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Inflação no Brasil - 1950 - 1994

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INFLAÇÃO NO BRASIL
A inflação tem sido um dos temas mais discutidos dentro das análises sobre a economia brasileira. Efetivamente, a inflação foi um problema bastante característico da economia brasileira, em particular a partir da década de 1950, que só passou a ser controlada a partir da implantação do Plano Real, em 1994.
1.1 Inflação na Década De 50
Na década de 1950 o principal fator inflacionário foi causado pelo elevado déficit público, provocado por altos investimentos para suprir a infraestrutura que o país necessitava (transporte, energia, saneamento, etc.). Com uma baixa renda per capita, aumentar impostos da população era inviável, a saída para contornar o déficit foi através da emissão monetária, acarretando numa alta inflação ao final da década. Foi um período atípico, caracterizado por grandes transformações estruturais na economia brasileira, e no seu relacionamento com o resto do mundo. O aumento inflacionário acumulado foi de 460%.
1.2 Inflação na Década De 60
A década de 60 traria novas surpresas para quem imaginava que os desajustes monetários dos anos 50 viriam a ser logo superados. Diferentemente, o que se viu foi um extraordinário salto das taxas de inflação, pois o crescimento dos preços elevou-se rapidamente, passando dos pouco mais de 30% registrados em 1960 para mais de 90% na variação acumulada o ao final de 1964. A partir de então, políticas de estabilização baseadas em controles de preços, equilíbrio das finanças governamentais e redução dos salários reais permitiram um recuo persistente nas taxas de inflação, para 35/40% em 1965-66, 25% aproximadamente em 1967-68, e em torno de 19% anuais ao término da década, coincidindo com uma fase de extraordinário dinamismo da economia, iniciada em 1968, e que passaria a ser identificada como o “milagre econômico brasileiro”. A década de 60 pode ser dividida em duas fases distintas: altas taxas de inflação até 1964, e brusca redução a partir da metade da década.
Gráfico 1: Inflação brasileira – Variação (%) – 1950 a 1969
Fonte: BACEN
1.3 Inflação na Década de 70
Iniciam-se os anos 70 com a economia brasileira mantendo as altas taxas de crescimento do PIB registradas a partir de 1968, e que seriam as mais elevadas da história do país. O que ocorria paralelamente a uma persistente queda na taxa de crescimento dos preços, dando a impressão de que, finalmente, o país conseguiria aliar o dinamismo econômico de médio e longo prazo com a estabilidade monetária. Mas já em 1973, com a crise do petróleo, a economia se ressentia de uma forte pressão sobre os níveis de preços; superando 20%. Em seguida, a inflação chegaria até os níveis de 45/50% ao ano, para, ao encerrar-se a década, situar-se próxima de 80%, evidenciando a consolidação de um novo patamar. As esperanças alimentadas no início da década, quanto à manutenção do dinamismo econômico com relativa estabilidade dos preços, foram, portanto, rapidamente desfeitas.
Gráfico 2: Inflação brasileira – Variação (%) – 1960 a 1979
Fonte: BACEN
1.4 Inflação na Década de 80 e 90
Quando se completou a transação democrática em 1985, o Brasil estava imerso em uma crise jamais vista em sua história, a inflação vinha se acelerando desde a década anterior, mas essa tendência se acentuou-se a partir dos anos 80. Uma das medidas responsáveis por esse processo foram os elevados gastos públicos em substituição de importações, caracterizando uma estagnação econômica e altas taxas de inflação. Até a implementação do Plano Real, o Brasil vivenciou diversas experiências em termos de processo inflacionário.
Gráfico 3: Inflação brasileira – Variação/ (%) – 01/1980 a 01/1986
Fonte: BACEN
1.4.1 Plano Cruzado
Em 28 de fevereiro de 1986 o presidente Sarney, perseguido pela hiperinflação que sondava o país e tendo a legitimidade de seu mandato questionada, decretou o congelamento geral de preços e salários. Em sessão solene transmitida pela TV, ele declarou guerra à inflação e convocou todo o povo para a luta (os chamados ‘Fiscais do Sarney), imputando aos especuladores e empresários o ‘dragão’ que assolava a população.
As principais medidas do plano foram:
- Substituição do Cruzeiro pelo Cruzado (Cz$) como a nova moeda, com 1 cruzado equivalendo 1000 cruzeiros;
- Conversão geral dos preções finais dos produtos;
- Congelamento do câmbio - Paridade de 13,84 Cruzados por dólar;
- Conversão dos salários com base na média de seu poder de compra nos seis meses anteriores e mais um acréscimo de 8% para salários em geral e 16% para salário mínimo;
- Gatilho salarial, a qual garantia um reajuste automático cada vez que o aumento acumulado no nível de preços ao consumidor atingisse 20%
A curo prazo, o Plano Cruzado levou a resultados inicialmente espetaculares. De uma inflação mensal de 12,72% em fevereiro de 86 a uma deflação de 4,77% em março, seguindo de variações de 0,8% em abril, 1,4% em maio e 1,3 em junho. A atividade econômica cresceu, liderada pelo setor produtor de bens duráveis, que apresentou um crescimento de incríveis 30%. A balança comercial apresentou superávit de 1,1 bilhão em março. Por fim, um apoio massivo ao Presidente Sarney, com 90% de aprovação popular e milhões de cidadãos desempenhado o papel de “fiscais do Sarney”, zelando o cumprimento dos congelamentos de preço. (Vale aqui ressaltar que os preços dos produtos eram tabelados e os cidadãos possuíam a tabela feita pela SUNAB com o valor de cada mercadoria).
Aos poucos, contudo, a euforia foi passando e os efeitos do Plano Cruzado começaram a aparecer. O aumento do poder de compra dos salários aliados ao consumo reprimido durante os anos anteriores, levou à uma explosão do consumo. As mercadorias principiaram a escassear e a sumir, pelo fato de que os preços congelados não cobriam os custos de produção.  Mercados paralelos floresceram e só pagando ágio era possível comprar as coisas.  O Brasil foi tomando a feição bem conhecida nos países comunistas.  Filas nas lojas e nada para comprar, o caos estava instalado.
Ficou evidente que o déficit público e a expansão monetária não haviam sido controlados. A economia entrou em colapso, mas o Plano foi mantido até as eleições por exigência do PMDB, o "partido do cruzado".  Logo depois das eleições, que resultou em esmagadora vitória do PMDB, foi decretada outra reforma econômica com o Cruzado II, que buscava aliviar as contas públicas por meio de tributação incidente sobre produtos. As consequências foram desastrosas: a inflação saltou para 11,6% em dezembro e explodiu nos meses seguintes, A taxa de juros subiu ininterruptamente, as contas públicas se deterioraram devido ao saldo negativo da balança comercial e a fuga de capitais, o que acarretou a declaração de moratória do pagamento de juros da dívida externa em 1987. Em abril do mesmo ano, o Ministro da Fazenda Dílson Funaro passou o comando para Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Gráfico 4: Inflação brasileira – Variação (%) – PLANO CRUZADO
Fonte: BACEN
1.4.2 Plano Bresser 
Em 12 de junho de 1987 foi apresentado aos cidadãos um novo programa de estabilização da inflação, diferente do Plano Cruzado, o novo programa não tinha a intensão de eliminar a inflação nem eliminar a indexação, mas apenas controlar os índices para se evitar uma hiperinflação, começava a vigorar o então Plano Bresser. 
As principais medidas adotadas foram:
- Congelamento de preços e salários
- Indexação salarial – URP (Unidade de Referência de Preço)
- Desvalorização cambial 
- Elevação da taxa de juros
- Aumento de impostos
A princípio o plano parecia mais consistente e flexível que o Cruzado. No curto prazo conseguiu atingir alguns de seus objetivos, a inflação caiu de 19,7% em junho para 3,1 % em julho e 9,2% em agosto. Os salários e aluguéis foram congelados no patamar do dia da implantação do Plano e criou-se a URP (Unidade de Referência de Preço) que seria o indexador utilizado para ajustes salariais. Os preços foram congelados por um prazo de três meses, mas sofreram alinhamentos prévios defensivospara evitar pressões inflacionárias futuras. O câmbio, com uma desvalorização inicial de 9,5% passou a ser desvalorizado diariamente para evitar desequilíbrios externos.
Assim como no Plano Cruzado, o longo prazo chegou, e o fracasso também. Apesar do congelamento de preços, as taxas de inflação permaneciam elevadas. Por essa razão, autorizou-se um aumento emergencial de preços em agosto, antes que terminasse o prazo de três meses estabelecidos. Em dezembro a taxa de inflação mensal atingiu 14,1%, precipitando o pedido de demissão de Bresser-Pereira.
Gráfico 5: Inflação brasileira – Variação (%) – PLANO BRESSER
Fonte: BACEN
1.4.3 Plano Verão
Em 15 de janeiro de 1989 o Ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega anunciou ao povo brasileiro um novo plano para conter a inflação, era o chamado Plano Verão. Foi o terceiro choque econômico e a segunda reforma monetário do governo Sarney.
As principais medidas adotadas foram:
- Substituição do Cruzado pelo Cruzado Novo (NCz$) como a nova moeda, com 1 cruzado novo equivalendo 1000 cruzados;
- Congelamento de preços e salários 
- Extinção da URP (Unidade de Referência de Preços) e OTN (Obrigações do Tesouro Nacional)
- Redução de despesas públicas (Não sendo possível)
- Aumento da taxa de juros
- Desvalorização cambial de 17% e posterior congelamento
A proposta do Plano Verão era, no curto prazo, contrair a demanda agregada e, no médio prazo, promover queda das taxas de inflação. Mais uma vez os preços foram congelados nos níveis que estavam no dia do anuncio do plano. Os salários foram convertidos pelo poder de compra médio dos doze meses anteriores e reajustados em 26,1%.
No início, a inflação caiu de 37,4% em janeiro para 6,8% em março, porém, subiu para 17,9% em maio e acelerou nos próximos meses. Assim, o governo viu-se obrigado a aumentar as taxas de juros, que impossibilitou a redução do déficit público. Em pouco tempo, Cruzado Novo foi desvalorizado e o congelamento começou a ser desfeito. A indexação voltou e em setembro de 1989 o governo suspendeu o pagamento dos juros da dívida externa, em razão da deterioração do saldo comercial. 
Após todos os planos heterodoxos de estabilização sendo um fracasso total, não havia mais credibilidade nem sustentação política nos últimos meses do governo Sarney. 
Gráfico 6: Inflação brasileira – Variação (%) PLANO VERÃO
Fonte: BACEN
1.4.4 Plano Collor 
Em 15 de março de 1990, Fernando Collor de Mello assumi a presidência da república com um cenário conturbado, o país vivia à beira da hiperinflação, 82% em março. As causas eram conhecidas: déficit público, expansão monetária excessiva, indexação generalizada e excesso de proteção a produção doméstica. Um dia após a posse, a ministra da Fazenda Zélia Maria Cardoso de Mello anuncia o quarto plano de estabilização econômica, era o chamado Plano Collor.
As principais medidas foram:
- Reintrodução do Cruzeiro
- Congelamento de preços e salários (posterior liberação)
- Redução do funcionalismo público – que fora tido como inconstitucional 
- Bloqueio de ativos financeiros - 80% de todos os depósitos das contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$50mil seriam congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabilidade equivalente a taxa de inflação mais 6% ao ano.
- Desindexação com a adoção do câmbio flutuante 
- Criação do IOF (Imposto sobre movimentações financeiras)
O Plano Collor propunha mudanças radicais na economia, visando a inserção do país no comércio internacional. No curto prazo o plano procurava derrubar a inflação, no longo prazo, internacionalizar a economia, com redução da proteção à produção e atração de capital externo.
Com o resultado, verificou-se a inflação cair de 82% para 16% em maio de 1990, porém, voltou a subir até atingir 21% em janeiro de 1991. 
O fracasso do Plano Collor no controle da inflação é creditado à falha do governo Collor de controlar a remonetização da economia. O governo abriu várias brechas que contribuíram para o aumento do fluxo de dinheiro: os impostos e as contas do governo emitidos antes do congelamento poderiam ser pagos com o velho Cruzado, criando uma forma de "brecha de liquidez". O governo também foi incapaz de reduzir despesas, por conta do aumento do compartilhamento da receita de impostos federais com os estados e a cláusula de "estabilidade de emprego" para os funcionários públicos, instituída na Constituição Brasileira de 1988, que impediu a redução anunciada no começo do plano. 
Gráfico 7: Inflação brasileira – Variação (%) PLANO COLLOR
Fonte: BACEN 
1.4.5 Plano Collor 2
O fracasso do Plano Collor levou o governo a adotar um novo congelamento de preços e salários em fevereiro de 1991. Desta vez, porém, o congelamento veio acompanhado de uma forte elevação tributária e uma nova tentativa de desindexação, com a criação da TR (Taxa Referencial) na esperança de que a mesma flutuaria de acordo com a inflação futura.
Com isso, a inflação que havia atingido 21,1% em fevereiro de 1991, caiu para 7,2% no mês seguinte, mas, a exemplo dos outros planos, voltou a acelerar atingindo 22,1% em dezembro de 1991.
Gráfico 8: Inflação brasileira – Variação (%) PLANO COLLOR 2 
Fonte: BACEN
1.4.6 Período De Transição – Collor – Itamar
As precariedades do Plano Collor 1 e 2 aliada ao desgaste do governo com os efeitos do confisco dos ativos, assim como às denúncias de corrupção, acabaram determinando o impeachment de Collor em outubro de 1992. Com a deposição, assume seu vice, Itamar Franco.
O início do governo Itamar Franco foi caracterizado pela frequente troca de ministros na área econômica, até a entrada do então Ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso.
Gráfico 9: Inflação brasileira – Variação (%) 10/1992 – 05/1993
Fonte: BACEN
1.4.7 Plano Real
Quando Itamar Franco assumiu a Presidência da República após a renúncia de Fernando Collor, a inflação acumulada em 12 meses estava em 1.119%.  Em 1991, ela havia sido de 472%. Em 1990, de 1.621%.
Com o país afundado em uma crise política e com a economia em pedaços, não havia a menor perspectiva entre a população de que houvesse qualquer diminuição na inflação de preços. Também em decorrência da recessão, a arrecadação tributária não era suficiente para cobrir as despesas.  Como consequência, o governo apenas ordenava ao Banco Central — que, na época, podia comprar títulos diretamente do Tesouro — que imprimisse o dinheiro necessário para fazer frente às despesas.  O resultado era um moto-perpétuo inflacionário. 
Após mais de uma década de planos fracassados e uma inflação galopante, uma solução definitiva era urgente.
Em maio de 1993, Itamar Franco nomeou Fernando Henrique Cardoso, então Ministro das Relações Exteriores, para o Ministério da Fazenda.  Naquele mês, a inflação de preços acumulada em 12 meses já estava em 1.348%. 
Apesar de não ser economista, Fernando Henrique Cardoso possuía bons contatos no mundo acadêmico, principalmente junto a um grupo de economistas da PUC-RJ. A equipe de economistas encarregada de combater a inflação era composta por Gustavo Franco, Pedro Malan, André Lara Resende, Pérsio Arida, Edmar Bacha e Winston Fritsch.
No dia 7 de dezembro de 1993 foi apresentado o plano de estabilização, que consistia em:
- Zerar o déficit público — justamente o fator que gerava a emissão de dinheiro.  Para isso, haveria um aumento de cinco pontos percentuais em todos os impostos federais e privatizações de estatais, principalmente dos bancos estaduais; 
- Desindexar a economia — isto é, acabar com as correções automáticas de preços e salários, que eram reajustados automaticamente de acordo com a inflação passada (prática essa determinada por lei).
- Reindexar a economia de acordo com a taxa de câmbio — isto é, fazer com que preços e salários variassem de acordo com o dólar.  Na prática, o dólar se tornava o novo indexador.
- Abrir a economia por meio da redução das tarifas de importação — para combater qualquer escalada depreços.
- Aumentar as reservas internacionais — isto é, o governo deveria comprar dólares continuamente, acumulando-os até o momento da introdução da nova moeda.  Quanto mais dólares o governo tivesse em suas reservas, maior seria a confiança dos investidores internacionais na seriedade e na robustez do plano, e menores seriam as chances de um ataque especulativo e de uma fuga de capitais.
No dia 1º de agosto de 1993, houve a primeira medida: mudou-se, mais uma vez, o nome da moeda, e cortou-se três zeros.  A moeda deixava de se chamar Cruzeiro e passava a se chamar Cruzeiro Real.  A inflação de preços continuava em forte ascensão. 
Esta ascensão inflacionária decorria do fato de que, além de imprimir dinheiro para saldar o seu déficit, o governo também imprimia para comprar dólares, algo que ele continuaria fazendo até o dia da introdução do real. 
Gráfico 10: Base Monetária – 08/1993 – 06/1994
Fonte: BACEN
A segunda etapa do Plano ocorreu em 28 de fevereiro de 1994, com a introdução da URV (Unidade Real de Valor), que nada mais era do que a cotação do dólar do dia anterior.  A taxa de câmbio do final de cada dia era estabelecida como sendo o valor da URV do dia seguinte.  Este valor serviria de indexador para todos os valores da economia.  Assim, os bens e serviços precificados em Cruzeiro Real deveriam ser divididos pela URV (taxa de câmbio determinada no dia anterior) para se encontrar os preços em Real. Este processo era repetido diariamente. O objetivo desta indexação em URV era, paradoxalmente, o de desindexar toda a economia, apagando aquilo que era chamado de "memória inflacionária".  Todos os contratos e negociações salariais deveriam ser “urvizados”.  A intenção era fazer com que, no dia da transição do Cruzeiro Real para o Real, os preços fossem exatamente aqueles do dia anterior, de modo a não gerar sobressaltos e nem confusão.
No dia 29 de junho de 1994, a taxa de câmbio encerrou o dia com o dólar valendo CR$2.750,00.  Portanto, no dia 30 de junho, todos os valores em Cruzeiro Real deveriam ser divididos por 2.750 para se obter os valores em Real.  Todas as contas bancárias, todas as aplicações e investimentos foram automaticamente convertidos em Real.  CR$2.750 foi, portanto, a paridade estabelecida entre o Cruzeiro Real e o Real.  Morria o Cruzeiro Real e, no dia 1º de julho, nascia o Real, valendo exatamente 1 dólar. Quem estivesse em posse de cédulas de Cruzeiro Real deveria trocá-las nos bancos por cédulas e moedas de Real.
A transição do Cruzeiro Real para o Real, na sexta-feira, 1º de julho de 1994, foi sem susto e sem tumultos.  A inflação de preços, que havia sido de 47,43% em junho, passou para 6,84% em julho, 1,86% em agosto, 1,53% em setembro, 2,62% em outubro, 2,81% em novembro e 1,71% em dezembro.
Gráfico 11: Inflação brasileira – Variação (%) PLANO REAL
Fonte: BACEN
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência brasileira de combate à inflação nos permite chegar a uma série de conclusões importantes
- A inflação é um dos processos mais perversos no que tange a corrosão no poder de compra da população. 
- A irresponsabilidade fiscal impõe um alto preço, pago pelo processo de aceleração da inflação.
- O congelamento de preços e salários foi excluído da literatura econômica brasileira, visto que a economia é o resultado da ação humana e, cada indivíduo age de uma maneira para atingir seus objetivos.
- A indexação na presença de desiquilíbrios fiscais e monetários “maquia” as distorções presentes, acarretando tomadas de decisões precipitadas.
- A abertura da economia é um fator importante para reduzir a inflação, principalmente num país tão protecionista como o Brasil.
Gráfico 12: Inflação brasileira – (%) VARIAÇÃO ANUAL HISTÓRICA 
Fonte: IBGE
REFERÊNCIAS
ABREU, Marcelo de Paiva. Dois séculos de política econômica no Brasil. 2° Edição Rio de Janeiro: Campus, 2014.
BANCO CENTRAL DO BRASIL (Diretoria de Política Econômica, Departamento Econômico). SGS - Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/sgspub/> Acesso em: 20 nov. 2016
cao_brasileira_os_ensinamentos_desde_a_crise_dos_anos_30.pdf> Acesso em: 14 nov. 2016.
FRANCO, Gustavo, As Leis Secretas da Economia, 1º Edição. São Paulo, 2012.
HAZLITT, Henry, Economia Numa Única Lição, 4º Edição. São Paulo: Instituto Ludwing Von Mises Brasil, 2010.
_________. Inflação Brasileira: os ensinamentos desde a crise dos anos 30. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/images/pesquisa/publicacoes/rec/REC%201/REC_1.1_03_Infla
_________.Inflação, Edison Canal Girardi. Disponível em: http://www.infoescola.com/economia/inflacao/
LANZANA, Antônio Evaristo Teixeira, Economia Brasileira: Fundamentos e Atualidades, 3° Edição. São Paulo, 2010.
MISES, Ludwig Von, As Seis Lições, 7° Edição, Mises Brasil. São Paulo, 2009.
_________. Quatro mil anos de controle de preços. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1761> Acesso em 15 nov. 2016
REGO, José Márcio, Rosa Maria Marques. Economia Brasileira, 4° Edição. São Paulo, 2010.
_________. Uma Breve História do Plano Real, aos seus 18 Anos, 2012. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1294> Acesso em: 17 nov. 2016.
VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval, Manuel Enrique Garcia. Fundamentos de Economia, 5° Edição, Saraiva. São Paulo, 2014.

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