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00942-2008-109-03-00-2-RO Recorrente: ARLETE MARIA DE SOUZA Recorridos : TNL CONTAX S/A (1) TELEMAR NORTE LESTE S/A (2) EMENTA: SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL, INTEGRATIVA OU RETICULAR - OU SIMPLESMENTE SUBORDINAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. A subordinação como um dos elementos fático-jurídicos da relação empregatícia é, simultaneamente, um estado e uma relação. Subordinação é a sujeição, é a dependência que alguém se encontra frente a outrem. Estar subordinado é dizer que uma pessoa física se encontra sob ordens, que podem ser explícitas ou implícitas, rígidas ou maleáveis, constantes ou esporádicas, em ato ou em potência. Na sociedade pós-moderna, vale dizer, na sociedade info-info (expressão do grande Chiarelli), baseada na informação e na informática, a subordinação não é mais a mesma de tempos atrás. Do plano subjetivo - corpo a corpo ou boca/ouvido- típica do taylorismo/fordismo, ela passou para a esfera objetiva, projetada e derramada sobre o núcleo empresarial. A empresa moderna livrou-se da sua represa; nem tanto das suas presas. Mudaram-se os métodos, não a sujeição, que trespassa o próprio trabalho, nem tanto no seu modo de fazer, mas no seu resultado. O controle deixou de ser realizado diretamente por ela ou por prepostos. Passou a ser exercido pelas suas sombras; pelas suas sobras – em células de produção. A subordinação objetiva aproxima-se muito da não eventualidade: não importa a expressão temporal nem a exteriorização dos comandos. No fundo e em essência, o que vale mesmo é a inserção objetiva do trabalhador no núcleo, no foco, na essência da atividade empresarial. Nesse aspecto, diria até que para a identificação da subordinação se agregou uma novidade: núcleo produtivo, isto é, atividade matricial da empresa, que Godinho denominou de subordinação estrutural. A empresa moderna, por assim dizer, se subdivide em atividades centrais e periféricas. Nisso ela copia a própria sociedade pós-moderna, de quem é, simultaneamente, mãe e filha. Nesta virada de século, tudo tem um núcleo e uma periferia: cidadãos que estão no núcleo e que estão na periferia. Cidadãos incluídos e excluídos. Quarta Turma | Publicacao: 13/12/2008 Relator: LOLR| Revisor: JBC 00942-2008-109-03-00-2-RO Trabalhadores contratados diretamente e terceirizados. Sob essa ótica de inserção objetiva, que se me afigura alargante (não alarmante), eis que amplia o conceito clássico da subordinação, o alimpamento dos pressupostos do contrato de emprego torna fácil a identificação do tipo justrabalhista. Com ou sem as marcas, as marchas e as manchas do comando tradicional, os trabalhadores inseridos na estrutura nuclear de produção são empregados. Na zona grise, em meio ao fogo jurídico, que cerca os casos limítrofes, esse critério permite uma interpretação teleológica desaguadora na configuração do vínculo empregatício. Entendimento contrário, data venia, permite que a empresa deixe de atender a sua função social, passando, em algumas situações, a ser uma empresa fantasma – atinge seus objetivos sem empregados. Da mesma forma que o tempo não apaga as características da não eventualidade; a ausência de comandos não esconde a dependência, ou, se se quiser, a subordinação, que, modernamente, face à empresa flexível, adquire, paralelamente, cada dia mais, os contornos mistos da clássica dependência econômica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário, interposto de decisão proferida pelo Juízo da 30 ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte em que figura como Recorrente ARLETE MARIA DE SOUZA e, como Recorridos, TNL CONTAX S/A e TELEMAR NORTE LESTE S/A. RELATÓRIO O Juízo da 30ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, através da sentença proferida pela Exma. Juíza MARIA STELA ÁLVARES DA SILVA CAMPOS, às fls. 377/82, julgou IMPROCEDENTES os pedidos formulados por ARLETE MARIA DE SOUZA em face de TNL CONTAX S/A e TELEMAR NORTE LESTE S/A. Inconformada, recorreu a Reclamante às fls. 386/97, pugnando pelo reconhecimento da relação de emprego diretamente com a 2ª Reclamada, Telemar Norte Leste S/A, pela terceirização de atividade-fim desta e, como corolário, o deferimento dos direitos previstos nos ACTs firmados entre a Telemar e o SINTTEL/MG, com responsabilidade solidária da 1ª Reclamada, em face da existência de grupo econômico; pelo deferimento do labor em dias de repouso semanal remunerado, demonstrados por amostragem; pela concessão da indenização por danos morais, em virtude da restrição ao uso do banheiro e pelo estímulo à competição e a exposição pública das avaliações de desempenho dos empregador, comprovados os fatos pela prova oral; pelo 00942-2008-109-03-00-2-RO deferimento das horas extras e reflexos, pois ofendida a NR-17, item 5.3, no que tange ao labor todos os dias em 15 minutos além da jornada de trabalho. Contra-razões da 1ª Reclamada às fls. 403/10 e da 2ª Reclamada às fls. 413/26. Dispensada a manifestação da d. Procuradoria Regional do Trabalho, conforme artigo 44 da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho. É o relatório. VOTO Proceda-se à retificação na capa dos autos para fazer constar como única Recorrente ARLETE MARIA DE SOUZA (decisão de fl. 164 e sentença, fl. 379, “Fundamentos”, tendo sido determinado o desmembramento do processo, permanecendo no pólo ativo da lide apenas a 1 ª Reclamante). JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Conheço do recurso, eis que preenchidos os pressupostos de admissibilidade. JUÍZO DE MÉRITO VÍNCULO COM A TELEMAR – RESPONSABILIDADE DAS RECLAMADAS A Reclamante pugna pelo reconhecimento da relação de emprego diretamente com a 2ª Reclamada, Telemar Norte Leste S/A, em face da terceirização de atividade-fim desta e, como corolário, o deferimento dos direitos previstos nos ACTs firmados entre a Telemar e o SINTTEL/MG, com responsabilidade solidária da 1ª Reclamada, presente a hipótese de grupo econômico. Com razão, em parte, data venia. Esta Turma pacificou o entendimento no sentido de que as Reclamadas, por fazerem parte, incontestavelmente, de um mesmo grupo econômico, devem responder solidariamente por eventuais direitos trabalhistas devidos à Reclamante, por força do art. 2o, parágrafo 2o, da CLT. E tal se evidencia pela própria similitude das nomenclaturas das Reclamadas (TNL=Telemar Norte Leste). Sob outro prisma, também é de 00942-2008-109-03-00-2-RO conhecimento desta Turma, em julgamento de processos contra as mesmas Reclamadas, que estas pertencem a mesma holding company, havendo nítida relação de coordenação entre ambas. Conforme entendimento da melhor doutrina e jurisprudência, admite-se, hoje, a existência do grupo econômico independente do controle e fiscalização por uma empresa-líder. É o chamado "grupo econômico por coordenação", conceito obtido pela evolução da interpretação meramente literal do art. 2o., parágrafo 2o., da CLT. Neste caso, as empresas atuam horizontalmente, estando em mesmo plano, todas participando do mesmo empreendimento. Russomano considera irrelevante a distinção entre as duas situações, referindo-se àquela em que há uma controladora ou líder, pois em ambas permanece o conceito de grupo econômico e, o que é mais importante, a co-responsabilidade trabalhista se justifica, pelos mesmos fundamentos (Comentários à CLT, Rio, Konfino, 1973, Vol.I, p.77). Tal interpretação,doutrinária e jurisprudencial, se coaduna com o objetivo tutelar do Direito do Trabalho. Está este ramo do Direito atento à realidade fática e à proteção aos créditos trabalhistas, de caráter alimentar, que não podem ficar à mercê da celeuma travada sobre de quem é a responsabilidade e da mera interpretação literal do dispositivo de lei, que deve sofrer adaptação à realidade conjuntural e econômica da sociedade na qual se insere. Destarte, comprovado que a Telemar está umbilicalmente ligada à TNL Contax por meio de “holding”, resta clara a responsabilidade de ambas pela contratação da Reclamante. Mas a prova dos autos vai mais além: na realidade, a Reclamante foi contratada pela 1a Reclamada, TNL CONTAX, para exercer atividades de vendas de linhas telefônicas da Telemar. A testemunha GABRIELA MARA DOS SANTOS RIBEIRO, ouvida às fls. 128/29, confirmou que “trabalhou na primeira reclamada por 2 anos e 5 meses, de 21/09/2005 a 13/02/2008, na função de operador de telemarketing, mesma função da reclamante; não fazia parte da mesma equipe da reclamante; seu último supervisor foi o Sr. André, e coordenadora Sra. Ana Maria; trabalhava a distância de umas 3 células da reclamante, sendo cada célula composta por duas fileiras cada uma com 11 lugares (...) tanto ela quanto a reclamante vendiam linhas telefônicas da Telemar, vendia exclusivamente linhas telefônicas (...)” Destarte, cinge-se a controvérsia em se saber se a contratação da Autora pela 1ª Reclamada foi juridicamente válida. Sustentam as Reclamadas que as 00942-2008-109-03-00-2-RO atividades exercidas pela Obreira não estavam ligadas à atividade-fim da Telemar. Ocorre que as atividades ligadas ao setor do “call center”, tele-atendimento, aí incluídas as vendas de linhas telefônicas, estão, data venia, estreitamente ligadas à atividade-fim da segunda demandada, que presta serviços na área de telecomunicações. Assim, a terceirização somente serviu à finalidade de diminuir custos da 2a Reclamada em detrimento da remuneração dos empregados. Outrossim, constata-se que a 2ª Reclamada terceirizou a atividade-fim, diretamente relacionada à essência da dinâmica empresarial, aproveitando-se da mão-de-obra mais barata. Impõe-se, portanto, a declaração de ilicitude da terceirização e sua nulidade, com fundamento no artigo 9o. da CLT, reconhecido o vínculo de emprego diretamente com a 2a Reclamada. É ilegal, nos termos da Súmula n. 331, I, do Colendo TST, a contratação de empregado por empresa interposta, tendo por objeto serviços essenciais à atividade-fim da empresa tomadora, com esta, no caso, formando-se diretamente o vínculo empregatício. Entendo, aliás, que a fraude denunciada nos presentes casos autoriza a responsabilidade solidária de ambas as Reclamadas, por força do já citado art. 2o., parágrafo 2o., da CLT, tendo em vista o benefício comum dos serviços da Autora, prestados nos moldes dos artigos 2o e 3o da CLT, pressupostos, estes, configurados nos autos pela ausência de prova em contrário, encargo processual das Reclamadas e do qual não se desincumbiram (artigo 818 da CLT c/c 333, II, CPC). Embora a Reclamante confirme que se submetia ao controle e fiscalização do supervisor da 1ª Reclamada, certo é que o seu trabalho se revertia em prol da Telemar, beneficiária direta dos préstimos laborais da Obreira em atividades relacionadas ao seu fim. Também em face do que dispõe o art. 942 do CCB, deve a segunda Reclamada responder solidariamente pelos direitos aqui reconhecidos. Ademais, com base na lição do i. Jurista Ísis de Almeida, abaixo transcrita, entendo inaplicável no Direito do Trabalho o disposto no artigo 265 do CCB: A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. “É que tal disposição se refere a obrigações civis, e, no nosso caso, há obrigações trabalhistas, originadas muito mais em preceitos de ordem pública do que na vontade das partes” (Curso de Legislação do Trabalho, 4a. edição, São Paulo - Sugestão Literárias S/A, 1981, pág. 86). 00942-2008-109-03-00-2-RO A terceirização, como fenômeno emergente nos dias atuais e tendência do presente século nas relações de trabalho e serviços, desperta a curiosidade dos doutrinadores e juristas, pela crescente expansão. José Augusto Rodrigues Pinto, em Curso de Direito Individual do Trabalho. 3ª Ed. São Paulo, LTr, 1997, páginas 142/45, excele que: "na medida do crescimento da empresa e da complexidade dos empreendimentos, torna-se visivelmente racional que, em lugar de expandir sua atividade em direção a áreas estranhas às quais não alimenta nenhum interesse direto, sejam confiadas essas áreas a outras empresas com estrutura e experiência formadas precisamente para elas. Isso se faz mediante os contratos de prestação de serviço de uma empresa a outra, integrando-se a atividade setorial da prestadora no conjunto e atividades da tomadora, constituindo um todo harmonioso. São resultados positivos para a empresa contratante o enxugamento e conseqüente melhor controle de seu papel diretamente engajado, a diminuição de gastos salariais e sociais e a própria simplificação da contabilidade, além de um melhor índice de aproveitamento da atividade de apoio prestada por uma organização só a ela dedicada". No entanto, a terceirização também tem trazido fortes preocupações aos estudiosos do direito, porquanto, em muitos casos, vem sendo utilizada como fonte para uso de mão-de-obra barata, com redução dos custos, mas em evidente fraude aos direitos trabalhistas. Portanto, de posse do caso concreto, o juiz deve analisar, com especial cuidado, a espécie de terceirização utilizada pelas empresas tomadoras e prestadoras de serviços, de modo a salvaguardar os direitos dos trabalhadores envolvidos, parte mais fraca da balança. Assim, como visto, o conjunto probatório constante dos autos, demonstra, de forma precisa e eficaz, que a Reclamante, durante todo o período, trabalhou para a 2º Reclamada, sem solução da continuidade, exercendo, portanto, atividade intrinsecamente ligada aos fins a que a Telemar visa. Por tudo exposto, estéreis, permissa venia, as invocações empresariais , adquirindo o presente caso roupagem diversa daquela aparentemente estampada na prova documental coligida pelas Rés, aplicando-se a Súmula 331, I, do C. TST, com formação do 00942-2008-109-03-00-2-RO vínculo de emprego diretamente com a Telemar, não havendo falar em excludente, pelo que dispõem os artigos 170 da CF, e 60 e 94 da Lei 9.472/97, que não prevalecem ante à fraude perpetrada pelas Recorridas. Noutras palavras, o contrato de trabalho firmado entre a Obreira e a 1ª Ré visou livrar a 2ª Ré dos ônus respectivos, não importando, pois, que o pagamento e as orientações sobre o modo de execução dos serviços tenham se originado de empresa interposta. No caso em tela, emerge a figura da subordinação estrutural em relação à Telemar, nos moldes da mais recente doutrina encetada pelo Ministro e jurista Maurício Godinho Delgado. Em primeiro lugar, cumpre observar que os aspectos formais da contratação são fruto da autonomia privada e não fazem uma espécie de coisa julgada sobre o tipo jurídico encetado pelas partes. O juiz pode e deve avaliar a espécie de contrato, muitas vezes avençado sob determinada forma, por uma questão de necessidade, imprimindo-lhe autenticidade negocial, fazendo, se for o caso,uma espécie de conversão substancial, diminuindo, por conseguinte, o ritmo formal advindo do nominalismo jurídico, que pouco pode no Direito do Trabalho. Os aspectos formais valem na medida e na proporção que guardam pertinência com a realidade dos fatos, que sempre deve prevalecer, pois é sobre estes que se assenta, se afirma e se desenvolve, sem máscaras, a relação jurídica. A subordinação como um dos elementos fático-jurídicos da relação empregatícia é, simultaneamente, um estado e uma relação. Subordinação é a sujeição, é a dependência que alguém se encontra frente a outrem. Estar subordinado é dizer que uma pessoa física se encontra sob ordens, que podem ser explícitas ou implícitas, rígidas ou maleáveis, constantes ou esporádicas, em ato ou em potência. Na sociedade pós-moderna, vale dizer, na sociedade info-info (expressão do grande Chiarelli), baseada na informação e na informática, a subordinação não é mais a mesma de tempos atrás. Do plano subjetivo - corpo a corpo ou boca/ouvido- típica do taylorismo/fordismo, ela passou para a esfera objetiva, projetada e derramada sobre o núcleo empresarial. A empresa moderna livrou-se da sua represa; nem tanto das suas presas. Mudaram-se os métodos, não a sujeição, que trespassa o próprio trabalho, nem tanto no seu modo de fazer, mas no seu resultado. O controle deixou de ser realizado diretamente por ela ou por prepostos. Passou a ser exercido pelas suas sombras; pelas suas sobras – em células de produção. A subordinação objetiva aproxima- se muito da não eventualidade: não importa a expressão temporal nem a exteriorização dos comandos. No fundo e em essência, o que vale mesmo é a 00942-2008-109-03-00-2-RO inserção objetiva do trabalhador no núcleo, no foco, na essência da atividade empresarial. Nesse aspecto, diria até que para a identificação da subordinação se agregou uma novidade: núcleo produtivo, isto é, atividade matricial da empresa, que Godinho denominou de subordinação estrutural. A empresa moderna, por assim dizer, se subdivide em atividades centrais e periféricas. Nisso ela copia a própria sociedade pós-moderna, de quem é, simultaneamente, mãe e filha. Nesta virada de século, tudo tem um núcleo e uma periferia: cidadãos que estão no núcleo e que estão na periferia. Cidadãos incluídos e excluídos. Trabalhadores contratados diretamente e terceirizados. Sob essa ótica de inserção objetiva, que se me afigura alargante (não alarmante), eis que amplia o conceito clássico da subordinação, o alimpamento dos pressupostos do contrato de emprego torna fácil a identificação do tipo justrabalhista. Com ou sem as marcas, as marchas e as manchas do comando tradicional, os trabalhadores inseridos na estrutura nuclear de produção são empregados. Na zona grise, em meio ao fogo jurídico, que cerca os casos limítrofes, esse critério permite uma interpretação teleológica desaguadora na configuração do vínculo empregatício. Entendimento contrário, data venia, permite que a empresa deixe de atender a sua função social, passando, em algumas situações, a ser uma empresa fantasma – atinge seus objetivos sem empregados. Da mesma forma que o tempo não apaga as características da não eventualidade; a ausência de comandos não esconde a dependência, ou, se se quiser, a subordinação, que, modernamente, face à empresa flexível, adquire, paralelamente, cada dia mais, os contornos mistos da clássica dependência econômica. Não fosse tal fundamentação suficiente para declarar o vínculo empregatício diretamente com a 2ª Reclamada, é preciso salientar que este julgador já teve a oportunidade de analisar diversas outras reclamações trabalhistas com esse mesmo objeto, em face da própria Telemar, v. g., o Recurso Ordinário de nº 00279-2005-107-03-00-0. Nos autos em referência, restou comprovado que a Telemar, a partir de determinado momento, terceirizou todas as atividades de tele-atendimento que anteriormente eram executadas por ela própria. Ocorre que, ao contrário do que se sustenta, as atividades ligadas ao setor de telemarketing / call center estão, sim, estreitamente ligadas à atividade-fim da Telemar, que presta serviços na área de telecomunicações. Assim, está claro que a terceirização somente serviu à finalidade de diminuir custos da 1ª Reclamada em detrimento da remuneração dos empregados. A 1ª Ré terceirizou atividade-fim, 00942-2008-109-03-00-2-RO diretamente relacionada à essência da dinâmica empresarial, aproveitando-se de mão-de-obra mais barata. É ilegal, nos termos da Súmula 331, I, do TST, a contratação de empregado por empresa interposta, tendo por objeto serviços essenciais à atividade-fim da empresa tomadora, formando-se diretamente com esta o vínculo empregatício. Reconhece-se o vínculo de emprego diretamente com a 2ª Reclamada, tomadora dos serviços, pelo período que vai da admissão formalizada pela 1ª Ré, em 01.06.2003 até 11.04.08, quando foi dispensada a Autora. Por tudo exposto, dou provimento parcial ao recurso para, aplicando a Súmula 331, I, do TST, e o disposto no artigo 9º da CLT, declarar a ilicitude da terceirização e sua nulidade, reconhecendo a relação de emprego diretamente com a 2ª Ré, TELEMAR NORTE LESTE S/A, em contrato único, pelo período que vai da admissão formalizada pela 1ª Reclamada, em 01.06.2003 até 11.04.08, quando foi dispensada a Autora, ficando a 2ª Reclamada obrigada a realizar as respectivas anotações na CTPS da Autora, no prazo de 48 horas a contar da data do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de multa diária que ora arbitro em R$200,00 (duzentos reais), limitada a R$2.000,00 (dois mil reais), após o que as anotações deverão ser realizadas pela Secretaria da Vara, desde já autorizada. Declaro a responsabilidade solidária da 1ª Ré, por toda a contratualidade. DIREITOS DEVIDOS AOS EMPREGADOS DA TELEMAR – PEDIDOS CONSTANTES DAS ALÍNEAS “D” A “H” DA EXORDIAL Como corolário da inserção da Reclamante na categoria a que se referem os ACTs carreados na exordial, às fls. 43/84, são devidos os benefícios previstos no Acordo Coletivo firmado pela Telemar, por toda a contratualidade, a saber: diferenças salariais, observados os índices de reajustes estabelecidos nas normas coletivas (ex.: cláusula segunda, fl. 43), com reflexos nas férias + 1/3, 13ºs salários, FGTS + 40% e verbas rescisórias (alínea “e”, fl. 12). Sobre os RSRs, não há falar em reflexos, dada a condição de mensalista da Obreira. Defere-se, também, a indenização substitutiva dos tíquetes refeição/alimentação, nos moldes previstos nas normas coletivas (ex.: cláusula 9a, fl. 44) e indenização substitutiva da cesta básica alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula12ª (fl. 44-v). Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para condenar as Reclamadas solidariamente ao pagamento dos benefícios previstos nos Acordos Coletivos firmados pela Telemar, a partir de 01.06.03 até a dispensa da Autora, a saber: diferenças salariais, observados os índices de reajustes estabelecidos, por ex., na cláusula segunda, fl. 43, com reflexos nas férias + 1/3, 13ºs salários, FGTS + 40% e verbas rescisórias (alínea “e”, fl. 12); a indenização substitutiva dos tíquetes refeição/alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula 9a, fl. 44 e indenização substitutiva da cesta 00942-2008-109-03-00-2-RO básica alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula12ª (fl. 44-v), tudo conforme se apurar em liquidação, por cálculos. A fim de se evitar o enriquecimento sem causa da Autora, determinoa dedução de parcelas pagas sob idêntico título. LABOR EM DIAS DE REPOUSO SEMANAL REMUNERADO A Reclamante insiste no deferimento do labor em dias de repouso semanal remunerado, demonstrados por amostragem. Nenhum reparo merece o r. decisum. No particular, como bem fundamentou a r. sentença recorrida, à fl. 381, o cotejo entre os espelhos de ponto e os recibos traz a conclusão de que foi respeitado o direito ao descanso semanal a que alude o art. 76 da CLT, sendo certo que eventual descumprimento ao repouso após o sétimo dia foi devidamente pago ou compensado, conforme se verifica dos exemplos citados pelo d. Juízo originário. Assim, a amostragem apontada pelo Obreiro, na impugnação de fl. 128, foi devidamente rechaçada pela r. sentença recorrida. Nego provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Bate-se a Reclamante pela concessão da indenização por danos morais, em virtude da restrição ao uso do banheiro e pelo estímulo à competição e a exposição pública das avaliações de desempenho dos funcionários, comprovados os fatos pela prova oral. Razão lhe assiste, em parte, data venia. In casu, a prova oral, consubstanciada pelo depoimento da testemunha GABRIELA, comprova a prática adotada pelas Rés, de impor limites ao uso de sanitários no curso da jornada de trabalho. Disse a testemunha à fl. 129: “(...) durante a jornada tinha 2 pausas de 15 minutos e uma pausa de 5 00942-2008-109-03-00-2-RO minutos para o banheiro; caso já tivesse usado essas pausas e precisasse ir ao banheiro tinha que conversar com o supervisor e explicar para ele, este procedimento era para todos os operadores de telemarketing (...) que a pausa era registrada no terminal de computador do seu PA, tanto a de banheiro quanto as de lanche; se ultrapassasse os tempos de pausa de 5 e 15 minutos a tela era desligada e o supervisor relatava a ela que ela tinha estourado o tempo de pausa; caso ultrapassasse esses tempos de pausa mais de 3 vezes recebia uma advertência verbal, se ultrapassasse mais 3 vezes recebia uma advertência escrita e se estourasse mais 3 vezes podia receber um balão, sendo este procedimento o mesmo para todos os operadores de telemarketing; que havia relatório diário constando para todos os operadores o tempo de pausa e aqueles que tinham ultrapassado o tempo tinham o nome ressaltado em vermelho, nem para ela e nem para a reclamante isso não aconteceu muitas vezes.” Ainda que a testemunha tenha dito que os fatos não ocorreram “muitas vezes” com a Obreira, certo é que, portanto, em algumas oportunidades, submeteu-se ao tratamento rigoroso e desumano de controle da ida ao banheiro, que chega ao aviltante ponto de o operador ter seu nome ressaltado em vermelho no relatório diário. Diante do depoimento acima transcrito, tem-se por demonstrada a prática opressora das Rés, que ultrapassa os limites do poder diretivo do empregador. Não se pode olvidar que a própria dinâmica da prestação laboral, in casu, exigia que os atendentes permanecessem em seus postos de atendimento o maior tempo possível, a fim de que não fosse comprometida a qualidade dos serviços prestados aos consumidores. Entretanto, as medidas adotadas pelos empregadores, a fim de impedir a ausência dos empregados em seus postos de atendimento, não podem violar normas de proteção à própria saúde, com o objetivo único de alcançar maior produtividade. Com efeito, a medida patronal de impor limites e restrições à utilização dos sanitários, por certo, restringiu a liberdade da Autora de satisfação das próprias necessidades fisiológicas, ferindo a sua dignidade e o seu direito de personalidade. E, conforme se evidenciou pela prova oral, não havia tão-somente mera estipulação de pausas para idas ao banheiro durante a jornada de trabalho, mas, efetivamente, a punição para que os 00942-2008-109-03-00-2-RO empregados que ultrapassem os limites estabelecidos. Dessa forma, restou comprovado que as Rés não agiram de forma responsável, não sendo legítimo ao empregador restringir ou impedir a utilização dos sanitários durante a jornada de trabalho, sendo que a Autora tinha que se sujeitar a isso, porque precisava do emprego. Logo, resta cristalina a culpa das Rés no evento danoso, qual seja ofensa à dignidade da pessoa. Veja-se que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, V, "assegurou o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano moral ou à imagem" e no inciso X do mesmo artigo garantiu que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação". O artigo 186 do Código Civil estabeleceu que "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". Portanto, caracterizada a culpa das Rés, a seqüela moral ocasionada à Reclamante e a relação de causalidade entre o ato e o efeito, deve ser-lhe deferida a indenização por danos morais, no valor que ora arbitro em R$10.000,00. No que tange à pressão por atingimento de metas, com exposição pública da avaliação de resultados, no caso em tela, a testemunha GABRIELE confirmou que “tinha metas para cumprir, e caso não atingisse as metas no relatório de produção elaborado figurava no 3o ou 4o quartil desse relatório; quem ficasse nesses terceiros e quarto quartil não participavam de processos seletivos internos; a reclamante sempre ficava no primeiro ou segundo quartil; esse relatório de produção era mensal e ficava afixado no quadro de aviso em frente a mesa de supervisores (...) o funcionário que batesse a meta e ficasse no primeiro quartil recebia um prêmio de R$150,00, e o que ficasse no segundo quartil recebia um prêmio de R$75,00, não havendo pagamento de prêmios para aqueles que ficassem no terceiro e quarto quartil” (fl. 129). Assim, infere-se que, quanto à Obreira, não houve nenhum prejuízo à sua esfera moral, tendo sempre figurado no primeiro ou segundo quartil, o que lhe assegurava, inclusive, premiações, pelo que não há falar em danos morais. Provejo em parte, para deferir a indenização por danos morais, pela restrição ao uso do banheiro, no valor que ora arbitro em R$10.000,00. HORAS EXTRAS 00942-2008-109-03-00-2-RO A Reclamante entende fazer jus às horas extras e reflexos, pois ofendida a NR-17, item 5.3, no que tange ao labor todos os dias em 15 minutos além da jornada de trabalho. Porém, à espécie aplica-se o art. 71, parágrafo 2o, da CLT, que dispõe que “os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho”, norma hierarquicamente superior à NR-17 supracitada. Logo, laborando a Autora durante 6h15, com dois intervalos de 15 minutos e, após, agosto de 2007, uma pausa pessoal de 20 minutos (defesa, fl. 145), não há falar em horas extras. Nada a prover. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA Para a apuração da indenização por danos morais serão apurados juros de mora, contados do ajuizamento da ação, e correção monetária, a partir deste julgamento. Quanto às demais parcelas, os juros serão calculados na forma do artigo 883 da CLT e da Súmula 200 do Colendo TST e a correção monetária será apurada na forma da Súmula 381/TST. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E IMPOSTO DE RENDA Autorizadas as deduções para a Previdência Social, observado o teto, mês a mês, e para o Imposto de Renda. HIPOTECA JUDICIAL A hipoteca judiciária está expressamente prevista no art. 466do CPC, que assim dispõe: "A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos. Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: I- embora a condenação seja genérica II- pendente arresto de bens do devedor. III- ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença." 00942-2008-109-03-00-2-RO A respeito do tópico em apreço, adoto as razões de decidir constantes no processo n. 00142-2007-048-03-00-5-RO, proferido pelo Exmo. Desembargador Antônio Álvares da Silva, in verbis: “havendo condenação em prestação de dinheiro ou coisa, automaticamente se constitui o título da hipoteca judiciária, que incidirá sobre os bens do devedor, correspondentes ao valor da condenação, gerando o direito real de seqüela, até seu pagamento. A hipoteca judiciária é de ordem pública, independe de requerimento da parte e visa garantir o cumprimento das decisões judiciais, impedindo o desbaratamento dos bens do réu, em prejuízo da futura execução. Ao juiz cabe envidar esforços para que as decisões sejam cumpridas, pois a realização concreta dos comandos judiciais é uma das principais tarefas do Estado Democrático de Direito, cabendo ao juiz de qualquer grau determiná-la, em nome do princípio da legalidade. Para o cumprimento da determinação legal o juiz oficiará os cartórios de registros de imóveis. Onde se encontrarem imóveis registrados em nome da reclamada, sobre eles incidirá, até o valor da execução, a hipoteca judiciária.” Ante o exposto, declaro, ex officio, a hipoteca judicial sobre os bens da Reclamada na quantia suficiente para garantia da execução. Isto posto, proceda-se à retificação na capa dos autos para fazer constar como única Recorrente ARLETE MARIA DE SOUZA. Conheço do recurso e, no mérito, dou-lhe provimento parcial para reconhecer a relação de emprego diretamente com a 2ª Ré, TELEMAR NORTE LESTE S/A, em contrato único, pelo período que vai da admissão formalizada pela 1ª Reclamada, em 01.06.2003 até 11.04.08, quando foi dispensada a Autora, ficando a 2ª Reclamada obrigada a realizar as respectivas anotações na CTPS, no prazo de 48 horas a contar da data do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de multa diária que ora arbitro em R$200,00 (duzentos reais), limitada a R$2.000,00 (dois mil reais), após o que as anotações deverão ser realizadas pela Secretaria da Vara, desde já autorizada, condenando as Reclamadas, solidariamente, a pagar, no prazo legal, com juros e correção monetária, na forma dos artigos 883 da CLT e das Súmulas 200 e 381 do Colendo TST, autorizadas as deduções para a Previdência Social, observado o teto mês a mês, e para o Imposto de Renda, os benefícios previstos nos Acordos Coletivos firmados pela Telemar, a partir de 01.06.03 até a dispensa da Autora, a saber: diferenças salariais, observados os índices de reajustes estabelecidos, por ex., na cláusula segunda, fl. 43, com reflexos nas férias + 1/3, 13ºs salários, FGTS + 40% e verbas rescisórias (alínea “e”, fl. 12); a indenização substitutiva dos tíquetes refeição/alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula 9a, fl. 44 e 00942-2008-109-03-00-2-RO indenização substitutiva da cesta básica alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula12ª (fl. 44-v), tudo conforme se apurar em liquidação, por cálculos, e a indenização por danos morais, pela restrição ao uso do banheiro, no valor de R$10.000,00, esta devendo ser apurada com juros nos moldes do artigo 883 da CLT e da Súmula 220/TST e correção monetária a partir deste julgamento. Declaro, ex officio, a hipoteca judicial sobre os bens das Reclamadas na quantia suficiente para garantia da execução. Inverto o ônus de sucumbência, atribuindo à condenação o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), com custas processuais de R$400,00 (quatrocentos reais), a cargo das Reclamadas. Declaro que as contribuições previdenciárias incidem sobre os valores apurados a título de diferenças salariais, em decorrência dos reajustes dos ACTs e seus reflexos nos 13º salário e férias devidas durante a contratualidade. FUNDAMENTOS PELOS QUAIS O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, pela sua Quarta Turma, primeiramente, proceda-se à retificação na capa dos autos para fazer constar, como única Recorrente, ARLETE MARIA DE SOUZA; unanimemente, conheceu do recurso; no mérito, sem divergência, deu-lhe provimento parcial para reconhecer a relação de emprego diretamente com a 2ª Ré, TELEMAR NORTE LESTE S/A, em contrato único, pelo período que vai da admissão formalizada pela 1ª Reclamada, em 01.06.2003 até 11.04.08, quando foi dispensada a Autora, ficando a 2ª Reclamada obrigada a realizar as respectivas anotações na CTPS, no prazo de 48 horas a contar da data do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de multa diária que ora arbitro em R$200,00 (duzentos reais), limitada a R$2.000,00 (dois mil reais), após o que as anotações deverão ser realizadas pela Secretaria da Vara, desde já autorizada, condenando as Reclamadas, solidariamente, a pagar, no prazo legal, com juros e correção monetária, na forma dos artigos 883 da CLT e das Súmulas 200 e 381 do Colendo TST, autorizadas as deduções para a Previdência Social, observado o teto mês a mês, e para o Imposto de Renda, os benefícios previstos nos Acordos Coletivos firmados pela Telemar, a partir de 01.06.03 até a dispensa da Autora, a saber: diferenças salariais, observados os índices de reajustes estabelecidos, por ex., na cláusula segunda, fl. 43, com reflexos nas férias + 1/3, 13ºs salários, FGTS + 40% e verbas rescisórias (alínea "e", fl. 12); a indenização substitutiva dos tíquetes refeição/alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula 9a, fl. 44 e indenização substitutiva da cesta básica alimentação, nos moldes previstos, por ex., na cláusula12ª (fl. 44-v), tudo conforme se apurar em liquidação, por cálculos, e a indenização por danos morais, pela restrição ao uso do banheiro, no valor de R$10.000,00, esta devendo ser apurada com juros nos moldes do artigo 883 da CLT e da Súmula 220/TST e correção monetária a partir deste julgamento. A eg. Turma declara, ex officio, a hipoteca judicial sobre os bens das Reclamadas na quantia suficiente para garantia da execução. Invertido o ônus de sucumbência, 00942-2008-109-03-00-2-RO atribuindo à condenação o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), com custas processuais de R$400,00 (quatrocentos reais), a cargo das Reclamadas. Declara, também, que as contribuições previdenciárias incidem sobre os valores apurados a título de diferenças salariais, em decorrência dos reajustes dos ACTs e seus reflexos nos 13º salário e férias devidas durante a contratualidade. Belo Horizonte, 03 de dezembro de 2008.
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