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Sumario_aspectos_florais_relacionados_a_polinizacao

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IB 603 – Organografia Vegetal 1 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA / IB 
IB 603 – Organografia Vegetal 
 
 
ASPECTOS FLORAIS RELACIONADOS A BIOLOGIA DA POLINIZAÇÃO 
 
 
Polinização Fecundação Formação da semente e do 
fruto nas Angiospermas 
 
Embora as Gimnospermas também sejam plantas com pólen, a biologia da polinização é 
especialmente estudada nas Angiospermas, que apresentam flores perfeitas ou propriamente 
ditas, i.e., com cálice, corola, androceu e gineceu, e as inúmeras variações morfológicas 
observadas nesses diferentes verticilos (protetores e reprodutores) estão diretamente 
relacionados às estratégias de polinização desenvolvidas por essa plantas ao longo da evolução. 
 
Reprodução vegetativa 
Reprodução sexuada fluxo gênico 
As plantas podem reproduzir-se através de estruturas vegetativas ou reprodutivas. No 
primeiro caso, os novos indivíduos são clones das plantas-mãe, não ocorrendo o fluxo gênico na 
espécie, embora seja, muitas vezes, uma estratégia necessária, e mesmo vital, como por 
exemplo, numa área onde os polinizadores de determinada espécie foram extintos. 
No caso da reprodução sexuada, os novos indivíduos são originados através de união 
gamética. Ainda nos casos de auto-reprodução (autopolinização), há maiores chances de 
variações genéticas (crossing-over, mutações gênicas, etc.). 
 
Mecanismos de reprodução sexuada: 
Formas de polinização: 
Autopolinização (na mesma flor) - Plantas Autógamas (capazes de se autopolinizarem, 
autocompatíveis) (ex. alface, tomate, fumo, soja) 
Flores Casmógamas (a polinização se dá com a flor fechada) 
Flores Cleistógamas (polinização em flores abertas) 
Polinização Cruzada (flores diferentes, na mesma planta ou não) - Plantas Alógamas 
(autoincompatíveis) 
Geitnogamia – na mesma planta 
Xenogamia (xeno= de fora, estrangeiro) – plantas diferentes 
Apomixia = reprodução sem união sexual 
 
 
POLINIZAÇÃO CRUZADA Agente de Polinização 
Mecanismos de isolamento 
ou imcompatibilidade 
(flores hermafroditas) 
 
IB 603 – Organografia Vegetal 2 
Mecanismos de isolamento ou imcompatibilidade 
Auto-incompatibilidade Fisiológica 
 Morfológica 
Dicogamia – barreira temporal Protoginia 
 Protoandria 
Hercogamia – barreira física 
Heterostilia distilia (flores longistilias e brevistilias), tristilia (longistilias, brevistilias e 
médias) 
 
Agente ou Vetor de polinização – Responsável pela deposição dos grãos de pólen no estigma 
 Biótico 
 Abiótico 
Unidade de polinização – Responsável pela atração do polinizador 
 Inflorescência (Araceae, Arecaceae, Musaceae) 
 Flor 
 
As flores das Angiospermas 
Acredita-se que as flores primitivas das Angiospermas apresentavam o perianto 
indiferenciado (homoclamídeas - tépalas) e constituído de peças numerosas, carnosas, com os 
órgãos reprodutores também numerosos e o gineceu dialicarpelar (apocárpico) disposto sobre 
uma superfície geralmente aplanada. 
Acredita-se que as primeiras flores de Angiospermas eram adaptadas à polinização por 
besouros. A partir daí, a evolução na morfologia floral foi também determinada para a 
adaptação a novas formas de polinização, inclusive com o surgimento de outros animais 
polinizadores. Ao longo da evolução, as variações nas flores das Angiospermas levaram à 
especiação a diversos outros agentes ou vetores de polinização. 
Nas flores consideradas as mais avançadas, o perianto é heteroclamídeo, com número de 
peças reduzido (4-5), bem como o androceu e o gineceu, sendo o gineceu sempre gamocarpelar 
(sincárpico), entre outros aspectos. 
Apesar das características morfológicas intrínsecas aos diferentes grupos taxonômicos, 
independentemente de serem grupos avançados ou de origem primitiva, observando-se os 
inúmeros aspectos morfológicos que podem se apresentar nos diversos órgãos florais, pode-se 
visualizar as inúmeras adaptações aos diferentes tipos de polinizadores ou vetores de 
polinização. Um conjunto de características florais ocorrendo em conjunto pode indicar a 
possível polinização por um grupo animal ou agente polinizador. 
 
 
Síndrome de polinização (FAEGRI & VAN DER PIJL, 1979) – conjunto de características 
florais que indica um possível polinizador. 
Em geral, as características consideradas ou implicadas são a cor e estrutura da flor ou da 
inflorescência, o horário de abertura, a disposição dos órgãos sexuais, presença ou ausência de 
odor, presença ou ausência de néctar e a forma floral. 
 
 
 
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SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO (FAEGRI & VAN DER PIJL, 1979) 
 
Polinização Abiótica 
HIDROFILIA (Polinização pela água) 
 
ANEMOFILIA (Polinização pelo vento) 
 Perianto reduzido ou ausente 
 Anteras expostas 
 Grãos de pólen diminutos 
 Estigma plumoso, exposto 
 Floração abundante 
 Geralmente plantas de áreas abertas 
 
 
Polinização Biótica 
 
CANTAROFILIA (Polinização por Besouros) 
Flor Besouro 
Antese diurna Vida diurna 
Colorido claro, geralmente brancas ou 
esverdeadas 
Sentido visual pouco desenvolvido, preferência 
Guias de nectário geralmente ausentes Sem preferência por flores com guias de nectários 
Pétalas e sépalas geralmente carnosas, androceu e 
gineceu salientes 
Alimentam-se de partes das flores e pólen 
Odor forte Olfato desenvolvido 
Néctar e pólen acessíveis; geralmente muito pólen 
e pouco néctar 
Usa mais o pólen na alimentação; probóscide curta e 
aparelho bucal adaptação à mastigação 
Flores isoladas, geralmente grandes, actinomorfas Geralmente penetra na flor, o corpo liso é mau 
adaptado ao transporte de pólen 
 
 
MIOFILIA (Polinização por Moscas) 
Flor Mosca 
Antese diurna Vida diurna 
Amarelas, brancas ou azuis Podem distinguir cores, parece haver preferência por 
tons de amarelo 
Néctar e pólen geralmente acessíveis; geralmente 
com pouco néctar 
Alimentam-se de néctar e pólen em pequenas 
quantidades 
Flores geralmente actinomorfas, largas até 
tubulosas, pequenas, geralmente reunidas em 
inflorescências, órgãos sexuais escondidos 
Pairam sobre as fores por um certo tempo; probóscide 
geralmente curta, mas em alguns grupos com até 50mm 
(5,0cm) 
Odor fraco ou ausente, ou muito forte e ruim Olfato não bem desenvolvido 
 
 
 
 
 
 
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MELITOFILIA (Polinização por Abelhas) 
Flor Abelha 
Antese diurna Vida diurna 
Cores do amarelo ao azul Visão bem desenvolvida, especialmente nas radiações 
na faixa do amarelo ao azul (ultravioleta) 
Guias de nectário geralmente presentes Alguma preferência por flores com guias de nectário 
Flores mecanicamente fortes, com áreas de pouso; 
actinomorfas ou zigomorfas, geralmente com 
poucos estames 
Utiliza áreas de pouso; voa em ziguezague entre as 
flores, pode vibrar em alguns tipos de flores ou raspar 
glândulas de óleo 
Odor em geral não muito forte Sentido olfato similar ao do homem 
Néctar escondido, em quantidades moderadas Probóscide geralmente curta; ativas voadoras, 
geralmente alimentam-se, e às larvas, com néctar e 
pólen, possuindo adaptações ao transporte do pólen 
 
 
QUIROPTEROFILIA (Polinização por Morcegos) 
Flor Morcego 
Antese noturna Vida noturna 
Frequentemente de cor parda, acinzentada ou 
púrpura, raramente rosa; algumas vezes 
esbranquiçadas ou cremes 
Daltônico (cego a cores); boa visão, 
provavelmente para orientação próxima 
Flores solitárias, grandes e rígidas, ou em 
inflorescências de flores pequenas 
Grandes animais, agarrando-se por polegares em 
garrasForte odor à noite; cheiro forte, às vezes 
desagradável de restos fermentados 
Bom sentido de olfato; glândulas com odor de 
coisa estragada como atração 
Grande quantidade de néctar; grande 
quantidade de pólen em anteras grandes ou 
numerosas 
Metabolismo alto; pólen como única fonte de 
proteína 
Posição das flores destacadas da folhagem 
(flagelofloria ou caulifloria) 
Sistema sonar pouco desenvolvido, vôo em 
interior de folhagens difícil 
 
PSICOFILIA (Polinização por Borboletas) 
Flor Borboleta 
Antese diurna, não fechando à noite Vida diurna 
Colorido vivo, incluindo vermelho puro Sentido visual bem desenvolvido também para 
cores, pode ser vermelho 
Guias de nectários simples ou fendas 
adaptadas à probóscide 
Alguma preferência por guias para inserir a 
probóscide 
Flores eretas, radiais ,achatadas na parte 
superior da corola; bordas das flores não 
muito recortadas 
Pousa nas flores; provavelmente não sensível a 
contornos profundamente recortados 
Odor fraco, geralmente fresco, agradável Sentido olfato não muito desenvolvido 
Néctar bem escondido em tubos ou esporas 
(calcar), tubos estreitos 
Probóscide longa e fina 
Néctar abundante Voadoras menos ativa, metabolismo não muito 
alto 
 
 
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FALENOFILIA ou ESFINGOFILIA (Polinização por Mariposas) 
Flor Mariposas 
Antese noturna, geralmente fechada durante o dia Hábito noturno 
Em geral branca ou levemente colorida, algumas 
vezes vermelhas ou pardas 
Visão para cores à noite 
Guias de néctar geralmente ausentes; são guiadas 
pelo contorno da flor 
Alguma preferência por marcas (guias) para 
inserirem a probóscide 
Flores horizontais ou pêndulas, porção livre de 
corola recurvada ou ausente, anteras versáteis; 
lobos da corola profundamente recortados ou 
pétalas franzidas 
Voa em frente à flor, sem apoiar-se nela; 
provavelmente sensível a contornos 
recortados 
Forte perfume adocicado à noite Senso de olfato instintivo 
Néctar profundamente escondido em tubos longos 
ou esporas, mais estreitos do que em flores de 
pássaros 
Probóscide muito longa e fina 
Mais néctar do que em flores de borboletas e 
abelhas 
Ativas voadoras, com metabolismo muito 
alto 
 
 
ORNITOFILIA (Polinização por Aves) 
Flor Aves 
Antese diurna Diurnos 
Cores vivas, frequentemente vermelhas ou com 
cores contrastantes 
Visão sensível ao vermelho, não ao 
ultravioleta 
Guias de nectário ausentes Inteligentes para encontrar a entrada da flor 
Paredes das flores resistentes, filetes rígidos ou 
unidos, néctar escondido; lábio ou margem ausente 
ou reflexo, flor tubulosa, zigomorfa ou não 
Bico forte; muito grande para pousar na flor 
Ausência de odor Sentido de olfato pouco desenvolvido 
Algumas vezes tubos profundos ou calcar (espora), 
mais largo do que em flores de borboletas; a 
distância entre o néctar e os órgãos sexuais pode ser 
grande 
Bico e língua longos; bico grande e largo; 
corpo grande 
Néctar abundante Grandes consumidores 
 
 
 
Outros aspectos que podem estar associados ao tipo de polinizador: fenologia e tipos de 
floração (ao longo de todo o ano, em abundância durante poucos meses, mais de uma vez ao 
ano); espaçamento dos indivíduos (aglomerados ou esparsos); adensamento das flores e/ou 
inflorescências (flores esparsas ou flores densas, flores numerosas, aglomeradas em 
inflorescências congestas, etc.); horário da abertura floral; duração da flor e/ou inflorescência; 
posição e orientação da flor; etc. 
 
 
IB 603 – Organografia Vegetal 6 
 
Resumo quanto à forma floral (Faegri & Van der Pijl, 1979): 
 
Tipo floral Polinizador Cor 
 Besouro Marrom 
Prato Vespas Acastanhada 
Sino de boca larga Moscas Branca 
Escova Morcegos Amarela 
Garganta Abelhas Azul 
Estandarte Mariposas Vermelha 
Tubulosa Borboletas Verde 
 Pássaros Roxa / Lilás escuro

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