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1 A TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL DAS ONGs NO BRASIL: UM PROCESSO DE ISOMORFISMO COM AS ONGs DO NORTE Cristina Amélia Pereira de Carvalho (UFAL) RESUMO Este trabalho discute a questão das transformações organizacionais ocorridas nas Organizações Não Governamentais no Brasil, em particular na Região Nordeste. Sugere que as Organizações Não Governamentais do Norte, isto é, as que estão localizadas nos países centrais, são fontes importantes e determinantes de influência para estas mudanças. Este trabalho considera, ademais, que essas organizações, situadas no seu ambiente específico que é o Terceiro Setor, por suas características particulares, exigem uma aproximação analítica própria e, nesse sentido, propõe a utilização de uma perspectiva de análise capaz de perceber sua especificidade. Para alcançar esses objetivos, utiliza a abordagem institucional em sua linha sociológica e seus principais conceitos, que atribuem prioridade às variáveis culturais e simbólicas para, sob uma perspectiva que respeite as especificidades das ONGs, verificar a ocorrência de movimentos isomórficos e tentar associar as suas origens às organizações líderes neste ambiente específico. Nos últimos tempos as Organizações Não Governamentais no Brasil parecem estar passando por um processo acelerado de mudanças e de adequações estruturais e processuais, numa caráter evolutivo que nos permite hipotetizar sobre a enorme influência das Organizações Não Governamentais do Norte, isto é, as que estão localizadas nos países centrais como fontes importantes e determinantes de influência para estas mudanças. Considera-se que as organizações do Terceiro Setor, por suas características particulares, exigem uma aproximação analítica específica e, nesse sentido, propõe-se uma perspectiva de análise capaz de perceber sua especificidade. Para alcançar esses objetivos, utiliza a abordagem institucional em sua linha sociológica (Richard Scott, Paul DiMaggio, Soren Christensen, John Meyer e William Powell) e seus principais conceitos, que atribuem prioridade às variáveis culturais e simbólicas. A esse movimento de “influência” põe-se o nome de “movimentos isomórficos”, utilizando um dos elementos básicos da construção do modelo institucional: o isomorfismo. O que se pretende é estabelecer alguma correlação entre os modelos de gestão, as características estruturais e as estratégias de controle de algumas ONGs européias e as mesmas variáveis aplicadas a ONGs brasileiras e, desse modo, pode permitir algumas considerações sobre a influência cultural, política, social e econômica das organizações do Terceiro Setor dos países desenvolvidos em suas ações em organizações semelhantes em países da América latina. A expansão, nos países desenvolvidos ou nas chamadas democracias ocidentais, do fenômeno do associativismo e dos novos movimentos sociais relacionados com o pacifismo, a defesa dos direitos, a ecologia, o feminismo e a assistência a grupos marginalizados, são chaves para a defesa dos valores culturais contra-hegemónicos e alternativos, contrapostos ao Estado, ao mercado e ao capital, ao poder e à acumulação. A multiplicação das ONGs, estruturas cristalizadas desses movimentos, além de despertar o interesse do Estado que percebe o papel destacado dessas entidades na execução de algumas políticas públicas (DiMaggio e Anheier, 1990), sensibiliza a academia para a necessidade de criar um corpo teórico capaz de interpretar e analisar as especificidades do setor. Por meio da análise cultural das organizações, revelou-se o significado simbólico de uma grande parte das ações quotidianas. A ação organizada vê-se configurada pelos valores e os esquemas de significado compartilhados no interior dos diferentes grupos. Os mitos, alimentados pela cultura organizacional, as crenças, os rituais e os heróis, perfilam-se como as representações simbólicas dessa cultura. Na bibliografia especializada, as estruturas de organizações que, por suas características específicas sejam muito sensíveis a seus ambientes 2 institucionais, parecem refletir, em alto grau, os valores de seus ambientes institucionais em vez das demandas técnicas de suas atividades de trabalho. Esta verificação remete-nos à hipótese principal sobre a influência do processo de estruturação das organizações pertencentes ao Terceiro Setor europeu, nas organizações de mesmo tipo do setor brasileiro. O caráter reivindicativo da sua ação marca a identidade da maioria das ONGs européias que evidenciam, nos seus comportamentos organizacionais, valores contra- hegemônicos característicos dos novos movimentos sociais (Badelt, 1990). Estes conformam o que denominamos de ambiente alternativo. É neste espaço que se conserva, ainda, a capacidade de resistência do setor não governamental à sua progressiva institucionalização, fenômeno que marca a atual etapa da vida das ONGs. O contexto institucional, que emerge de um painel sobre o Terceiro Setor, mantém a força de valores considerados universais como a solidariedade, o voluntariado e a cooperação. No entanto, constata-se o deslocamento de alguns parâmetros em direção a modelos de estruturação e de gestão do trabalho caracterizados pela complexidade e a formalização de processos organizacionais, a dependência de instituições do seu ambiente e a submissão a critérios de eficiência técnica. Estas mudanças profundas que já se verificaram nas ONGs européias, parecem agora ser responsáveis por alterações significativas na configuração das ONGs brasileiras. Ao adotar a perspectiva institucional, que abandona a concepção de um ambiente formado exclusivamente por recursos humanos, materiais e económicos para destacar a presença de elementos culturais – valores, símbolos, mitos, sistema de crenças e programas profissionais, passa-se a aceitar que a concorrência por recursos e clientes entre as organizações deixa espaço à concorrência para alcançar legitimidade institucional e aceitação do ambiente. Este ambiente, sob nossa hipótese, está mais além dos limites de um país e, no caso das ONGs do Brasil, está também composto pelas ONGs financiadoras e mais fortemente estruturadas do Norte e pelos organismos governamentais nacionais e supranacionais. A questão da homogeneidade das estruturas e ações das organizações tem sido um tema de crescente interesse para a literatura especializada que, para abordar este problema, utiliza freqüentemente, como uma busca de legitimidade, os princípios institucionais que compreendem a similitude, o isomorfismo. AS ORGANIZAÇÕES VISTAS PELO PRISMA DA TEORIA INSTITUCIONAL O campo da análise organizacional sofreu fortes mudanças nas últimas duas décadas em razão da crise paradigma estrutural-funcionalista. Onde até então só existia “estrutura” e “função” como elementos fundantes das interpretações sociológicas, agora “cultura”, “estratégia”, “ambiente”, “ecologia” ou “instituição” emprestam significados inovadores para a análise das organizações. Na crescente complexidade da sociedade dos anos 70 e 80, o ambiente se apresenta como uma variável de peso para a explicação do binómio interativo organização/ambiente. Na sociedade organizacional, observar uma organização sob uma perspectiva fechada é realizar uma intervenção cirúrgica na realidade social com consequências graves para a qualidade da análise. A abordagem institucional traz nesse ponto, uma valiosa contribuição ao enriquecimento da compreensão do ambiente das organizações e de sua exploração como elemento fundamental na construção da análise. Meyer, Rowan, Scott, DiMaggio, Powell e outros institucionalistas, oferecem para o debate, o ponto de que são fundamentais, “ademais das questão técnicas e financeiras, a influência dos fatores sociais e culturais enquanto 3 elementos do ambiente institucional no funcionamentoorganizacional” (Scott, 1992:26). A perspectiva institucional abandona a concepção de um ambiente formado exclusivamente por recursos humanos, materiais e econômicos para destacar a presença de elementos culturais – valores, símbolos, mitos, sistema de crenças e programas profissionais. Desse modo, não é somente a ênfase no ambiente a principal contribuição da abordagem institucional mas, principalmente, de trazer para o primeiro plano da interpretação questões como a legitimidade e o isomorfismo, considerando-os fatores vitais para sua sobrevivência. Assim, sugere-se, como o fizeram Powell e DiMaggio (1991), aperfeiçoar modelos alternativos às teorias racionais de contingência técnica ou de escolha estratégica, que estejam mais próximas da realidade das organizações modernas, localizadas numa sociedade complexa e plural. Ao usar a expressão “binómio interativo organização/ambiente” pressupõe-se um quadro de interação complexa entre organizações e contextos em permanente movimento dinâmico, longe portanto de configurar uma relação determinista e inequívoca (Carvalho, Vieira e Lopes, 1999). Entretanto, sob este prisma, o mercado não é mais a única ou a prevalecente “realidade social”. Sob o enfoque institucional ele perde a primazia de ser motor da racionalização e da burocratização. O Estado, cujas funções reguladoras organizam a vida coletiva na sociedade, legitima certas práticas como as regulamentações e normativas das profissões. Deste modo, na perspectiva institucional a concorrência para alcançar legitimidade institucional e aceitação do ambiente supera a concorrência por recursos e clientes entre as organizações. Rodríguez (1991) defende que, na perspectiva institucional, o foco está apontado para o sistema legal, para o conjunto das normas profissionais e para o papel que desempenha o Estado para criar mecanismos de legitimação desses instrumentos. Subentende-se uma concepção da realidade organizacional como uma formação ativa que modela e é modelada constantemente pela dinâmica social. Os estudos sobre o ambiente e as relações organização-ambiente dividiram-se, por um lado, entre as defesas da importância das pressões exercidas pelo ambiente sobre as organizações e a comprovação da ação das organizações sobre seus ambientes, por exemplo nos estudos sobre as multinacionais. Até então, os ambientes eram exclusivamente provedores de recursos, palcos de disputa de preços e fonte inesgotável de busca de mais e melhores recursos materiais, capital e tecnologia. Esta dimensão fundamentalmente objetiva não é retirada pela perspectiva institucional que reconhece sua importância numa sociedade cujo vértice norteador é a eficiência do sistema mas, propõe a inclusão de elementos simbólicos na formação dos ambientes organizacionais (Scott, 1992). Surgem novos elementos de análise: os valores, os rituais organizacionais, os mitos, os heróis, os símbolos, que pretendem explicar questões como a necessidade de legitimidade e o reconhecimento social que pertencem às esquecidas dimensões simbólicas das organizações. A nova concepção de ambiente, o ambiente institucional, amplia e enriquece para a vertente simbólica, o que se compreende como ambiente técnico. Enquanto este exerce controle sobre os produtos gerados pelas organizações, aquele é caracterizado “pela elaboração de normas e exigências a que as organizações se devem conformar se querem obter apoio e legitimidade do ambiente” (Scott, 1992:157). Assim, o ambiente, enquanto variável analítica, evoluiu de um enfoque generalista para um enfoque simbólico, saindo de formulações que o identificavam como “ambiente tarefa” (Thompson, 1980) ou exclusivamente fonte de recursos. Estas concepções não são dicotômicas mas incompletas, ao deixar de lado aspectos influentes do ambiente (Carvalho, Vieira e Lopes, 1999). A eficiência, a produção de bens e serviços para o mercado e a concorrência são elementos que compõem a racionalidade própria de um ambiente técnico, onde o principal 4 objetivo das organizações é realizar sua produção no mercado; a legitimidade, a aceitação social e a credibilidade junto à sociedade, são elementos que constróem a racionalidade de uma organização subordinada a um ambiente institucional, onde aparecem aspectos de dependência, poder e políticas mas onde prevalecem entendimentos e normas compartilhados entre as organizações. É esta compreensão do ambiente institucional que permitirá entender a operacionalização do conceito de isomorfismo. A LEGITIMIDADE ASSUME O PAPEL DA EFICIÊNCIA COMO ELEMENTO CENTRAL DA ANÁLISE É a estrutura formal das organizações que suporta a possibilidade desses agrupamentos sociais realizarem suas missões no mercado. A sociedade se complexizou e as complexas redes de transações e relações que se criam no mundo do trabalho geram necessidades de coordenação e controle. Para as principais teorias organizacionais, a estrutura formal racionalizada das organizações é o instrumento mais efetivo para atingir esses objetivos. A globalização e a mundialização da economia são fatores importantes no aumento da complexidade da sociedade que, a este aumento, responde com mais racionalidade instrumental das estruturas formais das organizações que a vertebram. Para Meyer e Rowan (1992) as teorias predominantes concedem muita importância às questões relacionadas ao exercício da coordenação e do controle, deixando talvez num segundo plano, o conceito weberiano de legitimidade das estruturas formais racionalizadas. A legitimidade da estrutura formal das organizações não é ponto pacífico na análise institucional. Nas sociedades modernas as estruturas formais racionalizadas assumem tanto um caracter passivo como também ativo na configuração da realidade social. Os elementos que compõem essas estruturas são, para a perspectiva institucional, manifestações de poderosas normas institucionais, como o sistema educativo, as leis, o status das profissões, etc., que funcionam, em muitas ocasiões, como mitos institucionalizados (Scott, 1987). A legitimidade que aparece, na literatura especializada, fortemente relacionada com o grau de apoio cultural que obtém a organização, pode, no entanto, representar conceitos variados em razão das diferentes aproximações à própria perspectiva institucional (Scott, 1995). O estabelecimento e a adoção dos requisitos legais, a legitimidade organizacional enquanto base moral prioritária para obter legitimidade e, a adoção de um marco de referência comum da situação vivida por parte dos atores, são três das formas de entender e usar a noção de busca de legitimidade por parte das organizações no seu ambiente institucional. ISOMORFISMO: UM MECANISMO CHAVE NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO Sob a perspectiva institucional supõe-se que as organizações são influenciadas por pressões normativas do Estado e de outros organismos reguladores para tentarem adaptar suas estruturas e suas ações às expectativas do contexto. Portanto, sob pressão desse contexto, as organizações buscam adaptar suas estruturas e procedimentos às expectativas criadas e às quais ela se sente vulnerável. Contextos locais, nacionais ou internacionais, líderes por diferentes razões em seus respectivos ambientes, logram ditar as normas, os procedimentos, as formas de ação organizacional legitimadas e aceites pela sociedade. As organizações que, por questões de dependência estrutural (as filiais em relação às empresas matrizes), de incapacidade tecnológica (por não terem conseguido criar soluções inovadoras para as demandas existentes) ou por necessidade de adaptação a normativas (de órgãos financiadores por exemplo), buscam adaptar suas estruturas da forma mais viável, isto é, reproduzindo procedimentos já aplicados em outras organizações. 5 Mecanismos coercitivos, miméticos ou normativosconduzem o processo de isomorfismo nas organizações. Os mecanismos coercitivos ocorrem quando uma organização é forçada a adotar as medidas que sejam adequadas à política e objetivos de outra. Os mecanismos miméticos produzem-se quando uma organização, adota os procedimentos e práticas desenvolvidos e já testados em outras organizações que pertencem a seu ambiente específico. Os mecanismos normativos referem-se às formas comuns de interpretação e de ação frente aos problemas que surgem no quotidiano organizacional. O ato de compartilhar normas e conhecimentos profissionais (adquiridos no sistema de ensino e em particular nas universidades, veículos privilegiados dos conjuntos de normas, regulamentos e práticas comuns a uma profissão) resulta na adoção de procedimentos de pressão isomórficos, de caráter normativo. Ao desenvolverem uma ação isomórfica em relação às ações previamente adotados por organizações líderes no seu ambiente específico, as organizações buscam a autodefesa frente a problemas para os quais não podem, ou não sabem, construir soluções próprias; assim desenvolvem condutas semelhantes posto que “a similitude facilita as transações interorganizacionais ao favorecer seu funcionamento por meio da incorporação de regras socialmente aceitas” (Machado-da-Silva e Fonseca, 1993:44). Assim, com base nesta forma de interpretação, passa-se a compreender a vida organizacional como um permanente ajuste das organizações às pressões de legitimidade institucional do seu ambiente transferidos pelos costumes e as normas aceitas coletivamente. A opção entre as exigências da racionalidade técnica e a eficiência por um lado, e a desejada legitimidade institucional por outro, constitui uma fonte de conflito nas organizações. Em alguns momentos, a atividade organizacional baseada na necessária ação cerimonial e ritual que se realiza para sua legitimidade institucional vai contra as rígidas medidas de eficiência técnica. Dita situação pode provocar uma relação conflituosa entre a eficiência e a legitimidade. OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS E SUAS ORGANIZAÇÕES NAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS No interior da sociedade civil das democracias ocidentais, dos também chamados países centrais, surgiram novas formas de auto-organização dos cidadãos demonstrando capacidade de ação, de mobilização de recursos e de produção simbólica. A crise de legitimação e de aprovação das formas de representação e de participação política tradicional nos partidos e nos sindicatos, foram um dos elementos que desencadearam este fenômeno. Os novos movimentos sociais que nasceram deste modelo passam a incorporar elementos inovadores nos mecanismos de participação cidadã. Não se exigem estreitos vínculos de adesão, as relações hierárquicas rígidas flexibilizam-se e a identidade ideológica é suavizada. Nesses países, a participação política e o exercício da cidadania em termos coletivos evoluiu, grosso modo, desde atividades caritativas estreitamente ligadas à Igreja, traduzindo o “desejo de ajudar” e sendo “fermento de doutrinação” (Mora Rosado, 1996) seguindo-se a construção de um movimento associativo laico, buscando suas raízes socioculturais e delineando sua ações pelos caminhos da reivindicação. Os voluntários passam de “caridosos ajudantes” para militantes de causas sociais. O desenvolvimento acelerado do Terceiro Setor e do mundo organizacional sem fins lucrativos desloca a questão da participação voluntária da sua dimensão residual para um elemento central no enfrentamento dos problemas sociais das sociedades européias. É o período da explosão do voluntariado que amplia não somente o número de pessoas envolvidas como as esferas de alcance do voluntariado : esportivo, ecológico, cultural , educacional, etc.. Observa-se uma mudança conceptual em direção a uma valorização positiva do voluntariado. 6 Mas os anos mais recentes foram testemunhas de uma nova etapa na evolução do movimento de voluntariado e de suas organizações (Carvalho, 1997). Mais do que caracterizada pela estabilização assinala a institucionalização progressiva do setor como sua característica predominante. Nasceram estruturas formais de articulação do setor que propuseram as primeiras diretrizes políticas para uma ação coordenada e planejada mas, em contrapartida, assiste-se à expansão do fenômeno das subvenções públicas em todos os campos de ação das organizações não governamentais e a aceleração da regulamentação do setor. As tensões e contradições entre o caráter reivindicativo dos anos setenta e o atual caráter de “prestação de serviços” (Blanco Puga, 1996), entre a anterior independência dos poderes públicos e a atual dependência dos recursos das administrações públicas, entre a informalidade da ação e a subordinação a normas mais estritas e, por fim, entre a exclusiva participação voluntária e a atual profissionalização nas organizações voluntárias, são eixos condutores desse processo de institucionalização. Nas origens do capitalismo industrial o crescimento econômico era o problema central e o conflito entre as classes sociais a questão política crucial para as quais, partidos políticos e sindicatos constituíam as estruturas mais capazes de oferecer resposta a esses problemas. Mas estas classificações já não refletem adequadamente as oposições em torno a questões novas (Inglehart, 1992) com as que são colocadas pelo movimento de mulheres, o movimento ambientalista ou a luta contra o uso da energia nuclear. Ao priorizarem os aspectos não econômicos da qualidade de vida, os novos movimentos sociais das democracias ocidentais transformaram-se nos representantes idôneos dessas inquietações pós-materialistas. O caráter “cultural” ou “alternativo”, e por tanto menos ideologizado dos novos movimentos sociais, é freqüentemente assinalado como uma característica fundamental cuja conseqüência é, segundo Mezzana (1994), a adesão a valores pós-materialistas, o deslocamento do eixo do conflito da relação capital/trabalho para outros e a produção de novos códigos culturais. Estas transformações reforçam a preferência que, segundo Rodríguez (1994:37) é dada a “lógicas mais autônomas de dinâmica social e formas menos instrumentalizadas de práticas políticas” que, nos países centrais, parecem indicar os motivos da inclinação das novas gerações para os Novos Movimentos Sociais. Evolução do perfil dos movimentos sociais nas democracias ocidentais Características Movimentos sociais tradicionais Novos movimentos sociais Base Social Classe operária Classe media Formas Organizacionais Burocrática/hierárquica Flexível/ em rede Idéias Básicas Ideológicas Culturais Valores Materiais Pós-materialistas Conflito Capital/trabalho Generalizado/múltiplos interesses Visão Radical Pluralista Fonte: elaboração própria Por outro lado, estas novas formas de aglutinação da participação cidadã, deslocam a visão de mundo desde uma perspectiva radical que pressupunha uma proposta de 7 transformação global da sociedade, para uma percepção pluralista que acompanha a diversidade de interesses específicos dos indivíduos que compõem esta sociedade plural e aberta às especificidades. Eles preservam um corpo de valores que os empurra a lutar por mudanças sociais mais significativas. Esse conjunto de valores característicos dos Novos Movimentos Sociais, formam o que temos vindo a chamar de ambiente alternativo, no qual as organizações do Terceiro Setor buscam preservar sua identidade. Mas há também que considerar as inovações nas formas organizacionais que passaram de uma organização de tipo burocrática hierarquizada – como as que apresentam os sindicatos operários por exemplo – a uma configuração em rede e flexível (Dalton et al, 1992) mais em harmonia com as tendências participativas dos membros das organizações de novo tipo.As necessidades organizacionais de planejamento e coordenação relacionadas com a diversificação de suas atividades (Blanco Puga, 1996), o crescimento da organização e as exigências dos projetos que agora desenvolve em regime de co-financiamento com os organismos públicos estão exigindo progressivamente profissionais e técnicos qualificados, preparados para cumprir as tarefas específicas e dedicados à organização a tempo completo. Em França a partir dos anos que sucederam o período áureo da descolonização a que se seguiu a imigração massiva de mão-de-obra desocupada das ex-colônias, em Espanha, a partir dos anos 80 que representam a democratização do país e o inicio da prosperidade e, em Portugal, principalmente a partir dos anos 90 com a inserção completa no cenário europeu, ocorrem os principais fatores responsáveis pelas mudanças que se verificam nos movimentos sociais e nas organizações que os conformam. Entre esses elementos de mudança estão as políticas de financiamento, as novas formas de gestão e coordenação, a profissionalização do trabalho e as novas pautas de relação com os poderes públicos. São promulgadas novas regulamentações para normatizar e controlar a explosão de atividades do Terceiro Setor, formulam-se políticas fiscais para facilitar sua sobrevivência financeira num primeiro instante, e para controlar seu volume crescente de recursos num segundo momento. Entretanto esse conjunto de leis e de modelos de enquadramento refletem as diferenças históricas, e os contextos políticos e culturais de cada país e por essa razão são geradores de setores da sociedade civil diferenciados. Denominações como Économie sociale em França, Voluntary sector na Grã Bretanha, Gemeinnutzige organisationen na Alemanha e Nonprofit sector nos Estados Unidos refletem essas diferenças políticas, econômicas, legais e culturais desde as quais os países enfrentam sua sociedade civil organizada. A tradição legal de cada país é relevante para explicar a diferença do Terceiro Setor em cada país (Kramer, 1990). Segundo DiMaggio e Anheier (1990), para países ancorados na tradição romana, a missão professada pela organização é um fato muito mais significativo que a limitação imposta à distribuição de benefícios; o contrario ocorre em países fundados no direito consuetudinário. Na mesma perspectiva, DiMaggio e Anheier (1990) sustentam que as orientações políticas do setor não lucrativo refletem os regimes reguladores sob os quais operam. Para os primeiros, o termo “setor voluntário” estaria mais adequado a suas tradições e referências legais, enquanto para os segundos estaria mais ajustada a denominação de “setor não lucrativo”. As tradições estatistas em França e a compreensão da democracia como a busca do consenso em países como a Holanda, a Austria e a Bélgica, são razões e causas para essas variações. Às tradições legais/jurídicas e as regulamentações nacionais em termos fiscais e políticos devem acrescentar-se, por seu papel determinante, as diferenças que são fruto de valores e tradições religiosas distintas em cada país e que determinam, em boa medida, as diferenças de tamanho e forma das entidades sem fins lucrativos. 8 Nas democracias ocidentais o surgimento de toda essa gama diversificada de organizações reunidas sob a heterogeneidade do Terceiro Setor é assignado à sua capacidade de ser 1) um contraponto à ineficiência do Estado, na função de prestador de serviços a cidadãos cada vez mais exigentes e insatisfeitos com o desempenho do Estado de Bem Estar; 2) por razões ideológicas como elementos motivadores da ação coletiva e; 3) por oferecer vantagens comparativas na eficiência e qualidade dos serviços em comparação ao realizado pelo serviço público (James, 1990; Hansmann, 1986, 1987; Badelt, 1990). No primeiro caso, as atividades desenvolvidas pelas organizações sem fins lucrativos representam “nichos de mercado” (Badelt, 1990) frente à ineficiência pública, em particular no que diz respeito ao amparo a grupos sociais marginalizados ou mais indefesos frente à competitiva sociedade contemporânea. No segundo caso, a ação desenvolvida busca fundamentalmente transmitir os valores da organização à sociedade. Esses valores concretizam-se na missão da organização, nos seus objetivos oficiais mas também nos objetivos operativos (Perrow, 1983) que se manifestam em suas práticas e estratégias de ação (Carvalho, 1993). No terceiro caso, ao legitimar a qualidade dos serviços oferecidos pela inexistência de fins de lucro, a atividade da organização converte-se numa garantia aos olhos de seus potenciais clientes e doadores. O mecanismo de co-financiamento (o financiamento de atividades, projetos e programas das ONGs, compartilhados com os organismos públicos) compromete os governos a destinar uma quota cada vez maior dos fundos públicos para a cooperação internacional, as ações ambientalistas e todos os campos de trabalho desenvolvidos pelas ONGs ao mesmo tempo em que aumenta significativamente a dependência dessas organizações em relação a esses mesmos fundos para levar a cabo suas ações. Quatro enfoques do financiamento das ONGs na Europa ENFOQUE INICIATIVA DE ... TAREFA DA ONG TIPO DE FINANCIAMENTO “Programa” A ONG Executar seu próprio programa Co-financiamento (ONG & governo) “Projeto” A ONG Executar seus próprios projetos depois da aprovação do governo Co-financiamento (ONG & governo) “Balcão” A ONG e o governo Executar seus projetos no marco governamental Co-financiamento ou financiamento pelo governo “Quasi-ong” O governo Executar projetos estabelecidos pelo governo (atuar como sub- contratado) Financiamento total pelo governo Fonte: a partir de Bossuyt e Develtere (1995) Ao originar uma estrutura fixa de material e pessoal remunerado fixo, as ONGs viram crescer a necessidade de manter uma regularidade na arrecadação de recursos e nos próprios processo de trabalho. O investimento massivo em publicidade e divulgação que cresce a cada dia (Carvalho, 1997), é uma manifestação clara da importância que tem, para essas 9 organizações, a construção de sua imagem para o grande público, e já parece ser uma conseqüência dessas mudanças. O alargamento do ambiente direto das organizações não governamentais por meio da multiplicação de parceiros e financiadores, gera uma formalização organizacional que as organizações do Terceiro Setor encaram divididas. Se por um lado uma parte manifesta o medo de que a passagem para a formalização possa trazer o perigo da burocratização, da centralização, do descompromisso e da perda de radicalismo (Offe, 1992), outra parte defende uma transformação gradual em direção a uma atividade política “normal” e institucionalizada. Este foi o caso, por exemplo, do Partido verde na Alemanha que, ao amoldar-se aos mecanismos institucionalizados de participação e representação política (representação parlamentar) criou a impressão de estar gerando oportunidades incomparavelmente superiores à de qualquer outra forma imaginável de atividade política. O TERCEIRO SETOR E SUAS ORGANIZAÇÕES NO BRASIL A crise de financiamento que vive hoje o Brasil, em que o Estado não consegue viabilizar as políticas públicas sociais e o próprio crescimento do país, ajuda a reforçar a idéia do potencial que cada vez mais está sendo transferido para as organizações do Terceiro Setor como entidades parceiras do Estado, na atenção às demandas sociais crescentes. Entre as estratégias para enfrentar este cenário está a transformação do “estado executor” em um “estado gestor” inovador nas relações com a sociedade organizada, dinamizador das iniciativas de auto organização da população e articulador dos agentes sociais. Este Estado, de feições novas, procura ser o interlocutor preferencial da sociedade organizada em múltiplasinstituições e o grande incentivador a que os indivíduos busquem, autonomamente e de forma criativa, as soluções para os problemas da comunidade. É assim que, atualmente, em muitas cidades do Nordeste do Brasil, as organizações situadas no contexto do Terceiro Setor tentam demonstrar serem agentes mais eficazes para pôr em prática as políticas sociais. Para isso, lutam para que essas políticas sejam determinadas em consenso com os organismos públicos, numa pressão para que a gestão pública seja entendida como uma ação política de longo prazo e não uma administração do dia-a-dia. As organizações não governamentais variam entre si pela sua origem histórica, pela área em que atuam, pela população específica a que atendem ou pela diversidade de suas fontes de financiamento, mas hoje todas coincidem1 em que têm que gerir eficientemente seus recursos humanos, materiais e financeiros para conseguir atingir os objetivos para os quais foram criadas. A visão romântica da organização baseada na igualdade, na ausência de hierarquia e autoridade está cedendo progressivamente lugar às exigências de competência, produtividade e eficiência no universo dessas organizações. A perda da ingenuidade e a adesão a valores antes exclusivos das empresas comerciais, pode ser percebido no crescente uso de pessoal remunerado e profissionais qualificado. Se por um lado isto representa uma tendência à adoção da lógica empresarial e uma maior capacidade de alcance dos objetivos, por outro pode indicar um debilitamento do caráter alternativo e contestador das organizações da sociedade civil, como já aconteceu, em diferentes momentos do passado, nos países centrais. A necessidade de serem rentáveis, produtivas e eficientes para poderem competir na captação dos recursos dos financiadores privados e das administrações públicas, está obrigando as organizações não governamentais a iniciar o caminho da profissionalização, como se pode perceber, preliminarmente, pelas características das ONGs situadas no Estado de Alagoas e Pernambuco. 10 Sujeitas de modo crescente às exigências dos financiadores, as ONGs começam a funcionar nos moldes das empresas lucrativas o que as leva, inelutavelmente, a ter que contar com um quadro fixo de profissionais especializados e remunerados para poder ver elaborados e aprovados os projetos de onde sairão os recursos para manter a sua estrutura gerencial permanente. Com a crise de financiamento do Estado brasileiro, organismos não governamentais internacionais são hoje importantes agentes de financiamento das ONGs brasileiras. Entretanto, para estas, bastante pressionadas pelo seu público (seus próprios financiadores) que quer ter informações precisas sobre o uso de suas doações, exige cada vez mais de suas contrapartes no Sul (as ONGs dos países receptores de recursos internacionais) o cumprimento de normas estritas de controle de suas atividades. O aumento de participantes também exige um aperfeiçoamento dos mecanismos de cobrança das quotizações, de controle das tarefas, de coordenação e planejamento das atividades de voluntários, profissionais remunerados, contribuintes e associados. O aumento dos custos fixos – que se verifica pelo aumento espetacular dos recursos que movimentam as ONGs, ao ponto de despertar o Ministério Público para a necessidade de criar mecanismos de controle desses fundos – e a burocratização – que é percebida ao se constatar a adoção de técnicas tradicionais de gestão tais como a maior divisão do trabalho e das tarefas, uma estrutura hierárquica mais concentrada, uso de planejamento estratégico e maior complexidade e formalização dos processos gerenciais, de mecanismos de centralização das decisões – das organizações do Terceiro Setor representam o perigo deste caminho de eficiência e produtividade dos últimos tempos. O incremento do financiamento com recursos públicos, que se apresenta como alternativa à drástica diminuição dos aportes financeiros internacionais, está produzindo um conjunto variado de fontes de financiamento com normas próprias e diferenciadas que exigem, para que as organizações possam pleitear seu uso e para sua adequada gestão, profissionais especializados – contratados em caráter permanente ou em regime de prestação de serviços – capazes de manejar um sistema contábil/financeiro que conduza ao abandono do caráter amador da gestão financeira das ONGs. No Brasil, as ONGs vêem-se entre o dilema de introduzir a racionalidade instrumental no seu modo de atuar, a burocracia como modelo de gestão, critérios de competência, indicadores de desempenho e de resultados, controle sobre metas para poderem pleitear recursos tanto do Estado brasileiro como dos organismos internacionais sem, contudo, perder a chama da criatividade e sua capacidade de sobrepôr os valores humanísticos aos interesses externos. Os financiadores internacionais antes tão flexíveis, e atualmente os organismos públicos brasileiros, exigem instrumentos de controle – registros contábeis, contrapartida financeira da ONG, relatório de atividades, retorno de investimento e auditorias – mais rígidos. Atualmente, no Brasil e em particular no Nordeste, região de imensas carências sociais, assiste-se ao fortalecimento do Terceiro Setor e à multiplicação de suas organizações. Com a revisão do tamanho e papel do estado, este campo da sociedade ganha novos poderes. Amplia-se seu campo de atuação e, de uma função secundária passa a ser protagonista na execução de parte significativa das ações públicas antes de domínio exclusivo do aparelho estatal. Este processo de crescimento e de fortalecimento do setor está agora acompanhado por um enquadramento jurídico mais adequado, cuja deficiência é geradora de conflitos no campo fiscal, trabalhista, contábil e de auditoria. A exemplo do que aconteceu também antes em muitos dos países centrais, a legislação específica brasileira manteve-se cristalizada num aparato legal que já não reflete o setor que ela pretende regular. Não está claro nesse corpo legal o que vem a ser, efetivamente, o Terceiro Setor e como se identificam as organizações a 11 ele pertencentes. O esforço que está sendo desenvolvido agora para aparelhar o setor desses instrumentos legais adequados parece ter duas origens: a necessidade do aparato estatal brasileiro controlar algo que está assumindo grandes proporções e, a urgência das ONGs estarem enquadradas num marco legal capaz de as apoiar na busca de mecanismos mais modernos de parcerias. Ainda pouco desenvolvida, a legislação brasileira para as organizações do Terceiro Setor não favorece as doações privadas nem as isenções fiscais, uma questão que, em outros países onde o Terceiro Setor é mais dinâmico, é considerada uma importante colaboração do Estado com a prestação de serviços que este realiza. Ademais, essa legislação, ao tempo em que ainda não criou mecanismos transparentes para controlar o bom desempenho dessas organizações e assim contribuir para o fortalecimento das mais eficazes, construiu inúmeros entraves burocráticos que apenas beneficiam aquelas que conseguem manter uma rede de contatos nos meandros da burocracia estatal e, desse modo, resolver problemas como a obrigatoriedade de ter advogado para obter registro em cartório ou conseguir o título de utilidade pública. É no sentido de desbloquear esses entraves legais que hoje a administração pública está caminhando. Ainda é cedo para traçarmos conclusões precisas sobre o grau de influência que as ONGs do Norte – tanto aquelas que se dedicam à solidariedade internacional como as que trabalham no campo da preservação ambiental – e os organismos internacionais – seja de âmbito nacional como o governo de um país, ou de âmbito supranacional como a União Européia – exercem sobre as organizações não governamentais do Brasil mas, todos os indicativos levama delinear o seguinte panorama: numa ponta da cadeia está a população européia que, vivendo nos Estados de Bem Estar Social e tendo seus problemas básicos resolvidos, pode agora e, cada vez mais, dedicar-se a ser solidária com os demais mas, além disso, exige hoje uma solidariedade e participação responsável, isto é, quer acompanhar os resultados de seu esforço de doação. Na outra ponta dessa cadeia estão as ONGs do Sul, onde se encontra o Brasil como receptor de recursos internacionais, que desenvolvem esforços para estarem aptas a auferirem os recursos disponíveis e cada vez mais ligados a resultados. Entre essas duas pontas do “novelo” está um contexto institucionalizado onde valores como solidariedade, cooperação e voluntariado entre outros, ainda são norteadores da ação e estabelecem padrões de legitimidade para as organizações que atuam no Terceiro Setor. NOTAS 1 As informações relativas às Organizações Não Governamentais no Nordeste do Brasil estão atualmente sendo trabalhadas no bojo de uma investigação, não concluída, patrocinada pelo CNPq e o SEBRAE e ainda não se encontram disponíveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BADELT, C. “Institutional Choice and the Nonprofit Sector”, em ANHEIER, H. K. , W. SEIBEL (Eds.) The Third sector: comparative studies of nonprofit organizations. Berlin- New York: Walter de Gruyter, 1990. BLANCO PUGA, M. 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