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Espaço Território Territorialidade

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Conceitos Básicos: Espaço, Território e Territorialidade 
Prof. Dr. Haruf Salmen Espindola 
 
Os vários significados da palavra 
“espaço”, ou seja, espaço é uma 
categoria que pode abranger ou 
significar diferentes realidades físicas ou 
sociais. 
Quando se pergunta: o que é o espaço? Normalmente vem à 
mente o “espaço sideral”, o que está além e fora da Terra, o 
meio físico do universo. 
Quando se fala “espaço vago”: uma área desocupada em 
meio à áreas que estão ocupadas. 
Quando se fala em “espaço vazio”: uma área que não 
contém nada, por exemplo um terreno desocupado ou uma 
página em branco; também pode ser com pouca ocupação... 
Quando se diz o “espaço cheio”: capacidade está toda 
ocupada; lotação completa; área completamente tomada ou 
com grande quantidade de coisas. 
Quando se fala “espaço fechado”: área protegida; trancada, 
guardada; vedada, obstruída; área não inclui elemento 
algum; ou que não aceita o que vem de fora, do exterior: 
pessoa ou coisa; não permite agir, gera incapacidade de agir 
e estado de impotência. 
Quando se diz “espaço aberto”: área que permite entrar, sair 
ou ver; não apresenta obstáculos; desobstruído, franco; 
campo amplo e livre, sem limites; área não protegida por 
qualquer meio que cria restrições; área exposta ao perigo, ao 
risco; sem encobrimentos; área desprovido de preconceitos e 
restrições, que permite agir, capacita para agir etc. 
Quando se fala em “espaço geográfico” nos referimos a 
qualquer região ou fração de uma área do Planeta que 
apresenta aspectos naturais e humanos combinados. 
Quando usamos a expressão “espaço público” nos referimos 
a uma área físico que é de uso comum e posse coletiva. 
O “espaço” pode ser também um “sinal” ou caractere 
invisível, representado por um intervalo unitário vazio 
quando digitamos. 
O “espaço físico” é o meio físico que tudo envolve e no qual 
tudo existe materialmente. 
O “espaço-tempo” na Física é o espaço quadridimensional: 
sistema de coordenadas que considera além das três 
dimensões espaciais (espaço euclidiano) uma quarta 
dimensão (o tempo), que define local e momento (onde e 
quando) do acontecer de um evento. 
O “espaço euclidiano” refere-se á área bidimensional: 
largura e comprimento (forma a superfície); ou à área 
tridimensional: largura, comprimento e profundidade (forma 
o volume); 
O “espaço topológico” é uma estrutura matemática que 
permite formalização matemática de conceitos tais como 
convergência, conexidade e continuidade. 
O “espaço compacto” é um tipo de espaço topológico que 
trabalha com o conceito de compacidade, ou seja, uma 
extensão topológica das ideias de finitude e limitação. 
Quando nos referimos ao “espaço social” significa que o 
espaço é uma produção social. Espaço social pode ser: casa, 
fábrica, loja, Shopping Center, escola, estação rodoviária, 
aeroporto, teatro, cinema, cidade, bairro, rua, esquina, 
campo agrícola, fazenda etc. 
Uma escola é dividida em diferentes espaços: sala de aula, 
auditório, sala de direção, secretaria, etc. 
Uma casa é dividida em espaços chamados de cômodos:sala 
de televisão, quartos, cozinha etc. 
Então, o que é espaço? 
Espaço em um sentido universal (geral) é uma categoria 
abstrata que pode ser definida (conceituada) como o aspecto 
da realidade que se refere as propriedades da extensão, mas 
que não é o extenso em si mesmo, isto é, é a possiblidade 
de existir os objetos físicos e o que resulta da relação 
entre os objetos físicos. 
Quais as propriedades da extensão? 
É a possibilidade ou meio de coexistência dos objetos 
físicos. 
Possibilidade de estender(-se): expandir(-se), alongar(-se); 
espalhar (-se); também a possibilidade de difusão, difundir(-
se), logo é a possibilidade da existência do movimento: 
movimentar-se em qualquer direção. 
É a dimensão (medida) de coisa físico (objeto, corpo, área, 
campo, terreno) em qualquer direção (largura, comprimento, 
altura); 
Portanto, o espaço como o aspecto da realidade que se refere 
as propriedades da extensão se refere sempre aos objetos 
físicos e as relações entre os objetos. 
O que é a espacialidade? 
O extenso resulta da relação que se estabelece entre os 
corpos (objetos): a essa relação chamamos espacialidade. A 
espacialidade como relação entre objetos físicos abarca tudo 
que é próprio da extensão e se expressão nas categorias: 
Forma: configuração física característica dos seres e das 
coisas, como decorrência da estruturação das suas partes; 
formato, feitio. Também a aparência física de um ser ou de 
uma coisa. Por exemplo um balde é uma forma de vasilha 
diferente de panela de pressão e que possuem funções 
diferentes. Uma prisão é uma forma arquitetônica diferente 
de uma escola, pois servem para funções diferentes. 
Posição: situação espacial de um corpo, definida em relação 
a um ou vários pontos de referência fora dele; também 
significa o lugar ocupado por um corpo ou objetivo (esse 
princípio é usado pelo GPS); categorias como disposição, 
arranjo, distribuição referem-se a posição; no esporte é o 
lugar em que atua determinado jogador numa equipe. 
Expressa em categorias como: ao lado, a esquerda, a direita, 
acima, interior, exterior, canto, isolado, próximo, superior, 
inferior, em baixo etc. 
Distância: espaço entre dois corpos; comprimento do 
segmento de reta que liga dois pontos; se refere aos atos de 
afastamento, separação; (também pode ser o intervalo de 
tempo transcorrido entre dois instantes). Expressa em 
categorias como perto, longe, próximo, vizinho etc. 
Direção (diversidade de direção): sentido, rumo, caminho; 
linha imaginária ao longo da qual alguém ou algo se move 
ou aponta. Expressa em categorias como: para esquerda, 
para direita, para cima, para baixo, norte, sul, leste, oeste 
etc.; ou seja, sempre a partir de uma referência, de um eixo 
de coordenadas, como os eixos das coordenadas da Terra 
(Norte-Sul e Leste-Oeste) que são usados pelos GPS. 
Conectividades (interconexões): ligação e relação entre duas 
ou mais coisas, entre dois ou mais objetos ou sistemas de 
objetos (ou a falta ou impossibilidade da ligação ou 
desconexão, disjunção, separação, desunião); também 
capacidade ou possibilidade de operar num ambiente de 
Rede. 
Quais tipos de relações de espacialidade 
estão presentes nas categorias 
contigüidade e reticularidade? 
Contigüidade significa o estado ou condição do que está 
contíguo, isto é, proximidade; vizinhança; é o que toca em 
ou confina com algo, ou está adjacente ou próximo; vizinho; 
portanto é uma relação de proximidade imediata entre duas 
ou mais coisas ou objetos. A continuidade refere-se às 
limitações físicas impostas pela Extensão, ou seja, pelo fato 
das coisas ou objetos estarem localizados em um ponto 
determinado confinando/adjacente ou vizinho a outros 
pontos. A propriedades limitadoras da contigüidade se 
manifestam na: 
Superfície, isto é, área, extensão bidimensional; o exterior, a 
parte externa e visível dos corpos; a superfície da Terra com 
suas rugosidades, isto é, objetos e coisas produzidas pelos 
homens ou os elementos da natureza modificados e 
transformados pelos homens. Por exemplo uma auto-estrada 
com seus muros de proteção funcionam como obstáculos 
para uma pessoa que antes atravessava de um lado para 
outro; uma rio é um obstáculo, mas a ponte feita pelo 
homem conecta os dois lados. Na superfície os corpos e 
objetos podem se movimentar ou serem transportados, 
vencendo a resistência imposta pelas forças físicas. 
Contigüidade pode ser expressa em categorias como 
arredores, arrabalde, subúrbios, vizinhanças; também 
envolve categorias como proximidade, distância, localização 
etc. 
Também pode estar na categoria “campo”, ou seja, campo 
operatório que definem os limites ou o onde os eventos 
relacionados entre si acontecem e se sucedem. 
Reticularidade:os limites da extensão (contigüidade) 
podem ser quebrados pelas novas tecnologias que criaram as 
ligações ou conexões em rede, produzido a reticularidade. 
O que é Campo Operatório? 
Extensão no qual ocorre eventos, acontecimentos (por 
exemplo a área no qual ocorre o jogo de futebol, a batalha 
numa guerra). Pode ser uma área delimitada mais ou menos 
extensa. Portanto é a área ou âmbito (espaço compreendido 
dentro de determinados limites) em que se desenvolve 
determinada atividade. Em outras palavras é a área no qual 
desenrola as ações; o domínio, ou seja, o âmbito da ação ou 
domínio da ação de uma agente/ator. 
Na física o sentido é semelhante: é a área que se encontra 
sob a influência de alguma força ou agente físico (p.ex., 
campo eletromagnético, campo gravitacional etc.). 
Campo também é área abrangido pela objetiva de uma 
câmara fotográfica, cinematográfica ou de televisão (plano, 
quadro); 
O que interesse ao Direito e as Ciências 
Sociais é a “espacialidade dos fenômenos 
sociais”. 
As relações sociais ocorrem entre agentes (atores sociais) 
concretos do sistema social, logo são esses agentes que 
produzem a configuração espacial que se pode observar no 
espaço; 
A espacialidade social é determinada, ou seja, ela não tem 
caráter universal, mas sempre vai estar conforme o lugar 
(onde) e o tempo (quando) se deu a produção do espaço 
pelos agentes concretos das relações sociais. Portanto, a 
espacialidade dos fenômenos sociais é historicamente 
determinada, pois está vinculada a uma época, cumpre uma 
função ao longo de um tempo (duração) e é sempre um onde 
(lugar), estando sujeita as relações de poder e, ao mesmo 
tempo, contribuindo para os sujeitos de poder que 
ordenaram o espaço. 
É por isso que a lógica da espacialidade de processo social 
específico somente pode ser compreendida a partir das leis 
que regulam esse determinado processo social específico. 
Assim, interessa saber qual a espacialidade dos fenômenos 
sociais estudados. 
Espaço e Espacialidade 
O espaço pode ser definido genericamente como meio de 
coexistência de objetos físicos. Espaço, no entanto, não 
existe em si mesmo, mas é produzida pela relação que se 
estabelece entre os corpos físicos (objetos): a isso chamamos 
espacialidade. 
Espacialidade dos fenômenos sociais 
O que interessa para o Direito, a Ciências Sociais, a 
Administração, a História, a Política, ou seja, para as 
Ciências Humanas e Sociais é a espacialidade dos 
fenômenos sociais. São as relações sociais que ocorrem 
entre agentes (atores sociais) concretos do sistema social que 
determinam a configuração do espaço e definem o que é o 
espaço. São os agentes e as relações sociais que produzem a 
configuração espacial que se pode observar no espaço e a 
definição sobre o que é o espaço. 
A espacialidade social é determinada, isto é, a 
espacialidade não tem um caráter universal, mas sempre é 
histórica e localmente produzida. Assim, podemos afirmar 
que o espaço é produzido histórica e localmente, ou seja, é 
sempre uma produção de uma época, por uma determinada 
duração e, portanto, é um produto histórico. 
Organização Espacial 
Uma configuração espacial se torna uma organização 
espacial quando é sustentada por processo social. Pode 
existir dois tipos de processos sociais: espontâneo ou 
intencional. 
- O espaço pode ser resultado da ação espontânea de 
agentes sociais: quanto não existe agente dirigindo o 
processo social. O mercado é um exemplo; 
- Resultado da ação consciente de agente visando obter 
objetivos preestabelecidos: existe agende capaz de 
dirigir o processo social. Exemplo: um grande 
investimento de capital (por empresa ou pelo Estado), 
como foi o caso da cidade de Ipatinga, cujo início foi 
todo planejado pela Usiminas. 
AS ações humanas capazes de configurar o espaço têm 
caráter de processo (processo social), isto é, ações cíclicas: 
repetitivas, regulares e possíveis de serem reproduzidas 
(recorrência, repetição, regularidade, reprodução). 
Valor do Espaço 
Os lugares não têm a mesma importância econômica, social, 
cultural e política. Isso porque os espaços possuem 
diferentes infraestruturas construídas, meios de comunicação 
disponíveis, número de estabelecimentos econômicos, 
quantidade de empreendimentos, disponibilidades de 
equipamentos urbanos, infraestrutura cultural, número de 
órgãos governamentais e tudo mais que o trabalho humano é 
capaz de construir e organizar. Considerando a lei da 
Ciência Econômica, que afirma ser o valor do trabalho a 
quantidade de tempo gasto para produzir qualquer coisa, e 
que os diferentes espaços recebem quantidades de trabalho 
diferentes, conclui que os lugares acumulam tempos 
desigualmente: uma grande metrópole (São Paulo, Rio de 
Janeiro, Paris...) concentra todas as dimensões econômicas, 
sociais, culturais e políticas; uma pequena cidade possui 
muito pouco de cada uma dessas dimensões. 
O espaço tem valor na medida em que está organizado ou 
que pode ser organizado, portanto, a partir do momento que 
tenha uma utilização (valor de uso). Além de valor de uso o 
espaço tem também valor de troca (monetário), ou seja, é 
uma mercadoria vendida e comprada. 
O que define o valor do e no espaço? 
O Espaço é formado por lugares diferentes. Segundo o 
geógrafo Milton Santos: 
“... O espaço é a acumulação desigual de tempo.” O que 
significa essa citação? No espaço está materializado o 
trabalho humano. É o trabalho que incorpora ao espaço 
valor. O valor do espaço é determinado pelo trabalho nele 
incorporado, em formas materiais (objetos e sistema de 
objetos, tais como máquinas e sistema industrial, 
equipamentos e redes elétricas, redes de computadores, 
cidades, redes rodoviárias e redes ferroviárias etc., tosas eles 
dependentes do trabalho humano para ser produzido); e na 
forma imaterial (organizações, empresas, instituições, 
sociedades anônimas, entidades sociais, culturais e religiosas 
etc., todas elas dependentes de trabalho humano para 
funcionar). Tem lugares que tem mais concentração 
(densidade) das formas materiais e formas imateriais, 
enquanto outros têm muito pouco. 
Fluxograma 
 Atores produzem o espaço se suas ações são processos 
sociais e se são portadores de poder. Entretanto o Espaço 
Produto, ou seja, o que já está construído condiciona e limita 
o processo de produção do espaço. Portanto são os processos 
sociais que configuram o espaço, mas o espaço produzido na 
qualidade de espaço produto (espaço já pronto e construído) 
condiciona o processo de produção do espaço. 
O espaço é produzido e, ao mesmo tempo, o espaço é 
produto. O espaço produto é o resultado do trabalho 
realizado ao longo de um tempo mais ou menos longo. O 
espaço produto é tudo que está pronto, construído e 
funcionando, vindos de épocas diferentes e de antes de hoje 
(presente). Em cada época e lugar existiam técnicas mais ou 
menos avançadas e organização econômica e social mais ou 
menos desenvolvida, com sua cultura e organização política 
própria de cada lugar e época. Quase tudo das épocas 
passadas permanece hoje: ou funcionando, ou como ruína, 
ou como vestígio arqueológico. 
 
Figura 01 - Fluxograma
Espaço Produto 
Atores Espaço 
produzem o 
 
Processo de 
Produção do... 
PODER condiciona o... 
Espaço é produzido 
Condiciona o ... 
Heterogeneidades e multiplicidades 
O processo de produção do espaço, tais como a produção de 
uma casa com sua divisão em sala de televisão, quartos, 
cozinha etc., ou de uma escola (forma escolar) com sua 
divisão em diferentes ambientes formado pelas salas de aula, 
auditório, sala de direção, secretaria, etc. é sempre uma 
criação de limites e condicionamentos, isto é, um espaço 
fechado. O espaço produzido, portanto, sempre pode criar 
condicionamentos, ou seja, formas de normatizar os 
comportamentos.Entretanto, isso não elimina o fato do espaço sempre 
permanecer como aberto, mesmo que em nossa imaginação 
pesamos que ele é sempre fixo e fechado. 
Portanto, podemos definir o espaço a possibilidade de existir 
diferentes, heterogeneidades e multiplicidades de objetos 
com conexões que o poder não consegue controlar: de 
práticas e processos sociais múltiplos. Por mais que as 
pessoas achem ou que possa parecer, o espaço não é um 
todo já-interligado e conhecido, pois o espaço sempre deixa 
em aberto a possibilidade de interconexões novas, conexões 
não previstas, conexões não controladas e, até mesmo, de 
não-conexões ou recusa de se conectar. O espaço é formado 
pelo que existe e pelo que ainda não existe, mas pode existir. 
Assim, ele será sempre inacabado, aberto e em processo. 
Pensar o espaço como a esfera de uma simultaneidade 
dinâmica, constantemente desconectada por novas 
chegadas, constantemente esperando por ser determinada. O 
espaço deve ser pensado como sempre indeterminado, pois é 
a possibilidade sempre aberta da construção de novas 
relações, por mais que o Poder busque ter tudo sobre o 
controle. 
O espaço aberto é sempre relacionalidade e possibilidade de 
relacionalidades não previstas. Entender o espaço como um 
produto de inter-relações, que não existe antes das relações 
entre as entidades/identidades. O Espaço é sempre 
relacional, é relacionalidade. 
Considerar o espaço sempre aberto, sempre em processo, 
possibilidade do imprevisível, do não planejado, de ligações 
ausentes ou de ligações não imaginadas. Essa maneira de 
imaginar o espaço abre a consciência para a esfera de 
existência de diferenças, multiplicidades e heterogeneidades. 
Compreender o espaço como a existência coetânea (ao 
mesmo tempo) de pluralidades de trajetórias, uma 
simultaneidade de histórias-até-agora, de multiplicidades e 
heterogeneidades de histórias coexistindo, sem nunca se 
encontrarem e se conhecerem. A possibilidade do 
inesperado e da surpresa, de descobrir o que nunca se 
imaginou. (A sua história, a minha, a nossa é apenas uma 
entre muitas outras histórias que existem; que podem se 
conhecer ou nunca virem a se encontrar.) 
Espaço e Poder 
O Poder com maiúscula (Estado) ou poder em geral 
(organizações, instituições, igrejas, grupos, movimentos 
sociais, empresas etc.) se esforçam, permanentemente, para 
controlar o espaço. Todavia, o espaço contraria sempre todo 
o esforço do poder para dominá-lo totalmente e controlar 
tudo que acontece nele, seja por meio do ordenamento e 
organização do espaço, seja tentando impor normas e regras. 
Sempre vai ter muitas coisas e pessoas que o poder não 
consegue controlar. Portanto o espaço nunca é fechado e 
rígido, mas sempre aberto e em processo: vão surgir sempre 
novidades e coisas imprevistas, seja no campo econômico 
(novas empresas), técnico (novas tecnologias), social (novos 
movimentos sociais, novos padrões sociais, novos valores 
etc.), cultural e ideologias e formas de organização política. 
Se não fosse isso não haveria novidades, atualidades e 
transformações sociais. Um contra-poder e contracultura 
sempre vai manifestar no espaço, pois não é possível 
controlar tudo que acontece nele. 
Qual a relação entre natureza e a 
espacialidade social? 
A configuração natural (relevo, clima, hidrografia, 
vegetação etc.) contribui para especificar a configuração 
espacial, mas não significa de nenhuma maneira que 
produza a organização espacial e determine a configuração 
espacial. Não podemos esquecer que são os processos 
sociais que produzem a configuração espacial. 
- São os processos sociais que criam as estruturas sociais, 
os meios de produção e as relações sociais, conforme o 
desenvolvimento das forças produtivas, o sistema 
político, a cultura etc. 
- São os processos sociais que fornecem o sentido a um 
determinado espaço e permite identificá-lo como 
organização espacial. 
 
Por que o conceito de território é 
dimensão necessária para a 
compreensão do pluralismo direito na 
atualidade? 
Porque o Estado não é o único agente regulador, estando 
presença outros atores na produção de normas jurídica. 
Porque o Direito se fundamenta na dimensão territorial do 
processo de regulação das relações sociais e criação da 
ordem jurídica. 
Porque na atualidade as novas tecnologias da informação e 
comunicação e, consequentemente, a globalização 
produziram demandas que não existiam a 50 anos, 
produzindo diferentes pressões regulatórias sobre o 
território. 
Porque na atualidade, com a revolução tecnológica, 
comunidades e grupos territorialmente localizados ganharam 
força e, culturas aparentemente desaparecidas, emergiram, 
criando novos contextos de diversidade cultural e normativa. 
Qual a relação entre território e Direito? 
A diversidade territorial e pluralismo 
jurídico: ontem e hoje. 
No Ocidente, mais precisamente na Europa e América, com 
o desenvolvimento do capitalismo a partir do século XIX, o 
Estado buscou impor-se como única fonte de regulação 
social e territorial. Isso deu origem ao monismo jurídico que 
caracteriza o Estado territorial moderno, porém a unicidade 
jurídica, sociocultural (nacionalidade) e territorial que 
predominou no Ocidente não caracterizava o resto do 
mundo, ou seja, na África e no Oriente se conservaram 
antigos pluralismos jurídico e socioculturais, a exemplo da 
Índia. Mesmo no ocidente, apesar do Estado basear-se no 
monismo jurídico e a unicidade nacional, não desaperram as 
diversidades que anteriormente existiam. 
No passado, a origem do pluralismo jurídico eram os 
processos de diferenciação territorial gerado pelo isolamento 
entre povos e pelos crescentes diversificação sociocultural, 
resultando em pluralidades de formas de regulação social e 
territorial. No presente (a partir da década de 1980) surgiram 
diferentes territorialidades (territórios redes, territórios 
virtuais etc.) e formas novas de juridicidades ligadas as 
conexões em rede propiciadas pelas novas tecnologias de 
informação e comunicação e pela crescente globalização. 
As novas juridicidades são produzidas por agentes com 
poder (legal ou ilegal), tanto as corporações (grandes 
empresas mundiais) como organizações internacionais de 
narcotraficantes ou de terrorismo. Além das novas 
juridicidades, as novas tecnologias também permitiram o 
ressurgimento das antigas diversidades territoriais e, 
consequentemente, fortaleceram os pluralismos e 
multiplicaram situações crescentes de interlegalidade, 
gerando uma fragilização da unicidade territorial e jurídica 
que os Estados haviam buscado impor, desde o século XIX. 
Para entender a relação entre território 
e Direito, esse tem que ser compreendido 
como instância social. Por que o Direito 
é uma instância social? 
Porque o Direito se constrói e se modifica pela pressão 
originada das necessidades e demandas surgidas no 
território. Os conflitos trabalhistas surgidos com a 
industrialização criaram a necessidade do Direito do 
Trabalho; os riscos de faltar água potável para abastecer a 
cidade de São Paulo criaram a demanda por leis ambientais 
para preservar os mananciais que abastecem a cidade. 
Portanto normas podem surgir por pressão social ou sem que 
exista pressão social, como no caso da proteção ambiental 
dos mananciais. 
Porque o avanço tecnológico tem criado necessidade ou 
demandado normatização jurídica – território normado; e, ao 
mesmo tempo, tem produzido ampla normatização ao se 
desenvolver no território – território como norma. 
Porque os sistemas jurídicos são sistemas abertos com ampla 
relação com a dinâmica social e territorial. 
O direito resulta da evolução jurídica, 
jurisprudência e ciência jurídica? 
A produção de normas não decorre da evolução do Direito 
ou da ciência jurídica, mas das relações e das capacidades 
reais (poder) de atorespresente no território, bem como 
depende da capacidade de (poder) normatizar e garantir a 
efetividade da norma no espaço delimitado, que assim se 
converte em território. 
Qual a relação entre a ordem jurídica e 
o território? É aceitável considerar o 
Estado como única instância como poder 
de normatizar. 
A capacidade de (poder) normatizar e garantir a efetividade 
da norma no espaço delimitado converte o espaço em 
território. Existe equivalência entre o ordenamento jurídico e 
o ordenamento político e territorial. 
Essa capacidade de normatizar não se limita ao Estado, pois 
a globalização e as novas tecnologias de informação e 
comunicação favoreceram o surgimento de novos agentes 
com capacidade de regulação territorial: empresas 
transnacionais e organizações multiculturais. 
Na atualidade o papel do Estado como única instância capaz 
de regular o território foi enfraquecida, pelo aparecimento 
de novos agentes com poder de produzir regulação social e 
territorial. 
 
Território 
Do espaço ao território 
Espaço não é o mesmo que território. O Espaço pode ser 
muitas coisas. Território é um espaço definido pelo poder, 
no qual se estabeleceu relações de poder. 
Duas propriedades têm que se fazer presentes no espaço 
para que uma organização espacial se torne Território: 
“relações de poder” e “formas próprias de utilização”. É o 
poder e um sentimento de pertencimento comum que fazem 
do espaço um território. Essas duas propriedades (utilização 
e poder) são fundamentais para se definir uma organização 
espacial como organização territorial. O território não é o 
mesmo que o espaço, mas é produzido a partir do espaço. 
Conceito de Território 
O espaço e, conseqüentemente, o seu uso, é definido como 
território quando está delimitado e constituído por relações 
de poder; 
O território é definido por ação de poder, exercido por 
grupo ou grupos sociais, ou por instituição ou entidade, 
capaz de apropriar, delimitar, controlar acesso, regular, 
reprimir dissensões e impor as definições consideradas 
aceitáveis; 
O território é o resultado histórico das ações de poder e das 
formas de utilização do espaço. 
É preciso considerar não somente o poder, mas também o 
uso, levar em conta os muitos atores sociais presentes no 
territórios – com diferentes interesses, posição social, 
ideologia e identidade cultural, em situação de conflito e 
consenso; 
O território é campo de forças, existem tensões diversas, 
mas os atores estão ligados numa teia ou rede de relações 
sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao 
mesmo tempo, um limite, uma alteridade: 
- diferença entre 'nós' (os membros da coletividade ou 
'comunidade', os insiders) e os 'outros' (os de fora, os 
estranhos, os outsiders)". 
Território e Regulação (norma) 
O poder tem que ser capaz de produzir a regulação e coesão 
social. 
O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma 
ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza 
um programa) em qualquer nível. Ao apropriar de um 
espaço concreta ou abstratamente, o ator "territorializa" o 
espaço. 
O poder ao ordenar e regular o espaço, ele produz o 
território normado. 
O conjunto de ligações ou de relações entre freqüentadores 
do mesmo lugar não faz do lugar um território - território 
não é o espaço nem um lugar; 
O território não é o espaço, território é apropriação do 
espaço. O território é espaço delimitado, construído e 
desconstruído por relações de poder e utilização que envolve 
uma gama de atores que vão territorializando as suas ações; 
O território não se reduza a entidade jurídica nem aos 
espaços vividos (lugar) sem existência política, sem agentes 
portadores de poder. 
Entidade jurídica, política e administrativa não se reduz 
unicamente ao Estado, mas relaciona-se a todo agente capaz 
de exercer o poder de apropriar, delimitar e definir o uso de 
um determinado espaço. 
Portanto pode-se falar na produção de múltiplos territórios, 
justapostos ou sobrepostos. 
Territorialidade 
Do território a territorialidade 
Território se refere aos lugares inter-relacionados, incluindo 
os percursos, com seus pontos importantes, e seus meandros, 
as ligações superficiais, expostas e visíveis, as capilares, as 
subterrâneas, as invisíveis; 
Os indivíduos e coletividades territoriais mantêm com o 
território relações subjetivas: sentimento de pertencimento 
partilhado coletivamente (“eu sou daqui”, “eu faço parte”, 
“eu pertenço a essa terra”) e de apropriação (“isto é meu”, 
“minha terra”, “meu domínio”, “esse é meu povo”). 
O território projeto no espaço estruturas social específicas de 
uma coletividade, que incluem: 
- um modo de classificar e gerenciar o espaço; 
- a capacidade de controlar o acesso; 
- o desejo de influenciar o comportamento dos de dentro; 
- o compartilhamento de representações e percepções 
subjetivas; 
- uma organização e administração própria (exercício do 
poder); 
- conjunto de normas seguidas e cumpridas; 
- coerção e repressão para garantir o cumprimento das 
normas. 
O território é “especificidade”, tipicidade que resulta da 
identidade cultural e sentimento de pertencimento, possuída 
pelos que “são de dentro”, “fazem parte” – produz uma 
sensação de conforto, confiança e segurança –gaucho, 
sertanejo, funkeiro etc.; 
O território cristaliza representações coletivas e símbolos, 
um patrimônio cultural e uma herança histórica que se 
encarnam e expressam de formas diversas, materiais e 
imateriais; 
Essas representações são decisivas nas relações de poder e 
na garantia da coesão social. 
O território expressa o “ser, saber e saber, fazer” do sujeito e 
da coletividade territorial. O território é formado por lugares 
que tem identidade e raízes histórico-culturais, configuração 
política e identidades próprias marcadas por um forte 
sentimento de pertencimento ao território. No território 
lugares se interligam, com os atores produzindo e, ao 
mesmo tempo, vivendo as relações sociais, culturais, 
políticas, normativas e os valores, num determinado 
contexto marcado por relações de poder 
O fator institucionalidade, cultural e social são 
determinantes da construção social de um território: Capital 
Institucional; Capital Cultural e Capital Social.. 
Territorialidade 
A territorialidade reflete a multidimensionalidade do vivido 
territorial pelos membros de uma coletividade; 
Territorialidade não é simplesmente o espaço de 
sobrevivência (territorialidade animal), mas refere-se a 
identificação psicológica com o espaço, sociabilidade, da 
identidade individual e coletiva; 
Territorialidade significa processo de coesão dos grupos 
sociais; 
Territorialidade é identificação psicológica, parte do 
processo de sociabilidade, constrói a identidade. Pode ser 
transposta, como fazem os imigrantes, ao buscar reconstituir 
“seu” território no destino; uma nova sociabilidade. 
Uma territorialidade rígida pode impedir a nova 
sociabilidade e dificultar adaptações ou, em excesso ser 
fonte de apoio a ódios e exclusões (uma espécie de 
terrorismo territorial ou fundamentalismo). 
O conceito de territorialidade cumpre o papel de definição 
(classificação relacionada a área – identifica pertencimento: 
os que são de dentro e os diferenciam que são de fora), de 
comunicação (comunica limites que não podem ser 
ultrapassados – quem pode entrar, quem não pode – pode ser 
limites da língua, costumes, valores, símbolos, 
comportamentos, expressões culturais e artísticas, 
compartilhamento histórico, herança cultural) e de controle 
ou “aprisionamento” (normatização, permissão, acesso). 
O vivido territorial produz laços de identidade com o espaço 
e induz à cooperação em prol de interesses comuns. A 
identidade produz especificidade cultural e tipicidade 
(produto típico, pessoa típicade um lugar); patrimônio 
cultural comum; capacidades técnicas e produtivas; saber e 
saber fazer. 
Os atores locais tendem a proteger, valorizar e capitalizar 
aquilo que de próprio de seu território, fortalecendo a 
identidade ou podem deixar tudo se perder, entrando em 
decadência ou copiando o que vem de fora. 
Supraterritorialidade 
O capitalismo no estágio da revolução técnico - cientifica 
favoreceu a globalização; 
Surgiram as possibilidades de intercâmbios e conexões 
ampliadas em rede: relações sociais, trocas culturais; 
As organizações e megas empresas passaram transitar pelos 
diversos territórios nacionais; 
Atores sociais ligados ao processo globalizados passaram a 
operar numa supraterritorialidade – deixaram de estar preso 
a determinados territórios e criaram locais espalhados pelo 
mundo que possuem as mesmas características globais; 
Qualquer pedaço da superfície da Terra se tornou funcional 
às necessidades, usos e interesses de das megas empresas na 
atual fase da história; 
A supraterritorialidade afetou a capacidade do Estado de 
estabelecer seus próprios parâmetros nacionais, sem 
ingerências externas, mas isso não significa que o princípio 
da jurisdição nacional do Estado esteja sendo contestada 
externa e internamente; o Estado continua forte para 
controlar a força de trabalho, mas em outros pontos 
fragilizou: 
- ingerência dos EUA no Iraque, Bósnia, Granada etc.; 
- atuação do capital financeiro, que se move além 
fronteira; 
- megas empresas que escapam a toda territorialidade, 
agindo globalmente. 
Tipos de territórios 
- Territórios-zona são aquele nos quais prevalece a 
lógica política tradicional; 
- Territórios-rede são aqueles nos quais prevalece a 
lógica econômica da globalização; 
- Aglomerados de exclusão são aqueles territórios 
marcados pela lógica social de exclusão sócio-
econômica das pessoa. 
Aglomerados de Exclusão 
O mesmo processo que resultou na globalização e produziu 
a supraterritorialidade (territórios-rede) também fez surgir 
espaços que não configuram uma lógica clara no sistema 
territorial do Estado (territórios-zona); 
Na periferia das grandes cidades, na periferia do mundo 
desenvolvido, formaram os bolsões de miséria, aglomerados 
humanos complexos e, ao mesmo tempo, frágeis 
socialmente e ambíguos em termos de territorialidade – são 
os aglomerados de exclusão – “comunidades” dos morros 
cariocas; campos de refugiados no oriente médio; periferia 
de Paris etc. 
Multiterritorialidade 
O mundo contemporâneo – pós-industrial e pós-moderno – 
se tornou muito complexo em todas dimensões – econômica, 
social, política e cultural; 
Múltiplos territórios estão postos lado a lado, diferentes 
lógicas existências convivem entre si e interagem, diferentes 
territorialidades se entrecruzam, compartilham-se ou 
excluem-se; 
Ocorre a sobreposição de lógicas territoriais no interior da 
mesma escala geográfica ou no mesmo espaço. 
Pessoas vivenciam a territorialidade de forma passiva ou 
ativa: 
Territorialidade passiva: de um determinado local, com o 
uso das novas tecnologias de comunicação, acionar 
múltiplas escalas territoriais - o processo de globalização 
domina, o global se impõe sobre o nível local 
Territorialidade ativa: deslocamento físico, com acesso 
permanente aos meios de transporte;acesso aos pontos de 
conexão às redes (ou aos territórios-rede) dos circuitos 
globalizados - o processo de globalização é vivenciado 
efetivamente – o local se impõe ao global. 
Na forma ativa há uma resposta do local capaz de influir nos 
processos globais, o local se expande globalmente e se 
beneficia da globalização, conservando sua identidade; 
As distintas formas de vivenciar a territorialidade dependem 
de condição econômica, capital cultura e meio 
institucional/cultural. 
Tipologia das territorialidades 
Territorialidade tradicional ou exclusiva – Não admite 
partilhar a soberania jurídica: lógica clássica do Estado – 
busca da uniformidade nacional ou, no caso de existir 
pluralidade, busca enquadrá-la numa identidade nacional; 
Territorialidade fechada ou territorialismo – 
supervalorização do território de pertencimento, busca 
excluir pessoas consideradas estrangeiras (visão 
naturalizada, a histórica – não admite pluralidade de 
identidades culturais; 
Territorialidade flexível – admite a sobreposição, 
intercalação de territórios, multifuncionalidade territorial: 
com nas territorialidades múltiplas das áreas centrais das 
grande cidades, organizadas em torno de usos temporários 
entre dia e noite. 
Territorialidade múltipla – sobreposição de funções e 
controles, como nas novas formas de gestão multi-escalares 
das empresas transnacionais, que conjugam níveis locais, 
regionais, nacionais, mega-regionais (blocos) e globais. 
Um tipo de territorialidade se fragilizou: a nacional, a do 
Estado Nacional, a da soberania do Estado. 
A territorialidade é cada vez mais complexa, podendo 
assumir para cada grupo cultural, classe social uma 
configuração diferente – por isso é preciso se abrir para 
vivenciar a diversidade cultural; 
Os grupos e classes sociais experimentam de modo diferente 
a nova complexidade do mundo contemporâneo: pessoas e 
grupos que usufruem da multiterritorialidade, outras que 
agem na supraterritorialidade, aqueles que ainda se mantém 
fixados à terra e presos a tradições seculares, e os que se 
encontram nos “modernos” aglomerados de exclusão. 
 
SAQUET, M.A.; SOUZA, E.B.C. Leituras do conceito de território 
e de processos espaciais. São Paulo, Expressão Popular, 2009. 
COSTA, Rogério Haesbaert da. O mito da 
desterritorialização: do "fim dos territórios" à 
multiterritorialidade. 3.ed. rev. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2007. 
ROSENDAHL, Z.; CORREA, R. L.. Religião , identidade e 
território. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001. 
SANTOS, M. et al. O retorno do território. In: SANTOS, 
M.; SOUZA, M. A. A. de; SILVEIRA, M. L. (Org.). 
Território: globalização e fragmentação. São Paulo: 
HUCITEC/ANPUR, 1994.

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