Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
35 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Unidade IV 4 COMUNICAÇÃO ORAL: APRESENTAÇÃO EM AMBIENTES DE TRABALHO, ACADÊMICOS E EM DEBATES Há uma frase muito interessante de Sir George Jessel que traduz bem o que a maioria das pessoas sentem quando precisam falar em público: “Nosso cérebro começa a funcionar desde que nascemos e nunca mais pára até que levantemos para falar em público”. Se consultarmos o dicionário, veremos que oratória é a capacidade de bem falar, é a arte de falar em público. Creio que você já deve ter feito ou ouvido o seguinte comentário: “Tal professor sabe muito, tem muito conhecimento, mas não sabe transmitir”. E é verdade, pode acontecer, pois nem sempre conseguimos tornar comum (=comunicar) o nosso conhecimento. Por isso, é muito importante o saber falar em público. Afinal, na maior parte do dia, nossas atividades são orais, seja no ambiente do trabalho ou da escola, seja casa ou em qualquer outro lugar. Vamos focar mais a necessidade de uma boa comunicação oral nas situações profissionais, como: conversas com clientes, superiores e subordinados; entrevista para emprego; reuniões, palestras, debates; seminários, conferências, convenções, cursos; ao telefone; reuniões sociais, entre outros. Para atender a essa necessidade de aprender a falar, existem, atualmente, muitos cursos e muitas técnicas sendo oferecidos. Oratória é a capacidade de falar bem. Mas só a oratória não é suficiente para uma apresentação em público. 5 10 15 20 36 Unidade IV Mas só o falar bem não é suficiente numa apresentação em público. Precisa-se, também, organizar essa apresentação, preparando-a passo a passo, como: • Defina o tema central e o objetivo a atingir; • Planeje de acordo com o público a quem será feita a apresentação; • Defina quais recursos serão utilizados (flip-chart, vídeo, retroprojetor, projetor multimídia, entre outros); • Depois de tudo planejado, prepare um esboço, pode ser em uma ficha de cartolina (é bom que seja papel grosso para não perceberem que você está tremendo!), do que vai dizer na abertura, no desenvolvimento e na conclusão. Não é aconselhável escrever tudo o que pretende falar, detalhadamente, pois isso tira a naturalidade; mas é muito importante ter o esboço como norteador. Um ponto positivo de falar em público é que podemos contar com alguns recursos que, na escrita, são mais difíceis de comunicar. Podemos mudar a entonação da voz para chamar a atenção do público, gesticular, fazer uso de expressões faciais, entre outros. É a Comunicação Não-Verbal (CNV). Lembre-se de que, muitas vezes, um olhar fala muito mais que muitas palavras! As emoções e os sentimentos nem sempre precisam de palavras, para serem comunicados. O nosso nervosismo ou nossa tranqüilidade, nossa ansiedade ou nosso equilíbrio, nossa alegria ou nossa tristeza, são expressos por estes meios: gestos, toques, tom de voz, olhares e até mesmo a maneira de nos vestirmos e nossa postura. Tudo isso deve ser observado não só quando você estiver em evidência em uma apresentação (seja ela de qual cunho for: político, acadêmico, entre outros), mas também quando for fazer uma entrevista, ou quando presidir ou participar de uma reunião, ou quando participar de um debate. Deve-se organizar uma apresenta- ção em público, seguindo alguns pas- sos importantes, para que se atinja o objetivo proposto. 5 10 15 20 25 30 37 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 4.1 A importância da comunicação interna e externa no mundo corporativo A correspondência empresarial é, hoje em dia, não só um meio de comunicação. Ela é um instrumento de marketing, pois se insere na realidade de um mercado competitivo, em que todas as nuanças de comportamento adquirem sentido: a comunicação empresarial é a responsável pela imagem da organização perante seu público, interno e externo. Maria Sevalho diz em um de seus artigos: “A comunicação empresarial é a relação da empresa com os seus públicos internos e externos, envolvendo um conjunto de procedimentos e técnicas destinados à intensificação do processo de comunicação e à difusão de informações sobre as suas atuações, resultados, missão, objetivos, metas, projetos, processos, normas, serviços etc. A comunicação é um dos processos fundamentais da organização, da gerência e do comportamento organizacional, interage e integra pessoa e grupos, minimizando conflitos e estimulando a participação e o diálogo de todos os membros da organização. Pois quanto mais o funcionário conhece os planos e objetivos da empresa, mais ele pode contribuir para este sucesso.” De uns tempos para cá, tem-se valorizado o ser humano nas empresas, pois uma coisa é certa: quando o funcionário se sente parte integrante da vida organizacional, ele “veste a camisa” e torna-se um embaixador da empresa. Tem-se confirmado que o sucesso de uma organização está diretamente ligado ao comprometimento de seus funcionários, à participação e engajamento. Para que isso aconteça, a comunicação tem papel fundamental. Conforme MATOS, 2004, as empresas, para sobreviverem, precisam comunicar-se: • com seus clientes externos: consumidores/usuários; opinião pública/sociedade; acionistas e fornecedores; Governos A comunicação empresarial é a re- lação da empresa com os seus públicos interno e externo. 5 10 15 20 25 30 38 Unidade IV – municipais, estaduais e Federais – e concorrentes; • com seus clientes internos: funcionários, colaboradores, prestadores de serviços e terceirizados; • com a mídia: meios de comunicação de massa (jornais, revistas, rádio, televisão e Internet). 4.1.1 Comunicação interna Primeiramente, vamos ver a importância da comunicação interna de uma empresa. A função básica da comunicação é tornar comum, desde os mais altos cargos da empresa até o “chão de fábrica”, quais são os planos, as metas e os objetivos estabelecidos. Depois disso, vêm os passos seguintes que consistem em envolver os funcionários e levá-los a contribuir para a concretização desses planos e metas. A comunicação interna promove a interação e integração das pessoas, departamentos e áreas, para que todos caminhem na mesma direção, em busca do mesmo alvo. O fluxo das comunicações determina o caminho percorrido pelas mensagens, desde que saem do emissor até chegarem ao receptor. São três os fluxos: 1. descendente e centrífugo (que se afasta do centro): segue o padrão de autoridades das posições hierárquicas, responde pelo encaminhamento das mensagens que saem do top decisório e descem até as bases; 2. ascendente e centrípeto (que se dirige para o centro): é responsável pelo encaminhamento, aos níveis superiores da organização, de informações funcionais e operativas que saem das bases; COMUNICAÇÃO INTERNA - EMPRESAS E FUNCIONÁRIOS COMUNICAÇÃO EXTERNA - EMPRESA E SOCIEDADE ASSESSORIA DE IMPRENSA - EMPRESA E MÍDIA A comunicação interna promove a interação e integração das pessoas, de- partamentos e áreas. Fluxo das comunicações: - descendente; - ascendente; - horizontal. 5 10 15 20 25 39 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 3. horizontal: além de permitir grande entrosamento nos grupos de mesmo nível funcional, contribui para o aperfeiçoamento da coordenação. 4.1.2 Redes de mensagens Duas redes de comunicação permeiam o sistema organizacional: I. rede formal: comporta todas as manifestações oficialmente enquadradas na estrutura da organização e legitimadas pelo poder burocrático; II. rede informal: abriga as manifestações espontâneas da coletividade, incluindo-se aí a famosa rede de boatos (os famosos grupinhos), em que, entre uma informação inicial e a final, há um processo de deterioração, gerando-se distorções. Não se deve combater nem ignorar a rede informal,porque a oposição pode apenas encorajar o informal contra o formal. 4.1.3 Comunicação externa Ao analisar agora a importância da comunicação externa, podemos citar um dito chinês milenar que diz: “Se não mostrares o que és, permitirás que pensem o que não és.” Entre os objetivos da comunicação externa, podemos destacar: • A construção da imagem institucional da empresa; • O atendimento às exigências dos consumidores mais conscientes de seus direitos; • A adequação dos trabalhadores ao aumento da competição no mercado; • A defesa dos interesses junto ao Governo e aos políticos (lobby); • O encaminhamento de questões sindicais e relacionadas à preservação do meio ambiente, entre outros. Redes de comunicação: - formal; - informal. 5 10 15 20 25 40 Unidade IV É muito importante que se associe o nome da empresa aos benefícios que a sociedade tem tido, por meio das atividades da organização e de seu cuidado e preocupação com a coletividade, meio ambiente, entre outros. Ou seja, não basta ter bons produtos, mas prejudicar a sociedade. A empresa deve quebrar esse paradigma e beneficiar a população. E essa integração acontece por meio de uma comunicação eficaz. Como dizia o “velho guerreiro”, Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica!”. As empresas acordaram para isso! 4.1.4 Atendimento ao cliente A evolução nas formas de relacionamento cliente/empresa tem-se dado com uma velocidade assustadora. A partir dos anos 90, como fruto da estabilidade econômica no cenário nacional e da globalização, aliada ao progresso das telecomunicações, passa-se a observar uma profunda mudança no âmbito das relações de consumo. O foco de atuação passa a ser o cliente e não mais o produto. Dentro desse novo contexto, as relações entre empresas e consumidores deixam de ser reativas, passando cada vez mais a ser pró-ativas, privilegiando a interatividade e a personalização. Pesquisas e indicadores, no mundo todo, apontam para questões anteriormente esquecidas, como o fato de o custo para manter um cliente ser até cinco vezes menor do que o custo para conquistar um novo cliente. A partir da estratégia de reter os melhores clientes, aliada à necessidade de rentabilizar ao máximo cada relacionamento, transformando o centro de custos em centro de lucros, passam a surgir ferramentas capazes de viabilizar essa transição, dentro de uma arquitetura específica e integrada. No cenário de internacionalização da economia, que destaca o papel do cliente-consumidor, crescentemente mais exigente, a comunicação empre- sarial e o constante aperfeiçoamento dos recursos humanos passam a exer- cer função básica na moderna gestão empresarial. 5 10 15 20 25 41 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 4.2 Gerenciando o relacionamento com o cliente: CRM (Customer Relationship Management) “É a denominação do conjunto de estratégias, processos e ferramentas, concebidas para viabilizar a utilização das informações a respeito de clientes, advindas das diversas áreas da empresa, transformando-as em ações concretas no sentido de satisfazer e fidelizar clientes, rentabilizando ao máximo as oportunidades de negócios, dentro de cada perfil específico. Conceitualmente, CRM pode ser entendido como o gerenciamento e a otimização de todas as formas de relacionamento cliente/empresa. O ponto de partida do conceito é a geração de uma base de conhecimentos personalizada e abrangente de cada cliente, que podemos comparar ao seu “DNA”. Ali estão registradas suas necessidades, peculiaridades, características, indicadores, potencialidades, etc. Desta forma, conhecer seu cliente não basta. Encantá-lo é a nova palavra de ordem. Neste contexto, o CRM é um conceito eficaz para a construção de relacionamentos duradouros, rentáveis e sólidos entre clientes e empresas.“ (http://www. plusoft.com.br/crm.asp) 4.2.1 SAC - Serviço de Atendimento ao Cliente Esclarece dúvidas, presta informações e pode até registrar as queixas dos consumidores. 4.2.2 Ombudsman Nas empresas, o ombudsman tem a função de defender e brigar pelos direitos do cidadão. Se for um ombudsman interno de uma empresa, ele vai lutar pelos direitos dos funcionários e, se for externo, dos consumidores, nos dois casos frente ao dirigente da empresa. É quem vai atrás da causa do problema, quem checa a informação e quem luta pela solução do problema com a presidência. De olho no cliente: • CRM; • SAC; • Ombudsman. 5 10 15 20 25 42 Unidade IV 4.2.3 Assessoria de imprensa Funciona integrada ao processo de Comunicação Externa da empresa e cuida do fluxo de notícias e informações da empresa para a mídia (jornal, revista, televisão, rádio e Internet) e seu relacionamento com jornalistas e públicos formadores de opiniões, ligados à comunicação social. 4.3 Bases para a boa comunicação na empresa e na vida (MATOS, p. 77) Para que ocorra comunicação eficaz entre duas pessoas (emissor/receptor), é vital que se observem as seguintes regras: • saiba-se o que se vai dizer: “arrume as idéias”, faça um roteiro, saiba qual o verdadeiro propósito do que quer transmitir; • a quem se vai dirigir?: adequar as palavras ao perfil do interlocutor, saber qual é o perfil do público e fazer adequações ao contexto cultural e cognitivo dos interlocutores; • determine seus objetivos: Aristóteles já afirmava que a meta principal da retórica (comunicação) é a persuasão, a tentativa de levar outras pessoas a adotarem o ponto de vista de quem fala. Pela razão de estarmos o tempo todo de alguma forma precisando influenciar as pessoas, é necessário levar em consideração: Qual a intenção no ato da comunicação que estabelecerei? Quais as razões que motivaram a necessidade de falar ou me expressar? Nada pior que a atitude que não acompanha o discurso; • consulte outras pessoas: para planejar as comunicações, peça opiniões e lembre-se de que aqueles que o ajudam a planejar, certamente o apoiarão; • saiba como dizer: leve em conta o método de exposição, a tonalidade da voz, as expressões faciais, atitudes corporais, gestos; os meios audiovisuais utilizados e o diálogo franco e objetivo, são recursos imprescindíveis para incentivar uma audiência, manter o público atento, interessado e, portanto, receptivo à mensagem, ao retorno e à ação; 5 10 15 20 25 30 43 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL • suas ações: esteja certo de que suas ações apóiam aquilo que você diz; • compreensão: ser um bom ouvinte não só para os significados explícitos, mas também e principalmente para os implícitos. Verifique se foi entendido, faça perguntas, incentive comentários; • compartilhe: não sonegue informações com medo de perder know-how. Lembre-se sempre do que afirmava a poetisa Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”; • feedback: sempre retorne à informação, mostre os resultados e as ações conseqüentes da informação recebida; • examine o ponto criticado: procure extrair os aspectos positivos e construtivos. Por mais que seja difícil, não demonstre desânimo ou desagrado, mas satisfação por receber um retorno sincero; • evite termos técnicos e o uso de gírias e jargões; se for imprescindível, dê-se ao trabalho de explicar; • expresse o seu interesse: demonstre interesse pelos problemas alheios e escute. Questione o interlocutor, peça detalhes. Segundo Madre Teresa de Calcutá: “Não existem barreiras de linguagem quando você sorri. Esse sorriso no seu rosto é uma luz a dizer às pessoas que seu coração está à vontade”; • procure ser claro e objetivo: evite os rodeios, mesmo que a situação seja difícil; • por último – porém o mais importante na comunicação: SAIBA OUVIR – “Escuta com atenção o que o outro tem para dizer e serás capaz deouvir além das palavras”, afirmou Confúcio. É impossível acessar e reter sozinho a quantidade de conhecimento que hoje é produzido. A solução está na intensificação dos processos comunicativos interpessoais e interempresariais. De fato, o diálogo é essencial. As recompensas das boas comu- nicações são grandes, mas difíceis são os meios de obtê-las. Para isso, esteja sempre atento às bases para a eficácia da comunicação. 5 10 15 20 25 30 35 44 Unidade IV Hoje, o profissional agrega valor a si mesmo por meio da aquisição constante e renovada da informação. Já afirmava Peter Drucker: “Estamos vivendo a era do conhecimento e da economia da informação”. Se, por um lado, há fartura de informação, por outro há escassez de conhecimento crítico e reflexivo que efetive a democratização da comunicação por meio do diálogo. 4.3.1 Imagem organizacional Mantida pela Comunicação Empresarial integrada, constante e sistêmica. “Quem não divulga metodicamente sua missão, visão e valores sujeita-se às suspeitas e boatos.” (JATOBÁ, 2006) “A Comunicação Empresarial é responsável pela formação da imagem institucional, o que é considerado pelos grandes gurus do marketing como o principal patrimônio de uma empresa, uma entidade e até mesmo de um profissional.” (MATOS, p. 97) “Ao englobar a atividade e as políticas de emissão e captação de informações, a comunicação empresarial solidifica a cultura (crença e valores), as filosofias e as estratégias de ação de uma organização.” (MATOS, p. 97) 4.3.2 Planeje sua imagem • saber pensar e planejar a longo prazo; • analisar as influências e condicionantes do presente; • avaliar os pontos fortes e fracos da empresa; • fazer projeções para possíveis cenários a curto, médio e longo prazo. A imagem organizacional é manti- da pela Comunicação Empresarial inte- grada, constante e sistêmica. 5 10 15 20 45 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 4.3.3 Divulgue sua imagem • ao público interno; • ao público externo; • todos devem saber o que esperar da empresa e o que a empresa espera deles. 4.3.4 Comunicação interna = marketing interno = endomarketing A comunicação interna funciona como base de sustentação para a comunicação externa. É fundamental apresentar as novidades primeiro para o público interno e, depois, para o externo. Evitam-se desgastes desnecessários ao processo de motivação dos funcionários. Como vocês se sentiriam sabendo pelos outros (mídia) o que está acontecendo na empresa em que vocês trabalham? Sem dúvida, isso ainda é um fato comum. Só podem ter identidade cultural colaboradores que participam das mudanças estruturais, estratégias, decisões, enfim da condução das diretrizes organizacionais da empresa em que trabalham. Os funcionários sentem-se participantes daquele todo e empenham-se em conseguir resultados cada vez melhores, porque se sentem reconhecidos e encorajados. O endomarketing é toda e qualquer ação de marketing voltada para a satisfação e aliança do público interno, com o intuito de melhor atender aos clientes externos. Esse programa é apontado por especialistas da administração moderna, como um dos principais diferenciais competitivos que transformam os colaboradores nos principais criadores da imagem institucional das organizações. Endomarketing envolve ações de marketing para o público interno, ressal- tando, ao mesmo tempo, a importância do funcionário no processo produtivo e o respeito como ser humano, com po- tencialidades e dificuldades. 5 10 15 20 25 46 Unidade IV A comunicação interna é um fator estratégico no sucesso dos negócios, pois gera resultados, é um agente humanizador das relações de trabalho e ajuda a consolidar a imagem da organização junto a seu público. As características da comunicação são determinadas pela cultura organizacional e as mudanças no ambiente. 4.3.5 Planejamento estratégico Traçar rumos a curto, médio e longo prazo, para que oportunidades, ameaças ou desafios possam ser antecipados. Com os funcionários integrados, é bem mais fácil e rápido impulsionar um processo de mudança e há maior possibilidade de resultados positivos. A comunicação deve dar-se por meio de ações integradas em um programa de comunicação interna, podendo-se incentivar e estimular os funcionários a se comprometerem com a postura da empresa. 4.3.6 Ações integradas Consistente política de divulgação e comunicação interna. Envolvimento dos stakeholders1 nessas ações. Isso implica trabalhar com verdade e transparência em todas as ações da organização. Torna-se necessário também ouvir os questionamentos de todas essas pessoas e suas opiniões e, por sua vez, eles devem ser vistos como merecedores de resposta rápida e explicações coerentes. Desenvolver esforços de informar cada vez mais e melhor. Já pensaram que o empowerment é uma filosofia que só pode funcionar com colaboradores preparados e conscientes dos objetivos da organização? A comunicação deve acontecer por meio de ações integradas. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1Stakeholder: termo em inglês amplamente utilizado para designar as partes interessadas, ou seja, qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar o negócio, por meio de suas opiniões ou ações, ou ser por ele afetado: público interno, fornecedores, consumidores, comunidade, governo, acionistas, entre outros. Há uma tendência cada vez maior para considerar stakeholder quem se julgue como tal, e em cada situação a empresa deve procurar fazer um mapeamento dos stakeholders envolvidos. (Indicadores Ethos de responsabilidade social). 5 10 15 20 25 47 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Assim, todos são responsáveis pela comunicação interna. “A empresa que incentiva a manifestação de idéias e o franco diálogo entre os seus funcionários tem grande potencial para superar crises e ser bem-sucedida em seu segmento de atuação.” (MATOS, 2004) 4.3.7 Plano estratégico de comunicação é a solução? O plano, por si só, não. Caso seus dirigentes ajam de forma personalista e centralizadora, as ações não serão integradas, conseqüentemente haverá um descomprometimento das lideranças com os princípios da moderna administração, que recomenda a ética e a transparência no fluxo de informações e a participação além do engajamento de todos nas decisões da empresa, conforme o nível de competência. “Há muito tempo que as empresas desenvolvem programas de comunicação interna, porém, somente agora, vem-se consolidando a atividade da comunicação empresarial sob o ponto de vista estratégico. A comunicação deixou de ser atividade-meio e passou a ser utilizada como ferramenta estratégica de resultados das empresas e organizações líderes no mercado globalizado.” (MATOS, 2004) Administração e comunicação interna são atividades interligadas. A gestão e seu conjunto de valores, missão e visão de futuro proporcionarão as condições para a comunicação empresarial poder atuar com eficácia, tornando comuns mensagens destinadas a incentivar, diferenciar, estimular, considerar, promover, premiar e agrupar integrantes de uma organização. Para tudo isso acontecer, são necessárias muitas mudanças. Essa é a parte mais difícil, porém imprescindível. Administração e comunicação in- terna são atividades interligadas. 5 10 15 20 25 48 Unidade IV A globalização e a revolução tecnológica impõem desafios crescentes que impelem as organizações a atualizar constantemente seus processos e valores. A mudança passa a configurar o cotidiano empresarial na busca da vantagem competitiva. 4.4 PICE – Plano Integrado de Comunicação Empresarial (extraído de PIMENTA,p. 111-118) É apresentado aqui um resumo da interessante proposta de Roger Cahen (1990) sobre como elaborar um plano de comunicação com objetivo de envolver e integrar toda a empresa, além de criar e manter sua imagem institucional. • A construção e preservação da imagem A imagem do produto e a da empresa (como instituição) forma seu patrimônio maior, que deve ser construído e preservado, tendo como base a ética, a organização e a competência. “Imagem é o conceito que as pessoas têm e/ou formam sobre as coisas” (CAHEN, 1990, p. 57). As imagens são representações que fazemos da realidade, em função de nosso repertório de experiências, de nossa história de vida. A experiência, boa ou ruim, que se tem com determinado produto ou empresa, vai definir a formação de uma imagem, positiva ou negativa sobre eles. A qualidade da imagem, certamente, exercerá influência em um momento de escolha. Nesse sentido, criar e preservar a imagem de uma empresa e seus produtos é um investimento de grande retorno. O empenho em criar e manter uma imagem deve associar- - se à idéia de sistema, ou seja, uma prática constante, organizada e que envolve técnica. 5 10 15 20 25 Atualmente, uma empresa pode divulgar o que quer por meio da propa- ganda. Porém, a cidadania empresarial recomenda que ela informe o que é im- portante a seus clientes e à sociedade de um modo geral. 49 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL • A importância do planejamento a) altera desempenhos, melhora comportamentos e performances – desde que os objetivos e metas estejam claros; b) objetivos bem-definidos possibilitam avaliar o que deve ser executado e criar parâmetros que permitam medir resultados e desempenho com clareza e justiça; c) são as pessoas que executam o que foi planejado, por isso é fundamental envolvê-las no planejamento (diminui a resistência, aumenta a motivação); para isso, a Comunicação é fundamental; d) se o planejamento for bem-feito, com empenho na execução, é provável que o resultado seja positivo; caso contrário, não adianta empenho na execução, pois, se o que precisa ser executado não está bem-definido, planejado, onde e para que se empenhar? Ao considerar os itens anteriores, a idéia de Planejamento se amplia. Planejar torna-se: analisar, planejar, implantar, controlar e rever (voltando a planejar). Para elaborar um planejamento com essa abordagem sistêmica, é necessário responder às seguintes perguntas: Planejar o quê? Implantar como? Controlar o que e como? Rever e replanejar o quê? • Análise de problemas potenciais “Seguro morreu de velho.” Para garantir que ser otimista é a melhor atitude, nada como fazer um exercício de pessimismo criativo. Como? Ao planejar qualquer atividade, tenta-se imaginar tudo que possa acontecer fora do previsto, ou do normal: desde um pneu de carro furar, até chover, ou faltar energia e as implicações desastrosas desses incidentes. A esse exercício, dá-se o nome de Análise de Problemas Potenciais. Por outras palavras, deve-se aplicar a “Lei de Murphy” e tentar se precaver. Ciclo do planejamento: • Analisar; • Planejar; • Implantar; • Controlar; • Rever; ... voltar a planejar. 5 10 15 20 25 30 50 Unidade IV Dentro do planejamento, é bom se lembrar da previsão de gastos para sua implantação. Mesmo em se tratando de um plano para a área de Comunicação, é necessário elaborar um orçamento. • Feeling e ousadia Comunicação é uma atividade permeada de emoção, portanto essencialmente subjetiva. E subjetividade não é controlável. A Comunicação Empresarial não escapa, apesar das controvérsias, a essa condição. O que é possível fazer? Incorporar conhecimentos e técnicas da área e desenvolver o feeling, sentimento baseado em experiência e/ou intuição. Pessoas com feeling desenvolvido têm mais habilidade para perceber os determinantes de uma situação e, conseqüentemente, fazer melhores escolhas. Roger Cahen (1990, p. 97) cita uma brilhante frase de George Bernard Shaw (1856-1950): “Você vê o que existe e se pergunta: por quê? Eu imagino o que não existe e me pergunto: por que não?” Essa frase reflete uma postura criadora, transformadora, que não se contenta com o Bom e está à procura do Ótimo. Entretanto, essa procura, em geral, não é um traço cultural do brasileiro. Nosso país é relativamente novo, tem dimensões continentais, e ainda pouca vivência política (comparando com as grandes potências econômicas). Assim, o que caracteriza o dia-a-dia dos gerentes brasileiros é o comportamento de “bombeiro”, correndo para resolver situações imprevistas. Isso explica a ojeriza pelo planejamento. Mas, parece que essa conjuntura, também, está-se alterando. Mudar exige visão estratégica (como e aonde se quer chegar) e coragem. As mudanças ocorrem, primeiramente, na cabeça das pessoas. Para isso, é necessário que todos falem a “mesma língua”, ressaltando a importância da comunicação. É ela que vai tornar possível a sinergia. “Você vê o que existe e se pergun- ta: por quê? Eu imagino o que não exis- te e me pergunto: por que não?” 5 10 15 20 25 30 51 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL • Modelo básico O PICE, propriamente dito, deve conter: A. Considerações iniciais; B. Análise; C. Objetivos; D. Atividades; E. Conclusão. A. Considerações iniciais Nessa parte introdutória, deve-se explicar sobre o Plano: • a conjuntura em que está sendo realizado; • seu objetivo específico, considerando a empresa, o momento e as pessoas responsáveis; • a concepção de comunicação, dos termos e dos conceitos mais importantes (usados no Plano); • os benefícios previstos com a sua implantação. B. Análise A análise é uma “fotografia” detalhada dos aspectos mais relevantes para a comunicação na empresa. É bom lembrar que ela deve ser feita com cuidado e sempre terá um caráter temporário, conjuntural, além de conter uma dose de subjetividade, ou seja, ela é mutante sempre. Dela fazem parte: • a história atual e passada da empresa; • especificação de seus produtos e serviços, estrutura de distribuição, política de marketing, considerando pontos fortes e fracos; • levantamento das relações com o público interno e externo (lembre-se de considerar os concorrentes); • cultura organizacional: tipo (fechada ou aberta), estrutura formal ou informal de poder, idiossincrasias, grau de abertura e aceitação para novas idéias, jargão, entre outros; É bom lembrar que a análise deve ser feita com cuidado e ela sempre terá um caráter temporário, conjuntural, além de conter uma dose de subjetivi- dade, ou seja, ela é mutante sempre. 5 10 15 20 25 52 Unidade IV • comunicação interna: quadro de avisos, comunicados, house organ, manuais, regulamentos, entre outros; • comunicação externa: publicidade comercial em geral, publicidade institucional, relatórios anuais de administração, entre outros; • atividades para públicos interno e externo: festas, visitas, organização de eventos esportivos e culturais, entre outros; • elementos visuais: logotipia, papelaria, uniformes, escritório, entre outros. C. Objetivos Os objetivos que uma empresa deve ter na área de comunicação, descritos aqui, são tão fundamentais, que podem ser chamados de permanentes: � • conscientizar a opinião pública, em todos os segmentos e níveis, de que a empresa: a)é excelente cidadã, empenhando-se para o bem-estar econômico, social, cultural, educacional e político das comunidades em que atua; b)preocupa-se com a adoção de tecnologias de ponta, voltadas principalmente para a qualidade dos seus produtos e a preservação do meio ambiente e os recursos naturais; c)adota uma política criteriosa de desenvolvimento de seus funcionários, em todos os níveis; d)é absolutamente rigorosa emrelação à ética comercial e industrial; e)cumpre à risca seus compromissos: fornecimento de produtos, obrigações fiscais, entre outros; � • fortalecer a credibilidade; • abrir e manter canais de comunicação → garantindo que os formadores de opinião pública reconheçam os esforços e as realizações da empresa, contribuindo para uma imagem positiva; 5 10 15 20 25 30 53 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Atividades: • processos básicos; • atividades de nível “A”; • atividades de nível “B. • obter bons negócios; • motivar funcionários atuais e futuros → investimento delicado (um grande desafio), mas de grande retorno; • favorecer a imagem pessoal da diretoria e gerência, pois as pessoas tendem a personificar a empresa. A cada objetivo anterior está associada uma mensagem preferencial que os públicos vão captar, a partir das atividades desenvolvidas, para atender a esses objetivos. Atingindo-os, a empresa comunica que: • preocupa-se com o bem-estar social e a preservação do meio ambiente; • seus produtos e serviços são os melhores do mercado; • respeita clientes, acionistas e funcionários; • possui tradição e a melhor equipe de administradores, entre outros. D. Atividades As atividades que serão desenvolvidas a partir do PICE, apesar de terem sempre o objetivo de formar uma imagem positiva, podem ser qualificadas, como: processos básicos, atividades de nível “A” e atividades de nível “B”: Os processos básicos são atividades permanentes, rotineiras e demandam acompanhamento, análise e revisão constantes; envolvem, portanto, sistemas. Delas fazem parte: • a elaboração e manutenção de: - manuais de procedimentos; manual de comunicação empresarial, manual de identificação corporativa (logotipia), manual de sinalização padrão, manual de uniformes, disaster sheets; - mailing list (listagem prioritária), que necessita de constante atualização; - publicações permanentes/mídias eletrônicas internas; relatório anual de administração, folheto institucional, 5 10 15 20 25 30 54 Unidade IV house organ, carta do presidente, canal interno de televisão ou rádio, entre outros; • a utilização do auditório, em eventos para integração do público interno e, eventualmente, do externo; • a criação e o funcionamento do conselho de comunicação; • a escolha e manutenção do mobiliário e decoração geral. As atividades de nível “A” são constantes, rotineiras e demandam o envolvimento e apoio de diversos setores da empresa. São elas: • contatos com a imprensa: press-release, entrevistas pessoais ou coletivas, almoço com jornalistas, entre outros; • programa de visitas à empresa; • programa de palestras e conferências: bureau de oradores; • elaboração de artigos técnicos; • escolha de brindes; • arquivos: de fotografias (pessoas, instalações, produtos e serviços, logotipia e marcas, outras); de documentos (antigos e atuais); de referências (folhetos, entre outros); de fornecedores de produtos e serviços; outros; • publicações para público externo: relatório anual da administração, folhetos institucionais, folhetos técnicos e de vendas; • publicações para público interno: house organ; comunicados, boletins e quadros de avisos, manual do empregado/regulamento interno, lista telefônica interna, entre outros; • eventos para público externo: coquetéis, almoços, solenidades, entre outros, sempre primando pelo bom gosto, elegância, aconchego e (indispensável) organização; • apoio para relações governamentais: atendimento de solicitações feitas, buscar participação e colaboração, sempre que for possível; • programas para comunidade e outros públicos: política de caridade, incentivo à participação de campanhas (agasalho, coleta de alimentos, entre outros), trabalho com escolas, adequando-o aos diferentes níveis (Ensino Fundamental, Médio e Superior); 5 10 15 20 25 30 35 55 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL • apoio cultural e esportivo: para público interno e externo; • atividades para público interno: programa de integração padrinho/madrinha, programa de integração inicial, kit para novo empregado, campanhas motivacionais, concursos internos, eventos (festa para os veteranos, de Natal, open house, casual Friday, bailes e festas, entre outros; • publicidade institucional, que envolve escolha de agência de publicidade e definição de estratégias para lidar com ela, garantindo a harmonia entre a filosofia da empresa e o que será apresentado ao público; • atividades de apoio ao setor de marketing: publicidade comercial, promoções especiais, lançamento de novos produtos, salões, feiras e exposições, publicidade legal, anúncios de recrutamento de pessoal, entre outros. As atividades de nível “B” são complexas, demandando mais tempo e investimento para sua implantação, que, em geral, se dá a médio ou a longo prazo. São elas: �• projetos de duração específica, mas que exigem preparação de longo prazo. Por exemplo: comemoração de 20 anos de fundação da empresa, criação de um museu próprio, entre outros. E. Conclusão A elaboração da conclusão deve ser com a perspectiva de que é necessário convencer a diretoria da empresa sobre a importância do PICE. Assim, devem-se apresentar justificativas para sua implementação, em função do que foi pesquisado e elaborado. E essa parte fica por conta da sensibilidade (feeling), competência e coerência de cada um. 5 10 15 20 25 56 Unidade IV Referências ANDRADE, Maria Margarida de; HENRIQUES, Antonio. Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores. 7.ed., São Paulo: Atlas, 2004. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica. Um guia para a iniciação científica. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. 122 p. FERREIRA, Heloísa; FACCINA, Rosemeire. Língua Portugue- sa: redação técnica em uso – nível superior. São Paulo: H. Pugliesi, 1999. JATOBÁ, Jair Tenório. Lições da Vida, do Amor e dos Negócios. São Paulo: E-book, 2006. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem Complicação. Como Simplificar a Prática da Comunicação nas Empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 180p. NADÓLSKIS, Hêndricas. Comunicação Redacional Atualizada. São Paulo: Saraiva, 2003. PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação Empresarial. São Paulo: Alínea, 2004. SEVALHO, Maria. Comunicação Empresarial – Um Diferencial Competitivo de Manutenção da Imagem. Disponível em http://www.comtexto.com.br. Acesso em 25 jul. 2006. TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Gramática, Literatura e Re- dação. Rio de Janeiro: Scipione, 2001.
Compartilhar