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Prévia do material em texto

. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UFSB 
Assistente Administrativo 
 
 
1. Leitura: compreensão e interpretação de textos de variados gêneros discursivos; as condições de 
produção de um texto e as marcas composicionais de gêneros textuais diversos .................................... 1 
2. Variedades linguísticas .................................................................................................................. 14 
3. Linguagem formal e informal da escrita padrão, oralidade e escrita ............................................... 21 
4. Funções da linguagem ................................................................................................................... 34 
5. Significação das palavras: sinonímia, antonímia, hiperonímia, denotação e conotação, figuras de 
linguagem ............................................................................................................................................... 40 
6. Pontuação ...................................................................................................................................... 58 
7. As classes de palavras e suas flexões ........................................................................................... 65 
8. Estrutura e formação das palavras............................................................................................... 148 
9. Emprego de adjetivos, pronomes, advérbios, conjunções e preposições ..................................... 159 
10. Períodos compostos por coordenação e subordinação .............................................................. 160 
11. Emprego de modos e tempos verbais ........................................................................................ 189 
12. Concordâncias verbal e nominal; regências verbal e nominal; colocação pronominal ................ 190 
13. Coesão e coerência textual, intertextualidade, argumentação ................................................... 230 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
 
Interpretação 
 
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer 
finalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de 
entender um texto? 
Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com introdução, desenvolvimento e conclusão, 
onde depois temos que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, texto pode ser a 
questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro 
numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, 
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como uma “não”, já muda a interpretação. Veja a 
diferença: 
 
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? 
 
Qual opção abaixo pertence ao grupo? 
 
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que 
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais 
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse 
princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos 
cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que é preciso 
melhorar a capacidade de leitura e compreensão. 
 
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros 
textuais, formas de escrita. Mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a interpretação de 
textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura, 
consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de 
interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente 
quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, 
muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou: “Nossa, ele disse tudo 
que eu penso”. Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos pensamentos com os 
pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir, 
formar ideias e escrever quando puder e quiser. 
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite, 
valerá a pena para sua vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a 
todo o momento. Exercita através de sua leitura de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, 
interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer 
“Vamos agora interpretar esse texto” para que as pessoas se calem. Ninguém sabe o que calado quer, 
pois ao se calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo 
de expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá que antes que pense, o medo terá ido 
embora. 
 
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo 
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). 
 
1. Leitura: compreensão e interpretação de textos de variados gêneros 
discursivos; as condições de produção de um texto e as marcas 
composicionais de gêneros textuais diversos 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 2 
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que 
a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a 
ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as 
frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, 
poderá ter um significado diferente daquele inicial. 
 
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através 
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. 
 
Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de 
sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as 
argumentações ou explicações que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. 
 
Normalmente, numa prova o candidato é convidado a: 
 
Identificar - reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo,de uma 
época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 
 
Comparar - descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 
 
Comentar - relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 
 
Resumir - concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 
 
Parafrasear - reescrever o texto com outras palavras. 
 
Exemplo 
 
Título do Texto Paráfrases 
 
“O Homem Unido” 
A integração do mundo. 
A integração da humanidade. 
A união do homem. 
Homem + Homem = Mundo. 
A macacada se uniu. (sátira) 
 
Condições Básicas para Interpretar 
 
Faz-se necessário: 
- Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática. 
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (significado 
das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia, 
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. 
- Capacidade de observação e de síntese. 
- Capacidade de raciocínio. 
 
Interpretar X Compreender 
 
Interpretar Significa Compreender Significa 
Explicar, comentar, julgar, tirar 
conclusões, deduzir. 
 Tipos de enunciados: 
- através do texto, infere-se que... 
- é possível deduzir que... 
- o autor permite concluir que... 
- qual é a intenção do autor ao afirmar 
que... 
Intelecção, entendimento, atenção ao que realmente 
está escrito. 
Tipos de enunciados: 
- o texto diz que... 
- é sugerido pelo autor que... 
- de acordo com o texto, é correta ou errada a 
afirmação... 
- o narrador afirma... 
 
 
 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 3 
Erros de Interpretação 
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes 
são: 
- Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no 
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. 
- Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um 
texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema 
desenvolvido. 
- Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar 
conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. 
 
Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas 
numa prova de concurso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. 
 
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou 
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma 
conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o 
que já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome 
relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. 
Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm cada um valor semântico, por isso a 
necessidade de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são muito importantes na 
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em 
consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: 
 
Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente. Mas depende das condições da frase. 
Qual (neutro) idem ao anterior. 
Quem (pessoa). 
Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o objeto possuído. 
Como (modo). 
Onde (lugar). 
Quando (tempo). 
Quanto (montante). 
 
Exemplo: 
Falou tudo quanto queria (correto). 
Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer o demonstrativo o). 
 
Vícios de Linguagem – há os vícios de linguagem clássicos (barbarismo, solecismo, cacofonia...); no 
dia a dia, porém, existem expressões que são mal empregadas, e por força desse hábito cometem-se 
erros graves como: 
- “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de morte. 
- “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o pronome oblíquo átono correto é “o”. 
- “No bar: Me vê um café”. Além do erro de posição do pronome, há o mau uso. 
 
Algumas dicas para interpretar um texto: 
 
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de 
pensar. 
 
2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza 
que estamos prestando atenção na leitura. 
 
3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no final da página, e 
nem lembramos o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a leitura 
num ponto que estávamos prestando atenção, e reler. 
 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 4 
4. Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja, 
nos ajuda a compreender melhor o assunto do texto. 
 
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar 
hipóteses e saber sobre o que se fala. 
 
6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza 
tempo se no meio da leitura identificar uma possível resposta. 
 
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser 
usado ao seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura. 
 
8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois 
cada um tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto. 
 
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado 
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, 
mas também um aprendizado. 
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação, 
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria 
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de 
memória. Então, foco na leitura, que tudo fica mais fácil! 
 
Organização do Texto e Ideia Central 
 
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos 
parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. 
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas: 
 
- Declaração inicial; 
- Definição; 
- Divisão; 
- Alusão histórica. 
 
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. 
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem 
esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída 
de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um 
caminho que nos levará à compreensão do texto. 
 
Os Tipos de Texto 
 
Basicamente, existem três tipos de texto: 
- Texto narrativo; 
- Texto descritivo; 
- Texto dissertativo. 
 
Cada um desses textos possui características próprias de construção, que pode ser estudado mais 
profundamente na tipologia textual. 
 
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios 
nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio 
entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum 
fundamento, tendo em vistaa linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso 
é um equívoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compreender e 
interpretar com mais proficiência. 
 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 5 
- Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos 
melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe 
levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, com o tempo você 
se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridículas. 
Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refinada. Existe 
tempo para cada momento de nossas vidas. 
- Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. 
- Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é 
fazer palavras cruzadas. 
- Faça exercícios de sinônimos e antônimos. 
- Leia verdadeiramente. 
- Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler 
outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas. 
- Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você 
deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral 
do texto. 
- Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas 
extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso: 
 
Texto: 
 
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos 
latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da 
indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. 
Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos 
canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-
se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. 
 
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) 
 
Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: 
(A) os portugueses. 
(B) os negros. 
(C) os índios. 
(D) tanto os índios quanto aos negros. 
(E) a miscigenação de portugueses e índios. 
 
(Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.) 
 
Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas 
características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto. 
 
- Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir: 
(1) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(2) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(3) Os alunos dedicados passaram no vestibular. 
(4) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. 
(5) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
(6) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
 
Explicações: 
(1) Diego fez sozinho o trabalho de artes. 
(2) Apenas o Diego fez o trabalho de artes. 
(3) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que 
se dedicaram, restringindo o grupo de alunos. 
(4) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. 
(5) Marcão é chamado para cantar. 
(6) Marcão pratica a ação de cantar. 
 
Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele: 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 6 
“Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adolescentes com hormônios em ebulição e 
com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação 
comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor”. 
 
Frase para análise. 
 
Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das escolas privadas. E esse é o grande 
desafio do professor moderno. 
 
- Não é mencionado que a escola seja da rede privada. 
- O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desafio do magistério. Outra 
questão é que o grande desafio não é só administrar os desafios às regras, isso é parte do desafio, há 
também os hormônios em ebulição que fazem parte do desafio do magistério. 
 
- Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo do sentido original). 
- A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algumas delas: substituição de locuções por 
palavras; uso de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vice-versa; converter a voz ativa 
para a passiva; emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia; o povo lusitano 
= portugueses). 
 
Observe a mudança de posição de palavras ou de expressões nas frases. Exemplos: 
- Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Os alunos determinados pediram ajuda aos professores. 
- Determinados alunos pediram ajuda aos professores. 
 
Explicações: 
- Certos alunos = qualquer aluno. 
- Alunos certos = aluno correto. 
- Alunos determinados = alunos decididos. 
- Determinados alunos = qualquer aluno. 
 
Questões 
 
01. (MPE-SC – Promotor de Justiça – MPE-SC/2016) 
 
“A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao ponto mais distante da Expedição 
Oriente, a cidade de Xangai, na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é a primeira vez 
que os Schürmann aportam em solo chinês. A negociação para ter a autorização do país começou há 
mais de três anos, quando a expedição estava em fase de planejamento. Essa também é a primeira vez 
que um veleiro brasileiro recebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com as autoridades 
do país.” 
(http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pela-primeira-vez-na-antartica.html) 
 
Para ficar caracterizada a ideia de passado distante, a expressão “há mais de três anos” deve ser 
reescrita: “há mais de três anos atrás”. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Leia o texto e responda as questões 02, 03 e 04. 
 
Crônica 
 
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimentação! É o que exclamo depois de ler as 
recomendações de um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A apatia, ou indiferença, é uma 
das causas principais das dietas inadequadas.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma família 
nordestina estendida em uma calçada do centro da cidade, ali bem pertinho do restaurante Vendôme, 
mas apática, sem a menor vontade de entrar e comer bem. Ensina ainda o especialista: “Embora haja 
alimentos em quantidade suficiente, as estatísticas continuam a demonstrar que muitas pessoas não 
compreendem e não sabem selecionar os alimentos”. É isso mesmo: quem der uma volta na feira ou no 
1270693 E-book gerado especialmente para ARIOSVALDO OLIVEIRA DA SILVA JUNIOR
 
. 7 
supermercado vê que a maioria dos brasileiros compra, por exemplo, arroz, que é um alimento pobre, 
deixando de lado uma série de alimentos ricos. Quando o nosso povo irá tomar juízo? Doutrina ainda o 
nutricionista americano: “Uma boa dieta pode ser obtida de elementos tirados de cada um dos seguintes 
grupos de alimentos: o leite constitui o primeiro grupo, incluindo-se nele o queijo e o sorvete”. Embora 
modestamente, sempre pensei também assim. No entanto, ali na praia do Pinto é evidente que as 
crianças estão desnutridas, pálidas, magras, roídas de verminoses. Por quê? Porque seus pais não 
sabem selecionar o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução lógica seria dar-lhes sorvete, 
todas as crianças do mundo gostamde sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do 
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só olhando os adultos que descem dos carros 
e devoram sorvetes enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilustre médico: “A carne 
constitui o segundo grupo, recomendando-se dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, galinha, 
peixe ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros que divulgam as suas palavras redentoras! E 
dizer que o nosso povo faz ouvidos de mercador a seus ensinamentos, e continua a comer pouco, comer 
mal, às vezes até a não comer nada. Não sou mentiroso e posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui no 
Rio, gente que prefere vasculhar uma lata de lixo a entrar em um restaurante e pedir um filé à 
Chateaubriand. O dr. Maynard decerto ficaria muito aborrecido se visse um ser humano escolher tão mal 
seus alimentos. Mas nós sabemos que é por causa dessas e outras que o Brasil não vai pra frente. 
CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 40-42. 
 
02. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Administrativo - Prefeitura do Rio de Janeiro 
– RJ/2016) 
O gênero crônica, em que se enquadra o texto, é frequentemente escrito em primeira pessoa e reflete, 
muitas vezes, o posicionamento pessoal de seu autor. Pode-se afirmar que, na crônica de Paulo Mendes 
Campos, o “eu” que fala: 
(A) confunde-se com o autor, tecendo críticas ao dr. Maynard 
(B) distingue-se do autor, mostrando-se crítico e perspicaz 
(C) distingue-se do autor, mostrando-se ingênuo e alienado 
(D) confunde-se com o autor, valorizando a divulgação científica pelos jornais 
 
03. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Administrativo - Prefeitura do Rio de Janeiro 
– RJ/2016) 
Pode-se afirmar que o texto de Paulo Mendes Campos é argumentativo, uma vez que se caracteriza 
por: 
(A) encadear fatos que envolvem personagens 
(B) tentar convencer o leitor da validade de uma ideia 
(C) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos 
(D) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação 
 
04. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Administrativo - Prefeitura do Rio de Janeiro 
– RJ/2016) 
Em “Doutrina ainda o nutricionista americano...”, a palavra em destaque pode ser substituída, sem 
prejuízo do sentido, por: 
(A) adestra, amestra, amansa 
(B) educa, corrige, repreende 
(C) catequiza, converte 
(D) formula, ensina 
 
05. (Prefeitura de Chapecó – SC – Engenheiro de Trânsito – IOBV/2016) 
 
Por Jonas Valente*, especial para este blog. 
 
A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Cibernéticos da Câmara dos Deputados divulgou 
seu relatório final. Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a justificativa de combater 
delitos na rede. Mas o conteúdo dessas proposições é explosivo e pode mudar a Internet como a 
conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura na web, ampliando a repressão ao acesso 
a filmes, séries e outros conteúdos não oficiais, retirando direitos dos internautas e transformando redes 
sociais e outros aplicativos em máquinas de vigilância. 
Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usado para tentar atacar o caráter livre, plural 
e diverso da Internet. Como há dificuldades de se apurar crimes na rede, as soluções buscam criminalizar 
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o máximo possível e transformar a navegação em algo controlado, violando o princípio da presunção da 
inocência previsto na Constituição Federal. No caso dos crimes contra a honra, a solução adotada pode 
ter um impacto trágico para o debate democrático nas redes sociais – atualmente tão importante quanto 
aquele realizado nas ruas e outros locais da vida off line. Além disso, as propostas mutilam o Marco Civil 
da Internet, lei aprovada depois de amplo debate na sociedade e que é referência internacional. 
(*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016) 
 
Após a leitura atenta do texto, analise as afirmações feitas: 
I. O jornalista Jonas Valente está fazendo um elogio à visão equilibrada e vanguardista da Comissão 
Parlamentar que legisla sobre crimes cibernéticos na Câmara dos Deputados. 
II. O Marco Civil da Internet é considerado um avanço em todos os sentidos, e a referida Comissão 
Parlamentar está querendo cercear o direito à plena execução deste marco. 
III. Há o temor que o acesso a filmes, séries, informações em geral e o livre modo de se expressar 
venham a sofrer censura com a nova lei que pode ser aprovada na Câmara dos Deputados. 
IV. A navegação na internet, como algo controlado, na visão do jornalista, está longe de se concretizar 
através das leis a serem votadas no Congresso Nacional. 
V. Combater os crimes da internet com a censura, para o jornalista, está longe de ser uma estratégia 
correta, sendo mesmo perversa e manipuladora. 
 
Assinale a opção que contém todas as alternativas corretas. 
(A) I, II, III. 
(B) II, III, IV. 
(C) II, III, V. 
(D) II, IV, V. 
 
06. (Prefeitura de Ilhéus - BA – Auditor Fiscal – CONSULTEC/2016) 
 
Como a sociedade moderna se organiza diante da felicidade 
 
Por Ronaldo Barbosa Lima em 26/06/2012 na edição 700 
Presencia-se na atualidade uma concepção difundida de que a lógica capitalista, com o auxílio da 
publicidade, especula a felicidade como dependente da satisfação dos desejos materiais do homem. 
Tal fato contraria a ótica do início do século 20, como observa o sociólogo Max Weber no livro A ética 
protestante e o espírito do capitalismo, onde eram as leis suntuárias que mostravam ao ser humano o 
que deveria ser consumido e o que era preciso fazer para ser feliz. Isso mostra como a sociedade 
moderna, por influência ou não da publicidade comercial, pode se organizar diante da felicidade. Nisto 
não parece haver implícita ideia religiosa que prometa o paraíso na vida eterna. Pelo contrário, como 
evidencia o pai da psicanálise, Sigmund Freud, talvez a felicidade consista em poder do narcisismo. 
Nesse contexto, podemos deduzir que o discurso publicitário leva muitas vezes o indivíduo a acreditar 
naquilo que é dito e a lutarem e buscarem todo o prazer proporcionado pelo consumo daquilo que é 
anunciado. O significado das mercadorias associadas como valor de uso, passa a ser disseminado como 
dizendo respeito a características que representam o ideal de felicidade da sociedade, por exemplo. Para 
a publicitária e mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lívia Valença 
da Silva, “esta felicidade abrange uma realização pessoal e profissional que envolve boa aparência e 
desenvoltura, aprovação social, conforto e bem-estar, estabilidade econômica, status, sucesso no amor 
e no mercado de trabalho, entre tantos outros elementos”. 
 
Bens descartáveis 
Seguindo essa linha de raciocínio, o psicanalista Jurandir Freire Costa, na obra A ética e o espelho da 
cultura, enfatiza que o homem tem muitas vezes a tendência de acompanhar as metamorfoses sociais, e 
com todas as mudanças no cotidiano, acaba moldando-se as mesmas, sem muitas vezes se 
questionarem. Mas, segundo o psicanalista, quando o sujeito se apercebe num emaranhado de 
atribuições disseminados pela publicidade que nem sempre foram pensadas e analisadas, é que chegam 
os conflitos e desamparos, porque perdem muitas vezes a noção de singularidade para serem mais um 
na multidão. 
Com efeito, o sociólogo Jean Baudrillard frisa que na cultura do consumo, na qual o homem 
contemporâneo se encontra inserido: “Como a ‘criança-lobo’ se torna lobo à força de com ele viver, 
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. 9 
também nós, pouco a pouco nos tornamos funcionais. Vivemos o tempo dos objetos; quero dizer que 
existimossegundo seu ritmo e em conformidade com sua sucessão permanente” (trecho extraído do 
livro A sociedade do consumo). 
Por conseguinte, e com todas as mudanças ocorridas no contexto social vigente, bem como a 
produção de bens materiais em larga escala, muitas vezes se sofre a influência dos bens produzidos. 
Contudo, esses bens propagandeados afiguram-se cada vez mais descartáveis, pois já não se tem mais 
quem herde o sentido moral e emocional que eles no início do século 20 materializavam. Isso fez o 
jornalista Arnaldo Jabor carecer que “o futuro virou uma promessa de aperfeiçoamento de produtos com 
uma velocidade que fez do presente um arcaísmo em processo, uma espécie de passado ao vivo em 
decomposição”. 
 
Sistema publicitário é um código 
Ademais, atualmente o pensamento mais comumente evocado parece com um gozo excessivo 
proporcionado pela conquista do desejo de consumo aspirado pelo indivíduo. Isso tem tornado os homens 
vivenciadores de crises de referências, como bem atestam alguns psicanalistas, à medida que percebem 
que não só a mídia (publicidade), mas, o meio que o cerca tem muitas vezes a capacidade de artificializar 
as relações humanas, fazendo com que não tenha vontade própria, realizando o desejo e a vontade dos 
outros e não as suas. 
(...) 
Nesse contexto, Freud se refere aos “mal-estares” da nossa civilização, como nada mais que uma 
economia libidinal baseada no gozar. Enquanto, por exemplo, a mais-valia sustenta a economia capitalista 
em Karl Marx, o gozo sustenta a economia libidinal no sujeito em Freud. Argumenta que o indivíduo 
enquanto goza, não só no concernente a sexualidade, mas também na aquisição de bens de consumo, 
considera-se feliz. 
Tendo em vista o anúncio cobiçoso como disseminador da felicidade e, levando em consideração o 
desenvolvimento tecnocientífico que promete a felicidade através do Prozac, do apartamento à beira-mar, 
entre outras possibilidades, o psicólogo Martin Seligman, no livro Felicidade Autêntica, expressa algo 
muito interessante. Diz que o homem, aceitando suas limitações diante da felicidade, esta pode estruturar-
se, entre outras possibilidades, na interface entre o prazer, o engajamento e o significado. 
 
A história e as escolhas 
Prazer, em se tratando da situação agradável de quando se ouve uma boa música ou se faz sexo. Já 
o engajamento é a profundidade de envolvimento da pessoa com sua vida. Finalmente o significado, 
como a sensação de que a vida faz parte de algo maior. Salienta também em suas pesquisas, que um 
dos maiores erros das sociedades contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um 
dos três pilares, esquecendo os outros. Sendo que as pessoas escolhem justo o mais fraco deles; o 
prazer. Enfatiza que o engajamento e o significado são elos indispensáveis na vida do ser humano frente 
à felicidade. 
 
Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/_ed700_como_a_sociedade_moderna_se_organiza_diante_da_felicidade/ 
 
Felicidade 
Marcelo Jeneci 
 
Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz 
Sentirá o ar sem se mexer 
Sem desejar como antes sempre quis 
Você vai rir, sem perceber 
Felicidade é só questão de ser 
Quando chover, deixar molhar 
Pra receber o sol quando voltar 
 
Lembrará os dias 
que você deixou passar sem ver a luz 
Se chorar, chorar é vão 
porque os dias vão pra nunca mais 
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Melhor viver, meu bem 
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você 
Chorar, sorrir também e depois dançar 
Na chuva quando a chuva vem 
 
Melhor viver, meu bem 
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você 
Chorar, sorrir também e dançar 
Dançar na chuva quando a chuva vem 
 
Tem vez que as coisas pesam mais 
Do que a gente acha que pode aguentar 
Nessa hora fique firme 
Pois tudo isso logo vai passar 
 
Você vai rir, sem perceber 
Felicidade é só questão de ser 
Quando chover, deixar molhar 
Pra receber o sol quando voltar 
 
Melhor viver, meu bem 
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você 
Chorar, sorrir também e depois dançar 
Na chuva quando a chuva vem 
 
Melhor viver, meu bem 
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você 
Chorar, sorrir também e dançar 
Dançar na chuva quando a chuva vem 
 
Dançar na chuva quando a chuva vem 
Dançar na chuva quando a chuva 
Dançar na chuva quando a chuva vem 
 
Fonte: https://www.letras.mus.br/marcelo-jeneci/1524699/ 
 
 
SINGER. O bem-sucedido. O fracassado. Disponível 
em:<https://www.google.com.br/search?q=imagem+de+carro+como+símbolo+de+felicidade&esp> . Acesso em: 
1° mar. 2016 
Analisando-se a figura destacada, pode-se afirmar: 
(A) A mensagem transmitida pelas imagens e seus títulos contradizem o conceito de felicidade 
abordado pelos textos de Ronaldo Barbosa e de Marcelo Jeneci. 
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. 11 
(B) Os elementos que compõem a primeira imagem descontroem o sentido de narcisismo abordado 
no texto de Ronaldo Barbosa. 
(C) O título “O fracassado”, considerando-se os valores cultivados na pós-modernidade, constitui 
uma verdade configurada socialmente. 
(D) A palavra “bem-sucedido” está em desrespeito às normas da Nova Ortografia da Língua 
Portuguesa, pois o uso do hífen caiu em desuso. 
(E) A palavra “fracassado”, em relação ao processo de formação das palavras, é uma derivação 
prefixal e sufixal, simultaneamente. 
 
07. (Prefeitura de São Gonçalo – RJ – Analista de Contabilidade – BIO-RIO/2016) 
TEXTO 
 ÉDIPO-REI 
 
Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. Cada um 
tem na mão um ramo de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus. 
 
 (Edipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013) 
 
O texto é a parte introdutória de uma das maiores peças trágicas do teatro grego e exemplifica o modo 
descritivo de organização discursiva. O elemento abaixo que NÃO está presente nessa descrição é: 
(A) a localização da cena descrita. 
(B) a identificação dos personagens presentes. 
(C) a distribuição espacial dos personagens. 
(D) o processo descritivo das partes para o todo. 
(E) a descrição de base visual. 
 
08. (MPE-RJ – Analista do Ministério Público - Processual – FGV/2016) 
 
Texto 1 – Problemas Sociais Urbanos 
 
 Brasil escola 
 
 Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da 
concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção 
de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o 
encarecimento dos locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa 
populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil 
acesso tornam-se mais caras, o que contribui para que a grande maioria da população pobre busque por 
moradias em regiões ainda mais distantes. 
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais 
e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com esse 
processo são trabalhadores com baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte 
público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento 
básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência. 
 A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no espaço das grandes, 
médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois principais 
motivos: 1) falta de poder aquisitivo da populaçãoque possui terrenos, mas que não possui condições de 
construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais caros para uma 
venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto, 
e acabam tornando-se focos de doenças, como a dengue. 
 
PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urbanos”; Brasil Escola. Disponível em 
http://brasilescola.uol.com.br/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-urbanização.htm. Acesso em 14 de abril de 
2016. 
 
A estruturação do texto 1 é feita do seguinte modo: 
(A) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e um desenvolvimento com destaque de 
alguns problemas; 
(B) uma abordagem direta dos problemas com seleção e explicação de um deles, visto como o mais 
importante; 
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. 12 
(C) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicitação de alguns problemas ligados às 
grandes cidades; 
(D) uma referência imediata a um dos problemas sociais urbanos, sua explicitação, seguida da citação 
de um segundo problema; 
(E) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua explicação histórica, motivo de crítica 
às atuais autoridades. 
 
09. (MPE-RJ – Analista do Ministério Público - Processual – FGV/2016) 
 
Sobre a charge acima, pode-se dizer que sua temática básica é: 
(A) a inadequação dos turistas no Rio de Janeiro; 
(B) o excesso de eventos na capital carioca; 
(C) a falta de segurança nas praias do Rio; 
(D) a crítica ao calor excessivo no verão do Rio; 
(E) a crítica à poluição das águas no Rio. 
 
10. (MPE-RJ – Técnico do Ministério Público - Administrativa – FGV/2016) 
 
TEXTO 1 – O futuro da medicina 
 
O avanço da tecnologia afetou as bases de boa parte das profissões. As vítimas se contam às dezenas 
e incluem músicos, jornalistas, carteiros etc. Um ofício relativamente poupado até aqui é o de médico. Até 
aqui. A crer no médico e "geek" Eric Topol, autor de "The Patient Will See You Now" (o paciente vai vê-lo 
agora), está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos positivos 
para os pacientes. 
Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já 
disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já é possível, por 
exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens a um algoritmo que as analisa e diz com mais 
precisão do que um dermatologista se a mancha é inofensiva ou se pode ser um câncer, o que exige 
medidas adicionais. 
Está para chegar ao mercado um apetrecho que transforma o celular num verdadeiro laboratório de 
análises clínicas, realizando mais de 50 exames a uma fração do custo atual. Também é possível, 
adquirindo lentes que custam centavos, transformar o smartphone num supermicroscópio que permite 
fazer diagnósticos ainda mais sofisticados. 
Tudo isso aliado à democratização do conhecimento, diz Topol, fará com que as pessoas administrem 
mais sua própria saúde, recorrendo ao médico em menor número de ocasiões e de preferência por via 
eletrônica. É o momento, assegura o autor, de ampliar a autonomia do paciente e abandonar o 
paternalismo que desde Hipócrates assombra a medicina. 
Concordando com as linhas gerais do pensamento de Topol, mas acho que, como todo entusiasta da 
tecnologia, ele provavelmente exagera. Acho improvável, por exemplo, que os hospitais caminhem para 
uma rápida extinção. Dando algum desconto para as previsões, "The Patient..." é uma excelente leitura 
para os interessados nas transformações da medicina. 
 
Folha de São Paulo online – Coluna Hélio Schwartsman – 17/01/2016. 
 
Segundo o autor citado no texto 1, o futuro da medicina: 
(A) encontra-se ameaçado pela alta tecnologia; 
(B) deverá contar com o apoio positivo da tecnologia; 
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(C) levará à extinção da profissão de médico; 
(D) independerá completamente dos médicos; 
(E) estará limitado aos meios eletrônicos. 
 
Respostas 
 
01. Errado 
O verbo haver já contém a ideia de passado. A adição do termo "atrás" caracteriza pleonasmo. 
 
02. (C) 
Dentro da crônica existe o " o Eu" introduzido pelo Autor Paulo Mendes 
Diferença: 
1-"o Eu" se mostra ingênuo(Aquele que é inocente, sincero, simples.) e alienado(1-Cedido a outro 
dono, ou o que enlouqueceu , 2-vendido.) 
Um exemplo é quando ele diz: "É o que exclamo depois de ler as recomendações de um nutricionista 
americano, o dr. Maynard" 
2- O autor não se mostra ingênuo e nem alienado, uma vez que, ele mesmo é quem escreve a Crônica. 
 
03. (B) 
São características de textos: 
a)encadear fatos que envolvem personagens - NARRATIVO 
b)tentar convencer o leitor da validade de uma ideia - DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO 
c)caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos - DESCRITIVO 
d)oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação - INJUNÇÃO/ INSTRUCIONAL 
 
04. (D) 
Doutrina = conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas. 
 
05. (C) 
 
06. (C) 
 
07. (D) 
"a) a localização da cena descrita." 
"Diante do palácio de Édipo.; nos degraus da entrada." 
"b) a identificação dos personagens presentes." 
"Um grupo de crianças; De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus." 
c) a distribuição espacial dos personagens. 
"Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada.; De pé, no meio delas," 
d) o processo descritivo das partes para o todo. 
Nesse item, resposta da questão, o que acontece é justamente o contrário, do todo para as parte, 
senão, vejamos: 
"Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. Cada um 
tem na mão um ramo de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus." 
Palácio de Édipo (todo) > degraus da escada > ramo de oliveira na mão das crianças 
e) a descrição de base visual. 
O texto nos passa uma descrição a qual se torna possível visualizar "mentalmente" a situação descrita. 
 
08. (B) 
FGV costuma usar paralelismo entre as alternativas e a geralmente a alternativa que sobra é o 
gabarito. Não são todas as questões que possuem paralelismo. 
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e um desenvolvimento 
com destaque de alguns problemas; >>> d) uma referência imediata a um dos problemas sociais 
urbanos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo problema; 
c) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicitação de alguns problemas ligados às 
grandes cidades; >>> e) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua explicação 
histórica, motivo de crítica às atuais autoridades. 
 
Sobrou a letra B. 
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b) uma abordagem direta dos problemas com seleção e explicação de um deles, visto como o mais 
importante; 
 "Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto 
da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção 
de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. 
 
09. (C) 
A charge demonstra a falta de segurança no RJ, pois o único elemento de segurança pública 
simbolizado na figura, à medida que novos jogos olímpicos vão surgindo, menos atenção ele dispensa a 
essa questão, já que na última (2016) ele está embaixo do guarda sol, pedindo "refri". 
 
10. (B) 
As alternativas A, C, D, E não encontram respaldo no texto. 
A assertiva B é praticamente uma reescritura do seguinte período: 
Está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos 
positivos para os pacientes. 
 
 
 
 
 
 
“Há uma grandediferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem 
impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador errante ou um 
lavrador de pequeno campo fértil (...)” 
 
Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, de 
funcionamento podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, que às 
vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de 
variedades ou variações linguísticas. 
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em todos os lugares e em 
qualquer situação. Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo 
significado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: 
 
Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo. 
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos. 
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enunciados pertencem ao seu idioma e têm o 
mesmo sentido, mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é de uma 
pessoa mais “estudada”. 
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar grandes explicações, as pessoas têm 
noção de que existem muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de variações 
linguísticas. 
As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: 
fônico, morfológico, sintático e lexical. 
 
Variações Fônicas 
 
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra. Os exemplos de variação 
fônica são abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe com mais 
nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre esses casos, podemos citar: 
- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em 
vez de curtir), compô. 
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns 
na linguagem clássica, hoje frequentes na fala caipira. 
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso), 
características na linguagem oral coloquial. 
2. Variedades linguísticas 
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- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas 
elas formas típicas de pessoas de baixa condição social. 
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas 
regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, 
quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. 
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas 
de baixa condição social. 
 
Variações Morfológicas 
 
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse domínio, as diferenças entre as 
variantes não são tão numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como 
exemplos, podemos citar: 
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito 
característico da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova 
hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo). 
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio), se ele manter 
(mantiver), se ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser). 
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). 
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: duzentas gramas de presunto 
(duzentos), a champanha (o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal). 
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os 
amigo e as amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. 
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que 
aconteceu nas últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que 
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. 
 
Variações Sintáticas 
 
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, como no da 
morfologia, não são tantas as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: 
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de 
encontrei-o) na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele. 
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi 
ontem. 
- a ausência da preposição adequada antes do pronome relativo em função de complemento verbal: 
são pessoas que (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu 
assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio. 
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início da frase mais a combinação 
da preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez 
de cuja família eu já conhecia). 
- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de verbos no imperativo: Entra, 
que eu quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita. 
- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou tarde (em grupos de baixa extração 
social); Faltou naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios. 
 
Variações Léxicas 
 
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do léxico, como as do plano fônico, são 
muito numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com outra. Eis alguns, entre 
múltiplos exemplos possíveis de citar: 
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar o grau superlativo dos adjetivos, 
características da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é 
um carinha maior esforçado. 
- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão surpreendentes, que têm 
sido objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil 
chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã 
em Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de suéter, 
malha, camiseta. 
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Designações das Variantes Lexicais: 
 
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso, denunciam uma linguagem já 
ultrapassada e envelhecida. É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de 60, o 
rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era 
um pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de coió 
ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. 
 
- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras recém-criadas, muitas das quais mal 
ou nem entraram para os dicionários. A moderna linguagem da computação tem vários exemplos, como 
escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são mixar (fazer a 
combinação de sons), robotizar, robotização. 
 
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras emprestadas de outra língua, que ainda não foram 
aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso, há muitasexpressões latinas, sobretudo 
da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, 
“estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente, 
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está 
escrito”), data venia (“com sua permissão”). 
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (compreensão repentina de algo, uma percepção 
súbita), feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações básicas), 
jingle (mensagem publicitária em forma de música). 
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não se aportuguesaram, mas há 
ocorrências: hors-concours (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particular 
entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la carte 
(cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização de um 
personagem). 
 
- Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional como a medicina, a engenharia, a 
publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser 
ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No 
jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma 
letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta 
sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito prolixo, é chamado de 
nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre 
os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia de 
renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática normativa). 
 
- Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não deseja ser entendido por outros grupos ou que 
pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de 
grupos jovens e de segmentos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades proibidas. 
A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo 
ou má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavelmente), cara ou cabra 
(indivíduo, pessoa), bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar). 
 
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessivamente erudito, muito raro, afetado: 
Escoimar (em vez de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); cinesíforo 
(em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); 
chufa (em vez de caçoada, troça). 
 
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, 
grosseiro. É o caso de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez 
de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). 
 
Tipos de Variação 
 
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as variantes linguísticas um sistema de 
classificação que seja simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que 
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. 17 
caracterizam os múltiplos modos de falar dentro de uma comunidade linguística. O principal problema é 
que os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez de atuarem isoladamente. 
As variações mais importantes, para o interesse do concurso público, são os seguintes: 
 
- Sóciocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém 
diz a seguinte frase: 
 
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1) 
 
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua 
profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um 
repórter de televisão? 
E quem usaria a frase abaixo? 
 
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2) 
 
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais 
pobres. Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-
no em condições não adequadas. 
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades sócio-econômicas 
melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas 
de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua. 
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez 
que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói 
as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a 
expressão “tá na cara”, mas isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal 
(conversando com alguns amigos, por exemplo). 
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições sociais influem no modo de 
falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas 
damos o nome de variações sócio-culturais. 
 
- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente notada. Ela se caracteriza pelo 
acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), 
por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das 
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, 
sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode 
também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que 
algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país. 
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São 
Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas: 
 
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!]. 
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a pena... De 
primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras d’hora, 
em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, 
estou percurando é sossego...” 
 
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar do tempo e 
com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações 
recebem o nome de variações históricas. 
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de 
brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de 
antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. 
 
Texto I 
Antigamente 
 
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e prendadas. Não fazia 
anos; completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes 
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pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o 
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, 
faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os maisjovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou 
sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até 
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. 
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, 
e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa 
cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que 
seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar 
escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias. 
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas; asthma os gatos, os 
homens portavam ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratistas, e os 
cristãos não morriam: descansavam. 
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. 
 
Texto II 
 
Entre Palavras 
 
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos 
dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar 
conhecimento de novas palavras e combinações. 
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, 
sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda 
o que você diz. 
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, 
o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? 
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o 
módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, o som 
pop, as estruturas e a infraestrutura. 
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, 
o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem. 
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o 
superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o 
Isop, a Oea, e a ONU. 
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, o 
idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica. 
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, 
Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição. 
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de 
noventa microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo 
crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click! 
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas 
coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. A 
enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre 
palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado? 
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, 
Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988) 
 
- De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações das circunstâncias em que se desenrola 
o ato de comunicação. Um modo de falar compatível com determinada situação é incompatível com outra: 
 
Ô mano, ta difícil de te entendê. 
 
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação informal, não tem cabimento se o 
interlocutor é o professor em situação de aula. 
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. 19 
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em todas as circunstâncias, excetuados 
alguns falantes da linguagem culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sendo, por 
isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afetados. 
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um indivíduo, tais como o tema sobre o 
qual ele discorre (em princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria de um 
jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num 
templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre os falantes (com 
um superior, a linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento 
que a fala implica para o falante (num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, num 
relato de uma conquista amorosa para um colega fala-se com menos preocupação). 
As variações de acordo com a situação costumam ser chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, 
variações de estilo e são classificadas em duas grandes divisões: 
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre o que se diz, bem como o estado de 
atenção e vigilância. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso. 
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com despreocupação e espontaneidade, em que 
o grau de reflexão sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que esse estilo 
melhor se manifesta. 
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno trecho da gravação de uma conversa 
telefônica entre duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Linguísticos, 
de Fernando Tarallo. As reticências indicam as pausas. 
 
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem dia que minha voz... mais ta assim, 
sabe? taquara rachada? Fica assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um menino lá 
que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo até duas hora da manhã ele me explicando toda 
a matéria de economia, das nove da noite. 
 
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia nem com a continuidade das ideias, nem 
com a escolha das palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravação de uma aula de 
português de uma professora universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A 
linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com reticências. 
 
o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção 
do todo... e fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe vincular a realidade 
nenhuma de seu idioma... isto é válido também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... 
de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas que... na hora de serem 
empregados... deixam muito a desejar... 
 
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de formalidade e planejamento típico do 
texto escrito, mas trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone. 
 
Questões 
 
01. (SEDUC/PI – PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA – NUCEPE/2015) 
 
SOTAQUE MINEIRO: É ILEGAL, IMORAL OU ENGORDA? 
 
Gente, simplificar é um pecado. Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, 
tantos processos — oh sina — para analisar, eu fundaria um partido cuja luta seria descobrir as falas de 
cada região do Brasil. 
Cadê os linguistas deste país? Sinto falta de um tratado geral das sotaques brasileiros. Não há nada 
que me fascine mais. Como é que as montanhas, matas ou mares influem tanto, e determinam a cadência 
e a sonoridade das palavras? 
 (...) 
Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las 
no meio docaminho (não dizem: pode parar, dizem: pó parar. Não dizem: onde eu estou?, dizem: 
ôndôtô?). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. 
Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho. 
 (...) 
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. 20 
Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. 
Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro — 
metaforicamente falando, claro — ele é bom de serviço. Faz sentido... 
Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há 
de perguntar pra outra: cê tá boa? Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá 
boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário. 
Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se 
for mineiro, vai chegar e dizer: — Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).(...). 
Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá 
conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: — Aqui, não vou dar conta de 
chegar na hora, não, sô. 
(...) 
Mineiras não dizem apaixonado por. Dizem, sabe-se lá por que, apaixonado com. Soa engraçado aos 
ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: Ah, eu apaixonei com ele.... Ou: sou doida com ele (ele, no 
caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa. 
 
(Texto de Felipe Peixoto Braga Netto - Crônica extraída do livro "As coisas simpáticas da vida", Landy Editora, São Paulo (SP) - 2005, pág. 
82. Publicação retirada do site: http://goo.gl/ajNZpc. - Acesso em 14.6.2015). 
 
Teoricamente, a noção de sotaque aplica-se apenas às variações linguísticas relativas à pronúncia 
das palavras. No título do texto, Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda?, há uma sinalização de que 
o tema variação linguística será tratado levando-se em conta essa dimensão, mas verificam-se 
referências a outras dimensões de variação. A opção em que a ideia de sotaque é evidenciada mais 
pontualmente é: 
(A) " Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de 
serviço" 
(B) ” Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: — Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é 
fria, etc)." 
(C) " Os mineiros também não gostam do verbo conseguir... Sôcê (se você) acha que não vai chegar 
a tempo, você liga e diz: — Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô." 
(D) "... Não dizem: onde eu estou?, dizem: ôndôtô?" 
(E) " Mineiras não dizem apaixonado por. Dizem, sabe-se lá por que, apaixonado com.... Ouve-se a 
toda hora: Ah, eu apaixonei com ele.... Ou: sou doida com ele (...) 
 
02. (SEDUC/PI – PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA – NUCEPE/2015) 
Ainda em relação ao texto da questão 01: 
Em: "Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, tantos processos — oh 
sina — para analisar, eu fundaria um partido...", é CORRETO afirmar sobre a expressão destacada. 
(A) Está empregada de maneira inadequada por tratar-se de uma expressão usada na oralidade, em 
um texto escrito. 
(B) Não poderia ser usada em um texto que trata teoricamente de variação linguística, por ser tão 
informal. 
(C) Está adequadamente usada e traduz informalidade e aproximação com o leitor, além de sinalizar 
para a leveza com a qual o tema será abordado. 
(D) Está adequadamente utilizada por se tratar de um estilo de escrita originariamente revelado no 
padrão culto da língua. 
(E) Não é usada adequadamente porque seu autor confessa-se pouco conhecedor do tema abordado 
no texto. 
 
Respostas 
 
01. Resposta D 
A questão pede para que se encontre a alternativa em que o sotaque mineiro esteja em evidência, 
assim, a expressão “ôndôtô” é a que mais se destaca oralmente na questão do sotaque típico dessa 
região. 
 
02. Resposta C 
O texto de Felipe Peixoto não tem por intenção delatar ou criticar as diferentes variações linguísticas, 
pelo contrário, o autor trata da variedade regional em questão de forma leve, como um fenômeno natural 
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. 21 
da língua oral, que se encontra em constante mutação. Assim, a alternativa “C” é a que se enquadra no 
verdadeiro objetivo do autor. 
 
 
 
 
 
 
Norma culta ou linguagem culta é uma expressão empregada pelos linguistas brasileiros para designar 
o conjunto de variedades linguísticas produzidas pelos falantes classificado como cidadãos nascidos e 
criados em zona urbana e com nível de escolaridade elevado. Assim, a norma culta define o uso correto 
da Língua Portuguesa com base no que está escrito nos livros de gramática. 
 
Aquisição da Linguagem e o Propósito da Língua 
 
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto familiar, que é o primeiro círculo social para 
uma criança. A criança imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis combinatórias da 
língua. Um jovem falante também vai exercitando o aparelho fonador, ou seja, a língua, os lábios, os 
dentes, os maxilares, as cordas vocais para produzir sons que se transformam, mais tarde, em palavras, 
frases e textos. 
Um falante ao entrar em contato com outras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a 
escola e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que falam de forma 
diferente por pertencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo ou 
classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas. 
A língua é um poderoso instrumento de ação social, ela possibilita transmitir nossas ideias e transmitir 
um conjunto de informações sobre nós mesmos. Desta forma, ela pode tanto facilitar quanto dificultar o 
nosso relacionamento com as pessoas e com a sociedade no que diz respeito a nossa capacidade de 
uso e articulação da língua. 
Certas palavras e construções que empregamos acabam denunciando quem somos socialmente, ou 
seja, em que região do país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, 
até nossos valores, círculo de amizades e hobbies, como skate, rock, surfe, etc. O uso da língua também 
pode informar nossa timidez, sobre nossa capacidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa 
insegurança. 
 
Variedades Linguísticas 
 
A língua escrita e falada apresenta uma série de variações e transformações ao pasar do tempo. Tais 
variações decorrem das diferenças entre as épocas, condições sociais, culturais e regionais dos falantes. 
Tomemos como exemplo a transformação ortográfica do vocábulo “farmácia” que antes era grafado com 
“ph”, assim, a palavra era escrita “pharmácia”. 
Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que cumpram com eficiência o papel 
fundamental da língua, o de permitir e estabelecer a comunicação entre as pessoas. Apesar disso, há 
uma entre as variedades que tem maior prestígio social, a norma culta ou norma padrã. 
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, contida na maior parte dos livros, 
registros escritos, nas mídias televisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: a 
linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou profissões (policiais, jogadores de 
futebol, advogados, surfistas). 
O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos 
em nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua culta, somado ao domínio 
de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos nos diferentes 
contextos lingísticos, já que a linguagem utilizada em reuniões de trabalho

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