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Material de Estudo Aula 1 ITG 1000

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MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Conforme a Resolução CFC nº 1.418/2012 que Aprova a ITG 1000 
ROTEIRO 
 
1. INTRODUÇÃO 
2. APLICAÇÃO 
3. ADOÇÃO DESTA INTERPRETAÇÃO 
4. ESCRITURAÇÃO 
4.1. Carta de Responsabilidade 
5. CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS 
5.1. Estoques 
5.2. Imobilizado 
5.3. Reconhecimento das Receitas de Serviços e Estimativa de Perda 
6. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
7. PLANO DE CONTAS SIMPLIFICADO 
8. CONCLUSÃO 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A partir da promulgação da LEI Nº 11.638 / 2007 e da LEI Nº 11.941 / 2009 e, 
consequentemente, a internacionalização da Contabilidade Brasileira, ficou a dúvida se as 
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte teriam que seguir os mesmos procedimentos 
adotados às sociedades de capital aberto, ou seja, se os procedimentos trazidos pelas novas 
normas internacionais seriam aplicados ou não, ou, aplicados parcialmente, tendo em vista à 
realidade destas entidades aqui no Brasil. 
 
Em 2009, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) publicou a RESOLUÇÃO CFC Nº 1.255 
/ 2009, que aprovou a NBC T 19.41 Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, 
trazendo a aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade, o conceito e 
reconhecimento das despesas, receitas, assim como, disposições sobre o conjunto de 
Demonstrações Contábeis; A obrigatoriedade de apresentação do Balanço Patrimonial; 
Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração do Resultado Abrangente e os 
Fluxos de Caixa das Entidades. 
 
Mesmo assim, houve dificuldade de se aplicar a Norma trazida pela RESOLUÇÃO CFC Nº 
1.255/2009 , devido à realidade quanto ao porte, volume de negócios e transações feitas pelas 
mesmas, e, depois de muitas análises, debates, discussões e reuniões públicas, o CFC 
aprovou a RESOLUÇÃO CFC Nº 1.418 / 2012 que aprova a ITG 1000 – Modelo Contábil para 
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, e estabelece critérios e procedimentos ainda 
mais simplificados para ser utilizados por estas entidades, assim como, traz modelos de 
Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Período e Plano de Contas Simplificado. 
 
 
2. APLICAÇÃO 
 
Por se tratar de procedimentos e critérios diferenciados, esta norma é aplicável somente às 
entidades definidas como “Microempresa e Empresa de Pequeno Porte” (MEs e EPPs). 
Lembrando que os termos “MEs” e “EPPs” referem apenas ao porte das entidades, não se 
confundindo com o regime tributário das mesmas, ou seja, as MEs e EPPs podem ser 
optantes pelo Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Lucro Real, mesmo que 
a definição esteja prevista na Lei Complementar Nº 123/2006, como segue: 
 
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas 
de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de 
responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 
de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas 
Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: 
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MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Conforme a Resolução CFC nº 1.418/2012 que Aprova a ITG 1000 
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a 
R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); 
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta 
superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 
(três milhões e seiscentos mil reais). 
 
Sendo assim, todas as MEs ou EPPs, independentemente do regime tributário adotado, 
poderão seguir os procedimentos previstos nesta Resolução. 
 
 
3. ADOÇÃO DESTA INTERPRETAÇÃO 
 
As empresas que não optarem pela adoção desta interpretação devem continuar a adotar a 
NBC TG 1000 (RESOLUÇÃO CFC Nº 1.255/2009 que aprovou a NBC T 19.41 – Contabilidade 
para Pequenas e Médias Empresas), ou as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas 
Gerais completas, quando aplicáveis, ou seja, não é obrigatório seguir a RESOLUÇÃO CFC 
Nº 1.418/2012, mas a não obrigatoriedade não permite que as mesmas deixem de aplicar 
as Normas Brasileiras e os Princípios Fundamentais de Contabilidade. 
 
As disposições desta Resolução são aplicáveis para exercícios sociais iniciados a partir de 
janeiro de 2012, sendo assim, as empresas que adotarem a Norma, deverão aplicá-la a partir 
desta data. 
 
 
4. ESCRITURAÇÃO 
 
Em regra geral, a escrituração contábil continua observando os Princípios de Contabilidade, 
aprovados pela RESOLUÇÃO CFC Nº 750 / 1993 , ou seja, as receitas, custos e despesas 
do período, devem ser escriturados contabilmente, respeitando o regime da competência. 
Lembrando que a simplificação trazida nesta Norma não dispensa e nem faculta a 
manutenção de escrituração contábil completa, pois é obrigatório conforme dispõe o art. 1.179 
do CÓDIGO CIVIL Lei n° 10.406 / 2002, e sim, visa a facilitar e simplificar os procedimentos 
trazidos devido às Normas Internacionais de Contabilidade. 
 
4.1. Carta de Responsabilidade 
 
Para evitar que o profissional da Contabilidade se responsabilize por informações incorretas 
que serão utilizadas para escrituração e para elaboração das demonstrações contábeis, 
obrigações acessórias e apuração dos impostos, e com o intuito de salvaguardar a 
responsabilidade deste profissional, o mesmo poderá enviar a seus clientes, uma carta de 
responsabilidade que será assinada e concedida pela administração da entidade para a qual 
a mesma (escritório de contabilidade) presta serviços. 
 
Esta carta de responsabilidade deve ser obtida conjuntamente com o contrato de prestação 
de serviços contábeis e deverá ser renovada ao término de cada exercício social. 
 
 
 
Para isto, as MEs e EPPs podem utilizar o modelo sugerido por esta Resolução, como segue: 
 
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MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Conforme a Resolução CFC nº 1.418/2012 que Aprova a ITG 1000 
CARTA DE RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO 
 
Local e data 
 
À 
EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS XYZ 
 
CRC nº XX: 
 
Endereço: 
Cidade e Estado CEP 
 
Prezados Senhores: 
 
Declaramos para os devidos fins, como administrador e responsável legal da empresa 
<<DENOMINAÇÃO SOCIAL>>, CNPJ xxxxxxx, que as informações relativas ao período base 
<<xx.xx.xx>>, fornecidas a Vossas Senhorias para escrituração e elaboração das 
demonstrações contábeis, obrigações acessórias, apuração de impostos e arquivos 
eletrônicos exigidos pela fiscalização federal, estadual, municipal, trabalhista e previdenciária 
são fidedignas. 
 
Também declaramos: 
(a) que os controles internos adotados pela nossa empresa são de responsabilidade da 
administração e estão adequados ao tipo de atividade e volume de transações; 
(b) que não realizamos nenhum tipo de operação que possa ser considerada ilegal, frente à 
legislação vigente; 
(c) que todos os documentos que geramos e recebemos de nossos fornecedores estão 
revestidos de total idoneidade; 
(d) que os estoques registrados em conta própria foram por nós avaliados, contados e 
levantados fisicamente e perfazem a realidade do período encerrado em <<ANO BASE>>; 
(e) que as informações registradas no sistema de gestão e controle interno, denominado 
<<SISTEMA EM USO>>, são controladas e validadas com documentação suporte adequada, 
sendo de nossa inteira responsabilidade todo o conteúdo do banco de dados e arquivos 
eletrônicos gerados. 
 
Além disso, declaramos que não temos conhecimento de quaisquer fatos ocorridos no período 
base que possam afetar as demonstrações contábeis ou que as afetam até a data desta carta 
ou, ainda, que possam afetar a continuidade das operações da empresa. 
 
Também confirmamos que não houve: 
(a) fraude envolvendo administração ou empregados em cargos de responsabilidadeou 
confiança; 
(b) fraude envolvendo terceiros que poderiam ter efeito material nas demonstrações 
contábeis; 
(c) violação ou possíveis violações de leis, normas ou regulamentos cujos efeitos deveriam 
ser considerados para divulgação nas demonstrações contábeis, ou mesmo dar origem ao 
registro de provisão para contingências passivas. 
 
Atenciosamente, 
 
......................................... 
Administrador da Empresa ABC 
Representante Legal 
 
Fonte: Anexo 1 da RESOLUÇÃO CFC Nº 1.418 / 2012. 
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MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Conforme a Resolução CFC nº 1.418/2012 que Aprova a ITG 1000 
5. CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS 
 
5.1. Estoques 
 
Os estoques deverão ser mensurados inicialmente pelos custos de aquisição, transformação 
e outros custos incorridos para trazê-los ao estabelecimento e deixá-los em condição de uso 
ou venda, e deverão ser calculados considerando os custos individuais dos itens, sempre que 
possível. 
 
Caso a empresa não consiga, a mesma deverá utilizar o método “Primeiro que Entra, Primeiro 
de Sai” (PEPS) ou o método do Custo Médio Ponderado. Sendo que esta escolha deverá ser 
definida pela própria entidade, tendo em vista que é uma política contábil que 
somente à mesma tem condições de escolher. Escolhido o método, o mesmo deverá ser 
aplicado consistentemente entre os períodos. 
 
A norma ainda estabelece: 
 
17. Os estoques devem ser mensurados pelo menor valor entre o custo e o valor realizável 
líquido. Para estoques de produtos acabados, o valor realizável líquido corresponde ao valor 
estimado do preço de venda no curso normal dos negócios menos as despesas necessárias 
estimadas para a realização da venda. Para estoques de produtos em 
elaboração, o valor realizável líquido corresponde ao valor estimado do preço de venda no 
curso normal dos negócios menos os custos estimados para o término de sua produção e as 
despesas necessárias estimadas para a realização da venda. 
 
Por exemplo, vamos supor que a empresa “ALFA” adquiriu um estoque no valor de R$ 
50.000,00, só que o seu valor realizável líquido (preço de venda) é igual à R$ 40.000,00, 
devido a variações no mercado, desvalorização do produto, etc. 
Neste caso, o valor a ser mensurado (contabilizado) deverá ser o menor valor entre o custo 
de aquisição e o valor realizável líquido, ou seja, R$ 40.000,00. 
 
5.2. Imobilizado 
 
Inicialmente, o imobilizado deverá ser reconhecido pelo seu custo, que compreende o seu 
preço de aquisição, incluindo impostos de importação e tributos não recuperáveis, e quaisquer 
outros gastos para trazê-lo a condição de uso, considerando também, os descontos e 
abatimentos. 
 
A depreciação deverá ser reconhecida no resultado do período de uso, de modo uniforme ao 
longo de sua vida útil e recomenda-se a adoção do método linear para cálculo da depreciação 
do imobilizado, por ser o método mais simplificado. 
 
Considerando que o item do ativo imobilizado apresente evidências de desvalorização, a 
empresa terá que reduzir o seu valor contábil ao seu valor recuperável, mediante o 
reconhecimento de perda por desvalorização ou por não recuperabilidade (impairment). 
 
Conforme a RESOLUÇÃO CFC Nº 1.418 / 2012: 
 
21. São exemplos de indicadores da redução do valor recuperável, que requerem o 
reconhecimento de perda por desvalorização ou por não recuperabilidade: 
(a) declínio significativo no valor de mercado; 
(b) obsolescência; 
(c) quebra. 
 
 
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MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Conforme a Resolução CFC nº 1.418/2012 que Aprova a ITG 1000 
5.3. Reconhecimento das Receitas de Serviços e Estimativa de Perda 
 
A Norma estabelece que a receita de prestação de serviços deva ser reconhecida na 
proporção em que o serviço for prestado. 
Quando o recebimento de valor a receber de clientes for incerto, deverá ser realizada uma 
estimativa de perda, que será denominada como perda estimada com créditos de liquidação 
duvidosa e será reconhecida no período, e a contrapartida será em conta retificadora 
denominada “perda estimada com créditos de liquidação duvidosa”. 
 
 
6. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
 
Obrigatoriamente, a entidade deverá elaborar o Balanço Patrimonial, a Demonstração do 
Resultado e as Notas Explicativas ao final de cada exercício social. Se houver necessidade, 
a entidade poderá elaborá-los em períodos intermediários. 
 
Não sendo mais obrigatória a elaboração do conjunto completo das Demonstrações 
Contábeis, que além dos já mencionados incluem a Demonstração do Resultado Abrangente, 
a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração do Fluxo de Caixa, 
embora as mesmas sejam estimuladas pelo Conselho Federal de Contabilidade. 
Conforme a Resolução CFC n° 1418/2012, as Demonstrações Contábeis devem conter, no 
mínimo: 
 
(a) a denominação da entidade; 
(b) a data de encerramento do período de divulgação e o período coberto; 
(c) a apresentação dos valores do período encerrado na primeira coluna e na segunda, dos 
valores do período anterior. 
 
Resolução CFC n° 1418/2012 – acesse esse link para baixar a resolução completa e verificar 
os modelos básicos do Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado e o Plano de Contas 
Simplificado. 
 
8. CONCLUSÃO 
 
Depois de muitos debates, análise e reuniões e, levando em considerações centenas de 
sugestões recebidas através de Audiência Pública promovida por cerca de quatro meses, o 
Conselho Federal de Contabilidade, juntamente com uma comissão formada por vários 
representantes de entidades contábeis, avaliaram as sugestões e trouxeram o texto final 
descrito nesta Resolução. 
Evidenciados todos os critérios trazidos, podemos concluir que o intuito do Conselho Federal 
de Contabilidade (CFC) foi de estabelecer procedimentos que visam a simplificar as novas 
normas devida a internacionalização da contabilidade, assim como, minimizar os 
procedimentos previstos anteriormente na RESOLUÇÃO CFC Nº 1.255 / 2009. 
 
Lembrando que, a realidade dos países europeus difere-se da nossa, e o intuito do Conselho 
Federal de Contabilidade (CFC) é adequar as normas advindas de lá às nossas, e não, 
conturbar a vida dos usuários da Contabilidade com tantas informações irrelevantes que, na 
prática, não são aplicadas e adequadas à realidade das Microempresas e Empresas de 
Pequeno Porte. 
 
Fundamentação Legal: RESOLUÇÃO CFC Nº 1.255 / 2009 que aprova a NBC T 19.41 
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas; RESOLUÇÃO CFC Nº 1.418 / 2012 que 
aprova a ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.

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