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Concreto de alto desempenho

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CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO COM METACAULINITA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUILHERME CHAGAS CORDEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – UENF 
 
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ 
AGOSTO – 2001 
 
 
 
CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO COM METACAULINITA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUILHERME CHAGAS CORDEIRO 
 
 
 
 
 
“Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia, da Universidade 
Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção de título de Mestre 
em Ciências de Engenharia.” 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Jean Marie Désir 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ 
AGOSTO – 2001 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica feita na Biblioteca do CCT/UENF 
 
 
 
Cordeiro, Guilherme Chagas. 
Concreto de alto desempenho com metacaulinita. / Guilherme Chagas 
Cordeiro. Campos dos Goytacazes, RJ, 2001. 
xiii, 123 f., enc.: 30 cm. 
 
Dissertação (mestrado) M. Sc. em Ciências de Engenharia. Universidade 
Estadual do Norte Fluminense. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório 
de Engenharia Civil, 2001. 
 
Bibliografia: f. 108-123. 
 
1. Concreto de alto desempenho. 2. Metacaulinita. 3. Aditivo mineral 
I. Título. 
CDD – 624.1834 
 
 
 
 
 
 
CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO COM METACAULINITA 
 
 
 
GUILHERME CHAGAS CORDEIRO 
 
 
 
“Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia, da Universidade 
Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção de título de Mestre 
em Ciências de Engenharia”. 
 
 
 
Aprovada em 10 de Agosto de 2001. 
 
 
 
Comissão Examinadora: 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Romildo Tolêdo Dias Filho (D.Sc.) – UFRJ/COPPE 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Fernando Saboya Albuquerque Júnior (D.Sc.) – UENF 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Jonas Alexandre (D.Sc.) – UENF 
 
 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Jean Marie Désir (D.Sc.) – UENF 
Orientador
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta dissertação é dedicada a 
Antonio José de Almeida Cordeiro 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Tenho muito a agradecer a todos que direta ou indiretamente 
contribuíram para a realização deste trabalho. À Fenorte pelo indispensável apoio 
financeiro concedido. 
 
Ao professor, orientador e amigo Jean Marie pela confiança e apoio 
sempre presentes e dedicação durante a elaboração desta dissertação. 
 
Aos amigos de turma Fábio, Franco, Gustavo, Marcos, Niander e Pedro 
Paulo. À querida amiga Ane, que sempre esteve presente e disposta a ajudar. 
 
Aos professores, técnicos, funcionários e alunos do Laboratório de 
Engenharia Civil da UENF que de alguma forma contribuíram para a 
concretização desta pesquisa. Aos professores Thibeut (CCTA/UENF) e Helena 
(IGEO/UFRJ), pelos ótimos cursos de estatística experimental e mineralogia das 
argilas, respectivamente. 
 
À funcionária da biblioteca da ABCP/SP, Rosemary Pinto, pelo apoio e 
tratamento sempre gentil. Ao técnico Flávio Munhoz (ABCP/SP) pela importante 
ajuda nos ensaios de análise em granulômetro a laser e de finura. 
 
À professora Sílvia Regina Vieira, da ABCP/SP, pela demonstração de 
interesse pelo trabalho e presteza com que esclareceu dúvidas, que muito 
contribuíram para a elaboração deste trabalho. 
 
À querida Roberta pela disponibilidade em ajudar, pelo carinho, apoio e 
incentivo irrestritos; por sua leitura crítica e discussões que foram muito 
importantes para a conclusão desta dissertação. 
 
Aos amigos e familiares, em especial à minha mãe, minha avó, Sheila, 
Everaldo e tio Paulo Roberto, pelo apoio e carinho durante toda a minha vida 
acadêmica
 
 
i
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
LISTA DE FIGURAS iv 
LISTA DE TABELAS viii 
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS x 
RESUMO xii 
ABSTRACT xiii 
 
1. INTRODUÇÃO 1 
 
2. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 4 
2.1. APLICAÇÃO 6 
2.2. MATERIAIS CONSTITUINTES 7 
2.2.1. Cimento Portland 7 
2.2.2. Agregado Miúdo 13 
2.2.3. Agregado Graúdo 15 
2.2.4. Aditivos Químicos 19 
2.2.4.1. Aditivos Superplastificantes 20 
2.2.5. Água 25 
2.3. DOSAGEM DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 25 
2.4. PROCESSANDO O CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 28 
2.4.1. Mistura 28 
2.4.2. Transporte 28 
 
 
ii
2.4.3. Lançamento 29 
2.4.4. Adensamento 29 
2.4.5. Cura 30 
2.4.6. Controle de Qualidade 31 
 
3. ADITIVOS MINERAIS 34 
3.1. ARGILA CALCINADA 39 
3.1.1. Metacaulinita 42 
3.2. SÍLICA ATIVA 47 
 
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL 51 
4.1. DEFINIÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA 52 
4.2. PRODUÇÃO DA METACAULINITA 54 
4.3. CARACTERIZAÇÃO DA METACAULINITA 59 
4.4. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS EMPREGADOS 61 
4.4.1. Cimento Portland 62 
4.4.2. Agregados 63 
4.4.3. Sílica Ativa 66 
4.4.4. Aditivo Superplastificante 67 
4.4.5. Água 68 
4.5. ENSAIO DE COMPATIBILIDADE ENTRE CIMENTO 
E SUPERPLASTIFICANTE 68 
 
4.6. ENSAIO DE ÍNDICE DE ATIVIDADE POZOLÂNICA 70 
4.7. ENSAIOS EM ARGAMASSA 73 
4.8. ENSAIOS EM CONCRETO 75 
4.8.1. Dosagem de concreto de alto desempenho 75 
 
 
iii
4.8.2. Processamento do concreto 77 
 
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 80 
5.1 COMPATIBILIDADE ENTRE O CIMENTO E O 
SUPERPLASTIFICANTE 80 
 
5.2. ÍNDICE DE ATIVIDADE POZOLÂNICA 83 
5.3. ARGAMASSAS 87 
5.4. CONCRETOS DE ALTO DESEMPENHO 89 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 94 
6.1. CONCLUSÕES 94 
6.2. SUGESTÕES DE FUTURAS PESQUISAS 95 
 
ANEXO A – Aditivos Minerais 97 
ANEXO B – Dosagem do Concreto 103 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 108 
 
 
iv 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1.1 Localização do Município de Campos dos Goytacazes. 
 
2 
Figura 2.1 Evolução da hidratação dos compostos do cimento Portland, 
em estado puro (Neville, 1997). 
 
 
10 
Figura 2.2 Curvas de resistência à compressão de pastas puras obtidas 
com os principais compostos do cimento Portland (Zampieri, 
1989). 
 
 
 
10 
Figura 2.3 Evolução média da resistência à compressão dos distintos 
tipos de cimento Portland. 
 
 
12 
Figura 2.4 Influência da lavagem dos agregados na resistência à 
compressão do concreto (Almeida, 1994). 
 
 
18 
Figura 2.5 Eficiência da dosagem ótima de superplastificante variando 
a relação água/cimento (Chan et al., 1996). 
 
 
23 
Figura 2.6 Efeito do momento de colocação do aditivo 
superplastificante a base de naftaleno no abatimento do 
concreto (Collepardi apud Dal Molin, 1995). 
 
 
 
24 
Figura 2.7 Exemplos de resultados do ensaio de miniabatimento (Aïtcin, 
1998). 
 
 
25 
Figura 2.8 Fatores básicos para dosagem de concreto (Neville, 1997). 
 
26 
 
Figura 3.1 Efeito do teor de pozolana na taxa de calor de hidratação 
(Massazza e Costa, 1979). 
 
 
37 
Figura 3.2 Controle da expansão álcali-agregado pelo uso de pozolana 
no concreto (Mehta, 1981). 
 
 
38 
Figura 3.3 Resistência à compressão aos 28 dias de argamassas 
contendo diferentes argilas calcinadas como adições ativas 
(He et al., 1995 a). Os valores indicados sobre as barras 
correspondem às temperaturas ótimas de queima, em graus 
centígrados, para cada argilomineral.
41 
 
 
v 
Figura 3.4 Resistência à compressão de argamassas contendo 
metacaulim e sílica ativa (Curcio et al., 1998). 
 
 
44 
Figura 3.5 Evolução do hidróxido de cálcio com o tempo de hidratação 
(Frías e Cabrera, 2000). 
 
 
45 
Figura 3.6 Evolução da expansão de prismas de concreto contendo 
metacaulim (Ramlochan, 2000). 
 
 
46 
Figura 3.7 Resistência à compressão de concretos com metacaulinita 
(Wild et al., 1996 a). 
 
 
47 
Figura 3.8 Representação esquemática de partículas de cimento 
Portland numa pasta sem aditivos (a), com aditivo 
superplastificante (b) e com aditivo superplastificante e sílica 
ativa (c) – Amaral (1988); Aïtcin (1998). 
 
 
 
 
48 
Figura 3.9 Redução da porosidade do concreto com e sem substituição 
de 10% de cimento Portland por sílica ativa, com o tempo 
(Hassan et al., 2000). 
 
 
 
49 
Figura 3.10 Taxa de exsudação de concretos com e sem sílica ativa 
(Bilodeau apud Dal Molin, 1995). 
 
 
50 
Figura 4.1 Jazidas argilosas das amostras 1 (a) e 2 (b). 
 
52 
 
Figura 4.2 Difratograma de raios-X da amostra 1. 
 
53 
Figura 4.3 Difratograma de raios-X da amostra 2. 
 
53 
Figura 4.4 Curvas granulométricas das amostras de solos argilosos. 
 
54 
Figura 4.5 Fluxograma de produção da metacaulinita (adaptado de 
Andriolo, 1999). 
 
 
55 
Figura 4.6 Moinho de bolas utilizado no processo de moagem das 
amostras. 
 
 
55 
Figura 4.7 Forno tipo Mufla utilizado para a queima das amostras. 
 
56 
Figura 4.8 Análise térmica e diferencial das argilas cauliníticas. 
 
57 
Figura 4.9 Análise térmica diferencial da metacaulinita queimada à 
650oC. 
 
 
57 
Figura 4.10 Difratogramas de raios-X da amostra 2 nas temperaturas de 
queima de 110oC, 450oC e 550oC. 
 
 
58 
Figura 4.11 Distribuição granulométrica da metacaulinita. 
 
60 
 
 
vi 
Figura 4.12 Duas fotografias (a e b) da metacaulinita. 
 
60 
Figura 4.13 Representação esquemática dos locais de coleta dos 
materiais naturais. 
 
 
62 
Figura 4.14 Coleta de amostras de granito para caracterização física e 
mineralógica; aspecto da jazida. 
 
 
64 
Figura 4.15 Corpo-de-prova NX de granito antes (a) e após ruptura (b) 
por compressão simples. 
 
 
65 
Figura 4.16 Difratograma de raios-X da sílica ativa. 
 
67 
Figura 4.17 Materiais empregados no ensaio de miniabatimento (a); 
Espalhamento da pasta após o ensaio (b). 
 
 
69 
Figura 4.18 Medida da consistência de argamassa conforme NBR 7215 
(1996). Amostra após socamento (a) e no fim do ensaio (b). 
 
 
72 
Figura 4.19 Moldagem de corpo-de-prova de argamassa (a), (b) e (c). 
 
74 
Figura 4.20 Corpos-de-prova de argamassa contendo 10% de 
metacaulinita. 
 
 
75 
Figura 4.21 Ensaio de resistência à compressão. Capeamento de corpo-
de-prova (a) e corpo-de-prova na prensa de ensaio (b). 
 
 
78 
Figura 4.22 Aspecto dos corpos-de-prova após o ensaio de resistência à 
compressão. Amostra com 15% de metacaulinita rompida 
aos 91 dias (a); amostra com 10% de sílica ativa rompida 
aos 28 dias (b). 
 
 
 
 
79 
Figura 5.1 Resultados dos ensaios de compatibilidade. 
 
81 
Figura 5.2 Decantação do cimento Portland em água (provetas à 
direita) e cimento Portland em água com superplastificante 
(provetas à esquerda) após: 30 segundos da mistura (a); 
após 1 minuto (b); após 5 minutos (c); e após 15 minutos (d). 
 
 
 
 
82 
Figura 5.3 Decantação do cimento Portland em água (proveta à direita) 
e cimento Portland em água com superplastificante (proveta 
à esquerda) após 24 horas (a); detalhe do volume das 
partículas decantadas (b). 
 
 
 
 
83 
Figura 5.4 Índices de atividade pozolânica com cimento Portland dos 
aditivos minerais produzidos a partir das amostras 1 e 2. 
 
 
84 
 
Figura 5.5 
Índices de atividade pozolânica com cimento Portland da 
metacaulinita (material que passa na peneira de malha 250 
mm). 
 
 
85 
 
 
vii 
 
Figura 5.6 Índices de atividade pozolânica com cimento Portland da 
metacaulinita (material que passa na peneira de malha 75 
mm). 
 
 
 
86 
Figura 5.7 Resistência à compressão de argamassas contendo 
metacaulinita. 
 
 
88 
Figura 5.8 Resistência à compressão de concretos de alto 
desempenho. 
 
 
90 
Figura 5.9 Relação entre o teor de metacaulinita e a resistência média 
à compressão para diferentes idades. 
 
 
91 
Figura 5.10 Corpo-de-prova contendo 10% de metacaulinita após ensaio 
de resistência à compressão, aos 28 dias (a); Detalhe da 
superfície de ruptura atravessando totalmente os agregados 
(b). 
 
 
 
 
92 
Figura 5.11 Curvas tensão-deformação para o concreto com 
metacaulinita (15%) aos 120 dias. 
 
 
93 
Figura 5.12 Curvas tensão-deformação para o concreto com sílica ativa 
(10%) aos 120 dias. 
 
 
93 
Figura A.1 Resistência à compressão de argamassas com cinzas 
volantes com vários diâmetros médios de partículas 
(Massazza, 1993). 
 
 
 
99 
Figura A.2 Evolução da resistência à compressão do concreto com 
vários teores de escória de alo forno em massa do total de 
material cimentício (Hogan e Meusel, 1981). 
 
 
 
101 
Figura A.3 Desenvolvimento da resistência à compressão de concretos 
com diferentes teores de cinza de casca de arroz em 
substituição ao cimento (Zhang e Malhotra, 1996). 
 
 
 
102 
Figura B.1 Porcentagem de vazios para as misturas de areia e brita, 
conforme NBR 7810 (1983). 
 
 
105 
 
 
 
viii 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 2.1 Compostos principais do cimento Portland (Neville, 1997). 
 
9 
Tabela 2.2 Classificação dos cimentos Portland comercializados no 
Brasil, segundo a ABNT. 
 
 
11 
Tabela 2.3 Limites granulométricos do agregado miúdo (NBR 7211, 
1983). 
 
 
13 
Tabela 2.4 Limites granulométricos do agregado graúdo (NBR 7211, 
1983). 
 
 
15 
Tabela 2.5 Classificação dos aditivos químicos segundo a NBR 11768 
(EB-1763/1992). 
 
 
19 
Tabela 3.1 Classificação dos aditivos minerais conforme a NBR 12653 
(1992). 
 
 
35 
Tabela 3.2 Dados gerais de barragens construídas no Brasil (Saad et 
al., 1983 b). 
 
 
42 
Tabela 4.1 Distribuição granulométrica da metacaulinita queimada a 
650oC e peneirada na malha 75 mm. 
 
 
60 
Tabela 4.2 Dimensões características da metacaulinita. 
 
60 
Tabela 4.3 Análise química da matéria-prima e da metacaulinita. 
 
61 
Tabela 4.4 Características dos cimentos Portland CP II E 32 utilizados. 
 
63 
Tabela 4.5 Composição mineralógica do granito. 
 
 
64 
Tabela 4.6 Características físicas e mecânicas do agregado graúdo. 
 
 
65 
Tabela 4.7 Características físicas e granulométricas do agregado 
miúdo. 
 
66 
Tabela 4.8 Características da sílica ativa. 67 
 
 
ix
 
Tabela 4.9 Características do aditivo superplastificante. 
 
68 
Tabela 4.10 Dosagem de material para as pastas dos ensaios de 
miniabatimento. 
 
 
70 
Tabela 4.11 Dosagem de material para argamassas. 
 
72 
Tabela 4.12 Dosagem de material para argamassas. 
 
73 
Tabela 4.13 Composição dos concretos. 
 
77 
Tabela 4.14 Ordem de colocação dos materiais na betoneira. 
 
77 
Tabela 5.1 Resultados dos ensaios de compatibilidade cimento-
superplastificante. 
 
 
80 
Tabela 5.2 Valores médios de resistência à compressão e índice de 
atividade pozolânica com cimento Portland. 
 
 
84 
Tabela 5.3 Valores médios de resistência à compressão e índice de 
atividade pozolânica com cimento Portland. 
 
 
85 
Tabela 5.4 Resistência à compressão das argamassas com relação 
água/aglomerante de 0,52. 
 
 
87 
Tabela 5.5 Resistência à compressão
dos concretos. 
 
89 
Tabela B.1 Materiais constituintes do concreto de teste. 
 
106 
Tabela B.2 Proporcionamento dos materiais do concreto de referência. 
 
107 
Tabela B.3 Proporcionamento dos materiais dos concretos com aditivos 107 
 
 
 
x
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 
 
 
A Coeficiente, usado na dosagem, que expressa a qualidade da brita 
 
a/c Relação água/cimento, em massa 
 
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland 
 
ABNT Associação Brasileira e Normas Técnicas 
 
ACI American Concrete Institute 
 
ASTM American Society for Testing and Materials 
 
BT Boletim técnico 
 
CAD Concreto de alto desempenho 
 
CAR Concreto de alta resistência 
 
CCA Cinza de casca de arroz 
 
CH Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) 
 
CP Cimento Portland 
 
C-S-H Silicato de cálcio hidratado 
 
C3S Silicato tricálcico 
 
C2S Silicato dicálcico 
 
C3A Aluminato tricálcico 
 
C4AF Ferroaluminato tetracálcico 
 
Dmax Diâmetro máximo 
 
fcm3 Resistência média à compressão do concreto aos 3 dias de idade 
 
fcm7 Resistência média à compressão do concreto aos 7 dias de idade 
 
 
xi
 
fcm28 Resistência média à compressão do concreto aos 28 dias de idade 
 
fcm91 Resistência média à compressão do concreto aos 91 dias de idade 
 
fccm28 Resistência média à compressão do cimento aos 28 dias de idade 
 
fcd28 Resistência desejada do concreto à compressão especificada aos 
28 dias de idade 
 
fck Resistência característica do concreto à compressão especificada 
no projeto estrutural 
 
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. 
 
ISRM International Society for Rock Mechanics 
 
JCPDS Joint Committe on Powder Diffraction Standards 
 
ma Massa específica da areia 
 
mb Massa específica da brita 
 
mm Massa específica da mistura de agregados 
 
mum Massa unitária compactada da mistura de agregados 
 
MT Manual técnico 
 
MTC Metacaulinita 
 
NBR Norma Brasileira Registrada 
 
NM Norma Mercosul 
 
PV Percentual de vazios numa mistura de agregados 
 
PA Percentual de areia na mistura de agregados 
 
PB Percentual de brita na mistura de agregados 
 
R2 Coeficiente de determinação da regressão linear 
 
SA Sílica ativa 
 
SP Aditivo superplastificante 
 
STG Sistema de Testes Geomecânicos 
 
Tmtc Teor de metacaulinita 
 
 
 
xii
CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO COM METACAULINITA 
Guilherme Chagas Cordeiro 
 
 
RESUMO 
 
 
A substituição parcial de cimento Portland por materiais pozolânicos 
permite obter concretos e argamassas com propriedades diferenciadas, 
superiores em alguns aspectos aos produtos sem adição. Vários são os materiais 
utilizados para este fim, dentre os quais destacam-se a sílica ativa, a cinza 
volante e as argilas calcinadas. Atualmente no Brasil a sílica ativa é muito 
utilizada. Infelizmente, nem sempre este produto é acessível, quer seja pelo 
preço, quer seja pela disponibilidade. 
Neste trabalho procurou-se caracterizar uma pozolana produzida a 
partir da ativação térmica de uma argila caulinítica extraída da planície aluvial do 
Rio Paraíba do Sul, no Município de Campos dos Goytacazes/RJ. Após 
processos de moagem, queima e peneiramento, a argila desenvolve propriedades 
pozolânicas, associadas à formação da metacaulinita (material de elevada 
desordem estrutural). 
Um programa experimental foi implementado para a comparação entre 
produtos com e sem adição mineral, constituído de duas etapas: caracterização e 
produção da metacaulinita; e confecção e ensaios em corpos-de-prova de 
concretos e argamassas. 
A fim de validar o potencial da argila como matéria-prima para a 
produção de metacaulinita foram investigadas as seguintes propriedades: 
temperatura ótima de queima; índice de atividade pozolânica; compatibilidade 
cimento-superplastificante; e resistência à compressão de concretos e 
argamassas. Os resultados estão condizentes com a literatura, revelando 
incrementos de resistência em concretos e argamassas com metacaulinita. 
 
 
Palavras-chave: concreto de alto desempenho, metacaulinita, aditivo mineral. 
 
 
xiii
HIGH-PERFORMANCE CONCRETE CONTAINIG METAKAOLINITE 
Guilherme Chagas Cordeiro 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The partial replacement of Portland cement by pozzolanic materials 
allows to obtain concrete and mortars with superiors properties, in some aspects 
to the products without addition. There are many materials used to achieve this 
goal, such as silica fume, fly ash and calcined clays. Nowadays, the silica fume 
have being used a lot in Brazil. Unfortunately, due to price and availability this 
product is not oftenly accessible. 
In this work the pozzolan was characterized and produced of thermal 
activation of an alluvial’s plain kaolinite clay from Paraíba do Sul River, in Campos 
dos Goytacazes City. After grinding, firing and sieving processes, pozzolanic 
properties are developed, due to metakaolinite formation, which is a material with 
high structural disorder. 
An experimental program was executed to promote a comparasion 
between products with and without mineral addition, constituted for two stages: 
metakaolinite production; and making of concretes and mortars samples. 
In order to validate the clay’s potential as a raw material for the 
metakaolinite production the following properties were investigated: ideal burning 
temperature; pozzolanic activity’s index; cement-superplasticizer compatibility; and 
concretes and mortars’ compressive strain. The increases in concretes and 
mortars resistances with metakaolinite finding are according to literature. 
 
 
Keywords: high-performance concrete, metakaolinite, mineral admixture.
 
 
1
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Atualmente, poucos materiais têm uso tão difundido na engenharia 
quanto o concreto de cimento Portland. Devido às suas excepcionais qualidades, 
o concreto possibilitou ao homem moderno mudanças expressivas, tanto na 
arquitetura quanto na engenharia, além de seu próprio modo de vida. Os 
resultados são novos desafios à pesquisa do concreto, particularmente o que diz 
respeito ao concreto de alto desempenho, um material com melhores índices de 
resistência e durabilidade, alcançadas a partir de adições químicas e minerais. 
 
O Município de Campos dos Goytacazes, que possui uma população 
residente estimada de 371.252 habitantes, destaca-se na Região Norte do Estado 
do Rio de Janeiro por sua extensão territorial, ocupando uma área de 4040,4 km2 
(CIDE, 2000), conforme Figura 1.1. Cerca de 52% de todo o território municipal é 
composto por espessos pacotes argilosos provenientes da migração do leito do 
Rio Paraíba do Sul (Ramalho et al., 2001), explorados, em parte, como matéria-
prima para cerâmica vermelha. Diante deste contexto ambiental e da crescente 
demanda de aditivos minerais para o concreto, iniciou-se um estudo para o 
aproveitamento destes solos argilosos para a produção de uma pozolana, a 
metacaulinita. 
 
A metacaulinita é um aluminossilicato de estrutura desordenada, 
resultante da ativação térmica de uma argila caulinítica finamente moída. Este 
material, apesar de não possuir, por si só, propriedades aglomerantes e 
hidráulicas, contém constituintes que a temperaturas ordinárias reagem, em 
presença de água, com o hidróxido de cálcio originando novos compostos 
hidratados com propriedades cimentícias e insolúveis em água. 
 
 
 
2
Desta forma, o objetivo maior da pesquisa concentra-se na 
possibilidade de uso e aplicação dos solos argilosos do município para a 
produção de um aditivo mineral para concretos
e argamassas de alto 
desempenho. 
 
Figura 1.1 – Localização do Município de Campos dos Goytacazes. 
 
Destacam-se ainda os seguintes objetivos específicos: 
 
· Apresentar as características de materiais argilosos da região e propor alguns 
critérios de utilização visando-se a viabilidade de obtenção de concretos com 
resistência à compressão acima de 50 MPa, aos 28 dias; 
RIO DE JANEIRO 
Município de 
Campos dos 
Goytacazes 
Campos dos 
Goytacazes 
Rio do Sul 
Lagoa 
Feia 
Lagoa 
de Cima 
Oceano 
Atlântico 
Espírito Santo 
Paraíba 
Área: 4038 km2 
Localização: 41o30’ W 
 21o45’ S 
Metros 
20.000 
 
 
3
· Caracterizar física, química e mineralogicamente a metacaulinita, e verificar seu 
desempenho em diversos teores de substituição parcial do cimento Portland em 
concretos e argamassas; 
 
· Verificar a influência da temperatura de queima e teor de material fino, presente 
na argila a ser calcinada, na atividade pozolânica da metacaulinita, determinando 
a temperatura ótima de queima para este aditivo. 
 
A presente dissertação está estruturada em sete Capítulos. O Capítulo 1 
compreende a introdução do trabalho de pesquisa, onde é justificada sua 
importância e seus objetivos. No Capítulo 2 é apresentada a revisão bibliográfica 
referente ao concreto de alto desempenho, considerando aspectos de sua 
aplicação, materiais constituintes e procedimentos de produção. Também são 
discutidas, neste Capítulo, características de dosagem de concreto de alto 
desempenho. 
 
O Capítulo 3 apresenta a revisão bibliográfica sobre os principais aditivos 
minerais utilizados em concretos e argamassas de alto desempenho, analisando 
suas características e as conseqüências de suas utilizações. Este Capítulo, longe 
de apresentar um caráter de manual científico, aborda de forma sucinta aspectos 
intrínsecos destes materiais, o que, por vezes, se torna repetitivo, sendo, 
entretanto, de extrema relevância para o tema em questão. Inúmeros exemplos 
são citados de forma resumida ilustrando pesquisas sobre o tema. 
 
Já no Capítulo 4, o programa experimental é descrito através do detalhamento 
dos ensaios realizados e da caracterização dos materiais empregados. 
 
No Capítulo 5 é apresentada a análise dos resultados obtidos no programa 
experimental. Neste Capítulo relata-se a caracterização da metacaulinita utilizada 
em concretos e argamassas. 
 
O sexto e último Capítulo compreende as conclusões do trabalho assim como 
algumas sugestões para futuros trabalhos neste amplo campo de pesquisa que 
constitui o concreto de alto desempenho. 
 
 
4
 
 
 
 
2. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 
 
 
O concreto de alto desempenho é uma evolução dos concretos 
produzidos ao longo dos anos. Um maior controle na seleção dos materiais e nas 
etapas de dosagem, mistura, adensamento, transporte e cura, aliado ao uso 
preciso de aditivos químicos e minerais, permite a produção concreto com 
propriedades melhoradas. 
 
O concreto de alta resistência, como era denominado nos anos 70, 
hoje é definido não somente em função de sua resistência superior, mas 
principalmente destaca-se uma menor permeabilidade, maior resistência ao 
desgaste e abrasão, enfim, maior durabilidade. De acordo com Mehta (1996), a 
busca por um concreto com maior durabilidade está presente em cerca de 75% 
das obras em concreto de alta resistência. 
 
O Americam Concrete Institute, através do Comitê 201 (1994), define a 
durabilidade de um concreto como sua habilidade para resistir às ações 
atmosféricas, ataques químicos, abrasão e outros processos de deteriorização. 
As ações atmosféricas referem-se aos efeitos ambientais, tais como exposição a 
ciclos de molhagem secagem e congelamento e descongelamento. Os processos 
de deteriorização química incluem ataques de substâncias ácidas e reações de 
expansão, tais como reações de sulfatos, reações álcali-agregados e corrosão de 
armaduras de aço no concreto. 
 
Deve-se enfatizar que, para adquirir baixos valores de permeabilidade, 
é necessária uma mistura densa acarretando uma maior resistência. Ou seja, 
estas duas características encontram-se intimamente ligadas. Neville (1997) 
destaca que o concreto de alto desempenho não é somente um concreto com 
 
 
5
altas resistências à compressão, mas que também possui alto módulo de 
elasticidade, alta densidade, baixa permeabilidade e resistência aos ataques do 
meio externo. Mehta e Aïtcin (1990) definem o concreto de alto desempenho 
como um material que possui alta rigidez e estabilidade dimensional e, 
principalmente, baixa permeabilidade. 
 
O uso de diversas terminologias para designar o mesmo material, tais 
como, concreto de alto desempenho (CAD), concreto de alta resistência (CAR), 
ou até mesmo concreto de alta eficiência, tem suscitado a interpretações 
controvertidas quanto ao verdadeiro potencial do material, que varia 
geograficamente e ao longo do tempo. Segundo Gjorv (1992), na década de 50, 
concretos com resistência à compressão de 35 MPa eram considerados 
concretos de alta resistência nos Estados Unidos. Nas décadas de 60 e 70 
concretos com 50 MPa e 70 MPa, respectivamente, estavam sendo utilizados 
comercialmente. Atualmente, concretos com 90 MPa, 100 MPa e até 120 MPa 
entraram no campo da construção de edifícios altos, plataformas de petróleo e 
pontes, cujas resistências foram definidas com bases sólidas e garantidas com 
técnicas rotineiras (Aïtcin e Neville, 1993). 
 
O American Concrete Institute estabelece, no ACI 363 (1991), o valor 
de 41 MPa (6000 psi), como limite inferior para concretos de alta resistência, pois 
a prática de dimensionamento de estruturas está fundamentada em experimentos 
realizados em concretos com resistência à compressão inferior a 41 MPa. 
 
Ainda hoje, de um modo geral, a produção de concretos no município 
de Campos dos Goytacazes baseia-se em projetos calculados para uma 
resistência característica aos 28 dias inferior a 25 MPa. Sendo assim, é possível 
classificar concretos com resistência à compressão superior a 40 MPa, como 
concretos de alta resistência. 
 
 
2.1. APLICAÇÃO 
 
 
 
6
A alta resistência à compressão e o alto módulo de elasticidade já nas 
idades iniciais, baixa segregação, ausência de exsudação são algumas das 
características que justificam a crescente utilização do concreto de alto 
desempenho. A partir de 1950 pesquisas e obras difundiram-se por todo o mundo, 
com aplicações nos diversos tipos de estruturas. Inúmeros prédios, pontes, 
pavimentos, elementos pré-fabricados, obras marítimas, dentre outros, têm sido 
construídos com concreto de alto desempenho. 
 
Um estudo realizado por Dal Molin e Wolf (1990) indica uma redução 
de cerca de 12% do custo de um edifício de 15 andares, ao se empregar concreto 
de alta resistência (fck = 60 MPa) no lugar de um concreto convencional (fck = 21 
MPa). Foram considerados os consumos de concreto, armaduras e formas, além 
de gastos com a mão de obra. Outros fatores como desformas mais rápidas, 
ganho de área útil em virtude das menores seções das peças estruturais e 
possibilidade de confecção de elementos mais leves e esbeltos, podem elevar 
este valor de economia, justificando ainda mais seu emprego. 
 
Outra vantagem é a grande durabilidade de estruturas feitas com 
concreto de alto desempenho. A sua baixa permeabilidade contribui para o 
controle de corrosão e carbonatação, além de proteger o concreto de ataques 
químicos e biológicos. 
 
Relatos de Almeida et al. (1995) ilustram o grande número e a 
diversidade das obras em concreto de alto desempenho no Brasil. Vale
ressaltar a 
utilização do concreto de alto desempenho em obras de recuperação e reforço 
estrutural, em função, principalmente, da boa aderência com o aço ou com outro 
concreto já endurecido, além da alta fluidez que alcança sem segregação. 
Canovas (1988) destaca o melhor acabamento superficial alcançado com o 
concreto de alto desempenho como conseqüência de seu maior conteúdo de 
finos. 
 
De acordo com Aïtcin (1998), o concreto alcançou a resistência e 
durabilidade da rocha natural, mas uma “rocha” que pode ser facilmente 
 
 
7
modelada, reforçada com barras de aço, protendida ou pós-tendida com cabos ou 
misturada com qualquer tipo de fibra. 
 
 
2.2. MATERIAIS CONSTITUINTES 
 
O concreto é um material composto e suas propriedades dependem da 
proporção e propriedades de seus componentes, além da interação entre os 
mesmos (Neville, 1997). A escolha e adequação dos materiais constituintes 
compõem a primeira etapa na elaboração de um concreto de alto desempenho. 
 
Segundo Mehta e Monteiro (1994) a tarefa de escolha dos materiais 
não é fácil, tendo em vista que ocorrem grandes variações nas suas composições 
e propriedades físicas e químicas. 
 
O concreto de alto desempenho é obtido através de uma mistura de 
cimento, agregados, aditivos minerais e químicos e água, com uma baixa relação 
água/aglomerante. Aïtcin (1998) considera como baixos os valores menores que 
0,40, baseado no fato de que é muito difícil, se não impossível, tornar trabalhável 
um concreto feito com os cimentos Portland mais comumente encontrados no 
mercado, sem a utilização de um aditivo superplastificante. 
 
A seguir serão descritas as principais propriedades dos constituintes 
normalmente utilizados no concreto de alto desempenho. Um estudo mais 
detalhado das características e influência dos aditivos minerais no concreto de 
alto desempenho encontra-se no Capítulo 3. 
 
 
2.2.1. Cimento Portland 
 
O cimento Portland é um material pulverulento, aglomerante hidráulico, 
composto basicamente de silicatos de cálcio e aluminatos de cálcio que 
misturados à água se hidratam e, depois de endurecidos, mesmo que sejam 
submetidos novamente à ação da água não se decompõem mais. 
 
 
8
Para a fabricação do cimento são empregados materiais calcáreos, 
como rocha calcárea e gesso, e alumina e sílica, encontradas facilmente em 
argilas e xistos. O processo de fabricação do cimento Portland consiste 
essencialmente em moer a matéria-prima, misturá-la nas proporções adequadas 
e queimar essa mistura em um forno rotativo até uma temperatura de cerca de 
1450oC. Nessa temperatura, o material sofre uma fusão incipiente formando 
pelotas, conhecidas com clínquer. O clínquer é resfriado e moído, em um moinho 
de bolas ou de rolo, até um pó bem fino (geralmente menor que 75 mm), com 
adição de um pouco de gesso, resultando o cimento Portland largamente usado 
em todo mundo (Neville, 1997). A mistura e moagem das matérias-primas podem 
ser feitas tanto em água quanto a seco, daí a denominação dos processos de via 
úmida e de via seca. Alguns materiais, como areia, bauxita e minério de ferro, são 
adicionados como corretivos, cuja função é suprir as matérias primas de 
elementos que não se encontrem disponíveis nas matérias primas principais. 
 
Durante a queima ocorrem inúmeras reações de estado sólido entre as 
fases constituintes, reações envolvendo essas fases e a parte fundida do material 
e, ainda, a ocorrência de transformações mineralógicas em função do 
resfriamento, gerando os principais componentes do cimento (Tabela 2.1), que 
quando hidratados fornecem as principais propriedades deste material (Zampieri, 
1989). A última etapa de fabricação do cimento Portland constitui-se no 
resfriamento imposto aos nódulos produzidos, sendo de grande importância para 
a definição da reatividade e estabilidade das fases do clínquer. 
 
Tabela 2.1 – Compostos principais do cimento Portland (Neville, 1997). 
Nome do composto Composição em óxidos Abreviação 
Silicato tricálcico 3CaO.SiO2 C3S 
Silicato dicálcico 2CaO.SiO2 C2S 
Aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 C3A 
Ferroaluminato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF 
Notação: CaO: C; SiO2: S; Al2O3: A; Fe2O3: F. 
 
As reações químicas entre os silicatos e aluminatos relacionados na 
Tabela 2.1 com a água são denominadas de reações de hidratação do cimento e 
 
 
9
geram uma massa firme e resistente,. Essas reações de dissolução e formação 
de novas fases ocorrem quase que instantaneamente, na medida em que se 
adiciona água ao cimento Portland. 
 
De acordo com Mehta e Monteiro (1994), o C3S apresenta rápida 
hidratação, desprendendo uma quantidade média de calor, gera um gel de silicato 
de cálcio hidratado (C-S-H) e cristais de hidróxido de cálcio Ca(OH)2 (C-H). Este 
composto contribui para elevar a resistência inicial da pasta endurecida e 
aumentar sua resistência final. Já o C2S, que desprende uma quantidade 
pequena de calor durante sua lenta hidratação, também é responsável pelo 
aumento de resistência nas idades avançadas e produz um volume menor de 
Ca(OH)2, em comparação com o C3S. Responsável pelas primeiras reações de 
hidratação, o C3A libera uma grande quantidade de calor para formar aluminatos 
hidratados. O C4AF também se hidrata rapidamente (semelhante ao C3A) mas 
exerce pouca influência sobre a resistência mecânica da pasta. Ressalta-se que 
um dos primeiros avanços no sentido de melhor compreender o processo de 
hidratação do cimento Portland foi, inegavelmente, a análise em separado do 
comportamento exibido pelas diversas fases do clínquer em pastas hidratadas. A 
Figura 2.1, por exemplo, apresenta as velocidades de hidratação dos diferentes 
compostos em estado puro. 
 
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1 10 100 1000
Tempo (dias)
Fr
aç
ão
 h
id
ra
ta
da
C2S
C3S
C3A
C4AF
 
Figura 2.1 – Evolução da hidratação dos compostos do cimento Portland, em estado 
puro (Neville, 1997). 
 
 
 
10 
Na Figura 2.2, por outro lado, reproduz-se as curvas de resistência à 
compressão apresentadas por pastas contendo os componentes isolados que 
compõem o clínquer. A análise em conjunto das Figuras 2.1 e 2.2 permite 
observar as diferentes contribuições das fases que formam o clínquer para as 
resistências mecânicas do produto hidratado. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
0 100 200 300
Tempo (dias)
R
es
is
tê
nc
ia
 à 
co
m
pr
es
sã
o 
(M
P
a)
C3S
C2S
C3A
C4AF
 
Figura 2.2 – Curvas de resistência à compressão de pastas puras obtidas com os 
principais compostos do cimento Portland (Zampieri, 1989). 
 
A princípio o cimento Portland pode ser constituído unicamente de 
clínquer e de uma substância reguladora de pega, caracterizando o que se 
convencionou denominar “cimento Portland comum”. Entretanto, ao longo do 
tempo, outros materiais começaram a ser utilizados em conjunto com o clínquer, 
constituindo os “cimentos com adições”. Desta forma, a ABNT define o cimento 
Portland em tipos e classes de acordo com os seus componentes e propriedades. 
A classe do cimento caracteriza sua resistência mínima potencial aos 28 dias, 
sendo dividida em três níveis: 25 MPa, 32 MPa e 40 MPa. A Tabela 2.2 apresenta 
a classificação dos principais tipos de cimentos comercializados no Brasil. 
 
 
 
11 
Tabela 2.2 – Classificação dos cimentos Portland comercializados no Brasil, segundo a 
ABNT. 
Composição (percentual em massa) 
Tipo de 
cimento Sigla 
Clínquer 
+ 
gesso 
Escória 
granulada de 
alto-forno 
Material 
pozolânico 
Material 
carbonático 
Comum
CP I 
CP I – S 
100 
95 – 99 
– 
1 – 5 
Composto 
CP II – E 
CP II – Z 
CPII – F 
56 – 94 
76 – 94 
90 – 94 
6 – 34 
– 
– 
– 
6 – 14 
– 
0 – 10 
0 – 10 
6 – 10 
Alto-forno CP III 25 – 95 35 – 70 – 0 – 5 
Pozolânico CP IV 45 – 85 – 15 – 50 0 – 5 
Alta res. 
Inicial CP V – ARI 95 – 100 – – 0 – 5 
Branco 
estrutural CPB 75 – 100* – – 0 – 25 
* No cimento branco é utilizado um clínquer com baixos teores de óxidos de ferro e manganês. 
Obs.: Se a sigla do cimento estiver acrescida do sufixo RS significa que o cimento Portland é 
resistente aos sulfatos (por exemplo: CP III – 40 RS). 
 
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) através da BT-
106 (1999) mostra a evolução média da resistência à compressão dos diferentes 
tipos de cimento Portland (Figura 2.3). 
 
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
R
es
is
tê
nc
ia
 à 
co
m
pr
es
sã
o 
(M
P
a)
CP I-S CP II CP III CP IV CP V
 
Figura 2.3 – Evolução média da resistência à compressão dos distintos tipos de cimento 
Portland. 
 
Para aplicação em concreto de alto desempenho, Mehta e Aïtcin (1990) 
comentam que é possível a produção com qualquer tipo de cimento, sendo 
 
 
12 
preferível, no entanto, o cimento Portland comum e aqueles com elevado teor de 
C3S e C2S. De acordo com Neville (1997), os dois silicatos necessitam 
praticamente da mesma quantidade de água para hidratação, mas o C3S produz 
mais que o dobro da quantidade de hidróxido de cálcio, quando comparado com o 
C2S. Isto proporciona uma menor durabilidade quanto ao ataque de águas ácidas 
e/ou sulfatadas. O hidróxido de cálcio no concreto pode reagir com um agregado 
ácido (calcedônia, por exemplo) dando origem a um silicato de cálcio hidratado. 
Esta reação, contudo, causa um aumento de volume indesejável. 
 
Na opinião de Howard e Leatham (1989), não há critérios científicos 
fixos que especifiquem o cimento mais adequado para o concreto de alta 
resistência. Parrot (1969) indica que só é necessária uma seleção criteriosa do 
cimento, quanto ao tipo, para concretos com uma resistência acima de 90 MPa. O 
melhor cimento para concreto de alto desempenho é, de acordo com o ACI 363 
(1991), o que apresenta menor variabilidade em termos de resistência. 
 
De acordo com Vieira et al. (1997) a escolha do tipo de cimento vai ser 
função não só da disponibilidade de mercado mas, sobretudo, das propriedades 
que o concreto a ser produzido deverá possuir. O autores enfatizam que, para 
cada situação específica de projeto, todas as condições deverão ser avaliadas 
detalhadamente, desde as especificações de projeto, condições de cura e 
aplicação, cronograma de execução, e o que mais se fizer necessário para que o 
cimento escolhido seja o mais adequado, contribuindo, desta forma, para o 
aumento da vida útil da estrutura de concreto. 
 
Enfim, para a escolha satisfatória do cimento Portland utilizado na 
produção do concreto de alto desempenho, exige-se conhecimento técnico e 
científico deste material. 
 
 
2.2.2. Agregado Miúdo 
 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) classifica o 
agregado miúdo em zonas (muito fina, fina, média e grossa), de acordo com sua 
 
 
13 
composição granulométrica. A Tabela 2.3 mostra a classificação, de acordo com a 
NBR 7211 (1983). 
 
Tabela 2.3 – Limites granulométricos do agregado miúdo (NBR 7211, 1983). 
Porcentagem, em massa, retida acumulada na peneira ABNT Abertura da 
peneira (mm) Zona 1 
(muito fina) 
Zona 2 
(fina) 
Zona 3 
(média) 
Zona 4 
(grossa) 
9,50 0 0 0 0 
6,30 0 a 3 0 a 7 0 a 7 0 a 7 
4,80 0 a 5¨ 0 a 10 0 a 11 0 a 12 
2,40 0 a 5¨ 0 a 15¨ 0 a 25¨ 5¨ a 40 
1,20 0 a 10¨ 0 a 25¨ 10¨ a 45¨ 30¨ a 70 
0,60 0 a 20 21 a 40 41 a 65 66 a 85 
0,30 50 a 85¨ 60¨ a 88¨ 70¨ a 92¨ 80¨ a 95 
0,15 85¨ a 100 90* a 100 90* a 100 90* a 100 
¨ Pode haver tolerância de, no máximo, 5 pontos percentuais em um só dos limites 
marcados com o símbolo “¨” ou distribuídos em vários deles; 
* Para agregado miúdo resultante de britamento este limite poderá ser de 80. 
 
Um dos principais requisitos para a escolha do agregado miúdo baseia-
se na demanda de água de mistura. Segundo o ACI 363 (1991), um agregado 
miúdo de partículas arredondadas e textura lisa requer menor quantidade de água 
e, por esta razão, é indicado para o concreto de alto desempenho. Como este 
concreto apresenta um alto teor de material fino (dosagem alta de cimento e uso 
de aditivos minerais), recomenda-se agregado miúdo de forma angular, módulo 
de finura acima de 3,0 e diâmetro máximo de 4,8 mm (ACI 363, 1991; Canovas, 
1988). Dal Molin (1995) comenta que a seleção do agregado miúdo está 
condicionada ao consumo de água, fator essencial para garantir uma relação 
água/aglomerante baixa. 
 
Segundo Amaral Filho (1989), com areia natural quartzosa, bem 
graduada e dentro das especificações, é possível a obtenção de concretos com 
resistências de até 170 MPa. 
 
Vieira et al. (1997) afirmam que os agregados miúdos exercem maior 
influência na mistura que os agregados graúdos. Isto se deve ao fato de que a 
superfície específica dos agregados finos é bem maior e, portanto, necessitam de 
mais pasta para envolver seus grãos. Teores elevados de agregados miúdos 
produzirão concretos mais plásticos. Por outro lado, a diminuição da quantidade 
 
 
14 
de agregado miúdo acarreta um decréscimo no teor de pasta necessário, 
reduzindo o custo final do concreto. 
 
É imprescindível após a escolha adequada do agregado miúdo, que 
haja um rigoroso controle de qualidade, pois pequenas variações no teor de 
umidade e/ou granulometria podem ocasionar mudanças significativas nas 
propriedades do concreto fresco e endurecido. Neville (1997) sugere que o teor 
de umidade seja verificado freqüentemente numa obra de concreto, pois seu valor 
varia conforme o clima e posição de uma amostra no monte de agregado em 
estoque. 
 
Ainda segundo Neville (1997), quando não for possível a utilização de 
agregados naturais*, deve-se atentar para a granulometria do material britado. 
Neste caso, obtém-se mais material menor de 75 mm, que gera perda de 
trabalhabilidade e um pequeno decréscimo na resistência à compressão do 
concreto. 
 
Enfim, deve-se procurar uma proporção ótima de agregados miúdos e 
graúdos, de acordo com suas características de granulometria e forma, a fim de 
que uma mistura mais compacta seja obtida, ao menor consumo de pasta 
possível, e conseqüentemente, ao menor custo. 
 
 
2.2.3. Agregado Graúdo 
 
O termo agregado graúdo descreve partículas maiores que 4,8 mm, 
responsáveis por cerca de 60% do volume do concreto. Desta forma, os efeitos 
que este material pode gerar no concreto fresco e endurecido devem ser 
estudados com atenção. A Tabela 2.4 apresenta os limites granulométricos 
estabelecidos pela NBR 7211 (1983), com as respectivas graduações dos 
agregados graúdos. 
 
 
* São consideradas areias naturais aquelas que foram reduzidas ao seu tamanho presente pela ação de 
agentes naturais. 
 
 
15 
Tabela 2.4 – Limites granulométricos do agregado graúdo (NBR 7211, 1983). 
Porcentagem retida acumulada, em massa, nas peneiras de abertura nominal (mm) No 
76 64 50 38 32 25 19 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4 
0 – – – – – – – 0 0-10 – 80-100 95-100 
1 – – – – – 0 0-10 – 80-100 92-100 95-100 – 
2 – – – – 0 0-25 75-100 90-100 95-100 – – – 
3 – – 0 0-30 75-100 87-100 95-100 – – – – – 
4 0 0-30 75-100 90-100 95-100 – – – – – – – 
 
Em geral, estes agregados são procedentes de jazidas naturais, seja
na forma de pedregulhos, seixos ou pedra britada. Rochas ígneas, como granito e 
basalto, metamórficas como gnaisse e leptinito e sedimentares, como arenitos e 
calcáreos, são utilizadas em todo mundo. Também podem ser empregados em 
concreto agregados de escória de alto-forno, de cinza volante e agregados 
reciclados (rejeitos de construção e resíduos cerâmicos, por exemplo). 
 
De acordo com Mehta e Monteiro (1994) e Danielsen (1997) as 
características mais significativas dos agregados graúdos são: 
 
 · Resistência à compressão; 
 · Resistência à abrasão; 
 · Módulo de elasticidade; 
 · Massa específica e massa unitária; 
 · Absorção; 
 · Porosidade; 
 · Composição granulométrica, módulo de finura e dimensão máxima; 
 · Forma e textura superficial; 
 · Substâncias deletérias. 
 
A escolha do agregado graúdo é mais complexa que a do agregado 
miúdo, pois suas propriedades físicas, químicas e mineralógicas afetam 
consideravelmente a obtenção das propriedades de resistência e durabilidade no 
concreto. 
 
Estudos realizados por Helland (1988), com concretos de várias 
classes de resistência, utilizando um agregado graúdo de boa qualidade (seixo 
 
 
16 
britado), verificaram que para resistências menores que 80 MPa o concreto se 
comporta como um material composto. Isto porque as fissuras se desenvolvem na 
pasta e na interface agregado-pasta. Para resistências entre 80 MPa e 100 MPa a 
capacidade de carga do agregado e da pasta tem a mesma ordem de grandeza. 
Desta forma, as fissuras penetram também nos agregados e o material tem um 
comportamento homogêneo. Com valores de resistência acima de 100 MPa, o 
concreto adquire novamente um comportamento típico de compósitos, sendo o 
agregado o componente mais frágil. 
 
Gonçalves et al. (1994), verificaram em um estudo realizado com 
agregados rochosos da cidade do Rio de Janeiro, que o agregado graúdo pode vir 
até mesmo a restringir as propriedades do concreto. Constataram, usando 
gnaisse e granito, que a existência de concretos de resistências menores que as 
da argamassa e a ocorrência exclusiva de fraturas intergranulares eram 
indicativos de que os agregados graúdos foram os limitadores das resistências do 
concreto. 
 
Segundo Aïtcin e Neville (1993) os agregados graúdos menores são 
geralmente mais resistentes que os agregados maiores. Isto se deve ao processo 
de britagem, que ocorre preferencialmente em zonas potencialmente fracas na 
rocha matriz. Assim, quanto menor o agregado utilizado, menor a incidência de 
zonas fracas. Além disso, de acordo com Dal Molin (1995), quanto menor o 
agregado, menor a superfície capaz de reter água durante a exsudação do 
concreto fresco, o que propicia uma zona de transição de menor espessura e, 
conseqüentemente, mais resistente. 
 
Almeida (1994) comenta que a alta resistência do agregado é uma 
condição necessária, mas não suficiente, para a produção de concreto de alto 
desempenho. O autor destaca a fragilidade da interface agregado-pasta. Mesmo 
com agregados de grande resistência à compressão, atinge-se um limite acima do 
qual não é possível elevar a resistência do concreto com o fortalecimento da 
pasta: o concreto rompe na ligação agregado-pasta. 
 
 
 
17 
Nos concretos de alto desempenho, comenta Nuñez (1992), há uma 
transferência direta de tensões entre a pasta e o agregado graúdo a cargas 
relativamente baixas. Assim, o módulo de elasticidade do concreto é fortemente 
influenciado pelas propriedades elásticas do agregado graúdo. 
 
A distribuição granulométrica de um agregado é um fator muito 
importante pois altera a demanda de água de um concreto. O fator 
água/aglomerante no concreto de alto desempenho deve ser o menor possível, 
desta forma a quantidade de água deve ser minimizada, para um determinado 
abatimento. 
 
Segundo Neville (1997) um agregado inadequado quanto a sua forma 
pode influenciar a trabalhabilidade da mistura e o acabameto superficial dos 
elementos de concreto. O comitê ACI 363 (1991) demonstra que, embora 
agregados com formas angulares possam produzir concretos com resistências 
mecânicas superiores, efeitos opostos podem surgir na demanda de água e 
trabalhabilidade se a angulosidade for muito acentuada. 
 
Gomes et al. (1995) sugerem uma relação inversa entre a resistência à 
compressão do concreto e a abrasão “Los Angeles” do agregado graúdo. 
Segundo os autores, quanto menor for o percentual de abrasão obtido no ensaio, 
maior será resistência alcançada pelo concreto. Tal fato evidencia a influência do 
agregado graúdo na resistência do concreto. 
 
Frazão e Paraguassu (1998) recomendam uma análise petrográfica do 
agregado graúdo para identificação dos tipos de minerais, seus estados de 
alteração, suas granulações e suas quantidades. Isto permite a identificação de 
minerais que posam vir a comprometer a durabilidade do concreto. 
 
Estudos realizados por Fonseca Silva et al. (1998), utilizando 
agregados de granito, calcáreo e seixos rolados, indicam um aumento de 5% a 
10% na resistência à compressão de concretos em virtude da lavagem dos 
agregados antes da confecção do concreto. Resultados semelhantes foram 
obtidos por Almeida (1994), conforme ilustra a Figura 2.4. 
 
 
18 
 
40
60
80
100
120
Condição de limpeza dos agregados
R
es
is
tê
nc
ia
 à 
co
m
pr
es
sã
o 
(M
Pa
)
concreto 1 concreto 2 concreto 3
materiais
in natura
brita
lavada
brita e areia
lavadas
 
Figura 2.4 – Influência da lavagem dos agregados na resistência à compressão do 
concreto (Almeida, 1994). 
 
 
2.2.4. Aditivos Químicos 
 
A NBR 11768 (EB-1763/1992) define os aditivos como sendo produtos 
que adicionados ao concreto de cimento Portland em pequenas quantidades 
modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor adequá-las a 
determinadas condições. De acordo com Neville (1997), o motivo do grande uso 
de aditivos químicos é a capacidade de proporcionar ao concreto consideráveis 
melhorias físicas e econômicas. Essas melhorias incluem o uso do concreto em 
condições nas quais seria difícil ou até mesmo impossível utilizá-lo sem aditivos. 
 
O Comitê ACI 212 (1992) lista algumas finalidades importantes para as 
quais os aditivos químicos são empregados: 
 
 · Aumentar a plasticidade do concreto mantendo constante o teor de 
água; 
 · Reduzir a exsudação e a segregação; 
 · Retardar ou acelerar o tempo de pega do concreto; 
 
 
19 
 · Acelerar a velocidade de desenvolvimento da resistência mecânica 
das primeiras idades; 
 · Retardar a taxa de evolução de calor durante a hidratação do 
cimento; 
 · Aumentar a resistência a ciclos de congelamento e descongelamento; 
 · Aumentar a durabilidade do concreto em condições extremas de 
exposição. 
 
Os aditivos são classificados em virtude das alterações que causam 
nas propriedades do concreto fresco e/ou endurecido. Segundo Mehta (1996), os 
aditivos variam amplamente quanto à composição química e muitos 
desempenham mais de uma função; conseqüentemente, é difícil classificá-los de 
acordo com as suas funções. A Tabela 2.5 apresenta a classificação de aditivos 
químicos empregada no Brasil, segundo a NBR 11768 (EB-1763/1992). 
 
Tabela 2.5 – Classificação dos aditivos químicos segundo a NBR 11768 (EB-1763/1992). 
Tipo Classificação Tipo Classificação 
P Plastificante A Acelerador 
R Retardador PA Plastificante acelerador 
PR Plastificante retardador IAR Incorporador de ar 
SP Superplastificante SPA Superplastificante acelerador 
SPR Superplastificante retardador 
 
Uma vez que a redução da relação água/aglomerante
é primordial para 
a obtenção do concreto de alto desempenho a utilização de aditivos redutores de 
água faz-se imprescindível. O uso de aditivos superplastificantes é 
preponderante, uma vez que aumenta a fluidez do concreto a níveis muito 
elevados, sem alterar outras características, permitindo produzir, através da 
redução da relação água/aglomerante, concretos com alta resistência e maior 
durabilidade. 
 
 
2.2.4.1. Aditivos Superplastificantes 
 
Os superplastificantes, também chamados de redutores de água de 
alta eficiência ou superfluidificantes, consistem de tensoativos aniônicos de 
 
 
20 
cadeia longa e massa molecular elevada (20000 a 30000). Quando adsorvido 
pelas partículas de cimento, o tensoativo confere uma forte carga negativa, a qual 
auxilia a reduzir consideravelmente a tensão superficial da água circundante e 
aumentar acentuadamente a fluidez do sistema (Mehta e Monteiro, 1994) 
 
Os superplastificantes podem ser agrupados em quatro grandes 
categorias, de acordo com sua composição química (Ramachandran, 1984; 
Bucher, 1988; Aïtcin et al., 1994 a): 
 
 · Condensados sulfonados de melamina-formaldeído; 
 · Condensados sulfonados de formaldeído-naftaleno; 
 · Condensados de lignossulfonatos modificados; 
 · Outros, como ésteres de ácido sulfônico e ésteres de carboidratos. 
 
Atualmente as duas primeiras categorias mencionadas são mais 
largamente utilizadas, pois apresentam maior eficiência como redutores de água e 
menor incidência de efeitos secundários (Aïtcin, 1998; Sponholz, 1998). 
 
O principal efeito das cadeias longas do superplastificante, segundo 
Neville (1997), é o de ficarem adsorvidas nas partículas de cimento, conferindo-
lhes uma carga altamente negativa de modo que elas passam a se repelir. Isso 
provoca defloculação e dispersão das partículas de cimento. A melhoria resultante 
da ação do superplastificante pode ser aproveitada de dois modos distintos. 
Permite para a mesma relação água/aglomerante e o mesmo teor de água na 
mistura um aumento considerável da trabalhabilidade do concreto, mantendo a 
mistura coesiva. Outra forma, seria para obter concretos com trabalhabilidade 
normal, mas com uma resistência extremamente alta, devido a uma substancial 
redução da relação água/aglomerante. 
 
A defloculação se deve à redução das forças de atração entre 
partículas com cargas opostas. Já a dispersão ocorre pela introdução da força 
repulsiva entre partículas, devido à alta carga negativa conferida às partículas de 
cimento pela adsorção do aditivo. Quanto maior a adsorção melhor será a 
 
 
21 
dispersão das partículas de cimento e mais homogênea será a microestrutura da 
pasta. 
 
De acordo com Huynh (apud Jiang et al., 1998) a reologia do concreto 
de alto desempenho pode ser afetada por parâmetros relativos ao cimento, ao 
superplastificante e a interação entre eles, dentre os quais os mais significativos 
são: 
 
 · Composição química do cimento, especialmente a quantidade de C3A 
e álcalis; 
 · Finura do cimento Portland; 
 · Quantidade e tipo de sulfato de cálcio no cimento; 
 · Natureza química e massa molecular do superplastificante; 
 · Grau de sulfonatação do superplastificante; 
 · Dosagem e método de adição à mistura do superplastificante. 
 
Os aditivos superplastificantes interagem com o C3A, que é o primeiro 
componente do cimento a hidratar-se, e sua reação é controlada pelo sulfato de 
cálcio, produto adicionado ao clínquer para controlar o tempo de pega do cimento. 
Uma certa quantidade de aditivo é necessária durante a mistura para obter a 
trabalhabilidade desejada, no entanto, é imprescindível que o superplastificante 
não seja totalmente fixado pelo C3A. Se a fixação ocorrer é porque íons sulfatos 
não foram liberados a tempo de reagirem com o C3A (Tagni-Hamou e Aïtcin, 
1993). Quando os íons sulfatos são liberados vagarosamente, o cimento e o 
aditivo superplastificante são ditos incompatíveis. 
 
O problema da incompatibilidade entre cimento e superplasticante pode 
também existir no concreto convencional, mas é muito mais acentuado no 
concreto de alto desempenho (Sponholz, 1998). Isto é devido a menor quantidade 
de água disponível para receber os íons sulfatos no concreto de alto desempenho 
e a alta dosagem de cimento, proporcionando mais C3A à mistura. 
 
A quantidade de superplastificante necessária para obtenção de uma 
pasta com fluidez definida aumenta com a área específica do cimento Portland. 
 
 
22 
Quanto mais fino o cimento, mais superplastificante é requerido para obter dada 
trabalhabilidade. 
 
As moléculas do superplastificante podem ser adsorvidas no C3S. 
Aïtcin et al. (1987) observaram que, com um aumento na dosagem de 
superplastificante, o desenvolvimento do calor de hidratação é retardado. Este 
fenômeno de adsorção foi demonstrado pela observação direta de um 
superplastificante marcado com enxofre através de estudos conduzidos por 
Onofrei e Gray apud Aïtcin (1998). 
 
De acordo com Neville (1997), um cimento ideal para concreto de alto 
desempenho, do ponto de vista reológico, não deve ser muito fino (superfície 
específica menor que 400 m2/kg) e deve apresentar um teor muito baixo de C3A, 
cuja atividade é facilmente controlada pelos íons sulfato provenientes da 
dissolução dos sulfatos do cimento Portland. 
 
Um estudo realizado por Chan et al. (1996) mostra a variação no 
comportamento de quatro superplastificantes em concretos com abatimento entre 
150 e 200 mm em função da redução da relação água/cimento. De acordo com a 
Figura 2.5, pode-se concluir que, para os aditivos testados, os superplastificantes 
à base de melamina e naftaleno são mais eficientes em baixos valores de relação 
água/cimento. Geralmente, a consistência do concreto diminui com o aumento da 
dosagem de superplastificante até um valor, além do qual, passa a ser pequeno o 
efeito. Essa é a dosagem ótima (Neville, 1997). 
 
 
 
23 
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0,20 0,30 0,40 0,50 0,60
Relação a/c
D
os
ag
em
 ó
tim
a
(%
 e
m
 m
as
sa
 d
e 
ci
m
en
to
)
Naftaleno Policarboxílico Lignosulfato Melamina
 
Figura 2.5 – Eficiência da dosagem ótima de superplastificante variando a relação 
água/cimento (Chan et al., 1996). 
 
Estudos de Kumar e Roy (1986) revelam que o uso de 
superplastificante em pastas de cimento, sujeitas a diferentes métodos de cura, 
levam a um decréscimo do volume total de poros e ao refinamento da estrutura de 
poros das pastas hidratadas. A mesma conclusão é obtida por Khatib e Mangat 
(1999). O refinamento dos poros, além da redução de seu volume, diminui a 
permeabilidade e aumenta a resistência, permitindo a obtenção de concretos 
muito mais duráveis. Vale ressaltar, que o processo denominado refinamento dos 
poros é a transformação de um sistema contendo grandes vazios capilares em 
um sistema composto de numerosos poros mais finos. 
 
O superplastificante tem maior eficiência quando colocado na mistura 
alguns minutos após a água de amassamento. A Figura 2.6 (Collepardi apud Dal 
Molin, 1995) mostra o efeito de um aditivo a base de naftaleno no abatimento de 
um concreto, onde se observa um aumento de cerca de 100% no abatimento 
inicial quando a colocação do aditivo é retardada em 1 minuto. 
 
 
 
24 
0
50
100
150
200
250
A
ba
tim
en
to
 (m
m
)
Concreto testemunho (sem superplastificante)
Colocação retardada do aditivo (após 1 minuto do início da mistura)
Colocação imediata (com a água de amassamento)
a/c = 0,45
consumo de cimento = 350 kg/m3
dosagem de superplastificante
= 0,4% de sólidos
 por massa de cimento
 
Figura 2.6 – Efeito do momento de colocação do aditivo superplastificante a base de 
naftaleno no abatimento do concreto (Collepardi apud Dal Molin, 1995). 
 
O comportamento reológico em traços com baixa relação 
água/aglomerante não é definido pelas especificações do superplastificante e do 
tipo de cimento Portland. Faz-se, portanto, necessário experimentá-los e verificar 
como se comportam frente aos complexos fenômenos químicos envolvidos (Aïtcin 
et al., 1994 a). Vários métodos são empregados para avaliar a compatibilidade 
aditivo cimento e a dosagem ótima de superplastificante. Dentre os mais 
utilizados estão: método de Kantro ou miniabatimento (Kantro, 1980; Bucher, 
1988; Neville, 1997) e método do cone de Marsh (Neville, 1997; Aïtcin, 1998; de 
Larrard, 1999). A Figura 2.7 (Aïtcin, 1988) mostra os resultados do ensaio de 
miniabatimento para duas combinações de cimento-superplastificante, uma 
compatível e outra incompatível. 
 
 
 
25 
T e m p o ( s )
Á
re
a
 d
e
 e
sp
a
lh
a
m
e
n
to
 (
cm
2 
)
c o m p a t í v e l
i n c o m p a t í v e l
a / c = 0 , 3 5
T = 2 0 oC
 
Figura 2.7 – Exemplos de resultados do ensaio de miniabatimento (Aïtcin, 1998). 
 
 
2.2.5. Água 
 
A água introduzida no concreto como um de seus componentes tem 
duas funções. Uma parte, denominada água de amassamento, contribui para 
garantir uma trabalhabilidade adequada. A outra permite o desenvolvimento das 
reações químicas no concreto, tanto de hidratação do cimento Portland, quanto 
reações pozolânicas com os aditivos minerais e/ou constituintes do cimento 
empregado. Segundo o ACI 363 (1991), os mesmos requisitos de qualidade 
exigidos para água de concretos convencionais devem ser cumpridos no concreto 
de alto desempenho. De acordo com Neville (1997), águas potáveis, ligeiramente 
ácidas, não são prejudiciais ao concreto. 
 
 
2.3. DOSAGEM DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 
 
A dosagem é através do qual são determinadas as proporções dos 
materiais constituintes necessárias para a produção de um concreto que atenda a 
determinadas propriedades pré-fixadas. Estas propriedades são, em geral, 
resistência mecânica, durabilidade e trabalhabilidade. 
 
 
 
26 
Segundo Helene e Terzian (1992) a dosagem pode ser entendida como 
o proporcionamento adequado dos materiais constituintes, com o atendimento 
das seguintes condições principais: 
 
 · Exigências de projeto; 
 · Condições de exposição e operação; 
 · Tipo de agregado disponível economicamente; 
 · Técnicas de execução; 
 · Custo. 
 
Para Neville (1997) os fatores básicos a serem considerados na 
dosagem do concreto estão representados na Figura 2.8. A seqüência de 
decisões também é mostrada até se chegar à quantidade de cada material 
constituinte por betonada. O autor comenta ainda que a trabalhabilidade pode ser 
controlada por um teor adequado de superplastificante e o teor de água pode ser 
fixado a partir da relação água/cimento para a obtenção de uma certa resistência. 
 
Método de 
controle
Resistência
mínima
Granulometria do
agregado total
Proporções de cada
Resistência
média cimentícios
Capacidade
da betoneira
Natureza dos
Trabalha-
bilidade
Idade para a
materiais resistência 
especificada
Método de
adensamento
Proporções
da mistura
Exigências
térmicas
Relação
água/cimento
Dimensões da seção
ou espaçamento
Tamanho máximo
do agregado
Forma e textura
do agregado
Exigências
de durabilidade
componente
por betonada
tamanho do agregado
Teor de
cimento
Massa de cada
 
Figura 2.8 – Fatores básicos para dosagem de concreto (Neville, 1997). 
 
 
 
27 
Para Mehta e Monteiro (1994) o proporcionamento de materiais é mais 
uma arte que uma ciência, tendo em vista a complexidade de fatores envolvidos, 
os quais exigem um amplo conhecimento das propriedades do concreto. 
Rougeron e Aïtcin (1994) compartilham desta opinião, porém destacam que os 
princípios básicos para o proporcionamento do concreto devem ser bem 
conhecidos, e a tecnologia atual oferece muitos meios para a sua obtenção. 
 
Diversos métodos têm sido propostos e utilizados na dosagem e na 
quantificação do concreto de alto desempenho, dentre os quais: de Larrard 
(1990); Mehta e Aïtcin (1990); ACI 363 (1993); Rougeron e Aïtcin (1994); Domone 
e Soutsos (1994); Day (1996); O’Reilly (1998); Bharatkumar et al. (2001). Aïtcin 
(1998) comenta que a diversidade de trabalhos sobre dosagem resulta do fato do 
concreto estar se tornando um material mais complexo do que uma simples 
mistura de cimento, agregados e água, e é cada vez mais difícil predizer suas 
propriedades teoricamente. 
 
Carino e Clifton (1991) enfatizam a maior complexidade no 
proporcionamento de materiais para o concreto de alto desempenho, quando 
comparado com métodos tradicionais de dosagem de concretos convencionais 
(20 MPa a 40 MPa). O uso de materiais pozolânicos em combinação com o 
cimento Portland é freqüente. Os agregados devem ser cuidadosamente 
selecionados para a obtenção de alta resistência e/ou alto módulo de elasticidade. 
Aditivos químicos são necessários para garantir a trabalhabilidade do concreto e 
elevar sua durabilidade. 
 
O’Reilly (1998) comenta que um dos objetivos fundamentais de um 
processo de dosagem é criar uma metodologia que leve em conta as condições 
próprias de cada lugar e os recursos materiais disponíveis, para atingir 
características pré-definidas, sem, obviamente, elaborar regras gerais de 
aplicação do concreto. 
 
 
 
 
 
 
28 
2.4. PROCESSANDO O CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 
 
De acordo com o ACI 363 (1991) os meios normalmente utilizados para 
a produção do concreto de alto desempenho são semelhantes aos utilizados nos 
concretos usuais. Entretanto, a escolha e o controle dos materiais são mais 
críticos para o concreto de alto desempenho, na medida em que a relação 
água/aglomerante é baixa. Aïtcin (1998) comenta que a participação do concreto 
de alto desempenho no mercado ainda é muito pequena, razão pela qual não se 
justifica o uso de técnicas diferenciadas para a produção, o transporte e o seu 
lançamento, exceto em aplicações especiais. 
 
 
2.4.1. Mistura 
 
O concreto de alto desempenho pode ser produzido tanto na obra 
quanto em usinas concreteiras. Devem ser observados, no entanto: o tipo de 
balança utilizada para cada material, a umidade dos agregados, as condições 
climáticas do local de concretagem, o tipo de misturador e o tempo mistura (ACI 
363, 1991). 
 
De acordo com Aïtcin (1998), o tempo de mistura é usualmente maior 
para o concreto de alto desempenho do que para concretos usuais. Devido a 
diversidade dos materiais empregados na confecção de um concreto é difícil 
formular regras específicas para a mistura. A introdução do superplastificante na 
mistura deve ser também avaliada para obter a maior eficiência (vide item 2.2.4). 
 
 
2.4.2. Transporte 
 
O transporte do concreto deve ser efetuado o mais rápido possível a 
fim de minimizar os efeitos de enrijecimento e perda de trabalhabilidade. O 
método e equipamento utilizados devem levar em conta aspectos econômicos e 
técnicos de forma a assegurar que o concreto não irá segregar-se. As condições 
de uso, os materiais utilizados, o acesso a obra, a capacidade requerida, o tempo 
 
 
29 
de entrega e as condições climáticas, são alguns fatores que interferem na 
escolha do método e equipamento adotado para o transporte. 
 
O principal problema enfrentado durante o transporte
do concreto de 
alto desempenho é a perda de consistência ou fluidez com o tempo. Isto é 
resolvido com dosagens repetidas de aditivos superplastificantes ou com o uso de 
aditivo retardador de pega. A utilização de dosagens sucessivas de 
superplastificantes deve ser utilizada com cautela com relação a segregação do 
concreto (Mehta e Monteiro, 1994). Testes de compatibilidade entre o aditivo 
retardador e superplastificante devem ser efetuados para assegurar o máximo 
tempo possível da trabalhabilidade requerida em projeto (Costenaro e Isa, 2000). 
 
 
2.4.3. Lançamento 
 
O lançamento do concreto de alto desempenho pode ser realizado 
segundo os métodos tradicionalmente usados, como linhas de bombeamento, 
guindastes, caçambas e correias transportadoras. O lançamento, em geral, é 
mais simples quando comparado com concretos usuais, devido a maior 
trabalhabilidade do concreto de alto desempenho, promovida pelo uso de 
superplastificantes e aditivos minerais. 
 
 
2.4.4. Adensamento 
 
A finalidade do adensamento é alcançar a maior compacidade possível 
da massa de concreto. O ACI 363 (1991) recomenda que a vibração mecânica 
interna seja utilizada para concreto de alto desempenho. Usualmente o concreto 
de alto desempenho apresenta um abatimento alto. Acredita-se então que não há 
necessidade de vibração intensa. Porém devido à sua consistência viscosa e alta 
coesão, grandes bolsas de ar e bolhas ficam aprisionadas e devem ser 
eliminadas pelo adensamento (Aïtcin, 1998). Mehta (1996) destaca que a 
vibração adequada faz com que o excesso de água na mistura seja levado para a 
superfície onde é perdido por evaporação. 
 
 
30 
2.4.5. Cura 
 
A cura, um dos procedimentos mais críticos na confecção de um 
concreto, tem como função principal manter a umidade da mistura durante o 
período de hidratação dos materiais cimentícios, além de minimizar a retração. A 
cura em concreto de alto desempenho é altamente recomendada em função da 
baixa relação água/aglomerante e alto teor de materiais cimentícios, sendo 
essencial para garantir a durabilidade adequada de superfícies expostas, 
desenvolvimento das resistências mecânicas e controle da fluência e retração. 
Sabe-se que a falta de uma cura adequada pode influir na qualidade final do 
concreto, independente dos cuidados com preparo, transporte, lançamento e 
adensamento. 
 
As adições minerais trazem como conseqüência o refinamento dos 
poros da pasta de cimento e da zona de transição por meio de suas ações de 
densificação e de atividade pozolânica (Mehta e Monteiro, 1994). Desta forma, o 
concreto de alto desempenho pode alcançar uma estrutura porosa descontínua e 
de baixa permeabilidade com poucos dias de hidratação, reduzindo o tempo de 
cura quando comparado com o concreto convencional. Aïtcin (1998) considera 7 
dias como um período suficientemente longo para reduzir drasticamente a 
retração do concreto. Em todo caso, conclui o autor, a cura com água nunca deve 
ser inferior a 3 dias. 
 
Ramezanianpour e Malhotra (1995) estudaram o comportamento de 
diferentes concretos com adições minerais (escória de alto-forno, cinza volante e 
sílica ativa), com relação água/aglomerante de 0,50, em diferentes tipos de cura: 
cura úmida após desmoldagem; cura a temperatura ambiente; cura a temperatura 
ambiente após 2 dias de cura úmida; e cura a temperatura de 38oC com umidade 
relativa do ar de 65%. Os concretos com cura úmida apresentaram, após 180 
dias, melhores resultados de resistência à compressão, permeabilidade e 
penetração de cloretos. Já os concretos que não receberam cura após 
desmoldagem foram os que mostraram piores desempenhos nas propriedades 
verificadas. 
 
 
 
31 
Vários autores (Aïtcin et al., 1994 b; Agostini e Nunes, 1996; Neville, 
1997) afirmam que a cura do concreto de alto desempenho com imersão em água 
produz melhores resultados do que o envolvimento com cobertores plásticos. Mas 
o tipo de cura adotado depende de inúmeros fatores, como por exemplo, o 
tamanho e tipo de elemento estrutural a ser curado. 
 
 
2.4.6. Controle de Qualidade 
 
O controle de qualidade é fundamental para assegurar o alto 
desempenho do concreto na estrutura. A escolha criteriosa dos materiais e 
procedimentos de execução já foi destacada nos itens anteriores. A NBR 16655 
(1996) fixa as condições exigíveis para o preparo, controle e recebimento do 
concreto. 
 
A determinação da consistência do concreto pelo abatimento do troco 
de cone (slump test) e a ruptura de amostras para obtenção da resistência à 
compressão são os parâmetros mais utilizados no controle de um concreto. 
 
O tamanho e forma dos corpos-de-prova influenciam na resistência 
determinada. No Brasil são utilizados basicamente moldes metálicos cilíndricos 
medindo150 mm de diâmetro por 300 mm de altura e de 100 mm x 200 mm. 
 
Com o advento do concreto de alta resistência foi conveniente reduzir 
as dimensões do tradicional cilindro de 150 mm x 300 mm, tendo em vista a sua 
adequação às cargas máximas das prensas hidráulicas utilizadas normalmente. 
Por exemplo, para romper um concreto de 50 MPa numa prensa de ensaio, 
utilizando corpos-de-prova de 150 mm x 300 mm, é necessária uma força de 880 
kN, aproximadamente. 
 
O uso de corpos-de-prova cilíndricos de 100 mm x 200 mm, afirmam 
Valois (1994) e Ferrari et al. (1996), facilita e agiliza o controle de resistência, 
tornando o processo mais econômico, sem prejuízo nos resultados. Estudos de 
Agnesini e Silva (1994) indicam a utilização de corpos-de-prova de 75 mm x 150 
 
 
32 
mm para concretos com diâmetro máximo do agregado de 9,50 mm 
(microconcretos) e, para concretos com brita 1 (Dmax £ 19,0 mm), o emprego de 
cilindros de 100 mm x 200 mm é recomendado. 
 
Vários autores sugerem uma correlação entre os valores de resistência 
obtidos para amostras de 100 mm x 200 mm e 150 mm x 300 mm. Moreno (1990) 
encontrou valores de resistência 1% maiores para os corpos-de-prova de 100 mm 
x 200 mm. Neville (1997) afirma que dimensões de 100 mm x 200 mm tendem a 
apresentar valores de resistência e de desvio padrão um pouco maiores do que 
os de 150 mm x 300 mm. No entanto este valor deve ser pequeno, provavelmente 
na ordem de 3%. De acordo com um estudo realizado por Giammusso et al. 
(2000), existe uma equivalência entre os resultados dos ensaios com corpos-de-
prova com dimensões 150 mm x 300 mm e 100 mm x 200 mm. 
 
Quando é realizado o ensaio de compressão o prato da prensa entra 
em contato com a superfície do topo do corpo-de-prova que, em virtude do 
processo de moldagem, apresenta imperfeições e não é perfeitamente plana. 
Nessas circunstâncias, surgem concentrações de tensões e a resistência é 
diminuída (ACI 363, 1991, Neville, 1997). Para evitar este problema é essencial 
que as superfícies sejam planas. O capeamento dos topos com argamassa de 
enxofre ou de cimento, o esmerilhamento das faces e o uso de capeamentos não 
aderentes, como placas de neoprene e caixa de areia, são os meios utilizados 
para tal finalidade. 
 
O capeamento com argamassa de enxofre (enxofre com cimento, areia 
quartzosa moída ou argila calcinada), desde que sua espessura seja menor que 
2,0 mm, pela facilidade de aplicação, baixo custo, boa aderência e elevada 
resistência nas primeiras horas de idade, tem sido o método mais utilizado nos 
ensaios de compressão axial (Bucher e Rodrigues, 1983). Neville (1997) afirma 
que o capeamento com mistura de enxofre é satisfatório para concretos com 
resistência de até 100 MPa. Segundo Bucher e Rodrigues (1983), não há 
restrição para o uso do enxofre para níveis de resistência à compressão

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