos rendimentos pagos às famílias:
DN = C + I + G
RN = w + a + l + j + T ou RN = C + S + T
mantendo-se a igualdade: DN = RN = PN = PIB
9.5		PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS – O FLUXO CIRCULAR DA RENDA (3)
Nesse último caso, vamos incluir os conceitos de exportações (X) e importações (M). As primeiras são compras de estrangeiros de nossos bens e serviços, ou seja, os gastos do setor externo com nossas empresas, enquanto M são as nossas compras de bens do exterior, ou seja, parte da renda que é transferida ao exterior.
Para incluir tanto o Governo, como o setor externo, as equações definidas antes, DN e RN, podem ser agora redefinidas em, respectivamente, DIB e RIB (Despesa Interna Bruta e Renda Interna Bruta, respectivamente):
	DN = C + I 		→	DIB = C + I + G + X – M	e
	RN = w+a+j+l		→	RIB = C + S + T
Igualando-se DIB = RIB, anulando-se o termo comum C e trocando M de lado na equação, tem-se:
	I + G + X = S + T + M, que pode ser escrita:
	I = S + (T– G) + (M – X) e interpretada como: “o investimento I é igual à poupança privada, mais o saldo do Governo (T-G), mais o saldo do setor externo (M-X). 
Quanto às exportações e importações, cabe notar que estão envolvidos recursos reais (produtos) e recursos financeiros. Assim, as exportações representam parte de nosso produto real que foi para o exterior, com entrada de divisas, enquanto as importações representam aumentos de nossa capacidade de produção, com saída de divisas, além dos recursos financeiros, que se tornam necessários diante da insuficiência da poupança interna. Com esses conceitos, chega-se à expressão do PIB:
	PIB = C + I + G + X – M
ou	PIB = DIB = RIB
Atividades Produtivas e Atividades do Cotidiano
	Há transações de mercado, que participam do PIB, e transações excluídas. Exemplos: a) pagamentos de transferência, que não alteram nem o produto nem a renda nacionais, não participam do PIB, pois trata-se de transferências do governo; b) as transações financeiras e as transações de bens de segunda mão, como máquinas, carros usados e casas, embora uma reforma de casa entre no PIB, assim como os custos de corretagem; c) a renda de ativos, como a valorização de imóveis ou de ações são ignoradas no PIB, pois não se associam à produção de bens e serviços, mas a renda gerada por esses ativos, na forma de alugueis e dividendos, entram; e d) atividades ilegais, como o contrabando e o tráfico de drogas, mas a chamada “economia invisível, ou economia subterrânea”, como venda sem nota, sonegação de impostos, trabalhadores sem registro, serviços de autônomos sem recibo, participa, embora possa ser de difícil estimação. No caso do Brasil, estima-se que 11% do PIB não seja devidamente oficializada, ou seja, faça parte da economia invisível.
	Por outro lado, há atividades que não aparecem no mercado, mas que devem ser computadas no PIB como: a) pagamentos indeterminados de mercadorias e serviços, como o caso daqueles que têm direito à alimentação e alojamento; b) autoconsumo pelo próprio produtor; e c) imóveis ocupados pelos próprios proprietários devem ter seu preço estimado. Nesse último caso, existe um princípio contábil que exige que os benefícios pagos por uma empresa a seus funcionários (como os dividendos) sejam entendidos como remuneração deles, e não como despesas da empresa.
Comparações internacionais, o conceito de dólar PPP
	O IDH foi discutido noCapítulo 8 e representou uma ampliação do conceito de bem-estar e de riqueza, tradicionalmente restrito ao PIB. O IDH passou a incluir a educação e a saúde, ao lado do PIB. A apuração do IDH das nações trouxe também a distinção entre o valor do dólar e os preços internos a um país, onde PPP significa Paridade do Poder de Compra, ou, em inglês, Purchasing Power Parity. A diferença entre tais valores pode ser pequena, caso a taxa de câmbio seja flutuante, ou pode ser grande em caso contrário. Todo turista sabe que em certos países o custo de vida é baixo, enquanto em outros o custo de vida é elevado, o que, em geral, decorre de políticas cambiais. Em muitos países, a conversão de moedas é fixada periodicamente (isso ocorreu no Brasil ao longo de muitos anos), e em outros a flutuação é contínua e diária, de acordo com as forças do mercado. 
O PIB brasileiro poderia ser calculado como um somatório de quantidades produzidas vezes os preços em dólar, ou o somatório de quantidades produzidas vezes os preços que são praticados no Brasil. Essa última opção vem a ser, exatamente o PPP. Segundo o Banco Mundial, o Brasil, em 2013, tinha um PIB de US$ 2.190 bilhões em dólares correntes, e um PIB de US$ 2.422 bilhões em dólares PPP, colocando-se em 7º lugar em ambas estatísticas entre 187 países.No caso da China, em 2007, ela era a 4ª economia do mundo em dólares correntes e a segunda em termos de dólares PPP (US$3.205,53 bilhões e US$ 7.096,7 bilhões, respectivamente), em razão do baixo valor de sua moeda, mas em 2013 passou a ser a segunda economia em ambas as moedas. A recomendação é que, para estudos internos se use o dólar corrente, e, para estudos comparativos internacionais, se use o dólar PPP. O Capítulo 8 faz considerações sobre o padrão de vida, e as diferenças entre o PIB e o IDH, o primeiro sendo uma proposta mais tradicional e endossada pelos países mais desenvolvidos, enquanto o IDH, proposto em 1990, é uma tentativa que incorpora elementos sociais, desenvolvido por dois economistas, um do Paquistão e outro da Índia, notando-se que um deles (Amarthia Sem, indiano) foi agraciado com o Prêmio Nobel de Economia. Detalhes sobre o IDH (tanto os resultados estatísticos, como sua conceituação) estão extensamente disponíveis no Google, mas, basicamente, a qualidade da saúde é medida pela esperança de vida ao nascer, e a educação é medida por dois fatores: i) média de anos de escolaridade e ii) anos de escolaridade esperada. Por curiosidade, no caso brasileiro a esperança de vida (2013) é de 73,9 anos e de 74,7 (2015); a escolaridade média é de 7,2 anos; a escolaridade esperada é de 15,2 anos e o RIB per capita em dólar PPP é de US$ 14.275 (2013) e de US$ 14.145 (2015), estando o país em 79º lugar, com o IDH = 0,744 entre 189 países, sendo classificado como um país de IDH elevado. Em 2010, o IDH era de 0,72. O progresso do país pode ser considerado notável, mas os demais países também progrediram fortemente nos últimos decênios. Para muitos, baseados em dados estatísticos, o Brasil foi o país que mais se desenvolveu no mundo ao longo do século XX, emergindo de uma região recentemente saída de uma estrutura colonial, ao início do século XX, para um país significativamente respeitado ao final do período.
NOTAS: 
Uma importante extensão do IDH vem a ser o IDHM (Índice de Desenvolvimento Municipal), em que o IDH é calculado para uma cidade, um bairro ou uma comunidade. As escalas são as mesmas, ou seja, IDHM baixo seria inferior a 0,550; IDHM médio entre 0,550 e 0,699; IDHM alto entre 0,700 e 0,799; e IDHM muito alto acima de 0,800.
Por curiosidade, as 10 cidades com maior IDHM no Brasil, em 2013, eram: 1) São Caetano do Sul, 0,862; 2) Águas de São Pedro, 0,854; 3) Florianópolis, 0,847; 4) Balneário Camboriú, 0,845; 5) Vitória, 0,845; 6) Santos, 0,840; 7) Niterói, 0,837; 8) Joaçaba, 0,827; 9) Brasília, 0,824; e 10) Curitiba, 0,823.
A metodologia do IDH funciona como um algoritmo aberto, que pode ser modificado pelo usuário, dependendo unicamente da existência de dados estatísticos, que, no Brasil, costumam ser abundantes e confiáveis. A FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), por exemplo, criou o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Econômico, incluindo diversas outras grandezas e aperfeiçoamentos na medição de indicadores da educação e de saúde, no Rio de Janeiro, e produziu uma classificação dos municípios do Estado. 
Países líderes no IDH têm sido a Noruega, a Suiça e a Austrália, com índices próximos a 1,0. A classificação de todos pode ser consultada no Google.
10.1.		INTRODUÇÃO:
Este capítulo vai estudar as variáveis que determinam o nível de renda nacional e como atuar sobre elas. Serão discutidos que instrumentos de política fiscal são mais adequados para permitir que a economia atinja uma situação de pleno emprego, ou seja, que permitam ao país atingir o seu produto potencial, com economia estabilizada e sem inflação. A partir deste capítulo, o nome de Keynes, que revolucionou as teorias econômicas, será evocado com freqüência.
Trata-se do chamado modelo keynesiano básico, publica publicado em 1936, e que se caracteriza por preocupar-se com políticas de estabilização da economia de curto prazo, principalmente com a questão do desemprego, que era o problema principal nos anos 30, decorrente da grande recessão nos Estados Unidos. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes, então ministro de Finanças da Inglaterra, país também fortemente afetado pela crise de 1929 era o título de sua obra. Por outro lado, o instrumental desenvolvido por esse economista também permite avaliar e propor medidas para as demais questões macroeconômicas, como inflação, distribuição de renda e crescimento econômico, como será visto nos próximos capítulos. Ele se preocupava com o curto prazo e uma de suas famosas frases dizia: “No longo prazo estaremos todos mortos.”
10.2		DA CONTABILIDADE NACIONAL PARA A TEORIA MACROECONÔMICA:
A Contabilidade Nacional (introduzida no Cap 9): mede o produto efetivamente realizado. Trata de relações contábeis ou de identidades; ou análise ex post (feita a posteriori), indicando o que foi que ocorreu, após passar em revista todo o período.
A Teoria Macroeconômica: refere-se ao produto potencial, desejado ou planejado. Trabalha com relações funcionais ou de comportamento, praticando a análise ex ante (antes de ocorrer) ou aquilo que todos desejam fazer, quando examinam a situação no início de um período. Diz respeito às expectativas teóricas, com base nos dados disponíveis.
Embora a contabilidade nacional forneça a base de dados, o referencial estatístico para a análise macroeconômica não se preocupa, por exemplo, em discutir se o produto obtido está abaixo ou acima do produto potencial da economia e que alternativas de política econômica estão disponíveis para levá-lo ao pleno emprego, o que seria tarefa da Macroeconomia.
10.3		MODELO KEYNESIANO BÁSICO (LADO REAL)
A curva de demanda agregada (DA) de bens e serviços é composta pela demanda dos quatro macroagentes econômicos. (consumo, investimento, gastos do governo e mercado externo) 
 DA = Demanda de bens de consumo pelas famílias (C)
 + Demanda de investimento pelas empresas (I)
 + Demanda do governo (G)
 + Demanda líquida do setor externo (X ̶ M)
Ou seja:
 DA= C + I + G + X ̶ M
	Em particular, Keynes entendia que a grande depressão nos Estados Unidos poderia ter sido evitada por um aumento na curva DA.
Por outro lado, existe uma diferença entre a Renda Real e a Renda Nominal, promovida pela variação de preços. No eixo P x Q, a curva de demanda agregada é negativamente inclinada (como na microeconomia), pois, como
 Renda real (ou nacional) = y
 Renda nominal = Y
 Nível de preços = P
a uma dada renda nominal Y, quando o nívelde preços P se eleva, a renda real y se reduz; ou seja, há relação inversa entre P e Y, como pode ser expresso em uma Figura.
Na microeconomia, a relação inversa entre preços e quantidades de um dado bem é facilmente explícada pelos efeito-renda e efeito-substituição. Supondo um aumento do preço, com renda e preços de outros bens constantes, os consumidores perdem poder aquisitivo e consumirão menos do bem (efeito renda); por outro lado, consumirão um bem concorrente, desde que este não tenha tido seu preço aumentado.
No nível agregado, essa relação é mais complexa, já que ocorrem simultaneamente três tipos de efeito: a) o efeito-riqueza; b) o efeito taxa de juros; e c) o efeito taxa de câmbio. Brevemente, o efeito-riqueza real, ou efeito Pigou, envolve o aumento do valor real da riqueza dos consumidores decorrente de uma queda do nível de preços. Em ótica alternativa, a queda da inflação eleva o consumo agregado; b) por outro lado, quando o nível de preços cai é necessário menos dinheiro para comprar os bens e serviços, levando as famílias a aumentarem suas aplicações financeiras, o que tende a provocar a queda da taxa de juros de mercado (o próximo capítulo vai explorar mais o tema). Essa queda da taxa de juros tem efeitos diversos, como o aumento do consumo e diversos efeitos sobre o investimento das empresas. No aspecto (c), sobre o efeito taxa de câmbio, a queda interna de preços estimula as exportações e desestimula as importações, elevando a demanda interna agregada.
CURVA DE OFERTA AGREGADA (OA) DE BENS E SERVIÇOS:
É a quantidade que os produtores desejam vender no mercado, Em uma situação de equilíbrio, a oferta agregada (OA) é igual ao produto real y. 
 		OA = Renda nacional = Produto nacional real = y
Nesse ponto, com forte inspiração em Keynes, é importante diferenciar oferta agregada potencial e oferta agregada efetiva. A OA potencial é a correspondente ao pleno emprego de recursos (produção máxima possível), enquanto a OA efetiva refere-se à produção que está sendo efetivamente colocada no mercado, que pode ocorrer também com recursos abaixo do nível de pleno emprego (com capacidade ociosa e desemprego de mão de obra). Evidentemente, a OA efetiva será igual à OA potencial, quando os fatores de produção estiverem plenamente empregados.
Formato da curva de oferta agregada:
No caso da microeconomia, a curva de oferta tem uma inclinação positiva, e o ponto de equilíbrio consiste na interseção das duas curvas: oferta e demanda. No caso presente da oferta agregada, Keynes vê a curva de oferta agregada (OA) subdividida em três partes, que existem em razão da diferença entre a OA potencial e a OA efetiva. As três partes são:
aumentar a produção física (Q), mantendo preços (P) constantes, se houver desemprego de recursos (trecho Keynesiano - mão de obra desempregada, capacidade ociosa);
aumentar os preços (P) sem aumentar a produção física (Q), se os recursos estiverem plenamente empregados (trecho clássico - pleno emprego de recursos) ;
aumentar tanto P como Q (alguns setores estariam em pleno emprego e outros com desemprego).
Notas: As três maneiras acima podem ser ilustradas por meio de uma figura, que ilustra as três partes ou três regiões. No caso (1) existe um desemprego de recursos (mão de obra ou capacidade ociosa). Segundo a teoria clássica, esse desemprego seria causado, em grande parte, pelo que pode ser denominado de rigidez de salários nominais, pois, pela ação dos sindicatos, estes salários seriam rígidos para baixo, encarecendo o custo da mão de obra e reduzindo a demanda por trabalhadores. No caso (2) a economia estaria em seu limite produtivo, que tem maiores dificuldades em ser alterada, pois depende de políticas de longo prazo, enquanto a demanda (DA) seria mais maleável e sensível ao curto prazo. Desse modo, em ambos os casos (1) e (2), a curva de demanda (DA) ficaria abaixo da oferta agregada (OA) de pleno emprego. Para a economia sair da situação de desemprego, a política econômica deve procurar elevar a DA até o ponto de pleno emprego. O caso (3) é de mais complexa análise, mas seria um caso intermediário.
	Em outros termos, enquanto a interseção entre DA e OA ocorrer na região (1) em que há desemprego de recursos, a expansão da DA para a direita tem o saudável efeito de aumentar a produção com aumento do uso dos recursos, reduzindo o desemprego. Se a interseção ocorrer na região (2) tem-se o aumento de preços, sem aumento de quantidades.
10.4		HIPÓTESES SOBRE O COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS CONSUMO (C), POUPANÇA (S), INVESTIMENTO (I), IMPOSTOS (T), GASTOS DO GOVERNO (G), EXPORTAÇÕES (X) e IMPORTAÇÕES (M)
O objetivo nesta parte é determinar relações funcionais entre variáveis econômicas, em nível agregado, e analisar como se pode atuar sobre elas, aplicando os instrumentos de política econômica. Essas relações funcionais devem ser previsíveis e relativamente estáveis e regulares, podendo inclusive ser calculadas econometricamente. 
FUNÇÃO CONSUMO:
Uma das principais contribuições de Keynes for estabelecer que o consumo agregado é uma função crescente no nível de renda nacional (y).
C = f(y)
A propensão marginal a consumir (PMgC) é o acréscimo de consumo, dado um acréscimo na renda nacional, definido abaixo, notando-se que: 0 < PMgC < 1, indicando que, dado um certo aumento de renda, as pessoas reservam certa parcela para poupança, de forma que o aumento de consumo é sempre menor que o aumento de renda, em termos agregados.
Um outro conceito próximo é a propensão média a consumir (PMeC), ou o nível de consumo sobre o nível de renda. 
	Para lidar com o caso particular y = 0, pode-se supor duas coisas: a) entender que tal situação somente pode ocorrer no consumo individual, como discutido no início do Cap. 9, enquanto que, no consumo agregado, essa situação não ocorre, ou b) admitir que a função de consumo seria uma reta, do tipo: C = a + by, onde a seria o intercepto, ou o consumo mínimo para y = 0, enquanto que b seria a PMgC.
	
FUNÇÃO POUPANÇA 
Como vimos em Contabilidade Nacional (Cap. 9), a Poupança S é a parcela da renda nacional não consumida, em dado período de tempo.
 S = y ̶ C
	Ao supor que a função consumo seja uma reta: C = a + by, a poupança seria: S = y ̶ (a + by), tem-se que S = ̶ a + (1 ̶ b)y, onde (1 ̶ b) seria a propensão marginal a poupar. Duas relações podem ser, simplesmente, derivadas: PMgS + PMgC = 1 e PMeS + PMeC = 1, ou seja, tanto a propensão marginal a poupar e a consumir somam 1, como também as propensões médias a poupar e a consumir somam 1. Essas relações valem para uma função qualquer de consumo, mas também para a função linear de consumo.
FUNÇÃO INVESTIMENTO 
	Essa função desempenha um papel fundamental não somente no curto prazo, como nos modelos de desenvolvimento econômico, que se relacionam especialmente com o longo prazo. Na teoria econômica, o investimento tem um papel duplo, a saber: a) o investimento como elemento da demanda agregada, onde ele desempenha um papel de curto prazo, onde se gasta com instalações, equipamentos etc. e b) o investimento como elemento da oferta agregada, onde ele desempenha um papel no longo prazo, ao gastar em aumentos da capacidade produtiva, mediante aumentos na disponibilidade de recursos, avanços tecnológicos etc. No caso brasileiro, como notado antes, os investimentos decorrem da poupança das famílias, mas também da poupança internacional, na forma de empréstimos internacionais ou na forma de investimentos diretos trazidos por firmas multinacionais.
FUNÇÃO GASTOS DO GOVERNO / FUNÇÃO IMPOSTOS / FUNÇÃO EXPORTAÇÃO / FUNÇÃO IMPORTAÇÃO
	Suponha, por simplificação, que tais funções sejam tomadas como constantes, ou seja, como valores independentes da renda y. Desse modo, tem-se a demanda agregada (DA) completa no modelo keynesiano, como abaixo, expressão na qual somente o consumo C é função da renda, enquanto as demais grandezas seriam constantes. Cabe notar, no contexto brasileiro, que a função“gastos do governo” sempre foi usada para estimular a demanda, ou ampliar os investimentos, com consequências sobre a inflação, e a função exportação/importação sempre teve baixa relevância, pois o país, por muitos anos, era fechado, situação que foi alterada em anos recentes.
DA = C + I + G + X – M
 
10.5		EQUILÍBRIO AGREGATIVO DE CURTO PRAZO NO MODELO KEYNESIANO BÁSICO
	No modelo keynesiano básico, o equilíbrio seria um ponto em que produtores e consumidores estariam satisfeitos, não se observando pressões para se alterar este ponto. As seguintes observações seriam apropriadas:
a renda de equilíbrio é aquela em que OA = DA, ou seja, oferta agregada = demanda agregada e não a renda de pleno emprego, ou seja, a economia pode estar em equilíbrio entre OA e DA, mas com recursos desempregados;
decorre da observação acima (a) que o equilíbrio não indica necessariamente algo desejável. Na verdade, o ideal é o equilíbrio com pleno emprego de recursos;
trata-se de um equilíbrio esperado, ou ex ante, e não o equilíbrio efetivo observado, ex post.
Desse modo, o equilíbrio pode ser calculado de duas formas: 
igualando-se a oferta e a demanda de bens e serviços: OA = DA, a qual, como ressaltado acima, não exige pleno emprego. O equilíbrio tem várias soluções, bastando resolver a equação abaixo, que tem infinitas soluções, onde y = OA:
y = C + I + G + X – M 
igualando-se vazamentos e injeções de recursos, definidos abaixo. Cabe notar que, na ausência de poupança, o crescimento seria nulo (I = 0), mantendo-se constante a renda nacional.
Vazamentos e Injeções
Vazamentos (Vaz): é todo recurso que é retirado do fluxo básico, ou seja, toda a renda recebida pelas famílias, que não é dirigida às empresas nacionais na compra de bens de consumo, como: poupança, impostos e importações, ou seja: 
Vaz = S + T + M;
Injeções (Inj): é todo recurso que é injetado no fluxo básico e que não é originado da venda de bens de consumo às famílias, como: novos investimentos, gastos públicos e exportações, ou seja: 
Inj = I + G + X
		O equilíbrio vai levar a que: Vaz = Inj.
10.6	MULTIPLICADOR KEYNESIANO DE INVESTIMENTOS
		A definição do multiplicador de investimentos indica o efeito que um aumento nos investimentos I, (dI), provoca na renda y, (dy), de acordo com a expressão abaixo. Cabe notar que o conceito de multiplicador aplica-se a qualquer item da demanda agregada, C, I, T, G, X ou M:
		O mecanismo multiplicador funciona da seguinte forma. Suponha um acréscimo de $100 na despesa nacional decorrente de algum aumento de gastos. Supondo que exista capacidade produtiva adicional, haverá um aumento de produção de $100, os quais vão se transformar em outros $100 na renda nacional. Com isso, as famílias receberão uma renda adicional de $100 e, supondo que PMgC = 0,75, elas gastarão 75% dela e pouparão 25%. O consumo adicional de $75 significará um estímulo que alimentará o ciclo e gerará 0,75 x 75 = $56,25 no próximo ciclo. Com isso, tem-se uma sequência (100; 56; 42; 31; 23; ...), que equivale a uma progressão geométrica ilimitada cujo primeiro termo é 100 e a razão 0,75. A sua soma será:
Assim, o gasto inicial foi multiplicado por 4, valor este chamado de multiplicador de gastos. Esse valor corresponde ao inverso da propensão marginal a poupar: 1/0,25.
Portanto, pode-se examinar as seguintes hipóteses: a) o processo é iniciado por uma variação autônoma da DA, para algum de seus elementos (C, I, T, G, X, M), ou seja, devido a um vazamento ou injeção do fluxo de renda; b) o funcionamento do multiplicador supõe economia em desemprego; c) se a economia estiver em pleno emprego, um aumento da DA apenas provocará mais inflação, e não crescimento de renda, sem crescimento efetivo da renda real; d) supõe-se o lado monetário invariável (a ser visto no Cap. 11); e e) o significado do multiplicador também funciona simetricamente ao contrário, ou seja, a um decréscimo dos gastos a demanda cai segundo o mesmo multiplicador.
CAP 11.		O LADO MONETÁRIO DA ECONOMIA
7.1.			A MOEDA̶ INTRODUÇÃO
Como se sabe, a moeda é um instrumento de troca que simplifica e viabiliza os processos comerciais. Com o passar dos tempos, a moeda foi tomando novas formas e novos objetivos. A seguir, apresentamos um breve histórico dessa evolução:
No mundo primitivo, o processo usado era denominado de escambo, ou permuta direta de mercadorias sem a participação de uma moeda. Segundo tal processo, quem desejasse trocar laranjas por bananas deveria negociar a equivalência com o parceiro. Caso, em comum acordo, uma laranja valesse duas bananas, a negociação estava definida. Com a evolução industrial, o processo de troca tornou-se mais complexo, pois os produtos diferiam muito em sua elaboração, em particular a quantidade de trabalho envolvido em sua produção, além de variarem muito mais em valor e de mais difícil comercialização, como, por exemplo, encontrar, um interessado em trocar o mobiliário residencial por algumas dúzias de frutas. 
A inadequação do sistema de escambo evoluiu para outras formas, com a criação da moeda. A história das moedas pode ser consultada no Google, mas ela é imprecisa e seu nascimento é certamente muito antigo, porém incerto, mas sua evolução é de simples compreensão. No início, as moedas eram cunhadas em metais preciosos, como ouro ou prata, de modo que, ao trocar um bem por moedas, estaria o vendedor recebendo em moeda o equivalente ao valor do bem vendido. A moeda tinha, entretanto, um conjunto de impropriedades, destacando-se duas: i) era difícil para quem recebia a moeda avaliar a sua legitimidade, ou seja, se ela possuía em metal precioso o valor declarado; e ii) a moeda era sujeita a fraudes, como ela podia ser limada de modo a extrair-se dela parte de seu valor em metal. Para reduzir tal tipo de furto, as moedas passaram a ter suas bordas dentadas, prática que perdura até hoje, muito embora elas, há muito, tenham deixado de possuir valor intrínseco;
Com o advento dos países nacionais, a moeda passou a ser fiduciária, ou seja, seu valor ultrapassa em muito o seu custo, mas é garantido pelo estado nacional, e sua aceitação e circulação são obrigatórias, embora, certamente, alguns países tenham grande credibilidade e outros baixa.
Modernamente, ao lado dos bancos centrais (BC), foi passado aos bancos comerciais o poder de criar moeda, especialmente mediante os empréstimos, que serão discutidos na próxima seção. Mas, ao lado da criação de moedas mediante empréstimos, os bancos legitimam a criação de moeda mediante os seguintes mecanismos: i) o cartão de crédito, que é um empréstimo cujo limite é pré-aprovado; ii) os empréstimos automáticos, chamados de cheques especiais, com determinado limite, mas com duração definida pelo cliente; iii) a criação informal de moeda, chamada de cheques pré-datados, criados pelos entes comerciais interessados; e iv) os empréstimos bancários, a serem discutidos a seguir.
11.2.	 GERAÇÃO DE MOEDAS PELO SISTEMA BANCÁRIO
Suponha que um banco receba um depósito de $ 1.000. Suponha, a seguir, que, lastreado por tal depósito, esse banco empreste 80% desse valor, ou seja: $ 800, valor este que acaba caindo na conta deste ou de algum outro banco. Suponha que este ou o novo banco empreste igualmente 80% desse valor, ou seja 0,80 x 800 = $ 640, os quais cairão nas contas de algum banco, o qual se sentirá à vontade para emprestar 80% de tal valor, ou seja, 0,80 x 640 = $ 512. Prosseguindo dessa maneira, aqueles $ 1.000 iniciais transformam-se em $ 5.000, de acordo com uma progressão geométrica infinita de razão 0,8, ou seja, $1.000 recebidos se transformaram em $ 5.000 emprestados, que se tornam novos depósitos, formando uma progressão geométrica decrescente de razão 0,8, que vem a ser a fração livre de depósitos, ou:
	
	1.000/(1 ̶ 0,8) = 1.000/ 0,2 = $ 5.000
Para reduzir esse poder multiplicador, os Bancos Centrais (BC), que são entidades federais que regulam os bancos comerciais, exigem que cada banco tenha uma reserva obrigatória ou compulsória,por exemplo, de 20%, que ficam sob a guarda do BC. Segundo estudos técnicos, 2% seria o mínimo necessário, mas 20% seria um valor capaz de inibir a criação indiscriminada de recursos. 
	Exemplo 1: Suponha no exemplo numérico acima que a reserva obrigatória fosse de α = 10%. Qual a possível geração de empréstimos bancários?
Exemplo 2: Seja o mesmo exemplo acima,, mas com α = 40%. Qual a possível geração de empréstimos?
	As reservas efetivas são apuradas pelo Banco Central a cada final de dia, e caso o banco comercial esteja com reservas inferiores, ele se vê obrigado a contrair créditos suplementares, seja com o próprio BC, a taxas um pouco mais elevadas, seja com outros bancos que estejam com relativa folga de caixa. Nesse último caso, o banco socorrido paga a taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
	Cabe registrar que, em 2016, sobre depósitos a prazo (outra modalidade de aplicação financeira) a taxa de desconto, de acordo com a reserva obrigatória é menor, por exemplo:β = 11 %, pois tais depósitos têm menor liquidez, decorrente de um prazo de maturação maior, enquanto que os depósitos de poupança, por razões semelhantes, têm um compulsório menor, 5,5%.
11.3.			VOLUME DE MOEDAS
As seguintes definições sobre a quantidade de moedas em circulação são usadas, o mais popular sendo: M1 = PP + DV, ou seja, a moeda em poder do público (PP), mais o saldo dos depósitos a vista (DV), portanto, o total de moeda que não rende juros e é de liquidez imediata. Dependendo do caso, outras definições são usadas, como definidas a seguir, onde M1 representam aplicações sem juros, e as demais envolvem juros.
M1= Moeda em poder do público + depósitos a vista nos bancos comerciais;
M2 = M1 + depósitos de poupança + depósitos a prazo, letras cambiais, hipotecárias e imobiliárias;
M3 = M2 + fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos federais;
M4= M3 + títulos públicos federais;
B = PP + R = base monetária, ou o total de moeda com o público mais as reservas dos bancos comerciais.
	Em processos inflacionários, a relação entre M1 e outros meios de pagamentos costuma diminuir, pois a melhor política para a pessoa física é aplicar os recursos em títulos que ofereçam algum retorno. Segundo dados do BC, em 2014 os meios de pagamentos no Brasil estavam assim distribuídos: a) Papel moeda em poder do público: PP = R$ 177.352 milhões; b) Depósitos a vista DV = R$ 173.022 milhões; c) M1 = R$ 350.374 milhões; d) Depósitos de poupança e títulos privados = R$ 1.788.850 milhões; e) M2 = R$ 2.139.224; f) Fundos de renda fixa e operações compromissadas com títulos federais = R$ 2.170.587 milhões; g) M3 = R$ 4.309.811 milhões; h) Títulos públicos federais = R$ 707.957 milhões; i) M4 = R$ 5.017.768 milhões; e j) R$ 45.000 milhões.
		CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA
Os porcentuais dos compulsórios são alterados de acordo com a política vigente. Certamente, se a taxa do compulsório baixa os bancos podem emprestar mais, o que aumenta a liquidez do sistema. Quando o total M1 aumenta, diz-se que há criação de moeda, e, se M1 diminui, diz-se que há destruição de moeda. Sejam dois exemplos de criação de moeda: i) exportadores trocam dólares por reais; e ii) empréstimos de bancos comerciais ao setor público; e três exemplos de destruição de moeda: i) BC vende dólares a importadores; ii) resgate de um empréstimo bancário; e iii) aplicações em poupança, depósitos a prazo ou títulos federais. Um outro mecanismo misto vem a ser as operações de mercado aberto, onde o BC compra (criando moeda) ou vende títulos (destruindo moeda) no mercado de capitais. 
		PAPEL DO BC
	O objetivo do BC vem a ser a regulação da moeda e do crédito,de modo a manter a inflação sob controle. Parte de suas funções é exercida pelo Banco do Brasil. As principais funções do BC são as seguintes:
Banco emissor: detendo o monopólio das emissões de moeda e deve colocar em circulação o volume de notas necessárias;
Banco dos bancos: controlando o sistema bancário, definindo as reservas bancárias obrigatórias e zelando pela saúde financeira dos bancos;
Banco do governo, que recebe os recursos dos impostos, faz os seus pagamentos e negocia os títulos públicos;
Banco das reservas internacionais, administrando o câmbio e as reservas de divisas internacionais do país, atualmente na faixa de US$ 390 bilhões.
11.4.		A DEMANDA POR MOEDA
Tecnicamente, existem três motivos para demandar moeda, como listados abaixo, sendo os dois primeiros listados na teoria clássica, enquanto que o terceiro motivo foi incluído por Keynes:
Motivo transação;
Motivo precaução;
Motivo especulação,.
O motivo transação decorre das necessidades do dia a dia, pois o usual é receber uma vez ao mês, ou semanalmente, enquanto que as despesas ocorrem de modo contínuo. Certamente, a necessidade de moeda depende no nível de renda, pois quando a renda aumenta também aumentam os gastos e os saldos mantidos. Em termos matemáticos, pode-se afirmar que a quantidade média de moeda demandada pelas transações, MdT, mantém certa proporcionalidade coma renda monetária anual, Y, sendo kT a razão de proporcionalidade:
		MdT = kT Y
Exemplificando: se MdT = $ 60.000 e Y = $ 1.440.000, então kT = 60.000/1.440.000 = 1/24, ou seja, a comunidade requer como moeda 1/24 avos da renda nacional, para atender as suas transações diárias. Por outro lado, Y é a renda monetária, que varia segundo o nível geral de preços, P, e a renda real y. Levando em conta tais fatores, a expressão anterior pode ser escrita:
		MdT/P = kT y
O motivo precaução se deve às incertezas advindas de datas de recebimento e pagamento, assim como dos montantes envolvidos. Com isso, a moeda mantida pelo motivo precaução depende do nível de renda e uma expressão análoga pode ser escrita, sendo Mdp é a quantidade de moeda mantida pelo motivo precaução e kp a constante de proporcionalidade:
		Mdp = kp Y = kpPy
Keynes, entretanto, sugeriu um novo motivo, denominado de motivo especulação, que consiste em acumular moeda, especialmente quando o nível de juros se encontra muito baixo, diante da expectativa de haver oportunidades de aplicação de recursos. 
Assim, Keynes imaginou que as pessoas demandam moedas nâo apenas para satisfazer as demandas correntes, mas também para especular com títulos, imóveis etc. Para quem retém a moeda, a taxa de juros representa o rendimento que esse indivíduo teria caso comprasse algum bem ou aplicasse a juros seus recursos. Portanto, a taxa de juros representa o custo de oportunidade de reter moeda. Certamente, quanto maior a taxa de juros, maior a aplicação em bens e menor a retenção de moeda em poder do público,
	MdE = f(i), sendo < 0.
Portanto, a quantidade de moeda demandada pelo motivo especulação diminui, caso a taxa de juros aumente, enquanto que a quantidade de moeda exigida pelas transações aumenta com o aumento da renda nominal, Y ou o aumento da renda real, y.
11.5.		EFEITOS DA POLÍTICA MONETÁRIA
Cabe agora examinar como a política monetária afeta o nível de renda e preços, em particular a política expansionista, com aumento na oferta de moeda, M. Na teoria tradicional, chamada de clássica por Keynes, supondo que a economia esteja com seus recursos plenamente empregados, o aumento de M provocará um aumento no nível geral de preços. Caso a economia esteja com recursos desempregados, é possível que a expansão monetária estimule a produção agregada, sem aumentar preços.
	Para Keynes, a relação entre oferta monetária e os níveis de renda depende da taxa de juros, variável que liga o lado real ao lado monetário da economia, dado que a demanda por investimento varia com a taxa de juros e o investimento é uma função inversa da taxa de juros, ou seja, ao aumentar a taxa, o investimento se reduz: 
I = f(i), sendo < 0
Para Keynes, há dois aspectos a serem considerados:
Com mais moeda, fica mais fácil financiar investimentos, dado que o excesso de moeda provoca queda na taxa de juros; e
A demanda por investimentosé um dos elementos da demanda agregada, DA. Assim, havendo desemprego, a renda real tende a aumentar, mas, se houver pleno emprego, haveria tendência inflacionária
Keines define ainda a armadilha da liquidez, que decorre de juros muito baixos, e que a expansão monetária seria toda retida para fins especulativos, com a expectativa de que os juros deveriam aumentar no futuro próximo.
11.6.		A IMPORTÂNCIA DA TAXA DE JUROS
A taxa de juros tem um papel importante, como todos sabem, sendo balizada pela taxa SELIC. Uma outra taxa importante vem a ser a taxa de redesconto para empréstimos ao setor bancário. Assim, quando muda a taxa de juros, todos os mercados da economia são afetados. Em particular, uma alta na taxa de juros promove diversos efeitos:
Aumento no custo de oportunidade de estocar mercadorias. Cabe lembrar que antes da criação dos atuais mecanismos monetários, os agentes econômicos tratavam de investir em produtos elaborados ou semi elaborados, como forma de investimentos financeiros; mas hoje os mecanismos são estritamente financeiros;
Incentiva o ingresso de recursos financeiros de outros países. Cabe notar que isso tem sido usado no Brasil, como forma de compensar os baixos níveis internos de poupança, e de ter acesso à moeda internacional, o dólar;
Costuma ser visto, tradicionalmente, como importante instrumento anti-inflacionário, seja pelo encarecimento do crédito, seja para estimular as aplicações financeiras. Cabe notar que no Brasil, esse mecanismo tem sido extensamente usado pelos economistas;
Desestimula o investimento produtivo, estimulando aplicações no mercado financeiro;
Aumenta o custo da dívida pública.

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