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APOSTILA DE TEORIA ECONOMICA


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PROEX – CONTABILIDADE 
 
GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE 
 
DISCIPLINA: TEORIA ECONÔMICA 
PROF: Jean Carlos Gomes Limeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esperança -PB 
FEVEREIRO /2015 
 
 
 
 
 
I – EMENTA 
A economia como ciência. As interfaces entre Economia e Administração. Fatores 
que constituem o sistema econômico. Sistemas de economia de mercado. 
Introdução à microeconomia (demanda, oferta e equilíbrio de mercado). Elasticidade 
e custos. Estrutura de mercado. Conceitos básicos de desenvolvimento e 
crescimento econômico. Desenvolvimento e ciclos econômicos. Teorias recentes do 
desenvolvimento. Indicadores de desenvolvimento socioeconômicos. 
 
II - OBJETIVOS 
Proporcionar conhecimentos sobre o funcionamento do sistema econômico. 
Conhecer os conceitos fundamentais da teoria econômica. Interpretar as 
aplicabilidades da microeconomia, bem como analisar a procura e a 
oferta.Proporcionar aos alunos uma visão macro da teoria econômica, bem como 
dos problemas e dilemas socioeconômicos. 
 
IV – ESTRATÉGIA DE TRABALHO 
 
 Aulas expositivas; 
 Exercícios de fixação individuais e em grupo; 
 Análise de estudo de caso; 
 Exibição de vídeos; 
 
 
V – AVALIAÇÃO 
 
 Trabalhos e exercícios desenvolvidos em classe; 
 Assiduidade e participação. 
 Seminários temáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Estudo da Economia pode ser dividido em duas partes: microeconomia e 
macroeconomia Dallagnol (2008). A primeira cuida do comportamento dos 
consumidores e das empresas em seus mercados, as razões que levam os 
consumidores a comprar mais, ou menos, de um determinado produto e a pagar 
mais, ou menos, por este bem. Estuda ainda os motivos que levam empresas a 
produzir certa quantidade de um produto e de que forma seus preços são 
estabelecidos. Leva-se em conta os mercados nos quais as empresas e 
consumidores atuam. 
Dallagnol (2008) destaca que a macroeconomia preocupa-se com o conjunto 
de decisões de todos os agentes econômicos, que ira se refletir em maior ou menor 
produção e nível de emprego. Inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, nível de 
emprego global, crescimento econômico são objetos estudados na análise 
macroeconômica, além de cuidar das análises sobre as decisões tomadas pelo 
formulador de política econômica do país. 
O fenômeno recente da globalização da economia levou os governos a 
buscarem apoio de outras economias, formando blocos econômicos, para 
conseguirem melhor sustentação frente à forca das novas tecnologias e da pressão 
das multinacionais, do aumento da produtividade, do desemprego estrutural que 
ameaça a estabilidade social mesmo dos países mais desenvolvidos. Isto reforça a 
necessidade de aprofundar os conhecimentos na área das ciências econômicas. 
 
1.1 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA 
 
O objetivo principal do estudo da economia é compreender o ambiente 
econômico no qual as empresas estão competindo, enquanto fator de ameaças e 
oportunidades para as organizações. Entender os conceitos econômicos pode 
ajudar na sobrevivência das empresas e dos cidadãos. O estudo sistemático da 
Economia é relativamente recente, embora a atividade econômica e os problemas 
dela decorrentes tenham sempre despertado a atenção dos povos. Em todas as 
épocas da História as nações procuram resolver eficientemente seus problemas de 
 
 
 
natureza econômica. Mas, só a partir do século XVII, é que a Economia apontou 
como ciência. (DALLAGNOL (2008). 
 
1.2 Natureza Histórica 
 
Possamai (2001) destaque que a expressão economia política apareceu 
somente no século XVII com a publicação, no ano de 1615, do Traité de I’Économie 
Politique, do mercantilista francês Antoine de Montchrétien (1575-1621), há autores 
que a atribuem a Aristóteles (384-322, a.c.). Aristóteles é considerado o primeiro 
analista econômico embora tratasse do termo com bem menos complexidade que a 
realidade da ciência de hoje que se ocupa do desenvolvimento, da inflação de 
preços do desemprego, do nível da renda social, das recessões e da plena utilização 
dois escassos recursos do sistema econômico. 
Em sua época Economia era considerada como a ciência da administração da 
comunidade doméstica. O núcleo central das Ciências Econômicas, seu campo de 
ação e sua definição derivaria da própria etimologia da palavra economia (do grego 
oikonomia, de oikos =casa, nomos = lei). Tratavam-se, pois, de um ramo do 
conhecimento destinado a abranger apenas o campo da atividade econômica, em 
suas mais simples funções de produção e distribuição. Como a teria definido 
Aristóteles, a Economia era a “ciência do abastecimento, que se trata da arte da 
aquisição”. 
 
1.3 A ECONOMIA É, FUNDAMENTALMENTE, O ESTUDO DA ESCASSEZ E DOS 
PROBLEMAS DELA DECORRENTES 
 
Para Pinho e Vasconcellos (1998), após todos esses enfoques a respeito da 
concepção da economia sua melhor definição foi dada pelo economista americano 
Paul Samuelson. “No qual a Economia é uma ciência social que estuda a 
administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivo, 
complementada pela visão do ex-ministro da fazenda Antônio Delfim Netto que dia 
que a Economia é a arte de pensar”. A partir do século XVIII a Economia como ser 
considerada como Ciência. Ganha grande impulso a partir do XX, com a eclosão das 
duas grandes guerras (1914/18 e 1939/45) e com a crise econômica que abalou o 
 
 
 
mundo ocidental na década de 1930 (1929 – Quebra da Bolsa de Valores de Nova 
Iorque). 
 
1.3 CONCEITOS BÁSICOS 
 
Rosseti (2002) destaca que a palavra economia é de origem Grega oikos = 
casa e nomos= governo, administração. Xenofontes(455 a 345 a.c.) foi o primeiro a 
usar o termo Economia no sentido exposto anteriormente, ou seja, abrangendo 
apenas o governo ou a administração do lar. 
 
Economia é uma ciência social, pois estuda a situação econômica da 
sociedade. 
 
A economia se ocupa das questões relativas a satisfação das necessidades 
dos indivíduos e da sociedade. Necessidade Humana: é a sensação de carência de 
algo unida ao desejo de satisfazê-la. 
 
Tipos de necessidades: 
 
Necessidades do individuo 
 
- Natural: por exemplo, comer. 
 
- Social: decorrente da vida em sociedade; por exemplo, festa de casamento. 
Necessidades da sociedade. 
 
- Coletivas: partem do individuo e passam a ser da Sociedade; por exemplo, o 
transporte. 
 
- Públicas: surgem da mesma sociedade; por exemplo, a ordem pública. 
Necessidades vitais ou primarias: destas depende a conservação da vida; por 
exemplo, os alimentos. 
 
 
 
 
- Necessidades civilizadas ou secundárias: são as que tendem a aumentar o bem-
estar do indivíduo e variam no tempo, segundo o meio cultural, econômicos e sociais 
em que se desenvolvem os indivíduos; por exemplo, o turismo. 
 
 
A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com 
o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os 
membros da sociedade. 
 
 
Divisão do Estudo da Economia Microeconomia 
 
 
Economia Descritiva → Teoria Econômica Política Econômica 
 
 Macroeconomia 
 
Economia positiva economia normativa 
 
É possível detalhar a divisão do estudo da economia pela visão de 
Rossetti(2002), conforme segue: 
 
- Economia Descritiva: trata da identificação do fato econômico. É a partir dos 
levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes econômicos que se inicia o 
complexo de conhecimento sistematizado da realidade no campo da economia 
positiva. 
- Teoria Econômica: a teoria econômica é o compartimento central da economia. É 
Possível ver um ordenamento lógico aos levantamentos sistematizadosfornecidos 
pela economia descritiva, produzindo generalizações que sejam capazes de ligar 
aos fatos entre si, desvendar cadeias de ações manifestadas e estabelecer relações 
que identifiquem os graus de dependência de um fenômeno em relação a outro. 
Surgiram então em decorrência conjunto de princípios, de teorias, de modelos e de 
leis fundamentadas nas descrições apresentadas. 
A teoria econômica adota duas posições distintas na apresentação e análise do 
fenômeno econômico, estas posições são conhecidas como microeconomia e 
macroeconomia. 
 
 
 
- A microeconomia é aquela parte da teoria econômica que estuda o comportamento 
das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-
relações. 
- A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu 
propósito 
É obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita 
conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de um determinado país ou 
de um conjunto de países. Política Econômica: os desenvolvimentos elaborados 
pela teoria econômica servem a política econômica. Nesse campo de estudo é que 
serão utilizados os princípios, as teorias, os modelos e as leis. 
A utilização terá a finalidade de conduzir adequadamente a ação econômica 
com vistas a objetivos pré-determinados. Quando se emprega a expressão política 
econômica governamental esta se referindo as ações praticas desenvolvidas pelo 
governo com a finalidade de condicionar, balizar e conduzir o sistema econômico no 
sentido de que sejam alcançados um ou mais objetivos politicamente estabelecidos. 
 
2 FATORES QUE CONSTITUEM O SISTEMA ECONÔMICO 
 
OS PROBLEMAS ECONOMICOS FUNDAMENTAIS 
 
Para Pinho e Vasconcellos (1998), nas bases de qualquer comunidade se 
encontra sempre a seguinte tríade de problemas econômicos básicos: 
 
- O QUE produzir? - Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos (carros, 
cigarros, café, vestuários etc.) e em que quantidades deverão ser colocados à 
disposição dos consumidores. 
 
- COMO produzir? - Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que 
recursos e de que maneira ou processo técnico. 
PARA QUEM produzir? - Ou seja, para quem se destinará a produção, fatalmente 
para os que têm renda. 
 
 
 
 
- QUAIS, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir não seriam problemas se os 
recursos utilizáveis fossem ilimitados. Mas na realidade existem ilimitadas 
necessidades e limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada 
nessas restrições, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os 
processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção, 
conforme Pinho e Vasconcellos (1998). Pode-se na tabela a seguir, apresentada por 
Dallagnol (2008) ter um resumo dos princípios fundamentais da economia. 
 
2.1 Escassez e Necessidades 
 
O problema econômico por excelência é a escassez. Surgiu porque as 
necessidades humanas são virtualmente ilimitadas, e os recursos econômicos, 
limitados, incluindo também os bens. Esse não é problema tecnológico, e sim de 
disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. A 
escassez é um conceito relativo, pois existe desejo de adquirir uma quantidade de 
bens e serviços maior que a disponibilidade. Portanto eficiência produtiva e eficácia 
alocativa são as duas questões básicas com que defrontam todos os agentes 
econômicos. 
Eficiência: maximizar o emprego dos recursos. 
Eficácia: otimizar as escolhas. 
 
2.2 AS NECESSIDADES, OS BENS ECONÔMICOS E OS SERVIÇOS 
 
O conceito de necessidade humana, isto é, a sensação de carência de algo 
unida ao desejo de satisfazê-la é algo relativo, pois os desejos dos indivíduos não 
são fixos. Assim, pois, o fato real que enfrenta economia é que em todas essas 
sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos indivíduos não podem 
ser completamente satisfeitos. Nesse sentido, bens escassos são aqueles que 
nunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos. 
Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem 
transferíveis. 
 
Os bens livres – como, por exemplo, o ar - são aqueles cuja quantidade é suficiente 
para satisfazer a todo o mundo. 
 
 
 
 
Para Pinho e Vasconcellos (1998), em Economia tudo se resume a uma 
restrição quase que física - a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e 
serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada sociedade. 
 
2.3 Recursos ou Fatores de Produção 
 
Trabalho 
 
A população economicamente mobilizável (Trabalho) 
 
É representada por um segmento da população total, delimitado pela faixa 
etária apta para o exercício de atividades de produção, conforme descrito por 
Possamai (2001). economia, sofrendo ainda a influência de definições institucionais, 
geralmente expressas através da legislação de cunho social. Nas economias menos 
desenvolvidas observa-se que a idade de acesso às funções produtivas, sobretudo 
no meio rural, é acentuadamente mais baixa do que nas economias maduras que 
ostentam altos padrões de desenvolvimento econômico. 
 
Capital 
 
Para o exercício de suas atividades de produção, a população ativa mobiliza 
um variado e complexo conjunto de instrumentos e de elementos infraestruturas que 
dão suporte às operações produtivas, tornando-as mais produtivas, tornando-as 
mais eficientes. Este conjunto constitui o estoque de capital da economia. 
(POSSAMAI, 2001) O desenvolvimento e meios de produção, associado às 
primeiras manifestações de construções infraestruturas, identifica-se claramente 
com processo de formação de capital. Desde as mais remotas culturas o homem foi 
acumulando riquezas destinadas à obtenção de novas riquezas destinadas à 
obtenção de novas riquezas. Com o passar do tempo com a acumulação e a 
transmissão de conhecimentos, o acervo de recursos aumentaria em progressão 
extraordinária. O processo de instrumentação do trabalho humano assumiria 
crescente complexidade, tornando cada vez mais eficiente o esforço social de 
produção, mas exigindo, em contrapartida, que uma considerável parcela desse 
 
 
 
mesmo esforço passasse a ser canalizada sistematicamente para o 
aperfeiçoamento e produção de novos e mais complexos recursos de capital. 
 
Tecnologia 
 
Para Possamai (2001) tecnologia pode ser considerada como um fator de 
produção de natureza qualitativa. Trata-se de um elo entre a população 
economicamente mobilizável e os recursos de capital. Esta capacidade acumula-se, 
transforma-se e evolui pela permanente transmissão de conhecimento. De geração 
a geração evolução dos processos de produção, decorrentes do extraordinário 
desenvolvimento de recursos de capital cada vez mais avançados e sofisticados, os 
sistemas econômicos exigem um paralelo desenvolvimento da tecnologia aplicada. 
 
A Capacidade Empresarial 
 
À semelhança da capacidade tecnológica, a capacidade empresarial é também 
um fator de natureza qualitativa. Trata-se do espírito empreendedor que movimenta, 
combina e anima os demais recursos de produção do sistema. Tanto 
empreendedorismo de caráter privado ou público. Assume-a o Estado, ao mobilizar 
recursos para atividades econômicas de produção ou de formação da infraestrutura 
de apoio. 
Assume-a, dentro das condições institucionais da livre iniciativa, o empresário 
privado ou os grupos de constituição privada, quando a implantação, ampliação e 
operação de seus empreendimentos econômicos de produção. E, tanto, num caso 
como no outro, a capacidade empresarial enquadra-se no domínio dos agentes 
dinâmicos da vida econômica. 
 
Reservas Naturais 
 
O elenco de recursos com que contam os sistemas econômicos para o 
exercício das atividades de produção completa-se com a disponibilidade das 
reservas naturais. Em seu significado econômico, este recurso é constituído pelo 
conjunto dos elementos da naturezautilizados no processamento primário da 
 
 
 
produção. O solo e a parte explorável do subsolo, as terras de pastagem e de 
cultura, os cursos d’água, os lagos, as florestas e ainda o próprio clima e o índice 
pluviométrico incluem-se entre os recursos naturais de que toda economia deve 
dispor, face às necessidades de suprimento manifestadas pela sociedade. 
(POSSAMAI, 2001) 
A disponibilidade das reservas naturais não depende apenas das suas 
quantidades físicas disponíveis, mas ainda de outros fatores que viabilizam o seu 
efetivo aproveitamento. Para Possamai(2001), o estágio dos conhecimentos 
tecnológicos, associado à disponibilidade de recursos de capital, tem ligações 
diretas com o volume das reservas naturais economicamente aproveitáveis. As 
formas e a extensão da ocupação territorial também influenciam o nível em que as 
reservas naturais disponíveis serão efetivamente empregadas no processamento 
básico da produção – quer através da extração de matérias primas, quer 
aproveitando os potenciais energéticos existentes. Sendo assim, o próprio 
conhecimento de sua existência e o pré-levantamento de suas potencialidades 
condicionam as disponibilidades econômicas das reservas. 
 
3 SISTEMA ECONÔMICO 
 
Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais 
que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Essas relações 
condicionam o sentido geral das decisões fundamentais que se tomam em toda a 
sociedade e os ramos predominantes de sua atividade. Para Dallagnol (2008), um 
sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e 
econômica pela qual está organizada a sociedade. É um particular sistema de 
organização da produção, distribuição, consumo de todos os bens e serviços que as 
pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. 
 
Os sistemas econômicos podem ser classificados em: 
- Sistema capitalista ou economia de mercado: É regido pelas forças de mercado, 
predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção; 
 
 
 
 
-Sistema socialista ou economia centralizada ou ainda economia planificada: 
Nesse sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão 
central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de 
produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens 
de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas. 
Os países organizam-se segundo esses dois sistemas, ou de forma 
intermediária entre elas. 
Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o 
sistema de concorrência pura, em que não havia a intervenção do Estado na 
atividade econômica. Era a filosofia do Liberalismo. 
Em economia de mercado, a maioria dos preços dos bens, serviços e salários 
são determinados predominantemente pelo mecanismo de preços, que atua por 
meio da oferta e da demanda dos fatores de produção. Nas economias 
centralizadas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento, 
a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das 
necessidades do país. Ou seja, grande parte dos preços dos bens e serviços, 
salários, quotas de produção e de recursos é calculada nos computadores desse 
órgão, e não pela oferta e demanda no mercado. 
Possamai (2001) apresenta ainda outra classificação clássica das economias: 
 Economia Fechada 
Economia típica de um país isolado. Não há importação nem exportação de 
produtos. O intercâmbio de mercadorias não se realiza além dos limites territoriais 
determinados pelos agentes econômicos locais: produtores, intermediários e 
consumidores. Esse tipo de economia praticamente não existe no mundo atual. Mas 
é útil como modelo para se analisar de que forma o total das despesas de consumo, 
gastos governamentais, investimentos e tributos interagem para determinar os níveis 
do emprego e renda nacional. Então, constitui-se num modelo em que não a 
interveniência do setor externo (importação e exportação). Exemplos atuais 
praticamente inexistentes, sendo o mais próximo: Cuba. 
 Economia Aberta 
Economia baseada na livre ação dos agentes econômicos, objetivando a 
concorrência, ao investimento, ao comercio e ao consumo. Corresponde aos 
princípios do liberalismo econômico, pelo qual a única função do Estado seria 
 
 
 
garantir a livre concorrência entre as empresas. Constitui-se num modelo em que há 
a interveniência do setor externo (importação e exportação). Exemplo: Brasil. 
 
3.1 Fluxo Real e Monetário 
 
Para entender o funcionamento do sistema econômico, imagina-se uma 
economia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha 
transações com o exterior (econômica fechada). Os agentes econômicos são as 
famílias (unidades familiares) e as empresa (unidades produtoras). As famílias são 
proprietárias dos fatores de produção e os fornecedores às unidades de produção 
(empresas) no mercado dos fatores de produção. As empresas, pela combinação 
dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no 
mercado de bens e serviços. 
 
A esse fluxo de fatores de produção, bens e serviços denominam fluxo real da 
Economia. 
 
 
Fonte: Dallagnol (2008, p. 35). 
 
Como pode ser observadas na figura acima, família e empresa exercem um 
duplo papel. No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e 
serviços, enquanto as empresa os oferecem; no mercado de fatores de produção, as 
famílias oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua 
propriedade), enquanto as empresas os demandam. No entanto, o fluxo real da 
economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para 
remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. 
 
 
 
 
Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da 
economia. 
 
 
Fonte: Dallagnol (2008, p.36). 
 
 
4 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 
 
4.1 DEMANDA 
 
A Demanda é diretamente ligada aos consumidores e pode ser definida como: 
“(...) a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir 
em determinado período de tempo”. Essa procura depende de variáveis que 
influenciam a escolha do consumidor, são elas: o preço do bem ou serviço, o preço 
dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do indivíduo. Para 
se estudar a influência isolada dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris 
paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando separadamente 
as decisões do consumidor. 
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o 
preço do bem, coeteris paribus. É a chamada lei geral da demanda. Essa relação 
quantidade procurada/preço do bem pode ser representada por urna escala de 
procura (...), curva de procura ou função demanda.” (VASCONCELLOS, 2004, p.38). 
A lei da demanda parte do principio de que quanto maior for o preço do 
produto, menos unidades serão compradas. Por duas razões importantes: porque 
isso aumenta o custo do consumo e seu custo de oportunidade, ou seja, aquilo que 
 
 
 
o indivíduo deixa de comprar para poder pagar esse aumento pode levá-lo a não ter 
renda suficiente para comprar o produto mais caro, levando-o até a compra de bens 
substitutos. 
Em suma a quantidade demandada de certo bem ou serviço varia 
inversamente a seu preço, permanecendo constante a renda disponível do 
consumidor e o preço dos demais bens (coeteris paribus). Assim, toda vez que o 
preço do bem sobe, a quantidade demandada cai, e vice-versa. 
A demanda depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. As 
seguintes variáveis são consideradas as mais relevantes e gerais, pois costumam 
ser observadas na maioria dos mercados de bens e serviços: 
eço do bem i/t 
 
 
 
 
Sendo a função da demanda dependente destas variáveis: 
qdi = f (pi, ps, pc, R, G) Ondeqdi = quantidade procurada (demandada) do bem i/t (t 
significa num dado período). 
Preço: quando tudo o mais mantido constante, quando o preço de um bem 
aumenta, a quantidade demandada cai. 
 
Renda: uma renda menor significa que você tem menos dinheiro para seus 
gastos totais, de modo que você teria que gastar menos com alguns bens. Se a 
demanda por um bem cai, quando a renda cai, chamamos esse bem de bem 
normal. Nem todos os bens são normais. Se a demanda por um bem aumenta 
quando a renda cai, diz-se que o bem é inferior. Um exemplo de bem inferior são as 
viagens de ônibus. 
Preço dos bens substitutos ou concorrentes: são aqueles que, quando um 
preço de um bem sobe, as pessoas substituem por outro, aumentando a demanda 
deste. Como por exemplo, quando sobe o preço dos hambúrgueres, as pessoas 
passam a comer cachorros-quentes aumentando as vendas deste produto. 
Similarmente ocorre com suéteres de lã versus casacos de moletom, ingressos para 
cinema versus locações de vídeo. 
 
 
 
 
Preço dos bens complementares: são aqueles que têm seu consumo em 
conjunto. A característica destes produtos é quando o preço de um deles sobe a 
demanda do outro cai. Quando aumenta o preço da gasolina cai a procura por 
automóveis. Analogamente computadores e softwares, patins e ingressos para 
pistas de patinação. 
 
Gostos, hábitos e preferências do consumidor: o mais óbvio determinante 
para a sua demanda são seus gostos. Se você gosta de sorvete, você compra mais. 
 
Curva da demanda 
 
A lei da demanda nos informa que as quantidades demandadas de um bem ou 
serviço aumentam quando seus preços caem (e vice-versa). O gráfico mostra a 
relação existente entre o preço do produto e a quantidade demandada. 
 
 Figura 1 - Curva da Demanda. Fonte: DENISE 
(2007). 
 
Vários fatores podem causar o deslocamento da curva de demanda para cima 
ou para baixo, alguns deles se encontram listados na tabela abaixo: 
Fatores que causam aumento da 
demanda e deslocamento da curva 
para cima (direita) 
Fatores que causam queda na 
demanda e deslocamento da curva 
para baixo (esquerda) 
. 
substitutos. 
preço dos bens 
substitutos. 
 
 
 
 
Complementares. 
 
Complementares. 
consumidor. 
 
Consumidor. 
Tabela 1 – Fatores que provocam o deslocamento da curva de demanda. Fonte: 
MELLO (2010). 
 
 
4.2 OFERTA 
 
Oferta pode ser conceituada como a quantidade de determinado bem ou 
serviço que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período, 
ou seja, a quantidade de bens ou serviços que os vendedores estão dispostos e 
podem vender aos interessados em adquiri-los. Ademais, de maneira oposta a 
demanda, a oferta trata dos produtores ou dos vendedores. 
Assim como a demanda, a oferta depende de vários fatores: 
 
Preço do bem ou serviço: a quantidade ofertada aumenta à medida que o 
preço cresce e cai quando o preço se reduz. Desta forma, pode-se dizer que a 
quantidade ofertada varia positivamente conforme o preço. 
 
A relação entre preço e a quantidade ofertada é chamada lei da oferta: tudo o 
mais mantido constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta, a 
quantidade oferecida do bem também; já quando há quedas no preço, a quantidade 
ofertada também diminui. 
 
Preço dos insumos: a quantidade oferecida se relaciona negativamente com 
o preço dos insumos utilizados na sua fabricação. Isto significa que quando o preço 
de um ou mais insumos aumenta, diminui-se a quantidade ofertada. 
 
Tecnologia: a tecnologia para transformar insumos (matéria-prima) em 
produto final tende a reduzir a quantidade necessária para fabricá-los. Assim, os 
avanços tecnológicos aumentam a quantidade de bens oferecidos. 
 
 
 
 
Expectativas: as expectativas do produtor ou vendedor em relação ao bem 
ofertado interferem na quantidade ofertada. Como exemplo, podemos citar que se o 
produtor espera que o preço do produto aumente no futuro, ele tende a oferecer 
menos hoje para ter um lucro maior no futuro. 
Considerando todas as variantes da oferta, podemos matematicamente dizer 
que a oferta é expressa pela função: 
 
qoi= f (pi, Bm, pn, Tecn, E) 
Onde: 
 
 
-de-obra, matérias-
primas etc.); 
mesmos insumos e fatores de produção); 
do comportamento do mercado de insumos e de bens finais). 
 
Curva da Oferta 
 
Graficamente temos a representação da curva de oferta de mercado: 
 
 
 
 
 
 
Portanto, a curva de oferta é positivamente inclinada, pois quando o preço do 
bem aumenta a quantidade ofertada também aumenta. Ela expressa qual o nível de 
oferta da empresa, dado o preço. 
OBS: a oferta de mercado é a soma de todas as ofertas individuais, ou seja, 
das ofertas de todas as empresas da economia. 
Como no caso da demanda, também há a necessidade de distinguir entre 
alterações na quantidade ofertada do bem e alterações na oferta (na curva). O 
primeiro caso ocorre quando o preço do bem em questão sobe ou desce. Já no 
segundo caso, é a mudança nos parâmetros preços dos demais bens, preços nos 
fatores de produção e tecnologia que provoca o deslocamento da curva de oferta, 
para cima ou para baixo. 
 
Vários fatores podem causar o deslocamento da curva da oferta para cima ou 
para baixo, alguns deles se encontram listados na tabela abaixo: 
 
Fatores que causam aumento da 
oferta e deslocamento da curva 
para a direita 
Fatores que causam queda na 
oferta e deslocamento da curva 
para a esquerda 
 
Substitutos. 
 
Substitutos. 
 
Complementares. 
 
Complementares. 
 
 
 
fatores de 
Produção. de 
Produção. 
 
 
desfavoráveis. 
Tabela 2 – Fatores que provocam o deslocamento da curva de oferta. 
 Fonte: MELLO (2010). 
 
 
4.3 EQUILÍBRIO DE MERCADO 
 
O equilíbrio de mercado ocorre quando a quantidade de bens ou serviços que 
os consumidores desejam comprar é igual à quantidade que as empresas desejam 
ofertar. No equilíbrio de mercado, há coincidência de desejos, ou seja, não há 
excesso de oferta e nem excesso de demanda. 
Assim, no ponto a oferta é igual à demanda (onde as curvas se cruzam), 
determinamos o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em 
determinado mercado. 
A ação dos compradores e vendedores conduz naturalmente o mercado em 
direção ao equilíbrio. Desta forma, existirá um equilíbrio estável em um mercado de 
concorrência perfeita quando o preço corrente de mercado tende a ser mantido, se 
as condições de demanda e oferta permanecerem inalteradas. 
 
Graficamente, o equilíbrio de mercado é representado da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 
4.4 Elasticidade 
 
Na teoria econômica, o termo elasticidade significa sensibilidade. Assim, em 
economia, quando se afirma que a demanda do bem x é elástica em relação ao 
preço, o que se pretende dizer é que os consumidores do bem x são sensíveis a 
alterações de seu preço; caso este aumente, por exemplo, os consumidores 
diminuirão de forma significativa a quantidade procurada do bem x. 
Ao contrário, quando se afirma que a demanda do bem x é inelástica, quer-se 
dizer que os consumidores do bem x mudarão muito pouco a sua quantidade 
procurada mesmo que o preço se eleve substancialmente. 
 
 Elasticidade – Preço da Demanda 
Suponha-se o seguinte comportamento da demanda de dois bens A e B: 
 
 DEMANDA DE A DEMANDA DE B 
 P-A QDA P-B QDB 
1º momento 10 100 20 80 
2º momento 12 60 24 76 
 
 
 
 
Observa-se: Ambos os bens tiveram seu preços majorados em 20%, já que P-
A passou de 10 para 12 (o aumento de 2 representa 20% do preço real) e P-B 
passou de 20 para 24 (20% do valor real). Entretanto, o comportamento da 
quantidade demandada dos dois bens foi radicalmente diferente. Enquanto QDA 
diminuiu40% (passou de 100 para 60), a QDB diminuiu apenas 5% (passou de 80 
para 76). 
Portanto, pode-se afirmar que a demanda de A é elástica, ou seja, sensível a 
variações dos preços enquanto a demanda de B é inelástica ou pouco sensível à 
citada variação. 
 
 Coeficiente de Elasticidade – Preço da Demanda (Epd) 
O coeficiente de elasticidade-preço da demanda (denominado Epd) é uma 
medida numérica da sensibilidade da demanda em relação ao preço. É definido pela 
seguinte razão: 
Epd = variação porcentual da quantidade de demanda 
 variação percentual do preço 
Assim, no caso do bem A citado anteriormente: 
Epd-A = 40% : 20% = 2 
e, no caso do bem B: 
Epd-B = 5% : 20% = 0,25 
Se o valor absoluto de Epd for: 
a) maior que 1: a demando do bem é considerada elástica em relação a seu 
preço; 
b) menor que 1: a demanda do bem é considerada inelástica em relação a 
seu preço; 
c) igual a 1: a demanda do bem apresenta elasticidade unitária em relação ao 
preço. 
 
 
 
 
 Fatores que influenciam EPD 
Algumas regras práticas atribuídas a Marshall que permitem uma avaliação a 
priori do valor de Epd: 
1) quanto maior o grau de utilidade do produto para o consumidor, menos 
elástica será a sua demanda: de fato, se o bem x é um produto essencial para o 
consumidor, aumentos em seu preço reduzirão muito pouco a sua quantidade 
adquirida e, ao contrário, diminuições no seu preço aumentarão muito pouco o seu 
consumo. Desse modo, produtos de primeira necessidade, tais como gêneros 
alimentícios, roupas tendem a ter demanda inelástica e produtos de consumo 
supérfluo, apresentam geralmente demanda elástica em relação a seu preço. 
2) quanto menos substitutos tiver o bem, menos elástica será sua 
demanda: se o preço do bem x aumentar e houver substitutos para o seu consumo, 
consumidor poderá reagir adquirindo maiores quantidades dos bens substitutos e 
menores quantidades do bem x. 
3) quanto menor o preço do bem x e, portanto, seu peso no orçamento do 
consumidor, menos elástica será sua demanda: uma caixa de fósforo, por 
exemplo, custa R$ 0,30, se seu preço dobrar (aumentar 100%), é pouco provável 
que seu consumo diminua significativamente já que continua a ser um produto muito 
barato. 
 
4.5 Custos de Produção 
 
 Fatores de produção variáveis: são aqueles cujas quantidades utilizadas 
variam quando o volume de produção varia. Por exemplo: quando aumenta a 
produção, são necessários mais trabalhadores e maior quantidade de matérias-
primas. 
 Fatores de produção fixos: são aqueles cujas quantidades não variam 
quando o produto varia. Por exemplo: as instalações da empresa e a tecnologia, que 
são fatores que só são alterados em longo prazo. 
 Produto total: é a quantidade do produto que se obtém da utilização do fator 
variável, mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores. 
 
 
 
 Produtividade média do fator: é o resultado do quociente da quantidade 
total produzida pela quantidade utilizada desse fator. 
 Produtividade marginal do fator: é a relação entre as variações do produto 
total e as variações da quantidade utilizada do fator. Ou seja, é a variação do 
produto total quando ocorre uma variação no fator de produção. 
 Custos fixos totais (CFT): correspondem à parcela dos custos totais que 
independem da produção. São decorrentes dos gastos com os fatores fixos de 
produção. Por exemplo: aluguéis, iluminação, etc. 
 Custos variáveis totais (CVT): parcela dos custos totais que depende da 
produção e por isso muda com a variação do volume de produção. Representam as 
despesas realizadas com os fatores variáveis de produção. Por exemplo: folha de 
pagamentos, gastos com matérias-primas. 
 Custo total médio (CTMe): é obtido por meio do quociente entre o custo 
total e a quantidade produzida. Ou seja, é o custo por unidade produzida, ou custo 
unitário. 
 Custo variável médio (CVMe): é o quociente entre o custo variável total e a 
quantidade produzida. 
 Custo fixo médio (CFMe): é o quociente entre o custo fixo total e a 
quantidade produzida. 
 Custo marginal (CMg): é dado pela variação do custo total em resposta a 
uma variação da quantidade produzida, ao qual o custo marginal é determinado 
apenas pela variação do custo variável total. 
 
 
5 ESTRUTURA DE MERCADO 
 
5.1 PRINCIPAIS ESTRUTURAS DE MERCADO 
 
Para analisar como as estruturas se comportam, estas são classificadas em 
modelos que podem ser assim apresentados: 
 
 Concorrência perfeita 
 Monopólio 
 
 
 
 Oligopólio 
 Concorrência monopolística 
 
5.1.1 TEORIA DA EMPRESA 
 
Concorrência perfeita 
 
A estrutura de mercado caracterizada por concorrência perfeita é uma 
concepção ideal, porque os mercados altamente concorrenciais existentes, na 
realidade, são apenas aproximações desse modelo, posto que, em condições 
normais, sempre parece existir algum grau de imperfeição que distorce o seu 
funcionamento, de acordo com Pinho e Vasconcellos (1998). 
O seu conhecimento é importante não só como estrutura ideal, que é 
empregada em muitos estudos que procuram descrever o funcionamento econômico 
de uma realidade complexa, como, também, pelas inúmeras consequências 
derivadas de suas hipóteses que condicionam o comportamento dos agentes 
econômicos em diferentes mercados. 
Uma estrutura de mercado descrita como de concorrência perfeita deve 
preencher todas as seguintes condições: 
 
ordem que nenhum deles possui condições para influenciar o mercado. A 
expressão de cada um é insignificante. 
 bem o serviço, no mercado de produtos, o fator de 
produção, no mercado de fatores, é perfeitamente homogêneo. Nenhuma 
empresa pode diferenciar o produto. O produto vindo de qualquer produtor é 
um substituto perfeito do que é a ofertados por quaisquer outros produtos. 
 
os demais. A mobilidade é livre e não há quaisquer acordos entre os que 
participam do / no mercado. 
 
agentes que atuam ou querem atuar no mercado. Barreiras técnicas, 
financeiras, legais, emocionais ou de qualquer outra ordem não existem. 
 
 
 
 
daquele que está estabelecido no mercado, resultante da livre atuação das 
forças de oferta e da procura. Em contrapartida, nenhum comprador pode 
impor um preço abaixo dos de equilíbrio, o preço limite é dada pelo mercado. 
 
fundamentadas em mecanismos extrapreço. A oferta de quaisquer vantagens 
adicionais, 
 associáveis o produto ou fator, não faz qualquer sentido. Essa característica é 
subproduto da homogeneidade. 
 Transparência: por fim, o mercado é absolutamente transparente. Não há 
qualquer agente que tenha informações privilegiadas ou diferentes daquelas 
que todos detêm. As informações que possam influenciar o mercado são 
perfeitamente acessíveis a todos. 
 
5.1.2 Monopólio 
 
O monopólio situa-se em outro extremo. Essa estrutura se situa no extremo 
oposto do da concorrência perfeita. As condições que caracterizam são: 
 
 
monopólio, os conceitos de empresa e de atividade sobrepõem-se. A indústria 
monopolista é constituída por uma única firma ou empresa. 
 
 Insubstitutibilidade: o produto da empresa monopolista não tem substituto. A 
necessidade que ela atende não tem como ser igualmente satisfeita por 
qualquer similar ou sucedâneo. 
 
 no mercado monopolista é, no 
limite, impossível. As barreiras de entrada são rigorosamente impedidas. 
Podem decorrer de disposições legais, de direitos de exploração outorgado 
pelo poder público a uma única empresa, do domínio de tecnologias de 
produção e de condições operacionais exigidas pela própria atividade. 
 
 
 
 
 
situação privilegiada em que se encontram com monopolista, quanto as duas 
importantes variáveis do mercado preço e quantidades. 
 
 Extra preço: devido a seu pleno domínio sobre o mercado, os monopólios 
dificilmente recorrem às formas convencionais de mecanismos extra preço, 
para estimular ou desestimular comportamentosde compradores. 
 
 o, opacos. O acesso a 
informações sobre fontes supridoras, processos de produção, níveis de oferta 
e resultados alcançados dificilmente são abertos e transparentes. A empresa 
monopolista e caracteriza-se por ser impenetrável. 
 
5.1.3 Oligopólios 
 
As estruturas oligopolistas não se caracterizam por fatores determinantes puros 
e extremados. Os tipos possíveis, de fato, observadas na realidade são de alta 
variabilidade. Em todas as características desta estrutura de mercado, os conceitos 
são mais flexíveis, comparativamente aos casos extremados de concorrência 
perfeita e de monopólio. O número de concorrentes: geralmente, é pequeno. 
Palavras como limitados, poucos, alguns, vários, são empregadas para indicar o 
número de concorrentes nas estruturas oligopolistas. 
 
 Diferenciação: outra característica de alta variabilidade se refere a fatores 
como homogeneidade, substitutibilidade e padronização dos produtos. Isto 
por que tanto podem ocorrer oligopólios de produtos diferenciados, como de 
produtos não diferenciáveis. 
 
 
oligopólio são fortes rivais entre si. Há casos até de civilizações que 
transparecem campanhas publicitárias e em práticas comerciais desviadas de 
padrões de ética e a lealdade. Mas, no outro extremo, encontra-se também 
 
 
 
situações de oligopólio em que os concorrentes se unem em acordos 
setoriais, todos respeitando rigorosamente as regras negociadas e definidas. 
 
5.1.4 Concorrência Monopolística 
 
Esta estrutura contém características que se encontram nas definições usuais 
de mercados perfeitamente competitivos e monopolizados. Na concorrência 
monopolística, o número de concorrentes é grande. O consumidor encontra 
facilmente substituto, não ocorrendo dessa forma à caracterização essencial do 
monopólio puro. As características principais desta estrutura de mercado são: 
Competitividade: é elevado o numero de concorrentes, com capacidade de 
competição relativamente próxima. 
 
 nta particularidades 
capazes de distingui-lo dos demais e de criar um mercado próprio para ele. 
 
 Substitutibilidade: embora cada concorrente tenha um produto diferenciado os 
produtos de todos os concorrentes substituem-se entre si. Obviamente, a 
substituição não é perfeita, mas é possível, conhecida e de fácil acesso. 
 
 Preço-prêmio: a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende 
do grau de diferenciação percebido pelo comprador. A diferenciação quando 
percebida e aceita, pode dar origem a um preço-prêmio, gerando resultados 
favoráveis e estimuladores. 
 
 
competitivos tendem a ser baixas. Há relativa facilidade para ingresso de 
novas empresas no mercado. 
 
6 CONCEITOS BÁSICOS DE DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO 
ECONÔMICO 
 
Ao longo da história do capitalismo contemporâneo, intelectuais de várias áreas 
têm discutido o conceito de desenvolvimento econômico. Entre estes não há uma 
 
 
 
definição universalmente aceita do conceito de desenvolvimento, mas, para a 
maioria deles trata-se da relação direta entre desenvolvimento e produção. 
Adam Smith em seu livro “A Riqueza das Nações”, publicado em 1776, 
comenta que a riqueza de uma nação constitui-se a partir do trabalho produtivo, com 
aumento dos investimentos em capitais produtivos, a especialização da mão-de-obra 
e a divisão do trabalho. O interesse coletivo é resultado das ações individuais 
privadas, e os indivíduos buscam atender ao seu interesse próprio, e, ao fazerem 
isso de forma indireta, acabam por atender aos interesses da coletividade (mão 
invisível do mercado) (VIEIRA; SANTOS, 2012). 
A principal obra de David Ricardo “Princípios de Economia Política e 
Tributação”, publicada em 1817, tem como preocupação central o crescimento 
econômico, e não o desenvolvimento. Ricardo defende a concentração de renda em 
favor dos capitalistas urbanos industriais, por serem responsáveis pela acumulação 
que determina o crescimento econômico, gerando mais emprego e desenvolvimento. 
O termo desenvolvimento econômico é encontrado também na teoria marxista. 
Marx não se limitou a estudar e entender a realidade histórica, mas criou seu próprio 
método de trabalho: o materialismo histórico (teoria científica) e o materialismo 
dialético (filosofia). 
No campo da economia, destaca-se a contribuição de Lewis (1960), que 
considera importante o crescimento econômico para se alcançar o desenvolvimento, 
pois permite maior liberdade de escolha de como melhor aproveitar o tempo. Para o 
autor, graças ao crescimento, é possível escolher entre ter mais tempo para o lazer 
ou mais bens e serviços. 
Para Simonsen (1973), o desenvolvimento econômico somente seria alcançado 
com uma participação mais efetiva do Estado na atividade econômica. Simonsen 
defendia o protecionismo econômico, a existência de crédito barato e a substituição 
de importações. 
De acordo com (VIEIRA; SANTOS, 2012), o autor era um economista da linha 
do desenvolvimentismo do setor privado que representava a política dita de 
“desenvolvimento econômico” defendida pelo setor empresarial nacional e associado 
a um planejamento global feito pelo Estado. 
Para Furtado (1967), o aumento do fluxo de renda por unidade d trabalho 
utilizada é o melhor indicador de desenvolvimento, tal como os clássicos. O 
 
 
 
desenvolvimento para o autor está ligado ao aumento da produtividade (renda per 
capita) determinado pelo crescimento econômico com modificações estruturais. O 
aumento da produtividade do trabalho só é possível com melhor utilização dos 
recursos, o que implica acumulação de capital, inovação tecnológica e realocação 
dos recursos que acompanham o aumento do fluxo de renda condicionado pela 
composição da procura, que é a expressão de valores da sociedade (VIEIRA; 
SANTOS, 2012). 
De maneira geral, Furtado condiciona o processo de desenvolvimento 
econômico ao aumento da produção e da produtividade acompanhado pela melhora 
da distribuição da renda, que é importante para aumentar a demanda. 
Se existem desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto 
nacional através de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, 
feito isso, há um limite à quantidade que se pode produzir com os recursos 
disponíveis. Aumentar o produto além desse limite exigirá: 
 
a) Ou um aumento nos recursos disponíveis; 
b) Ou um avanço tecnológico (ou seja, melhoria tecnológica, novas maneiras de 
organizar a produção, qualificação de mão-de-obra). 
 
Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no 
crescimento da renda nacional per capita, ou seja, em colocar à disposição da 
coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento 
populacional. A renda per capita é considerada um razoável indicador – o mais 
operacional – para se aferir a melhoria do padrão de vida da população, embora 
apresentem falhas (os países árabes têm as melhores rendas per capita, mas não o 
melhor padrão de vida do mundo). Durante os anos 60 e 70, começaram a surgir 
dúvidas em relação à importância do crescimento como meta principal da política 
econômica. 
Nos países desenvolvidos tem-se considerado a questão da piora do meio 
ambiente (poluição, degradação etc.). Nos países em desenvolvimento (ou 
economias emergentes), como o Brasil, o rápido crescimento dos anos do chamado 
“milagre econômico” coincidiu com uma redistribuição de renda a favor dos 
segmentos mais ricos da população. 
 
 
 
 
7 DESENVOLVIMENTO E CICLOS ECONÔMICOS 
 
Ciclos econômicos (business cycles) referem-se a oscilações na atividade 
económica durante vários meses ou anos. Definição de Burns e Mitchell(1946): 
"Ciclos económicos são um tipo de flutuação encontrado na atividade económica 
agregada de nações que organizam o seu trabalho principalmente em empresas. 
Um ciclo consiste em expansões que ocorrem aproximadamente ao mesmo 
tempo em muitas atividades económicas, seguidas porrecessões, também de 
âmbito generalizado, contrações, e retomas que se fundem na fase de expansão do 
ciclo seguinte; esta sequência de oscilações é recorrente mas não periódica; em 
termos de duração, os ciclos podem variar de mais do que um ano até dez ou doze 
anos". 
 
7.1 Tipos de Ciclos 
 
 Ciclo económico- tempo desde a aquisição dos produtos até o ato da venda. 
 Ciclo financeiro – prazo médio dos estoques + prazo médio de recebimento – 
prazo médio de pagamentos. 
 Ciclo operacional – prazo médio de rotação de estoques + prazo médio de 
recebimentos. 
 
7.1.1 Tipos de flutuações dos ciclos económicos 
 
 Tendências seculares – longa duração acontece devido ao crescimento 
populacional, eficiência económica ou por um crescimento gradual da riqueza. 
 Flutuações cíclicas – fases frequentes repetitivas na contração e expansão, 
repetidas num tempo fixo. 
 Flutuações sazonais – período sazonal afetam de forma significativa na 
atividade económica, vendas baixas em locais com grande mobilização de 
capital e dos agentes económicos. 
 Flutuações esporádicas – regularidade, derivam de furações, guerras, 
eleições, etc. 
 
 
 
 
7.2 As fases de um ciclo econômico são: 
 
 Depressão – aumento dos preços, bens e dos impostos, subida das taxas de 
juros, queda dos salários dos trabalhadores. 
 Retoma – uma recuperação econômica do país, preços começam a subir, 
aumento da compra de imobiliários e automóveis. 
 Prosperidade – capacidade de produção existente é inteiramente utilizada, 
cidadãos do país tem dinheiro. Grande oferta por parte do estado, subida dos 
salários. 
 Crise – desemprego acentua-se, falência das empresas. 
 
Os ciclos econômicos são classificados da seguinte forma: 
 Periodicidade – um ciclo econômico é único para consistir em serie 
econômicas diferentes, o que geralmente, crescer ou decrescer no 
mesmo nível pode causar atrasos nos parâmetros da atividade 
econômica. 
 Duração – os ciclos econômicos que apresentam uma duração entre 7, 
11 e 50 anos são chamados de ciclo de longo prazo e os de curto prazo 
são compreendidos entre 3 a 4 anos. 
 Amplitude – indica o tamanho em que se estabelece um ciclo 
econômico, sendo influenciada por diferentes choques econômicos. 
 Recorrência – indica a repetição de um ciclo num período irregular. 
 Forma – movimento total de oscilações, com diferentes variações de 
acordo com o atraso ou aceleração do ciclo econômico. 
 
8 TEORIAS RECENTES DO DESENVOLVIMENTO 
 
A ideia de desenvolvimento sempre esteve presente nas diferentes concepções 
dos estudiosos das ciências econômicas, entretanto, a Teoria do Desenvolvimento 
originou-se, de fato, logo após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, de acordo 
com Souza (1997), verificou-se que a macroeconomia, a qual estava sendo aplicada 
em todos os segmentos das ciências econômicas, apresentava-se inadequada para 
explicar o desenvolvimento por ser este um fenômeno de longo prazo. 
 
 
 
Ainda que não exista uma definição de desenvolvimento econômica 
universalmente aceita, identificamos na literatura duas correntes de pensamento 
completamente distintas: uma, de inspiração mais teórica, que considera o 
crescimento como sinônimo de desenvolvimento e, outra, mais voltada para a 
realidade empírica, que entende que o crescimento é condição indispensável para o 
desenvolvimento, mas não é condição suficiente (SOUZA, 1997). 
Essa diferenciação entre os conceitos de crescimento e de desenvolvimento 
econômico, iniciada nos anos 1950, foi marcada pela preocupação dos economistas 
com relação à distribuição de renda e à qualidade de vida das pessoas. Na década 
de 1970, foram agregadas novas concepções enquanto mobilização em torno da 
questão ecológica. O documento do Massachusetts Institute of Technology (MIT), 
publicado naquele período, “Os limites para o crescimento” alertava sobre os riscos 
ocasionados por um modelo de crescimento econômico que não levava em conta a 
capacidade dos recursos naturais. No ano de 1972, com a Conferência de 
Estocolmo, observamos um primeiro esforço voltado para a discussão da 
problemática ambiental. A preocupação recaiu em torno da preservação do 
circuito de acumulação de riqueza, baseado num sistema de produção que poderia 
se inviabilizar devido ao esgotamento dos recursos naturais (CARVALHO, 1991). 
O conceito de desenvolvimento sustentável emergiu na década de 1980, com a 
publicação do documento “Nosso futuro comum” elaborado na Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em 
1987. De acordo com esse documento, o desenvolvimento sustentável é “o 
desenvolvimento que garante o atendimento das necessidades do presente sem 
comprometer a habilidade das gerações futuras de atender suas necessidades” 
(CNUMAD apud MUELLER, 1996, p. 262). 
Em seu conceito mais amplo, o desenvolvimento sustentável é entendido como 
o crescimento econômico permanente, unido ao desenvolvimento econômico com 
vistas a melhorias nos indicadores sociais, ao mesmo tempo em que contribui para a 
preservação ambiental. Podemos dizer que o grande marco da discussão sobre o 
meio ambiente surgiu a partir da ECO 922, realizada no Rio de Janeiro, conferência 
que reuniu ecologistas e governantes do mundo inteiro. 
Tomando como base a fase mais atual, pós-anos 1990, onde a tônica do 
desenvolvimento sustentável está presente, nas seguintes dimensões: 
 
 
 
 Dimensão produtiva: as análises relativas à produção, que consideram a 
acumulação de capital, as atividades manufatureiras, a produção agrícola e 
industrial, o comércio de bens e o comércio internacional (exportações), a 
produtividade, o lucro e os rendimentos do capitalista, os investimentos, o 
progresso técnico, a concentração de renda, a exploração do trabalhador, a 
condição de pleno emprego, as possibilidades de expansão econômica, as 
expectativas empresariais e a alocação de recursos; 
 Dimensão social: essa categoria reúne análises em relação a sociedade no 
que diz respeito à distribuição de renda, ao bem-estar social da população, à 
educação, ao saneamento básico, à saúde pública, à justiça social, à cultura, 
ao lazer, à pobreza, à miséria, ao crescimento demográfico, ao nível de vida 
da população e à estrutura 
social; 
 Dimensão ambiental: é representada pelas análises relativas ao meio 
ambiente, aos recursos naturais, à natureza, ao ecossistema, à degradação e 
à preservação do meio ambiente, à valoração ambiental, às externalidades, à 
poluição, aos dejetos e às tecnologias limpas; 
 Dimensão sustentável do desenvolvimento: as análises fazem referência 
ao conceito mais amplo do desenvolvimento sustentável, cujo significado é o 
crescimento econômico com melhoria qualitativa dos indicadores 
(desenvolvimento econômico) juntamente com a preservação ambiental. 
Dessa forma englobam as três dimensões anteriores, a produtiva, a social e a 
ambiental. 
 
 
 9 INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICOS 
 
Com muita frequência indicadores são apresentados como um valor estatístico 
em si, desvirtuando o sentido do próprio conceito: um indicador expressa algo que 
ele mesmo não é, ou seja, ele exprime apenas parcialmente determinado aspecto; 
ele é somente uma espécie de representante de um determinado aspecto de uma 
realidade bem mais complexa: o termômetro que registra e mensura o estado febril 
 
 
 
de uma pessoa indica apenas a sua temperatura naquele momento, mas ele não é a 
febre em si. 
Um indicador é, portanto, apenas uma unidade de medida parcial, substitutiva. 
Outro exemplo: o indicador “esperança de vida ao nascer” indica (diretamente) 
apenas a esperança média de vida de uma pessoa em determinado momento, 
porém indica (indiretamente) também a situação de saúde e dos meios de vida de 
toda uma população. 
 
9.1 INDICADORES SOCIAIS E A CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO 
 
Na maior parte das publicaçõesque abordam escalas e estudos comparativos 
internacionais, o PIB e a renda per capita aparecem acompanhados de uma 
razoável quantidade de outros indicadores sociais, isto é, de números e dados que 
aparentemente são representativos e significativos para caracterizar o 
desenvolvimento econômico e social das diferentes nações. 
Entrementes, já há um grande número de indicadores sociais em torno dos 
quais existe um relativo consenso, mensurando, por exemplo, a pobreza e o grau 
das necessidades existenciais. Há, porém, controvérsias significativas sobre os 
parâmetros a serem utilizados, decorrentes de diferentes concepções de 
desenvolvimento, de diferentes perspectivas estratégicas e, não por último, de 
diferentes valores éticos. 
A seguir apresentam-se de maneira sucinta, alguns dos principais indicadores 
sociais que dizem respeito aos seguintes aspectos: alimentação, saúde, meio-
ambiente, habitação e educação. 
 
9.1.1 Indicadores de nutrição 
 
A alimentação é a mais elementar de todas as necessidades humanas. 
Alimentação suficiente é premissa para a saúde, para o desenvolvimento físico e 
espiritual, para propiciar desempenho; insuficiência de alimentos leva à debilitação 
da saúde e às doenças. Segundo as teorias sobre a hierarquia das necessidades 
humanas (Maslow, 1954), em existindo fome (necessidade fisiológica) desaparece 
todo o interesse pelas demais necessidades (de segurança, sociais, de estima e de 
 
 
 
auto-realização). Indicadores sobre a nutrição/alimentação são, portanto, 
indicadores sociais de primeira grandeza. 
 
9.1.2 Indicadores de saúde 
 
Aqui há basicamente três indicadores em uso (com as respectivas variações), 
em função de duas concepções distintas sobre o tema: há os chamados 
“indicadores de entrada” e os “indicadores de saída” do sistema de saúde. No 
primeiro grupo se enquadram indicadores como: 
– relação entre médicos (ou enfermeiras, ou ainda leitos hospitalares) por número 
variável de habitantes. Neste caso o principal problema é de ordem quantitativa e 
financeira: quantos usufruem e quem tem acesso aos meios de saúde? No segundo 
grupo se enquadram basicamente outros dois indicadores: 
– expectativa média de vida ao nascer, e. 
– índices e causas de mortalidade, principalmente infantil, por se tratar de um 
segmento da população especialmente dependente do acesso aos meios oficiais de 
saúde. 
 
9.1.3 Indicadores ambientais 
 
Nesse aspecto não há um conjunto de indicadores consolidados e aceitos. 
Embora haja indicadores que tratem de questões relacionadas com a desertificação, 
erosão do solo, qualidade das águas e do ar, erradicação de espécies e destruição 
de recursos naturais, a maior parte dos autores lista aqui indicadores com uma 
relação ambiental indireta, como: percentual da população com acesso à água 
potável, e. 
– percentual da população que conta com instalações sanitárias. Nessa área estão 
sendo realizados inúmeros esforços para levantar e classificar diferentes 
indicadores: segundo Klingebiel (1992), o Banco Mundial está trabalhando em 
cooperação com o World Resources Institut num projeto denominado GAEA – 
Global Aspects of Environmental Accounts, onde estão sendo catalogados nada 
menos do que 500 indicadores ambientais diferentes. 
 
 
 
 
9.1.4 Indicadores habitacionais 
 
Nessa questão alguns autores optam pela simplificação, listando apenas 
aspectos quantitativos, como o número de habitantes por moradia ou por metro 
quadrado de área construída, enquanto outros arrolam aspectos qualitativos, como o 
percentual das habitações com ligação de energia elétrica, água e esgoto, ou 
também tipo de moradia disponível. Não há, porém, nenhum indicador proeminente 
nesta área. 
 
9.1.5 Indicadores educacionais 
 
Há certa unanimidade em torno desta questão: o percentual de analfabetos ou 
também de alfabetizados no total da população acima de 15 anos é um dos 
principais indicadores na área da educação. Enquanto o índice de escolarização, 
isto é, o percentual de jovens em idade escolar que efetivamente estão frequentando 
a escola é considerado um bom indicador das políticas educacionais, o índice de 
alfabetizados demonstra os resultados destes esforços. A questão qualitativa do 
ensino é muito difícil de ser tratada, 
dadas as especificidades de cada país. Há ainda outro indicador quantitativo: 
a relação alunos/professor, mas também há controvérsias sobre a utilização deste 
indicador. 
 
9.2 OUTROS INDICADORES SOCIAIS 
 
 9. 2.1 O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 
 
O Índice de Desenvolvimento Humano apresentado em 1990 pela ONU no 
chamado Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento Humano, foi uma tentativa 
ambiciosa de comparar o desenvolvimento global e a diferenciação regional de 130 
países com mais de 1 milhão de habitantes. O IDH foi composto por indicadores de 
três elementos essenciais à vida: esperança de vida ao nascer, alfabetização e 
poder de compra per capita. 
 
 
 
O UNDP projetou os valores dos três indicadores desses 130bpaíses numa 
escala que varia de 0 a 1: o valor do indicador parabcada país é calculado pela sua 
relação com o valor internacional mínimo e máximo encontrado. Com isso, é 
possível estabelecer a posição relativa de cada país no intervalo considerado. Com 
base nos três índices é extraída a média aritmética; assim, o IDH de cada país 
evidencia a diferença entre essa média e o índice padrão 1 (um). 
Se compararmos o ranking do IDH com algum ranking de renda per capita, 
vamos constatar que países produtores de petróleo “escorregam para baixo” (no 
IDH), enquanto que alguns países do ex-bloco socialista conseguem avançar 
algumas posições. Por outro lado, a renda per capita evidencia mais as diferenças 
entre os países do que as diferenças apresentadas no Índice de Desenvolvimento 
Humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Paulo: Saraiva, 2004.